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� janela
O gato espera...
Tem a paci�ncia do gato
O olhar distante do gato
A imobilidade do gato
A tenacidade do gato
A resist�ncia do gato
O gato espera...
Quando chegas
Olhas para o gato
Aprecias o p�lo macio
As manchas de cor
no branco do gato
A aten��o expectante do gato...
O gato espera...
Passas a m�o, numa car�cia
no dorso do gato
co�as-lhe as orelhas
E o gato olha para ti
Como se fosse a primeira v�z
Com o amor renovado
da primeira vez
E ronrona
E passa a cabe�a
no teu ombro
salta e encosta-se
�s tuas pernas.
Dizes: - anda, vou dar-te de comer
E o gato acompanha-te
sempre encostado a ti
e come
porque o gato tem fome.
Fazes outra festa ao gato
e falas de novo:
- Vou sair, at� logo.
E sais sem olhar para tr�s.
N�o v�s os olhos do gato...
As pupilas dilatam-se
como se quisesse fixar
todos os teus tra�os
e j� n�o come mais
porque j� n�o est�s...
Pecorre a casa, vazia
Corre e salta, furioso
e volta a correr e a saltar
mas p�ra, s�bitamente.
A respira��o ofegante
o cora��o a bater descontrolado
uma dor que o gato
n�o sabe explicar...
A saudade do gato
O amor do gato
A ternura do gato
A esperan�a desesperada do gato
O gato
Tem a paci�ncia do gato
O olhar distante do gato
A imobilidade do gato
A tenacidade do gato
A resist�ncia do gato...
O gato
retorna � janela
� espera...
11/12/2015
Sono (?)
Dormem...
Como dormem?
Como conseguem?
N�o sentem?
N�o pensam?
N�o se interessam?
Ou sou eu...
Penso demais?
Sinto demais?
Me interesso demais?
Como posso dormir
com a dor lancinante
que tumultua
o cora��o?
A dor no peito...
Falta-me o ar!
Quero respirar!
Respirar!
Encher os pulm�es
Ar! Preciso de ar!
Ar da madrugada
Ar do mar
Ar da ternura
Ar do amor...
Como podem dormir?
Como posso dormir?
o gato
Que dizer?
Dos mares navegados?
Que contar?
Das terras percorridas?
Do sol e do sal
dos risos, poucos
das l�grimas, muitas
do calor das areias
que queimam os p�s
dos gelos que entorpecem
at� te enroscares numa toca
e esperar pelo fim...
Brisas suaves
ventos c�lidos
Tempestades terr�veis
Ondas alterosas...
Onde?
Onde o calor que aquece o cora��o?
Onde a brisa que agita os cabelos?
Onde o mar que te adormece
no marulhar das ondinhas?
Onde?
Onde o farol que rasga
a escurid�o?
Que te guia, protector, a bom porto?
Onde a luz que te ilumina o pensamento?
Que te tr�z entendimento?
Onde as p�ginas
que n�o est�o em branco?
Onde?
Onde?
Onde um pouco de terra
um baixio
um escolho
onde possas ancorar?
N�o h�!
E agarras-te ao mastro
com a for�a do desespero
procurando furar a escurid�o
com a luz dos teus olhos