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SE O AMOR NÃO NOS QUISER

Depois que as palavras pularam da sua boca

Como se abandonassem um navio em naufrágio,

Eu armei meu guarda-chuva de ironia,

E esperei que ele impermeabilizasse toda a saliva

Que escorresse sarcasmo dos teus lábios ferinos.

Você, sempre atenta, cuspiu de baixo para cima

E lavou meus olhos com água, soro e iodo

Assoprando, para que assim, secasse todas as lágrimas

(Inclusive as que ainda não haviam sido formadas)

Eu sorri, mas recusei,

Piedade não consta no meu cardápio,

Então degustei todas as fagulhas de paixão

Que meu paladar conseguiu deglutir

E escrevi esses versos para ninguém;

Aposto que reciprocidade não constará em nosso testamento,

Pois amor, com certeza,

Não consta em nosso dicionário.

Evandro Aranha

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