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A MOÇA DA BOLSA MARROM

A moça de bolsa marrom que come na mesa ao lado da minha

Está sozinha

E parece esperar alguém que se atrasou.

Para o tempo passar mais rápido,

Ela saca seus fones de ouvido

E dedilha furiosamente

Procurando a música certa,

Mas afinal, qual é a música certa

Que represente descaso?

Em seu prato não existe mais batata frita,

Feijão nem arroz,

O filé de frango havia ficado para depois

Mas agora também não existe,

E ela brinca, triste, com o molho

Que foi o único que restou.

Ela tamborila os dedos na mesa

E só os atores da trupe natalina

São capazes de extrair algo parecido com um sorriso

De semblante carregado

Mas rapidamente e novamente, ela fecha a cara

E encara o teto branco cheio de luzes

Enquanto leio nos seus lábios

Ela dizer baixinho:

“Filha da puta”
Ela se levanta,

Deposita sua bandeja no lixo

E joga fora o molho sobrevivente;

Aparentemente,

Ela cansou de esperar

Alguém que não vem mais.

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