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EXORCISMO É DIFERENTE DE SER


CURADO E LIBERTO
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Talvez um dos motivos que levem muitos cristãos a ainda carregarem demônios em partes de sua vida,

esteja no fato de que apenas foram ‘exorcizados’ após sua conversão. Há também aqueles que nem se

converteram, mas numa reunião pública onde ali se faziam confrontações com os demônios, acabaram por

ser possuídos por entidades malignas que já espreitavam suas vidas e após ficarem livres das forças

espirituais, não foram sequer informados de que precisavam ter a partir de então um sério compromisso

com Jesus para impedir o retorno destes demônios.

Infelizmente, sou da opinião de que várias igrejas estão tratando ainda a questão da libertação de modo
muito superficial e em alguns casos, até com pouco seriedade e respeito para com as pessoas. Em alguns
lugares, por exemplo, em termos de libertação, o que temos visto são verdadeiros espetáculos que se
fazem em torno de vítimas possuídas (alguns são expostos até ao ridículo), como uma espécie de
estratégia para atrair a atenção das pessoas, intimidar e assustar o público presente, para que após isso
convidem aqueles que querem aceitar a Cristo. O argumento tem sido, “Vejam vocês, amigos presentes, o
que o diabo faz na vida das pessoas….”. Eu não sou totalmente incrédulo quanto a isto e acredito que em
alguns casos o Espírito Santo pode tocar alguns e isso repercutir em conversões genuínas, pois Deus é
soberano. Mas acredito também que muitos ali podem se converter por pura coação e assombro, sem
qualquer atitude de arrependimento. No entanto, o meu questionamento tem sido: Será que este é o
método ideal de evangelização? É lícito fazer isso? Estes espetáculos em nada caracterizaram os confrontos
de Jesus com os demônios (nem Paulo fez isso). Diz o livro de Marcos, que numa sinagoga em Cafarnaum
estava ali Jesus ensinando a palavra de Deus, e diz o texto, “Não tardou que aparecesse na sinagoga um
homem possesso de espírito imundo, o qual bradou: Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para
perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!” (1:23,24). Que oportunidade das mais inusitadas teve
Jesus aqui para explorar está situação pública e até beneficiar-se dela, quem sabe dizendo, “vocês
moradores de cafarnaum estão vendo!? Até os demônios reconhecem que sou o Filho de Deus….Quantos
aqui me aceitam nesta noite?” Não! Não foi assim que Jesus fez. Qual foi a resposta dele ao demônio?
“Cala-te e sai desse homem” (v.25). Em outras palavras Jesus estava nos ensinando que pregar o
evangelho era tarefa sua (naquela época) e também da sua igreja! É preciso estarmos vigilantes quanto a
estes exageros.

Na prática do aconselhamento, o que tenho percebido é que muitos dos que são ‘libertos’ por aí passaram
por estas ‘sessões de exorcismo’ em público. Mas será que isso por si só é suficiente? A cura e a libertação
estão com isso automaticamente garantidos? É sobre isso que quero refletir com você neste momento.

Inicialmente, é preciso dizer que o termo exorcismo vem significando tradicionalmente o ato de ‘livrar
alguém de um demônio’, ou seja, expulsá-lo. O que tenho visto é que simplesmente tirar o demônio de
alguém não é garantia de que ele não voltará e nem mesmo quer dizer que a libertação num sentido pleno
já tenha acontecido. Por isso, acho que seria importante fazer uma distinção clara entre os termos
‘exorcismo’, ‘cura’ e ‘libertação’. Existem dois autores que poderão nos ajudar a entendermos estas
terminologias. Um deles é John Richards, um ministro anglicano, que tem escrito sobre a importância do
ministério de cura e libertação nas igrejas locais. Usando a parábola de Jesus em Mateus 12:43-45,
Richards nos faz um rico comentário,

“Substituindo essa analogia pela que foi usada pelo Senhor em sua parábola sobre o espírito que voltou,
duas são as causas de perturbação numa casa. O problema pode estar na casa ou nos seus ocupantes.
Reformar a primeira é uma operação demorada e fácil de ser compreendida e pode assemelhar-se a uma
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cura A expulsão dos ocupantes perturbadores é uma tarefa mais simples e mais rápida. Embora a
perturbação causada por cupins ou pela umidade nem sempre possa ser sanada imediatamente, a causada
por ocupantes cessará desde o instante em que eles se mudarem. Essa analogia explica o que para
algumas pessoas parece inexplicável, ou seja, os benefícios instantâneos do exorcismo e a sua diferença
entre cura e libertação, que em geral são processos de que ele é simplesmente parte ”

E ainda na conclusão de sua argumentação, o ministro anglicano nos alerta, “É difícil enfatizar a
importância disso. A igreja não deve preocupar-se com o exorcismo sem antes preocupar-se com a cura
total” . Seguindo a mesma linha de pensamento, convém citar também um comentário de Harry Cooper,
que em seu ensaio Deliverance and Healing, fez uma rica reflexão sobre o que temos aqui abordado,

“ Libertação e cura; é óbvio que esta é a seqüência certa da idéia. Ser liberto é uma coisa: tornar-se são,
readaptado, reabilitado, colocado num contexto certo dentro da sociedade, relacionar-se com homens e
com Deus, e assim por diante, é ser curado. Ser simplesmente salvo do mal, poderia ser ‘como o homem
da parábola cujo demônio o deixou vazio e foi buscar mais sete demônios invasores, tornando a situação
oito vezes pior do que antes”

Em síntese, gostaria de fazer alguns comentários sobre as terminologias vistas nos comentários dos dois
autores citados. Primeiro, como já disse, a palavra exorcismo faz referencias a estes confrontos onde ali
expulsamos os demônios das vítimas. Retirar então, em nome de Jesus, o demônio de alguém é estar
atuando no nível de ‘exorcismo’. Para alguns infelizmente a visão da libertação pára aí. Estes ministradores
dizem, “Bom, finalmente você está totalmente liberto, vá em paz!”. Mas será que está liberto mesmo? E
porque muitos são duramente retaliados depois e não conseguem firmarem-se na presença de Deus? Pois
bem, embora assim como Richards, eu considere a importância do exorcismo, como parte integrante do
processo, vejo que ele não é o fim e nem a garantia do êxito da ministração. O que vem após o
exorcismo? Vem a libertação propriamente dita. Na minha opinião começamos atuar no nível da libertação
quando nos colocamos como conselheiros que estão ali procurando ajudar a pessoa a fechar todas as
brechas que abriu em seu passado e também no presente. Se os demônios estiveram ali pertubando-a
durante todo este tempo, é sinal de que tiveram legalidades para tal. Para ilustrar isso, vamos imaginar
uma situação onde temos num lugar um amontoado de lixo que está atraindo muitos mosquitos. O que
fazer para se ver livre destes insetos perturbadores? Alguns, apenas enxotam os mosquitos e deixam o lixo
(isso é exorcismo). Mas se você fizer apenas isso, o que acontece depois de pouco tempo? Os mosquitos
voltarão….Se quer mesmo sanar esta situação, trate de tirar e lançar fora todo lixo, ou seja, tire a
‘legalidade’ que estes mosquitos estão tendo para retornarem ao local. Isso pode ilustrar o que é
libertação. Se mandarmos os demônios embora, mas não tirarmos as suas legalidades (o lixo) eles voltarão
e, às vezes, com maior intensidade. Nos capítulos anteriores falamos de várias bases que o inferno pode
ter contra nós: maldições, alianças com os demônios através de práticas espíritas e ocultas, vínculos com
parceiros sexuais e também é claro, os pecados em geral. É preciso que em oração tratemos com cada
uma destas coisas.

Finalmente, temos a palavra ‘cura’. Sabemos que estes invasores espirituais que estiveram ali durante
tantos tempos, quando saem geralmente deixam seqüelas. O ministério de cura lida com ‘os estragos
causados e deixados pelos demônios’. É preciso que se entenda que o diabo durante o período que
dominou alguém teve total acesso à diversas áreas de sua vida. Por isso agora, é preciso colocar a ‘casa’
em ordem, pensado na parábola de Mateus 12. Estes estragos são aqueles traumas, feridas, mágoas,
rejeições, lembranças dolorosas do passado, etc. Este ministério tem sido chamado de cura interior e trata
especificamente com as emoções feridas. Está é a etapa que segundo Richards e Cooper demandará mais
tempo.

Eu gostaria de concluir este item, enfatizando a importância do ministério de libertação ser enfatizado
dentro da cura geral: a física, a emocional e também demoníaca. Tratar com as pessoas em todas as suas
esferas, permitindo-as caminhar livres em Cristo, deve ser a tônica de todos aqueles que trabalham com
cura e libertação em suas igrejas. Atuando assim, estaremos dando continuidade ao ministério de Cristo,
pois Ele veio para, “pregar boas novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração,
a proclamar libertação aos cativos, e a pôr em liberdade os algemados” (Isaías 61:1). Esta também deve
ser a nossa missão: pregar o evangelho aos homens, curar suas feridas emocionais e livrá-los também de
todo cativeiro espiritual. Fazendo isso, teremos uma igreja muito mais saudável e livre em Cristo!

Alcione Emerich

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