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Fluxo de Carga

O algoritmo para a solução de um sistema de equações terá os seguintes passos:

a) Estima-se uma solução inicial para o sistema e inicializa-se um contador de iterações


(V=0).

[x ] = [x
v v
1, x 2v ,... x nv ] t

e inicializa-se um contador de iterações (V=0).

b) Calcula-se o valor de [q([x])], ou seja:

[q v
] [
( x v ) = ∆Pi v , ∆Qiv ] t

c) Testa-se a convergência em [q(x0)] ≤ [ ε ]. Se temos convergência, paramos o processo


iterativo, caso contrário, seguimos para o próximo passo.

d) Determina-se os valores dos elementos da matriz Jacobiana [Jv]. Calcula-se a inversa de


[Jv], ou seja [Jv]-1.

e) Calcula-se um valor melhor das variáveis independentes usando a fórmula:

[ x V +1 ] = [ x V ] +[ ∆x V ] onde:

[ ∆x V ] = −[ J V ] −1 * [ q V ]

f) Incrementa-se v(v = v+1) e testa-se se é menor que um número máximo (V max). Se V ≤


Vmax retorna para o passo (b). Se V>Vmax interrompe-se o processo.

O método de Newton é dependente da escolha do valor inicial de [ X ]. Não só a


sua convergência como o número de iterações serão afetados em função de uma escolha
não criteriosa do vetor [ X ] para inicializarmos o processo. Em sistema de potência isto
não é geralmente grande problema, pois os sistemas sempre operam com V I, θi em torno
de valores conhecidos. O cálculo da matriz Jacobiana [J] e sua inversão (passo d do
algoritmo) exigem um elevado esforço computacional em comparação com os demais, haja
vista que a dimensão de [J] é igual a quase duas vezes o número de barras do sistema. O
sucesso dos métodos Newton-modificados vem da economia de tempo computacional para
se obter a solução, que se faz ao manter constante a matriz Jacobiana inversa, ou suas
equivalentes, durante todo o processo iterativo.

Os métodos de inversão direta de matrizes são lentos e introduzem erros de


arredondamentos. Os valores dos incrementos ∆xI são obtidos mais eficientemente usando
o processo de eliminação de Gauss ao resolvermos o sistema linear [6].

[qV] = - [JV]-1 * [ ∆xV] (4.9)


06 - SOLUÇÃO NEWTON DO FLUXO DE CARGA

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Fluxo de Carga

Os passos mais importantes do algoritmo Newton são o correspondente a montagem


da matriz Jacobiana e à solução do sistema de equações 4.9. Para um sistema de potência
com NPQ barras de cargas e NPV barras de tensão controlada temos que:

 ∆P v  NPQ + NPV
[q v ] =  v 
 ∆Q  NPQ

 θ v  NPQ + NPV
[ ∆x v ] =  
 ∆V v  NPQ

 ∂ (∆P) v ∂ (∆P) v 
 
[ J ] =  ∂θ v ∂V  NPQ + NPV
 ∂ (∆Q) ∂ (∆Q)  NPQ
v

 ∂θ ∂V 

A matriz Jacobiana é naturalmente dividida em quatro sub-matrizes que


designaremos por:

[H] de dimensão ( NPQ+NPV) * (NPQ+NPV)

[N] de dimensão (NPQ+NPV) * (NPQ)

[M] de dimensão (NPQ) * (NPQ+NPV)

[L] de dimensão (NPQ) * (NPQ)

Assim sendo:

[ J ] = 
H N
M L

Os elementos da matriz Jacobiana são calculados fazendo uso da equação 4.2 e 4.3
que repetiremos a seguir de uma forma mais conveniente eq. 4.10.

 
∆Pk = Pkesp − V k ∑( q km cos( θkm ) −bkm sen( θkm ) ) V m + q kk V k2 
 m =k 

 
∆Q k =Q kesp − V k ∑( q km sen( θkm ) − bkm cos( θkm ) ) V m + q kk V k2  (4.10)
 m =k 

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Fluxo de Carga

Determinando os mesmos por sub-matrizes temos:

∂(∆Pk )
H km = = −Vk Vm [ q km sen( θ km ) + bkm cos( θ km )]
∂θ m

∂( ∆Pk )
H kk = = −V k ∑ [ q km sen( θ km ) − bkm cos(θ km )] V m
∂θ m m =k

k = 1, 2,... (NPQ+NPV)

m = 1, 2,... NPQ

∂(∆Pk )
N km = = −V k [ qkm cos(θ km ) − bkm sen(θ km )]
∂V m

∂( ∆Pk )  
N kk = = −2qkk Vk + ∑( qkm cos( θkm ) − bkm sen( θkm )Vm ) 
∂Vk  m =k 

k = 1, 2,... (NPQ+NPV)

m = 1, 2,... NPQ

∂( ∆Q k )
M km = = −V k [ q km cos(θ km ) − bkm sen(θ km )] V m
∂θ m

∂( ∆Q k )
M kk = = −V k ∑ [ q km cos(θ km ) − bkm sen(θ km )] V m
∂θ k m =k

k = 1, 2,... NPQ

m = 1, 2,... (NPQ+NPV)
∂(∆Qk )
Lkm = = −Vk [ q km sen( θ km ) + bkm cos(θ km )]
∂Vm


( 
Lkk = −2 qkk V k + ∑qkm sen( θkm ) −bkm cos( θkm )V m  )
 m =k 

k = 1, 2,... NPQ

m = 1, 2,... NPQ

Os elementos da diagonal das sub-matrizes que compõem a matriz [J] podem ser,
também, expressos em função da potência nas barras, calculada em cada iteração. Isto torna
mais simples a implementação computacional porque os valores são determinados no passo

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Fluxo de Carga

(b) do algoritmo apresentado na seção IV. 5. A matriz Jacobiana tem assim seus elementos
definidos como sendo:

H km = −Vk Vm [ q km sen( θ km ) + bkm cos( θ km )]

H kk = Qk − bkk Vk2

N km = −V k [ q km cos( θkm ) − bkm sen( θkm )] Vm

N kk = −( Pk Vk + g kk Vk ) = −( Pk + qkk Vk2 ) / Vk

M km = V kVm [ qkm cos( θkm ) −bkm sen( θkm )]

Lkm = −V k [ qkm sen( θkm ) + bkm cos( θkm )]

Lkk = −(Qk Vk + bk Vk ) = −(Qo + bkk Vk2 ) / Vk


(4.11)

Analisando os elementos que constituem a equação 4.11 constatamos que os


elementos fora da diagonal Hkm, Mkm, Nkm e Lkm serão iguais a zero toda vez que o elemento
Ykm da matriz admitância de barra o for. Isto é importante, pois nos diz que a matriz
Jacobiana tem as mesmas características de esparsidade da matriz [YBarra].

07 - MÉTODOS DESACOPLADOS

No capítulo III desenvolvemos uma solução simplificada para o problema de Fluxo


de Carga onde consideramos que o fluxo de potência ativa era pouco sensível às variações
dos módulos das tensões. Assim desprezamos o laço P V. Temos, de forma análoga,
que o fluxo de potência reativa é pouco sensível à variação dos ângulos das tensões das
barras, quando comparada à modificação sofrida pela variação dos módulos de tensão. Isto
é, o laço Q θ pode, também, ser desprezado. Este desacoplamento é verificado para
redes de transmissão em extra-alta tensão (EAT; ≥ 230kV) e ultra-alta tensão (UAT; ≥
750kV).

A diferença da sensibilidade do fluxo de potência nos permite simplificar a matriz


Jacobiana. Assumiremos que os elementos das sub-matrizes [N] = [ ∂P/ ∂V] e [M] = [ ∂
Q/ ∂θ ] são nulos, o que nos permite obter a solução do fluxo de carga resolvendo
iterativamente dois sistemas independentes, ou seja:

[∆P ] =[ H (V ,θ)][ ∆θ]


[ ∆Q ] =[ L(V ,θ)][ ∆V ]

Os sistemas são ditos independentes porque os incrementos das variáveis


independentes são determinados usando-se as sub-matrizes que contém as derivadas da

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Fluxo de Carga

função em relação a elas apenas. Isto é, o vetor [ ∆Q ] é determinado usando-se a matriz


[H] que é a matriz em que os elementos são derivadas da potência injetada em relação aos
ângulos.

Os elementos das sub-matrizes [H] ou [L] são funções dos módulos ou ângulos
determinados em cada iteração. O desacoplamento das soluções nos permite melhorar os
valores utilizados nos cálculos pois os laços P θ e QV tem convergência diferentes e
podem ser calculados separadamente. O algoritmo de solução desenvolvido pode ser
modificado para permitir que o processo iterativo ocorra da forma mostrada a seguir.


∆P (V v ,θ v ) = H (V v ,θ v )∆V v
Pθ  v +1
θ
 = θ v + ∆V v


∆Q (V v ,θ v +1 ) = L(V v ,θ v ) ∆V
v

QV  v +1 v

V = V + ∆V v

A vantagem da modificação é que os valores de [ ∆P] e [ ∆Q] são calculados com


valores atualizados a cada meia iteração, o que parcialmente compensa a aproximação feita
pelo desacoplamento. O método de Newton desacoplado não modifica a convergência pois
a mesma é obtida comparando ∆Pk e ∆Qk com ε apenas o caminho torna-se diferente.
As matrizes [H] e [L] continuam sendo atualizadas a cada nova iteração, o que pode
representar uma perda no tempo de computação.

Grande economia em tempo de computação é obtida se as matrizes [H] e [L] forem


substituídas por matrizes constantes. O algoritmo desenvolvido fazendo uso dessas
características é conhecido como Fluxo de Carga Desacoplado Rápido, o qual
desenvolveremos a seguir. Consideremos os elementos das matrizes [H] e [L] como
apresentados na equação 4.11, mostrada a seguir:

H km = −Vk V m [ qkm sen( θkm ) + bkm cos( θkm )]

H kk = Qk − bkk Vk2

Lkm = −Vk [ qkm sen( θkm ) +bkm cos( θkm )]

Lkk = −(Qk / Vk +bk Vk )

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Fluxo de Carga

Definindo as matrizes [H'] e [L'] tendo seus elementos iguais a:

'
H km = H km / Vk = −Vm [ q km sen( θ km ) + bkm cos(θ km )]

'
H kk = H kk / V k = Q k / Vk − bkk V k

L'km = Lkm / V k = −[ q km sen(θ km ) + bkm cos(θ km )]

(
L'kk = Lkk / Vk = − Q k / V k2 + bkk ) (4.12)

As equações dos resíduos das potências injetadas tornam-se:

[ ∆Pk / V k ] = [ H '][ ∆θ ]
[∆Q k / V k ] = [ L'] ∆V [ ]
Considerando que nos sistemas de potência:

a) A diferença angular em barras diretamente ligadas é pequena

( θ km → 0) assumimos cos θ km = 1 e sen θ km →0.

b) Os módulos das tensões estão em torno de 1 pu

c) bkm é em módulo muito maior que qkm sen θ km.

d) bkk Vk2 é em módulo muito maior que Qk.

Os elementos das matrizes [H'] e [L'] serão constantes dependendo apenas dos
valores imaginários da matriz [YBarra] se considerarmos as características listadas nos itens
"a" ao "d" acima. A matriz [H'] torna-se igual a matriz [B'] do nosso modelo simplificado
(Cap.III) se qkm = 0 e seja a matriz [L'] a partir de agora denominada [B''], sendo seus
elementos definidos na equação 4.14.

'
Bkm = −bkm = bkm
'
B kk = −bkk = ∑bkm
''
B km = −bkm
''
B kk = −bkk (4.14)

onde:

bkm é a parte imaginária da admitância própria (4.14)

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