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CONCURSO UFERSA 2018 – JUN/18


PONTO 01 - GRANDEZAS ELÉTRICAS FUNDAMENTAIS E TÉCNICAS
DE ANÁLISE DE CIRCUITO

GRANDEZAS ELÉTRICAS FUNDAMENTAIS,

Fundamentado no livro Instalações Elétricas – Niskier e Macintyre (1996)

1 TENSÃO ELÉTRICA
Quando em dois pontos de um condutor existe uma diferença entre as
concentrações de elétrons, isto é, carga elétrica, diz-se que existe uma tensão
elétrica entre esses pontos.
Usando como exemplo a pilha comum, a ação química força as cargas
positivas a se reunirem no terminal positivo e os elétrons, ou carga negativa, a
se reunirem a no terminal negativo. Dessa forma, cria-se tensão elétrica, ou
diferença de potencial elétrico (ddp) entre esses dois terminais, o qual
estabelecerá deslocamento de elétrons entre o terminal negativo e o
positivo. Esse deslocamento deve-se a força eletromotriz (fem ou E).
Imaginando um circuito fechado, ligando-se um terminal ao outro, por condutor
elétrico, a movimentação dos elétrons livres estabelece a corrente elétrica, cujo
sentido é definido por convenção do terminal positivo ao terminal negativo,
embora o sentido real seja o contrário.
A tensão elétrica é medida em volts (U) e é determinada por aparelho
chamado voltímetro.

2 INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA


O número de elétrons livres que atravessa determinada seção do
condutor por unidade de tempo é definido como intensidade de corrente
elétrica (i), tem como unidade de medida o ampère (A) e é medido através de
aparelho conhecido por amperímetro.

3 RESISTÊNCIA ELÉTRICA
Existe atração entre os elétrons e os núcleos atômicos o que dificulta
a liberação do elétron para que se estabeleça a corrente elétrica.
Abreviadamente, chama-se essa oposição movimento dos elétrons de
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resistência elétrica. Denomina-se resistor os elementos de circuito elétrico que


se caracterizam pela resistência dele.
A resistência de um condutor (R) depende do material, comprimento,
área da seção transversal e temperatura. A unidade de resistência elétrica
l
é o ohm (Ω) e pode ser definida pela equação: R   , na qual ρ é a
S
resistividade do condutor (Ω.m); l é o comprimento do condutor (m) e S é a área
da seção transversal do conutor (m²).

4 LEI DE OHM
Após estudos e experimentos, o pesquisador Ohm estabeleceu que a
intensidade de corrente é diretamente proporcional à força eletromotriz e
inversamente proporcional à resistência do condutor, isto é: i  E / R .
A lei de ohm só é aplicável para circuitos CC contendo apenas uma
fem, resistores ôhmicos em CC e qualquer circuito contendo apenas
resistores.

5 POTÊNCIA ELÉTRICA
Potência é definida como sendo o trabalho efetuado por unidade de
tempo. Assim, a potência elétrica em circuito puramente resistivo é obtida pelo
produto da tensão pela corrente: P  U.i (W). Ainda pela Lei de Ohm:
U  R.i 
P  Ri ² ou R  U ² / P

6 ENERGIA E TRABALHO
O trabalho elétrico é dado pelo produto da potência pelo tempo o qual
o fenômeno elétrico acontece. Visto isso, pode-se calcular por T  P.t (watt.hora
ou Wh).
O consumo de energia elétrica é medido em kWh pelos medidores das
concessionárias de energia e a tarifa é cobrada também pela mesma
unidade.

7 QUEDA DE TENSÃO
Ao percorrer circuito constituído por condutores e outros elementos
resistivos, a tensão diminui a fim de vencer a resistência dos condutores e
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elementos resistivos. Portanto, a tensão vai-se reduzindo a partir da fonte


geradora até o ponto de retorno à mesma fonte. Esse fenômeno é chamado de
queda de tensão ou perda de carga energética e pode ser obtido pela equação
U  R.i .

8 CIRCUITOS COM RESISTORES ASSOCIADOS


Em um circuito é possível organizar conjuntos de resistores interligados,
chamada associação de resistores. O comportamento desta associação varia
conforme a ligação entre os resistores, sendo seus possíveis tipos: em série,
em paralelo e mista.
8.1 CIRCUITOS COM RESISTORES EM SÉRIE
Associar resistores em série significa ligá-los extremidade com extremidade
diretamente ou por meio de trechos condutores, ou seja:

Como existe apenas um caminho para a passagem da corrente elétrica


esta é mantida por toda a extensão do circuito. Já a diferença de potencial entre
cada resistor irá variar conforme a resistência deste, para que seja obedecida a
1ª Lei de Ohm, assim:

Esta relação também pode ser obtida pela análise do circuito:

Sendo assim a diferença de potencial entre os pontos inicial e final do


circuito é igual à:
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Analisando esta expressão, já que a tensão total e a intensidade da


corrente são mantidas, é possível concluir que a resistência total é:

8.2 CIRCUITOS COM RESITORES EM PARALELO


Ligar um resistor em paralelo significa que as extremidades dos resistores
eestão ligadas a um ponto comum, assim submetidas a mesma tensão. Ou seja:

Usualmente as ligações em paralelo são representadas por:

Como mostra a figura, a intensidade total de corrente do circuito é igual à


soma das intensidades medidas sobre cada resistor, ou seja:

Pela 1ª lei de ohm:


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E por esta expressão, já que a intensidade da corrente e a tensão são


mantidas, podemos concluir que a resistência total em um circuito em paralelo é
dada por:

8.3 Associação Mista


Uma associação mista consiste em uma combinação, em um mesmo
circuito, de associações em série e em paralelo, como por exemplo:

Em cada parte do circuito, a tensão (U) e intensidade da corrente serão


calculadas com base no que se conhece sobre circuitos série e paralelos, e para
facilitar estes cálculos pode-se reduzir ou redesenhar os circuitos, utilizando
resistores resultantes para cada parte.

TÉCNICAS DE ANÁLISE DE CIRCUITO

1 Introdução
Analisar um circuito é obter um conjunto de equações ou valores que
demonstram as características de funcionamento do circuito.
A análise é fundamental para que se possa sintetizar (implementar) um
circuito, ou seja, a partir da análise de circuitos, pode-se arranjar elementos que
uma vez interconectados e alimentados, comportam-se de uma forma desejada.

2 Método da Análise Nodal


A análise nodal ou método nodal é baseado na Lei das Correntes de
Kirchhoff (LCK). O somatório das correntes que saem de um nó é nulo.
Tem como objetivo obter um sistema de equações nxn para achar as
correntes dos circuitos.
Para empregar esse método se aplicam os passos que estão dispostos nos
itens de ‘a’ a ‘e’ que se seguem:
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a) Verificar o número de nós do circuito. O número de equações necessárias


para efetuar a análise do circuito é:
Número de equações = nós – 1 (5.1)
b) Escolher um dos nós como “nó de referência”, atribuindo-lhe tensão nula.
É interessante que o nó de referência seja o “terra” (ou pólo negativo da bateria)
ou um nó com muitos ramos.
c) Escolher um sentido arbitrário de corrente em cada elemento, atribuindo
a respectiva polaridade. Em casos de elementos passivos, atribui-se a
polaridade conforme mostra a figura 5.1.

Figura 5.1: Polaridade em um elemento em função da corrente (regra prática)

d) Aplicar a LCK em cada nó, exceto no nó de referência, obtendo as


equações.
e) Resolver o sistema formado, obtendo assim as tensões nos nós e
consequentemente as correntes circulantes do circuito.
2.1 Caso Básico

A tensão desconhecida nesse circuito é V1. Existem três conexões para


este nó e, consequentemente, três correntes a se considerar. A direção das
correntes em cálculos é escolhido para ser afastado do nó.
A corrente através do resistor R1: (V1- VS) / R1
A corrente através do resistor R2: V1/ R2
A corrente através da fonte de corrente IS: -IS
Com a lei de Kirchhoff, temos:
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Finalmente, a tensão desconhecida pode ser resolvida substituindo valores


numéricos por símbolos. Qualquer corrente desconhecida é fácil de se calcular
depois de todas as tensões no circuito são conhecidas.

3 Método das Correntes das Malhas


A análise de malhas ou método das correntes das malhas é baseada na
Lei das Tensões de Kirchhoff (LTK).
Para aplicação desse método se empregam os passos que estão dispostos
nos itens de ‘a’ a ‘e’ que se seguem:
Verificar se o circuito é planar ou não planar, pois esse método só se
aplica a circuitos planares. O circuito planar é aquele que pode ser desenhado
em um único plano sem que dois ramos se cruzem. Por exemplo, o circuito da
Figura 5.7 é planar, enquanto que o circuito da Figura 5.8 não é planar.

Figura 5.7: Circuito planar.

Figura 5.8: Circuito não planar.


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Escolher arbitrariamente o sentido das correntes de malha. O número de


correntes arbitrárias necessárias é:
L = B – N + 1 (5.2)

Na qual:
L : número de correntes de malha, B: número de ramos; N : número de nós
do circuito.

O número de equações necessárias é igual ao número de correntes que


por sua vez, é igual ao número de malhas do circuito analisado.
Todo o elemento do circuito deve ser percorrido por pelo menos uma
corrente de malha. Se possível, passar apenas uma corrente em cada elemento.
Identificar a polaridade da tensão em cada ramo do circuito. Quando há
duas correntes atravessando um único elemento, pode-se arbitrar uma ordem
prioritária para correntes, ou seja, supor que uma corrente é maior que a outra e
assim, identificar a polaridade da tensão em cada ramo do circuito. Por exemplo,
se duas correntes percorrem o mesmo elemento como mostra a figura 5.9b,
pode-se arbitrar que I1 é maior que I2, então V tem a polaridade mostrada nessa
mesma figura.

Figura 5.9: (a) Convenção de sinal em elemento passivo. (b) Polaridade


de tensão identificada considerando a suposição I1 > I2.

Aplicar a LTK em cada malha, percorrendo o circuito no mesmo sentido da


corrente, obtendo assim, uma equação para cada malha.
3.1 Caso Básico
Na Figura 5.15 apresenta-se um circuito resistivo com uma fonte de tensão
independente.
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Figura 5.15 Método dos malhas


De acordo com os preceitos introduzidos anteriormente, a análise deste
circuito com base no método das malhas segue os seguintes quatro passos:
Passo 1: o circuito possui duas malhas,L=2, e a sua resolução exige a
obtenção de duas equações algébricas linearmente independentes. Os sentidos
atribuídos às correntes nas malhas encontram-se indicados na própria figura.
Passo 2: a aplicação da Lei de Kirchhoff das tensões às malhas-1 e 2
permite obter as seguintes duas equações algébricas:
malha-1 (5.60)

malha-2 (5.61)
Passo 3: a substituição das características tensão-corrente das
resistências permite rescrever as equações (5.60) e (5.61) na seguinte forma:

malha-1 (5.62)

malha-2 (5.63)
Em conjunto (5.62) e (5.63) definem um sistema de duas equações
algébricas cuja representação matricial é

(5.64)

Passo 4: A resolução do sistema de equações (5.64) permite obter as


seguintes expressões para as correntes nas duas malhas:

(5.65)

na primeira malha, e

(5.66)
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na segunda. As correntes nos diversos componentes do circuito podem


agora ser determinadas em função das expressões (5.65) e (5.66). Por exemplo,
as correntes nas resistência R1, R2 e R3 são

(5.67)

(5.68)
e
(5.69)
respectivamente.

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