Simone Nascimento Campos, professora brasileira de espanhol, com o artigo Gente de
Brasil: La Enseñanza del Español Lengua Extranjera para Estudiantes Brasileños, relata de modo sucinto a trajetória do Espanhol no sistema educacional brasileiro. O texto divide-se em quatro partes e nos parágrafos seguintes apresentaremos um resumo destas, esclarecendo o caminho traçado pela autora. Logo na introdução somos levados a pensar sobre o fato do espanhol experimentar um auge somente recentemente no Brasil, sendo que somos cercamos por países hispano- americanos. Tomando por base os trabalhos de Celani (1987 e 1997), Campos nos diz que o ensino da língua espanhola sempre foi negligenciado no Brasil. Vejamos, embora a primeira instituição de ensino de línguas date de 1809, somente em 1934 é que começamos a ensinar espanhol de maneira oficial (em nível universitário). Em 1942 o espanhol torna-se obrigatório ao lado do o inglês e do Francês no ensino médio, sendo logo em seguida posto de lado pela Lei das diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1961, que tornou obrigatório somente o ensino de português, tornando mais precário ainda o ensino de espanhol no nível médio e gerando toda uma demanda em torno na língua portuguesa, fazendo as faculdades de letras centrarem a oferta de cursos prioritariamente no português. Em 1971 a nova LDB apenas recomenda a inclusão de um idioma estrangeiro no ensino fundamental e determina a obrigatoriedade de apenas uma língua estrangeira no ensino médio, com isso, a maioria das escolas passa então a oferecer o inglês como língua estrangeira e o espanhol é posto novamente de lado. Dada toda essa negligência o ensino do idioma passa a ser realizado em grandes academias privadas limitando o acesso somente aos brasileiros pertencentes às classes sociais mais abastadas. Em 1996 a nova LDB provoca mudanças benéficas no sistema educacional trazendo à tona a necessidade do ensino de línguas para que o país não se torne exilado no processo de globalização mundial. O segundo tópico do artigo, “El español en el sistema educativo brasileño”, retrata o espanhol no sistema educacional brasileiro no início dos anos 90. Nesta época muitas escolas particulares passam a ofertar cursos de espanhol para seus alunos, podendo o mesmo ser observado en las academias que antes se dedicaban exclusivamente a la enseñanza del inglês. No ensino público, muitos estados já incluem o estudo do espanhol em suas grades curriculares do ensino fundamental e médio, muito embora nem todos o façam com a mesma qualidade pois lhes falta, pessoal qualificado, material, espaço e etc... Torna-se crescente também o número de alunos que escolhe a língua espanhola como língua estrangeira no vestibular. No nível superior mais de 50 universidades, entre instituições públicas e privadas, oferecem disciplinas optativas de língua e literatura espanhola, além de cursos de pós-graduação e de extensão, gerando com isso uma demanda de professores de espanhol. É notável também o incremento de intercâmbios científicos, técnicos y educativos entre Brasil y la Comunidad Iberoamericana além do aumento no número de aspirantes a obtenção del Diploma de Español como Lengua Extranjera (D.E.L.E.), tornando mais evidente o interesse pela língua espanhola no Brasil. Na terceira parte do artigo intitulada “Gente de Brasil: ¿Por qué y para qué estudian español?” a autora atribui a criação do Mercado Común del Sur (el MERCOSUR), en 1994, a principal razão pelo interesse em aprender espanhol nos brasileiros, uma vez que o tratado além de facilitar as transações comerciais entre os vizinhos Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai também busca a integração cultural Latinoamericana através da extensão progressiva do acordo a outras nações. Além disso o brasileiro começa a perceber que o “portunhol” é insuficiente e inadequado para estabelecer relações principalmente no mundo dos negócios. Esse novo contexto trouxe consigo problemas nem tão novos assim e comuns a todos os níveis de ensino: o número insuficiente de professores capacitados, a falta de materiais acessíveis e meios físicos adequados para o desenvolvimento do trabalho docente, desvalorização dos docentes e etc… Apesar desses problemas, é visível a ampliação do ensino de espanhol no Brasil, tanto que: muitas editoras estrangeiras e nacionais começam a despertar para a produção de material e métodos didáticos específicos para estudantes brasileiros, o Instituto Cervantes inaugura sua primeira sede em São Paulo, e el enfoque comunicativo,el aprendizaje centrado en el aprendiz, el aprendizaje por tareas ya empiezan a direccionar la enseñanza. Campos também caracteriza que o aluno brasileiro como abierto, receptivo y participativo e que devido as interferências da língua materna suas maiores dificuldades encontram-se na expressão escrita e oral. Na conclusão a autora ressalta as expectativas otimistas em relação ao ensino da língua espanhola em terras brasileiras. Conforme afirma Morales (1998), aunque no sea una realidad inmediata, en el futuro Brasil tendrá el inglés como lengua extranjera y español como segunda lengua. Aqui, vale ressaltar que a grande contribuição deste artigo enconta-se no modo como Campos nos faz refletir sobre o ensino de espanhol no Brasil, a história, os descasos e as possibilidades. E embora alguns tópicos sejam abordados apenas de modo superficial a autora cumpri a que se propõe. CAMPOS, Simone Nascimento. Gente de Brasil: La Enseñanza del Español Lengua Extranjera para Estudiantes Brasileños.Encuentro: revista de investigación e innovación en la clase de idiomas, 2000, n.11, p. [183]-194. Disponível em: <https://ebuah.uah.es/dspace/handle/ 10017/944> . Acesso em 26 Mar. 2018.