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Revista dos cursos de Tecnologia em Logística e Alimentos do Campus Jataí


da Universidade Estadual de Goiás

ISSN 2446-8878

Ano 03, Volume 01, 2017.

LOGALI – Revista dos cursos superiores de Tecnologia em Logística e Tecnologia em Alimentos da Câmpus Jataí da
Universidade Estadual de Goiás, Ano 3, nº 01, 2017. (ISSN 2446-8878)
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Corpo editorial

Alimentos
Profª Dr. Lúcia Helena Pelizer UFTM
Prof. Dr. Antonio Roberto Giriboni Monteiro UEM
Profª. Dra. Mônica R. S. Scapim UEM
Profª. Dra. Priscila Vianna UNOPAR
Profª. Dra. Renata Dinnies Santos Salem UEPG
Profa. Dra. Angélica M S Vieira UEM
Profa. Dra. Grasiele Scaramal Madrona UEM
Prof. Dr. Helio Hiroshi Suguimoto UNOPAR

Logística
Prof. Me. Antônio Guerra Junior UMC
Prof. Dr. Eugenio Andrés Díaz Merino UFSC
Prof. Me. Roberto Ednísio Vasconcelos Rocha BNB
Prof.ª Dra. Alessandra de Linhares Jacobsen UFSC
Prof. Dr. Rudimar Antunes da Rocha UFSC

Prof. Me. Sebastião Carlúcio ALVES-FILHO


Editor-chefe
Coordenador do projeto de extensão “Revista LOGALI”

LOGALI – Revista dos cursos superiores de Tecnologia em Logística e Tecnologia em Alimentos da Câmpus Jataí da
Universidade Estadual de Goiás, Ano 3, nº 01, 2017. (ISSN 2446-8878)
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APRESENTAÇÃO
A LOGALI (Revista Científica dos cursos superiores de Tecnologia em Logística e Tecnologia
em Alimentos do Câmpus Jataí da Universidade Estadual de Goiás) é um projeto de extensão mantido pelo
Prof. Me Sebastião Carlúcio Alves Filho, e que está em sua terceira edição em 2017. O objetivo desta
publicação é tornar acessível à comunidade acadêmica os trabalhos que são executados pelos diversos
pesquisadores que tomam como objeto os temas abordados nesses dois cursos de graduação.
Nesta edição, apresentam-se textos que abordam desde temas relacionados à aceitabilidade da
mulher graduada em logística no mercado de trabalho até aqueles que investigam a presença (ou não) das
Boas Práticas de Fabricação em estabelecimentos que comercializam produtos alimentícios. Está é uma ótima
oportunidade para que se conheçam os cursos de Tecnologia em Logística e Tecnologia em Alimentos, bem
como para entender como se produz conhecimento acerca dos temas abordados durante esses cursos de
graduação.
A publicação de mais uma edição da Revista LOGALI representa mais um passo no caminho de
fazer com que o conhecimento produzido na universidade extrapole os muros desta e atinja lugares nos quais
ele ainda se faz escasso. Que a leitura dos textos que compõem este volume possa se portar como um pontapé
inicial para que mais trabalhos como estes tenham início e que o ciclo de produção de conhecimento tenha um
impulso no sentido de contribuir para que ele se desenvolva.

Prof. Me. Sebastião Carlúcio Alves Filho


Editor-chefe e Coordenador do projeto de Extensão Revista LOGALI

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SUMÁRIO

1. Aplicação da lista de verificação das Boas Práticas de Fabricação em estabelecimento


produtores/industrializadores de alimentos em um açougue presente no município de Jataí (GO) .... 05
2. Spray bucal de própolis: uma alternativa para os apicultores como fonte de renda ........................... 11
3. Aceitabilidade da mulher tecnóloga em logística no mercado de Jataí (GO) ..................................... 18
4. Garantir a segurança alimentar: aplicação de procedimentos operacionais padronizados nas escolas do
Município de Jataí (GO) ...................................................................................................................... 29
5. Avaliação das normas de boas práticas de fabricação (BPF) em um estabelecimento alimentício no
município de Jataí (GO) ...................................................................................................................... 35
6. Administração Pública: formação – informação – caráter ................................................................... 44

7. A mobilidade urbana e a logística de transportes no município de Jataí (GO) .................................... 54


8. A aplicação da filosofia lean manufacturing na logística interna em uma indústria do Sul de Minas
Gerais .................................................................................................................................................. 74
9. Avaliação do teor de fibra dietética em barras de cereal ..................................................................... 84
10. Requisitos necessários à implantação da ABNT – NBR ISO/IEC 17025:2005 .................................. 97
11. Avaliação do gerenciamento produtivo de frangos de corte em propriedades rurais do município de
Jataí (GO) .......................................................................................................................................... 111
12. Elaboração e implantação de uma política salarial em empresa agroindustrial ................................. 123

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APLICAÇÃO DA LISTA DE VERIFICAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO EM
ESTABELECIMENTO PRODUTORES/INDUSTRIALIZADORES DE ALIMENTOS EM UM
AÇOUGUE PRESENTE NO MUNICÍPIO DE JATAÍ, GOIÁS

APPLICATION OF THE LIST OF VERIFICATION OF GOOD MANUFACTURING PRACTICES


IN FOOD PRODUCTION / INDUSTRIALIZER ESTABLISHMENTS IN AN AÇOUGUE
PRESENT IN THE MUNICIPALITY OF JATAÍ, GOIÁS

Michelle Nogueira de JESUS


Juliana Teodora de Assis REGES

RESUMO: Por ser um alimento saboroso e nutritivo, a carne bovina é um dos principais ingredientes presente na mesa da
população, contudo existem cuidados a serem tomados em relação a esse alimento devido sua alta capacidade de deterioração, por
isso são necessários no açougue cuidados higiênicos que vão desde os utensílios, limpeza dos equipamentos e do ambiente, até a
chegada e acondicionamento dessa matéria prima. De acordo com essa problemática, o objetivo desse trabalho consistiu em aplicar
a lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos a mesma está
adaptada da resolução da ANVISA RDC 275 de 21 de outubro de 2016, no açougue de um comercial, localizado no município de
Jataí, Goiás, a fim de analisar como está o açougue do comercio. A partir dos resultados encontrados, foram fornecidas medidas
corretivas em relação aos itens que não se encontram conformes segundo a legislação.
Palavras-chave: Carne bovina; Açougue; Higiene adequada; legislação.

ABSTRACT: Because it is a tasty and nutritious food, beef is one of the main ingredients present in the table of the population,
however there are care to be taken in relation to this food due to its high capacity of deterioration, so it is necessary in the butcher
hygienic care that goes From the utensils, cleaning of equipment and the environment, until the arrival and packaging of this raw
material. According to this problem, the objective of this work was to apply the checklist of good manufacturing practices in food
producing and processing establishments. The same is adapted from ANVISA Resolution RDC 275 of October 21, 2016, in the
butcher's shop Located in the municipality of Jataí, Goiás, in order to analyze how is the butcher's shop. Based on the results found,
corrective measures were provided in relation to items that are not in accordance with the legislation.
Keywords: Beef; Butchery; Proper hygiene; Legislation.

Por ser um alimento saboroso e nutritivo, a carne bovina é um dos principais ingredientes presente
na mesa da população brasileira, sendo ainda, o produto de origem animal mais consumido no Brasil (ALVES
et al., 2011).
O artigo 17 do decreto de n° 30691 define: Por "carne de açougue" entendem-se as massas
musculares maturadas e demais tecidos que as acompanham, incluindo ou não a base óssea correspondente,
procedentes de animais abatidos sob inspeção veterinária. (MAPA, 1952). Dessa forma, os açougues são um
tipo de comercio varejista que realizam a venda de carnes in natura provenientes de animais, bovinos, suínos
e aves.
A qualidade final das carnes de um açougue, este diretamente ligada ao cumprimento de leis e
fiscalizações estabelecidas, para fornecer um produto melhor e de qualidade para o consumidor final. Quando
os estabelecimentos, não tomam as precauções necessárias, sendo essas a higiene adequada, a eliminação de

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pragas que surgem no ambiente ou não cumpre as normativas estabelecidas, estão sujeitos a fornecer um
produto final sem qualidade e que poderá acarretar risco a saúde do consumidor final.
Nos açougues/estabelecimentos comercializadores de carnes pode ocorrer contaminação pela
manipulação direta das carnes, sem o uso de luvas pelos manipuladores, os quais, mesmo assintomáticos
podem transmitir microrganismos patogênicos, pondo em risco a saúde do consumidor, que pode ser
acometido por DTA’s - Doenças Transmitidas por Alimentos (OLIVEIRA et. al., 2008; LUNDGREN et al.,
2009).
Dessa forma, são necessários no ambiente do açougue: cuidados higiênicos que vão desde os
utensílios, limpeza dos equipamentos e do ambiente, até a chegada e acondicionamento da matéria prima.
Esses passos visam à prevenção e controle higiênico-sanitário, a fim de impedir a multiplicação dos
microrganismos no alimento.
A fim de aprimorar a confecção deste relatório, foi considerado o seguinte dispositivo legal
vigente: BPF – Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de
Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos (Portaria Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento no. 368 de 04 de setembro de 1997).
Segundo Roça e Cajamar (2000 apud PEREIRA, 2009) os açougues devem apresentar:

Portas com mola do tipo vai e vêm; Janelas teladas; Área da sala de desossa não inferior a vinte metros
quadrados (exigida para açougues com mercearia). Não são permitidos móveis de madeira; mesas de
manipulação feitas ou revestidas de material liso, resistente e impermeável (mármore, aço inox ou
material equivalente); Pia com água corrente e tratada para higienização exclusiva de utensílios; Ralos
para escoamento de águas servidas; O estabelecimento que comercializa carnes deverá dispor de
gancheiras no compartimento de desossa, as quais devem ser mantidas em perfeito estado de
conservação e limpeza; Os utensílios de manipulação, instrumentos e as ferramentas de corte devem
ser de material inoxidável, bem como mantidos em rigoroso estado de limpeza; O estabelecimento deve
dispor de câmaras frias ou refrigeradores com capacidade proporcional às suas necessidades; Carnes,
miúdos e vísceras devem permanecer refrigeradas; Deve haver instalações sanitárias para uso dos
funcionários, provido de pia, sabão, toalha de papel e papel higiênico.

Nesse sentido, e levando em consideração os dados acima, o objetivo desse trabalho consistiu em
aplicar a lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/industrializadores
de alimentos a mesma está adaptada da resolução da ANVISA RDC 275 de 21 de outubro de 2016 no açougue
de um comercial, localizado no município de Jataí, Goiás.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido em um comercial varejista presente na cidade de Jataí, Goiás e teve
sua fundamentação de pesquisa baseadas nos conhecimentos adquiridos durante o curso de Tecnologia em

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Alimentos da Universidade Estadual de Goiás- Câmpus Jataí na disciplina de legislação industrial e higiene e
em referências bibliográficas buscadas em livros, internet, artigos.
Além disso, foi aplicada a lista de verificação das Boas Práticas de Fabricação em
Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos (adaptada da resolução da ANVISA RDC 275
de 21 de outubro de 2016), a fim de analisar como está o açougue do comercio e em seguida fornecer medidas
corretiva em relação aos itens que não se encontram conformes segundo a legislação.
Além disso, para atender o objetivo desse trabalho, foi utilizada primeiramente a observação
participante, ou seja, onde o acadêmico ao mesmo tempo em que trabalha na empresa, ele observa e participa
de todas as atividades propostas. Após ser realizado às observações das áreas citadas na lista de verificação,
foi trabalhado somente com duas sessões do cheklist, sendo essas edificações e instalações e manipuladores.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir da visita realizada ao estabelecimento, pôde-se verificar claramente que o açougue, de


alguma forma, está em desacordo com o que a legislação determina o que compromete demasiadamente a
saúde do consumidor.
Em relação à organização pessoal da empresa, verificou-se que o estabelecimento é familiar e o
proprietário trabalha em todos os setores do comercio, desde administração, processamento e comercialização.
Após a observação e a tabulação dos dados, foram somente escolhidas as sessões 1 e 3 para realizar
um plano de ação, visto que elas apresentaram mais itens não conformes. Na sessão 1 (item A) foram avaliados
68 itens, deles 30 estavam não conformes, já a sessão 3 (item C) foram 14 itens, desses 7 encontraram-se não
conformes a legislação.
Com isso, para melhorar as condições do estabelecimento, nas tabelas 1 e 2, estão listados ao lado
dos itens que estavam não conformes, um plano de ação criado pelo pesquisador para que haja correção das
não conformidades, uma vez que elas contribuirão para que o estabelecimento esteja em plenas condições de
funcionamento com base nas normas da ANVISA e da Vigilância Sanitária.
Tabela 1. Itens da Sessão 1 (edificações e instalações): 30 itens não conformes de 68.

ITENS NÃO CONFORMES PLANO DE AÇÃO


ÁREA EXTERNA
Área externa livre de focos de insalubridade, de objetos Fechamento dos portões, assim como avisos
em desuso ou estranhos ao ambiente, de vetores e outros alertando sobre tal procedimento, adaptar portas-isca
animais no pátio e vizinhança; de focos de poeira; de em quantidade adequada e identificar os mesmo para
acúmulo de lixo nas imediações, de água estagnada, promover monitoramento periódico,
dentre outros. instalar/abastecer dispositivo para sabão neutro e
papel toalha e coletor de toalhas descartáveis.
ÁREA INTERNA

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Área interna livre de objetos em desuso ou estranhos ao Retirar materiais e utensílios de limpeza do interior
ambiente. do setor de produção.
TETOS
Acabamento liso, em cor clara, impermeável, de fácil Recomenda-se a pintura em cor clara e de fácil
limpeza e, quando for o caso, desinfecção. limpeza para a desinfecção.
Em adequado estado de conservação (livre de trincas, Recomenda-se a limpeza e correção das avarias do
rachaduras, umidade, bolor, descascamentos e outros). teto.
PAREDES E DIVISÓRIAS
PORTAS
Portas externas com fechamento automático (mola, Instalação de molas e batentes de fechamento
sistema eletrônico ou outro) e com barreiras adequadas gradativo. Substituir todas a tela milimetrada com
para impedir entrada de vetores e outros animais (telas avarias.
milimétricas ou outro sistema).
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS E VESTIÁRIOS PARA OS MANIPULADORES
Presença de lixeiras com tampas e com acionamento não Aquisição de lixeiras com tampa e com acionamento
manual. de pedal.
Presença de avisos com os procedimentos para lavagem Recomenda-se a criação de uma POP (Procedimento
das mãos. Operacional Padrão) para correta higienização das
mãos.
LAVATÓRIOS NA ÁREA DE PRODUÇÃO
Lavatórios em condições de higiene, dotados de sabonete Utilização de sabonete líquido inodoro, toalhas de
líquido inodoro anti-séptico toalhas de papel não reciclado papel não reciclado ou outro sistema higiênico e
ou outro sistema higiênico e seguro de secagem e coletor seguro de secagem e coletor de papel acionados sem
de papel acionados sem contato manual. contato manual.
ILUMINAÇÃO E INSTALAÇÃO ELÉTRICA
Luminárias com proteção adequada contra quebras e em Colocar proteções nas luminárias para evitar
adequado estado de conservação preventiva. explosão e quedas acidentais.
VENTILAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO
Ventilação e circulação de ar capazes de garantir o Instalar cortinas de ar na entrada dos setores de
conforto térmico e o ambiente livre de fungos, gases, produção.
fumaça, pós, partículas em suspensão e condensação de
vapores sem causar danos à produção.
Existência de registro periódico dos procedimentos de Recomenda-se fazer uma planilha e anote quando
limpeza e manutenção dos componentes do sistema de ocorreu a limpeza, por quem, e como.
climatização (conforme legislação específica) afixado em
local visível.
HIGIENIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES
Existência de um responsável pela operação de Contratação ou treinamento de funcionário
higienização comprovadamente capacitada. capacitado para atuar na limpeza e supervisão de
manutenção das condições higiênicas sanitárias
Existência de registro da higienização. Criar um Procedimento Operacional Padrão
contendo uma planilha de quem como, quando e o
material utilizado para higienização do ambiente.
Produtos de higienização regularizados pelo Ministério da Manter o uso de produtos legalizados e seu devido
Saúde. uso conforme a necessidade de higienização.
Disponibilidade dos produtos de higienização necessários Adquirir produtos específicos para estabelecimentos
à realização da operação. que manipulem alimentos.
A diluição dos produtos de higienização, tempo de contato Usar os produtos químicos de acordo com as
e modo de uso/aplicação obedece às instruções indicações presente na rotulagem
recomendadas pelo fabricante.
Higienização adequada. Realizar com frequência e ao final de cada turno.
CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS
Adoção de medidas preventivas e corretivas com o Instalação de porta iscas identificados e telas
objetivo de impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou milimetradas nas portas e janelas na parte externa,
proliferação de vetores e pragas urbanas. bem como o uso de grelhas e tampas nos ralos.
Em caso de adoção de controle químico, existência de Contratar se necessário serviços terceirizados ou se
comprovante de execução do serviço expedido por responsabilizar um técnico para função desde que o
empresa especializada. mesmo tenha recebido treinamento.

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ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Apropriada frequência de higienização do reservatório de A caixa d’água deve conter tampa que deve ser
água. lavada semestralmente ou sempre que houver
necessidade.
Existência de registro da higienização do reservatório de Deverá ser feito um registro em planilha com a data
água ou comprovante de execução de serviço em caso de de lavagem, produto utilizado e nome da quem
terceirização. realizou.
Existência de planilha de registro da troca periódica do Trocar o filtro.
elemento filtrante.
MANEJO DOS RESÍDUOS
Recipientes para coleta de resíduos no interior do Os lixos precisam ser acondicionados em baldes com
estabelecimento de fácil higienização e transporte, tampas e/ou em sacos plásticos resistentes.
devidamente identificados e higienizados constantemente;
uso de sacos de lixo apropriados. Quando necessário,
recipientes tampados com acionamento não manual.
Retirada freqüente dos resíduos da área de Retirar do estabelecimento os lixos sempre, para que
processamento, evitando focos de contaminação. não haja transbordamento.
Existência de área adequada para estocagem dos resíduos. O lixo retirado da unidade deverá ficar na área
externa e guardado em sacos resistentes bem
amarrados.
ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Fossas, esgoto conectado à rede pública, caixas de gordura Identificar as caixas de gorduras presentes no
em adequado estado de conservação e funcionamento. estabelecimento e realizar se possível a higienização
correta.

Tabela 2. Itens não conformes da sessão 2 (manipuladores): 7 itens não conformes de 14.
ITENS NÃO CONFORMES PLANO DE AÇÃO
Cartazes de orientação aos manipuladores sobre a Confeccionar um cartaz contendo passo a passo da
correta lavagem das mãos e demais hábitos de higiene, correta higienização das mãos. (Aluno estagiário
afixados em locais apropriados. confeccionou)
Existência de supervisão periódica do estado de saúde Realização de exames admissionais e periódicos
dos manipuladores. (anuais) pelo SUS
Existência de registro dos exames realizados. Elaborar uma planilha de controle em relação aos
exames realizados
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Utilização de Equipamento de Proteção Individual. Utilização de luvas de malha de aço para proteção do
manipulador, se for o caso uso de óculos para proteger
a visão, avental e botas de PVC para inibir o contato
com o alimento.
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DOS MANIPULADORES E SUPERVISÃO
Existência de programa de capacitação adequado e Capacitação técnica periódica em Boas Práticas de
contínuo relacionado à higiene pessoal e à manipulação Fabricação e Procedimento Padrão de higiene
dos alimentos. Operacional por profissional qualificado.
Existência de supervisão da higiene pessoal e Supervisão por profissional qualificado. Para motivar
manipulação dos alimentos. os funcionários pode-se estabelecer medidas como
sorteio de brindes, bonificação e folga para os
manipuladores.
Existência de supervisor comprovadamente capacitado. Realização da contratação de um profissional da área
para que o mesmo possa ajudar no desempenho da
área.

CONCLUSÃO

Este trabalho consistiu em fornecimento de medidas corretivas em relação aos itens que não se
encontram conformes segundo a legislação. Todo o plano foi pensando, com intuito de melhorar as condições

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higiênicas do açougue do comercial. É importante destacar que o proprietário do açougue mostrou bastante
interesse em melhorar seu estabelecimento. Mas, algumas medidas demandam certo tempo para ser realizado,
dessa forma, até o momento da finalização das atividades, o açougue ainda estava em melhoria continua.
Acredita-se que as sugestões apresentadas proporcionarão maior norteamento ao responsável pelo
açougue quanto aos fatores que precisam ser corrigidos, melhorados e executados no estabelecimento para
estar de acordo com a legislação. Além disso, tais medidas, quando adotadas, resultarão em maior
lucratividade para os proprietários.
Sendo assim, espero que continue a correção das não conformidades para que, em um futuro breve,
o estabelecimento apresente um nível de conformidades elevado, o que agregará qualidade em seus processos
e irá atrair maior clientela, gerando uma maior lucratividade para a empresa.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Decreto de n°30691 de 29 de março de 1952. Aprova o novo regulamento da inspeção industrial
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< http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/dipoa/DEC%20030691%2029%2003%201952%20
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BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n°275 de 21 de outubro
de 2002. Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos
Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Disponível em
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/5125403/4132350/ResoluuoRDC27. 10.2002.df>. Acesso em, 07 de
agosto de 2016..

LUNDGREN, P. U.; SILVA, J. A. da; MACIEL, J. F.; FERNANDES, T. M. Perfil da qualidade higiênico-
sanitária da carne bovina comercializada em feiras livres e mercados públicos de João Pessoa/PB – Brasil.
Alim. Nutri., v. 20, p. 113-119, 2009.

ROÇA, R. O. Exigências do código sanitário para casa de carnes ou açougue. Botucatu: Laboratório de
tecnologia dos produtos de origem animal da Universidade Estadual de São Paulo, 2000. Disponível em:
<htpp://209.85.165.104/search?q=cachê:tqbydvqtwsuj:dgta.fca.unesp.br>. Acesso em 08 de agosto de 2016.

OLIVEIRA, R. B. A.; ROLIM, M. B. Q.; MOURA, A. P. B. L.; MOTA, R. A. Avaliação higiênicosanitária


dos boxes que comercializam carnes em dois mercados públicos da cidade do RecifePE/Brasil. Revista
Brasileira de Medicina Veterinária, v. 2, p. 10-16, 2008.

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SPRAY BUCAL DE PRÓPOLIS: UMA ALTERNATIVA PARA OS APICULTORES COMO
FONTE DE RENDA

PROPOLIS NOSE SPRAY: AN ALTERNATIVE FOR BEEKEEPERS AS A SOURCE OF


INCOME

Raissa Lorena de Castro PERES


Lázara Batista dos Santos SOUZA
Juliana Teodora de Assis REGES

RESUMO: A própolis é conhecida principalmente por suas propriedades antibacterianas, antioxidantes, anti-inflamatórias,
cicatrizantes, anestésicas, antissépticas entres outros que são utilizados. Este estudo teve por objetivo elaborar um produto de spray
bucal de própolis com intuito de fazer um produto natural, sem conservantes e qualquer tipo de substância químicas, e mostrar para
os apicultores que a própolis pode ser mais uma fonte de renda. Este trabalho foi realizado na apícola do Assentamento Rio Claro
com parceria com a Universidade Estadual de Goiás. De acordo com os resultados da pesquisa em relação ao produto, podemos
verificar que 80% dos entrevistados aprovaram o spray bucal de própolis, 5% deles consideraram o produto razoável, mais
compraria, e 15% dos entrevistados, não tiveram uma boa aceitação em relação ao produto, devido ter um sabor marcante. Conclui-
se que a própolis é um produto que possui propriedades que fortalecem o sistema imunológico, atuando na prevenção de várias
doenças. De acordo com os resultados é possível a fabricação de uma solução de spray bucal de própolis natural, buscando a
potencialidade da produção como alternativa de renda para apicultores. Relevante mencionar que a produção de própolis é uma
atividade econômica que exige pouco investimento financeiro na instalação de um apiário, que não requer grande espaço territorial
para as colmeias.
Palavras-chave: Abelhas; Apicultores; Mel; Propriedades da própolis.

ABSTRACT: Propolis is known mainly for its antibacterial, antioxidant, anti-inflammatory, healing, anesthetic, antiseptic and
other properties that are used. The objective of this study was to develop a propolis oral spray product with the intention of making
a natural product, without preservatives and any kind of chemical substance, and to show to beekeepers that propolis could be
another source of income. According to the results of the research in relation to the product, we can verify that 80% of the
respondents approved the oral spray of propolis, 5% of them considered the mouthwash of the Rio Claro settlement with a
partnership with the State University of Goiás. Reasonable product, more would buy, and 15% of respondents, did not have a good
acceptance in relation to the product, due to have a remarkable flavor. It is concluded that propolis is a product that has properties
that strengthen the immune system, acting in the prevention of various diseases. According to the results it is possible to manufacture
a solution of oral spray of natural propolis, seeking the potential of production as an alternative income for beekeepers. It is relevant
to mention that the production of propolis is an economic activity that requires little financial investment in the installation of an
apiary, which does not require large territorial space for hives.
Keywords: Bees; Beekeepers; Honey; Properties of propolis.

INTRODUÇÃO

O interesse pelo mercado externo do produto mel natural brasileiro é recente e importante para
incentivar o setor apícola, que tem papel de destaque no quadro socioeconômico mundial. A relevância desse
estudo está no fato de a apicultura ser uma atividade agropecuária que atende aos requisitos do tripé da
sustentabilidade: o econômico, o social e o ecológico (SOMMER, 1998). Com relação a atividade econômica
a principal região produtora é o Sul com 49% da produção brasileira. Individualmente o Rio Grande do Sul é
o maior produtor nacional com 20%, Paraná 16,2% e Santa Catarina 12,9% (SOMMER, 1998). Segundo o
IBGE em 2012 a produção de mel no Brasil gerou 40 milhões e cresceu 24% nos últimos seis anos, volume
de aproximadamente 33.931 toneladas. (PAULA, 2014).

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De acordo com Barbosa et al. (2007), a presença elevada de pequenos produtores, que exploram
até 150 colmeias, utiliza mão de obra familiar e mantêm atividades paralelas, seja como atividade principal
ou complemento, é um fator marcante na apicultura brasileira. Entretanto há presença dos médios produtores,
caracterizados pela exploração de 150 a 1.500 colmeias, que também atuam em outras atividades, contudo são
mais especializados e utilizam maior capital. Além disso, há os grandes produtores, que exploram de 1.500 a
2.500 colmeias e tendem a ser mais especializados (PAULA, 2014). No Brasil, a apicultura forma uma cadeia
produtiva composta por mais de 300 mil apicultores, e centenas de unidades de processamento de mel, que
juntos empregam temporariamente ou permanente quase 500 mil pessoas (BACAXIXI et al., 2011).
O mel é considerado um produto apícola, fácil de ser explorado, conhecido pela facilidade de
comercialização, alto valor nutricional (MACHADO et. al., 2012). O mel pode ser armazenado por muito
tempo sem perder suas características físicas e químicas, desde que embaladas adequadamente (OLIVEIRA
et al., 2012). Outro destaque é a crescente participação do mel natural brasileiro no mercado internacional,
decorrente da qualidade do produto e da competitividade internacional. O Brasil tornou-se um importante
player no mercado mundial (PAULA, 2014). O mel Brasileiro é o mais cobiçado pelos mercados
internacionais, por ser livres de defensivos e pelo excelente padrão de qualidade. (OLIVEIRA et al., 2012).
No Brasil, a produção de própolis é estimada em torno de 100 toneladas anuais, sendo grande
parte destinada à exportação, tanto na forma bruta como em produtos manufaturados, alcançando elevados
preços no comércio exterior e representando uma importante fonte de renda (MACHADO et. al., 2012). O
Japão é o principal importador da própolis e, de acordo com Pickler (2009), aproximadamente 92% do produto
in natura consumido no Japão é de origem brasileira.
A própolis é uma substancia resinosa, gomosa e balsâmica, é colhido pelas abelhas através de
brotos, flores e exsudados de plantas nas quais elas acrescenta secreções salivares, cera e pólen para sua
elaboração final do produto. Sua origem vem principalmente das resinas vegetais de diversas espécies,
algumas dessas espécies dão origem a própolis verde que se caracteriza pelo seu alto teor de flavonóides e
outros terpenoides que possui ação terapêutica. A própolis nas colmeias tem uma grande importância, pois ela
e usada para vedar, selar a parte inferior das colmeias, imobilizarem os inimigos em pequenos espaços,
prevenir doenças. (GREENWAY et al., 1990; BONHEVI et al., 1994; ROCHA, 2008).
A composição da própolis são resinas e substancias balsâmico (50 a 80%), Óleo essencial e outros
voláteis (4,5 a 15%), Cera (12 a 50%), substancia tânicas (4 a 10,5%), impureza mecânica (< 15%). A própolis
tem grandes atividades biológicas combatendo ou auxiliando no combate de fungos, vírus, bactérias,
fortalecendo o sistema imunológico, possuem atividades antibacterianas, antifúngicas, antiviral, antioxidante
(ROCHA, 2008) e também anticariogênica (PARK et al.,1998).

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A própolis é usada pelo homem desde tempos mais remotos, sendo seu extrato de vital
importância, ressalta-se aqui a utilização deste, nas indústrias farmacêuticas e de cosméticos
(GHISALBERTI,1979; BARBOSA et al., 2007). Também pela sua capacidade antioxidante utilizada na
indústria alimentícia, a exemplo da indústria de linguiças (VIEIRA, 2012).
Este estudo teve por objetivo elaborar um produto de spray bucal de própolis com intuito de fazer
um produto natural, sem conservantes e qualquer tipo de substância químicas, é mostrar para os apicultores
que o própolis pode ser mais uma fonte de renda.

MATERIAL E MÉTODOS

No Laboratório de manipulação do Projeto no Assentamento Rio Claro foi preparado um produto


a base de própolis com intuito de fazer um produto natural, sem qualquer tipo de adição de conservante,
corantes, utilizando apenas produtos naturais. Para a fabricação desse produto foi comprado na Bahia 1kg da
própolis verde bruta no valor de 300,00 para produção do spray bucal de própolis.
Ao iniciar o preparo do produto é preciso fazer o extrato de cada um dos componentes, o extrato
de própolis é 1L de álcool de cereais 96 % e 500g de própolis bruta, deixar curtir por 15 dias e depois coar em
um recipiente com tampa para não haver evaporação, pois os outros componentes: o gengibre, a romã, e o
guaco são feitos com o mesmo processo (Figura 1).

FIGURA 1: Extrato do Componentes utilizando no spray de própolis


FONTE: Elaboração dos autores

Depois de fazer os extratos começamos a preparar o spray bucal de própolis, em um recipiente


esterilizado coloca- se 250g de mel, 30mL de extrato de própolis, 25mL de extrato de romã, 25mL de extrato
de gengibre, 25mL de extrato de guaco, 20 mL de essência de menta, água deionizada. Misturar bem, e depois
distribuir em recipientes de 30 mL com vidro escuro para não haver contato com a luz solar. Pois o contato

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com a luz pode ocorrer a perda dos nutrientes e a qualidade do produto, rende em média 16 vidros do spray
(Figura 2), para finalizar a rotulagem onde deve conter todas as informações do produto.

FIGURA 2: Rendimento do produto final sem rotulagem


Fonte: Elaboração dos autores

A Figura 3 mostra 500g da própolis bruta verde, que foi utilizada na fabricação do spray bucal. A
própolis é um produto difícil de ser encontrado, por ser de alto custo, pois, e preciso de uma grande produção
de mel, grandes quantidades de colmeias para que possa ser feita a retirada uma grande quantia da própolis.

FIGURA 3: Própolis Bruto utilizado na fabricação do spray bucal.


FONTE: Elaboração dos autores

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

TESTE DE ACEITAÇÃO

Em entrevista realizada nos dias 03 e 04 de setembro de 2016 no Bairro Sebastião Herculano de


Souza na Cidade de Jataí-GO, 20 pessoas se propuseram a participar do teste de aceitação do spray bucal de
própolis (Figura 4) de forma voluntaria, onde as quais fizeram a degustação do mesmo. Após a degustação as
pessoas envolvidas com o teste responderam a um questionário onde algumas questões foram tratadas, tendo
como principais aspectos analisados o sabor, aroma e textura.

FIGURA 4: Spray bucal de própolis final


Fonte: Elaboração dos autores

Ao termino do questionário os resultados obtidos foram: 70% dos entrevistados aprovaram o


produto por ser natural, não possuir nenhuma substancia química e 30% não aprovaram devido ao sabor forte
(Gráfico 1). Os resultados obtidos foram satisfatórios tendo em vista que todo o processo foi realizado em
parceria da UEG (Universidade Estadual de Goiás) juntamente com a comunidade do Assentamento Rio
Claro.

Gráfico 1- Analise Sensorial Spray de Própolis


Fonte: Elaboração dos autores

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CONCLUSÕES

Conclui-se a própolis é um produto que possuem propriedades que fortalecem o sistema


imunológico, atuando na prevenção de doenças. De acordo com os resultados mostraram que é possível a
fabricação de uma solução de spray bucal de própolis natural, buscando a potencialidade da produção como
alternativa de renda para apicultores. Relevante mencionar que a produção de própolis se mostra uma atividade
econômica que exige pouco investimento financeiro na instalação de um apiário, não requer grande espaço
territorial para as colmeias. E através da apicultura à Universidade Estadual de Goiás com parceria aos
moradores do assentamento Rio Claro e do Assentamento Santa Rita decidiram implantar um projeto junto
com a caixa ODM e PNUD, onde esses órgãos entraram com os equipamentos adequados para o projeto e os
moradores com a mão de obra, fazendo com isso um projeto de extensão onde os alunos possa trabalhar e ter
mais conhecimento dessa atividade, através dos moradores.

REFERÊNCIAS

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PICKLER, M. A. Defensividade, higiene, produção de própolis e mel com duas gerações de ApisMellifera.
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Santa Maria – RS: 2012.

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ACEITABILIDADE DA MULHER TECNÓLOGA EM LOGÍSTICA NO MERCADO DE JATAÍ –
GO

ACCEPTABILITY OF LOGISTICS TECHNOLOGIST WOMAN IN JATAÍ MARKET – GO

Ana Lúcia Brito Vilela


Matheus Souza Assunção
Valdinei Junio Brito Vilela

RESUMO: As Mulheres a muito tempo procuram pela igualdade entre os sexos, seja no direito, deveres e até no trabalho. O mundo
contemporâneo demostra empiricamente que esse cenário vem se transmutando a favor, onde existe um número crescente de
mulheres que já chefiam, trabalham e estudam, em reação as estatísticas passadas, porém ainda existe um grande caminho de
destruição dos preconceitos e estigmas culturais a serem percorridos. O objetivo desse estudo é analisar como é a aceitabilidade do
mercado de trabalho em Jataí para com a mulher graduada em tecnologia em logística pela Universidade Estadual de Goiás, partindo
do ponto de inserção e aceitabilidade. Fora feito uma pesquisa quantitativa e qualitativa com empresas aleatórias, de atividades
econômicas distintas, além de entrevista com ex acadêmica, descrevendo suas experiências e atividades pós colação. O estudo
determinou que existe uma certa relutância, das empresas, na contratação de uma mulher para uma área de gestão, tipicamente
masculina. A experiência relatada só demonstra o contrário, onde a mulher pode ir contra esse prejulgamento, e que vai depender
inteiramente da capacidade, intenção e motivação da mulher, que desejar continuar nessa área.
PALAVRAS CHAVE: mulher, aceitabilidade, mercado, igualdade, luta.

ABSTRACT: Women have long sought equality between the sexes, whether in law, duties or even at work. The contemporary
world empirically demonstrates that this scenario has been transmuted in favor, where there is an increasing number of women who
already lead, work and study, in reaction to past statistics, but there is still a great way to destroy the cultural prejudices and stigmas
to be Traveled. The objective of this study is to analyze the acceptability of the labor market in Jataí to women graduated in logistics
technology from the State University of Goiás, starting from the point of insertion and acceptability. A quantitative and qualitative
research had been carried out with random companies of different economic activities, besides an interview with a former academic,
describing their experiences and activities after collation. The study determined that there is a certain reluctance, of the companies,
in the hiring of a woman to a management area, typically masculine. The reported experience only demonstrates the contrary, where
the woman can go against this prejudice, and that will depend entirely on the capacity, intention and motivation of the woman, who
wishes to continue in that area.
KEYWORDS: woman, acceptability, market, equality, struggle.

INTRODUÇÃO

As mulheres há muito, vem lutando pela conquista de seu espaço, de direitos e deveres, os quais
só era destinado a homens. Historicamente, as mulheres sempre travaram lutas para conquistarem seu espaço
na sociedade. (CUNHA, 2008). É válido ressaltar que as mulheres eram vistas pelos homens e pela sociedade
como simples objetos de desejo sexual, sua importância como pilar da família, muitas vezes ignorada, tendo
apenas que desempenhar o trabalho doméstico: lavando, passando e cuidando dos descendentes.
Na tentativa de acabar com as ofensas criadas, em especial pelos homens, contra os direitos
femininos, movimentos revolucionários surgiram para mostrar que as mulheres têm iguais direitos aos homens
(feminismo). Ao longo do tempo foram ganhando espaço no mercado de trabalho, especificamente em escolas,
jornais, revistas e indústrias e foi em uma destas indústrias que, várias delas em um movimento feminista
revolucionário para obter igualdade perante a sociedade, morreram queimadas, determinando o dia
internacional da mulher.

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Mesmo com os esforços, até os dias de hoje observamos que as mulheres têm muitas dificuldades
para terem seu reconhecimento, ainda que desempenhando papéis iguais ou até superiores aos dos homens
(CUNHA, 2008).
A aceitabilidade do mercado para com uma mulher hoje, já é diferente ao do século passado.
Mulheres já visam trabalhos, qualificação, melhores salários. Uma vida livre. Mesmo que a sociedade ainda
mantenha certos parâmetros preconceituosos a respeito de determinados casos. É visível uma evolução gradual
no estilo de vida da mulher economicamente ativa nos diferentes tipos de mercado.
O mercado de trabalho ainda pode ser impiedoso para com várias mulheres. Cacciamali & Pires
(1995) faz uma discursão sobre a probabilidade acerca da aceitabilidade de trabalho feminino, mesmo com
certo grau de instrução. Tema o qual é aplicado perante a tentativa de análise do mercado de jatai sobre uma
profissão relativamente nova, em que a mulher é predominante, segundo estatísticas do centro de ensino
público que o oferta.
Este trabalho apresenta inicialmente uma revisão bibliográfica referente ao assunto pautado, para
logo após caracterizar de forma quantitativo e qualitativo sobre a perspectiva de determinada amostra do
mercado de Jataí. Por último é apresentado a entrevista com uma profissional que atua no mercado de jataí a
certo tempo.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. O Papel Da Mulher Na Sociedade

A presença das mulheres como força de trabalho no mundo vem aumentando de forma consistente
e significativa nas últimas décadas. Abramo (2000) determina que a mulher em uma ótica de força eminente
de trabalho econômico, evoluiu gradativamente entre os anos de 1960 e 1990. E que a estimativa para esse
mesmo ano foi de um salto da taxa de participação feminina na População Economicamente Ativa (PEA) de
18,1% para 27,2%, enquanto a masculina diminuiu de 77,5% para 70,3%.
Independentemente da grande incorporação no mundo do trabalho, as mulheres mantem uma
grande diferença, em uma perspectiva nacional (ABRAMO, 2000). Isso significa, a existência das mulheres
no mercado, como fator determinante de trabalho, contudo ainda existe uma diferença, sumariamente grande
entre os homens e mulheres. Para Abramo (2000) a maior parte dos empregos femininos estão concentrados
em alguns setores de atividade e associado em um pequeno número de profissões, e essa segmentação continua
estando na base das desigualdades existentes entre homens e mulheres no mercado de trabalho, incluindo os
salários.

No Brasil, em 1990, metade das mulheres trabalhadoras se concentrava em seis ocupações: empregadas
domésticas, balconistas, vendedoras ou comerciantes por conta própria, costureiras, professoras de

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ensino fundamental e empregadas em funções administrativas. Considerando somente o setor formal
da economia, 54% das mulheres se concentravam em treze ocupações principais: professoras de ensino
fundamental e médio, enfermeiras, funcionárias públicas de nível universitário, auxiliar de escritório,
agente administrativo, auxiliar de contabilidade ou caixa, secretária, recepcionista, vendedora,
trabalhadora em conservação de edifícios, cozinheira e costureira (Rais 1990, apud Cacciamali & Pires,
1995).

Nos anos 80, que ficou conhecido como os anos perdidos, no que se trata de economia, foi uma
década marcada por um período de estagnação na produção industrial, vivido pelo Brasil e outros países da
américa. Para Neto (2006) “na maioria destas nações, os anos 80 são o mesmo que crise na economia, inflação,
crescimento baixo do Produto Interno Bruto (PIB), volatilidade de mercados e aumento da desigualdade
social”. Esse cenário desolador no qual vários países viviam, incluindo o Brasil, surge a necessidade,
intensificada da mudança no âmbito econômico, onde a mulher teve que sair de seu seio familiar e adentrar
no mundo de trabalho. Abramo (2000) designa esse momento na história como o pontapé inicial na
emancipação do trabalho feminino, concretizando-se apenas pelo êxodo rural, onde as populações saíam do
meio rural rumo as cidades com o intuito de procurarem trabalhos nas indústrias.
Com o resultado da mudança de cenário da mulher rural para industrial, houve também a mudança
no modelo de participação laboral feminino resultando em uma homogeneização do comportamento de
atividade entre homens e mulheres, além do aspecto quantitativo.
Abramo (2000) designa que em outra vertente, houve o aumento da porcentagem de famílias
chefiadas por mulheres, questionando o poder da atividade trabalhista feminino e que a porcentagem de
famílias chefiadas por mulheres na américa latina oscila entre 25% a 35%, além desse percentual existem
mulheres que a renda é igual ou superior ao do homem.
É possível determinar que a mulher é uma força íntegra no mercado de trabalho, onde a mesma
ocupa cada vez mais espaço, mesmo com os preconceitos existentes na diferenciação dos sexos.

1.2. ÁREA DE ATUAÇÃO DA LOGÍSTICA

Segundo Nogueira (2010), o profissional de logística é um profissional que tem que estar disposto
a trabalhar em horários alternativos, ter organização e gostar do funcionamento de todas as áreas da empresa.
Ainda define que a pessoa que escolher essa profissão deverá ter como requisito básico: determinação, foco e
efetividade.
A definição de logística está intrinsecamente entrelaçado a definição de movimento. Ou seja,
qualquer objeto, produto, matéria, pessoas, dinheiro que utiliza da movimentação é caracterizado como o uso
da logística. O referido conceito é relativamente novo, autores como Fonseca (2010) definem que o termo
logística pode incorporar várias situações diferentes, porém não diverge seu significado principal.
O significado de logística empresarial, segundo Ballou (1992):

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Estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição
aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivo para as atividades
de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos

Partindo do pressuposto da definição citado logo acima, é determinante relatar que a área da
logística possui uma gama variada de oportunidades. Nogueira (2010) ainda comenta que a logística é filha
da administração, englobando toda as áreas mais práticas e fundamentais no processo administrativo.
O mercado de trabalho hoje, para o profissional da logística está crescendo em comparação a
outras áreas. Fonseca (2010) determina que a logística é uma área rentável, porém de difícil acesso e
manutenção.
Diante desse panorama é de vital relevância citar que a área principal de atuação da logística,
segundo Ballou (1992) é a administração de materiais e recursos usados na empresa, controlando estoques e
armazenagens, planejando a movimentação interna e a distribuição entre fábricas, centros de distribuição e
varejo. Comunicando-se com fornecedores e clientes e operando sistemas eletrônicos, visando o perfeito fluxo
da cadeia.
Rosa (2010) relata que a área da logística é relativamente masculina, onde muitas das atividades
primarias, como: o armazenamento e o transporte ainda mantem traços machistas. E que a mulher para
adentrar esse mundo, determinado e dominado por homens, tem que ter determinação, foco e efetividade.
Diante do mundo moderno, a mulher vem conquistando um grande espaço, porém ainda é
levantado o slogan que a mesma seja sexo fraco. Na logística existem áreas inteiramente de cunho machista,
por serem intensas, onde tais atividades podem ser encorpados preconceitos e prejudiquem o desenvolvimento
do mesmo.
Alencar (2000) determina que a mulher que escolher a profissão logística, deverá estar preparada
para várias situações de estresses e assedio. Além das dificuldades, que poderão ocorrer pelo gênero
empregado.

1.3. TECNOLOGIA X BACHARELADO

A área da logística está ligada intimamente a administração, tanto que autores como Ballou (1992)
defendem que a logística é um filho prodigo, na puberdade, o qual ainda irá crescer e se tornar uma grande e
respeitada área, dentro de todas as instituições e empresas, sejam elas públicas, privadas ou mistas.
Como qualquer outro adolescente, a logística segue caminhos, os quais se divergem, mesmo que
seja mínimo. É o caso dos níveis em que a logística pode ser empregada, ou seja, o grau que o curso de
logística é apresentado, sendo ele de tecnologia ou bacharelado.

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O curso de logística com grau de tecnologia é o curso no qual são vistas matérias voltadas para a
gestão, onde se tem bases para os conhecimentos voltados para a gestão de processos logísticos, ou seja,
gerenciar processos, com efetividade.
Já o curso de bacharelado em logística é voltado para vertentes da engenharia, onde são ofertados,
matérias, nas quais se cria conhecimentos de gerenciamento matemático, sendo mais prolongado.
Caso a escolha determinada seja adentrar e estudar a logística, deve-se saber escolher entre as
alternativas citadas anteriormente, uma modalidade na qual se encaixe e satisfaça suas necessidades. Salgado
(2014) determina que a escolha da profissão deve vir de conceitos intrínsecos, determinados a partir de valores
e conhecimentos passados. Os quais muitas vezes não são empregados.
Cada pessoa é livre para escolher o que quiser, assim como o homem, a mulher tem o direito de
querer estudar logística, mesmo indo contra o empírico de que a profissão seja de cunho masculino. A mulher
tem o direito de estudar, direito esse previsto pela constituição brasileira.

2. RESULTDOS E DISCUSSÃO

A mulher no mercado de trabalho é um campo no qual são numerosos, divergentes e grandes os


números de publicações a respeito do mesmo. Entretanto, esse trabalho tem como foco analisar como é a
aceitabilidade do mercado de trabalho em Jataí – GO, para com a mulher tecnóloga em logística, ofertada pela
Universidade Estadual de Goiás (UEG), situada na mesma região.
É importante explanar que a UEG, com 10 anos em Jataí, desde do ano de 2007 até o ano de 2016,
totalizou 148 graduados na área de tecnologia em logística. Concluindo 42,5% homens e 57,5%, mulheres, ou
seja, a UEG titulou mais mulheres do que homens. Se partir do ponto de vista centralizado, é viável dizer que
existe mais tecnólogas do que tecnólogos em logística no mercado em jataí.
A aceitabilidade do mercado é algo relativo, Nogueira (2010) diz que o mercado é o resultado de
interações econômicas, que se modificam constantemente, o qual não determina sua capacidade ou vontade
unicamente ou a prol de determinada vontade. Para detalhar a visão do mercado de Jataí em relação com a
mulher tecnóloga em logística, fora feito uma pesquisa quantitativa e qualitativa, totalizando uma amostra
com 10 empresas aleatoriamente, cujas áreas utilizam a logística.

2.1. PESQUISA NO MERCADO

O mercado é formado por um conjunto de valores, metas e missões, onde a natureza na


organização é ditada pela cultura organizacional criada pelos administradores e proprietários (CACCIAMALI,
M. C. & PIRES, J. M.1995). Um conjunto de valores, os quais variam de empresa para empresa, determinando
a subjetividade do caráter comprometedor da empresa diante a globalização e ações corretivas dos fatos

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errôneos definidas pela sociedade. Por essa coordenada fora determinado que a pesquisa, seria anônima, ou
seja, não haverá a identificação direta da empresa em questão, protegendo a identidade e os parâmetros éticos
do aceite de pesquisa.

Figura 1 - Identificação do conhecimento logístico na empresa

Fonte: Autores

A figura 1, faz referência ao modo como as empresas visitadas veem a logística como atividades
primárias, secundárias ou até inexistentes. Fica evidente que a amostra manifesta a falta de conhecimento,
com um total de 30%. Ballou (1992) declara que a falta de conhecimento por parte dos setores componentes
da empresa é possivelmente concretizada devido aos valores familiares clássicos, passado de geração em
geração, o qual muitas empresas fecham as portas pelo mesmo motivo.
Já Pereira (2014) determina que tais valores, que são, geralmente preservados em empresas
familiares, perpetua preconceitos e superstições, as quais põem em risco toda a organização, por não
conseguirem adaptar as mesmas ao mercado globalizado, pluralista e diversificado.

Figura 2 – A popularidade da UEG em Jataí

Fonte: autores

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Popularidade para Kotler (1994) determina que os esforços aplicados estão dando resultados para
que consiga ser admirado ou conhecido no mercado. Ou seja, 60% da amostra das empresas conhece a UEG,
determinando que os esforços na divulgação estão gerando frutos. Contudo é previsto que só os esforços dos
profissionais que passaram pela UEG, possam consolidar essa imagem.

Figura 3 – Contratação do profissional de logística

Fonte: Autores

A logística representa uma área na qual é favorável ao desenvolvimento econômico da empresa,


isso se a mesma maximizar sua importância (KOTLER 1994). O que não é o caso. A logística pode determinar
uma variedade de custos que relativamente, pesam nas contas das empresas. Salgado (2014) descreve que toda
operação logística detém de uma complexidade, na qual se deve ter capacidade de gestão e conhecimento de
todos os processos que fundamentam a logística.
A pesquisa constatou que 60% da amostra em questão já teve contato trabalhista com um
profissional da área. É possível distinguir que o mercado em síntese entende como é importante o
acompanhamento de um profissional da área que tenha conhecimentos e capacidade de gestão.

Figura 4 – Ocorrência da contratação da profissional em logística

Fonte: Autores

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A contratação deve obedecer a certos parâmetros, os quais são antecipadamente definidos pela
ficha profissiográfica, no qual consta uma serie de características a serem incorporadas na seleção para
determinado cargo (CHAVIANETO, 2003). Salgado (2014) determina que como sendo uma ciência nova, a
logística muitas vezes é não é incorporada nos parâmetros de sua própria abrangência de trabalho. Ou seja,
muitos ainda não conhecem, ou muito menos o que faz. A figura 4 mostra exatamente essa questão, onde 40%
das empresas entrevistadas não retinham conhecimento do que é logística ou o sua área de trabalho.
Se observar em outra ótica, é explicito determinar parâmetros relacionados aos valores e
preconceitos referentes a contratação da profissional em logística. Para Silvio (2010) o preconceito é um
conceito associado à discriminação e as diferenças que existem no mundo, onde a pessoa preconceituosa
atribui um juízo de valor sobre determinado aspecto, seja a classe social, a cultura, a religião, a etnia, a cor da
pele, a preferência sexual, etc.
O preconceito no qual se remete as mulheres é chamado de machismo, misoginia ou sexíssimo,
podendo acontecer em vários lugares, em situações diferentes. Silvio (2010) ainda faz alusão ao espaço da
mulher conquistado no mercado, que pode ser determinante na amenização de tais preconceitos relativos as
mulheres em pleno século 21.

Figura 5 – Relacionamento com os colegas de trabalho

Fonte: Autores

A relação em ambiente de trabalho é muito difícil de ser equilibrada, pois o mundo do trabalho é
completamente paralelo ao mundo pessoal, as vezes podendo se colidir. Silveira (2011) determina que é
comum que pessoas de vários departamentos trabalhem juntas para desenvolver projetos e impulsionar o
crescimento de determinada empresa, onde a boa comunicação é divisor de águas para qualquer tipo de
relação.
A figura 5 traduz exatamente essa questão, a mulher com sua percepção e interação social no
ambiente de trabalho, que pode ser justifica por fatores biológicos. HAMMOND (2013) retrata uma pesquisa
cientifica que expõe o poder comunicativo da mulher, onde a mesma fala em média 20 mil palavras por dia,

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enquanto 7 mil por dia dos homens. A mulher tem, por natureza, um poder de comunicação maior do que a
dos homens, como consequência uma interação social maia ampla e dinâmica, representada nos 60% positivo
sobre a percepção dos gestores sobre a relação das mulheres, profissionais em logística, com os demais
colegas.

2.2. EXPERIÊNCIA MERCADOLÓGICA

A experiência para Content (2013) são os momentos vividos, guardados no subconsciente. Essas
experiências podem ser identificadas e utilizadas de várias maneiras e situações diferentes, onde a vontade é
o gatilho inicial para sua recordação.
De certa maneira a experiência mercadológica tange aos momentos vividos na vida profissional
do indivíduo, de forma a condensar informações especificas, criando conceitos e preconceitos.
Sarate (2016) expõe que para se criar determinados conceitos em um ambiente de trabalho é
preciso um completo distanciamento dos valores pessoais. Onde tais conceitos ficam limitados ao mundo
profissional, nascendo assim o distanciamento de experiências profissionais das experiências pessoais.
Sobre a perspectiva do distanciamento dos tipos de experiência, é valido determinar que a
experiência é relativamente imensurável, assim como as vocações e os gostos. E que fica a critério do leitor
tirar suas próprias conclusões acerca de sua experiência profissional e pessoal, relativa a área da logística.

CONCLUSÃO

A logística possui importância para as empresas e instituições. Por meio dela, pode-se obter
determinada redução de custos na área afim de trabalho. Sendo uma área difícil, com relativa determinação
machista e pré-conceitos, ainda existentes. Entretanto, é uma área livre, no qual pode se ter homens ou
mulheres, evidenciado pelo maior número de mulheres graduados pela Universidade Estadual de Goiás -
Campus Jataí.
É possível concluir que existem mais mulheres na área da logística, e que a mesma ainda é
desvalorizada em comparação ao homem, por pré-juízo, que vem a prejudicar o mercado para com as
mulheres.
Entretanto, é verídico que o esforço e a experiência é algo intrínseco, onde a mesma terá que lutar,
com garra, vontade e determinação, para conquistar seu espaço no mercado nesse mercado de trabalho vasto
que é o da logística.

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PEREIRA, Mauricio Fernandes. Planejamento Estratégico: teorias, modelos e processos. São Paulo: Atlas,
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GARANTIR A SEGURANÇA ALIMENTAR: APLICAÇÃO DE PROCEDIMENTOS
OPERACIONAIS PADRONIZADOS NAS ESCOLAS DO MUNICIPIO DE JATAÍ – GOIÁS

GUARANTEE FOOD SAFETY: APPLICATION OF STANDARDIZED OPERATIONAL


PROCEDURES IN THE SCHOOLS OF THE MUNICIPALITY OF JATAÍ - GOIÁS

Simone Duarte Ramalho da SILVA


Juliana Teodora de Assis REGES

RESUMO: As doenças transmitidas por alimentos ocorrem devidos a técnicas inadequadas durante o processamento dos alimentos
envolvendo microrganismos patogênicos e produtos tóxicos. A adoção de medidas e aplicação das ferramentas da gestão da
qualidade proporciona garantir as condições higiênico-sanitárias necessárias à manipulação dos alimentos. Destacando a
importância de implementar os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP’s) com vista nos equipamentos, utensílios e
manipuladores proporcionando base técnica à garantir qualidade e segurança. Sendo objetivo de este trabalho garantir através dos
POP’s à correção e adequação as condições higiênico-sanitárias nas salas de preparo das escolas visando melhoria da qualidade dos
alimentos e a saúde dos alunos da rede pública de ensino Jataí-GO. Proporcionando treinamento e capacitação aos responsáveis e
colaboradores a importância de padronizar as atividades rotineiras nos procedimentos de higienização dos equipamentos, utensílios
e manipulação das mãos. Todos os procedimentos devem ser documentados e arquivados para quando solicitados estejam
disponíveis ás autoridades sanitárias de ambas as esferas públicas.
Palavras-chave: Higiênico-Sanitárias; Gestão da Qualidade; Microrganismos patogênicos

ABSTRACT: Foodborne diseases occur due to inadequate techniques during processing of foods involving pathogenic
microorganisms and toxic products. The adoption of measures and application of the tools of quality management provides to
guarantee the hygienic-sanitary conditions necessary for the manipulation of the food. Emphasizing the importance of implementing
the Standard Operational Procedures (POPs) with regard to equipment, utensils and manipulators providing technical basis to
guarantee quality and safety. The purpose of this work is to ensure, through the POP's, the correctness and adequacy of the hygienic-
sanitary conditions in the preparation rooms of the schools aiming at improving the quality of food and the health of the students of
the Jataí-GO public school system. Providing training and qualification to the responsible and collaborators the importance of
standardizing the routine activities in the procedures of hygiene of the equipment, utensils and manipulation of the hands. All
procedures should be documented and archived when requested to be available to the health authorities of both public spheres.)
Keywords: Hygienic-Sanitary; Quality management; Pathogenic microorganisms.

INTRODUÇÃO

É fundamental garantir o controle de qualidade dos alimentos desde a hora que eles saem da
indústria até o preparo das refeições. Assim deve-se observar a qualidade da alimentação escolar no âmbito
nutricional, mas também quanto à inocuidade, ou seja, nos requisitos higiênico-sanitárias, pois, boa parte das
doenças transmitidas por alimentos pode ser amenizada através da utilização de Ferramentas da Qualidade em
sua cadeia de produção alimentar. A organização Mundial de Saúde (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE
SAÚDE, 2006) define Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) como uma enfermidade de natureza
infecciosa ou tóxica, causada por agentes que entram em contato com o organismo através da ingestão de
alimentos contaminados.
Portanto a importância em garantir a segurança alimentar antes e após o processamento. A refeição
produzida nas Unidades de Alimentação e Nutrição escolares devem atender às necessidades nutricionais dos
alunos, oferecendo-lhe produtos adequados sob aspectos sensorial e nutricional, mas, sobretudo, produtos
seguros quanto à condição higiênica sanitária para a proteção e promoção da saúde dos beneficiários
(CARDOSO et al.,2010). A degradação dos alimentos ocorre por meio de microrganismos patogênicos, que

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utilizam esses alimentos como fonte de nutrientes e por agentes físico e químico presentes em equipamentos,
utensílios e agentes químicos. Adoção do Manual de Boas Práticas de Fabricação nas unidades de ensino do
município de Jataí é uma ferramenta importante para se obter um produto livres de contaminação. Pois através
da aplicação da Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos/Industrializadores
RDC 275/2002 da ANVISA, que permitir avaliar às condições higiênico-sanitárias através dos dados
coletados que resultam em itens conformes e não conformes. Por meio destes dados monta-se um plano de
ação para correção e adequação visando melhoria da qualidade dos alimentos e a saúde dos alunos da rede
pública de ensino.
A Divisão de Higiene e Alimentação Escolar é um departamento que está sob a supervisão da
Secretária de Educação em conjunto com a merenda, ambas com a finalidade de gerenciar e monitorar a
aplicação dos recursos destinados à alimentação escolar que é repassado ao município por meio do Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), cuja finalidade é oferecer refeições a pré-escolares e escolares das
redes públicas de ensino, de forma ajudar à complementar as necessidades nutricionais, favorecendo bons
hábitos alimentares, motivando o aprendizado e a evasão escolar.
De acordo com a lei n° 11.147, de 16 de junho de 2009:

Art. 3. A alimentação escolar é direito dos alunos da educação básica pública a dever do
estado e será promovida e incentivada com vistas no atendimento das diretrizes estabelecidas
nesta Lei.
Art. 4. O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE tem por objetivo contribuir
para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento
escolar e a formação de hábitos alimentar saudável dos alunos, por meio da ações de educação
alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as necessidades nutricionais
durante o período letivo (BRASIL, 2009).

A aplicação desses recursos começa na compra de gêneros alimentícios através da divulgação de


atos da administração pública, como a chamada pública e licitação, processos utilizados para aquisição de
merenda escolar. Sendo o departamento de Divisão de Higiene e Alimentação Escolar (DHAE), responsável
pela recepção, armazenamento e distribuição dos gêneros alimentícios para os pré-escolares e escolares e
entidades filantrópicas. Objetivo deste trabalho é propor aplicação de Procedimentos Operacional Padronizado
(POP’s), cuja finalidade é oferecer informações que ajudem a padronizar e documentar as atividades rotineiras
realizadas pelos colaboradores que atuam diretamente no preparo e distribuição das refeições oferecidas aos
alunos da rede de ensino público no município de Jataí no estado de Goiás.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido nas Escolas Municipais de Jataí, no Estado de Goiás durante o período
de estágio I e estágio II com a duração de um ano, cuja disciplina de Legislação Industrial e Higiene e

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referências bibliográficas sobre Boas Práticas de Fabricação contribuíram de forma relevante para o
aprimoramento da pesquisa durante o curso de Tecnologia em Alimentos na Universidade Estadual de Goiás
– Câmpus Jataí.
O estudo foi conduzido nas escolas das redes pública de ensino, distribuídos em centro municipal
de Educação Infantil (CMEI), ensino fundamental e filantrópico, onde a alimentação escolar é preparada e
distribuída, a fim de averiguar as condições higiênicas – sanitárias do local de preparação das refeições e o
nível de capacitação das merendeiras. Na primeira etapa foi aplicada a lista de verificação das Boas Práticas
de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos (adaptada da resolução da
ANVISA RDC 275 de 21 de outubro de 2016). Nas sessões de Equipamentos, Móveis e Utensílios e
Manipuladores com objetivo de adequar o que não estava dentro das conformidades conforme instruções das
legislações vigentes. Na segunda etapa, foram avaliados 4 itens, abrangendo Higienização de instalações,
equipamentos e móveis, Controle integrado de vetores e pragas urbanas, Higienização do reservatório, Higiene
e saúde dos manipuladores fazendo-se necessário aplicação de um plano de ação. Os Procedimentos
Operacionais Padronizados (POP’s), procedimentos escritos de uma forma simples com uma linguagem clara
que instrui os colaboradores a realização procedimentos de rotina, por meio de documentos (adaptada da
resolução da ANVISA RDC 216 de 15 de setembro de 2004) que regulamenta o técnico de Boas Práticas para
Serviços de Alimentação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apresentados na primeira etapa foram insatisfatórios com vários itens que não estão
conforme instruções das legislações vigentes, para garantir a qualidade e segurança sanitária em serviços de
alimentação. Considerando a necessidade da elaboração dos Procedimentos Operacional Padronizado que
objetiva monitorar, verificar, corrigir e prevenir através de ações padronizadas as atividades rotineiras
realizadas pelos funcionários que trabalham diretamente com produtos do gênero alimentício.
Visando capacitação e correção dos itens não conformes observa-se a necessidade de adoção de
princípios que atenderão aos requisitos sanitários estabelecidos pela ANVISA e Vigilância sanitária.
Conforme descrito na RDC 216/2004 (BRASIL, 2004), implementar POP nos itens relacionados nas tabelas
1 a 3.
Tabela 1. (Higienização das instalações, equipamentos e móveis)
Procedimento Operacional Padronizado: HIGIENIZAÇÃO DA GELADEIRA
Objetivo: Higienizar corretamente o equipamento a fim de evitar a contaminação dos alimentos
Execução da tarefa: Manipuladores de Alimentos
Material necessário: Esponja, Sabão, Pano, Quando: Semanalmente ou conforme a
Caixa de isopor e Gelo. necessidade.

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Como: Retirar todo produto existente na geladeira e armazenar em uma caixa de isopor contendo
gelo; Utilizar, primeiramente, esponja e sabão para limpeza interna e externa;
Passar um pano úmido para retirar o excesso de sabão existente.
Ação corretiva: Realizar atividade novamente, até que a geladeira esteja completamente limpa; Se
for necessário, capacitação de pessoal.

Procedimento Operacional Padronizado: HIGIENIZAÇÃO DO FOGÃO


Objetivo: Higienizar corretamente o equipamento a fim de evitar danos e também a contaminação
dos alimentos.
Execução da tarefa: Manipuladores de Alimentos
Material necessário: Esponja, Sabão, Pano, Quando: Semanalmente ou conforme a
Caixa de isopor e Gelo. necessidade.
Como: Fazer higienização das mãos e colocar luvas; Retirar os resíduos com esponja ou fibraço;
Aplicar o detergente com o auxílio de uma esponja ou fibraço; Retirar as peças removíveis e colocar
de molho com detergente desencrustante, por 10 minutos; Enxaguar até a retirada completa do
detergente; Aplicar o desencrustante por toda área fixa do fogão, com o auxílio de um fibraço; Deixar
agir por 10 minutos; Enxaguar até a retirada completa do produto; Ligar os queimadores para agilizar
a secagem.
Ação corretiva: Realizar atividade novamente, até que o fogão esteja completamente limpo; Se for
necessário, capacitação de pessoal.

Procedimento Operacional Padronizado: HIGIENIZAÇÃO DE LIXEIRA


Objetivo: Evitar a atração de pragas, odores e contaminação do ambiente.
Execução da tarefa: Auxiliar de serviços gerais.
Material necessário: Esponja (exclusiva para Quando: Diariamente. Se for necessário,
este fim); Detergente; Álcool 70%; Saco de lixo. recolher o lixo mais de uma vez.
Como: Levar as lixeiras para o exterior da Unidade de Produção e retirar o lixo; Acondicioná-lo em
container ou lugar próprio; Esfregar com esponja e detergente todas as suas partes; Enxaguar com
água corrente; Secar naturalmente; Borrifar álcool 70% e deixar secar naturalmente; Encaixar o saco
plástico na lixeira; Voltar a lixeira para os respectivos locais.
Ação corretiva: Realizar atividade novamente até que a lixeira esteja completamente limpa e o lixo
no devido lugar; Se for necessário, capacitação do pessoal.

Procedimento Operacional Padronizado: HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS


Objetivo: Higienizar corretamente os equipamentos a fim de evitar a contaminação dos alimentos.
Execução da tarefa: Manipuladores.
Material necessário: Água; Detergente Neutro; Quando: Diariamente.
Bucha; Álcool 70%.
Como: Retirar as sujidades; Enxaguar o utensílio em água corrente; Esfregar com uma esponja com
detergente neutro até que toda a superfície esteja limpa; Enxaguar em água corrente, até retirar todo
o resíduo de detergente; Colocar em recipiente limpo e higienizado; Borrifar álcool 70% e deixar
secar naturalmente; Garantir a secagem completa antes de guardar os utensílios.
Ação corretiva: Realizar atividade novamente, até que os utensílios estejam completamente limpos;
Se for necessário, capacitação do pessoal.

Procedimento Operacional Padronizado: HIGIENIZAÇÃO DE TETO, PAREDES, PISO,


PORTA
Objetivo: Evitar surgimento de pragas no ambiente assim como contaminação cruzada com os
alimentos.
Execução da tarefa: Manipuladores.
Material necessário: Escada; Luvas; Rodo; Quando: Mensalmente.
Detergente neutro; Panos limpos; Solução

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desencrustanste; Água; Solução clorada a
200ppm
Como: Operação deve ser realizada antes de qualquer outra, respeitando sempre a ordem de cima
para baixo e do fundo para a porta; Colocar luvas; Limpar os cantos, com o auxílio de uma escada,
removendo as teias de aranha ou outras sujeiras visíveis com um pano; Umedecer o local em solução
de detergente e esfregar com o auxílio do rodo e pano; Retirar as incrustações com produtos
específicos (desencrustantes); Enxaguar e retirar o excesso de água; Sanitizar com solução clorada
200ppm.
Ação corretiva: Realizar atividade novamente até que as superfícies estejam limpas;
- Se for necessário, capacitação do pessoal.

Procedimento Operacional Padronizado: HIGIENIZAÇÃO DE LIQUIDIFICADORES OU


OUTROS EQUIPAMENTOS DESMONTÁVEIS
Objetivo: Higienizar corretamente o equipamento a fim de evitar a contaminação dos alimentos.
Execução da tarefa: Manipuladores de alimentos
Material necessário: Esponja; Detergente; Quando: Conforme a necessidade.
Desinfetante.
Como: Retire os resíduos sólidos; Lave com água e detergente; Enxágue; Desinfete (com água
quente por 15 minutos ou pelo uso de desinfetantes apropriados); Deixe secar naturalmente.
Ação corretiva: Realizar atividade novamente, até que o equipamento esteja completamente limpo;
Se for necessário, capacitação de pessoal.

Tabela 2. (Controle Integrados de Vetores e Pragas Urbanas)


Procedimento Operacional Padronizado: CONTROLE INTEGRADOS DE VETORES E
PRAGAS URBANAS
Objetivo: Evitar contaminação por meio desses agentes.
Execução da tarefa: Empresas contratadas para realizar o trabalho.
Material necessário: Escada; Produto químico Quando: Mensalmente.
especifica da empresa contratada; Luvas e
máscaras de proteção.
Como: Retirada de material em desuso nas áreas externas; Cuidados com a poda de canteiros e
gramados; Vedação de buracos, frestas, vãos, nas paredes e calçamento; Fechamento automático das
portas externas; Uso de lixeiras movidas a pedal; Faça a limpeza das instalações, utensílios e
equipamentos adequadamente e no período necessário.
Ação corretiva: Realizar atividade novamente até que as superfícies estejam limpas; Se for
necessário, capacitação do pessoal.

Tabela 3. (Higiene e Saúde dos Manipuladores)


Procedimento Operacional Padronizado: HIGIENE E SAÚDE DOS MANIPULADORES
Objetivo: Descrever os procedimentos relacionados com higiene e saúde dos colaboradores
envolvidos com a manipulação de alimentos, direta ou indiretamente.
Execução da tarefa: Manipuladores
Material necessário Higienização das Mãos: Quando: Ao entrar na área de manipulação; Em
Água; Sabão bactericida; Papel toalha toda a troca de tarefa; Ao espirrar, tossir, coçar a
descartável; Álcool em gel. cabeça ou o corpo; Sempre que necessário.
Como: Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando encostar-se à pia; Aplicar na palma da mão
quantidade suficiente de sabão para cobrir todas as superfícies das mãos; Ensaboar as palmas das
mãos, friccionando-as entre si; Esfregar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda
entrelaçando os dedos e vice-versa. Garantir que os espaços entre os dedos também sejam esfregados;
Colocar as pontas dos dedos da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada em concha,
fazendo movimento circular e vice-versa; Esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão
esquerda, em movimento circulares e vice-versa; Esfregar o punho esquerdo, com o auxílio da palma
da mão direita, utilizando movimento circular e vice-versa; Enxaguar as mãos, retirando os resíduos

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de sabão. Evitar contato direto das mãos ensaboadas com a torneira; Secar as mãos com papel-toalha
descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos. Desprezar o papel-toalha na lixeira para
resíduos comuns; Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de álcool para cobrir todas as
superfícies das mãos e deixar secar naturalmente.
Cuidados Especiais: Não se esquecer de retirar Ação corretiva: Realizar atividade novamente;
anéis e alianças; Lavar as mãos a cada troca de Se for necessário, capacitação do pessoal.
tarefa; Utilizar a pia específica para lavagem de
mãos para este fim.

CONCLUSÃO

Diante disso, padronizar as atividades rotineiras dos serviços de alimentação poderá reduzir os
riscos de contaminação. Uma vez que, responsáveis e colaboradores estão cientes da importância de prevenção
e controle, por meio, dos Procedimentos Operacionais Padronizados reduzindo falhas e desperdícios
garantindo a segurança do alimento.
É fundamental que os POP’s sejam adotados pelos colaborados envolvidos direto ou indiretamente
nas salas de preparo das refeições servidas aos alunos matriculados nas escolas municipais de Jataí – Goiás.
Garantindo as condições higiênico-sanitárias necessárias à produção de alimentos durante o processo, desde
o preparo até o consumo, favorecendo proteção e promoção à saúde dos beneficiários.

REFERÊNCIAS

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2004. Dispõe sobre o regulamento técnico de Boas Práticas para Serviço de Alimentação.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n°275 de 21 de outubro
de 2002. Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos
Produtores/Industrializadores de Alimentos. Disponível em
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AVALIAÇÃO DAS NORMAS DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF) EM UM
ESTABELECIMENTO ALIMENTÍCIO NO MUNICÍPIO DE JATAÍ-GO

APPRECIATION OF GOOD MANUFACTURING PRACTICES (GMP) STANDARDS IN A NON-


MUNICIPAL FOOD ESTABLISHMENT OF JATAÍ-GO

Warley Rhuan Vieira TAVARES


Juliana Teodora de Assis REGES

RESUMO: A legislação estabelece que Boas Práticas de Fabricação (BPF), definidos como procedimentos que
garantem a segurança dos produtos comercializados ou produzidos/industrializados adequando-os aos padrões da
legislação sanitária são de caráter obrigatório aos estabelecimentos alimentícios ou afins. Este trabalho teve por objetivo
avaliar as BPF de um estabelecimento através de adoção de um check list que foram aplicados antes do levantamento
situacional e depois da orientação das inconformidades. Um total de 131 questões foram aplicados, no primeiro
momento 64% das questões estavam em desacordo com as BPF e 36% estavam dentro dos padrões normais e após a
orientação das divergências, 62% permaneciam em desacordo com a legislação vigente e 38% estavam dentro dos
padrões normais. Isso indica que a melhora gradativa do estabelecimento está relacionada com a necessidade de
aperfeiçoamento constante, a presença de mão de obra qualificada para garantir a qualificação profissional dos
manipuladores e, consequentemente, a qualidade dos alimentos e a segurança alimentar dos consumidores.
Palavras-chave: Processamento de alimentos; Qualidade sanitária; Boas maneiras de fabricação.

ABSTRACT: The legislation establishes that Good Manufacturing Practices (GMP), defined as procedures that ensure the safety
of marketed or manufactured products conforming to the standards of health legislation, are mandatory for food establishments or
similar. The objective of this study was to evaluate the GMP of an establishment through the adoption of a checklist that was applied
before the situational survey and after the orientation of the nonconformities. A total of 131 questions were applied, at first 64% of
the issues were in disagreement with GMP and 36% were within normal standards and after divergence orientation, 62% were in
disagreement with current legislation and 38% were in a normal standard. This indicates that the gradual improvement of the
establishment is related to the need for constant improvement, the presence of skilled labor to guarantee the professional
qualification of the manipulators and, consequently, the quality of the food and the food safety of the consumers.
Keywords: Food processing; Health quality; Good manufacturing ways.

INTRODUÇÃO

De acordo como Miranda (2011) às normas de Boas Práticas de Fabricação (BPF) estabelecidas
por legislação, além de ser um dever de todo estabelecimento alimentício ou de áreas afins junto aos órgãos
legisladores, também é uma obrigação no que diz respeito ao consumidor. As BPF devem ser algo que todos
devem adotar, mesmo antes de se iniciar a manipulação e o processamento dos alimentos e este processo se
inicia ao recebimento e acondicionamento da matéria prima para obter um alimento seguro e próprio para o
consumo.
Conforme Resolução da diretoria colegiada (RDC) N° 216 de setembro de 2004 da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a definição de BPF são um conjunto de procedimentos que devem
ser adotados por estabelecimentos alimentícios com a finalidade de garantir a segurança dos produtos
comercializados ou produzidos/industrializados adequando-os aos padrões da legislação sanitária. Em outros
termos, BPF é o conjunto de Procedimentos fundamentais para a garantia da qualidade dos alimentos

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oferecidos aos consumidores, nesse caso todo estabelecimento que comercialize ou processe alimentos precisa
estar dentro dos parâmetros destes procedimentos.
De acordo com Machado (2000) as BPF consistem em um sistema integrado e documentado que
tem por finalidade diminuir os riscos de contaminação microbiológica, física ou química nos alimentos.
Dentre as normas básicas de BPF tem-se os procedimentos de desinfecção de equipamentos e
utensílios utilizados na manipulação de alimentos, a limpeza do ambiente de manipulação e arredores, o
controle integrado de pragas urbanas, a assepsia dos manipuladores e o registro de todos os procedimentos
adotadas pela empresa alimentícias, dentre os demais procedimentos regulamentados por legislação tais como
Portaria N°368 de 04 de setembro de 1997 do Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento
(MAPA), que dispõe sobre Regulamento Técnico das Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de
Fabricação para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos, a RDC N° 216 de setembro
de 2004 da ANVISA que dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação,
a normativa RDC N° 275 define (anexo I) os procedimentos operacionais padronizados (POP) e (anexo II)
traz um check list de verificação das condições de BPF em estabelecimentos com a finalidade de firmar e
estabelecer as normas de BPF.
Todos critérios de BPF são importantes para indústrias do ramo alimentício assim como para
qualquer outro estabelecimento, e dessa forma, devem ser aplicados obedecendo a legislação que os
regulamenta, é por se tratar de leis sua implantação é uma obrigação a todos os regulamentados pelas mesmas.
Analisando a importância dos métodos de BPF para a segurança alimentar, este trabalho teve como
objetivo averiguar utilizando um check list a presença ou não de inconformidades em um estabelecimento
comercializador/processador de queijos do tipo frescal e maturado, apresentando caso haja necessidades,
sugestões para melhorar as BPF no estabelecimento e em um segundo momento aplicar novamente o check
list fazendo uma comparação com o primeiro analisando o que foi melhorado e os pontos positivos do
estabelecimento utilizando como base as legislações regulamentadoras.

MATERIAL E MÉTODOS

A averiguação das BPF no estabelecimento foi realizada seguindo o anexo II da normativa RDC
N° 275 de 21 de outubro de 2002 da ANVISA que traz uma lista de verificações podendo classificá-lo em
grupos utilizando como critério as prioridades e estratégias para uma possível intervenção. A classificação
dos estabelecimentos precede da seguinte forma, grupo I de 76 a 100% de atendimento satisfatório dos itens
no check-list, grupo II de 51 a 75% atendimento satisfatório dos itens no check-list e grupo III de 0 a 50%
atendimento satisfatório dos itens no check list. E este panorama classificatório é utilizado como critério para
definição e priorização das estratégias institucionais de intervenção.

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Após uma análise do estabelecimento foi elaborado um plano de ação com a intenção de melhorar
as condições higiênico sanitária do estabelecimento. Os resultados do check list aplicado, foi analisado
segundo o método de comparação de conformidades e não conforme os pontos de não conformidades e foram
listados no plano de ação para serem melhorados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O estabelecimento Produtor/comercializador de alimentos avaliado processa e comercializa


produtos destinados à alimentação humana, as observações das atividades desenvolvidas no estabelecimento,
e conversas diretas com o proprietário que por sua vez é o responsável por todas as atividades desenvolvidas,
nos possibilitou verificar os níveis de conhecimento do mesmo em relação às legislações que regia seu
estabelecimento.
No local havia comercialização de queijos dos tipos frescal, maturado e ralado, manteiga de porco,
leite, mel, doce de leite, queijada, peixes congelados, conservas de pimentas, pães de queijos industrializados.
Como não havia produção sendo somente processamento o queijo era ralado e em seguida, embalado em
quantidades específicas sendo vendido por quilos, onde as observações foram mais focadas, nas condições
estruturais do estabelecimento, à disposição dos produtos comercializados, armazenamento dos mesmo e
condições do local de processamento do queijo maturado.
Para obtenção das condições legislativas do local realizou-se a aplicação do check list contido no
anexo II da RDC 275, utilizando para avaliação apenas itens pertinentes a realidade do estabelecimento
avaliado, o mesmo foi aplicado sem que houvesse comunicação prévia ao proprietário para que pudesse
classificar sem alterações as condições reais do estabelecimento.
Os dados coletados serviram como base para estudo em comparação às exigências da legislação,
facilitando a elaboração do plano de ação sugestiva.
O plano de ação foi criado com intuito de orientar o proprietário sobre as mudanças necessárias
ou apenas optimização do processo, respaldando-se em algumas legislações específicas para cada ação a ser
tomada.
Foram realizados dois check list em datas distintas sendo o primeiro realizado em Maio de 2016
onde foram analisados 131 (cento e trinta e um) itens aplicáveis a realidade do estabelecimento, dentre esses
foram encontradas 47 (quarenta e sete) conformidades nas atividades exercidas no estabelecimento e 84
(oitenta e quatro) não conformidades.
Utilizando o método matemático da regra de três estabeleceu-se em termos de percentual 36% de
conformidades e 64% não conformidades como observamos no Gráfico 1 abaixo.

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Gráfico 1- Percentual de conformidades do primeiro check list


Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir da aplicação do check list notou-se que seria necessária uma adequação para melhorar as
condições do estabelecimento e dos produtos oferecidos pela empresa em questão, não somente para atender
aos requisitos estipulados por lei, mas para oferecer aos seus clientes um melhor produto com qualidade e
segurança dirimindo-os de possíveis risco a saúde do consumidor.
Implantar as sugestões apresentadas na tabela de ação sugestiva irá trazer maior qualidade ao
estabelecimento assim como aos produtos oferecidos pelo mesmo, deste modo é essencial que não somente
sejam implantadas as sugestões mais que haja uma evolução contínua no que se diz respeito às condições de
BPF, colocando o comércio como um todo, na classificação de alta segurança e provido de boa qualidade dos
produtos por ele oferecido, minimizando em alta escala o risco de desenvolvimento de micro-organismos
patogênicos, grande responsáveis por internações e gastos hospitalares da população.
Seguindo esse raciocínio foi sugerido um plano de ação (Tabela 1), aonde foi apresentado ao
proprietário as especificações para melhorar o seu estabelecimento.

Tabela 1. Plano de Ação do estabelecimento

O produto que será O que fazer para a Legislação de


Como está
analisado adequação ou melhorar referência
Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
Piso interno de superfície
de 1999.
de fácil limpeza.
Piso Interno Apresenta acumulo de
PORTARIA Nº 326
Fazer limpeza com maior DE 30 DE JULHO
sujidades encrostadas.
frequência, afim de eliminar DE 1997 da
quaisquer sujidades que se Secretaria de
acumulem ao piso Vigilância Sanitária

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do Ministério da
Saúde

Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
Teto forrado a madeira, de 1999.
apresenta falhas no forro PORTARIA Nº 326
Troca do forro interno ou reparo
Teto como; rachaduras,
das imperfeiçoes existentes.
DE 30 DE JULHO
quebrados e mal encaixe DE 1997 da
das partes. Secretaria de
Vigilância Sanitária
do Ministério da
Saúde
Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
Há um banheiro, mas não
de 1999.
contem sabonete líquido Instalação de sabonete antisséptico,
PORTARIA Nº 326
antisséptico, papel toalha, papeis toalha, lixeiras a pedal, além
Banheiro torneira de acionamento de mudanças na área do banheiro
DE 30 DE JULHO
DE 1997 da
automático, lixeiras a tais como troca da pia.
Secretaria de
pedal ou porta automática
Vigilância Sanitária
do Ministério da
Saúde
Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
de 1999.
Implementação de lixeiras com
PORTARIA Nº 326
Lixeiras sem tampas, e tampas e em locais mais indicados
Lixeiras quantidades insuficientes como na área de manipulação,
DE 30 DE JULHO
DE 1997 da
vendas e banheiro.
Secretaria de
Vigilância Sanitária
do Ministério da
Saúde
Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
de 1999.
Pia do banheiro plástica e
Troca da pia do banheiro, por uma PORTARIA Nº 326
em más condições e pia
Pias da segunda sala de inox
de outro material como inox e DE 30 DE JULHO
mármore DE 1997 da
bem conservada.
Secretaria de
Vigilância Sanitária
do Ministério da
Saúde

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Sistema de Versões
Instalação de armário em local
Concorrentes (CVS)
afastado as matérias primas e
Nº 6 de 10 de março
Produtos de limpeza não produto final para
de 1999.
apropriados para acondicionamento de produtos de
PORTARIA Nº 326
Produtos químicos estabelecimento limpeza e adoção de produtos
DE 30 DE JULHO
de limpeza alimentício por conter específicos para higienização de
DE 1997 da
cheiros e armazenado estabelecimento alimentício tais
Secretaria de
junto a alimentos. como detergentes neutros para
Vigilância Sanitária
limpeza e água sanitária para
do Ministério da
desinfecção.
Saúde
Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Implementação de telas sobre as Nº 6 de 10 de março
Matéria prima
prateleiras expositoras dos queijos de 1999.
Acondicionamento acondicionada em
maturados e armazenamento dos PORTARIA Nº 326
prateleiras sem proteção
de matéria prima e de telas e matéria prima produtos a serem processados em DE 30 DE JULHO
produto final recipientes tampados e locais DE 1997 da
em bacias colocadas no
adequados como prateleiras ou Secretaria de
chão.
mesas. Vigilância Sanitária
do Ministério da
Saúde
Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
Proteção das janelas existente com de 1999.
Janelas com acesso à rua
telas mosquiteiros, afim de impedir PORTARIA Nº 326
e sem proteção de telas
Janelas contra insetos ou
que pragas ou sujidades que DE 30 DE JULHO
possam a vir contaminar o alimento DE 1997 da
sujidades.
sejam diminuídas. Secretaria de
Vigilância Sanitária
do Ministério da
Saúde
Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Implementação de borrachas no
Nº 6 de 10 de março
Portas da sala de inferior das portas para impedir a
de 1999.
processamento e entrada de pragas urbanas e molas
PORTARIA Nº 326
banheiros metálicas sem para fechamento automático afim
Portas proteção na parte inferior de garantir que o manipulador não
DE 30 DE JULHO
DE 1997 da
ou molas para precise entrar em contato com a
Secretaria de
fechamento automático. porta evitando contaminação e
Vigilância Sanitária
entrada de pragas.
do Ministério da
Saúde
Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
Cobertura das paredes com
de 1999.
Paredes de cor clara, sem material que permita limpeza tais
PORTARIA Nº 326
superfície antiaderente como; tintas laváveis, cerâmicas ou
Paredes internas com imperfeições e azulejos. Correção das
DE 30 DE JULHO
DE 1997 da
sujidades. imperfeiçoes apresentadas afim de
Secretaria de
evitar contaminação dos alimentos.
Vigilância Sanitária
do Ministério da
Saúde

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Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
Revestimento das lâmpadas com
de 1999.
proteção que impeçam que
PORTARIA Nº 326
Lâmpadas sem proteção estilhaços das lâmpadas caso
Iluminação adequada. estourem venham a contaminar os
DE 30 DE JULHO
DE 1997 da
alimentos processados ou
Secretaria de
vendidos.
Vigilância Sanitária
do Ministério da
Saúde

Criação e implementação de POP,


Agência Nacional de
Procedimentos afim de padronizar os processos do
Vigilância Sanitária,
Não há a existência de estabelecimento de acordos com as
Operacionais POP normativas além de documentar os
Resolução RDC nº
Padronizados (POP) 275,21 de outubro de
procedimentos como determina a
2002
legislação.

Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
de 1999.
Saúde dos Não há existência de Realização de exames periódicos e PORTARIA Nº 326
envolvidos no registros de exames arquivamento dos mesmos para DE 30 DE JULHO
processamento periódicos eventual consulta DE 1997 da
Secretaria de
Vigilância Sanitária
do Ministério da
Saúde
Sistema de Versões
Concorrentes (CVS)
Nº 6 de 10 de março
de 1999.
Controle de pragas Não há existência de PORTARIA Nº 326
registro de dedetização do DE 30 DE JULHO
urbanas estabelecimento. DE 1997 da
Realização de dedetização por Secretaria de
empresas certificadas e Vigilância Sanitária
arquivamento dos registros para do Ministério da
eventual consulta Saúde

Após um período de três messes foi aplicado um novo check list analisando os mesmos 131 (cento
e trinta e um) itens aplicáveis a realidade do estabelecimento, dentre esses foram encontradas 50 (cinquenta)
conformidades nas atividades exercidas no estabelecimento e 81 (oitenta e um) não conformidades.
Utilizando o método matemático da regra de três, estabeleceu-se em termos de percentual 38% de
conformidades e 62% não conformidades (Gráfico 2), classificando o estabelecimento de acordo com os
critérios do check list, pertencente ao grupo 3, indicando uma priorização nas estratégias institucionais de
intervenção na qualificação.

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Gráfico 2: Percentual de conformidades do segundo check list


Fonte: Elaborado pelo autor.

Contudo, as normas de BPF são essenciais para melhorar o processo no estabelecimento, já que
as mesmas são de fundamental importância para qualidade dos produtos alimentícios tendo assim uma maior
garantia que o produto final possa ser comercializado livre de qualquer contaminação tendo em vista a saúde
do consumidor final.
Com a aplicação do plano de ação observou-se uma melhora pontual nas condições em relação a
legislação vigente, e observou-se que as mudanças são necessárias pela melhoria da qualidade dos produtos.
Todos os estabelecimentos sejam eles produtores, industrializadores ou comercializadores
precisam ter como principal base as normas de BPF, e somente assim é possível produzir alimentos seguros,
destacando aqui o papel de todo gestor da qualidade para garantir que os produtos estejam seguros aos seus
consumidores.

CONCLUSÕES

Como resultado da pesquisa desenvolvida no estabelecimento, foram destacadas como pontos a


serem corrigidos a precariedade da condição da instalação higiênico sanitário que por hora encontrava-se
inadequado e a urgência da aplicação e/ou adoção de Boas Práticas de Fabricação para posteriormente oferecer
aos consumidores qualidades e segurança no consumo dos produtos oferecidos.
Após o processo de reaplicação do check list, é de notória interpretação que o estabelecimento
teve uma ínfima melhora em sua qualidade depois da aplicação do plano de ação, destacando que o processo
de aperfeiçoamento e melhora na qualidade é gradativa e é de suma importância a conscientização do
proprietário/manipulador que o produto oferecido está diretamente ligado com o desenvolvimento obrigatório
das boas práticas que regem o estabelecimento comercial.
Com a orientação necessária pudemos perceber que há uma forma de melhorar o processo e
produzir qualitativamente o produto oferecido, portanto é importante que no estabelecimentos, hajam, mãos

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de obra qualificada, com formação técnica, tendo conhecimento dos procedimentos, e domínio da legislação
para que sejam feitas as possíveis orientações para o responsável pelo estabelecimento, com a intenção de
diminuir o risco de contaminação aos alimentos, manter um padrão de qualidade nos produtos oferecidos e
que possa ter uma melhora no processo muitas vezes até minimizando perdas e maximizando qualidade.

REFERÊNCIAS

ANVISA – (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), RDC nº 216, 15 de setembro de 2004;

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução RDC nº 275,21 de outubro de 2002.

MACHADO, R. L. P. Boas práticas de armazenagem na indústria de alimentos. Rio de Janeiro: Embrapa


Agroindústria de Alimentos, 2000. 28p. (Embrapa Agroindústria de Alimentos. Documentos, 42).

MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Portaria N°368, 04 de setembro de 1997.

MIRANDA A. C. B. BAIÃO R. C. L. AVALIAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS NA FABRICAÇÃO DE


PREPARAÇÕES À BASE DE PESCADOS CRUS EM RESTAURANTE JAPONÊS Vitóriada Conquista
v.3, nº.1 p.52-61, 2011 Acesso em http://200.223.150.195/revista/index.php/memorias/article/view/82/85.

SECRETARIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, PORTARIA Nº 326, DE 30


DE JULHO DE 1997.

VIGILÂNCIA SANITÁRIA DA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE, Portaria CVS n°6, de 10 de


março de 1999, disponível em: <http://www.drsergio.com.br/Alimentos/anvisa.html> acessado em 10 de
junho de 2016.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: FORMAÇÃO- INFORMAÇÃO – CARÁTER

PUBLIC ADMINISTRATION: FORMATION- INFORMATION - CHARACTER

Ana Clara Pereira Assis Alves ALMEIDA.

RESUMO: Este trabalho apresenta os principais requisitos para uma boa Administração Pública à luz do Direito Administrativo e
dos valores inerentes ao homem de bem. As ideias aqui apresentadas fundamentam-se em recortes da legislação pertinente, na
postura de gestores públicos no contexto atual e em entrevistas com cidadãos administrados por estes gestores e outros de outros
segmentos. Os dados recolhidos foram analisados de acordo com o que preceitua a Carta Magna e as demais leis correlatas.
Objetivou-se apresentar os mecanismos legais e morais que o gestor público tem para amparar seus atos e apresentou-se ainda a
importância de modificar paradigmas e exigir formação educacional para os cidadãos que pleiteiam o exercício da gestão pública.
Face ao resultado exposto, considera-se relevante a criação de leis dispondo sobre o nível de escolaridade dos candidatos a cargos
públicos exigindo destes habilitação na área em que vão atuar, assim como acontece nas demais profissões. Exige-se do médico, do
pedagogo, do engenheiro, do odontólogo, do advogado, do administrador e de outros tantos profissionais que tenham formação
acadêmica, especialização, mestrado, doutorado, constante atualização. Entende-se, então, que a formação educacional específica,
aliada à formação moral contribui sobremaneira para a melhoria da qualidade da gestão pública no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: administração, pública, legislação, formação do administrador.

ABSTRACT: IThis paper presents the main requirements for a good Public Administration in the light of Administrative Law and
the values inherent to the good man. The ideas presented here are based on cuts in the relevant legislation, on the position of public
managers in the current context and on interviews with citizens administered by these managers and others from other segments.
The data collected were analyzed according to the provisions of the Magna Carta and other related laws. The objective was to
present the legal and moral mechanisms that the public manager has to support their actions and also presented the importance of
modifying paradigms and require educational training for citizens who claim the exercise of public management. Given the above,
it is considered relevant to create laws on the level of education of candidates for public office requiring these qualifications in the
area in which they will act, as in other professions. The doctor, the pedagogue, the engineer, the dentist, the lawyer, the administrator
and so many professionals with academic training, specialization, master's degree, doctorate, constant updating are required. It is
understood, then, that the specific educational formation, allied to the moral formation contributes greatly to the improvement of
the quality of the public management in Brazil.
KEYWORDS: administration, public, legislation, administrator training.

INTRODUÇÃO

Não é segredo para ninguém que o Brasil atravessa um dos piores momentos de sua história
política. Também não é segredo que o povo brasileiro é o retrato da insatisfação e do sofrimento.
A corrupção assola e assalta o país à luz do dia. O povo brasileiro traído e ultrajado nos seus
direitos e, além disso, sentindo-se totalmente desprotegido, uma vez que aqueles que deveriam zelar pelo bem
comum o fazem em benefício próprio ao locupletar a riqueza que não lhe é de direito.
E a pergunta incessante que também avassala as mentes e as falas indignadas dos que são
expropriados de bens materiais e de um bem muito maior que é a dignidade, é esta: E as leis? Isso tudo vai
ficar na impunidade? Como barrar tanta falta de respeito, tanta imoralidade?
Caminhos existem. E são estes caminhos que o presente artigo resolver percorrer ao analisar as
leis existentes e ao propor a criação de novas leis que coíbam tamanha iniquidade no mundo político da gestão
pública.

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REFERENCIAL TEÓRICO

Ao observarmos a história da formação das sociedades humanas percebemos claramente que,


desde os primórdios, existiu uma certa administração nos grupos com organização de regras, estabelecimento
de hierarquia, detenção de poder por parte de uma liderança.
A organização que existe hoje nas cidades distribuídas entre os poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, vem, de longo tempo, se aprimorando, evoluindo para que com isso tenhamos condições de vida
melhores em todos os aspectos necessários.
E é neste contexto que voltamos o foco para o Direito Administrativo e apontamos áreas deste
campo de estudo imprescindíveis à boa Administração Pública.
O direito administrativo, segundo MEIRELLES (2016), grande estudioso das leis, “é o conjunto
harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas, tendentes a realizar
concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.
De acordo com o pensamento de Gasparini (2012, p.20), o direto administrativo é uma porção do
direito público e vai além dos textos das leis englobando também os princípios jurídicos.
Ao longo de nossas reflexões entendemos também que o Direito Administrativo realmente não
está desvinculado do Direito Geral como um todo. Tem ligação explícita com o Direito Constitucional e outros
tantos, uma vez que, seu conjunto de exigências e normativas conjuminam para tal. Por exemplo, ao
disciplinarem a relação e o relacionamento da administração pública com os administrados.
O artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil aponta-nos que a administração
pública direta e indireta de qualquer dos poderes de todos os entes que constituem a federação obedecerão aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Para que o nosso objetivo seja alcançado e que as ideias que aqui discorremos estejam em perfeita
transparência e sintonia falaremos sobre estes princípios.
O princípio da legalidade traz a soberania da Lei. Nenhuma ação administrativa pode, em
momento algum, desvincular-se da Lei. Deve, pois, o gestor público, pautar e realizar todos os seus atos
subordinados à Lei. Lembrando bem que poderá fazer somente o que a lei permite e autoriza. Se assim não
proceder será responsabilizado civil e criminalmente pelo ato, bem como poderá ter a invalidação do mesmo.
A atividade administrativa tem que ser realizada para todos os administrados. Deve ser sempre
voltada para a coletividade e não para a individualidade de uma pessoa, ou um grupo. Essas são as exigências
do princípio da impessoalidade que defende os interesses coletivos sem distinção e discriminação. Jamais o
gestor público poderá realizar suas ações beneficiando um pequeno grupo em detrimento dos reais interesses
e necessidades da coletividade.

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A moralidade, qualidade que, indubitavelmente, deveria ser parte integrante de todos os seres
humanos também é destacada no elenco dos princípios administrativos.
O princípio de moralidade reza que a administração pública deve ter regras de conduta que
regulamentam suas ações e, claro, seguir estas regras pautando-se na disciplina e no rigor.
Diógenes Gasparini (2012) nos relembra, neste princípio, que nem tudo que é legal é moral. É
preciso sempre medir o bem coletivo realizando o que for melhor e de maior utilidade para a população.
Outro princípio importante é o princípio da publicidade. Faz-se necessário lembrar que não se
trata aqui da mera notícia ou propaganda. Vai muito além. Trata-se da transparência da gestão e da abertura
para que a população saiba o que se passa.
Este princípio nos esclarece que é obrigatória a divulgação dos atos oficiais realizados pela
administração pública direta ou indireta. Só ficam resguardados desde princípios as ações que são dados
secretos de segurança e de segredo de justiça.
Neste princípio é determinado que os informes sejam vinculados em órgãos oficiais destinados à
publicação dos atos da administração pública.
Além disso, a Carta Magna no §1º do art. 37 deixa-nos bem claro que não é permitida a menção
de nomes, símbolos ou imagens que caracterizam a promoção de quaisquer que sejam os componentes da
administração pública.
A administração pública tem ainda, em sua prática, a regência do princípio da finalidade que,
como o próprio vocábulo expressa, tem a administração que voltar seus atos para o fim exclusivo de atender
aos interesses públicos e nunca a fim de satisfazer interesses privados.
Finalidade administrativa que atenda ao interesse de toda a sociedade, interesse realmente público,
do todo social.
Até o presente momento percebemos que instruções, orientações e embasamentos legais nesta e
em outras áreas do Direito não faltam. Nos princípios administrativos temos, além dos que a Constituição
Federal apresenta outros que são apresentados por juristas, pensadores da área e que são inerentes à gestão
pública equilibrada e honesta para todos os cidadãos. Mas, diante de tantas boas orientações, indagamos: como
vai a administração pública no Brasil? Vejamos os demais princípios e depois analisaremos a realidade que
pode responder a este questionamento.
Diógenes Gasparini (2012), no princípio da continuidade, nos diz que:
os serviços públicos não podem parar porque não param os anseios da coletividade. Os desejos
dos administrados são contínuos. A atividade da administração pública é ininterrupta.

Não pairam quaisquer dúvidas. Os serviços públicos precisam funcionar regularmente de acordo
cada qual com a sua natureza, sem hiatos, mesmo que mude o gestor.

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Pela consciência e clareza da estrutura e contexto social no qual vivemos é explícito que o que é
do outro, é do outro e o que é nosso, é nosso, não devendo, pois, nem um nem outro se apropriar dos pertences
alheios. Neste sentido, para coibir ações indesejadas e amparar as ações administrativas e resguardar o direito
da coletividade temos o princípio da indisponibilidade.
Este princípio alerta que os bens, direitos, interesses e serviços públicos não são privados.
Portanto, claro, não estão a livre disposição dos órgãos públicos e dos agentes públicos. Órgãos e agentes
públicos têm, além do dever, a obrigatoriedade de zelar e gerir o que é de domínio público e nunca usufruir
para si ou para qualquer outro indivíduo visto que não são seus proprietários e sim, reiteramos, estão investidos
da confiança pública de realizar a gestão com os interesses e as ações voltadas e aplicadas para os benefícios
coletivos.
No princípio da autotutela a administração pública tem a obrigação de policiar o mérito e a
legalidade dos atos administrativos que exerce.
Caso haja alguma irregularidade tem a autonomia e o dever de retirar do ordenamento jurídico
o que for ilegítimo inoportuno, inconveniente.
Fácil não caminhar por caminhos tortos, pois os princípios anteriores direcionam as ações
administrativas para os padrões e rigores da lei e da moral com vistas, sempre, para os fins sociais.
Novamente destacamos o interesse público e o interesse particular no princípio da supremacia do
interesse público.
Entre o público e o particular tem-se que prevalecer o interesse público.
Ressaltamos que o interesse de um ou de um pequeno grupo não pode sobrepor em detrimento de
interesse pessoal ao interesse de todos.
E, para nada ficar a desejar no que objetivamos, vem ainda o princípio da igualdade, que explicita
que todos os cidadãos são iguais perante a lei. Entende-se então que não existe nenhum tipo de distinção ou
discriminação dos mesmos cidadãos perante a administração pública, pelo contrário, têm o direito de receber
o mesmo tratamento de igualdade, isonomia e impessoalidade.
Depois de analisarmos este recorte do Direito Administrativo não nos aparenta dificuldades para
que o homem público faça uma boa administração. Seguindo as regras da lei e se deixando permear de corpo,
alma e coração pelos princípios legais e morais, tudo corre bem. Nada além, nada aquém. Equilíbrio.
Mas, voltemos à indagação que ainda há pouco anunciamos: Como vai a administração pública
no Brasil? Inegavelmente não vai muito bem. A mídia nacional e internacional não nos deixa mentir, omitir
ou minimizar a questão. Salvo raras exceções, aqui e acolá eclodem escândalos que chocam prejudicam e
lesam o cidadão brasileiro, como nunca houve na história deste país.

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André Petry (2006) foi fiel ao discorrer sobre as ações da administração pública de âmbito federal
com o título “A ironia da história”. Por que ironia da história? Concordemos com Petry. Porque é
contradizente, e fora dos princípios que ora explanamos que, “o partido com fortes raízes populares elege o
primeiro presidente saído das camadas mais populares e, para manter o governo em pé, precisa calar e
desmoralizar uma testemunha do povo.
Propinas, comissões, corrupções explícitas nos mostra Felipe Patury, e nos faz questionar a
aplicabilidade da lei que existe para ser cumprida.
Deputados, Ministros e outros representantes eleitos para governar pelo povo e para o povo, ferem
cruelmente os princípios da administração pública ao se venderem para beneficiar compadres e comparsas.
Ora, onde está a igualdade, a isonomia, a finalidade, a autotutela, a supremacia do interesse público? Não
exercem a vontade da lei e sim a vontade da própria ganância desenfreada.
Por quê? É a pergunta que não cala na boca e na mente dos que não fazem parte do processo de
alienação, porque os alienados, coitados, se satisfazem com uma política meramente pequena pautada no
antigo assistencialismo.
Contudo, não podemos ver, ouvir e conhecer tudo isso e nos calar.
As fontes do Direito Administrativo são vastas, ricas em conteúdo e fundamentam bem quaisquer
que sejam os gestores. As fontes escritas, compostas pelas leis não nos deixam enganar e caminhar
inocentemente para a lama e a degradação de um país e de um povo. A Constituição da República Federativa
do Brasil, muito elogiada no mundo todo, é realmente clara e, além disso, temos as emendas constitucionais,
as leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, regulamentos. Temos ainda as fontes não
escritas, há a jurisprudência, os costumes e os princípios gerais do direito.
Questionamos novamente: O que falta? O que faz nossos representantes agirem distantes das leis,
da moral, do caráter, da honestidade? Leis?
Acreditamos que não. Estudando o assunto percebemos o quão ligado está o Direito
Administrativo com o Direito Constitucional, com o Direito Tributário, o Financeiro, o Internacional, o Penal,
o do Trabalho e Previdenciário, o Eleitoral, o Processual Civil, o Comercial e por aí vai. Não, as leis estão aí
e bem elaboradas. Ao agente público é dado conhecer que tem deveres a ser seguidos. Tem que, sem desvios,
ter claro e exercer os deveres de: agir, eficiência, probidade e prestar contas.
O que serão esses deveres do administrador público?
O agir é o desempenhar a tempo das atribuições do cargo ou da função da qual está investido.
Precisa exercer o que lhe é atribuído plenamente, legalmente e a tempo, sem omissão.
A eficiência é o dever do bom gestor. Obrigatoriamente o gestor público deve realizar seu trabalho
com rapidez, perfeição, e rendimento, sempre observando e cumprindo bem as regras pertinentes, sem

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procrastinação. A visão do administrador tem que ser ampla e não se pode perder tempo e dinheiro e sim
maximizar resultados.
O dever da probidade instrui o gestor a pautar suas ações na retidão, justiça, honestidade, enfim
com a integridade pertinente ao homem de bem.
E, o dever de prestar contas, é transparência da gestão em todos os aspectos, não só dos valores
financeiros e da esfera de patrimônio. Deve-se, pois, prestar contas, concomitantemente do plano de governo,
dos acertos e desacertos ocorridos na gestão. Percebemos claramente que o dever de prestar conta é inerente
à gestão pública e atinge bens, direitos, serviços e, na esfera pública a responsabilidade é maior em função
dos bens serem coletivos e das avaliações dos tribunais de contas.
E, como a lei não é, para nós, neste enfoque, a justificativa para os desajustes de algumas
administrações públicas, temos como norteador dos passos do bom administrador a Lei nº. 10.406, de 10 de
janeiro de 2002, que institui o código civil e que traz, num percentual quase total, poderíamos dizer, as
indicações para a caminhada equilibrada do homem na sociedade em que está inserido.
No entanto nosso confronto com a realidade nos mostra uso e abuso de poder por parte de muitos
gestores. Como se fosse moda, muitos seguem os descaminhos iludidos e seduzidos pelo poder. Olvidam suas
promessas de campanha, olvidam o povo que os colocaram onde estão e vivem uma falta de limites
exagerados.
Aliados a esse desvio para o qual buscamos e vislumbramos saídas plausíveis vêm o esquecimento
da finalidade, do propósito do gestor e da gestão; a falta de planejamento e, conseqüentemente, a falta de
equilíbrio.
E tudo isso é assistido passivamente? A legislação brasileira não aponta providências a serem
tomadas?
Sabemos que o povo clama por justiça como sabemos também que grande massa alienada se vende
e perpetua os mandos e desmandos e desarranjos. E mais, segue esta falta de estrutura com uma cegueira
indescritível que não percebem o quanto são explorados e prejudicados e o quanto impedem a si e aos outros
de atingirem o progresso real ao corroborarem, através do voto, com a corrupção e com o atraso.
A legislação brasileira traz, sim, as sanções aplicáveis àqueles que caminham em sentido oposto
ao que rezam as leis.
Existem as penalidades cabíveis para a ingerência na administração pública. Estas percorrem a
ilegitimidade da ação, perda da função publica, disponibilidade de bens, ressarcimento ao erário, mandato de
segurança previsto constitucionalmente. Já assistimos ao longo da história, gestores que foram
responsabilizados por seus atos, receberam punição e responderam civil e criminalmente.

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Outra indagação permanece em nossas reflexões. Por que a riqueza e a transparência das leis e os
exemplos de insucessos não coíbem as ações criminosas das grandes corrupções que estão estampadas na
mídia brasileira, dia após dia, com refinamento de más ações cada vez maior e melhor?
Falta a formação que vem do berço? E como está o berço?
Entendemos que um dos caminhos para minimizar ou quem sabe chegar à solução da problemática
levantada nesta reflexão é o do conhecimento e da autocrítica.
Faz-se necessário e urgente que dos administradores públicos seja cobrando rigorosamente como
pré-requisito fundamental para candidatura a formação, a habilitação educacional para a área que vai atuar.
Temos políticos de carreira. Está evidente que falta, para a maioria, formação e informação na
área que atuam. Vivemos em plena era do conhecimento e a vida nos cobra a apropriação dos diversos saberes.
E os políticos, nossos gestores, ficarão à margem do saber agindo por instinto próprio ou guiados pelo instinto
selvagem do capitalismo neoliberal?
Não. Não podemos aceitar passivamente à degradação de um Município, de um Estado, de um
País.
Para cada profissional exige-se legalmente sua habilitação acadêmica com graduação,
especialização, mestrado, doutorado, enfim, com permanente construção de conhecimentos e retidão de
caráter. Tudo isso também é possível de se exigir e aplicar à esfera política nas gestões de todos os entes
integrantes da federação.
Como? Fácil? Diríamos simples, porém não sem as críticas e os impedimentos que surgirão
exatamente dos que desfrutam das mordomias, do enriquecimento ilícito e da apropriação indevida daquilo
que não lhes pertence. Mas, quando se deseja muito e busca as forças necessárias para a realização, o que é
virtual passa a ser real.
Entrevistando pessoas da comunidade que pensam e agem no senso comum e pessoas com nível
de formação intelectual na mesma proporção entre as partes obtivemos respostas ao questionamento levado
um consenso espontâneo. Perguntamos se elas achavam que deveriam ser criadas leis que exigissem mais dos
candidatos que, sendo eleitos, se tornariam os administradores públicos. Explicamos que estas leis instituíram
uma gama de exigências, dentre as quais a formação acadêmica com especialidades em gestão pública
juntamente com um atestado comprovado de conduta ilibada.
Imediatamente a maioria respondeu que sim, que diante da crise que vivemos pela falta de valores
importantes esta seria uma das alternativas satisfatórias para começar as mudanças necessárias.
Alguns pessimistas, alienados ou desavisados responderam que nada adianta fazer. Que a situação
é esta mesmo e que sempre haverá esse tipo de gente que, de um jeito ou de outro levará vantagem.

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Obtivemos respostas positivas aquiescendo à ideia de se criar novas leis para a área política
regulamentando desde candidaturas, a postura dos partidos e a conduta do que assumirá e realizará a gestão
um percentual de 78% e, de 22% para os que acham que nada influencia figurando representativamente no
gráfico abaixo.

Gráfico 1: opinião da população sobre criação de leis para reger a ingressão em cargos públicos. – Fonte: A autora.

Com otimismo vislumbramos a esperança estampada no rosto e no íntimo das pessoas. Esperança
esta que nos convida a abrir os olhos, os ouvidos e a boca. Nos obriga a soltar a voz clamando pela aplicação
real da Lei nº. 8429, de 2 de junho de 1992 e pela criação de novas leis que imputem responsabilidades para
aqueles e aquelas que sonham e almejam um cargo público.
Acreditamos que o longo preparo que se exige para os profissionais da área médica, odontológica,
administrativa, jurídica, pedagógica e tanta e todas as outras deva também existir obrigatoriamente para o
administrador público.
Sabemos que o caráter, a honestidade, o amor ao semelhante, o senso de justiça e tantos outros
valores não têm sua aquisição direta nos bancos de uma escola. Mas também sabemos e temos plena convicção
que aliado ao bom trabalho na formação do administrador público possa ser feito o plantio de sementes que
germinarão, se tornarão árvores frondosas e produzirão bons frutos que nos privarão da vergonha e do
arrependimento do exercício do ato de votar cedendo lugar ao orgulho e à admiração de ser brasileiro, goiano,
jataiense ou de ser de outros confins, mas ter a certeza de que vive em um mundo melhor, que contribuiu para
a construção contínua de saberes nobres que libertam da opressão, da alienação, da desigualdade e que conduz
para a apropriação e exercício digno da cidadania.
Estratégias administrativas, psicológicas, pedagógicas e coronárias, críticas e crísticas1 darão
conta da implementação das mudanças necessárias. Basta que queiramos e comecemos já a agir a favor da
edificação de um mundo mais equitativo e humano.

1
Crísticas - vocábulo usado como figurativo para aqueles que têm atitudes e ações de cristãos, que agem com Cristo em suas vidas.
Independente de religião, mas com religiosidade.

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Já dizia o poeta que “o caminho só se faz caminhando” e é isso, estamos fazendo e vamos fazer
cada vez melhor. Vamos. Avante. Basta querer que o poder de transformar acontece.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As reflexões que por ora encerramos tiveram e terão sempre alta relevância na construção dos
nossos conhecimentos e mais ainda na aplicação destes conhecimentos.
Entendemos que a gestão pública não pode jamais caminhar sem estar amparada em todas as leis
pertinentes já existentes e em novas leis que precisam ser criadas para coibir que pessoas de má índole, má
conduta e má formação administrem um Município, um Estado, um País.
Acreditamos que a postura de normatizar os novos aspectos da formação dos profissionais da
política, elucidará e conduzirá o gestor e seus colaboradores a zelarem com responsabilidade e transparência
dos bens públicos que lhes foram confiados pela fé real neles depositada através do voto.
Ao estudarmos todos estes aspectos concluímos, até o presente momento, que todos os que
pleiteiam o cargo político, quer seja em qualquer esfera, uma vez que temos muitos seguindo carreira, devem
ter como requisito imprescindível para candidatar-se e ser elegível uma capacidade real comprovadamente
acadêmica sobre os conhecimentos inerentes a uma boa gestão pública como também deverão apresesentar
um documento que ateste bons antecedentes na honra, no caráter, na honestidade, na justiça, n equilíbrio
emocional e no trato intrapessoal e interpessoal.

REFERÊNCIAS

CONSTIUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 22 ED. São Paulo: Saraiva, 1999.

FARIA, Edimur Ferreira de. Curso de Direito Administrativo Positivo. 8 ed. Belo Horizonte: Fórum, 2015.

FERNANDES, Jorge Ulisses Jacob. (Org.) Lei de Responsabilidade Fiscal. Belo Horizonte: Fórum, 2004.

GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

MEIRELLES, Hely lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 42 ed. São Paulo: Malheiros, 2016.

NOVO CÓDIGO CIVIL. Exposição de Motivos e Texto Sancionado. Brasília: Senado Federal, 2005.

PATURY, Felipe. Um ensaio da transposição. Veja. Rio de Janeiro: Abril, ano 39, nº. 11, p. 72-73, mar. 2006.

PETRY, André. A ironia da história. Veja. Rio de Janeiro: Abril, ano 39, nº. 11, p. 70, mar. 2006.

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. CASA CIVIL. SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS. Lei nº.
8.429, de 2 de junho de 1992. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8429.htm Acesso
em 02/06/2017.

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A MOBILIDADE URBANA E A LOGÍSTICA DE TRANSPORTES NO MUNICÍPIO DE JATAÍ -
GO

URBAN MOBILITY AND TRANSPORT LOGISTICS IN THE MUNICIPALITY OF JATAÍ – GO

Daniel Luizmar Ferreira da Silva


Arquidânia Lásara Franco Maciel

RESUMO: O presente trabalho teve o objetivo de fazer uma análise sobre as atuais condições da mobilidade urbana no município
de Jataí, no Estado de Goiás, correlacionando esse tema com a logística de transportes, pois o município é reconhecido
nacionalmente pela sua produção agroindustrial e tamanha produtividade necessita de mecanismos e legislações que garantam um
eficiente processo de escoamento de produção. Nesse sentido, buscamos realizar um estudo na legislação vigente sobre o tema e
posteriormente realizar pesquisas de campo sobre as condições do transporte público no município e a influência direta do transporte
de cargas pesadas em perímetro urbano no processo de deslocamentos dos indivíduos. Constatamos que o município não apresenta
legislação proibitiva para transporte de cargas em perímetro urbano, e que esse fator impacta diretamente os usuários das vias
públicas. Além disso, o transporte urbano é insuficiente e ineficaz, necessitando de uma completa reestruturação. Por fim,
constatamos também que o município não tem um plano de mobilidade urbana, o que acaba por promover um crescimento
desordenado da malha viária urbana que é diretamente influenciada pela especulação imobiliária, o que resulta em uma cidade
menos compacta e deslocamentos mais longínquos. Diante deste quadro, nos propusemos a apresentar algumas possíveis soluções
que viabilizariam melhores condições na mobilidade urbana para os usuários das vias públicas, estando ou não em veículos
motorizados. Mas definitivamente a ação de maior importância é o estabelecimento de um plano de mobilidade urbana viável e
coerente ante a realidade e as necessidades do município.
Palavras-chave: Mobilidade Urbana, logística de transportes, transporte de carga pesada.

ABSTRACT: This present work had the goal of analyzing the current conditions of urban mobility in the county of Jataí, in the
state of Goiás, correlating this issue with logistic of transportation, given that the county is nationally recognized for its
agroindustrial production, and such productivity requires mechanisms and legislations that guarantee an efficient process of
distribution of the production. Based on that, we managed to conduct a study of the current legislation about the theme, and
subsequently conduct field researchs about the conditions of the public transportation in the county and the direct influence of heavy
duty transportation within the urban perimeter in the process of people’s commuting. We noticed that there are no restrictive
regulations for heavy duty transportation in the urban perimeter, and that this factor has a direct impact on road users. Moreover,
urban transportation is insufficient and ineffective, which demands a complete restructuring. Finally, we also noticed that the county
does not have an urban mobility program, which results in an inadequate growth of road network, a problem that is a direct
consequence of real state speculation, resulting in a less compact city and longer commutings. Given this context, we proposed to
present some possible solutions that might improve urban mobility conditions for public road users, using motorized vehicles or
not. But definitely, the most important action is the stablishment of a coherent and viable urban mobility plan, taking into account
the county reality and necessities.
Keywords: Urban mobility, Logistic of Transportation, Heavy duty transportation.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho buscou realizar uma análise da mobilidade urbana no município de Jataí no
intuito de acompanhar a atual situação da frota de veículos que circulam pela cidade, as medidas que têm sido
adotadas para reduzir o crescente aumento dessa frota e o que se tem feito para priorizar os modos de transporte
coletivo e não motorizados.
Além disso, buscou-se verificar se o município apresenta um Plano de Mobilidade Urbana e se o
mesmo segue os parâmetros nacionais, além de verificar o que tem sido efetivamente colocado em prática
para promover condições eficientes de deslocamento aos munícipes e o quanto o transporte de produtos
agroindustriais no perímetro urbano tem influenciado na mobilidade de pessoas e produtos. Por fim este

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trabalho pretende apresentar algumas propostas com intuito de amenizar alguns aspectos falhos encontrados,
a fim de melhorar a qualidade de vida dos munícipes no tocante da mobilidade urbana.
De acordo com a Lei Nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 a Mobilidade Urbana é definida como
sendo as condições em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano. Essa é uma
definição bem simplificada, mas esse tema afeta diretamente o cotidiano de todos os brasileiros por estar
diretamente envolvido com os aspectos do mercado imobiliário, expansão das cidades, tipo de transporte nos
deslocamentos, transportes de cargas, sustentabilidade, qualidade de vida e planejamento, abrangendo todos
os processos adotados pelas entidades políticas municipais para garantir que o cidadão tenha maior
comodidade e menor consumo de tempo em seus deslocamentos.

Na geografia urbana, o deslocamento nas cidades é analisado e interpretado em termos de


um esquema conceitual que articula a mobilidade urbana, que são as massas populacionais e
seus movimentos; a rede, representada pela infraestrutura que canaliza os deslocamentos no
espaço e no tempo; e os fluxos, que são as macro decisões ou condicionantes que orientam o
processo no espaço (RAIA JR, 2000).

Por suas características, a Mobilidade Urbana é um tema complexo e exige maior atenção por
parte das políticas públicas municipais, haja vista que a mesma tem impacto direto sobre a saúde, economia e
a qualidade de vida das pessoas, sugerindo novas formas de pensar e agir para garantir a acessibilidade de
todos os cidadãos e um modelo sustentável de deslocamentos.
Nesse contexto a mobilidade passa a ser um dos grandes desafios das cidades contemporâneas
uma vez que cada vez mais as pessoas têm a necessidade de realizarem deslocamentos rápidos e eficientes.
Até pouco tempo uma solução para tornar os deslocamentos mais rápidos e práticos era a aquisição
de um veículo próprio, mas nos dias de hoje essa ação passou a ser o fator responsável pela paralisia no trânsito
em várias metrópoles brasileiras, ocasionando o desperdício de tempo, combustível, aumento nos índices de
poluição do ar e diminuição da qualidade de vida.
Em se tratando de mobilidade urbana, o individualismo dos usuários das vias em fazer utilização
de veículos próprios em detrimento à utilização de veículos de transporte coletivo, colaboram de forma
significativa para o aumento dos congestionamentos.
De acordo com a repórter Juliana Diógenes (2016), o Rio de Janeiro é a quarta cidade em que os
moradores mais perdem tempo em congestionamentos no mundo. No ranque das 10 cidades com maior
número de congestionamentos, o Brasil ainda apresenta as cidades de Salvador em 7º lugar e Recife em 8º.
A mobilidade urbana deve sempre estar presente nas políticas públicas para que o
desenvolvimento da cidade seja feito de forma planejada garantindo sempre a estrutura adequada de
deslocamento para todos.

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Descongestionar o centro das cidades para fazer frente às exigências do trânsito aumentar a
densidade do centro das cidades para realizar o contato exigido dos negócios; aumentar os
meios de circulação, ou seja, modificar completamente a concepção atual de rua, que se acha
sem efeito ante o fenômeno novo dos meios de transporte modernos: metrôs ou carros, bondes,
aviões; aumentar as superfícies arborizadas, único meio de assegurar a higiene suficiente e a
calma útil ao trabalho atento exigido pelo ritmo novo dos negócios (LE CORBUSIER, 2000,
p. 91).

Assim sendo, a mobilidade urbana deve ser tratada por meio de políticas de transporte e circulação
que visam a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no espaço urbano, garantindo o
acesso rápido e prático a todos os moradores da comunidade, isso só é possível através da priorização dos
modos de transporte coletivo e não motorizados de maneira efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente
sustentável.

1. REVISÃO DE LITERATURA
1.1 LEGISLAÇÃO RELATIVA À MOBILIDADE URBANA.
A legislação federal que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana é a Lei
Nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 que passou a vigorar em 13 de abril de 2012. De acordo com essa legislação
os municípios com mais de 20 mil habitantes deveriam elaborar seus Planos de Mobilidade Urbana até 2015
para que pudessem fazer jus ao recebimento de recursos federais destinados a esse tema.
De acordo com a lei podem ser destacadas algumas definições importantes:

Ø Transporte Urbano: conjunto dos modos e serviços de transporte público e privado utilizados
para o deslocamento de pessoas e cargas nas cidades integrantes da Política Nacional de Mobilidade Urbana;
Ø Acessibilidade: facilidade disponibilizada às pessoas que possibilite a todos autonomia nos
deslocamentos desejados, respeitando-se a legislação em vigor;
Ø Transporte Público Coletivo: serviço público de transporte de passageiros acessível a toda a
população mediante pagamento individualizado, com itinerários e preços fixados pelo poder público; e
Ø Transporte Urbano de Cargas: serviço de transporte de bens, animais ou mercadorias.
Dentre os princípios, diretrizes e objetivos da referida lei podemos destacar:

Ø Acessibilidade universal;
Ø Desenvolvimento sustentável das cidades;
Ø Equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo;
Ø Eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano e na circulação
urbana, dentre outros; e
Ø Prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de
transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado.

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A referida lei define e classifica os modos, os serviços de transporte público e privado, além de
estabelecer critérios de tarifas e de exemplificar infraestruturas de mobilidade, de modo que todos os projetos
e obras que estejam sob sua regulamentação e atualmente em andamento devam estar alinhados às suas
disposições legais produzindo benefícios efetivos e proporcionais aos recursos empregados.
Isto significa que a construção de uma via pública que prevê a exclusividade para os automóveis,
por exemplo, vai contra o princípio estabelecido pela lei sobre a equidade no uso do espaço público de
circulação, a priorização do transporte coletivo e não motorizado.
Além dessa legislação, a Mobilidade Urbana também está indiretamente explícita na Constituição
Federal na PEC 90/2011, a qual garante transporte público de qualidade a todo cidadão brasileiro, podendo
ainda destacar o artigo 6º da Carta Magna, onde o direito ao transporte público vem junto com os direitos à
educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção
à maternidade e infância e à assistência aos desamparados.
Na Política Nacional de Trânsito (PNT), DENATRAN (2016), consta em suas diretrizes gerais
cinco ações. A saber:

Ø Aumentar a segurança de trânsito;


Ø Promover a educação para o trânsito;
Ø Garantir a mobilidade e acessibilidade com segurança e qualidade ambiental a toda população;
Ø Promover o exercício da cidadania, a participação e a comunicação com a sociedade; e
Ø Fortalecer o Sistema Nacional de Trânsito.
Também pode ser observado a presença indireta da mobilidade urbana na Constituição Federal no
seu art. 5º, o qual fala sobre os direitos de ir e vir de todo cidadão, garantindo o mesmo a acessibilidade de
todos independente de suas limitações físicas.
Não obstante, é importante ressaltar que a mobilidade urbana é diretamente influenciada pelo
deslocamento de veículos de carga em perímetro urbano, e que não há nenhuma legislação proibitiva dessa
prática, a restrição de circulação de veículo de cargas fica a critério de leis municipais.

1.2 FATORES INFLUENCIADORES NA MOBILIDADE URBANA BRASILEIRA

Atualmente o Brasil é um país que adotou o transporte rodoviário como a sua principal forma de
realizar deslocamentos, más nem sempre foi assim. Segundo Gordinho (2003), até a década de 1950 o Brasil
era um país voltado à utilização de fontes de energia elétrica, era comum o uso de bondes e de trens para
realizar grandes deslocamentos populacionais. Até então, a quantidade de veículos movidos a combustíveis
fósseis era pequena.

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Ainda em Gordinho (2003) a partir de 1950 houve um intenso processo de urbanização, o qual foi
acompanhado pela expansão das empresas automobilísticas. Essa tendência foi acentuada através de políticas
que diminuíram as taxas nas compras de veículos automotores e o incentivo a ampliação das rodovias,
ocasionando a ampla utilização de automóveis e de ônibus nos deslocamentos populacionais.
Dessa forma, as metrópoles foram aos poucos passando de uma mobilidade essencialmente
pública e movida por energia elétrica para uma mobilidade privada movida por combustíveis fósseis.
Nesse período, os automóveis ampliaram as possibilidades de locomoção das pessoas, redefinindo
a autonomia em relação ao espaço e ao tempo, o que acabou acentuando a individualidade das pessoas e
reduzindo a sociabilidade dos tempos dos trens e dos bondes. Mas esta foi uma realidade dos primeiros anos
de expansão das malhas asfálticas, atualmente a relação de economia de tempo e redução de espaço é
totalmente oposta, o excesso de veículos levou aos congestionamentos diários que dificultam a locomoção e
elevam a demanda de tempo em deslocamentos, além do fato de que os veículos movidos por combustíveis
fósseis são grandes contribuintes para a poluição atmosférica nos centros urbanos.
A falta de planejamento urbano, combinado com a alta concentração de pessoas nas grandes
metrópoles e a facilidade de aquisição de novos veículos foram fatores determinantes para o crescimento da
frota. Esses fatores associados a ineficiência de políticas de urbanização que vislumbrem infraestruturas que
resolvam questões como moradia e transporte tem influenciado nas escolhas dos meios de transportes que
garantam a mobilidade urbana da população brasileira.
Sendo assim, é visto que uma das principais causas dos problemas de mobilidade urbana no Brasil
está diretamente relacionado ao aumento do uso de transporte individual para os deslocamentos. A população
normalmente adota a aquisição de um automóvel como a solução para otimizar e reduzir o tempo gasto em
seus deslocamentos, devido a fatores históricos já expostos no texto e as políticas econômicas do país que
favorecem esse tipo de transporte em detrimento dos demais, o que acaba por acarretar no aumento de fluxo
de veículos nas vias, causando congestionamentos e ocasionando um significativo aumento na poluição
atmosférica.
De uma certa forma os interesses políticos e financeiros ainda levam a adoção de políticas de
expansão das malhas asfálticas, o que acaba por incentivar essa “ideologia do carro” que é manifestada nos
comerciais das grandes montadoras de veículos, nas quais os carros são vendidos como a solução ideal para o
problema de mobilidade, garantindo rapidez, conforto e segurança de um ponto a outro, nessas propagandas
as cidades estão vazias e não existem congestionamentos, sempre existem vagas para estacionar e as ruas não
apresentam buracos.
Entretanto a realidade é bem diferente da mostrada nos comerciais, atualmente os pedestres e
ciclistas acabam tendo que circular em meio aos veículos, pois em muitos municípios não se tem áreas

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destinadas para os deslocamentos de veículos de tração humana e as calcadas e passeios são inexistentes ou
em péssimas condições de uso.
Além disso, a quantidade de transporte coletivos é insuficiente e muitas vezes precária às
necessidades da população ocasionando horas de esperas nos pontos e excesso de passageiros nos veículos,
as panes são corriqueiras nos trens e metrôs, levando os passageiros a esperas intermináveis ou até mesmo
terem que se aventurar em meio as linhas de conexão desses veículos, em relação aos veículos de transporte
individual, os congestionamentos são rotineiros e o risco de acidentes são constantes.
Nos últimos anos, milhões de pessoas têm se deparado com situação de longos congestionamentos
que resultam em perdas financeiras (BERTINI, 2005), além disso, de acordo com Rufolo e Bianco, (1998);
registra-se um aumento considerável no preço das viagens de automóvel durante os congestionamentos.
Indiscutivelmente um dos principais fatores que interferem nos tempos de deslocamentos e que
influenciam diretamente as medidas a serem adotadas no planejamento da Mobilidade Urbana é o gradativo
aumento do número de veículos nas vias, mas a falta de manutenção da sinalização, principalmente a
horizontal também o afeta diretamente, pois a ausência de pintura nas vias fere a legislação.
Com o crescimento desordenado das cidades a logística de transporte de veículos de carga tem se
tornado cada vez mais um fator a ser levado em consideração pelas políticas públicas, não somente pelo alto
índice de poluição desses veículos, como também a emissão de ruídos de grande intensidade, mas pelos
transtornos causados diariamente no trânsito pela circulação dos mesmos nos centros urbanos, normalmente
a dimensão das vias não são adequadas para o trânsito deste tipo de veículo com curvas de raio de giro muito
fechadas, o que impossibilita ou dificulta a manobra dos mesmos, outro agravante de meio físico para o
trânsito desses veículos é a altura relativa da fiação elétrica nos postes de energia, que não foram projetados a
uma altura adequada para a circulação de veículos de grande porte.
Além disso, o trânsito de veículos de carga pesada em malhas asfálticas urbanas, acaba por
promover a deterioração desse material em curto espaço de tempo, pois a espessura da malha asfáltica não é
devidamente projetada para a circulação desses veículos o que acaba promovendo gastos públicos na
manutenção dessas vias.
A adoção de caminhões de carga, com dimensões e funcionalidade adaptados ao tráfego urbano
e adequação às normas ambientais, é uma tendência nacional, até mesmo porque vários municípios têm
adotado políticas públicas que restringem o trânsito desse tipo de veículos em vias urbanas. De acordo com o
Portal Transporta Brasil, até novembro de 2014, mais de 100 municípios do Brasil já criaram restrição ao
trânsito de caminhões e 17 capitais já haviam apresentado alguma proibição ao tráfego de veículos de carga.
Essa ação faz com que sejam criadas empresas coletoras nas malhas rodoviárias que recebem os
produtos e os distribui em perímetro urbano em veículos de menor porte, garantindo uma melhor fluidez do

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trânsito e assim minimizando os congestionamentos. Os veículos mais indicados para o transporte de cargas
nos centros urbanos são os 3/4 (três quartos) que tem capacidade de carga útil para 3 toneladas e são dotados
de baús, pois estes apresentam um comprimento compatível com as manobras necessárias a serem realizadas
nas vias urbanas.
Para uma melhor eficiência na aplicabilidade das restrições de circulação de veículos de carga, é
importante que os gestores das empresas prestadoras desse tipo de serviço levem em consideração as
características da Logística de Carga Urbana, visando reduzir custos de transporte com trajetos que aproveitem
eficientemente a frota e a mão de obra disponível, além de planejar as rotas de modo que elas iniciem e
terminem nos depósitos, atender bairros e clientes somente uma vez e que a demanda total da rotas não
superem a capacidade do veículo.

1.3. METODOLOGIA

A pesquisa desenvolvida foi cunhada por meio de estudo de caso.

O estudo de caso como modalidade de pesquisa é entendido como uma metodologia ou como
a escolha de um objeto de estudo definido pelo interesse em casos individuais. Visa à
investigação de um caso específico, bem delimitado, contextualizado em tempo e lugar para
que se possa realizar uma busca circunstanciada de informações (...) O delineamento do estudo
de caso como metodologia de investigação mostrou a possibilidade da definição de quatro
fases relacionadas: delimitação da unidade-caso; coleta de dados; seleção, análise e
interpretação dos dados e elaboração do relatório do caso. Como complemento, destacou-se,
também, o desdobramento do caso naturalístico (VENTURA, 2008, p. 384).

Os instrumentos de pesquisa utilizados no decorrer da investigação foram: estudo bibliográfico de


produções sobre a temática; pesquisa documental, tendo como referência leis, recomendações e resoluções
estaduais, federais e municipais sobre a mobilidade urbana, bem como dados estatísticos disponibilizados por
sites oficiais e pela Superintendência Municipal de Trânsito de Jataí - SMT ; não obstante, foi realizado o
acompanhamento junto aos agentes de trânsito, à população e aos órgão de transporte público para a
verificação das condições da mobilidade na região central de Jataí, e os impactos causados nas vias devido ao
transporte de carga no perímetro urbano.
No intuito de compreender melhor todos os fatores que permeiam a mobilidade urbana do
município, em um primeiro momento, foram realizados uma busca a respeito das definições e legislação sobre
o tema para melhor compreender as suas influências governamentais na gestão urbana. Em um segundo
momento, um levantamento de dados estatísticos governamentais e não governamentais sobre a frota de
veículos, a situação da mobilidade urbana nacional e municipal e dados sobre a logística de transportes de
veículos de carga oriundas da agroindústria local.

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Por fim, foi realizado uma vistoria pelas rodovias que passam por perímetros urbanos em Jataí no
intuito de verificar os impactos físicos causados pela logística de transporte de carga.

2. ANÁLISE E RESULTADOS
2.1. SITUAÇÃO DA MOBILIDADE URBANA NO PAÍS E EM JATAÍ

Segundo dados do Observatório das Metrópoles, um instituto virtual composto por diversas
organizações governamentais e não governamentais sob a coordenação geral do Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR), entre os anos de 2002
a 2012, a população brasileira teve um aumento efetivo de 12,2% enquanto que a frota de veículos registrou
um crescimento de 138,6%.
Dados mais atuais disponibilizados pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN),
mostram que a frota de veículos em junho de 2016 chegou a 92.281.081, desses 55,49% são
automóveis/utilitários, 26,9% são motocicletas/motonetas/ciclomotores, 10,52% são
caminhonetes/caminhonetas, 3,54% são caminhões e somente 1,06% de toda a frota nacional é composta de
veículos de transporte coletivo, ou seja, até aquela data existiam somente 976.348 ônibus/micro ônibus
registrados circulando no território nacional. Com certeza esse número é consideravelmente maior devido aos
veículos coletivos de transporte clandestino, é importante ressaltar que esses nem sempre garantem a devida
segurança aos usuários.
Esses dados se tornam mais significativos quando comparados ao número de habitantes no país,
de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2016), a população brasileira está
estimada em 206.522.612, comparado ao valor da frota de veículos nacional chegamos a uma média de
aproximadamente um carro circulando nas ruas para cada 2 brasileiros.
Em relação à frota de veículos de carga no país, a Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT), apresentou em janeiro de 2014 o perfil desses veículos e a quantidade de cada tipo de veículo
circulando no território nacional.

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Quadro 01 – Perfil da Frota Nacional de Veículos de Carga por Transportador


Fonte: ANTT- Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas - jan/2014.

De acordo com o quadro 01 percebemos que a maioria dos veículos de carga são compostos de
caminhões simples de 8 a 29 toneladas e semirreboques, ou seja, veículos que transportam um volume de
carga relativamente grande, segundo dados apresentados no dia 22 de julho de 2015 em Brasília, durante o
Fórum Permanente para o Transporte Rodoviário de Cargas (Fórum TRC) o Brasil possui uma frota de
caminhões com 350 mil veículos a mais do que o necessário.
De acordo com o fórum grande parte desses veículos foram adquiridos em programas como o
Finame e Pro caminhoneiro que promovem o financiamento de caminhões para indivíduos que desejem
trabalhar no setor de transportes de carga, porém com a atual crise financeira, muitos desses veículos
encontram-se com as prestações atrasadas e seus donos sem trabalho fixo para arcar com as despesas de
manutenção do veículo.
No entanto, esses dados são apenas um indicativo geral e não uma realidade em si, haja vista que
leva em consideração apenas o número de carros registrados e não o total de veículos que realmente circulam
no país, pois existem veículos importados e não cadastrados circulando nas ruas e as regiões de fronteira são
constantemente percorridas por veículos de outras nações.
Já o município de Jataí está situado na região sudoeste do Estado de Goiás, e de acordo com os
dados do IBGE o município ocupa um território de 7.174,228 𝐾𝑚$ com uma população estimada até julho de
2016 de 97.077 habitantes, com uma frota aproximada de mais de 68 mil veículos, a vegetação predominante
no município é o Cerrado, sua maior fonte de renda é a produção de grãos e leite, sendo considerado um dos
maiores produtores nacionais de milho.

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A produção agropecuária em Jataí é referência no senário nacional e está representada na tabela
01.
Produto Produção
Soja 863 100 toneladas
Milho 1 221 000 toneladas
Sorgo 70 000 toneladas
Banana 6 633 toneladas
Laranja 6 000 toneladas
Feijão 19 200 toneladas
Mandioca 4 500 toneladas
Cana-de-açúcar 1 300 00 toneladas
Arroz 3 600 toneladas
Algodão 4 284 toneladas
Girassol 3 530 toneladas
Trigo 1 750 toneladas
Frangos 336 400 cabeças
Ovos 2 691 000 dúzias
Bovinos 352 000 cabeças
Vacas ordenhadas 48 870 cabeças
Suínos 54 280 cabeças
Litros/Leite/Ano 141 723 litros
Tabela 01 – Principais produtos agropecuários de Jataí (2013)
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Devido ao seu elevado índice de produção o município deve se atentar à logística destinada ao
transporte dessas cargas. O escoamento da produção é um fator que pode elevar significativamente o valor do
produto final ou, quando bem estruturado, minimizar as perdas oriundas do processo de transporte. O
município conta com acesso pelas rodovias federais BR-158, BR-060 e BR-364, sendo percorrida em
perímetro urbano pela BR-158, GO-050 e GO-184, nos quais diariamente circulam uma grande quantidade de
veículos de carga que promovem o escoamento da produção do município e da região.
Como já exposto, esses veículos afetam diretamente a estrutura de circulação dessas vias o que
influencia na mobilidade urbana dos usuários das vias, que diariamente transitam entre caminhões para se
deslocarem do centro comercial para os bairros e vice e versa.
A situação mais marcante do trânsito de veículos nas vias urbanas é registrada na BR-158 que
percorre grande parte do município apresentando 7 semáforos nesse trecho e 3 redutores de velocidade, radares
eletrônicos, o que retarda o escoamento de carga e causa um transtorno muito grande à população local que
utiliza a via. Devido ao grande fluxo de veículos de carga nesse trecho a malha asfáltica da rodovia

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constantemente tem que passar por reformas e é comum acontecerem acidentes nesse trecho, as fotos abaixo
representam o fluxo de veículos de carga e a atual situação da malha asfáltica dessa rodovia no perímetro
urbano.

Foto 01 – Fluxo de veículos de carga e quantidade de semáforos na rodovia BR-158 em perímetro urbano em Jataí.
Fonte: O autor

Foto 02 – Redutores de velocidade e degradação da malha asfáltica na rodovia BR-158 em perímetro urbano em Jataí.
Fonte: O autor

Foto 03 –Deformidades na malha asfáltica na rodovia BR-158 em perímetro urbano em Jataí devido ao grande fluxo de veículos
de carga.
Fonte: O autor

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Assim como foi feito com o cenário nacional, não podemos deixar de ressaltar o volume da frota
de veículos no município, o quadro 02 representa um comparativo da frota de veículos no município, no
Estado e no país.

Quadro 02 – Frota de veículos Municipal, Estadual e Nacional (2015)


Fonte: Ministério das Cidades, Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN - 2015.

Através destes gráficos percebemos que ambos seguem um mesmo padrão de distribuição de
veículos de acordo com as suas proporções, e que a frota de automóveis e motocicletas/motonetas ainda estão
muito além da frota de transportes coletivos e de cargas.
De acordo com os registros da SMT de Jataí, a frota de veículos no ano de 2016 até o mês de
outubro chegou a 68.818 veículos que atende a uma população de aproximadamente 97.077 habitantes,
ocasionando a proporção aproximada de 2 veículos para cada 3 habitantes, um valor maior do que a média
nacional. Dessa frota 166 veículos são micro-ônibus e 265 são ônibus, ou seja, somente 0,6% da frota de
veículos em jataí é destinada ao transporte coletivo, sendo que além desses o munícipio não dispõe de
nenhuma outra forma de transporte que garanta o deslocamento de grandes quantidades de indivíduos. O
quadro 01 representa toda a frota de veículos de Jataí e as suas porcentagens em relação à frota total.

Tipo de Veículo Quantidade Percentual


Automóvel 28.137 40,89%
Caminhão 2.328 3,38%
Caminhão Trator 841 1,22%
Caminhonete 8.413 12,22%
Camioneta 1.187 1,72%

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Ciclomotor Denatran 147 0,21%
Micro-ônibus 166 0,24%
Motocicleta 15.261 22,18%
Motoneta 8.192 11,90%
Ônibus 265 0,39%
Reboque 2.028 2,95%
Semirreboque 1.427 2,07%
SIDECAR 1 0,001%
Triciclo3 10 0,01%
Utilitário 415 0,60%
TOTAL DE VEÍCULOS 68.818 100%
Tabela 02- Frota de Veículos em Jataí (outubro/2016)
Fonte: Superintendência Municipal de Trânsito de Jataí.

A grande maioria dos veículos do município são destinados ao uso de transporte individual, isso
se deve em grande parte a ineficiência de políticas que garantam a prioridade nos modos de transportes não
motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual
motorizado.
A respeito do transporte público municipal, o mesmo é composto por 8 linhas urbanas e 3 linhas
que vão dos bairros até a empresa multinacional RAIZEN que se localiza na região rural do município. As
tarifas são de R$ 3,00 para o transporte coletivo urbano, além disso, a concessionária prestadora do serviço
cobra R$ 8,00 por funcionário da referida empresa que é transportado dos bairros para a indústria. De acordo
com uma matéria publicado em 06 de janeiro de 2016, no portal de notícias do site da editora O Globo (G1),
as tarifas para transporte público aplicadas no Brasil estão em uma média de 3 a 4 reais, ou seja, o valor
tarifário do transporte público em Jataí está na média nacional, porém para 2017 praticamente todos os
municípios já fizeram reajuste dessas tarifas, até o dia 6 de janeiro de 2017 o município de Jataí ainda não
tinha apresentado os novos valores tarifários para o transporte público municipal.
Além disso a qualidade do transporte público está bem a quem de atender as necessidades da
população. Acompanhando o trabalho dos agentes de trânsito municipal no dia 23 de janeiro (sábado) de 2016
para verificar a situação do transporte coletivo em Jataí foram observados os seguintes fatos e transcritos em
um relatório que se encontra na SMT:
1. Intervalo de tempo entre os ônibus:

ü Segundo os motoristas, nos finais de semana os ônibus desta linha percorrem em intervalos de
45 a 50 minutos até o meio dia, pois até esse período em média são dois ônibus percorrendo as linhas. Após
o meio dia o intervalo de espera pelo transporte coletivo se estende para 1 hora e 10 minutos.

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ü Segundo os usuários a espera em dias da semana e no sábado até o meio dia costuma ser de
intervalos de 40 minutos a 1 hora, nos demais períodos a espera é de até 3 horas.
ü De acordo com a observação dos agentes foi registrada a passagem de ônibus com intervalos
de 55 minutos e 1 hora e 20 minutos.
2. Estado geral dos ônibus:

ü Todos os ônibus observados apresentaram um estado geral de funcionamento e de conservação


adequado aos usuários e aos condutores, tanto no tocante de ergometria dos usuários quanto aos quesitos de
segurança e funcionalidade.
3. Reclamações dos Usuários:

ü A principal reclamação registrada foi o reduzido número de veículos para atender à crescente
demanda de usuários o que acaba por onerar longos períodos de espera. Além disso, alguns poucos usuários
reclamaram do excesso de velocidade por alguns condutores quando dirigindo em bairros mais distantes da
região central da cidade.
4. Reclamação dos Condutores:

ü Segundo os condutores os ônibus e as condições de trabalho são bons, a principal reclamação


foi a necessidade de criação de um ponto final para algumas linhas, pois na ausência do mesmo os condutores
têm a obrigatoriedade de permanecerem em circulação durante todo o seu período de trabalho, não havendo a
oportunidade de pausa e de descanso, tornando a atividade mais exaustiva.
5. Sugestões dos usuários para solucionar os problemas do transporte público:

ü De acordo com a grande maioria dos usuários o maior problema do transporte público em Jataí
é o longo tempo de espera dos ônibus, fato este que poderia ser solucionado com a implantação de mais
veículos.
Segundo dados prestados pela Auto Viação Jataí (empresa responsável pela prestação do serviço
de transporte público no município) junto à SMT, os bairros que são atendidos por linhas de ônibus e a
quantidade de veículos por setores são:

QUANTIDADE
LINHA DE ÔNIBUS SETOR
DE VEÍCULOS
Linha 1 e 2 Conjunto Rio Claro 2
Linha 3 Extra 1
Linha 4, 5 e 6 Cidade Jardim 3
Linha 7 e 8 Colmeia Park 2
Linha 100, 200, 300 Bairros x Empresa RAIZEN 6
Linha 111 Jataí x Distrito de Naveslândia 1
Tabela 03- Quantitativo de Veículos Operando no Transporte Público do Município de Jataí (julho/2016)

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Fonte: Superintendência Municipal de Trânsito de Jataí/Empresa Auto Viação Jataí

No total são 15 ônibus atuando no perímetro urbano do município de Jataí, porém desses, somente
9 estão à disposição para atender às necessidades da população, pois 6 estão voltados a atender interesses
comerciais e ficam à disposição da empresa multinacional RAIZEN.
Segundo dados do site da prefeitura de Jataí estima-se que o município conta com 33.002
domicílios particulares distribuídos em 79 bairros, a quantidade dos domicílios é estimada pois a cidade
permanece em constante expansão e muitos domicílios não são registrados, e com a expansão dos domicílios
novos bairros vão sendo criados. Dos 79 bairros de Jataí, os 4 principais bairros são atendidos em sua plenitude
pelo transporte público, os demais contam com um ou nenhum ponto de espera do ônibus, o que impossibilita
grande parte da população de adotar esse tipo de transporte para atender as suas necessidades de locomoção.
A utilização de meios de transporte não motorizados como meio de transporte no município é
prejudicada pelo relevo do local, a cidade é repleta de aclives e declives. É comum observar ciclistas pelas
ruas, porém esse veículo raramente é usado como meio de transporte, mas sim como um esporte ou lazer.
Esses fatores associados acabam por influenciar na escolha dos munícipes em adotarem os meios de transporte
automotivos individuais como meio de transporte prioritário nos deslocamentos.
Por ser uma cidade de pequeno porte o município ainda não tem registros de engarrafamentos,
mas com o aumento da frota de veículos nas ruas a tendência é que a incidência de acidentes no trânsito se
tornem cada vez mais constantes a tabela 03 representa os acidentes registrados em 2015.

Quantidade de Número de Percentual de Número de


Mês
Acidentes Vítimas Vítimas Mortos
Janeiro 48 17 35,42% 0
Fevereiro 29 26 41,38% 0
Março 37 22 59,46% 0
Abril 26 23 88,46% 0
Maio 30 23 76,67% 0
Junho 22 18 81,82% 1
Julho 15 11 73,33% 0
Agosto 23 15 65,22% 0
Setembro 30 20 66,67% 0
Outubro 24 23 95,83% 0
Novembro 19 16 84,21% 0
Dezembro 17 11 64,71% 1
Total 320 225 70,31% 1
Tabela 04 - Quantitativo Acidentes de Trânsito em Jataí (2015)
Fonte: Superintendência Municipal de Trânsito de Jataí

De acordo com os dados apresentados em 2015 houveram 320 acidentes registrados, a princípio
esse número não aparenta ser tão expressivo quando comparado com o número de veículos da frota do
município, sendo importante ressaltar que esse valor se refere exclusivamente aos acidentes registrados, pois

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rotineiramente ocorrem vários acidentes no trânsito em que os envolvidos não realizam nenhum tipo de
registro dos mesmos. Além disso, o total de vítimas envolvidas nos acidentes foram de 225 pessoas sendo que
dessas houveram duas vítimas fatais, os demais acidentes não houveram registro de vítimas que sofreram
lesões.
Todos esses dados apresentados mostram que a mobilidade urbana em Jataí é deficitária e que os
meios de transporte coletivo não são priorizados nas políticas públicas do município, além disso, as iniciativas
para a implantação e valorização dos meios de transporte não motorizados são inexistentes ou ineficazes e a
população acaba adotando a aquisição de um veículo próprio como o modo mais eficiente para a realização
de deslocamentos urbanos.
Além disso, o município não apresenta nenhuma legislação própria que restrinja a circulação de
veículos de carga em perímetro urbano o que acaba influenciando no índice de acidentes e no aumento do
tempo destinado para deslocamentos, além de deteriorar as vias como já foi exposto. A única normatização
que a legislação do município faz referência é em relação aos locais de pernoite desses veículos, no Código
de Posturas do município em seu Art. 46 diz o seguinte: “É proibido aos veículos das empresas locais de
transporte de carga ou de passageiros pernoitarem estacionados nos logradouros públicos”, porém não
normatiza a circulação dos mesmos.

2.2. SOLUÇÕES PARA A MOBILIDADE URBANA

Com o crescimento das frotas de veículos em todas as regiões metropolitanas do país e


consequentemente os aumentos nos índices de poluição e do número de engarrafamentos, as questões
envolvendo a mobilidade urbana tem ganhado maior importância nos planejamentos urbanos e nas políticas
públicas.
Outro fator que deve ser levado em consideração está diretamente relacionado ao crescimento
desordenado das cidades devido a especulação imobiliária e a expansão de áreas periféricas, o que acaba por
promover um número grande de lotes vagos nas regiões urbanas das cidades, tornando os deslocamentos mais
longos e cansativos, fato este que é facilmente observado no município de Jataí. Se as cidades crescessem de
forma mais compacta, planejada e organizada os deslocamentos seriam menores o que facilitaria a adoção de
outros meios de transporte e o uso de veículos se tornariam mais rápidos e menos frequentes.
Várias iniciativas são apontadas como possíveis solução ou como formas de amenizar os efeitos
causados pelo aumento das frotas de veículos, algumas delas são:

Ø Estímulo e priorização de transportes coletivos públicos: garantir transporte público de


qualidade à população e aumentar a criação de faixas exclusivas de circulação desses veículos de forma a

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tornar a adoção desse meio de transporte como uma opção mais eficiente do que a utilização de um veículo
próprio;
Ø Incentivo à utilização de meios de transporte não motorizado: adoção de políticas que
favoreçam a criação de ciclovias e ciclo-faixas além de incentivar os deslocamentos a pé por meio de
melhorias na arborização e iluminação dos perímetros urbanos;
Ø Implantação e aperfeiçoamento de mecanismos de restrição ao uso do automóvel: efetiva
aplicação de rodízios ou pedágios urbanos que promovam a utilização de outros meios de transporte; e
Ø Diversificação dos modais de transporte: de acordo com os dados fornecidos pela
Confederação Nacional do Transporte (CNT), em janeiro de 2016 o país apresentava uma malha rodoviária
de 1.720.755,7 Km uma malha ferroviária de 29.165 Km em funcionamento e 22.037km de malha aquaviária
economicamente navegável, sendo que o país apresenta 41.635 Km navegáveis. Ou seja, o país investe
massivamente na malha rodoviária promovendo o uso demasiado dessa forma de deslocamento em detrimento
dos demais. O investimento em outros meios de transporte pode atenuar o crescente número de veículos nas
ruas.
Ø Legislação municipal com restrição de circulação para veículos de carga: pelo fato do
município de jataí ter grande malha rodoviária que percorre seu perímetro urbano, e devido ao seu alto grau
de produtividade e escoamento de produtos agroindustriais, cresce de importância uma legislação que restrinja
a circulação desses veículos nas vias urbanas ou ao menos em horários comerciais, de modo a melhor a fluidez
de veículos nesses setores, além de proporcionar mais segurança aos usuários da via, menos poluição no centro
e maior conservação da malha asfáltica.
Necessário destacar ainda a estratégia de melhoria na mobilidade urbana através de transporte
intermodal, as iniciativas públicas e privadas devem dar prioridade aos transportes que garantam o
deslocamento do maior número de usuários e de carga de acordo com a viabilidade e as possibilidades da via,
de modo a reduzir o número de veículos nas vias, de preferência os transportes sobre trilhos, como trens e
metrôs com integrações como outros tipos de transportes.
Independente das diversas ações apresentadas e as inúmeras outras que possam surgir para a
solução dos problemas a respeito da mobilidade urbana, é importante que se amplie os debates sobre o tema
desenvolvendo ações públicas que possam servir de modelo garantindo a acessibilidade a todos de uma forma
mais prática e permitindo que o escoamento de produtos e serviços transcorra com eficiência e redução de
custos.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho buscou-se compreender as principais ocorrências envolvendo a mobilidade


urbana no município de Jataí, para isso foi realizada uma análise a respeito da frota de veículos municipal, das
condições dos transportes coletivos, da sua acessibilidade, do impacto do transporte de cargas na via pública
e por fim uma breve compreensão do uso dos meios de transporte não motorizado como forma de
deslocamento da população.
No intuito de observar a atual situação da mobilidade urbana buscou-se a compreensão da
legislação vigente e dados estatísticos nacionais por meio de sites oficiais da rede mundial de computadores e
junto à SMT de Jataí dados municipais. Através destes dados foi possível perceber que no país o sistema
modal predominante de transporte e deslocamento é através da utilização da malha rodoviária, devido a isso
a frota de veículos tem crescido expressivamente nos últimos anos, atingindo o índice de um veículo para cada
dois habitantes.
Em Jataí esse valor é um pouco mais expressivo sendo aproximadamente 2 veículos para cada 3
habitantes, podendo constatar que a população tende a adotar a aquisição de um veículo próprio como o meio
mais eficiente para a realização de deslocamentos haja vista que o sistema de transporte coletivo urbano do
município é insuficiente pois não atende a todos os bairros, e é ineficiente pois a frota é reduzida e o período
de espera dos usuários é demasiada, além disso, o munícipio não apresenta nenhum veículo com sistema de
elevador que garanta acesso aos cadeirantes, dificultando a acessibilidade de alguns usuários.
Uma solução eficiente para os problemas do transporte público no município seria de imediato o
aumento da frota de veículos prestadores de serviço do transporte público e a criação de um terminal de ônibus
central, no qual os usuários poderiam se dirigir e buscar transporte para todos os bairros, essa medida
proporcionaria mais conforto durante a espera, maior flexibilidade ao usuário que pode se deslocar de um
bairro para a região central e dela para os demais bairros, proporcionando um controle maior nos horários de
circulação dos veículos e estabelecendo um local de intervalo para o motorista entre uma corrida e outra.
Não obstante, foi observado que o município apresenta poucas regiões planas o que inviabiliza a
criação e implementação de ciclovias e ciclo-faixas, ainda foi observado que tem crescido o número de
usuários que adotaram o ciclismo como esporte, porém o mesmo não é adotado como forma de deslocamento
diários pela grande maioria.
O município é reconhecido nacionalmente pelos seus altos índices de produção agropecuária que
utiliza a malha rodoviária como principal modal de escoamento de produção, porém o mesmo não tem
legislação própria para restringir a circulação dos veículos de carga dos centros urbanos, e a cidade é
percorrida por três rodovias que circulam em meio as vias urbanas, dessa forma os usuários se deparam com
inúmeros caminhões o que aumenta o tempo de deslocamento, e os caminhoneiros tem seu tempo de viajem

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influenciado devido à redução de velocidade nesse perímetro e as constantes paradas realizadas em
observância à sinalização em vigor.
Os números de acidente no munícipio não são muito expressivos, e até o presente momento não
se tem relatos expressivos de engarrafamentos nas principais ruas e avenidas, porém com a expansão da cidade
a tendência é que a frota de veículos só aumente, cresce de importância a criação de um plano de mobilidade
urbana que atenda às necessidades da população e promova um crescimento ordenado da cidade, viabilizando
a acessibilidade de todos e permitindo que os números de acidentes com vítimas se mantenham baixos ou até
mesmo sejam reduzidos.
Constatou-se junto a prefeitura a não existência de um plano de mobilidade urbana, o que
viabilizaria projetos que garantiriam os deslocamentos mais eficientes da população, além disso, foi
constatado que o tema não está nem de forma implícita no plano diretor de Jataí.
Ressalta-se que a mobilidade urbana em Jataí tem sido deixada de lado pelas políticas públicas,
por esse motivo a mesma tem se desenvolvido de modo espontânea e sem planejamento o que tende a se
colapsar pelo crescimento descontrolado da cidade, é comum transitar pelos principais bairros e se deparar
com um grande número de terrenos desocupados, fato este que é sensivelmente agravado pela especulação
imobiliária no município.
Somente com a criação de um Plano de Mobilidade Urbana que preveja o crescimento do
município de forma compacta, que determine parâmetros de eficiência para o transporte público, que planeje
e parametrize o tráfego de cargas por vias públicas e que incentive outros tipos de meios de transporte que
não seja o veículo próprio é que a cidade poderá garantir uma qualidade de vida futura aos seus moradores,
caso contrário o sistema de trânsito tenderá a um colapso semelhante às grandes metrópoles.

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A APLICAÇÃO DA FILOSOFIA LEAN MANUFACTURING NA LOGÍSTICA INTERNA EM UMA
INDÚSTRIA DO SUL DE MINAS GERAIS

THE APPLICATION OF THE LEAN MANUFACTURING PHILOSOPHY IN INTERNAL LOGISTICS IS


AN INDUSTRIAL OF THE SOUTH OF MINAS GERAIS

Ana Paula Vilela Chagas


Roger Antônio Rodrigues
Sheldon William Silva
Pedro dos Santos Portugal Júnior
Reginaldo da Silva Souza

RESUMO: A integração mundial que ocorre através da globalização com as inovações tecnológicas faz com que as empresas se
tornem cada vez mais competitivas, mais interessadas em melhorias, o que leva a aumentarem seus lucros utilizando ferramentas
para maximização dos resultados e diminuição dos desperdícios. O presente trabalho objetiva demonstrar quais as vantagens da
aplicação da filosofia Lean Manufacturing na logística interna de uma empresa e a utilização ou aplicação no sistema de gestão de
peças no fluxo de valor, apoiando o fluxo contínuo. No artigo serão observados os seguintes conteúdos: Origem e Filosofia Lean
Manufaturing, os Fundamentos Lean Manufacturing e suas principais ferramentas: 5s, Kaizen, fluxo de valor, Just in time, Takt
time, Kanban, mapeamento de processo. Para atender bem as exigências de mercado a empresa precisa se empenhar em obter os
melhores resultados, buscar sempre melhorias para aplicar na organização como um todo, para isso os setores precisam estar sempre
alinhados, a integração da empresa com todos os setores é de extrema importância e a filosofia Lean Manufacturing sendo aplicada
faz toda diferença para o sucesso de uma empresa.
Palavras-chave: Manufatura enxuta. Setor de logística. Fluxo contínuo.

ABSTRACT: The technological innovations brought about by global integration allow the businesses to become increasingly more
competitive. Profits increase when companies focus in continuous improvement, reduction of waste and maximization of results.
The work presented hereby aims to showcase the advantages of the application of the philosophy "Lean Manufacturing" on the
internal logistics of a company and the use of the system of management of parts on the value added, supporting continuous flow.
The following points were considered in the text: Source, Philosophy and Fundamentals of Lean Manufacturing, 5S, Kaizen, Flow
of Value, Just-in-time, Takt Time, Kanban, Process Mapping. To best meet the demands of the marketplace, the company must try
to obtain the best results, always seek improvements to apply on the whole organization. For this, the different sectors of the
company must always follow the same line as this is of extreme importance for the success of Lean Manufacturing.
Keywords: Lean manufacturing. the logistics sector. continuous flow.

1. INTRODUÇÃO

Frente a um mercado extremamente disputado entre as indústrias em geral, para obter maior
destaque as empresas buscam oferecer produtos inovadores, de qualidade e com baixo custo de fabricação.
Com base nesse cenário, as empresas empreendem esforços para viabilizar uma produção que utilize a menor
quantidade de equipamentos e mão de obra para produzir bens sem defeitos e no menor tempo possível. De
acordo com Riani (2006), eliminar todo desperdício através de esforços concentrados da administração,
pesquisa e desenvolvimento, produção, distribuição e todos os departamentos da companhia é fundamental
para obter vantagem competitiva.
O trabalho envolve a discussão de como a aplicação do Lean pode auxiliar na eficiência da
logística interna. O objetivo principal desse estudo é analisar quais as implicações e vantagens em utilizar a
filosofia Lean Manufacturing na logística interna de uma indústria. Alcançar esse objetivo de pesquisa
permite, ainda, identificar as vantagens e melhorias em todo em um processo produtivo desenvolvido por uma
indústria no sul de Minas Gerais.

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Tendo em vista que o processo foi modificado com a eliminação de movimentos na produção, a
busca por um fluxo contínuo, abastecimento das linhas com um cronograma do tempo de abastecimento para
cada peça dentro de uma linha de produção que tem como objetivo diminuir estoque de peças na linha,
abastecendo nas horas programadas e então diminuir o estoque da empresa.
As questões apresentadas serão abordadas ao longo do artigo através de uma pesquisa
bibliográfica e estudo de caso em uma indústria do Sul de Minas, que aplica a filosofia Lean na logística
interna em busca de relevantes melhorias. Na sequência, trata-se dos conceitos de lean manufacturing,
características, ferramentas, contexto e evolução, fundamento as considerações desse estudo de caso.

2 LEAN MANUFACTURING: CONCEITO E CONTEXTOS

As fábricas vivem em busca de melhorias e métodos que possam beneficiar todos os processos e
setores de uma empresa, algumas ferramentas do Lean auxiliam nessas mudanças e algumas que são simples,
mas fazem toda diferença em um setor quando aplicadas. Para a aplicação de métodos de melhoria contínua é
preciso mudar a cultura de uma organização, e ocorrer nos colaboradores a mudança de paradigmas, o
incentivo é importante para o avanço dos níveis de melhorias, mostrando sempre os resultados obtidos e o
quanto ganhamos com a implantação de qualquer ferramenta aplicada para a melhoria de algum processo.
Lean é uma filosofia japonesa, que almeja a melhoria contínua na agregação de valor combatendo
os desperdícios para obter uma produção enxuta. O termo lean foi marcado pelo livro “A Máquina que Mudou
o Mundo” (The Machine that Changed the World) de Womack, Jones e Roos, publicado nos EUA em 1990.
O conceito de Manufatura Enxuta se disseminou pelo mundo e várias são as definições desta filosofia. De
acordo com Ohno (1997), o conceito se ampara na eliminação de desperdícios e elementos desnecessários a
fim de reduzir custos; a ideia básica é produzir apenas o necessário, no momento necessário e na quantidade
requerida. Corroborando, Scuccuglia e Lima (2004) resumem os princípios lean como: ter o material
adequado, no lugar correto, na quantidade exata e no momento certo; almejando sempre melhoria contínua e
a ótima qualidade segundo
Baseando-se na filosofia Lean e na constante busca pela redução e/ou eliminação de desperdícios,
as empresas passaram a expandir a filosofia Lean em todos os segmentos empresariais, dando origem ao Lean
Thinking (Pensamento Enxuto), segundo Fernandes e Ramos (2006), consiste em eliminar os desperdícios
existentes nos processos de fabricação a fim de otimizar os recursos, gerando mais retorno sobre o
investimento.
O Lean possui várias ferramentas que são utilizadas na busca por melhorias, maximização dos
resultados e minimização dos custos. Apesar de algumas ferramentas parecerem simples no momento da

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implementação o processo exige dedicação, disciplina, organização, planejamento de toda a equipe e
sequência das atividades. Uma das ferramentas desenvolvidas na teoria lean é o 3M’s (Mura, Muri e Muda),
descritos a seguir:

Mura significa um desnivelamento. Representa uma programação irregular de volume de


produção. O mura é constantemente observado em linhas de produção. Esse desnivelamento
resulta em um programa de produção que varia conforme problemas internos, como, por
exemplo, falta de componentes ou defeitos de peças. O desnivelamento de produção significa
que será necessário ter “em mãos” o equipamento, o material e o pessoal para o mais alto nível
de produção; mesmo se as exigências normais forem muito menores (LIKER, 2016).

Muri é a sobrecarga causada na organização, equipamentos ou pessoas devido ao Muda e


Mura. Traduzindo para o português, significa “irracionalidade, muito difícil, excessos,
imoderação”. O Muri faz com que a máquina ou as pessoas excedam os seus limites naturais.
Enquanto que a sobrecarga nas pessoas resulta em problemas de segurança e qualidade, o Muri
nas máquinas resulta em aumento de quebras de equipamento e defeitos. O Muri pode ser
evitado através do trabalho padronizado, lembrando que todos os processos podem ser
subdivididos ou reduzidos para uma forma mais simples. Quando todos conhecem as rotinas
e os padrões de trabalho, é possível observar melhorias na qualidade, na redução de custos e
na produtividade (SILVEIRA, 2013).

Muda significa nenhuma agregação de valor. Trata de atividades supérfluas que podem
aumentar o lead time do processo, como operações suplementares para utilização de peças ou
ferramentas, ou mesmo processos de seleção ou inventários de componentes que resultam em
alguma forma de espera (LIKER, 2016).

Os 3M’s quando identificados dentro do processo de produção e então eliminados, melhoram a


organização de uma empresa. A partir da ferramenta 3M’s, principalmente do muda, foi desenvolvido a
ferramenta “Os 7 Desperdícios” que é muito utilizada nas empresas para a eliminação de qualquer atividade
que não agregue valor ao produto. Segundo Ohno (1997) os sete maiores desperdícios encontrados em
qualquer local de trabalho estão explícitos na Figura 1:

Figura 1: Os sete desperdícios da indústria

Fonte: Portal da Gestão Industrial, 2014.


Os desperdícios podem assumir diferentes formas, podendo ser encontrados no processamento de
um produto ou em entradas e saídas desnecessárias. Podem ainda ser observados na forma de material,

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estoque, equipamento, infraestrutura, utilidades, documentos, movimentos e outras atividades que não
agregam valor (SILVEIRA, 2014).
Existem também ferramentas que são rotineiras, independente das fases do Lean, pois existem
muitas empresas que não seguem as 5 fases do Lean porem elas visualizam a importância de algumas
ferramentas. Como o 5 “S” que é um conjunto de cinco conceitos simples que, ao serem praticados, são
capazes de modificar o seu humor, o seu ambiente de trabalho, a maneira de conduzir suas atividades rotineiras
e as suas atitudes (SILVA, 1994).
Segundo Marshall Júnior et al (2006, p.33), os 5S são:

SEIRI – Separar as coisas necessárias das desnecessárias e descartar essas últimas; SEITON
– Arrumar os itens necessários de forma ordenada, fácil de localizar e na sequência de uso ou
consumo; SEISO – refere-se não apenas à limpeza da área de trabalho ou do equipamento,
como também à inspeção da área para detectar qualquer coisa de anormal; SEIKETSU – A
limpeza e a ordem resultantes da prática disciplinada dos três primeiros “Ss”. Significa
também “Não suje a área de trabalho!”; e, SITSUKE - Manter os quatro primeiros “Ss”. As
vezes traduzido como “disciplina”.

Outra ferramenta implementada por algumas organizações diariamente é o Kaizen, um evento que
envolve um grupo de pessoas determinadas e focadas em resolver problemas. De acordo com Imai, (1994)
Kaizen significa pequenos melhoramentos, como resultado dos esforços contínuos e não melhoramentos
drásticos resultantes de grandes investimentos, os quais caracterizam a inovação.
Segundo Queiroz (2005, p.3) os dez mandamentos do Kaizen são:

1. O desperdício é o inimigo nº 1. Para elimina-lo é preciso sujar as mãos;


2. Melhorias graduais feitas continuadamente, não é ruptura pontual;
3. Todos na empresa têm de estar envolvidos, desde os gestores do topo e intermédios, até o
pessoal de base; a metodologia não é elitista;
4. A estratégia deve ser barata. O aumento da produtividade deve ser feito sem investimentos
significativos. Não se devem aplicar somas astronômicas em tecnologia e consultorias;
5. Aplicar-se em qualquer lugar, não serve só para os japoneses;
6. Apoia-se numa gestão visual, numa total transparência de procedimentos, processos e
valores, torna os problemas e os desperdícios visíveis aos olhos de todos;
7. Focaliza a atenção no local onde se cria realmente o valor (‘gemba’, em japonês);
8. Orienta-se para os processos;
9. Dá prioridade às pessoas, ao humanware, acredita que o esforço principal de melhoria deve
vir de uma nova mentalidade e estilo de trabalho das pessoas (orientação pessoal para a
qualidade, trabalho em equipe, cultivo da sabedoria, elevação da moral, autodisciplina,
círculos de qualidade e prática de sugestões individuais ou de grupo);
10. O lema essencial da aprendizagem organizacional é aprender fazendo.

Com o avanço no desenvolvimento do Lean, as empresas buscam por ferramentas mais elaboradas
que vão gerar resultados específicos no processo. Uma das ferramentas conhecidas com essa característica é
o Fluxo de valor, que busca dissecar a cadeia produtiva e separar os processos em três tipos: (i) aqueles que

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efetivamente geram valor; (ii) aqueles que não geram valor, mas são importantes para a manutenção dos
processos e da qualidade; e (iii) aqueles que não agregam valor, devendo ser eliminados imediatamente.
Para Jones e Womack (2004), uma vez que, para determinado produto o valor tenha sido
especificado com precisão, é fundamental que o valor em processo flua, suave e continuamente, dentro das
três tarefas gerenciais críticas: solução de problemas, gerenciamento da informação e transformação física.
Identificar e mapear com precisão o fluxo de valor completo do produto é tarefa fundamental para enxergar
os desperdícios em cada processo e implementar ações para eliminá-los, criando assim um novo fluxo de valor
otimizado (ROTHER e SHOOK, 2003).
Uma das ferramentas mais visadas do Lean é a implementação e o sucesso do Just in Time (JIT).
De acordo com Narasawa e Shook (2009), o JIT é um sistema de produção que fabrica e entrega o que é
necessário, no momento em que é necessário e apenas na quantidade necessária. O JIT surgiu no Japão, nos
meados da década de 70, sendo sua ideia básica e seu desenvolvimento creditados à Toyota Motor Company,
a qual buscava um sistema de administração que pudesse coordenar a produção com a demanda específica de
diferentes modelos e cores de veículos com o mínimo atraso (CORRÊA e GIANESI, 2009). Ainda de acordo
com os autores, algumas expressões são geralmente usadas para traduzir aspectos da filosofia JIT: Produção
sem estoque; Eliminação de desperdícios; Manufatura de fluxo contínuo; Esforço contínuo; Esforço contínuo
na resolução de problemas; Melhoria contínua dos processos.
O JIT baseia-se no nivelamento e se compõe de três elementos: o tempo takt, fluxo contínuo e o
sistema puxado. O tempo takt refere-se à frequência com que se deve produzir uma peça ou produto para
atender às necessidades do cliente com base no ritmo de vendas. Tempo takt é a taxa na qual o trabalho deve
ser realizado para que a demanda do cliente seja cumprida a tempo (NARUSAWA e SHOOK, 2009, p.18).
Ele é calculado da seguinte maneira:

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑣𝑎𝑙𝑖𝑎𝑑𝑜/𝑑𝑖𝑎


𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑇𝑎𝑘𝑡 =
𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 /𝑑𝑖𝑎

O tempo Takt muda somente se a demanda do cliente ou o tempo disponível da rede muda. O
tempo de ciclo é medido através da observação, que pode mudar conforme o processo leva mais ou menos
tempo dependendo das variáveis do homem material, máquina e método. Definido o tempo Takt surgiu a
possibilidade da busca por um Fluxo contínuo, que Significa produzir e movimentar um item por vez de acordo
com o tempo takt, sendo que cada item deve passar imediatamente de uma etapa de processamento para a
próxima, sem espera (ou qualquer outro tipo de desperdício), entre uma etapa e outra (NARUSAWA e
SHOOK, 2009, p.17).
Ohno (1997) também desenvolveu ferramentas para auxiliar o controle da produção, a partir de
uma necessidade de monitorar o fluxo de peças dentro de uma empresa. Assim surgiu o Kanban que é um

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instrumento de controle de produção. Ele tem a função de um pedido de produção no departamento de
fabricação e a função de instruções de retirada no processo subsequente. Nesse sentido, Moura (1994)
argumenta que, mesmo que os empregados que fazem as peças tenham de produzir certa quantidade de um
produto dentro de certo tempo, eles não sabem quanto e quando será usado de fato. Ainda de acordo com o
autor, eles só podem produzir algo de acordo com um programa de produção comunicado pelo departamento
de controle de produção, no qual o sistema Kanban tem a função de avisar o empregado primeiro, que estão
fazendo as peças, se essas peças são necessárias.

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

O objetivo principal desta pesquisa é demonstrar quais as vantagens da aplicação da filosofia Lean
Manufacturing na logística interna de uma empresa e a utilização ou aplicação no sistema de gestão de peças
no fluxo de valor, apoiando o fluxo contínuo.
Com relação aos fins, a pesquisa é descritiva, levando-se em consideração o fato de que a mesma
pretende investigar a aplicação das ferramentas e filosfia de lean manufacturing na empresa pesquisada (GIL,
2002; VERGARA, 2003). Quanto aos meios, a presente pesquisa é documental e empírica. De acordo com
Richardson (1999, p.85) o pesquisador pode utilizar “como material de estudo qualquer forma de
comunicação, usualmente documentos escritos, como livros, periódicos, jornais, mas também, pode recorrer
a outras formas de comunicação, valendo-se aqui de referências que abordam a origem e filosofia Lean
Manufaturing, bem como suas ferramentas e aplicação em um processo produtivo.
Este trabalho ainda assume a característica de um estudo de caso, com observações realizadas em
uma empresa localizada no Sul de Minas Gerais, preservando aqui sua identificação. De acordo com Yin
(2001, p.26) o estudo de caso é escolhido “ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando
não se podem manipular comportamentos relevantes”. Segundo Gil (2002, p.54) o estudo de caso consiste no
“estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo
e detalhado”.
Por meio da técnica de observação direta e participante, procurou-se descrever, o mais próximo
da realidade, os fenômenos encontrados. De acordo com Godoy (1995), do ponto de vista metodológico, a
melhor maneira para se captar a realidade é aquela que possibilita ao pesquisador" colocar-se no papel do
outro", vendo o mundo pela visão dos pesquisados. Nesse sentido, ainda de acordo com o autor, sugere-se
como procedimento a observação direta, o trabalho de campo, a observação participante, a entrevista, o uso
da história de vida, das cartas, diários e documentos públicos.

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4 ANÁLISE DE DADOS

Com base nos conceitos e filosofia Lean Manufacturing foi realizado um estudo de caso com a
finalidade de obter melhorias no fluxo de materiais entre as linhas de produção e o estoque. Foi separado uma
parte do estoque para ser reorganizado e estruturado de acordo com cada produto que é fabricado na empresa.
A área em que as peças são depositadas recebe o nome de “supermercado de peças”. Anteriormente, as peças
ficavam do lado da célula de produção. Para facilitar o processo de abastecimento das linhas foram
desenvolvidos carrinhos que já possuem rodas e uma base como a de um palete para que o abastecedor não
necessite do uso de paleteiras e também faça menos esforço.
O abastecedor da linha vai nesse supermercado em uma média de tempo de meia em meia hora,
ou seja, 16 vezes ao dia, e alimenta o seu carrinho com os materiais que necessita e os leva direto para a linha
sem a necessidade de conferência. A conferência é realizada no momento em que a peça vai para o
supermercado de peças. Para melhorar o controle de movimentações de peças foram desenvolvidos cartões
com identificação de cada item utilizado na produção de um produto. Nesse cartão contém informações como:
o código do produto, em qual produto ele é utilizado, de qual fornecedor ele é oriundo e a quantidade mínima
que essa peça deve ter no estoque.
Desenvolveu-se também um quadro com divisões de cada produto, onde o abastecedor ao notar
que o supermercado atingiu o número mínimo de peças em estoque, colocará um cartão de identificação
referente a esse ítem. Existe um funcionário responsável por visualizar esse quadro e solicitar ao estoque que
mande para o supermercado um suplemento desses materiais. Ao finalizar a produção de um produto, as sobras
de materiais e são enviados de volta para o supermercado ao invés de irem para o estoque.
A quantidade de material dentro da linha era excessiva, havia devolução, desperdício de tempo e
mão de obra para realocar os materiais no estoque e no sistema. Pode-se visualizar que um dos processos que
necessitavam de melhoria eram a solicitação de materiais no sistema integrado e o fluxo de materiais, tendo
em vista que não planejamento e controle de abastecimento.
Dessa forma, foi identificado a necessidade de eliminar materiais da área produtiva, reduzir
movimentação de materiais (física e sistêmica), reduzir abastecedores na linha de produção, criar
planejamento de abastecimento de materiais. Com os avanços das fases de implementação do Lean obteve-se
a diminuição da movimentação no sistema integrado, diminuição de devolução de materiais da produção para
o estoque, diminuição do numero de abastecedores nas linhas de produção em 30%, redução com os problemas
de diferença de estoque, melhorias no layout das células de produção, aumento de segurança por eliminar
movimentação de paleteiras e paleticar na produção. As ações de melhorias foram implementadas no mês de

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setembro e a partir desse mês, observou-se a redução do fluxo de materiais. A Figura 2 apresenta o somatório
de códigos transferidos do estoque para produção mensalmente.

Figura 2: Total de códigos transferidos do estoque para produção

Fonte: Elaborado pelos autores.

Os meses de setembro e outubro contém os dados após a implementação da nova gestão de


materiais. Foi evidenciado que nesses meses houve uma redução da transferência de materiais e isso impacta
na redução de materiais na célula de produção e também na redução de movimentação dos abastecedores do
estoque para produção. A Figura 3 apresenta os dados referentes às devoluções de materiais da produção para
o estoque.

Figura 3: Total de códigos retornados da produção para o estoque

Fonte: elaborado pelos autores

Identificou-se a diminuição na devolução de materiais da produção para o estoque nos meses de


setembro e outubro. Com isso obteve-se redução das movimentações dos materiais no sistema e no físico e
diminuição de diferenças de estoque. As melhorias no fluxo de materiais são evidentes na rotina diária da
fabrica, pois além das melhorias de movimentações no estoque também melhorou o layout das células de
produção e aumentou a segurança por eliminar a movimentação de paleteiras e paleticar na produção.

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5 CONSIDERAÇÃO FINAIS

O artigo teve como objetivo demonstrar quais as vantagens da aplicação da filosofia Lean
Manufacturing na logística interna de uma empresa e a utilização ou aplicação no sistema de gestão de peças
no fluxo de valor, apoiando o fluxo contínuo. Nesse sentido, observou-se que a aplicação da filosofia Lean
possibilitou uma melhoria do processo logístico interno, principalmente no que se refere à eliminação dos
desperdícios com foco na redução das atividades que não agreguem valor.
Considerando o processo produtivo objeto desse estudo, houve melhoria no fluxo logístico interno,
na movimentação de materiais do estoque para produção, na diminuição de inventários de peças e eficiência
operacional. Ter um planejamento do abastecimento por hora fez diminuir em 30% os abastecedores. A
logística interna com a aplicação da filosofia lean envolve redução de desperdícios por todos os processos e
ainda não foram calculados os ganhos com a aplicação dessas melhorias.
Além dos resultados encontrados, torna-se oportuno ressaltar que os resultados vão além do objeto
de pesquisa. Permitiu-se ainda identificar que a aplicação dos princípios da filosofia lean manufacturing
proporcionou uma mudança da mentalidade dos colaboradores, que passaram a ter trabalhos padronizados e
pensamentos enxutos para eficiência dos processos.
A pesquisa apresenta ainda algumas limitações, tendo em vista que não foram verificados os
resultados financeiros a partir do estabelecimento da filosofia lean na empresa estudada e que, por se tratar de
um estudo de caso, em uma empresa específica, os resultados dessa pesquisa não podem ser generalizados.
Como sugestão para futuras pesquisas, é oportuno investigar a importância da manutenção
preventiva para o processo produtivo e quais ferramentas são mais eficazes para melhoria da logística interna.

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AVALIAÇÃO DO TEOR DE FIBRA DIETÉTICA EM BARRAS DE CEREAL

EVALUATION OF THE CONTENT OF DIETARY FIBER IN CEREAL BARS

Valquíria Fernandes Maia


Carina Cristina Pena
Nair Tavares Milhem Ygnatios Ferreira

RESUMO: A busca por praticidade tem levado o consumidor a optar por refeições rápidas, de baixo custo e nutritivas. As barras
de cereal são produtos comercializados e conhecidos como fonte de fibra dietética. No entanto, o novo Guia Alimentar classifica as
barras de cereal como alimentos ultraprocessados e consequentemente pobres em fibra. Este trabalho objetivou avaliar o rótulo
nutricional de barras de cereal comercializadas em um supermercado do município de Conselheiro Lafaiete, classificando o teor de
fibra dietética presente nas mesmas em “não fonte de fibra”, “fonte de fibra” ou “alto conteúdo de fibra”, de acordo com a resolução
número 54/2012, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Foram selecionados os rótulos das barras na versão tradicional,
sendo avaliados 24 rótulos de barras de cereal de marcas distintas. Observou-se que 14 (58,33%) marcas foram classificadas como
“não fonte de fibra”, 10 (41,67%) como “fonte de fibra” e nenhuma marca foi considerada de “alto conteúdo de fibra”. Diante dos
resultados apresentados, fica evidente que a maioria das barras de cereal comercializadas não é fonte de fibra dietética. A orientação
aos consumidores quanto à leitura do rótulo no momento da aquisição dos produtos, pode favorecer para escolha de um produto
com melhor valor nutricional.
PALAVRAS-CHAVE: Fibra dietética; Cereais; Alimentação saudável.

ABSTRACT: The quest for practicality has led the consumer to opt for quick, inexpensive, and nutritious meals. Cereal bars are
products marketed and known as a source of dietary fiber. However, the new Food Guide classifies cereal bars as ultraprocessed
foods and consequently poor in fiber. This work aimed to evaluate the nutritional label of cereal bars marketed in a supermarket in
the city of Conselheiro Lafaiete, classifying the dietary fiber content present in them as "non-fiber source", "fiber source" or "high
fiber content", In accordance with resolution number 54/2012 of the National Sanitary Surveillance Agency. The labels of the bars
were selected in the traditional version, being evaluated 24 labels of cereal bars of different brands. It was observed that 14 (58.33%)
brands were classified as "non-fiber source", 10 (41.67%) as "fiber source" and no brand was considered "high fiber content". In
view of the results presented, it is evident that the majority of cereal bars marketed is not a source of dietary fiber. The orientation
to consumers regarding the reading of the label at the time of purchase of the products may favor the choice of a product with better
nutritional value.
Keywords: Dietary fiber; Cereals; Healthy eating.
.

1 INTRODUÇÃO
A alimentação desempenha um papel fundamental no organismo se tornando essencial para a
manutenção dos processos vitais, uma vez que proporciona ao indivíduo seus requerimentos diários de energia
e nutrientes essenciais, envolvidos no controle das vias metabólicas (BRASIL, 2014).
Dentre os nutrientes reguladores das vias metabólicas, têm-se os carboidratos. Os carboidratos não
digeríveis são reconhecidos pelo grupo fibras dietéticas. Segundo informe do Codex Alimentarius, a fibras
dietéticas são definidas como polímeros de carbono com dez ou mais unidades, que não são hidrolisados por
enzimas endógenas no intestino delgado dos humanos (ALIMENTARIUS, 2009). Para a literatura científica,
o conceito de fibra dietética abrange uma gama muito ampla de substâncias que tem uma importância
fisiológica muito considerável (MENDES, 2011). Tais efeitos fisiológicos da fibra dietética, relaciona-se
principalmente com a melhoria do funcionamento do intestino grosso, a redução do colesterol sanguíneo e a
diminuição dos níveis plasmáticos pós-prandiais de glicose e consequentemente de insulina (SANTOS, 2013).

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O consumo adequado de fibra dietética na dieta está associado com menores prevalências de doença arterial
coronariana, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, hipertensão arterial, diabetes mellitus,
obesidade e dislipidemia (BERNAUD e RODRIGUES, 2013). Segundo o Instituto of Medicina (IOM, 2005)
as recomendações atuais de ingestão adequada de fibra dietética na dieta varia de 29 a 38 gramas por dia, de
acordo com a idade e o sexo.
Um dos produtos conhecidos pela população em geral como fonte de fibra dietética são as barras
de cereal, que foram introduzidas no hábito alimentar brasileiro há décadas, quando os consumidores
demonstravam maior preocupação em relação à saúde (PAULO, SILVA, et al., 2013). No entanto, de acordo
com a classificação “NOVA”, que categoriza os alimentos em quatro grupos de acordo com seu processamento,
as barras de cereal aparecem como alimentos ultraprocessados. Esse grupo inclui alimentos que contém
comumente cinco ou mais ingrediente em sua formulação, incluindo vários ingredientes que são de uso
exclusivamente industrial, como os estabilizantes e conservantes, causando desta forma modificações na
composição nutricional do alimento, tornando esse alimento nutricionalmente desbalanceado, rico em açúcar,
gordura e sódio (MONTEIRO, CANNON, et al., 2016).
Inicialmente as barras de cereal foram elaboradas pela indústria alimentícia para atender às
necessidades nutricionais em relação ao consumo de fibra dietética da população, visando oferecer praticidade
aos consumidores. No entanto, estudos revelam que o teor de fibra dietética encontrado nas mesmas pode
variar. Em algumas o teor de fibras pode estar em torno de 60% abaixo do recomendado pela legislação,
enquanto em outras o percentual encontrado foi nulo (PAULO, SILVA, et al., 2013; PASQUALOTTO, 2009;
TORRES, 2009).
Nesse sentido, justifica-se a realização do presente estudo pela importância da fibra dietética na
alimentação e a busca incessante por alternativas de lanches mais saudáveis e práticos, considerando-se ainda
que, é necessário mais estudo para classificação das barras de cereal como “não fonte”, “fonte” ou de “alto
conteúdo” de fibra dietética para serem realmente usadas como opções de lanches mais saudáveis.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 FIBRA DIETÉTICA: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

Fibras dietéticas são definidas como polímeros de carboidratos de origem vegetal, que não são
digeríveis pelo organismo por não possuírem uma enzima específica, desta forma, são resistentes a digestão e
absorção no intestino delgado de humanos, com fermentação completa ou parcial no intestino grosso
(ALIMENTARIUS, 2009) Estes polímeros incluem além de carboidratos como, oligossacarídeos e
polissacarídeos, celulose, hemicelulose e pectinas e outras substâncias como a lignina, inulina e amido
resistente (MENDES, 2011).

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As fibras dietéticas podem ser classificadas de acordo com a função estrutural que desempenham
nos vegetais, podendo se dividir em dois grandes grupos: polissacarídeos estruturais como a celulose; e outros
polissacarídeos não amiláceos como a lignina. A única característica em comum entre eles é o fato de não
serem digeríveis o que se torna o principal critério que considera esses polissacarídeos componentes das fibras
dietéticas (DAMODARAN, PARKIN e FENNEMA, 2010).
Outra classificação que pode ser feita quanto às fibras dietéticas é de acordo com a sua solubilidade
em água, que é dada em dois grupos distintos: fibras solúveis e fibras insolúveis (MIRA, GRAF e CÂNDIDO,
2009). As fibras solúveis, encontradas no interior das frutas, hortaliças compactas e na aveia, como o próprio
termo considera são solúveis em água, ou seja, dissolvem em água formando um gel. Devido a sua capacidade
de formação de gel, as fibras solúveis são apontadas como importantes carboidratos envolvidos na regulação
da glicemia sanguínea, tornando a absorção da glicose mais lenta (MACEDO, SCHMOURLO e VIANA,
2012). Entre elas estão às pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses, que por não serem digeríveis
no intestino delgado são facilmente fermentadas no intestino grosso (KOLB e MANDRUP-POULSEN, 2010),
formando gases, e também ácidos que são rapidamente absorvidos no íleo, jejuno e reto (WAITZBERG,
2006). São capazes também de reduzir o colesterol plasmático, por meio de dois distintos mecanismos
fisiológicos envolvidos no metabolismo lipídico: o primeiro pela capacidade em aumentar a excreção de
ácidos biliares por via fecal, consequentemente o fígado necessita remover o colesterol sanguíneo para síntese
de novos ácidos biliares; e o segundo, pela produção de ácidos graxos de cadeia curta, como o propionato que
apresenta função na inibição da síntese hepática de colesterol (RIQUE, SOARES e MEIRELLES, 2002). As
fibras dietéticas solúveis atuam também sobre o controle do peso, reduzindo o tempo de esvaziamento
gástrico, promovendo desta forma, uma plenitude gástrica aumentando a sensação de saciedade (CATALANI
et al., 2003).
Já as fibras insolúveis são formadas pela parte mais resistente e externa dos vegetais constituindo
assim a estrutura da parede das plantas, não são solúveis em água e por esse motivo sua fermentação se torna
mais lenta. Constitui-se de lignina, celulose e algumas hemiceluloses (OLIVEIRA e MARCHINI, 2008). Estas
por sua vez, são encontradas principalmente nas cascas das frutas e hortaliças e nos grãos de cereais inteiros
(MACEDO, SCHMOURLO e VIANA, 2012). Contudo, apresentam como característica a capacidade de
aumentar o bolo fecal e acelerar o trânsito intestinal (CATALANI et al., 2003). Estudos demonstram que o
consumo adequado desse tipo de fibra está relacionado diretamente com a redução de alguns tipos de câncer,
principalmente o colo retal, agindo de forma benéfica por inibir o crescimento de certas bactérias patogênicas
no intestino (MACEDO, SCHMOURLO e VIANA, 2012).

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2.2 BENEFÍCIOS À SAÚDE ADVINDOS DO CONSUMO DE FIBRAS DIETÉTICAS

Nos últimos anos devido à industrialização, a alimentação se encontra cada vez mais inadequada,
sendo que, na maioria das vezes, uma grande refeição é substituída por refeições prontas e congeladas, ou do
tipo fast foods, cujo valor nutricional encontra-se abaixo do recomendado (MOREIRA, 2013). A literatura é
consistente ao apontar que uma alimentação saudável garante ao organismo manutenção das funções vitais,
atendendo aos princípios básicos de qualidade, quantidade, variedade e equilíbrio garantindo dessa forma,
prazer e está relacionada à prevenção de diversas doenças (BRASIL, 2014).
Estudos científicos demonstram os diversos efeitos benéficos relacionados ao consumo de fibras
dietéticas para o organismo e principalmente uma redução no risco de desenvolvimento de diversas doenças
crônicas não transmissíveis (SILVA e CALISTO, 2013; MACEDO, SCHMOURLO e VIANA, 2012). As
fibras possuem características específicas como a capacidade de retenção de água, promovendo a fermentação
e síntese de algumas substâncias que podem atuar tanto localmente como por meio de efeitos sistêmicos
(BERNAUD e RODRIGUES, 2013). Pode também contribuir de forma positiva com o controle de peso, de
modo que, alimentos fonte de fibras proporcionam uma sensação de saciedade, devido ao esvaziamento
gástrico retardado, contribuindo significativamente na redução das calorias consumidas (DAMODARAN,
PARKIN e FENNEMA, 2010; KRISTENSEN e JENSEN, 2010). Outro estudo comprova a relação entre o
consumo adequado de alimentos fonte de fibras na prevenção e no controle de doenças cardiovasculares,
especialmente devido a sua capacidade em promover quedas nos níveis de colesterol sanguíneo além de
aumentar a tolerância a ingestão de açúcares (RIQUE, SOARES e MEIRELLES, 2002)
Além de todos os efeitos benéficos já apresentados acima, as fibras atuam em outras doenças do
trato gastrintestinal como o megacólon e a diverticulose que também tem como causa o consumo reduzido de
fibras dietéticas (MACEDO, SCHMOURLO e VIANA, 2012).
Apesar dos inúmeros estudos comprovando a eficácia e os benefícios das fibras no organismo, a
ingestão, de um modo geral, da população não é suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais (KING,
MAINOUS e LAMBOURNE, 2012). Dados da Pesquisa de Orçamentos familiares (POF 2008-2009)
comprovam que o consumo de alimentos fontes de fibras ainda encontra-se abaixo da recomendação, sendo
que a ingestão média é maior no sexo masculino, variando de 20,4 g a 23,5 g quando comparada à média do
sexo feminino que se encontra na faixa 17,6 g a 18,8 g. A POF mostra ainda que o consumo de hortaliças e
frutas, que são consideradas boas fontes de fibras dietéticas, está diretamente relacionado com a renda familiar,
sendo que, quanto menor a renda familiar e per capita, menor o consumo e tais alimentos e vice-versa.
A busca por opções de refeições rápidos e de baixo custo tem levado o consumidor a optar por
lanches que são comercializados como saudáveis mais que na verdade não passam de alimentos
ultraprocessados, como as barras de cereais, que tendem a ser muito pobre em fibra, devido à ausência de

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alimentos in natura e minimamente processados. No entanto a indústria alimentícia procura por meio da
publicidade demonstrar as supostas vantagens do produto, aumentando a chance dos mesmos serem vistos
pela população leiga como alimentos saudáveis (BRASIL, 2014).

2.3 BARRAS DE CEREAIS

De acordo com a definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2005), as


barras de cereais são consideradas cereais processados, originados da compactação de diversos cereais, entre
eles estão às frutas secas, castanhas nozes e alguns ingredientes utilizados com a propriedade de ligantes
conferindo a textura adequada, estando prontas para comercialização e consumo (GUTKOSKI, BONAMIGO,
et al., 2007).
Existem diversos aspectos que devem ser considerados na elaboração de uma barra de cereal,
dentre eles estão: a escolha do cereal, o enriquecimento com alguns nutrientes e a estabilidade no
processamento (PAULO, SILVA, et al., 2013). Desta forma, a elaboração de barras de cereais pode ser algo
muito complexo, pois se os ingredientes não combinarem entre si, características como textura, sabor, e
propriedades físicas podem ficar comprometidas (GUTKOSKI, BONAMIGO, et al., 2007).
As barras de cereais foram lançadas em 1992 e inicialmente não tiveram uma boa aceitabilidade
por parte dos brasileiros, no entanto anos mais tarde, as barras ganharam seu espaço, contando com um
crescimento de comercialização de até 25% ao ano (TORRES, 2009). A comercialização das barras ganhou
destaque no mercado alimentício, visto que são utilizadas como opções de lanches rápidos e tidas como
alimentos saudáveis pela população leiga (GUIMARÃES e SILVA, 2009)
A cada dia mais as indústrias alimentícias contam com a publicidade para valorizar seus produtos
mostrando supostas vantagens, como a diversificação nos sabores, menos calorias, adicionando vitaminas e
minerais, com intuito de levar o consumidor a acreditar que seus produtos são realmente saudáveis
(SAMPAIO, RAMOS, et al., 2008). No entanto há de se considerar que alguns estudos comprovaram e
também o novo Guia, que as barras de cereais são alimentos ultraprocessados e não podem ser consideradas
fonte de fibras dietéticas. Por esse fato, um dos grandes trunfos que os consumidores podem contar é o rótulo
dos alimentos, que é hoje considerado obrigatório e deve apresentar informações como o nome do produto, a
lista de ingredientes que deve se apresentar em ordem decrescente de quantidade, prazo de validade do
produto, instrução de uso, dentre outros (PAULO, SILVA, et al., 2013).
Além das informações gerais que devem conter na rotulagem de todo e qualquer alimento
industrializado, os fabricantes também são obrigados a fornecer informações a respeito de nutrientes
específicos como macronutrientes e micronutrientes incluindo cálcio, ferro e sódio, demonstrando suas
respectivas quantidades, inclusive de fibras dietéticas (ANVISA, 2001)

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De acordo com a resolução número 54, de 12 de novembro de 2012, da ANVISA, os produtos
alimentícios podem ser classificados de acordo com a quantidade de fibra indicada no rótulo nutricional em:
“não fonte de fibra”, “fonte de fibra” e “alto conteúdo de fibra” (ANVISA, 2012).
Portanto, é necessário que haja uma verificação dos produtos disponíveis no mercado com relação
à regulamentação ao teor de fibras, buscando a realidade das informações apresentadas pelos fabricantes e se
as mesmas se encontram de acordo com a resolução (PAULO, SILVA, et al., 2013).

3 MÉTODOS
A presente pesquisa trata-se de estudo transversal e quantitativo, cujo objeto de estudo constituiu
de diferentes marcas de barras de cereal.
As amostras de barras de cereal foram adquiridas em um supermercado de referência do município
de Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, no mês de setembro de 2016. Foram adquiridas todas as barras de
cereal presentes nas gôndolas do referido ponto comercial.
O critério de seleção adotado para a análise dos rótulos das barras de cereal industrializadas foi à
existência do produto na versão tradicional, pois as barras de cereal das versões light e diet contêm maior teor
de fibra dietética devido à utilização de polidextrose; e considerando-se a disponibilidade das mesmas no
estabelecimento pesquisado (SOUSA, SANTOS, et al., 2015).
Foram excluídos da presente pesquisa: quatro barras de sementes, três crocante, sete de frutas e
duas barras de proteína. Três barras de cereal importadas também não participaram da amostragem por não
apresentarem etiqueta em português, totalizando 24 amostras de 24 marcas comerciais distintas elegíveis para
o presente estudo.
Após a obtenção das amostras, as informações de porção e quantidade de fibra dietética presente
no rótulo nutricional foram registradas em forma de tabela no programa Microsoft Office Word®, versão 2007.
Não foi permitida qualquer informação que permitisse a identificação do produto ou fabricante, para isso as
amostras foram denominadas como letras do alfabeto, contemplando a letra “A” até a letra “X”.

3.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE FIBRA DIETÉTICA

Para fins de classificação das barras de cereal avaliadas quanto ao teor de fibra dietética foi
utilizado como referência os critérios de classificação presente na resolução número 54, de 12 de novembro
de 2012, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2012). A referida resolução classifica os
produtos alimentícios de acordo com a quantidade de fibra dietética indicada no rótulo nutricional em: “não

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fonte de fibra dietética”, “fonte de fibra dietética” e “alto conteúdo de fibra dietética”. Sendo assim, para fim
de classificação a resolução estabelece:
Alimento classificado como “não fonte de fibra dietética”: quando apresentar no
máximo 2,4 de fibra por porção estabelecida no rótulo nutricional do alimento;
Alimento classificado como “fonte de fibra dietética”: quando apresentar no mínimo
2,5g de fibra por porção estabelecida no rótulo nutricional do alimento;
Alimento classificado como “alto conteúdo de fibra dietética”: quando apresentar no
mínimo 5g de fibra por porção estabelecida no rótulo nutricional do alimento.
Os valores de fibra dietética de cada marca avaliada foram apresentados individualmente, sendo
comparados e classificados segundo a resolução número 54, de 12 de novembro de 2012 (ANVISA, 2012).
Os dados foram apresentados em frequência relativa de ocorrência das barras de cereal classificadas como
“não fonte”, de “fonte” e “alto conteúdo” de fibra dietética.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que, das 24 barras de cereal analisadas, apenas 10 (41,67%), foram classificadas
como fonte de fibra, sendo descritas na tabela 1 as marcas de O a X, em ordem crescente de acordo com o teor
de fibra. Ainda em relação à tabela 1, as demais amostras não atendiam aos critérios de classificação que
estabelece o teor mínimo de 2,5 g de fibra por porção no alimento para o uso da alegação “fonte de fibra” e o
teor mínimo de 5 g de fibra por porção para o uso da alegação “alto conteúdo de fibra”, sendo que nenhuma
amostra foi classificada como “alto conteúdo de fibra” e mais da metade (n=14; 58,33%) das marcas foram
classificadas como “não fonte de fibra”, representadas em ordem crescente de acordo com o teor de fibras
pelas marcas de A a N.
Tabela 1 – Classificação quanto ao teor de fibra dietética das barras de cereal avaliadas em um
supermercado do município de Conselheiro Lafaiete, MG, 2016.

Fabricante PESO FIBRA (G)


A 20 0,6
B (G)/PORÇÃO
22 0,6
Não fonte de fibra

C 22 0,7
D 25 0,8
E 20 0,9
F 22 1,1
G 22 1,2
H 20 1,4
I 20 1,5
J 24 1,6
K 22 1,8
L 20 1,9
M 24 2,2

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N 25 2,2
O 25 2,5
P 20 2,5

Fonte de fibra
Q 20 2,5
R 20 2,6
S 20 2,7
T 25 2,7
U 20 2,7
V 20 2,9
W 20 3,1
X 25 4,4

Os consumidores associam as barras de cereal a produtos saudáveis, por apresentarem em sua


composição fibra dietética. Entretanto, observou-se grande variação, de 0,6 a 4,4g de fibra por porção das
barras analisadas no presente estudo.
Para as alegações de “fonte de fibra a dietética” e “alto teor de fibra dietética” existe um
regulamento técnico específico da ANVISA (2012), a resolução número 54, de 12 de novembro de 2012, que
estabelece a quantidade mínima, por porção, exigida de fibra dietética para a classificação do produto. Essa
resolução visa evitar qualquer tipo de utilização desses termos de forma indevida com vistas a enganar o
consumidor no momento da aquisição dos produtos. Cabe ressaltar que, apesar de não ter sido um objetivo
específico do presente estudo, nenhuma marca analisada inseriu nos rótulos alguma informação falsa e/ou
utilizou tais termos indevidamente.
Os resultados do presente estudo são semelhantes aos observados por Sousa et al. (2015), em
supermercados de Campina Grande, Paraíba, no qual nenhuma barra de cereal foi classificada como “alto teor
de fibra dietética”. Inferior ao resultado obtido no presente estudo, somente 20% das barras de cereal avaliadas
pelos autores podem utilizar a alegação de “fonte de fibra”. Paulo et al. (2013), também demonstraram que
nenhuma das marcas de barras de cereal comercializadas em supermercados do Piauí, apresentaram “alto teor
de fibra”, ou sequer, puderam ser classificadas como “fonte de fibra”. Diferentemente, estudo realizado por
Capriles e Arêas (2010), mostrou que de 138 barras de cereal comercializadas em supermercados de São
Paulo, 28% apresentaram “elevado teor de fibra”.
As informações nutricionais são indispensáveis nos rótulos dos alimentos, uma vez que, facilita o
conhecimento do consumidor sobre a composição nutricional do alimento e, além disso, se permite a
realização de cálculos sobre a ingestão dos nutrientes e se está de acordo com as necessidades nutricionais do
indivíduo, embasando estratégias para atingir uma adequação do consumo alimentar (ANVISA, 2012;
CATALANI et al., 2003). Sendo assim, é necessário que a população seja informada sobre a importância de
se analisar os rótulos dos alimentos antes da compra, e especialmente da variação da quantidade de fibra
dietética principalmente nas barras de cereal (CAPRILES e ARÊAS, 2010) e principalmente direcionar a

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escolha de um produto que realmente contenha quantidades satisfatórias de fibra dietética, sendo considerado
um alimento saudável e auxiliando no bom funcionamento do organismo humano.
No entanto, como pode ser comprovada na presente pesquisa, grande maioria das barras de cereal
não puderam ser consideradas “fonte de fibra dietética”. Cabe ressaltar que a proporção de outros nutrientes
da composição nutricional dessas barras de cereal também deve ser avaliada. Bower e Whitten (2000)
verificaram que existe uma necessidade de modificação dos ingredientes gerais das barras de cereal para que
estes produtos de fato possam ser considerados saudáveis.
Nesse sentindo, é relevante destacar que na nova edição do Guia Alimentar para a População
Brasileira (BRASIL, 2014), as barras de cereal aparecem como alimentos ultraprocessados. Esses alimentos
por definição passam por diversas etapas e técnicas na sua fabricação, além da adição de vários ingredientes
e substâncias de uso exclusivamente industrial, como aromatizantes, aditivos, conservantes, entre outros, são
pobres não só em fibras dietética, mas também em nutrientes essenciais, além de conterem quantidades
significativas de sódio, açúcares e gorduras. Assim sendo, do ponto de visto nutricional não podem ser
considerados saudáveis, embora ainda sejam reconhecidos e valorizados como tais pela população. Estudos
evidenciam que o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados e declínio no consumo de alimentos in
natura ou minimamente processados, causam impacto negativo à saúde, estando associado ao excesso de peso
e doenças crônicas não transmissíveis relacionadas aos hábitos alimentares inadequados (MONTEIRO,
CANNON, et al., 2016).
Frente a essas considerações, uma das alternativas seria a produção de formulações de barras de
cereal que tentem reduzir o valor calórico, teor de gordura e açúcares, mantendo-se as características
organolépticas satisfatórias dos produtos (BOWER e WHITTEN , 2000). No mercado, já estão disponíveis
barras de cereal nas versões light e diet. No entanto, pela melhor aceitabilidade dos consumidores, as barras
de cereal tradicionais dominam as gôndolas dos comércios e essas por sua vez apresentam maior teor de
lipídios, que pode ser superior ao teor de fibra dietética na maioria das marcas disponíveis (CAPRILES e
ARÊAS, 2010).
De acordo com os autores supracitados, existem possibilidades de incorporação de ingredientes
de alto valor nutricional às barras de cereal, melhorando suas características nutricionais e atendendo a
expectativa dos consumidores. Estudos veem desenvolvendo barras de cereal com alto teor de fibra dietética
com o uso de cereais não convencionais como a farinha de amêndoa de babaçu, amaranto (CAPRILES e
ARÊAS, 2010) e aveia (GUTKOSKI, BONAMIGO, et al., 2007), ou frutos desidratados como o murici-passa
(GUIMARÃES e SILVA, 2009). É importante destacar que o conteúdo de fibra dietética varia de acordo com
os ingredientes utilizados no processamento das barras de cereal, sendo que a adição de prebióticos também

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aumenta o conteúdo de fibra dietética, além de possuírem propriedade de alegação funcional (GUIMARÃES
e SILVA, 2009).
Diante dos resultados observados no presente estudo, constata-se a necessidade de inserção de
alimentos regionais que podem contribuir para melhorar o teor de fibra dietética das barras de cereal. Mas,
muito mais relevante do que novos produtos industrializados, é necessária uma alimentação saudável e
equilibrada, por meio da inclusão de alimentos in natura na alimentação diária. Os consumidores precisam
ser sensibilizados quanto a esta orientação nutricional. O consumo regular de alimentos processados e
ultraprocessados pode trazer diversos prejuízos à saúde, enquanto a importância da fibra dietética é
inquestionável na alimentação, obtendo-se benefícios a curto e longo prazo.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que mais da metade (58,33%) das barras de cereal analisadas, não apresentaram
quantidades significativas de fibra dietética, sendo classificados como “não fonte de fibra”, demonstrando que
a população precisa ser sensibilizada quanto às escolhas alimentares, optando por alimentos verdadeiramente
saudáveis como os in natura e os minimamente processados, que são naturalmente fontes de fibra dietética,
dispensando o consumo de alimentos ultraprocessados, como as barras de cereal.
A implementação de políticas públicas destinadas a orientar o consumo de alimentos regionais e
saudáveis é de extrema importância. Da mesma forma, é necessário que haja uma fiscalização rigorosa dos
órgãos responsáveis para que não só as barras de cereal, mais muitos outros produtos alimentícios
industrializados possam realmente ser analisados e regularizados de acordo com a legislação, a fim de proteger
o consumidor de informações veiculadas de forma incompleta ou enganosa.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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REQUISITOS NECESSÁRIOS À IMPLANTAÇÃO DA ABNT – NBR ISO/IEC 17025:2005
REQUIREMENTS REQUIRED FOR THE IMPLEMENTATION OF ABNT - NBR ISO / IEC
17025: 2005

Érica A. Gusmão de Castro Borges


Nirialuce Rezende

RESUMO: De acordo com Crosby Philip B, “Quality is free”, citado por David A. Garvin no livro Gerenciando a
Qualidade (2002), A Visão Estratégica e Competitiva, qualidade quer dizer conformidade com as exigências. Portanto,
qualidade é um dos fatores principais e fundamentais para a inserção e manutenção de uma empresa no mercado.
Enquanto antigamente evidenciar qualidade e competência técnica era um diferencial, hoje é essencial ao desempenho
do serviço prestado pelos laboratórios creditados a realizarem mensuração de calibrações e ensaios. Com o surgimento
da NBR ISO/IEC 17025, a qual estabelece os critérios para garantir o desempenho e confiabilidade dos equipamentos
utilizados nos laboratórios, ocorre o favorecimento à promoção da competência laboratorial, unindo o sistema de gestão
da qualidade à resultados tecnicamente válidos, estabelecendo um padrão internacional e único dos laboratórios para
realizarem ensaios e/ou calibrações, incluindo amostragem.
PALAVRAS-CHAVE: ISO/IEC 17025, Acreditação, Laboratórios de ensaio e acreditação, Sistema de gestão.

ABSTRACT: According to Crosby Philip B, “Quality is free”, cited by David A. Garbin in the book Gerenciando a
Qualidade (1992), A Visão Estratégica e Competitiva, quality means conformity to the requirements. Therefore, quality
is one of the main and fundamental factors for the insertion and maintenance of a company in the Market. While formerly
evidencing quality and technical competence was a differential, nowadays it is essential for the development of the
service provided by the laboratories credited to perform the measuring of calibrations and trials. With the emergence of
NBR ISO/IEC 17025, which establishes the criteria to ensure the development and reliability of the used equipment in
laboratories, the promotion of laboratorial competence is favored, uniting the quality management system to technically
valid results, establishing an international and single standard for laboratories to perform trials and/or calibrations,
including sampling.
KEYWORDS: ISO/IEC 17025, Accreditation, Laboratories of trials and accreditation, Management system.

INTRODUÇÃO

A competição entre as empresas aumenta a cada dia, fomentando o lançamento de um novo


produto ou de um novo serviço a todo o momento. Expandir os mercados, conquistar novos clientes e manter
os clientes atuais são objetivos das organizações em um mercado cada vez mais competitivo. Nesse contexto,
a padronização das atividades e procedimentos nas organizações é fundamental para a melhoria do seu
desempenho e garantia da confiabilidade.
Visando padronizar e trazer confiança ao cliente de que os produtos e serviços da empresa serão
criados de modo repetitivo e consistente, afim de que adquira uma qualidade, aplica-se a ISO 9001. De acordo
com ABNT, a ISO 9001 é a norma que define os requisitos para colocar um sistema de gestão da qualidade
em vigor, visando aumentar a eficiência da empresa e a satisfação dos clientes. Além dessa, outra norma
utilizada para auxiliar na gestão dos sistemas de qualidade é a normatização através da ISO/IEC 17025.

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Em 1978 teve início o processo internacional de padronização das atividades dos laboratórios de
ensaio e calibração com a publicação da ISO/IEC Guia 25, que foi revisado depois em 1993. Como a Europa
não aceitava a ISO Guia 25, vigorava a EN 45001 para reconhecer a competência dos ensaios e calibrações
realizadas pelos laboratórios. Como ambas continham níveis de detalhamento insuficientes para permitir uma
aplicação consistente e sem ambiguidades, em 1995 iniciou-se os trabalhos de revisão da ISO GUIA 25 através
do WG 10 (Working Group 10) da ISO/ CASCO (Committee on Conformity Assessment). De acordo com
Combo Laboratório, on line, dessa revisão resultou a ISO/IEC 17025 – requisitos gerais para a competência
de laboratórios de ensaio e calibração, de 15 de dezembro de 1999, publicada no inicio de 2000, e pela ABNT
em janeiro de 2001 sendo revisada em 2005.
Conforme a ABNT NBR ISO/IEC 17025: 2005, os laboratórios de ensaio e calibração que querem
demonstrar sua competência técnica implantam um sistema de gestão utilizando essa norma: Requisitos gerais
para a competência de laboratórios de ensaio e calibração (ABNT, 2005), que contém duas seções principais:
a seção 4 (requisitos da direção, referente ao gerenciamento do laboratório) e a seção 5 (requisitos técnicos,
referentes à competência técnica do laboratório). Essa opção deve-se ao fato de que esta Norma é utilizada
pelos Organismos de Acreditação (INMETRO, no caso do Brasil), para avaliar a competência dos laboratórios,
com o objetivo de conceder a acreditação.
De acordo com ABNT, o uso da ISO/IEC 17025 facilitará a interação entre laboratórios e outros
organismos, facilitando a troca de informações e experiências e harmonização de normas e procedimentos.
Dados do INMETRO de 2011 mostram o percentual de laboratórios de ensaio acreditados, divididos por
região conforme o gráfico abaixo:

Laboratórios de ensaio acreditados

SE=75%
S=16%
NE=6%
N=1%
CO=2%

Figura 1: Laboratórios de ensaios acreditados


Fonte: INMETRO – 2011(adaptado).

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De acordo com o CAQ, Centro de Qualidade Analítica Laboratórios, on line, no caso de
laboratórios de ensaio acreditados na norma ISO/IEC 17025, ligados à área de alimentos e bebidas, as análises
microbiológicas, microscópicas, físico-químicos e moleculares realizados auxiliam as indústrias no controle
de qualidade, identidade e rotulagem de produtos. Também podem realizar análises de nutrientes de alimentos
e bebidas, identificar alimentos transgênicos e alergênicos.

OBJETIVOS
Ø Mostrar de forma geral o que significa “acreditação” entendendo os principais critérios
Ø Apresentar a definição e aplicação da Norma ISO/IEC 17025
Ø Expor os benefícios e desafios da implantação de Norma ISO/IEC 17025.

ACREDITAÇÃO

Para iniciar o processo de obtenção da ISO/IEC 17025, o laboratório precisa dar entrada no seu
processo de acreditação. É importante ressaltar que neste momento o laboratório já deve ter seu Sistema de
Gestão da Qualidade implantado.
De acordo com Olivares (2015), se desejamos ter um laboratório com qualidade é preciso atender
às necessidades e expectativas dos clientes, realizando as análises que o cliente deseja, prestando um bom
atendimento, cumprindo os prazos estipulados, utilizando metodologias adequadas, apresentando resultados
de forma clara e objetiva e de forma confiável e rastreável. Assim, a adoção de um Sistema de Gestão de
Qualidade para laboratórios se tornou necessária, nascendo então normas específicas como a ISO/IEC 17025.
Com a acreditação por meio da implantação desta norma o laboratório evidencia sua competência
técnica para realizar ensaios e/ou calibrações e sua capacidade de obter resultados de acordo com métodos e
técnicas reconhecidos nacionalmente e internacionalmente.
De acordo com o INMETRO, a acreditação é uma ferramenta estabelecida em escala internacional
para gerar confiança na atuação de organizações que executam atividades de avaliação da conformidade. A
acreditação realizada pela Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre) é de caráter voluntário e representa o
reconhecimento formal da competência de um laboratório ou organismo para desenvolver as tarefas de
avaliação da conformidade, segundo requisitos estabelecidos.

A padronização para a acreditação de laboratórios foi tratada em 1977, na primeira conferência


da Cooperação Internacional de Acreditação de Laboratórios (ILAC). Esta conferência
resultou em 1978 na publicação da ISO/IEC Guia 25, não aceita na Europa, onde vigorava a
Norma Europeia EM 45001. Somente em 1995 a ISO inicia seus estudos para estabelecer uma
norma que contemplasse os aspectos vigentes ate o momento e que estavam passíveis de
ambiguidades em suas interpretações, prejudicando a padronização dos ensaios laboratoriais.

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Da revisão do Guia 25, surge a ISO/IEC 17025, datada de 1999, produzida a partir da ampla
experiência na implantação do Guia 25 e da EM 45001 (VALLE, B.Bicho).

Entre as vantagens da acreditação, segundo o INMETRO, temos:

Ø Processo de avaliação único, transparente e reproduzível que elimina o custo de reavaliação


e reforça a coerência;
Ø Incremento da competência e da inovação;
Ø Garantia da aceitação internacional dos produtos sem necessidade de repetição das
avaliações;
Ø Expansão de mercados;
Ø Aumento da confiabilidade do cliente, e outros.

ETAPAS DA ACREDITAÇÃO

Para iniciar o processo de acreditação, são necessárias algumas etapas como conhecimento da
documentação necessária à acreditação, informações do processo de acordo com um sistema de gerenciamento
das atividades de acreditação constante do site do INMETRO,entre outras que serão descritas a seguir.
De acordo com o INMETRO, a Cgcre (Coordenação Geral de Acreditação) estabelece documentos
normativos que constituem requisitos para a acreditação, sendo a conformidade do laboratório a estes
requisitos avaliados em todas as etapas da acreditação. A Cgcre publica, também, documentos orientativos,
que têm a finalidade de fornecer informações aos laboratórios que os auxiliem na implementação dos
requisitos de acreditação.
Ainda segundo o INMETRO, dentre as etapas do fluxo operacional tem-se:
Ø SOLICITAÇÃO: etapa de cadastramento para obtenção da relação da documentação.
Ø ANÁLISE CRÍTICA: é realizada para assegurar se os recursos estão disponíveis para o início imediato
do processo.
Ø FORMAÇÃO DE EQUIPE DE AVALIAÇÃO: a Cgcre (Coordenação Geral de Acreditação) treina e
qualifica avaliadores e especialistas cadastrados na Dicla (Divisão de Acreditação de Laboratórios),
sendo esses profissionais vinculados ao INMETRO ou a outras organizações. Se houver conflito de
interesses, outra equipe pode ser designada.
Ø ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO: com base nos requisitos estabelecidos pela Cgcre (Coordenação
Geral de Acreditação) a equipe de avaliação analisa a documentação encaminhada, sendo as não
conformidades enviadas via relatórios pelo GA (Gestor de Acreditação) para a implementação de
ações corretivas, o que não impede a visita de avaliação.
Ø AVALIAÇÃO INICIAL: consiste de uma visita às instalações para verificar evidências objetivas,
como se segue.
ü Evidências objetivas da implementação do sistema de Gestão estabelecido no Manual da
Qualidade e na documentação associada; para realizar os serviços para os quais solicitou

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acreditação. O Manual da Qualidade contém o sistema de gestão de qualidade da empresa
(política, diretrizes, procedimentos, responsabilidades, atribuições) devendo ser claro,
específico e acessível a todos que desejarem o consultar.
ü Evidência objetivas da competência técnica do laboratório. Todos os documentos e registros
referentes ao sistema de gestão do laboratório devem estar disponíveis para a equipe de
avaliação, devendo a gerência técnica, gerencia da qualidade e os responsáveis estarem
disponíveis para serem avaliados. No final da avaliação é realizada uma reunião com a alta
direção, a gerência técnica e de qualidade para apresentar o resultado da avaliação, discutir as
ações corretivas necessárias, eliminar as não conformidades e suas causas e recomendar ou não
á Dicla (Divisão de Acreditação de Laboratórios) sobre a acreditação, ou seja, podendo esta
ser recomendável (caso não haja não conformidades), recomendável após a confirmação da
implementação das ações corretivas (caso haja não conformidades), ou não recomendável
(quando a relevância ou quantidade de não conformidades coloque em dúvida a capacidade do
organismo de fornecer avaliação tecnicamente válida).
Ø DECISÃO DA ACREDITAÇÃO: A decisão sobre a concessão da acreditação é tomada pelo
Coordenador da Cgcre, com base nas recomendações da equipe de avaliação, do GA(Gestor de
Acreditação), do Chefe de Núcleo e da Comissão Acreditação.
Ø FORMALIZAÇÃO DA ACREDITAÇÃO: é enviado um ofício ao laboratório, emitido pela Cgcre
(Coordenação Geral de Acreditação) junto com o Certificado de Acreditação e do Símbolo de
Acreditação e a autorização para seu uso, além da inclusão do laboratório no catálogo de laboratórios
acreditados disponível na internet.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA NORMA

Conforme Ueta, (2011), na norma ISO/IEC 17025 há uma evidente separação entre os requisitos
gerenciais e os requisitos técnicos, focando sua atenção nos clientes, privilegiando uma cooperação maior em
relação aos aspectos contratuais e no seu acesso às áreas do laboratório para acompanhar os ensaios e/ou
calibrações. Como principais aspectos para a implantação desta norma pode-se citar o aprimoramento dos
processos e das equipes de trabalho, oferecimento de maior confiança aos clientes, melhoria da qualidade
global, diminuição de custos operacionais, melhoria da imagem do laboratório no mercado.
De acordo com o INMETRO, metrologia é a ciência que abrange todos os aspectos teóricos e
práticos relativos às medições, qualquer que seja a incerteza em qualquer
campo da ciência ou tecnologia. Assim, a metrologia é uma ferramenta no crescimento e inovação tecnológica
favorável ao desenvolvimento científico e industrial em todo e qualquer país.

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Para implantar a ISO/IEC 17025 é fundamental que o laboratório domine a metrologia,
sendo necessária uma equipe técnica com excelência em metrologia. O gerente da qualidade
deve, além de ser responsável pela implantação do sistema da qualidade, ser sabedor dela e
envolvido com as atividades laboratoriais. A gerência técnica deve gerenciar a execução dos
serviços, a análise dos dados de serviços prestados, as avaliações de incertezas de medição, a
emissão dos certificados e de todos os processos importantes que garantem ao cliente
resultados válidos tecnicamente, sendo as duas gerências atuantes na implantação da norma
(MÜLLER, 2007, p3).

Ainda de acordo com Müller (2007), na ISO/IEC 17025 há uma exigência que o laboratório tenha
documentado uma série de procedimentos, além da realização de auditorias internas na área técnica, de
acompanhamento de serviços, por isso é muito importante ter todo o planejamento da implantação da norma
levando em consideração: características motivacionais, humanas, comportamentais e de mudança de cultura.
Conjuntamente a isso deve ocorrer um planejamento expondo as prioridades dos problemas que devem ser
resolvidos, estabelecendo metas coerentes com a realidade do laboratório, pois a ISO/IEC 17025 focaliza as
atividades laboratoriais, sendo específica para os mesmos, evidenciando a competência técnica, confirmando
que a equipe é capaz de realizar os serviços de calibração e/ou ensaio.

REQUISITOS DA DIREÇÃO E REQUISITOS TÉCNICOS

Para Müller (2007), as operações do sistema de qualidade, administrativas e técnicas definem o


sistema de gestão do laboratório através da ISO/IEC 17025. Percebe-se então que para a ISO/IEC 17025 a
direção de um laboratório de calibração e ensaio deve possuir um conjunto de operações administrativas que
visam garantir a qualidade dos serviços prestados bem como o rigor técnico e a eficiência administrativa.
Assim, a ISO/IEC 17025 se divide em requisitos da direção e técnicos. Os requisitos da direção definem o
sistema de gestão da qualidade, dentro dos padrões de qualidade das normas da família 9000. Segundo a ISO
9001, as operações visam garantir a qualidade do trabalho realizado, gerenciando as necessidades e
expectativas do cliente garantindo a sua máxima satisfação. Esses requisitos falam da necessidade do
laboratório definir sua política de qualidade, sua estrutura organizacional, administração de documentos e da
avaliação e manutenção do sistema e gestão.
De acordo com a ABNT NBR ISO/IEC 17025 : 2005, entre os requisitos da direção temos:
Ø Sistema de Gestão: a política de gestão do laboratório deve ser concordante com a Norma ISO/IEC
17025, seus clientes e tipos de serviços prestados. Todos os procedimentos, instruções, sistemas,
programas, instrumentação e políticas devem ser conhecidos e compreendidos pelos envolvidos nas
atividades e disponibilizados para serem usados e implementados. Tudo isso deve estar declarado no
Manual da Qualidade, definido na Política de Qualidade da organização, de forma clara, precisa e
simples.

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Ø Recursos Humanos: o gerente da qualidade indicado pelo laboratório deve programar o sistema de
qualidade, além de nomear substitutos e atestar que o pessoal envolvido no processo está ciente de
como contribuem para o bom funcionamento do sistema de gestão. O laboratório deve também definir
a estrutura organizacional e gerencial, detalhar a responsabilidade e a autoridade e inter-
relacionamento de todo pessoal que gerencia, realiza ou verifica trabalhos que afetam a qualidade dos
ensaios e/ou calibrações, bem como supervisionar adequadamente o pessoal que está em contato com
os ensaios e/ou calibrações, garantir recursos e operações técnicas que assegurem a qualidade
requerida pelo laboratório.
Ø Controle de Documentos: O laboratório deve estabelecer e manter procedimentos para controlar
todos os documentos que fazem parte do seu sistema de gestão, gerados internamente ou externamente,
tais como regulamentos, normas, métodos de ensaio e/ou calibração, assim como desenhos, softwares,
especificações, instruções e manuais. Após serem analisados criticamente e aprovados serão emitidos,
além de serem devidamente identificados, de forma que sua confidencialidade, segurança, preservação
e legibilidade sejam mantidas. Os procedimentos devem garantir que o laboratório tenha capacidade e
recursos para atender aos requisitos dos documentos e seja capaz de selecionar um método de
calibração e/ou ensaio para atender aos clientes. É aconselhável a elaboração de uma listra mestra que
defina o status da revisão atual do documento para se evitar a consulta a documentos inválidos ou
obsoletos. O controle de documentos deve prever o período de validade do mesmo até que uma nova
revisão seja feita. Novas revisões de documentos devem passar por nova crítica e aprovação realizada
pelas mesmas funções que realizaram a crítica original.
Ø Análise Crítica de Pedidos, Propostas e Contratos: ao receber proposta ou pedido de ensaios o
laboratório deve fazer uma análise crítica do mesmo visando à qualidade dos resultados e a satisfação
dos clientes, devendo a gerência técnica do laboratório compreender sua capacidade de realização de
ensaios, considerando equipamentos, metodologias, pessoal e disponibilidade de tempo para
realização dos mesmos de acordo com o solicitado pelo cliente. Todas as alterações nos pedidos e
propostas devem ser realizadas antes do início dos trabalhos e acordadas com o cliente.
Ø Subcontratação de Ensaios e Calibrações: quando o laboratório não possuir capacidade técnica ou
operacional para realização do ensaio solicitado pelo cliente, a norma prevê a subcontratação de outro
laboratório, desde que o mesmo seja competente para o trabalho a ser desenvolvido, por exemplo,
atendendo a norma ISO/IEC 17025. O cliente deve estar plenamente ciente e de acordo de que seu
ensaio solicitado será repassado a outro organismo, porém é o laboratório o responsável pelo trabalho
subcontratado. O laboratório deve manter um cadastro de todos os subcontratados que ele utiliza para

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ensaios e/ou calibrações, assim como registro da evidência da conformidade com esta norma para o
trabalho em questão.
Ø Aquisição de Serviços e Suprimentos: todos os reagentes e materiais de consumo só podem ser
utilizados depois de confirmadas as especificações desejadas e após serem analisados criticamente,
garantindo a confiabilidade dos ensaios. Depois de avaliar os fornecedores dos materiais de consumo,
suprimentos e serviços críticos que afetem a qualidade dos ensaios e/ou calibrações o laboratório e
deve manter registro dessas avaliações e listar os que foram aprovados.
Ø Relação com os Clientes: o laboratório deve cooperar disponibilizando ao cliente razoável acesso às
suas tarefas, deve procurar feedback dos clientes, incluindo pesquisas de satisfação e análise crítica
dos relatórios de ensaio e calibração, além de se mostrar disponível para orientação sobre assuntos
técnicos, bem como interpretações baseadas nos resultados aprimorando assim o sistema de gestão.
As reclamações devem ter um procedimento e uma política a serem seguidas, sendo registradas as
investigações e ações corretivas executadas. Através de tudo isso, o laboratório deve aprimorar
continuamente a eficácia do sistema de gestão por meio do uso da política da qualidade, resultados de
auditorias, análises de dados, ações corretivas e preventivas e através da análise crítica pela direção.
Ø Ações Corretivas e Preventivas: caso ocorra um problema ou uma não conformidade, tanto nas
atividades de ensaio e/ou calibração ou na gestão do laboratório, sendo identificada essa não
conformidade, o laboratório deve implementar sua política e procedimento para garantir a
responsabilidade e tomadas de ações, avaliando sua importância, efetuando correção imediata e se
necessário a notificação ao cliente e o cancelamento do trabalho, além da responsabilidade pela
autorização da retomada do trabalho. A política da qualidade deve prever ações corretivas para serem
efetivadas quando identificados problemas com o sistema de gestão ou com operações técnicas do
laboratório. Como a causa da não conformidade pode não ser óbvia, o procedimento para a ação
corretiva deve iniciar uma investigação muito cuidadosa para determinar a causa do problema. Depois
de identificado o problema, o laboratório deve selecionar e realizar as ações corretivas de tal forma
que elimine o problema e previna sua reincidência, garantindo a eficácia das ações através de um
monitoramento das ações corretivas e auditorias adicionais. A ISO/IEC 17025 previne as não
conformidades e promove melhorias, para isso, devem ser desenvolvidos, implementados e
monitorados planos de ação.
Ø Controle de Registros: o laboratório deve controlar todos os documentos através de procedimentos,
devendo preservar periodicamente os registros das observações originais, dados derivados e
informações suficientes para estabelecer auditorias, registros de calibração, registros do pessoal e uma
cópia de cada relatório de ensaio ou certificado de calibração emitidos serem seguros e com

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confidencialidade. Esses registros devem incluir a identificação dos responsáveis pela amostragem,
pela realização de cada ensaio e/ou calibração e pela conferência de resultados. Caso ocorra erros nos
registros, cada erro deve ser riscado, não devendo ser apagado, não deve ser tornado ilegível, nem
eliminado, devendo o valor correto ser anotado ao lado. A pessoa que fizer a correção deve assinar ou
rubricar a alteração. Devem ser tomadas medidas para se evitar perdas ou alteração de dados
armazenados eletronicamente.
Ø Auditoria Interna: o laboratório deve realizar, periodicamente, de acordo com um cronograma e
procedimento predeterminados, auditorias para verificar se as operações do laboratório continuam
servindo aos requisitos desta norma e também verificar e registrar a implementação e a eficácia das
ações corretivas. O responsável por planejar e organizar as auditorias internas é o gerente da qualidade.
Ø Análise Crítica: a Alta Direção deve realizar periodicamente uma análise crítica do sistema de gestão
do laboratório, das tarefas de rotina, resultados de comparações inter-laboratoriais de forma a
determinar incertezas de medição, limites de detecção, limites de confiança, para assegurar a contínua
adequação, eficácia e possíveis mudanças ou melhorias necessárias. Todas as constatações e ações
decorrentes dessas análises são registradas e a direção deve garantir que as ações sejam realizadas
dentro do prazo estipulado.

CRITÉRIOS TÉCNICOS

De acordo com Müller (2007), segundo a ISO/IEC 17025 são vários os fatores que determinam
os critérios técnicos dos ensaios e calibrações realizados por um laboratório, dentre eles: contribuições de
erros humanos, acomodações e condições ambientais, métodos de ensaio e calibração e validação de métodos,
equipamentos, rastreabilidade da medição, amostragem.
Ø Fatores Humanos: a competência de todos que operam equipamentos, realizam ensaios e/ou
calibrações, avaliam resultados e assinam relatórios deve ser assegurada pela direção do laboratório,
além disso, o responsável pela interpretação dos laudos necessita ter treinamento, conhecimento e
experiência e conhecimento das análises, além da importância dos desvios encontrados nas análises e
conhecimentos dos requisitos gerais expressos na legislação e nas normas. O laboratório deve autorizar
pessoas específicas para realizar tipos particulares de amostragem, ensaio ou calibração, para emitir
relatórios de ensaio, certificados de calibração, opiniões e interpretações e para operar alguns tipos
particulares de equipamentos. Se houver alguém em treinamento deve ser feita uma supervisão
adequada. As funções gerencial, técnico e apoio devem ser descritas pelo laboratório de todos
envolvidos em ensaios e/ou calibrações, e identificadas às necessidades de treinamento e

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proporcionadas ao pessoal, além de assegurar que todos trabalhem de acordo com o sistema de gestão
do laboratório.
Ø Acomodações e Condições Ambientais: para a realização correta dos ensaios, as instalações devem
ter atenção especial em relação à esterilidade biológica, poeira, umidade, alimentação elétrica,
temperatura e níveis sonoros e de vibração de acordo com as atividades técnicas em questão, além das
condições básicas como: fontes de energia, iluminação, condições ambientais. Assim o laboratório
deve assegurar que essas condições não invalidem os resultados ou afetem desfavoravelmente a
qualidade requerida da medição, além de evitar a contaminação cruzada, com atenção para a boa
limpeza e arrumação.
Ø Métodos de Ensaio e Calibração e Validação de Métodos: são utilizados pelo laboratório para todos
os ensaios e calibrações dentro do seu escopo, incluindo amostragem, manuseio, transporte,
armazenamento e preparação dos itens, bem como estimativa da incerteza de medição e técnicas
estatísticas para análise dos dados de ensaio ou calibração. O cliente e o laboratório devem estar de
acordo e desvios de métodos só devem ocorrer se esses estiverem documentados, tecnicamente
justificados, autorizados e aceitos pelo mesmo, sendo que no caso dele não especificar o método a ser
utilizado, o laboratório deve selecionar métodos apropriados que tenham sido publicados em normas
internacionais, regionais ou nacionais, por organizações técnicas respeitáveis, em textos ou jornais
científicos relevantes ou especificados pelo fabricante do equipamento, podendo também ser usados
métodos desenvolvidos ou adotados pelo laboratório, se forem apropriados para o uso e se estiverem
validados. O cliente deve ser informado sobre o método escolhido e o laboratório deve confirmar que
tem condição de operar adequadamente métodos normalizados, antes de implantar os ensaios ou
calibrações. Após a validação, os resultados obtidos, o procedimento utilizado e a declaração de
adequação do método são registrados. A validação deve atender às necessidades de uma determinada
aplicação, sendo sempre um equilíbrio entre custos, riscos e possibilidades técnicas. Um laboratório
de calibração ou de ensaio que realiza suas próprias calibrações deve ter e deve aplicar um
procedimento para estimar a incerteza de medição de todas as calibrações e tipos de calibrações. O
controle de dados é feito de maneira sistemática, ou seja, cálculos e transferências de dados devem ser
submetidos a verificações apropriadas. Durante a utilização de computadores ou equipamentos
automatizados para aquisição de dados, proteção de dados, integridade e confidencialidade da entrada
ou coleta, armazenamento, transmissão e processamento destes o laboratório deve assegurar que o
software seja acertado para o uso.
Ø Equipamentos: o laboratório deve ser provido de todos os equipamentos para amostragem, medição
e ensaio necessários para o desempenho correto destes, devem ser capazes de alcançar a exatidão

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desejada, devendo atender às especificações adequadas aos ensaios ou calibrações em questão. As
instruções atualizadas sobre o uso e manutenção do equipamento devem estar prontamente disponíveis
para uso pelo pessoal autorizado do laboratório, devendo estes serem averiguados e calibrados antes
de utilizados e operados por pessoas autorizadas. Registros de cada item do equipamento e do seu
software que sejam significativos como: nome do fabricante, modelo, instruções do fabricante, datas
de calibrações e ajustes, plano de manutenção, mau funcionamento ou reparos, etc.; deve ser guardado,
devendo ser retirados de serviço o equipamento que mostre ter defeitos ou estar fora dos limites
especificados.
Ø Rastreabilidade de Medição: todo equipamento utilizado em ensaios e/ou calibrações que tenha
efeito significativo sobre a exatidão ou validade do resultado do ensaio, calibração ou amostragem,
deve ser calibrado antes de entrar em serviço, devendo o laboratório estabelecer um programa e
procedimento para a calibração dos equipamentos. No caso das calibrações, o programa de calibração
do equipamento deve ser projetado e operado de forma que assegure que as calibrações e medições
pelo laboratório sejam detectável ao Sistema Internacional de Unidades (SI). Para equipamentos de
ensaio, os requisitos apresentados são aplicados a equipamentos de medição e ensaio utilizados nas
medições, a não ser que a contribuição associada à calibração pouco contribui para a incerteza total do
resultado do ensaio. Se a rastreabilidade das medições às unidades SI não for possível ou não for o
caso, são usados os mesmos requisitos para rastreabilidade para laboratórios de calibração, como
materiais de referência certificados. Os materiais de referência devem ser rastreáveis às unidades do
SI ou a materiais de referência certificados. Verificações intermediárias necessárias à manutenção da
confiança na calibração devem ser realizadas de acordo com cronogramas e procedimentos definidos.
Ø Amostragem: é um procedimento pelo qual uma parte de uma substância, material ou produto é
retirada para produzir uma amostra representativa do todo, para ensaio ou calibração. É apropriado
que os procedimentos de amostragem do laboratório descrevam a seleção, o plano de amostragem, a
retirada e a preparação de uma amostra ou amostras de uma substância, material ou produto para
produzir a informação exigida, identificação do amostrador, e que sejam guardados registros em
detalhes com os dados de amostragem apropriados.
Ø Manuseio de Itens de Ensaio e Calibração: o laboratório deve possuir procedimentos que confirmem
a integridade do item, instruções para manuseio, sistema de identificação, instalações adequadas para
evitar deterioração, perda ou dano do item durante seu armazenamento, manuseio ou preparação.
Ø Garantia da Qualidade de Resultados de Ensaio e Calibração: a validade dos ensaios e calibrações
realizadas deve ser monitorada por procedimentos de controle da qualidade. Os dados resultantes

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devem ser apontados de forma que as tendências sejam detectáveis, e quando possível, devem ser
aplicadas técnicas estatísticas para a análise crítica dos resultados.
Ø Apresentação de Resultados: os resultados de cada ensaio, calibração, ou série de ensaios ou
calibrações realizadas pelo laboratório devem ser relatados com exatidão, clareza, objetividade, sem
ambiguidade de acordo com quaisquer instruções específicas nos métodos de ensaio ou calibração,
além das informações indispensáveis para a interpretação dos resultados. Pode ainda, desde que
acordado com o cliente, ser emitido de forma simplificada, mas as informações que não forem relatadas
devem estar prontamente disponíveis no laboratório. O layout do relatório deve ser apresentado de
maneira que facilite a assimilação pelo leitor. Caso um ensaio seja subcontratado os resultados devem
estar claramente especificados a qual laboratório pertence. Todas as emendas feitas ao relatório devem
ser geradas como um novo documento que contenha a declaração de referência ao documento original,
contendo a declaração “suplemento do relatório___, número___” ou outra forma de redação
equivalente. O formato de relatórios e de certificados deve ser esboçado atendendo cada tipo de ensaio
ou calibração realizada para minorar a possibilidade de equívoco ou uso incorreto do mesmo.

BENEFÍCIOS NA OBTENÇÃO DA ACREDITAÇÃO DA ISO/IEC 17025:2005

Para Gomes e Sabaini (2011), a implantação de normas reguladoras facilita a troca de informações
entre laboratórios de diferentes países, os dados gerados estão inseridos em um mesmo sistema para garantir
a qualidade dos resultados proporcionando ainda a oportunidade de atuação em mercados dinâmicos e cada
vez mais exigentes, com melhores condições na participação de projetos e geração de publicações, além de
fomentar a competitividade nos mercados nacional e internacional.
De acordo com o INMETRO os benefícios de se obter a acreditação para um laboratório permitem
vantagens para todos os envolvidos, desde o laboratório até os consumidores finais.
Ø Para as organizações:
ü Oferece importante recurso por meio de um grupo de avaliadores de conformidade,
independentes e tecnicamente competentes.
ü Reforça a confiança nos serviços prestados.
ü Estimula os esquemas confiáveis de auto regulação do próprio mercado, promovendo a
competência e a inovação.
Ø Para os usuários:
ü Possibilita a tomada de decisões acertadas, diminuindo o risco baseado em avaliações
incorretas, ou a rejeição do seu produto pelo comprador que não aceita avaliações não
credenciadas.

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ü Garante a aceitação internacional dos produtos sem a precisar realizar repetições das avaliações
realizadas.
Ø Para os consumidores finais:
ü Inspira confiança no laboratório garantindo que o produto foi avaliado por um organismo
independente e competente.
ü Aumenta a liberdade de escolha e estimula um mercado livre, porém confiável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para os laboratórios de ensaio e/ou calibração a garantia da qualidade é expressa pelo


reconhecimento formal do cumprimento dos requisitos básicos para a acreditação de laboratórios constantes
na norma ISO 17025. No site do INMETRO encontra-se a relação de documentos que são necessários para a
obtenção da acreditação. Tais documentos são ótimas diretrizes para que o laboratório possa dar entrada ao
processo de acreditação, além da contratação de uma consultoria.
É de vital importância a etapa anterior à solicitação da obtenção da acreditação, ou seja, o efetivo
planejamento e atribuição de atividades. Mesmo não sendo exigência da ISO 17025, é importante a definição
de uma equipe exclusiva ligada à qualidade para que o trabalho seja direcionado com foco e dedicação.
A acreditação de um laboratório na ISO 17025 é garantia de se ter um serviço mais eficiente e
preciso, o que proporciona a prestação de serviços a empresas nacionais e internacionais, em diferentes e
importantes áreas como alimentação e meio ambiente, otimizando processos e reduzindo custos. Essa
obrigatoriedade do uso de normas nacionais ou internacionais reconhecidas faz as organizações se adaptarem
a práticas aceitáveis no Brasil e no mundo, adequando-se a padrões reconhecidos globalmente.
Assim, a adequação desses laboratórios é um fator extremamente positivo, pois a sociedade terá
resultados de qualidade e confiáveis. O consumidor então pode ter certeza do peso medido por uma balança
calibrada e certificada, podendo confiar no resultado do seu exame se o laboratório é certificado. Este trabalho
traz os princípios da norma para facilitar a compreensão da mesma.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO/IEC 17025: Requisitos Gerais
para a Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração. ABNT, 2005. Disponível em: http:
www.smarnet.com.br/qualidade/metrologia/17025.pdf.

GARVIN, David. A. Gerenciando a qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992.

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GOMES, A. P. G, SABAINI, P. S. Comparação de requisitos para a gestão de qualidade em laboratórios
segundo NBR ISO/ IEC 17025 e Boas Práticas de Laboratório (BPL). Brasília: Embrapa Agroenergia, 2011.
8p. (Embrapa Agroenergia. Circular Técnica, 09).

MÜLLER, Gabriela, Metodologia para Implantação de Sistema de Gestão em Laboratórios de Ensaio e


Calibração. Projeto de Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade de Brasília-UnB, Brasília, Distrito
Federal, Junho, 2007.

OLIVARES, Igor Renato Bertoni, Gestão de Qualidade em laboratórios. 3ªedição.Campinas, SP: Editora
Átomo,2015. 153p.

UETA, M.C. Carneiro, Fatores críticos na implementação da norma ISO/IEC 17025: Estudo de caso de um
laboratório de P&D governamental. Dissertação de Mestrado Profissional de Engenharia Mecânica,
Universidade de Taubaté, 2011.

VALLE, B. Bicho, G. G. ISO/IEC 17025: disponível em: http://www.realizaambiental.com.br/saibamais/a-


importancia-da-nbr-iso-ice-1-7025

INMETRO – ACREDITAÇÃO. Coordenação geral de acreditação – Cgcre.


Disponível em: www.inmetro.gov.br/credenciamento

INMETRO Credenciamento
Disponível em: www.inmetro.gov.br/credenciamento/vantagens.asp

Combo Laboratório, on line, disponível em: www.comexito.com.br/site3/curso/ISO-IEC17025

CAQ, Centro de Qualidade Analítica Laboratórios, on line, disponível em : http://www.cqa.com.br.

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AVALIAÇÃO DO GERENCIAMENTO PRODUTIVO DE FRANGOS DE CORTE EM
PROPRIEDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE JATAÍ-GO

EVALUATION OF PRODUCTIVE MANAGEMENT OF BROILER CHICKENS ON RURAL


PROPERTIES IN THE MUNICIPALITY OF JATAÍ-GO

CARVALHO, Renato Alves


BORGES, Greicielle da Silva
LIMA, Caroline Rocha de Oliveira

RESUMO: A região centro-oeste do Brasil tem grande destaque no agronegócio, sendo um dos maiores responsáveis da
movimentação econômica da região, considerado o maior produtor de grãos do país. O setor avícola também vem ganhando
reconhecimento, devido a instalação de grandes indústrias na região, na avicultura o processo desde o nascimento e todo o cuidado
tomado até o momento do abate dos frangos, são considerados fundamentais para um produto final com qualidade. Este trabalho
foi realizado juntamente com integrados e a empresa SHB, instalada no interior de Goiás, em busca de apontar os principais cuidados
que os granjeiros e responsáveis seguem para garantir o bem-estar das aves e que de certa forma interfere diretamente na qualidade
que deve ser seguidos em todo o processo de criação, em busca de evitar o estresse e o sofrimento animal, com procedimentos que
são essenciais, como o manejo nutricional, temperatura adequada, dentre outros, buscando sempre promover o conforto dos frangos.
Palavras-chave: Bem-estar dos frangos, processo de criação, qualidade.

ABSTRACT: The center-west region of Brazil has a major presence in agribusiness, being one of the main responsible for the
economic movement of the region, considered the largest grain producer in the country. The poultry sector is also gaining
recognition, due to the installation of large industries in the region, in poultry the process from birth and all the care taken until the
time of the slaughter of the chickes, are considered fundamental for a final product with quality. This work was carried out together
with integrated companies and the company SHB, located in the interior of Goiás, in an attempt to identify the main care that the
farmers and responsible people follow to guarantee the welfare of the birds and that in a way interferes directly in the quality that
must Be followed throughout the breeding process, in order to avoid stress and animal suffering, with procedures that are essential,
such as nutritional management, adequate temperature, among others, always seeking to promote the comfort of the chickes.
Keywords: Chicken welfare, process of creation, quality.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil a importância que o agronegócio representa na economia é indiscutível, sendo algumas


regiões brasileiras consideradas polos agroindustriais de excelência. A região Centro-Oeste, destacando o
sudoeste goiano, merece atenção neste contexto, principalmente quando apontamos a produção de grãos e a
avicultura. Por consequência de atrativos agrícolas, como terras produtivas, clima e relevo favoráveis, dentre
outros fatores, importantes indústrias consolidaram nesta região do Brasil.
A produção em escala industrial e alta exigência do mercado proporcionaram no setor avícola, nas
diferentes cadeias produtivas, um incremento de tecnologia no intuito de ter rentabilidade, sustentabilidade e,
sobretudo, produzir alimento de qualidade para atender o mercado interno e externo. Assim, normatizações e
aplicações de boas práticas de gerenciamento e produção, constituem em exigências primordiais dentro dos
criatórios e indústrias a fim de garantir a qualidade do produto final, desde o início do processo.
No que diz respeito à produção de aves, medidas exigentes, do ponto de vista sanitário e de
manejo, são adotadas desde que os ovos são coletados, levados para os incubatórios até o nascimento dos
pintinhos, para serem destinados às granjas. Essas medidas fazem parte de um importante ciclo produtivo. Já
nas granjas, medidas de manejo, nutrição adequada a cada categoria, infraestrutura de galpões que atendam

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às exigências, condições que proporcionem bem-estar animal, adoção de medidas de biossegurança,
gerenciamento de resíduos, dentre outros fatores, são essenciais para a sustentabilidade e para se obter êxito.
Atenção especial deve ser direcionada às instalações nos aviários, onde comedouros, bebedouros, cortinas,
exaustores, controladores de temperatura, dentre outros itens, devem estar de acordo com as normas técnicas
preconizadas. Só assim, poder-se-á ter êxito na atividade.
Por acreditar na importância desse tema no contexto nacional e regional houve por parte da equipe
de pesquisadores interesse em realizar um estudo de caso sobre o tema em questão. A pesquisa foi realizada
na unidade da SHB (Sadia Hallal Brasil, antiga BRF), instalada na cidade de Jataí-GO e direcionou-se na
busca de informações sobre os cuidados adotados em criatórios de aves de corte, por meio de observação in
loco e posterior descrição do processo.

2 OBJETIVOS

Analisar os principais parâmetros relacionados ao gerenciamento produtivo de aves de corte, em


estabelecimentos rurais do município de Jataí, Goiás, trazendo informações relevantes acerca dos
procedimentos envolvidos na fase primária deste processo produtivo.

3 REVISÃO DA LITERATURA

No Brasil a produção de frango de corte tem avançado cada vez mais, principalmente em relação
ao mercado externo. De acordo com SANTOS et al (2015), a avicultura é uma área que tem se desenvolvido
muito nas últimas décadas e seu progresso não se ateve apenas ao número de aves abatidas ou ao número de
ovos produzidos. Esta evolução se deu, principalmente, em consideração à sua importância econômica e social
no que diz respeito ao seu baixo custo de aquisição, sendo uma importante fonte de proteína acessível às mais
diferentes classes sociais.
Em todo o processo de produção dos alimentos, sabe-se que, as características sensoriais do
produto final apresentam extrema relevância quanto à fidelização dos consumidores. No entanto, ainda mais
relevante torna-se a disseminação do conhecimento a este consumidor acerca de toda a conjuntura empregada
para obtenção do alimento, detalhando, de forma clara os caminhos que o produto percorreu e os processos
tecnológicos a que foi submetido para a obtenção de um produto final de qualidade. Neste contexto, verifica-
se que, poucos estudos se dedicam a investigar a primeira etapa do processo produtivo de aves, incluindo a
descrição de conquistas no campo do melhoramento genético das aves, no arraçoamento, na ambiência do
alojamento e nos aspectos sanitários (MACHADO; REIS; VENDRAMETTO; NÄÄS; 2014).

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A produção primária na avicultura de corte é considerada uma das mais eficientes nas diferentes
cadeias produtivas de carne. Desse modo, o entendimento do processo de gestão de manejo e de logística
operacional são essenciais para o sucesso da atividade. Segundo SANTOS et al (2015), a qualidade da carne
começa a ser pensada desde o manejo pré-abate, o qual é formado pela captura da ave, carregamento,
transporte e tempo de espera no abatedouro.
Por ocasião do gerenciamento produtivo das aves, os principais parâmetros a serem considerados
são: ciclo de vida, temperatura dos aviários, manejo nutricional, da cama do aviário e de resíduos da avicultura,
transporte ao frigorífico, saúde e Bem-Estar Animal.
De acordo com a Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) n.56/2007, o artigo 4º inciso II menciona que as granjas avícolas devem ser submetidas a manejo
produtivo comum, sendo isoladas de outras atividades de produção avícola, por meio de barreiras físicas
naturais ou artificiais, sendo composta por um ou mais núcleos de produção (BRASIL, 2007).
De acordo com a EMBRAPA (2006), o local do aviário deve ser estudado, pois o mesmo deve
estar localizado em um local tranquilo, respeitando-se as distâncias mínimas sugeridas entre o galpão de
frango de corte e outros estabelecimentos avícolas com produções diferentes. O aviário de frangos de corte
deverá estar distante pelo menos cinco quilômetros das granjas de linhagens puras, bisavós, avós e qualquer
tipo de incubatório.
Ainda, devem se localizar a uma distância mínima de um quilômetro dos abatedouros de qualquer
finalidade e a três quilômetros de estabelecimentos de matrizes e de aves comerciais. O material empregado
na construção deve possuir superfície lisa, que possibilite a limpeza e desinfecção. Preconiza-se o isolamento
do galpão com as demais dependências da propriedade rural por meio de barreiras ecológicas, a exemplo do
plantio de árvores não frutíferas, as quais servirão de barreira de proteção às dependências do aviário.
O trânsito de pessoas, animais e veículos próximo aos aviários deve ser monitorado e limitado,
visando impedir o estresse das aves. Acrescente-se que, medidas de biossegurança, como a utilização de
equipamentos de proteção individual na granja, bem como, a higienização dos indivíduos que adentrem o
recinto são previstas em legislação e devem ser cumpridas integralmente, a fim de se garantir a higidez das
aves (EMBRAPA; 2006).
O manejo nutricional é baseado na administração de rações específicas para o desenvolvimento
das aves, visando, sobretudo, a melhor utilização dos nutrientes da dieta, a fim de se obter excelência nos
processos de conversão alimentar (LAGANÁ; RIBEIRO; 2007). Dessa forma, durante o ciclo de vida, as
aves receberão três tipos de rações diferentes e específicas para cada estágio de vida (SOUZA; 2015). Portanto,
a dieta é alterada no estágio inicial, sendo de um a 28 dias de vida; estágio de crescimento, sendo de 29 dias

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até sete dias antes do abate e por fim, o acabamento, preconizado aos sete dias antes do abate (SANTANA;
SANTOS; SANTANA; et al. 2016).
A temperatura interna dos aviários é um importante parâmetro a ser monitorado nas propriedades
rurais, visto que, as aves são muito sensíveis ao calor. Dessa forma, a menor variabilidade de temperatura no
ambiente de criação, bem como, a ventilação adequada e a circulação do ar, concorrem para o conforto térmico
das aves e, consequentemente, melhor conversão alimentar e maior taxa de crescimento (HOLZ; BACCIN;
CASAGRANDE; et al. 2014). O uso de ventiladores, exaustores, climatizadores, bem como, o monitoramento
da densidade, devem ser considerados, a fim de se evitar o estresse térmico das aves, condição que afeta o
desempenho produtivo e a sanidade animal, podendo até mesmo culminar em mortalidade do plantel
(FERNANDES; DIAS FERNANDES; MOUSQUER; 2014).
Paralelamente, o aquecimento dos pintinhos, em temperatura de 35ºC, é fundamental para
manutenção da vida da ave no primeiro momento de vida (CORDEIRO; TINÔCO; SILVA; et al. 2010). Os
pintinhos são alojadas em um círculo de proteção, no interior do aviário, visando manter as aves protegidas,
proporcionando adaptação ao ambiente e mantendo as aves próximas a fonte de calor, aos bebedouros e
comedouros e evitando correntes de ar (MENEGALI; TINOCO; CARVALHO; et al. 2013).
De acordo com SANTOS; RABELO; PANDORFI; et al (2012), as temperaturas ambientais ideais
para frangos de corte de acordo com a fase de criação, do nascimento ao abate, são: aves de 1 a 7 dias de 35°C,
para aves de 8 a 14 dias de 32°C, aves de 15 a 21 dias de 29°C, aves de 22 a 28 dias de 27°C, aves de 29 a 35
dias, temperatura de 24°C e aves de 35 dias até o abate temperatura 21°C.
A manutenção da temperatura correta é necessária para impedir o estresse térmico do animal. De
acordo com LAGANÁ; RIBEIRO (2007), uma ave sofre estresse por calor quando produz mais calor do que
pode dissipar. Assim, na tentativa de ajustar a temperatura da ave o consumo de alimento deve ser reduzido,
pois em condições de alta temperatura pode afetar o ganho de peso e a produtividade da granja.
A cama de aviário é um importante coadjuvante deste processo, visto que, sua função é garantir o
isolamento térmico entre o solo e o animal, proporcionando a diminuição da umidade e garantindo o conforto
das aves. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA, 2016), pode-se reutilizar a cama de
aviário desde que a mesma esteja seca, não seja proveniente de plantel que tenha apresentado desordem
sanitária e que estejam resguardados os procedimentos de desinfecção para reutilização. Paralelamente, os
resíduos da produção, como carcaças e cama de aviário devem ser trabalhados em compostagem.
Atenção especial também deve ser direcionada ao transporte dos animais aos frigoríficos.
Condições de conforto, evitando o transporte em períodos de temperatura elevada, excesso de animais por
área, condições de higiene e biossegurança dos caminhões sendo estes adequados para esta finalidade são

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essenciais. O motorista deve evitar o excesso de ruídos, excesso de vibrações e traumas que o transporte pode
gerar (SILVA; SIMÕES; ROSA; et al. 2011).
O Bem-Estar Animal (BEA) foi instituído no Brasil por meio da publicação do Decreto n° 24.645
de 10 de julho de 1934 que estabeleceu medidas de proteção aos animais (BRASIL, 2017). Trata-se de uma
norma de gerenciamento, visando atender, sobretudo, as diferentes necessidades dos animais, atuando na
promoção da saúde, além de descrever as diretrizes para condições adequadas e seguras para abrigo, nutrição,
transporte e abate dos animais. Em relação à produção de aves, o BEA abarca um conjunto de procedimentos
visando garantir a qualidade da carne de frango. Trata-se de um modelo humanitário desenvolvido para evitar
o sofrimento ou o estresse do animal em todos os elos da cadeia produtiva, desde a criação, o transporte e o
abate, a fim de impedir que o produto final sofra alterações em sua composição e tenha sua vida de prateleira
reduzida (SILVEIRA; 2013).
A ABPA (2016) cita sobre as “Cinco Liberdades”, presentes no Comitê Brambell, que devem ser
respeitadas e servir como base para a elaboração do programa de Bem-Estar animal. Portanto, durante a
criação deve-se assegurar que as aves sejam manejadas livres de medo e angústia, livres de dor, sofrimento e
doenças, livres de fome e sede, livres de desconforto e livres para expressar seu comportamento normal.
A consolidação da cadeia produtiva de aves integrou o sistema granja-indústria, no qual a
agroindústria fornece as aves, a ração e as orientações técnicas para produção aos granjeiros (MACHADO;
REIS; VENDRAMETTO; NÄÄS; 2014). Portanto, é imprescindível que o profissional, responsável pela
propriedade, e os colaboradores, que trabalhem diretamente com as aves, sejam detentores de conhecimento
teórico-prático das particularidades relacionadas aos parâmetros de gerenciamento supracitados, a fim de se
monitorar com precisão e intervir com exatidão quando necessário.
Segundo a ABPA (2016), as propriedades rurais devem possuir um programa de biosseguridade e
Boas Práticas de Produção, sendo estes, totalmente implementados nas granjas. Como exemplo, deve-se
garantir que todos os medicamentos e produtos químicos sejam identificados e armazenados de acordo com
instruções, em local apropriado e sob prescrição veterinária, a fim de se garantir que sejam utilizados produtos
registrados e aprovados para o uso.

4 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido pela Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Jataí, no período de
setembro de 2016 a março de 2017, a fim de se analisar e descrever o gerenciamento produtivo de frangos de
corte em propriedades rurais do município de Jataí, Goiás, fornecedoras de aves vivas para a indústria Sadia
Hallal Brasil.

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É importante destacar que a indústria supracitada recebe animais de 90 aviários, por sistema de
parceria indústria-propriedade rural. Neste estudo, foram considerados seis aviários, localizados em duas
propriedades rurais de diferentes donos.
A fim de subsidiar os dados da pesquisa, foram realizadas entrevistas técnicas aos colaboradores
dos referidos estabelecimentos, aplicando-se um questionário sobre “Noções de gerenciamento de aves, desde
sua chegada à granja até o momento de seu transporte à indústria beneficiadora”. Foram realizadas as seguintes
perguntas: 1) Qual a procedência dos pintinhos adquiridos pela granja? 2) Quais cuidados devem ser tomados
no momento do recebimento e nos primeiros dias de vida dos pintinhos nas granjas? 3) Quais procedimentos
devem ser adotados para o bom desenvolvimento das aves? 4) Quais os principais fatores relacionados ao
insucesso do desenvolvimento das aves? 5) Quais as exigências devem ser observadas para se garantir o
adequado transporte das aves para a indústria de beneficiamento? 6) Quais medidas a propriedade deve adotar
para assegurar a saúde e o Bem-Estar das aves?
Paralelamente, todos os aviários e demais setores das propriedades rurais foram inspecionados, a
fim de se verificar, in loco, a implementação das atividades relacionadas à produção das aves e confrontar se
as informações obtidas com o questionário estavam condizentes com a realidade dos estabelecimentos rurais.
Os resultados obtidos por ocasião da aplicação dos questionários e durante a verificação in loco
dos estabelecimentos rurais foram analisados descritivamente.

5 RESULTADOS

Os aviários que fornecem aves para a unidade Sadia Hallal Brasil – SHB – One Foods, por sistema
de parceira, são assistidos por dois profissionais técnicos, sendo um técnico em agropecuária e um médico
veterinário. Os dois colaboradores dedicam tempo integral à gestão dos aviários, a fim de impedir que não
conformidades e imprevistos coloquem em risco a integridade dos aviários. Por ocasião deste estudo, foram
entrevistados dois colaboradores dos aviários selecionados para a pesquisa (granjeiros) e o técnico em
agropecuária.
Em relação aos resultados dos questionários, verificou-se que a totalidade dos pintinhos que
abastecem as granjas são oriundos do incubatório da SHB, localizado no município de Jataí, Goiás. O técnico
mencionou que, em média, são alojados 25.000 pintinhos em cada aviário, sendo a taxa de mortalidade
estimada em média de 5%, ou seja, 1.250 pintinhos.
Quanto aos cuidados adotados nas granjas no momento do recebimento e nos primeiros dias de
vida dos pintinhos, os colaboradores mencionaram a importância da atenção durante o caminhar no interior
dos galpões, para não haver o pisoteio dos animais. Comentaram ainda sobre a importância da distribuição

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uniforme da ração e da água, assim como, da altura dos bebedouros, que deve estar à altura dos olhos dos
animais.
A fim de garantir o adequado desenvolvimento das aves, a integridade e índices produtivos do
estabelecimento, os entrevistados ressaltaram a necessidade do monitoramento constante da temperatura dos
galpões, da ventilação, da limpeza do ambiente e do manejo nutricional adequado. Por isso, destacaram a
importância do funcionário residir próximo ao aviário, para acompanhamento ostensivo destes parâmetros.
Paralelamente, o técnico agropecuário ressaltou a importância do comprometimento e da aptidão dos
colaboradores com o desenvolvimento das funções inerentes à atividade em questão.
Quanto aos fatores relacionados ao insucesso do desenvolvimento das aves os entrevistados
apontaram os problemas inerentes à má distribuição da ração para as aves, os problemas mecânicos de
equipamentos, tais como aquecedores, exaustores e geradores de energia, a não observação das medidas de
biosseguridade, a ocorrência de problemas sanitários do plantel, a má qualificação dos granjeiros e a não
adoção das medidas de Bem-Estar Animal.
Os resultados da questão cinco revelaram que dentre os cuidados para se garantir o adequado
transporte das aves, o manejo correto durante a “pega” das aves é uma conduta essencial para evitar lesões,
como hematomas, o que pode comprometer a qualidade do produto final. A distribuição das aves nas caixas
para transporte também deve ser realizada cuidadosamente para evitar superlotação, ferimentos e morte por
asfixia. Os colaboradores também mencionaram a importância do cumprimento do horário, seguindo o
cronograma estabelecido pelo setor de transporte da SHB, a fim de evitar que as aves sofram estresse térmico
no percurso. O técnico agropecuário também ressaltou a importância do treinamento para os motoristas, que
devem conhecer as regras básicas de velocidade, para segurança e Bem-Estar das aves durante o transporte
até a indústria.
Quanto às medidas adotadas na propriedade para assegurar a saúde e o Bem-Estar das aves, os
colaboradores responderam que é preciso garantir o conforto das mesmas dentro do aviário, evitando a
superlotação do recinto. Os entrevistados mencionaram ainda a importância da manutenção da higiene das
instalações, da integridade da cama de frango, da manutenção da temperatura adequada e da circulação do ar
dentro do aviário, do fornecimento de ração e água de qualidade e de impedir situações que possam causar
estresse nos animais, durante o período de alojamento.
A inspeção dos aviários permitiu verificar o manejo, bem como, as condições estruturais e
higiênico-sanitárias dos estabelecimentos. A Figura 1 apresenta exemplos de situações de conformidade com
a legislação, identificadas durante as visitas. A Figura 2 revela a presença de não conformidades dos
estabelecimentos rurais durante o período do estudo.

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A B

C D

Fonte: Arquivo Pessoal (2016)


Figura 1: Gerenciamento produtivo de aviários fornecedores de aves vivas para a indústria Sadia
Hallal Brasil evidenciando presença de conformidades técnicas. Em A, presença de barreira ou
cerca viva ao redor do aviário. Em B, organização das áreas adjacentes ao aviário. Em C, aviário
pronto para recebimento dos pintinhos, evidenciando a distribuição dos comedouros, bebedouros
e ventiladores. Em D, aviário perfeitamente adequado à instalação das aves, com distribuição
adequada de comedouros e bebedouros e ausência de superlotação.

A Figura 2 revela a presença de não conformidades dos estabelecimentos rurais durante o período
do estudo.
É importante destacar que, os desvios identificados durante as visitas técnicas foram relatados aos
colaboradores e responsáveis técnicos dos estabelecimentos, sugerindo-se a adoção de um plano de ação para
reestabelecer as condições de conformidade dos itens citados na imagem.

A B

C D

Fonte: Arquivo Pessoal (2016)


Figura 2: Gerenciamento produtivo de aviários fornecedores de aves vivas para a indústria Sadia
Hallal Brasil evidenciando presença de não conformidades técnicas. Em A, estrutura de contenção do
aviário com presença de avarias. Em B, presença de umidade na cama de aviário; Em C, arco de
desinfecção sem eficiência. Em D, manejo inadequado dos equipamentos.

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6 DISCUSSÃO

Inicialmente, de acordo com a visita técnica realizada in loco, foi possível observar que os
colaboradores, mostram-se capacitados e com conhecimento técnico acerca das atividades inerentes aos
diferentes setores produtivos, estando de acordo com as considerações apontadas por outros estudiosos
(PESSOA; SOUZA; FERRAZ; et al. 2013). Entretanto, o treinamento continuado apresenta-se necessário,
fato este não relatado pelos entrevistados. Essa condição apresenta-se essencial e preocupante dentro do
criatório (EMBRAPA; 2006).
Os cuidados apontados pelos entrevistados no que diz respeito à Questão 1 descrita neste estudo,
revelaram também que o conhecimento sobre o assunto era pertinente. Conceitos importantes, como forma de
manejo, localização de comedouros e bebedouros, manejo alimentar nas diferentes categorias foram
respondidos estando de acordo com a literatura especializada (LAGANA; RIBEIRO; 2007) Cuidados como
evitar o pisoteio dos pintinhos dentro dos galpões também foram citados na entrevista estando dentro dos
padrões (MENEGALI; TINOCO; CARVALHO; et al. 2013).
A importância da temperatura dos galpões nas diferentes categorias ou fases no criatório também
foi respondida de foram correta pelos entrevistados. A fim de garantir o adequado desenvolvimento das aves,
a integridade e os índices produtivos do estabelecimento, os entrevistados ressaltaram a necessidade do
monitoramento constante da temperatura dos galpões, da ventilação, da limpeza do ambiente, do manejo
nutricional adequado. Por isso, destacaram a importância do funcionário morar em residência localizada
próximo ao aviário, para acompanhamento ostensivo destes parâmetros. Todos os pontos citados apresentam
concordância com a legislação vigente (EMPRABA; 2006), mostrando que os entrevistados mostravam-se
habilitados ao exercício da função.
Os problemas inerentes à má distribuição da ração para as aves, independente das causas foram
apontados pelos entrevistados, sendo considerados pela literatura consultada como de importância indiscutível
dentro do sistema de produção (LAGANÁ; RIBEIRO; 2007).
Quanto às medidas adotadas na propriedade para assegurar a saúde e o Bem-Estar das aves, os
colaboradores responderam que é preciso garantir o conforto das aves dentro do aviário, evitando a
superlotação do recinto. Todas essas preocupações também foram citadas por outros estudiosos, demostrando
a importância deste procedimento (SANTOS; RABELO; PANDORFI; et al. 2012).
De acordo com a questão 5, foi observado que no transporte, as caixas eram colocadas para que
ocorra um mínimo de movimento entre elas, evitando risco de acidentes ou que as mesmas se soltassem. O
transporte era realizado nos períodos noturnos, estando a temperatura mais amena, favorecendo o bem-estar
das aves, reduzindo perdas por mortalidade e consequente prejuízo ao criatório. De acordo com MACHADO;

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et al (2014), o transporte é um ponto crítico para a atividade, sendo as condições acima descritas citadas pelos
autores como concordantes nas práticas de manejo para este fim. Segundo SILVA; SIMÕES; ROSA; et al.
(2011), o transporte causa desde leve desconforto, com alterações na qualidade final da carne, até a morte dos
animais. A distância, e outros fatores podem contribuir com o aumento da mortalidade, como a condição de
saúde do animal, estresse térmico, e traumas ocorridos nas etapas de apanhe e carregamento dos frangos.
Conforme a questão 6, em todo processo se busca a saúde e o bem-estar animal, EMBRAPA
(2006), a saúde das aves depende do respeito aos cuidados básicos de biosseguridade tais como: higienização
das instalações, organização e limpeza no ambiente de produção, o correto descarte dos resíduos da produção,
o vazio das instalações entre alojamentos, a alimentação sem contaminantes, dentre outros cuidados.

7 CONCLUSÃO

De acordo com a pesquisa realizada foi possível ver e conhecer todo o processo de manejo na
avicultura, partindo do ponto inicial que é a preocupação na construção dos aviários de maneira a proporcionar
o bem-estar animal. A importância que se deve dar a todo o processo desde a chegada dos pintinhos até o
apanhe das aves para o abate.
Na observação foi possível perceber que a busca da excelência é constante, sendo o conhecimento
dos entrevistados sobre o assunto inquestionável. Tal fato demonstra que a qualificação é uma condição
notória para a sustentação dessa atividade.
Por fim, a realização dessa pesquisa de campo e a entrevista permitiram observar a preocupação
em todo o processo de manejo na avicultura, em busca de estar sempre dentro das normas de qualidade e
higiene, pois a qualidade do alimento vai interferir diretamente no sucesso do granjeiro futuramente.

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ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE UMA POLÍTICA SALARIAL EM EMPRESA
AGROINDUSTRIAL

WAGE POLICY'S PREPARATION AND DEPLOYMENT IN AGROINDUSTRY FIRM

Fernanda Carvalho Parreira Gouveia

RESUMO: O processo de gestão de pessoas é dinâmico, especialmente no que se refere aos programas de remuneração e
desenvolvimento de carreiras. Dentro desse contexto, este artigo tem por finalidade demonstrar de forma clara e objetiva todas as
etapas para a implantação de um Plano de Cargos e Salários em uma empresa agroindustrial, bem como suas vantagens depois de
implantado. Para realização deste trabalho foram feitas pesquisas bibliográficas, além do estudo realizado na própria organização e
sua viabilidade. A finalidade de um plano de remuneração, além de organizar a estrutura de Recursos Humanos de uma empresa é
também de proporcionar aos colaboradores a possibilidade de crescimento profissional. Nesse contexto, a implantação deste plano
proporcionou um maior equilíbrio interno no que se refere ao ambiente de trabalho e o equilíbrio externo no que se refere ao contexto
mercadológico.
PALAVRAS-CHAVE: Recursos Humanos, crescimento profissional, carreiras, equilíbrio.

ABSTRACT: The process of staff management is dynamic, especially when it is referred based on remuneration program and
carries development. In this context, this paper has for purpose to show in a bright and goal way all the stages to establish of a Wage
Policy in an agroindustry firm, as well as its advantages after it has been established. To realize this paper literature review were
made, besides the study in its own organization and its availability. The objective of a remuneration program, besides the organize
the structure of Human Resources department of enterprise is also to allow to the collaborators the chance of professional growth.
In this context, the deployment of this plan has allowed a higher internal balance in the relationship in work environment and the
external balance in the market scenery.
KEY-WORDS: Human Resources, professional growth, carriers, balance.

INTRODUÇÃO

No atual contexto mercadológico um dos grandes desafios das organizações é estruturar de forma
adequada um plano de remuneração que atenda de forma objetiva as expectativas e necessidades de seus
colaboradores considerando a política da empresa.
Levando em conta ser o Plano de Cargos e Salários ser o ponto inicial para uma melhor
estruturação da área de Recursos Humanos, é preciso que haja iniciativa por parte da Organização para que o
mesmo seja elaborado e implantado contendo diretrizes a serem seguidas.
A implantação de um projeto de Gestão de Cargos e Salários é de fundamental importância, pois
define a remuneração adequada de cada cargo, além de descrevê-los de forma justa, tornando possível o
equilíbrio salarial através de uma remuneração condizente.
Porém, elaborar, implantar e manter uma política de remuneração não é uma tarefa simples.
Independente do tamanho da organização a elaboração de um projeto desse nível passa pelas mesmas etapas.
O presente artigo tem o objetivo de apresentar de forma clara todo o processo de implantação
do Plano de Cargos e Salários realizado no Laboratório Exata. Empresa localizada na cidade de Jataí GO, que
está a mais de 20 anos no mercado, atuando na região no que se refere a análises agroindustriais.
Para que fosse implantado o projeto mencionado na empresa, foi preciso realizar algumas etapas
para sua estruturação, as quais são de fundamental importância para o início desse projeto. Dentro das etapas,

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foi realizada a descrição de todos os cargos existentes na empresa, além do quadro de distribuição de trabalho
(QDT). Posteriormente foi definido o método de avaliação por pontos para a realização da avaliação dos
cargos, e como forma de avaliação para a progressão horizontal dos colaboradores foi elaborada uma avaliação
de desempenho a qual foi utilizada como ferramenta para proporcionar crescimento profissional.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os conceitos descritos a seguir foram primordiais para embasar esta pesquisa e também a
elaboração do projeto relatado neste trabalho.

2.1. DESCRIÇÃO DE CARGOS

Dentre as atividades organizacionais que devem uma empresa se preocupar, está descrição e o
entendimento das tarefas que envolvem cada cargo existente na organização. Cargos não existem ao acaso,
eles são a composição de todas as atividades desempenhadas por uma pessoa que podem ser englobadas em
um todo unificado e que figura numa posição formal do organograma de uma empresa. A descrição do cargo
é à base do sistema de administração de salários, pois a partir das suas informações é possível estabelecer
critérios e técnicas de remuneração.
Administrar cargos e salários pressupõe conhecer profundamente cada função do conjunto de
cargos da empresa, no que diz respeito aos requisitos mínimos estabelecidos para poder atribuir, com
segurança um valor relativo que se traduza em valor absoluto justo, compatível com a estrutura de cargos da
empresa, suas disponibilidades e com o mercado de trabalho concorrente.
O número de informações retirado da descrição dos cargos servirá tanto para a avaliação dos
cargos, quanto para outras finalidades, como: recrutamento e seleção de funcionários, treinamento, segurança
etc.
É importante salientar que no momento da realização das descrições dos cargos da organização os
responsáveis devem avaliar de forma clara e objetiva para que não haja desvios nos propósitos a serem
atingidos. A descrição do cargo relaciona de maneira breve as tarefas, deveres e as responsabilidades do cargo.
Para GIL (2008, p.175 e176), a análise e descrição de cargos podem ser concebidas como ponto
de partida para o tratamento da maioria dos problemas no campo dos Recursos Humanos. Entre suas funções
estão:

A determinação do perfil do ocupante para definir os procedimentos para a seleção do pessoal;


O fornecimento dos dados necessários para o levantamento de necessidades e seleção dos

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conteúdos dos programas de treinamento de pessoal; O fornecimento de dados para subsidiar
os programas de higiene e segurança no trabalho; O fornecimento de informações para o
supervisor e o empregado acerca dos padrões de desempenho no trabalho; O fornecimento de
subsídios para avaliação para avaliação de cargos e determinação das faixas salariais; A
determinação das linhas de autoridade e responsabilidade na organização; O fornecimento de
subsídios para a implantação de sistemas de avaliação de mérito.

A descrição dos cargos funciona como um mapeamento do trabalho realizado dentro da


organização, ela serve de apoio para a realização de recrutamento e seleção, serve como base para avaliação
e classificação dos cargos, avaliação de desempenho, além de ser um guia para os Gerentes, os quais podem
frequentemente analisar o cargo e o desempenho de seu ocupante.
Os cargos constituem os meios através dos quais a organização aloca e utiliza seus recursos
humanos para alcançar seus objetivos, por meio de determinada estratégia. Dada a sua importância na estrutura
organizacional, os cargos precisam ser descritos, projetados, delineados, definidos e estabelecidos.

2.2 QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO DE TRABALHO (QDT)

A análise de distribuição de trabalho realça os pontos onde se encontram as maiores concentrações


de trabalho, bem como os pontos onde há pouca concentração de trabalho. Os problemas decorrentes de uma
má distribuição são percebidos através de reclamações de colaboradores, os quais percebem tais falhas
relacionando suas atividades com as de seus colegas de trabalho. Faz-se necessário uma análise bastante
criteriosa, que levante as rotinas, os tempos e as demandas por cada tarefa para que então se tenha uma real
visão de quais fatores levam a uma unidade estar com capacidade ociosa ou sobrecarregada.
De acordo com Cury (2009, p. 413), o exame do trabalho realizado individualmente permite, entre
outros dados:
Diagnosticar eventuais tempos mortos; Identificar as tarefas de maior importância ou que
exijam maior tempo de manipulação; Controlar a correspondência entre o treinamento dos
empregados e as tarefas a estes atribuídas; Verificar a existência de um equilíbrio na
distribuição das várias tarefas.

O quadro de distribuição do trabalho – QDT é uma técnica de organização de processos focada,


principalmente, na distribuição mais adequada das tarefas para cada funcionário dentro da empresa ou de um
setor específico. Visa à racionalização e balanceamento das tarefas quanto ao tempo de execução, quantidade
de funções atribuídas a cada pessoa.
O Quadro de Distribuição do Trabalho ajudará a empresa em diversos fatores, podendo contribuir
na diminuição de conflitos internos, tensões motivacionais e problemas relacionados aos aspectos funcionais.
De certa forma este é considerado um instrumento que descreve as tarefas desenvolvidas dentro de uma área,
especificando o tempo gasto entre os participantes em tal atividade. Contudo, essa análise pode ser considerada
demorada e trabalhosa, mas seus resultados com certeza serão satisfatórios.

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Cury (2009 p. 412) define a análise da distribuição do trabalho como “uma técnica especializada
de Organizações e Métodos, tendo como finalidade avaliar a distribuição das atividades entre os diversos
órgãos e, dentro destes, quais as tarefas individuais de cada empregado”.
Para a realização da análise da distribuição do trabalho é preciso utilizar um instrumento chamado
de Quadro de Distribuição do Trabalho – QDT. Através desse quadro é possível efetuar de forma eficiente e
eficaz a distribuição da carga de trabalho entre os empregados, evitando assim, qualquer desequilíbrio no que
diz respeito às atividades/ tarefas a serem desenvolvidas.
Segundo Cury (2009, p.413), “para se conseguir uma adequada análise da distribuição do trabalho,
é indispensável o desenvolvimento de uma sequência ordenada de operações, visando obter, liminarmente, as
seguintes informações”:

Quais as tarefas individuais desenvolvidas pelos diversos empregados de um órgão sob


análise; Qual o tempo gasto, por empregado, por tarefa, num certo período de tempo (uma
semana, por exemplo); Quais as atividades desenvolvidas pelo órgão, em ordem decrescente
de importância, segundo a ótica de seu gerente; Qual a distribuição das atividades dos órgãos
em tarefas, pelos respectivos empregados.

O Quadro de Distribuição de Trabalho também permite diagnosticar possíveis perdas de tempo


nos processos; tarefas de maior importância ou que exigem maior tempo, além de auxiliar no equilíbrio da
distribuição das diversas tarefas.
Oliveira (2005, p.334) aponta que as empresas podem estabelecer três objetivos básicos do modelo
de estudo da distribuição da carga de trabalho:

Distribuir, de forma balanceada, entre as unidades organizacionais, as tarefas a serem


realizadas pela empresa; Redistribuir, de forma criteriosa e racional, as tarefas que já vêm sendo
realizadas pela empresa; Funcionar como instrumento de estudo da situação existente e de
mudança para a situação desejada, quando da racionalização organizacional.

Implantar e manter uma boa distribuição do trabalho é de fundamental importância para as


organizações, pois permite melhor qualidade do trabalho, desempenho e satisfação do empregado e a própria
consecução dos objetivos e metas fixados para o órgão.

2.3. ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS

A avaliação de cargos constitui parte fundamental do departamento da empresa que está encarregado da
administração de salários, ao lado do levantamento, análise e descrição de cargos que tornam possível a própria
avaliação das pesquisas e estudos salariais e dos planos de incentivos. A administração de salários, por sua vez, ocupa
um dos lugares mais importantes na administração das empresas, quer exista formalmente, com encarregados e técnicos

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que tratam do assunto de modo sistemático, quer informalmente, quando inúmeras pessoas se preocupam com os salários
e ordenados pagos, mas pouco pode fazer por não saberem exatamente o que fazer.
O fato é que as diretrizes nesse setor variam profundamente de uma empresa para outra, e, mesmo dentro
de uma empresa, de uma ocasião para outra. Essa incerteza afeta, a custos não pequenos, toda a organização, seu pessoal
e suas operações. É evidente, então, que um problema básico de administração será estabelecer uma administração
salarial de fato.

Para A. L. Ribeiro (2006, p.1), “lidar com pessoas nas organizações é uma responsabilidade que
atualmente, se reveste de complexidade muito maior do que há poucos anos.” A área de recursos humanos
tem como objetivo principal administrar as relações da organização com as pessoas que a compõem,
consideradas hoje em dia, parceiras do negócio, e não mais meros recursos empresariais.
Na atualidade, podemos notar que as empresas têm se preocupado cada vez mais com o
desenvolvimento das pessoas que nela atuam. A concorrência no mercado e a globalização obrigam as
empresas a desenvolverem novas formas de administrar seu negócio e seus colaboradores para que eles tenham
uma posição em destaque. Para que esse desenvolvimento ocorra é preciso que as organizações procurem
desenvolver programas para obter maior satisfação por parte de seus colaboradores dentro do ambiente de
trabalho.
Dentro deste contexto, Zimpeck (1992, p. 18) afirma que “um programa de Administração de
Salários pode muito mais que um simples disciplinamento das relações salariais”, pois, serve de estímulo para
retenção e atração de talentos já que proporciona o aperfeiçoamento individual.
Numa empresa em que há meios para o de desenvolvimento de uma carreira, o ambiente de
trabalho se torna um lugar melhor, pois os colaboradores passam a se interessar pelo desenvolvimento próprio
juntamente com o desenvolvimento da empresa.
Portanto, o desenvolvimento pessoal dentro da organização pode ser melhorado quando há um
plano de cargos e salários e um sistema de remuneração variável. Essas duas ferramentas da Gestão de Pessoas
podem proporcionar segurança ao colaborador, transmitem o interesse da empresa para com o
desenvolvimento de seu funcionário e propiciam aos empregados o sentimento de justiça no que diz respeito
a sua renda.
Para I. Chiavenato (2009, p.289), o estabelecimento e/ou manutenção de estruturas de salários
equilibradas, a Administração de Salários propõe-se a atingir os seguintes objetivos:

Remunerar cada empregado de acordo com o valor de cargo que ocupa; Recompensá-lo
adequadamente por seu desempenho e dedicação; Atrair e reter os melhores candidatos para
o cargo; Ampliar a flexibilidade da organização, dando-lhe os meios adequados à
movimentação do pessoal, racionalizando as possibilidades de desenvolvimento e
encarreiramento; Obter dos empregados a aceitação dos sistemas de remuneração adotados

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pela empresa; Manter equilíbrio entre os interesses financeiros da organização e sua política
de relações com os empregados. Mais satisfação pessoal dos funcionários; incentivos para
melhorar; oportunidades justas para todos; reconhecimento do valor individual; tratamento
equitativo; redução das áreas de atrito; melhor administração pessoal e melhor controle.
A avaliação e a classificação de cargos são os dois componentes da administração salarial que cuidam
do equilíbrio interno dos salários.

2.4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

De acordo com o A. L. Ribeiro (2006, p. 295), “o desempenho do funcionário no trabalho deve


ser acompanhado e avaliado, periodicamente. A empresa acompanha e registra como ele tem se saído em suas
tarefas”. Como esse acompanhamento o funcionário pode receber informações sobre a sua atuação e efetuar
as correções em seu desempenho e, consequentemente, crescer no ambiente da organização.
A prática da avaliação, em seu sentido genérico, é inerente à natureza humana assim como é
também a base para tomada de decisão que está presente em toda escolha. As organizações buscam atrair e
selecionar colaboradores que compartilham de seus valores e crenças e utilizam sistemas de reconhecimento
para estimular e tentar garantir os desempenhos considerados adequados e desejáveis às suas realidades.
Contudo, entre o desempenho real e o desempenho esperado pode ocorrer falhas, que é muitas vezes designada
como discrepância de desempenho. Para sanar essa situação é comum vermos as organizações delinearem
diversas atividades e implantarem conceitos e metodologias que nem sempre atendem suas próprias
necessidades. Muitas vezes, nestes processos, ocorrem efeitos opostos aos desejados, onde muitas expectativas
são criadas e poucas são atendidas de forma positiva, ou que venham a representar um ganho representativo
na trajetória de desenvolvimento profissional dos trabalhadores.
Para Chiavenato (2009, p. 247), “a avaliação de desempenho é um conceito dinâmico, pois os
empregados são sempre avaliados, seja formal ou informalmente, com certa continuidade nas organizações”.
Segundo ele (Chiavenato 2009, p. 248), a responsabilidade pela Avaliação do Desempenho pode
ser atribuída ao:
a) Gerente: Em várias organizações é de responsabilidade do gerente a linha de desempenho
de seus subordinados e suas avaliações. É o gerente que avalia o desempenho do pessoal com
assessoria do departamento de recursos humanos.
b) Próprio indivíduo: Nas organizações mais democráticas, é o próprio indivíduo o
responsável por seu desempenho e auto avaliação.
c) Indivíduo e o gerente: Aqui ressurge a velha administração por objetivos (APO),
essencialmente democrata, participativa, envolvente e fortemente motivadora.
d) A equipe de trabalho: Outra forma de avaliar pessoas é formando equipes que avalie cada
um de seus membros e que a equipe imponha as providências necessárias para melhorar cada
vez mais.
e) Órgão de recursos humanos: De caráter extremamente centralizado e burocrático, neste
caso cabe ao órgão de recursos humanos a responsabilidade pela Avaliação de Desempenho
de todas as pessoas da organização.

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f) A comissão de avaliação: Trata-se de uma avaliação coletiva feita por um grupo de pessoas.
A comissão é geralmente constituída de pessoas pertencentes a diversos órgãos ou
departamentos e é formada de membros permanentes e de membros transitórios.

Em muitas organizações a Avaliação de Desempenho é tratada como um procedimento de grande


importância na gestão de recursos humanos. Muitos gestores veem na avaliação de desempenho um conjunto
de vantagens proveitosas para a melhoria da produtividade, sendo um meio para desenvolver os recursos
humanos da organização, pois torna possível identificar o grau de contribuição de cada empregado para
organização, identificar os empregados que possuem qualificação superior à requerida pelo cargo, identificar
em que medida os programas de treinamento tem contribuído para a melhoria do desempenho dos empregados,
promover o autoconhecimento e o autodesenvolvimento dos empregados, além de fornecer subsídios para
definir o perfil requerido dos ocupantes dos cargos, remuneração e promoção, e também para elaboração de
planos de ação para desempenhos satisfatórios.
Para Zimpeck (1992, p. 290), “a avaliação de desempenho é o reflexo de um esforço para mudar.
Mudar para melhor, é claro. Supervisores, gerentes e empregados em geral devem entender e aceitar
plenamente este conceito”.
Observa-se que a Avaliação de Desempenho serve para avaliar se os funcionários estão
alcançando ou não os objetivos esperados, além de verificar onde estão ocorrendo as falhas dentro do processo
de trabalho, para que possam ser corrigidas.
A avaliação de desempenho serve como importante subsídio e dos quais derivamos seus
próprios objetivos: utilização eficaz da mão-de-obra; determinação de necessidades de
treinamento; avaliação das técnicas de seleção; reajustes salariais por mérito; promoções
funcionais; desenvolvimento pessoal. (ZIMPECK 1992, p.292)

3. OBJETIVO

A gestão organizacional deve primar pela qualidade, pela eficiência e pela produtividade, para isso, o
administrador deve se utilizar de ferramentas que auxiliarão na organização, funcionamento do trabalho,
otimização da produção, além da melhoria da satisfação dos seus colaboradores, o que reflete positivamente
na produtividade.
Com esse objetivo e vivendo um contexto de plena expansão no mercado, com um aumento do número
de funcionários e crescente necessidade da empresa em estruturar suas atividades de Recursos Humanos, a
elaboração de um Plano de Cargos e Salários no Laboratório Exata foi um passo importante para efetivamente
implantar sua gestão de pessoal.

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4. METODOLOGIA

ELABORAÇÃO DO PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS

Para a elaboração do projeto de Plano de Cargos e Salários, foi preciso inicialmente entender qual o
propósito da Organização com relação ao assunto para que fosse possível traçar o plano de ação, o qual foi
dividido em quatro etapas.
PRIMEIRA ETAPA – Foi realizada a análise e descrição de Cargos. Procedimento de fundamental
importância para o sistema de recursos humanos, pois define e classifica as responsabilidades e exigências
inerentes a cada função, auxiliando na compreensão de eventuais falhas de comunicação, sobreposições ou
lacunas de responsabilidades e tarefas.
Os cargos constituem os meios através dos quais a organização aloca e utiliza seus recursos humanos
para alcançar seus objetivos, por meio de determinada estratégia. Dada a sua importância na estrutura
organizacional, os cargos precisam ser descritos, projetados, delineados, definidos e estabelecidos.
A descrição de cargos foi realizada de forma objetiva onde o número de informações servirá tanto para
a avaliação dos cargos, quanto para outras finalidades, como: recrutamento e seleção de funcionários,
treinamento, segurança etc.
Com isso, os cargos serão ocupados de acordo com essas descrições e especificações. Assim, o
ocupante deverá ter características pessoais compatíveis às descritas no cargo, além disso, será possível
visualizar seu papel com relação as funções a serem desempenhadas dentro da Organização.
SEGUNDA ETAPA – Para que fosse possível verificar como estava a distribuição das atividades dentro da
Organização foi utilizado o quadro de distribuição de trabalho (QDT), o qual, analisa as tarefas efetuadas
dentro de uma determinada área, especificando quanto tempo é gasto por cada um dos funcionários na
atividade total e individual, visando aproveitar o tempo disponível dos empregados na instituição, assim como
também o tempo dos gerentes, chefes e supervisores. Com o QDT o executivo pode tomar conhecimento da
distribuição de seus subordinados, do tempo gasto nas tarefas realizadas por eles, do tempo gasto nas
atividades coletivas, dos custos operacionais que são acumulados, da ociosidade ou sobrecarga dos
funcionários, da necessidade de contratação de empregados, do excesso de empregados na instituição, enfim,
através do QDT, se obtém uma série de dados importantes para a instituição.

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Modelo do Quadro de Distribuição de Trabalho – QDT

TERCEIRA ETAPA - Para dar início ao projeto foram definidos os objetivos do Plano de Cargos e Salários
dentro do contexto organizacional, que são:

• Fixar critérios que possibilitem a Gestão de Cargos e Salários do Laboratório Exata de forma racional,
profissional e impessoal.
• Atrair, reter e desenvolver os profissionais com real capacidade para atender as necessidades e
prioridades da empresa frente ao mercado.
• Estimular o autodesenvolvimento dos colaboradores, possibilitando seu aperfeiçoamento profissional
na Organização, por meio de políticas de aproveitamento interno.
• Aumentar o grau de comprometimento dos colaboradores com a empresa e a satisfação com a
remuneração e perspectivas de ascensão interna.
• Administrar e controlar os gastos com pessoal.
• Proporcionar melhor relacionamento entre a empresa e seus colaboradores por meio:
• Estabelecer os cargos a partir das necessidades da organização e da compatibilidade entre as atividades
realizadas, formação e experiências necessárias.
• Agrupar os cargos com níveis de responsabilidade semelhantes, de forma que pertençam à mesma
faixa Salarial.

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• Fixar os salários consistentes internamente e competitivos externamente.

O método adotado para a avaliação e classificação dos cargos foi o de pontos. Este é o mais
conhecido e utilizado nas empresas, por ser o método qualitativo e quantitativo, possibilitando dados mais
seguros para a obtenção da equidade da remuneração.
De acordo com Chiavenato (2009, p. 253) o método de avaliação por pontos se fundamenta na
análise de cargos e exige as seguintes etapas:

1. Escolha dos fatores de avaliação:


Em geral os fatores de avaliação são constituídos de quatro grupos de fatores:

Requisitos mentais: exigências dos cargos quanto às características intelectuais do ocupante.


Requisitos físicos: exigências dos cargos quanto às características físicas do ocupante.
Responsabilidades envolvidas: exigências dos cargos quanto àquilo que o ocupante deve
responder. Condições de trabalho: condições físicas sob as quais o ocupante desempenha o
cargo. (CHIAVENATO 2009, 297).

2. Ponderação dos fatores de avaliação


A ponderação dos fatores é feita de acordo com a importância relativa de cada fator, já que os
fatores não são idênticos em sua contribuição ao desempenho dos cargos, requerendo ajustamentos
compensatórios.
A ponderação consiste em atribuir a cada fator de avaliação o seu peso relativo nas comparações
entre os cargos. Geralmente se utiliza o peso percentual com que cada fator entra na avaliação dos cargos.
3. Montagem da escala de pontos
Feita a ponderação dos fatores, a etapa seguinte é a atribuição de valores numéricos aos graus de
cada fator. Geralmente o grau mais baixo de cada fator corresponde ao valor da porcentagem de ponderação.
“Em outros termos, os valores ponderados servem de base para a armação de escala de pontos e constituirão
o valor em pontos para o grau A de cada fator.” (CHIAVENATO 2009, 298).
Para a atribuição de pontos para os graus B, C, D e E foi utilizada a progressão geométrica, a qual
faz com que o valor de cada grau aumente 100% em relação ao grau anterior, fazendo com que o valor de
pontos seja dobrado a cada estágio sucessivo.
4. Montagem do Manual de Avaliação de Cargos
Feita a montagem da escala de pontos, passe-se a definir o significado de cada grau de cada um
dos fatores de avaliação. Trata-se de uma espécie de dicionário ou padrão de comparação entre os diversos
graus de cada fator e seus respectivos valores em pontos.
5. Avaliação dos Cargos através do Manual de Avaliação

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Com a ajuda do Manual de Avaliação de Cargos passa-se a avaliar os cargos. Toma-se um fator
de cada vez e se comparam com ele todos os cargos, anotando-se o grau e o número de pontos de cada cargo
naquele fator.

6. Delineamento da curva salarial


A tarefa agora é converter os pontos em valores monetários. Deve-se ressaltar que isso não
significa que a relação numérica entre os cargos indique uma diferenciação precisa em valores monetários
entre eles.
7. Definição das faixas salariais
Delineada a linha de tendência dos salários, verifica-se que, ao longo dessa linha, para cada valor
em pontos corresponde um único valor de salários. A administração de salários se preocupa com estruturas
salariais e não com salários tomados individualmente.
8. Pesquisa Salarial
Administração de Salários procura obter não só o equilíbrio interno de salários dentro da
organização, como também o equilíbrio externo de salários em relação ao mercado de trabalho.
Partindo do princípio de que os salários devem obedecer a um duplo equilíbrio interno e externo,
então, enquanto que o equilíbrio interno é garantido pela avaliação e classificação de cargos; o equilíbrio
externo é obtido por meio de pesquisas salariais para verificar o que o mercado de trabalho está pagando.
QUARTA ETAPA – Posteriormente a criação e implantação do Plano de Cargos e salários, foi
criada uma avaliação de desempenho, a qual foi utilizada como ferramenta para proporcionar crescimento
profissional.
Para a elaboração da avaliação de desempenho foi utilizada o método das escalas gráficas. É o
método mais utilizado e divulgado pela sua simplicidade. Sua aplicação requer muitos cuidados a fim de
neutralizar a subjetividade e o prejulgamento do avaliador, que podem interferir nos resultados.
O método das escalas gráficas avalia o desempenho das pessoas através de fatores de avaliação
previamente definidos e graduado. Para tanto, utiliza um formulário de dupla entrada no qual as linhas
horizontais representam os fatores de avaliação do desempenho, enquanto as colunas verticais representam os
graus de variação desses fatores.

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Modelo Método das Escalas Gráficas

A avaliação de desempenho faz parte do cotidiano de qualquer empresa, mesmo que de maneira
informal os gestores estão a todo o momento envolvendo-se em processos de avaliação e os empregados estão
constantemente refletindo a respeito de suas tarefas e carreiras dentro das organizações. É entendida como um
processo de comparação entre o resultado efetivo e o resultado esperado do trabalho de uma pessoa ou de um
grupo dentro da organização. É uma apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa no cargo e o seu
potencial de desenvolvimento futuro. Toda avaliação é um processo para estimular ou julgar o valor, a
excelência, as qualidades de alguma pessoa.

5. RESULTADOS

A implantação do Plano de Cargos e Salários definiu e delimitou as responsabilidades, minimizou


os conflitos e rotatividade, proporcionou o encarreiramento interno, maximizou a eficiência na realização das
atividades, criou um ambiente de incentivo aos colaboradores, pois gerou sentimento de pertencimento, além
de proporcionar o reconhecimento financeiro e não financeiro. Os ocupantes dos cargos passaram a ter
conhecimento de todas as atribuições e responsabilidades do seu cargo, o que gerou maior comprometimento
e desempenho na realização de suas atividades.

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Para a organização, a Gestão de Recursos Humanos passou a ser mais eficiente no que diz respeito
à realização de todo seu processo, desde a facilidade no recrutamento e seleção até na realização de
treinamentos, pois a nova estrutura permite conhecer as atribuições de cada cargo e consequentemente as
exigências para sua ocupação.

6. DISCUSSÃO

O Laboratório Exata iniciou suas atividades em 1997, com o objetivo de suprir a carência na
região de uma empresa especializada em análises agroindustriais. Atualmente a empresa encontra-se instalada
em 1000 m² de área, possui mais de 30 colaboradores diretos e utiliza equipamentos de ultima geração.
Dentro desse contexto de crescimento organizacional e verificando a necessidade de
modernização e melhoria contínua por parte da organização, foi realizado um estudo da viabilidade para a
implantação de uma Administração de Cargos e Salários que atendesse a todo esse avanço.
Após o estudo, foi possível verificar que a Gestão de Cargos e Salários já era necessidade para
estruturação da área de Recursos Humanos da empresa. Diante disso foi designado a Supervisora
Administrativa e de Recursos Humanos que iniciasse o referente projeto.
Inicialmente para que os cargos pudessem ser analisados individualmente, foi montada uma
comissão avaliadora composta por integrantes de todos os departamentos da organização para que fosse
realizada a avaliação e classificação dos cargos. A formação da comissão com integrantes dos departamentos
gerou uma maior confiabilidade e aceitação por partes dos colaboradores, além do sentimento de inclusão.
Possibilitou ainda, maior desempenho e comprometimento na execução do projeto.
Após a realização da avaliação dos cargos, a colaboradora responsável pela elaboração de todo
projeto, montou o manual da Política Salarial da empresa, o qual todos os colaboradores têm acesso. O manual
apresenta de forma simples a descrição de todos os cargos, a faixa salarial, além das normas para ascensão
interna, esta adquirida através de avaliação de desempenho.

7. CONCLUSÃO

Pode-se dizer que a implantação do Plano de Cargos e Salários na empresa em estudo teve sucesso
devido à existência de alinhamento entre as demandas específicas do negócio e a estratégia de Recursos
Humanos. O Plano possibilitou um alicerce para a empresa. A partir desse projeto, a empresa passou a possuir
uma definição de papéis organizacionais com as responsabilidades atribuídas a cada ocupante dos cargos
existentes em seu quadro funcional, isso contribuiu para o processo de recrutamento e seleção; para o processo
de avaliação de desempenho, pois as responsabilidades e requisitos de um cargo são as informações

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necessárias para o desenvolvimento de uma metodologia de avaliação; Se não houver uma estratégia de
Recursos Humanos que organize todas estas práticas com as necessidades da Organização, não é possível se
ter profissionais preparados para produzir os resultados desejados e necessários.
O projeto realizado proporcionou a empresa mencionada neste trabalho, uma melhor estruturação
da área de Recursos Humanos, pois através dele foi possível oferecer aos colaboradores a oportunidade de se
desenvolver profissionalmente em sua trajetória dentro da organização.
Com a implantação da Gestão de Cargos e Salários foi possível visualizar uma maior
possibilidade por parte da organização em reter seus talentos, o que significa proporcionar um ambiente de
valorização e confiabilidade, gerando assim, por parte dos colaboradores maior empenho na busca de
crescimento profissional.

Além disso, a empresa tem como norte para sua gestão de recursos humanos um manual contendo
todas as informações necessárias no que se refere ao Plano, o qual auxilia nas tomadas de decisão.

REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos: O Capital Humano das Organizações. 9. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2009.

CURY, Antônio. Organização e métodos: uma visão holística. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

GIL, Antonio Carlos. Gestão de Pessoas: Enfoque nos papéis profissionais. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

OLIVEIRA, Djalma, P.R. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. 15.ed. São Paulo:
Atlas, 2005.

RIBEIRO, Antonio de Lima. Gestão de Pessoas. 1.ed. São Paulo. Saraiva. 2006.

ZIMPECK, Beverly Glen. Administração de Salários. 7. ed. São Paulo. Atlas, 1992.

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