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Anais de Trabalhos Completos da

III Mostra Científica de Robótica e


Automação de Sorocaba e Região
Modelagem e Controle de Sistemas Dinâmicos

Sorocaba- São Paulo


Campus de Sorocaba - Instituto de Ciência e Tecnologia
21 de outubro de 2017

Editores:
Mauricio Becerra-Vargas
Átila Madureira Bueno
Eva de Sousa Rodrigues
Eduardo Verri Liberado
Wesley Angelino de Souza
Yara Quilles Marinho

Ilustradores:
Amanda Hellen Gonçalves
Matheus Nepomuceno Pena
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Unesp
Instituto de Ciência e Tecnologia – Câmpus de Sorocaba

Mostra Científica de Robótica e Automação de Sorocaba e


M855a Região (3., 2017: Sorocaba, SP)
Anais de trabalhos completos da III Mostra Científica de
Robótica e Automação de Sorocaba e Região: modelagem e
controle de sistemas dinâmicos [recurso eletrônico] / 3ª Mostra
Científica de Robótica e Automação de Sorocaba e Região, 21 de
outubro de 2017, Sorocaba, SP; Maurício Becerra-Vargas, Átila
Madureira Bueno, Eva de Sousa Rodrigues, Eduardo Verri
Liberado, Wesley Angelino de Souza, Yara Quilles Marinho
(editores); Amanda Hellen Gonçalves, Matheus Nepomuceno
Pena (ilustração). – Sorocaba: Unesp - Instituto de Ciência e
Tecnologia de Sorocaba, 2017.
250 p.: il.
E-book
ISBN: 978-85-64992-27-6

1. Ciência e tecnologia. 2. Automação. 3. Robótica. I. Becerra-


Vargas, Maurício. II. Título.
CDD 629.892
Bibliotecário responsável: Bruna Bacalgini – CRB 8/8855
Palavra do Presidente

É com um caloroso abraço e um sincero agradecimento que lhes dou as boas-


vindas à terceira edição da Mostra Científica de Robótica e Automação de
Sorocaba e Região.
Nossa meta foi fazer a terceira edição do evento e que fosse marcante na vida
pessoal e profissional de todos vocês, queridos colegas, que nos prestigiam. Para
tanto, cuidamos de todos os detalhes possíveis nos programas científico,
institucional e social.
Como tal, nesta Mostra, um programa muito informativo e científico oferecerá
um rol de sessões completo e inovador, concebido em concordância com as
crescentes demandas das diversas disciplinas da robótica industrial, robótica
móvel, inteligência artificial, projeto mecânico, controle de sistemas mecânicos
e automação residencial.
No entanto, o sucesso de qualquer evento depende dos participantes. Dessa
forma, aproveito esta oportunidade para convidá-los a se juntar conosco neste
compromisso.
Despeço-me ansioso para recebê-los neste que será um emocionante e
inesquecível evento.

Sejam bem-vindos!

Prof. Dr. Mauricio Becerra- Vargas


Presidente

I
Descrição do Evento

A III Mostra Científica de Robótica e Automação de Sorocaba e Região,


realizada no dia 21 de outubro de 2017, contou com a exposição em
apresentação oral e pôsteres de trinta e seis trabalhos científicos.
O evento, realizado no Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba (ICTS),
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, chegou à sua terceira
edição com o objetivo de despertar e incentivar vocações cientificas e
tecnológicas, através do desenvolvimento de projetos, em alunos de todos os
níveis. Nesta edição, o evento teve mais de setenta participantes dos níveis
médio, técnico e superior, bem como de pós-graduação.
Após a submissão à comissão organizadora através do site da Mostra
<http://eventorobotica.wixsite.com/mostrarobotica>, os artigos científicos
apresentados no evento passaram por um processo de seleção e avaliação por
professores especialistas, de acordo com o tema do trabalho.
Às 9:00 do dia 21 de outubro, após a abertura da Mostra pelo presidente do
evento, Prof. Dr. Maurício Becerra-Vargas, o Prof. Dr. Ivando Severino Diniz,
docente do ICTS, ministrou a palestra intitulada “Tecnologia Assistiva (TA):
Instrumentação Aplicada e Internet das Coisas (IoT)”.
Durante o período das 9:30 às 16:00, foram realizadas três sessões de
apresentação oral de artigos científicos com temas relacionados a robótica,
sistemas de controle, internet das coisas, domótica e modelagem de sistema
mecânicos.
Além das sessões de apresentação oral, duas sessões de pôsteres, com espaço
para exposição dos projetos com protótipos, permitiram a interação dos
participantes com pesquisadores das instituições de ensino envolvidas,
possibilitando o intercâmbio de conhecimentos em diversas áreas, como
engenharia mecânica, elétrica e computação.
II
Agradecimentos

O agradecimento inicial é dirigido aos conferencistas que aceitaram


amavelmente nosso convite e nos honraram com a presença e a excelente
qualidade de suas exposições orais.
Também, gostaria de agradecer a todos que, nos últimos meses, têm-se dedicado
tanto na elaboração da programação cientifica, como aos organizadores que
prepararam este Evento com o único objetivo de satisfazer as expectativas de
todos vocês.
Meu muito obrigado também ao Instituto de Ciência e Tecnologia – UNESP -
Campus Sorocaba por permitir, colaborar e disponibilizar o local do evento.
Não poderia deixar de agradecer a valiosa colaboração do STAEPE e da
Assessoria da Divisão Técnica Acadêmica.
Por fim agradeço a nossa patrocinadora, PROEX – Pró- Reitoria de Extensão
Universitária da UNESP.

Prof. Dr. Maurício Becerra-Vargas

Presidente

III
IV
Programação Oficial

Horário Atividade
8h30 – 9h00 Credenciamento e Abertura
Palestra: Tecnologia Assistiva (TA):
Instrumentação Aplicada e Internet das Coisas
9h00 – 9h30
(IoT).
Prof. Dr. Ivando Severino Diniz
9h30 – 10h30 Sessão de Apresentação Oral I
Sessão de Apresentação de Pôsteres I + Coffee
10h30 – 11h30
Break
11h30 – 12h30 Sessão de Apresentação Oral II
12h30 – 14h00 Intervalo
14h00 – 15h00 Sessão de Apresentação Oral III
Sessão de Apresentação de Pôsteres II + Coffee
15h00 – 16h00
Break
16h00 – 16h15 Encerramento

Sessão de Apresentação Oral I

Horário Título Autores


MODELAGEM E ANÁLISE
YARA Q. MARINHO;
9h30 - 9h45 VIBRACIONAL DE UMA
MAURÍCIO BECERRA-VARGAS
BICICLETA
RICARDO M. L. JUNIOR;
ROBÓTICA NA MANUTENÇÃO VINICIUS YAMAMOTO,
9h45 - 10h00 DE CABOS SUBAQUÁTICOS E ANDRÉ D. VIEIRA; VITOR P.
OS SEUS BENEFÍCIOS CAMILLO, SIOVANI C.
FELIPUSSI
LUCAS J. P. SCHEREMETA;
CONTROLE DE VAZÃO DE
CARLOS C. LAZARINI JUNIOR;
10h00 - 10h15 ÁGUA E RESERVATÓRIOS POR
JOSÉ R. R. BORTOLETO;
MÉTODO PID E FUZZY
MARILZA A. DE LEMOS
SISTEMA DE CONTROLE DE PRISCILA M. O. MARCELINO;
10h15 - 10h30 CONSUNO DE ENERGIA CLAYTON A. MARCELINO;
ELÉTRICA JEFFERSON A. DIAS

V
Sessão de Apresentação de Pôsteres I
10h30 – 11h30

Título Autores
ANÁLISE CINEMÁTICA DE UM BRAÇO LEONARDO L. ROSSI; LUCAS A. M.
ROBÓTICO ATRAVÉS DA SANTOS; LUCAS N. M. ROCHA;
METODOLOGIA DENAVIT MATHEUS N. NERI; MAURÍCIO
HARTENBERG MODIFICADO BECERRA-VARGAS
MARCEL T. ARAÚJO; VINÍCIUS R.
SÍNTESE E ANÁLISE DE UM
MANOEL; MAURÍCIO BECERRA-
MECANISMO FLIPPING
VARGAS
UM ESTUDO DAS REDES DE SENSORES
IRENO G. M. JUNIOR; EDUARDO P.
INDUSTRIAIS SEM FIO E TECNOLOGIA
GODOY
EMERGENTE 6TISCH
DESENVOLVIMENTO DE UM MINI ALAN M. MOLINA; GABRIEL D. DIAS;
ROBÔ SUMÔ AUTÔNOMO DE BAIXO MARIA GLÓRIA C. DE ANDRADE;
CUSTO MARILZA A. DE LEMOS;
ANDRÉ VAN OORSCHOT; PEDRO
MODELAGEM, SIMULAÇÃO E
HENRIQUE V. R. DA COSTA; HENRIQUE
OTIMIZAÇÃO DE UM AMORTECEDOR
CRESTANA; MAURÍCIO BECERRA-
DE MASSA SINTONIZADA
VARGAS
PROJETO E ANÁLISE DE UM
CAROLINE DE S. BARROS; MAURÍCIO
MECANISMO DE UM DEDO
BECERRA-VARGAS
INDICADOR ROBÓTICO SUBATUADO

VITOR F. S. SILVA; YASMIN B. A. DA


DOMÓTICA: JANELA AUTOMATIZADA
SILVA

AUGUSTO C. QUINAGLIA; BRUNO F. DE


SÍNTESE E ANÁLISE DO MECANISMO
OLIVEIRA; LUCAS R. SOUSA; MAURÍCIO
“FLAPPING WINGS”
BECERRA-VARGAS
PROJETO DE AUTOMAÇÃO DE UM
TETO MÓVEL UTILIZANDO UM CAIQUE MELLO; CÉSAR T. F. DE BRITO;
MECANISMO DE PONTO VARIÁVEL E FERNANDA T. WATANABE; MATEUS K.
BALANCIM-BALANCIM CONTROLADO MATSUDA; MARILZA A. DE LEMOS;
POR ARDUINO A PARTIR DE SINAIS DE MAURÍCIO BECERRA-VARGAS
TEMPERATURA E UMIDADE
ACIONAMENTO DE UM ROBÔ
CARTESIANO ELETROPNEUMÁTICO
JEFFERSON A. DIAS
COM CLP ATRAVÉS DO MÉTODO DA
CADEIA ESTACIONÁRIA
PROJETO INTEGRADOR COMO
ESTRATÉGIA DE ENSINO-
APRENDIZAGEM NO CURSO DE HEITOR F. S. DE OLIVEIRA; VINÍCIUS R.
ENGENHARIA DE CONTROLE E DE SOUSA; MARILZA A. DE LEMOS;
AUTOMAÇÃO: CONTROLE PID EVERSON MARTINS
EMBARCADO PARA UM SISTEMA DE
VENTILAÇÃO
SÍNTESE E ANÁLISE CINEMÁTICA DE
DANIEL A. C. SOUZA; DAVI L. MELO;
UMA PRÓTESE MECÂNICA DE UM
LUCAS G. VAZQUEZ; MAURÍCIO
JOELHO ESTRUTURADO POR UM
BECERRA-VARGAS
MECANISMO DE QUATRO BARRAS
VI
Sessão de Apresentação Oral II

Horário Título Autores


CARLOS C. LAZARINI JUNIOR;
DAVI M. MARTES; PEDRO
MECANISMO DE RETORNO
HENRIQUE V. R. DA COSTA;
11h30 - 11h45 RÁPIDO DE WHITWORTH COM
RICARDO G. NEVES;
PLAINA LIMADORA
MAURÍCIO BECERRA-
VARGAS
CAROLINE BARROS; RAFAEL
ANÁLISE CINEMÁTICA DE MONTEIRO; RENAN CAPOIA;
11h45 - 12h00
UMA PERNA HUMANÓIDE MAURÍCIO BECERRA-
VARGAS
SOPHIA M. B. BARILLARI;
SISTEMA DE
VITOR S. GOUVEIA; EVERSON
12h00 - 12h15 MONITORAMENTO DE
MARTINS; MARILZA A. DE
BATIMENTOS CARDÍACOS
LEMOS;
PROJETO DE UM MECANISMO
REPRESENTANDO AS ASAS DE BRUNO M. PEREIRA; VICTOR
12h15 - 12h30 UMA AVE “WING FLAPPING M. YOSHIZUMI; MAURÍCIO
MECHANISM” BECERRA-VARGAS

Sessão de Apresentação Oral III

Horário Título Autores


CONTROLADOR
RODOLFO G. MACHADO;
MULTIVARIÁVEL PARA UM
14h00 - 14h15 PAULO JOSÉ A. SERNI; ÁTILA
SISTEMAFS DE TRÊS TANQUES
M. BUENO
ACOPLADOS
ANDRÉ. V. C. S. FÉLIX; LUIS
FELIPE O. BERGAMIM;
14h15 - 14h30 DEDO ROBÓTICO MURILLO HENRIQUE P.
CARVALHO; MAURÍCIO
BECERRA-VARGAS
FELIPE Y. FURUSE; IAGO
EVOLUÇÃO DOS ROBÔS PIEDADE; ISABELA S. BOSCHI;
14h30 - 14h45
HUMANOIDES LUCIANE S. LOPES, SIOVANI
C. FELIPUSSI
CINEMÁTICA INVERSA DO BIANCA O. SCHMIDT; LUCAS
14h45 - 15h00 ROBÔ ABB FLEX PICKER IRB H. M. MIURA; MAURÍCIO
360-1/1600 BECERRA-VARGAS

VII
Sessão de Apresentação de Pôsteres II
15h00 – 16h00

Título Autores
SENSORIAMENTOS DE MÓDULOS DE
GUILHERME B. ELEUTÉRIO; LEONARDO
TEMPERATURA, UMIDADE, GÁS E
L. ROSSI; LUCAS A. M. SANTOS; LUCAS
LUMINOSIDADE ATRAVÉS DA
N. M. ROCHA; MATHEUS N. NERI;
PLATAFORMA NODE RED E
HELMO K. M. PAREDES
CONTROLE SEM FIO VIA ARDUINO
HIAGO C. P. MACIEL; MARCOS U. S.
PROJETO, CONSTRUÇÃO E CONTROLE SOUZA; RAFAEL S. C. MAEDA;
DE VELOCIDADE DE UM PUMPKJACK MARILZA A. DE LEMOS; MAURÍCIO
BECERRA-VARGAS
GABRIEL V. DOMINGUEZ; RAFAEL M. P.
PROJETO DO MECANISMO SPORT BACHIEGA; TIAGO C. MANGIALARDO;
THUNDER’S FLAP MARILZA A. DE LEMOS; MAURÍCIO
BECERRA-VARGAS
SISTEMA DE CONTROLE DE CONSUMO CLAYTON A. MARCELINO; PRISCILA M.
DE ÁGUA O. MARCELINO; JEFFERSON A. DIAS
LARISSA G. SALARO; MARCELLA DE
MECANISMO COM CONFIGURAÇÃO
SANT’ANA; RENAN B. ABUD; SOPHIA M.
“KLANN LINKAGE” PARA
B. BARILLARI; MAURÍCIO BECERRA-
CAMINHADA DE QUADRÚPEDE
VARGAS
APLICAÇÃO DE CINEMÁTICA
CAIO H. GIACOMELLI; GABRIELA
INVERSA EM ROBÔS PARA A CRIAÇÃO
RAMOS; GUSTAVO T. TOYOTA
DE DESENHOS
JULIO BONATTI; LEONARDO UEMURA;
LAUNCHPAD COM ARDUINO E
MARILZA A. DE LEMOS; MARIA GLÓRIA
RASPBERRY
C. DE ANDRADE
CONTROLE DE TEMPERATURA,
DAVI M. MARTES; FELIPE R. M.
LUMINOSIDADE E UMIDADE DE UMA
FERREIRA; ROSANE B. O. SEVERO;
ESTUFA POR CONTROLADOR PID EM
MARILZA A. DE LEMOS
UM ARDUINO
CAIO ALEXANDRE T. CAETANO;
TOMÁS D. PARTEL; MARILZA A. DE
PROJETO E CONSTRUÇÃO ROBÔ PICK-
LEMOS; MARIA GLÓRIA C. DE
AND-PLACE
ANDRADE; MAURÍCIO BECERRA-
VARGAS
RAFAEL M. S. LEME; RODRIGO Y.
GARRA ROBÓTICA BASEDA EM
OKANO; VINICIUS K. CINTRA;
MECANISMOS DE QUATRO BARRAS
MAURÍCIO BECERRA-VARGAS
GABRIEL G. DURÃO; LUCAS CAMELO;
MECANISMO DE TRANSPORTE DE
MATHEUS S. DOS SANTOS; MAURÍCIO
CAIXAS
BECERRA-VARGAS
CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA
DOUGLAS P. FERNANDEZ; MATHEUS N.
ROBÓTICO AUTÔNOMO PARA
PENA; MARIA GLÓRIA C. ANDRADE;
COMPETIÇÃO NA CATEGORIA MINI
MARILZA A. DE LEMOS
ROBÔ SUMÔ

VIII
Palestra: Tecnologia Assistiva (TA): Instrumentação Aplicada e
Internet das Coisas (IoT)
Prof. Dr. Ivando Severino Diniz

No Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas - CAT, instituído


pela PORTARIA N° 142, DE 16 DE NOVEMBRO DE 2006 propõe o seguinte
conceito para a tecnologia assistiva: "Tecnologia Assistiva é uma área do
conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos,
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam
promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de
pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social" (ATA VII -
Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria Nacional para Integração
da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) - Secretaria Especial dos
Direitos Humanos - Presidência da República).
O termo Assistive Technology, traduzido no Brasil como Tecnologia
Assistiva, foi criado em 1988 como importante elemento jurídico dentro da
legislação norte-americana conhecida como Public Law 100-407 e foi renovado
em 1998 como Assistive Technology Act de 1998 (P.L. 105-394, S.2432).
Compõe, com outras leis, o ADA - American with Disabilities Act, que regula os
direitos dos cidadãos com deficiência nos EUA, além de prover a base legal dos
fundos públicos para compra dos recursos que estes necessitam.
As Instrumentação aplicada podem variar de uma simples bengala a
um complexo sistema computadorizado. Estão incluídos brinquedos e roupas
adaptadas, computadores, softwares e hardwares especiais, que contemplam
questões de acessibilidade, dispositivos para adequação da postura sentada,
recursos para mobilidade manual e elétrica, equipamentos de comunicação
alternativa, chaves e acionadores especiais, aparelhos de escuta assistida,

IX
auxílios visuais, materiais protéticos e milhares de outros itens confeccionados
ou disponíveis comercialmente.
Os profissionalmente podem prestar serviços à pessoa com deficiência
visando selecionar, obter ou usar um instrumento de tecnologia assistiva. Como
exemplo, podemos citar avaliações, experimentação e treinamento de novos
equipamentos. Os serviços de Tecnologia assistiva são normalmente
transdisciplinares envolvendo profissionais de diversas áreas, tais como:
Fisioterapia, Terapia ocupacional, Fonoaudiologia, Educação, Psicologia,
Enfermagem, Medicina, Engenharia, Arquitetura, Design Técnicos de muitas
outras especialidades.
A Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things) ou simplesmente
IoT é uma rede de objetos físicos, veículos, prédios e outros que possuem
tecnologia embarcada, sensores e conexão com rede capaz de coletar e transmitir
dados. Ela pode ser definida como uma série de tecnologias e dispositivos
eletrônicos que utilizam a internet para se conectarem e realizarem determinados
processamentos e ações. Podem ir de geladeiras e carros, a objetos pequenos,
como lâmpadas e relógios. O importante é que esses dispositivos sejam
equipados com os itens certos para proporcionar a comunicação: chips, sensores,
antenas, entre outros.
Os deficientes poderão utilizar serviços Hospitais e clínicas. Seus
equipamentos conectados podem medir batimentos cardíacos ou pressão
sanguínea, por exemplo, e os dados coletados serem enviados em tempo real
para o sistema que controla os exames. Os exames de urinas e eletrocardiograma
também ser realizados. As diversas empresas como: Industrias, Agropecuária,
Transporte público, Lojas, Logística e Serviços públicos poderão se conectar a
internet das Coisas. Desta forma ajudarão as pessoas com deficiência.
Um desafio próximo está em associar a Internet das Coisas (IoT) com
Tecnologia assistiva para as diversas deficiências: visual, auditiva, etc. Isto deve
melhorar a qualidade de vidas destas pessoas.
X
Sumário
Artigo Página
1 MODELAGEM E ANÁLISE VIBRACIONAL DE UMA BICICLETA 3
2 ROBÓTICA NA MANUTENÇÃO DE CABOS SUBAQUÁTICOS E OS SEUS BE- 13
NEFÍCIOS
3 CONTROLE DE VAZÃO DE ÁGUA E RESERVATÓRIOS POR 17
MÉTODO PID E FUZZY
4 SISTEMA DE CONTROLE DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA 24
5 ANÁLISE CINEMÁTICA DE UM BRAÇO ROBÓTICO ATRAVÉS 29
DA METODOLOGIA DENAVIT HARTENBERG MODIFICADO
6 SÍNTESE E ANÁLISE DE UM MECANISMO FLIPPING 37
7 UM ESTUDO DAS REDES DE SENSORES INDUSTRIAIS SEM FIO 42
E TECNOLOGIA EMERGENTE 6TISCH
8 DESENVOLVIMENTO DE UM MINI ROBÔ SUMÔ AUTÔNOMO 49
DE BAIXO CUSTO
9 MODELAGEM, SIMULAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DE UM AMORTECEDOR 59
DE MASSA SINTONIZADA
10 PROJETO E ANÁLISE DE UM MECANISMO DE UM DEDO INDICADOR 67
ROBÓTICO SUBATUADO
11 DOMÓTICA: JANELA AUTOMATIZADA 71
12 SÍNTESE E ANÁLISE DO MECANISMO FLAPPING WINGS 75
13 PROJETO DE AUTOMAÇÃO DE UM TETO MÓVEL UTILIZANDO UM 81
MECANISMO DE PONTO VARIÁVEL E BALANCIM-BALANCIM
CONTROLADO POR ARDUINO A PARTIR DE SINAIS DE TEMPERATURA
E UMIDADE
14 ACIONAMENTO DE UM ROBÔ CARTESIANO ELETROPNEUMÁTICO COM 89
CLP ATRAVÉS DO MÉTODO DA CADEIA ESTACIONÁRIA
15 PROJETO INTEGRADOR COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO- 95
APRENDIZAGEM NO CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E
AUTOMAÇÃO: CONTROLE PID EMBARCADO PARA UM SISTEMA DE
VENTILAÇÃO
16 SÍNTESE E ANÁLISE CINEMÁTICA DE UMA PRÓTESE MECÂNICA DE UM 104
JOELHO ESTRUTURADO POR UM MECANISMO DE QUATRO BARRAS
17 MECANISMO DE RETORNO RÁPIDO DE WHITWORTH COM PLAINA LIMA- 109
DORA
18 ANÁLISE CINEMÁTICA DE UMA PERNA ROBÓTICA HUMANÓIDE 116
19 SISTEMA DE MONITORAMENTO DE BATIMENTOS CARDÍACOS 122
20 PROJETO DE UM MECANISMO REPRESENTANDO AS ASAS DE UMA AVE: 129
WING FLAPPING MECHANISM
21 CONTROLADOR MULTIVARIÁVEL PARA UM SISTEMA DE TRÊS TANQUES 135
ACOPLADOS

1
22 DEDO ROBÓTICO 139
23 EVOLUÇÃO DOS ROBÔS HUMANOIDES 146
24 CINEMÁTICA INVERSA DO ROBÔ ABB FLEXPICKER IRB 360-1/1600 152
25 SENSORIAMENTO DE MÓDULOS DE TEMPERATURA, UMIDADE, GÁS E 157
LUMINOSIDADE ATRAVÉS DA PLATAFORMA NODE RED E CONTROLE
SEM FIO VIA ARDUINO
26 PROJETO, CONSTRUÇÃO E CONTROLE DE VELOCIDADE DE UM PUMP- 164
JACK
27 PROJETO DO MECANISMO SPORT THUNDERS FLAP 172
28 SISTEMA DE CONTROLE DE CONSUMO DE ÁGUA 180
29 MECANISMO COM CONFIGURAÇÃO KLANN LINKAGE PARA CAMINHADA 185
DE QUADRÚPEDE
30 APLICAÇÃO DE CINEMÁTICA INVERSA EM ROBÔS PARA A CRIAÇÃO DE 191
DESENHOS
31 LAUNCHPAD COM ARDUINO E RASPBERRY 195
32 CONTROLE DE TEMPERATURA, LUMINOSIDADE E UMIDADE DE UMA ES- 201
TUFA POR CONTROLADOR PID EM UM ARDUINO
33 PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM ROBÔ PICK-AND-PLACE 208
34 GARRA ROBÓTICA BASEADA EM MECANISMOS DE 4 BARRAS 217
35 MECANISMO DE TRANSPORTE DE CAIXAS 222
36 CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA ROBÓTICO AUTÔNOMO PARA COMPETI- 228
ÇÃO NA CATEGORIA MINI ROBÔ SUMÔ

2
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

MODELAGEM E ANÁLISE VIBRACIONAL DE UMA BICICLETA

YARA QUILLES MARINHO, MAURICIO BECERRA VARGAS

Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba
Avenida Três de Março, 511, Alto da Boa Vista, CEP: 18.087-180, Sorocaba – SP

Resumo Com as atenções voltadas para as questões ambientais, a mobilidade urbana, cuja base é o uso de veículos com motor
à combustão, tem sido cada vez mais discutida. Uma das alternativas mais baratas e simples de utilização é a bicicleta e, por isso,
diversas cidades ao redor do mundo têm investido em melhorar suas malhas de ciclovias, incentivando o uso da bicicleta pela
população em geral em suas atividades diárias. Esse movimento é um dos motivos pelos quais o desenvolvimento de um modelo
dinâmico e vibracional adequado é fundamental para o projeto e para a fabricação de bicicletas. Tal modelagem permite a análise
e adequação dos componentes do produto de acordo com índices de conforto definidos pelos órgãos correspondentes. Neste
trabalho, um modelo de três graus de liberdade de uma bicicleta é desenvolvido através do método de Lagrange. Além da
modelagem teórica, para obtenção dos modos de vibração, um modelo de simulação foi construído com o software Adams,
permitindo a simulação e o estudo do projeto em questão, bem como a validação do modelo matemático.

Palavras-chave bicicleta, vibração, análise modal.

1 Introdução métodos de fabricação e parâmetros de segurança e


conforto foram desenvolvidos (ONAYA, 2012).
Em 2010, a frota mundial de veículos ultrapassou a Neste contexto, diversas questões podem ser
marca de 1 bilhão. A China foi o país com o maior enumeradas a fim de promover um desenvolvimento
aumento do número de veículos – 16,8 milhões de melhor, mais fácil e mais rápido deste meio de
unidades –, atingindo 78 milhões de veículos no transporte. Um dos pontos críticos no
total. Com um crescimento de 2,5 milhões de desenvolvimento de uma bicicleta é sua análise de
veículos, o Brasil apresentou o segundo maior vibração, que permite estudar a resposta do sistema
aumento em volume (SOUSANIS, 2011). Muito formado pela bicicleta e pelo ciclista em função das
embora tal explosão seja sinal de desenvolvimento excitações externas a que estes são submetidos.
econômico, alguns problemas tornam-se cada vez Neste trabalho, a modelagem dinâmica de uma
mais recorrentes. O número de acidentes de carro, os bicicleta é desenvolvida por meio da teoria de
congestionamentos e a poluição do ar são apenas parâmetros concentrados. Com o modelo matemático
algumas das questões a serem tratadas pelos gestores desenvolvido, é possível analisar a resposta livre
das cidades. A qualidade do ar, por exemplo, acaba não-amortecida do sistema através da análise modal.
por influenciar na contratação de mão de obra O modelo matemático desenvolvido foi validado
estrangeira, como é o caso de Pequim (MANGIN, com o auxílio do software Adams.
2014). Tais questões, aliadas ao iminente
esgotamento de combustíveis fósseis e às pressões de 2 Fundamentos Teóricos
movimentos ambientalistas, têm pressionado grandes
metrópoles a repensarem sua mobilidade urbana. Qualquer movimento que se repete em um
No Brasil, entretanto, o investimento em ciclovias intervalo de tempo pode ser chamado de vibração ou
ainda é baixo, sendo estas apenas 1% de todas as vias oscilação. A teoria de vibrações envolve o estudo de
das 26 capitais. Considerando-se que uma parcela movimentos oscilatórios de corpos ou sistemas em
substancial da população tem que se deslocar torno de uma posição de equilíbrio e as forças e
diariamente para o trabalho, geralmente por longas torques a eles associados (VARGAS, 2017). A
distâncias e com poucos recursos financeiros, vibração está presente em praticamente todas as
investimentos em soluções alternativas de atividades humanas, de uma maneira ou de outra. Em
mobilidade poderiam facilitar tal rotina. Apesar dos aplicações de engenharia, a análise de vibração é
números nacionais, algumas cidades têm voltado amplamente aplicada em projetos de máquinas,
maiores atenções à bicicleta. A cidade do Rio de estruturas, motores e sistemas de controle. No geral,
Janeiro é um destes casos, sendo a cidade com a oscilações reduzem a vida útil de motores e
maior malha cicloviária do país, o que, segundo o máquinas pelo fato de gerarem atrito e dissipação de
Secretário Municipal do Meio Ambiente, é parte da calor; o estresse causado por elas pode levar,
modernização dos transportes em curta distância inclusive, ao colapso do sistema quando este é
(REIS, 2014). excitado na frequência de ressonância. Quando as
Outra demanda importante do uso da bicicleta aplicações envolvem a presença humana, vibrações
consiste no mercado esportivo, que tem requerido podem causar desconforto auditivo ou físico,
cada vez mais bicicletas que acompanhem a alta dependendo da interação existente (RAO, 2011).
performance dos atletas. Para isso, novos materiais, Dessa forma, o estudo da vibração do sistema

3
dinâmico é uma das etapas fundamentais no seu
desenvolvimento.
Um sistema vibratório é um sistema dinâmico em
que as variáveis de entrada, como excitações
externas, e de saída variam com o tempo.
Geralmente, a resposta de um sistema em vibração
dependente tanto de suas condições iniciais quanto
das excitações externas. A maioria destes sistemas
apresenta elevado grau de complexidade, tornando-se
inviável a consideração de todos os detalhes para a
análise matemática. Com isso, apenas as
características mais importantes do sistemas são
consideradas para predizer seu comportamento sob
condições de entrada especificadas e,
frequentemente, o comportamento geral de um Figura 2.1. A bicicleta e seus componentes (SANCHES, 2015).
sistema complexo pode ser determinado através de
um modelo simples (RAO, 2011). Para bicicletas de passeio, os três primeiros
Um sistema vibratório deve possuir um elemento elementos citados devem ser considerados, além do
armazenador de energia potencial, como uma mola, e ciclista. Este deve ser incluído no modelo dinâmico
um elemento armazenador de energia cinética de pelo fato de sua massa representar mais de 80% da
translação ou de rotação, como uma massa ou uma massa total do sistema, funcionando como um
inércia. Além disso, algum meio que represente as elemento armazenador de energia cinética. O quadro
perdas de energia, como um amortecedor, sempre da bicicleta, embora não seja um corpo rígido, pode
está presente nos sistemas físicos reais. A vibração ser assim considerado para título de simplificação;
consiste na transformação cíclica de energia assim, apenas sua massa e seu momento de inércia
potencial em cinética e vice-versa; durante o são importantes para a modelagem do sistema. Já as
processo, as perdas de energia são consideradas pelo rodas devem ter suas características de elasticidade e
elemento amortecedor. Através da obtenção desses amortecimento equivalentes levadas em conta na
três parâmetros equivalentes de um sistema – elaboração do modelo, da mesma forma que o selim.
elasticidade, massa ou inércia e amortecimento –, é Dessa forma, os efeitos de armazenamento de
possível obter um modelo equivalente de parâmetros energia potencial e de dissipação de energia são
concentrados (VARGAS, 2017). representados pelas rodas e pelo selim. Os efeitos de
A análise de vibração, portanto, envolve a dissipação e de elasticidade dos outros componentes
modelagem física do sistema, na qual este é abstraído da bicicleta são desprezados, bem como suas massas.
em um modelo que atenda às necessidades do Outra hipótese simplificadora para o projeto consiste
projeto. Em seguida, a modelagem matemática, com na desconsideração das vibrações induzidas no
a derivação das equações, é realizada. Com isso, a sistema pelo ato de pedalar, bem como das forças de
solução do modelo matemático pode ser obtida de arrasto e sustentação devido a fluxos de ar. Além
diversas formas, dependendo da complexidade do disso, apenas a posição vertical do ciclista em relação
sistema e das ferramentas disponíveis. A análise e ao quadro é alterada, as molas e amortecedores não
interpretação dos resultados é a última fase a ser rotacionam em seus próprios eixos, as rodas não
realizada e, também, a mais importante (RAO, 2011; perdem contato com o chão e não derrapam, e a
VARGAS, 2017). bicicleta se mantém em uma trajetória em linha reta.
A seguir, o problema proposto neste artigo é descrito
em detalhes, a fim de permitir a definição dos 2.1.1 Modelagem Física
parâmetros a serem analisados durante a vibração. A
modelagem física e a modelagem matemática são,
Nesse contexto, o modelo de três graus de
também, descritas e definidas.
liberdade desenvolvido por (WITTE, 2011) pode ser
utilizado. Este apresenta duas massas, sendo a massa
2.1 A bicicleta inferior, que representa a bicicleta, sobre dois
sistemas mola-amortecedor. A Figura 2.2 ilustra o
Um modelo comercial de bicicleta é mostrado na modelo, no qual as massas da bicicleta e do ciclista
Figura 2.1, com todos seus componentes indicados e
são representadas por mb e mc , e o momento de
nomeados. Dentre as partes apontadas, o quadro, as
rodas, o selim e as suspensões são os principais inércia da bicicleta em torno de seu centro de massa
elementos a serem estudados. As suspensões, é J b . O conjunto k1c1 representa o efeito da roda
entretanto, são importantes para o projeto de traseira, enquanto k 2 c2 está relacionado com a roda
bicicletas para competições esportivas, e são
dianteira. A massa da bicicleta mb é concentrada no
consideradas nos modelos dinâmicos denominados
full-suspension (ONAYA, 2012). centro de massa, a uma distância l1 do conjunto
traseiro e l2 do dianteiro. O conjunto mola-

4
amortecedor k 3 c3 corresponde ao selim da bicicleta e Em 1788, Lagrange mostrou que os sistemas
mecânicos obedecem a uma formulação alternativa à
a massa do ciclista mc está concentrada em seu
Lei de Newton, conhecida como equação de Euler-
centro de massa. Lagrange (MONTEIRO, 2006):
d  L  L
  0 (5)
dt  q j  q j

A função lagrangiana L é definida como a diferença


entre as energias cinética, T , e potencial, V .
L  T V (6)
O movimento do corpo é expresso em função das
coordenadas generalizadas q j e as coordenadas
cartesianas são escritas em função destas:
Figura 2.2. Modelo físico de três graus de liberdade (WITTE, x  x  q1 ,q2 , q3 ,...,q n , t  (7)
2011).
y  y  q1 ,q2 , q3 ,...,qn , t  (8)
As excitações do piso dependentes do tempo, z1  t  e
z  z  q1 ,q2 , q3 ,...,qn , t  (9)
z2  t  agem, respectivamente, sobre as rodas traseira
e dianteira. As três coordenadas independentes desse Para casos em que os sistemas de coordenadas estão
sistema são os deslocamentos verticais das duas fixos, ou seja, quando não há movimento relativo
massas - zb para a massa da bicicleta e zc para a entre eles, não há dependência temporal nas equações
anteriores (MONTEIRO, 2006).
massa do ciclista -, além do ângulo  entre a posição
A velocidade generalizada é definida pela equação
de equilíbrio da massa mb e o eixo horizontal. (10).
dq j
2.1.2 Modelagem Matemática qj  (10)
dt
Para a obtenção do sistema de equações que A equação (5) é válida para sistemas conservativos.
representa o sistema físico, pode-se partir das Leis da No entanto, a equação de Lagrange pode ser utilizada
Física. A Segunda Lei de Newton diz que a força quando existem forças dissipativas, tais como forças
resultante que age sobre um corpo é igual ao produto de amortecimento. Pata tanto, a equação (11) pode
da massa do corpo pela sua aceleração, conforme a ser utilizada, com j  1, 2,..., n para um sistema com
equação (1) (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, n graus de liberdade (RAO, 2011):
2012).
d  L  L
Fr  ma (1)    Q(j n ) (11)
dt  q j  q j
Quando a massa do corpo é mantida constante, a
equação acima pode ser escrita como uma equação Nessa equação, Q (j n ) é a força não-conservativa
diferencial de primeira ordem para a velocidade ou generalizada que corresponde à coordenada
como uma equação de segunda ordem para a posição,
generalizada q j . Se uma força F age em um ponto
conforme as equações (2) e (3).
dv Fr cuja localização é dada pelo vetor r , então a força
 (2) generalizada pode ser calculada como:
dt m
r x y z
2 Q(j n )  F  Fx  Fy  Fz (12)
d r Fr
 (3) q j q j q j q j
dt 2 m
Para o sistema em questão, a obtenção das energias
A Segunda Lei de Newton pode ser escrita em cinética e potencial pode ser feita com base nas
termos da energia cinética do corpo e da energia massas e nas molas. Além disso, a força dissipativa
potencial associada à resultante de forças, conforme está associada aos amortecedores.
mostrou Lagrange em sua formulação lagrangiana da A energia cinética é definida em função do estado de
Mecânica (MONTEIRO, 2006). movimento de um corpo e, portanto, associa-se às
Para um corpo que se move no espaço massas do sistema físico. Para movimentos
tridimensional, sua trajetória pode ser descrita pelo translacionais de uma massa m com uma velocidade
vetor r , em que e x , e y e e z são os vetores unitários v , a energia cinética é dada por (HALLIDAY et al.,
que apontam no sentido dos eixos cartesianos. 2012):
r  t   x  t  e x  y  t  e y  z  t  e z (4) 1 1
T  mv 2  mx 2 (13)
2 2

5
De maneira análoga, pode-se obter a energia cinética o caso de um dos elementos ser não-linear, a
de rotação de um corpo com momento de inércia J vibração também o é. Por fim, a vibração pode ser
e velocidade angular  (HALLIDAY et al., 2012): classificada como determinística quando as
1 1 excitações sobre o sistema são conhecidas. Em
T  J  2  J 2 (14) alguns casos, os distúrbios podem ser estocásticos ou
2 2
randômicos, de forma que a característica da
Já a energia potencial pode ser definida para as excitação não seja conhecida (RAO, 2011).
massas e para as molas. Entretanto, a energia A vibração livre não-amortecida é caracterizada,
potencial gravitacional, associada às massas, não será portanto, pela ausência de distúrbios externos, além
considerada na formulação aqui desenvolvida. do distúrbio inicial, e pela ausência de elementos
Devido ao fato do modelo matemático proposto ser dissipadores. Tal afirmação é equivalente à anulação
escrito para o sistema oscilando a partir da condição das matrizes C e F da equação (18).
de equilíbrio, a energia potencial gravitacional tem Mx  Kx  0 (19)
seu efeito anulado.
A energia potencial elástica de uma mola de Considerando-se que a solução seja da forma (20), a
constante elástica k sujeita a uma deformação x à derivada segunda do vetor de coordenadas
partir de sua posição de equilíbrio é dada por generalizadas é dado por (21).
(HALLIDAY et al., 2012):  A1 cos t    
 
1
V  kx 2 A cos t    
(15) x 2 (20)
2  
 
Por fim, o amortecimento viscoso acaba por dissipar  An cos t    
energia do sistema. A força de amortecimento
associada a um amortecedor com constante de x   2 x (21)
amortecimento c sujeito a um movimento com
velocidade v é mostrada na equação (16) (RAO, Substituindo-se na equação (19):
2011).  2 M  K  x  0 (22)
F  cv  cx (16)
Multiplicando-se pela matriz inversa de M e
Através dessa metodologia, é possível escrever a rearranjando-se a equação:
equação diferencial para cada coordenada
 M 1 K   2 I  x  0 (23)
generalizada e, a partir do vetor de coordenadas
generalizadas, equação (17), pode-se obter a forma Para a solução não-trivial, ou seja, para o vetor de
matricial da equação (18): coordenadas não nulo, podem-se escrever as
 q1  frequências naturais em função dos autovalores da
q  matriz A (VARGAS, 2017):
x   2 (17)
  A  M 1 K (24)
 
 qn  12 0 0 0 
 
0 22 0 0
Mx  Cx  Kx  F (18) d   (25)
0 0 0 
 
2.2 Tipos de Vibração  0 0 0 n2 
Já os autovetores resultam na relação entre as
A vibração de um sistema pode ser classificada amplitudes de oscilação das coordenadas:
entre quatro tipos básicos: livre ou forçada,
 v11 v12 v1n 
amortecida ou não-amortecida, linear ou não-linear e v v v2 n 
determinística ou estocástica. Se um sistema é V   21 22 (26)
deixado para vibrar por si próprio após um distúrbio  
inicial, sem forças externas agindo sobre ele, a  
 vn1 vn 2 vnn 
vibração é classificada como livre. Já a vibração
forçada acontece quando o sistema é submetido a Onde:
forças ou distúrbios externos de forma repetitiva. v2i
Durante a oscilação de um sistema, esta é dita não- r2i  (27)
v1i
amortecida quando não ocorre perda de energia por
dissipação ou fricção. Nos sistemas físicos reais, A2(i )  r2i A1(i ) (28)
entretanto, a oscilação é amortecida, pois sempre
ocorrem perdas de energia; estas, entretanto, podem v3i
ser desconsideradas em alguns casos. Se os r3i  (29)
v1i
componentes básicos do sistema vibratório – mola,
massa e amortecedor – tiverem comportamento A3(i )  r3i A1(i ) (30)
linear, a vibração resultante é chamada linear. Já para
6
Em que os índices i denotam os modos de vibração. q2  z c (33)
Escrevendo-se o vetor de coordenadas generalizadas
em função de cada uma das frequências naturais do q3   (34)
sistema, podem-se obter os modos de vibração:
Com isso, podem-se definir as energias cinética e
 x1(i )  potencial em função das coordenadas generalizadas.
 (i ) 
x
x (i )   2 
A primeira corresponde ao somatório das energias
(31)
  cinética de translação da bicicleta e do ciclista com a
 (i )  energia cinética de rotação da bicicleta, conforme a
 xn  equação (35), a qual pode ser reescrita substituindo
os parâmetros do sistema nas equações (13) e (14),
obtendo-se a expressão (36).
3 Metodologia
T  Tt _ b  Tt _ c  Tr _ b (35)
Para o desenvolvimento do modelo dinâmico, os
1 1 1
conceitos explicitados na seção anterior foram T mb zb 2  mc zc 2  J b 2 (36)
utilizados. Depois da definição do modelo físico, as 2 2 2
equações do modelo matemático foram obtidas Já a energia potencial elástica das molas presentes no
através do método de Lagrange. Conceitos básicos de modelo físico deve ser escrita em função de suas
trigonometria também foram usados para permitir a deformações. A partir da Figura 2.2, é possível
definição das forças e momentos. Como as equações determinar as deformações para as molas 1, 2 e 3,
obtidas são não-lineares, optou-se pela linearização considerando-se as definições dos ângulos e as
pelo método de Taylor em torno dos pontos de relações trigonométricas adequadas:
operação, de modo a simplificar o modelo d1  zb  z1  l1 sin  (37)
matemático.
O software Matlab foi utilizado para a solução do d 2  zb  z2  l2 sin  (38)
modelo matemático para a obtenção de sua resposta
livre não-amortecida. d 3  z c  zb (39)
Já para a simulação dinâmica, o software Adams foi
escolhido. O modelo físico com as características de As expressões obtidas para as deformações das rodas
elasticidade, amortecimento e inércia, além das traseira e dianteira são não lineares e, neste caso,
dimensões adequadas, foi montado com o auxílio do podem ser linearizadas em torno do ponto de
software. Através da desconsideração do operação a fim de desenvolver um modelo linear
amortecimento do sistema, foi possível obter a para o sistema bicicleta e ciclista. Isso pode ser feito
resposta livre não-amortecida para comparação com através do método de Taylor considerando-se
os resultados teóricos, através da excitação do pequenas variações em torno da posição horizontal,
sistema por um deslocamento inicial.   0 :
sin    (40)
4 Resultados e Discussões Portanto:
d1  zb  z1  l1 (41)
A seguir, os resultados obtidos para a
modelagem matemática do sistema, bem como sua d 2  zb  z2  l2 (42)
resposta livre não-amortecida são apresentados para
os modelos teórico e de simulação. Substituindo-se os deslocamentos já linearizados na
equação (15), a energia potencial total do sistema é
4.1 Modelo Teórico dada por:
k k k
V  1  zb  z1  l1   2  zb  z2  l2   3  zc  zb 
2 2 2
A partir da revisão bibliográfica desenvolvida 2 2 2
nas seções anteriores, foi possível obter o modelo (43)
matemático do sistema, bem como realizar sua
análise modal, conforme mostrado a seguir. Por fim, a força não conservativa generalizada,
equação (12), pode ser escrita com base nas forças
4.1.1 Modelo Matemático dissipativas com as mesmas deformações às quais as
molas são submetidas, sendo que todas as forças
Partindo-se dos conceitos teóricos expostos, é agem no sentido vertical.
d d d
possível determinar o modelo matemático para o Q(3)  F1 1  F2 2  F3 3 (44)
q j q j q j
j
sistema físico da Figura 2.2 pelo método de
Lagrange. Assim, as coordenadas generalizadas
correspondem às três coordenadas independentes do Partindo-se da equação (16), podem-se escrever as
sistema: forças dissipativas como:
q1  zb (32) 
F1  c1d1  c1 zb  z1  l1 
(45)

7

F2  c2 d2  c2 zb  z2  l2  (46) Novamente, a partir das expressões anteriores e da
equação (11), rearranjando-se os termos, a equação
F3  c3 d3  c3  zc  zb  (47) (60) é obtida:
mc zc  c3 zb  c3 zc  k3 zb  k3 zc  0 (60)
Assim, a equação (44) pode ser reescrita
substituindo-se as equações (45), (46) e (47): Por fim, o mesmo procedimento pode ser adotado
d1 para a coordenada generalizada q3   :
Q (3)
j 
 c1 zb  z1  l1 
q j

T
 J b (61)
(48) 
 d 2   d3 

 c2 zb  z2  l2     c3  zc  zb 
q j  

q j  V
 0 (62)

Com base nas equações (36), (43) e (48), pode-se,
enfim, aplicar o método lagrangiano da equação (11). T
0 (63)
Para a primeira coordenada generalizada, q1  zb , 
tem-se as derivadas parciais:
V
T  l1k1  zb  z1  l1   l2 k2  zb  z2  l2  (64)
 mb zb (49) 
zb

V
  
Q3(3)  l1c1 zb  z1  l1  l2c2 zb  z2  l2  (65)
0 (50)
zb Obtendo-se:

T
 
J b   l1c1  l2 c2  zb  l12 c1  l22 c2    l1k1  l2 k2  zb 
0
  l k  l k   l1k1 z1  l2 k2 z2  l1c1 z1  l2 c2 z2
(51)
zb
2 2
1 1 2 2

(66)
V
 k1  zb  z1  l1   k2  zb  z2  l2   k3  zc  zb  As equações (54), (60) e (66) podem ser escritas na
zb
forma matricial da equação (18) em função do vetor
(52)
de coordenadas generalizadas dado por (67):
A força dissipativa generalizada é dada por:  zb 
   
Q1(3)  c1 zb  z1  l1  c2 zb  z2  l2  c3  zc  zb  x   zc  (67)
(53)   
Utilizando-se as expressões anteriores na equação
(11) e rearranjando-se os termos para deixá-los em  mb 0 0
função das coordenadas generalizadas, a equação M   0 mc 0  (68)
(54) pode ser obtida:  0 0 J b 
mb zb   c1  c2  c3  zb  c3 zc   l1c1  l2 c2  
  k1  k2  k3  zb  k3 zc   l1k1  l2 k2   (54) c1  c2  c3 c3 l1c1  l2 c2 
C   c3 c3 0 
 (69)
 k1 z1  k2 z2  c1 z1  c2 z2
 l1c1  l2 c2 0 l12 c1  l22 c2 
As derivadas parciais e a força dissipativa podem ser
obtidas, de maneira análoga, para a coordenada  k1  k2  k3 k3 l1k1  l2 k2 
generalizada q2  zc : K   k3 k3 0 
 (70)
T  l1k1  l2 k2 0 l12 k1  l22 k2 
 mc zc (55)
zc
 k1 z1  k2 z2  c1 z1  c2 z2 
V 
F 
0 (56) 0  (71)
zc  l1k1 z1  l2 k2 z2  l1c1 z1  l2 c2 z2 
T
0 (57)
zc 4.1.2 Vibração Livre Não-amortecida
V
 k3  zc  zb  (58) Através das equações da seção Tipos de
zc Vibração, é possível desenvolver um pequeno
programa no software Matlab para o cálculo das
Q2(3)  c3  zc  zb  (59) frequências naturais do sistema e das amplitudes da
vibração, conforme a Figura 4.1.

8
As amplitudes das oscilações A1(i ) e os Com isso, a partir da inserção dos parâmetros do
sistema ciclista e bicicleta, conforme os dados
deslocamentos de fase  i podem ser obtidos em
obtidos experimentalmente por WITTE (2011), é
função das condições iniciais do sistema, o que possível obter as respostas da Figura 4.2.
também é feito no programa da Figura 4.1. Tais resultados permitem a definição da frequência
Considerando-se que a excitação inicial seja feita por natural fundamental, a menor das três, como 58,5201
deslocamento, como realizado no modelo de rad/s, além de permitirem a obtenção dos modos de
simulação apresentado posteriormente, tem-se: vibração:
zb  0  0,0021m (72)  x1(1) 
 
zc  0  0,0029m (73) x   1, 4091x1(1) 
(1)
(76)
 0, 0534 x1 
(1)
 
  0  1,0047 104 rad (74)
 x1(2) 
zb  0   zc  0     0   0 (75) x (2)
 (2) 
  0, 4372 x1  (77)
 262, 6168 x1(2) 
Substituindo-se tais condições iniciais na solução da  
forma da equação (20) e somando-se as respostas dos
três modos de vibração para cada coordenada  x1(3) 
 (3) 
generalizada, é possível obter um sistema de x (3)   0, 0933x1  (78)
equações que forneça as amplitudes de oscilação e os  0, 0190 x1(3) 
deslocamentos de fase.  

mb=8.808;
mc=67; >> modal
Jb=2.317;
k1=179986.3; V=
k2=173716.8;
k3=790365; -0.0840 0.0025 0.3263
c1=138.7; -0.1183 -0.0011 -0.0304
c2=138.7; 0.0045 -0.6569 0.0062
c3=282.86;
l1=0.482707;
l2=0.525292; d=

M=[mb 0 0;0 mc 0;0 0 Jb]; 1.0e+05 *


K=[k1+k2+k3 -k3 -l1*k1+l2*k2;
-k3 k3 0; 0.0342 0 0
-l1*k1+l2*k2 0 l1*l1*k1+l2*l2*k2]; 0 0.3878 0
0 0 1.3827
Z=inv(M);
Y=Z*K;
[V,d]=eig(K,M) w=
w=sqrt(d)
58.5201 0 0
r21=V(2,1)/V(1,1); 0 196.9285 0
r22=V(2,2)/V(1,2); 0 0 371.8450
r23=V(2,3)/V(1,3);
Figura 4.2. Resultados da análise modal com o software Matlab.
r31=V(3,1)/V(1,1);
r32=V(3,2)/V(1,2); Já os deslocamentos de fase calculados e as
r33=V(3,3)/V(1,3); amplitudes da primeira coordenada generalizada, zb ,
R=[1 1 1;r21 r22 r23;r31 r32 r33]; para os três modos de vibração correspondem a:
CI=[0.0021;0.003;-1.0047e-4];
A=inv(R)*CI;
t=0:0.001:1; 1  2  3  0rad (79)
zb=A(1,1)*cos(w(1,1)*t)+A(2,1)*cos(w(2,2)*t)
+A(3,1)*cos(w(3,3)*t); A1(1)  0,0021 (80)
zc=r21*A(1,1)*cos(w(1,1)*t)+r22*A(2,1)*cos(w
(2,2)*t)+r23*A(3,1)*cos(w(3,3)*t);
theta=r31*A(1,1)*cos(w(1,1)*t)+r32*A(2,1)*co
A1(2)  5,1547 108 (81)
s(w(2,2)*t)+r33*A(3,1)*cos(w(3,3)*t);
subplot(3,1,1) A1(3)  2,7211105 (82)
plot(t,zb)
subplot(3,1,2) Como o sistema foi excitado através de
plot(t,zc) deslocamentos iniciais nas três coordenadas
subplot(3,1,3)
plot(t,theta) generalizadas, sua resposta livre não-amortecida
corresponde ao somatório dos três modos de
vibração, conforme a Figura 4.3. Tal resposta
Figura 4.1. Script para cálculo da resposta livre não-amortecida.
também foi obtida com o script da Figura 4.1, usando

9
a forma padrão da equação (20), as amplitudes e ganho negativo da oscilação desta coordenada em
fases calculadas e os modos de vibração das relação à coordenada de referência, o que justifica os
equações (76), (77) e (78). resultados obtidos. Além disso, o deslocamento
A análise da resposta livre não amortecida comprova angular apresenta-se mais distorcido em relação à
a suposição feita para as formas das respostas senoide fundamental que as demais. Tal fato associa-
modais: todas as coordenadas generalizadas se ao ganho elevado apresentado no segundo modo
apresentam resposta oscilatória com mesma de vibração, conforme a equação (77), de forma que
frequência e fase. Embora a resposta para o as amplitudes desse modo influenciem na resposta
deslocamento angular da bicicleta pareça estar livre não amortecida de maneira mais perceptível.
defasada das demais, a equação (76) demonstra

Figura 4.3. Resposta livre não amortecida excitada com deslocamento inicial para o deslocamento vertical da bicicleta, para o deslocamento
vertical do ciclista e para o deslocamento angular da bicicleta – Matlab.

4.2 Modelo de Simulação apenas na vertical, enquanto o uso de uma junta de


orientação permitiu a eliminação dos três graus de
O modelo construído a partir do software liberdade de rotação.
Adams, além de sua análise não-amortecida, é
apresentado nas subseções seguintes.

4.2.1 Modelo Desenvolvido

O modelo de simulação desenvolvido através do


software Adams é mostrado na Figura 4.4. As partes
em cor vermelha representam a bicicleta, enquanto a
cor verde é representativa do ciclista. As rodas
dianteira e traseira são representadas por uma mola
com os coeficientes de elasticidade e amortecimento
corretos. Já a terceira mola representa o efeito do
selim, que conta com elasticidade e amortecimento.
As duas barras horizontais consistem nas massas da
bicicleta e do ciclista, sendo que a primeira também
tem seu momento de inércia definido e seu centro de
massa deslocado para coincidir com o modelo de
WITTE, 2011.
Para a limitação dos movimentos das partes móveis,
foram utilizadas juntas primitivas. Estas permitem
restringir os graus de liberdade do movimento sem a
inserção de juntas físicas. Para a limitação do
movimento da bicicleta de translação na vertical e de Figura 4.4. Modelo desenvolvido – Adams.
rotação em torno de seu centro de massa, uma junta
em linha e uma junta de eixos paralelos foram 4.2.2 Vibração Livre Não-amortecida
utilizadas, respectivamente. Já para o ciclista, a junta
em linha foi utilizada para limitar seu deslocamento A análise das frequências naturais não amortecidas
do sistema foi feita através da ferramenta pertinente
10
do software, obtendo-se o resultado da Figura 4.5, na seção 4.1.2, com erro de apenas 6% para a
que também demonstra as juntas e os graus de frequência natural fundamental.
liberdade do modelo. Através da anulação dos coeficientes de
Pode-se verificar que as frequências naturais obtidas amortecimento do modelo de simulação, as respostas
através do software coincidem com aquelas livres não amortecidas para os três graus de liberdade
calculadas através do modelo teórico desenvolvido do sistema foram traçadas, conforme Figura 4.6.

Figura 4.5. Análise do modelo – Adams.

Figura 4.6. Resposta livre não amortecida excitada com deslocamento inicial para o deslocamento vertical da bicicleta, para o deslocamento
vertical do ciclista e para o deslocamento angular da bicicleta – Adams.

11
As medidas de deslocamento linear da bicicleta e do Referências Bibliográficas
ciclista foram realizadas diretamente através da
ferramenta do software que permite medir o HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J.
deslocamento linear de partes móveis. Já para a Fundamentos de Física: Mecânica. 9 ed. Rio de
aferição do deslocamento angular da bicicleta, foi Janeiro: LTC, 2012.
necessário medir primeiramente a velocidade angular MANGIN, V. Return of 'airpocalypse': Beijing's
do link representativo do quadro, já que o software expats flee smog. 2014. Disponível em: <
não possui a opção de medição de deslocamento http://www.bbc.com/capital/story/20140321-
angular. Com isso, no pós-processamento, integrou- expat-exodus-from-beijing >. Acesso em: 28 de
se a resposta no tempo, obtendo o deslocamento abril de 2017.
angular. MONTEIRO, L. H. A. Sistemas Dinâmicos. 2 ed.
Fica claro que todas as coordenadas generalizadas São Paulo: Livraria da Física, 2006.
possuem resposta livre com mesma frequência e fase, ONAYA, A. F. Modelagem dinâmica de bicicletas
sendo as amplitudes distintas. Com o auxílio do com suspensão integral ("full suspension").
cursor, foi possível obter o período de 0,107 s, 2012. (Bacharel em Engenharia Mecânica).
correspondente a 58,72 rad/s de frequência, sendo Universidade de São Paulo, São Paulo.
esta a menor frequência natural não amortecida do RAO, S. S. Mechanical Vibrations. 5 ed. Prentice
sistema, chamada frequência fundamental. Além Hall, 2011.
disso, nota-se que a oscilação das três coordenadas REIS, T. Ciclovias representam apenas 1% da malha
independentes ocorre em torno de um ponto de viária das capitais no país. 2014. Disponível
equilíbrio, que para melhor visualização, foi em: <
transladado para o valor nulo. http://g1.globo.com/brasil/noticia/2014/03/ciclov
Apesar de o gráfico de deslocamento angular da ias-representam-apenas-1-da-malha-viaria-das-
bicicleta parecer estar defasado em relação aos outros capitais-no-pais.html >. Acesso em: 29 de abril
dois, a análise teórica dos modos de vibração de 2017.
demonstrou que a diferença está relacionada ao SANCHES, R. Conhecendo as peças de uma
ganho negativo dessa grandeza. Tais ganhos podem bicicleta. 2015. Disponível em: <
ser obtidos pelas amplitudes de pico a pico das http://www.nucleobike.com.br/dicas/conhecendo
oscilações medidas durante a simulação, obtendo-se: -as-pecas-de-uma-bicicleta/ >. Acesso em: 23 de
z 0, 0059 março de 2017.
r22  c   1, 4048m / m (83)
zb 0, 0042 SOUSANIS, J. World Vehicle Population Tops 1
Bilion Units. WardsAuto, 2011. Disponível em:
 2,3649 104 < http://wardsauto.com/news-analysis/world-
r32    0,0563rad / m (84) vehicle-population-tops-1-billion-units >.
zb 0,0042
Acesso em: 28 de abril de 2017.
Assim, tanto o ganho para o deslocamento vertical do VARGAS, M. B. Processos de Fabricação para
ciclista quanto o ganho relacionado ao deslocamento Controle e Automação. 2017. (Notas de Aula).
angular da bicicleta estão corretos e de acordo com UNESP, Sorocaba.
os obtidos de maneira teórica, validando o modelo WITTE, T. D. Study of the Dynamic Behaviour of
matemático das equações (67) a (71). the Racing Bicycle and Interactions with Road
and Rider. 2011. (Mestrado). Universiteit Gent.
5 Conclusões

Para a análise de vibração de uma bicicleta, sua


modelagem dinâmica é de fundamental importância.
Para simplificar o comportamento desse sistema
complexo, optou-se por utilizar a metodologia de
parâmetros concentrados, abstraindo-se o sistema
através de um sistema mais simples, formado por
massas, molas e amortecedores, e que possua
resposta dinâmica e vibracional equivalente. A
modelagem do sistema bicicleta e ciclista de acordo
com um modelo de parâmetros concentrados de três
graus de liberdade mostrou-se adequada para a
solução, estando coerente com os resultados de
simulação, mesmo após a linearização do sistema.
Tal comprovação foi feita pela análise modal teórica
do sistema sujeito às mesmas condições iniciais
impostas no modelo de simulação no software
Adams.

12
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

ROBÓTICA NA MANUTENÇÃO DE CABOS SUBAQUÁTICOS E OS SEUS BENEFÍCIOS

RICARDO M. L. JUNIOR, VINICIUS YAMAMOTO, ANDRÉ D. VIEIRA, VITOR P. CAMILLO, SIOVANI C. FELIPUSSI

Departamento de Computação, Universidade Federal de São Carlos - Campus Sorocaba


Rod. João Leme dos Santos, S/N - Bairro do Itinga, Sorocaba - SP, 18052-780
E-mails: andrevieira.13@hotmail.com, ricardomlealjr@gmail.com,
vini.yamamoto@gmail.com, vitorcamillo20@gmail.com, siovani@ufscar.br

Resumo Este trabalho objetiva mostrar a necessidade dos cabeamentos marítimos e o estado da arte dos robôs empregados na
manutenção de cabos subaquáticos. Também objetiva evidenciar as tecnologias robóticas em desenvolvimento para essa aplicação.

Palavras-chave Robôs autômatos, fibra ótica, transoceânico, manutenção.

1 Introdução animais marinhos (Figura 3) podem comprometer o


fluxo da comunicação e causar prejuízos de toda or-
dem aos mais diversos segmentos.
A necessidade de integração e comunicação é
algo imprescindível nos dias atuais, necessitamos cada
vez mais de conexão para diversos equipamentos. In-
vestimentos em redes móveis são prementes no con-
texto de um mundo globalizado e conectado. Desde o
incipiente 2G no início dos anos 1990, com aproxima-
damente 100 Kbps, até a próxima geração 5G esti-
mada em 20 Gbps, os avanços nas redes móveis de-
mandam planejamento e substanciais investimentos
pela iniciativa privada e políticas governamentais.
Também podemos observar a elevada quantidade ca-
beamentos para suprir essa conectividade, desde os Figura 2. Mergulhador realizando manutenção em cabo de inter-
tradicionais e visíveis cabeamentos urbanos que ofe- net. [18]
recem banda larga para a população até os cabeamen-
tos de grande porte, também denominados cabeamos
de intercontinentais. A (Figura 1) ilustra o cabeamento
intercontinental que conecta a América do Norte com
a América Sul e também a conexão com Senegal, Por-
tugal e Espanha.

Figura 3. Tubarão atacando cabeamento de internet no fundo do


oceano. [17]

Robôs tem sido uma solução viável para prover ma-


nutenção nesse tipo de cabeamento que habitualmente
estão localizados em locais insalubres e perigosos cuja
intervenção humana pode resultar nos mais diversos
riscos. Poole [19] caracterizou os robôs quanto ao tipo
de trabalho e com base nessa construção estabeleceu-
se a nomenclatura 4D e 4H jobs como segue:

A 4D JOBS:
 Dull (maçante): Se o robô consegue substi-
tuir eficientemente trabalhos repetitivos, en-
Figura 1. Cabos transoceânicos, que ligam o Brasil a Europa,
África Ocidental e América do Norte. [1] tediantes e fatigantes para humanos;
 Dangerous (perigoso): Se o robô consegue
Em virtude da necessária conectividade, a respectiva substituir eficientemente trabalhos que pos-
manutenção de toda essa infraestrutura se estabelece sam oferecer perigos aos humanos;
(Figura 2). Desgastes naturais e até provocados por

13
 Dirty (sujo): Se o robô consegue substituir
eficientemente trabalhos que envolvam am-
bientes sujos ou que possa prejudicar a saúde
de um humano;
 Difficult (difícil): Se o robô consegue substi-
tuir eficientemente trabalhos que sejam
muito difíceis para um humano;

B 4H JOBS:
 Hot (quente): Se o robô consegue executar
trabalhos eficientemente em ambientes ex-
tremamente quentes para um humano;
 Heavy (pesado): Se o robô consegue substi-
tuir eficientemente um humano em trabalhos Figura 4. Robô Hector-7 utilizado na Irlanda. [8]
que envolvam o uso extremo de força;
 Hazardous (perigoso): Se o robô consegue
substituir eficientemente trabalhos que pos-
sam trazer perigos aos humanos;
 Humble (humilde): Se o robô consegue exe-
cutar as tarefas mais simples.

Em ambientes inóspitos, por exemplo, no fundo oce-


ano, há diversos fatores que comprometem a integri-
dade humana: baixas temperatura, alta pressão atmos-
férica, riscos de ataques por animais, correnteza e ou-
tras, não obstante, há outras situações que contribuem
negativamente para o desempenho das ações humanas
nessas situações: turbidez da água, iluminação defici-
tária, maneabilidade e afins. Nesse sentido, o emprego Figura 5. Robô Japonês Marcas-IV. [4]
de Veículos Não Tripulados Controlados Remota- Assemelhando-se com o Hector-7, o robô japonês
mente (Remotely operated vehicle - ROV), têm sido Marcas-IV apresenta algumas pequenas diferenças,
cada vez mais usuais na minimização e atendimento dentre elas podemos a citar as dimensões e a forma de
aos preceitos 4D e 4H jobs. locomoção. Apesar de executar sua tarefa com perfei-
ção, o tempo necessário nos reparos ainda é elevado e
necessita da intervenção humana em navios, para re-
solver essa demanda, a empresa Eelume [7] em cola-
2 Trabalhos Correlatos
boração com a Kongsberg Gruppen [15] e Statoil [16]
iniciaram o desenvolvimento de um robô autômato su-
A manutenção de cabeamentos subaquáticos uti- baquático que demanda menor tempo para execução
lizando robôs não é algo tão distante na atualidade. O dos trabalhos, trata-se de um robô que possui flexibi-
robô Hector-7 [20], ilustrado pela Figura 4, é utilizado lidade alta e tem como objetivo a manutenção e inspe-
na Irlanda, caracteriza-se como exemplo de robôs con- ção no fundo do mar. A sua permanente localização
trolados por humanos destinados a manutenção de ca- na água, sem a necessidade de resgate para navios, ca-
bos subaquáticos. Esse robô se utiliza de câmeras de racteriza-se como um dos diferenciais dos atuais ro-
alta resolução para localização de cabos em até 2.000 bôs. Atualmente é empregado na limpeza, ajuste de
m de profundidade, efetua a remoção dos cabeamen- válvulas e inspeções visuais e está longe de ser um
tos localizados a até 100 metros de profundidade e os robô para manutenções de cabos como os atuais, po-
trazem para a superfície para a respectiva manutenção rém a cada ano o Eelume tem evoluído o seu desen-
realizada por aproximadamente 30 pessoas em um na- volvimento. A terceira geração do Eelume, no qual a
vio. Após a intervenção e reparação, o robô recoloca idealização é apresentada na Figura 6 e sua versatili-
os cabos no fundo do mar, religa-os por meio de água dade apresentada na Figura 7, possuirá baterias inter-
pressurizada, enterra-os novamente para a subjacente nas e processadores on-board, também poderá se co-
proteção contra-ataques de animais e desta feita, pre- nectar a comunicações através de conexão sem fio
serva a inerente conectividade. Esse processo demora quando nas proximidades de uma estrutura. Com os
de 3 a 5 dias. avanços do Eelume, espera-se em um futuro próximo,
Outro robô usado nesse tipo de tarefa é o ROV-Marcas a substituição de robôs controlados Hector-7 e Marcas
IV um robô japonês da empresa Kokusai Cable Ship IV.
Co. [14], visto na Figura 5.

14
 Possibilidade de instalação de inteligência
artificial, assim efetuando seu trabalho de
forma autônoma.
 Pelas suas dimensões, pode executar tarefas
de magnitude menor e mais precisa.
 Peças são trocadas facilmente em virtude da
modularização.
 Baixo consumo de energia.

B. EELUME DESVANTAGENS
Figura 6. Arte conceitual dos robôs Eelume trabalhando embaixo  Sua bateria tem uma durabilidade reduzida.
d'água. [9]  Por ser um robô pequeno e parecido com uma
enguia pode ser confundido por outro animal
3 Análise Comparativa marinho e há a possibilidade de ataque.
 Seu design atual pode dificultar fortemente
sua manutenção em cabos intercontinentais,
Nesta seção consideramos os robôs atuais e os em
diferente dos ROVs, devido a seu tamanho e
desenvolvimento e na Tabela 1 mostraremos aspectos
resistência.
relativos a peso, câmeras, ferramentas, profundidade
de trabalho, capacidade máxima de enterro, energia  Baixa resistência a pressão em seu corpo.
consumida e velocidade de manuseamento. Ressalta-  Trabalha EM baixas profundidades (150m),
se que os robôs Hector-7 e Marcas-IV utilizam jatos comparado aos ROVs.
d'água para enterrar objetos quando estão no fundo do
mar. C. ROV VANTAGENS
Tabela 1 – Comparação técnica entre os robôs
 São fortes e robustos, podendo carregar uma
grande quantidade de peso e resistentes a
grandes pressões em seu corpo.
 Consegue trabalhar em altas profundidades,
acima de 2.000 m.

D. ROV DESVANTAGENS
 Necessidade de um humano para controlá-lo.
 Alto consumo de energia.
 Baixa velocidade de manuseio.
 Alto custo para sua utilização, pois necessita
de apoio externo (barco) para levá-lo ao
ponto para iniciar seu trabalho.

4 Conclusões e Perspectivas

Observando todas as evidências apresentadas nas


seções anteriores, pode-se concluir que há um enorme
gasto financeiro para manter a conectividade mundial,
como por exemplo o uso dos ROVs, que são robôs que
tem um enorme custo para sua utilização além do tra-
balho extremamente lento para remover o cabo inter-
continental do fundo do oceano e trazê-lo para a su-
perfície, fazer a manutenção necessária e conectá-lo
novamente no fundo do oceano.
Figura 7. Robô Eelume e sua versatilidade. [7] Pode-se observar na análise comparativa que ambos
A seguir, comparação entre os modelos, apontando os robôs possuem vantagens e desvantagens forte-
vantagens e desvantagens dos modelos ROV e Ee- mente posicionadas, acreditamos que futuramente
lume. possa ser desenvolvido um robô versátil e modular
como o Eeelume e tão forte e resistente quanto os
A. EELUME VANTAGENS ROVs para realizar o trabalho de manutenção dos ca-
 Possibilidade de permanência na região de bos.
trabalho 24 horas por dia em todos os dias da Podemos concluir que o investimento em robôs autô-
semana. matos para esse tipo de atividade é de considerável im-
portância, pois:

15
 É mais econômico e apresenta maior rapidez [5]. ROV MARCAS-IV pdf specification
na realização de suas tarefas. https://goo.gl/JzE9i1 Acessado em 08 de Outubro
 Protege o humano de riscos na manutenção. de 2017.
 Adaptável para variadas situações. [6]. WATCH: Subsea Snake Robot Takes Shape.
 Permite a implementação de inteligência ar- https://goo.gl/BvxB8D Acessado em 08 de Outu-
tificial. bro de 2017.
[7]. EELUME SUBSEA INTERVENTION.
https://eelume.com/ Acessado em 08 de Outubro
No Brasil há um forte investimento para que tenhamos
de 2017.
16 cabos submarinos até 2019 (Figura 8), o uso de ro-
bôs autômatos que possam realizar a manutenção des- [8]. This giant robot fixes undersea broadband cables
ses cabos sem a intervenção humana se torna promis- https://goo.gl/1yiyuX Acessado em 08 de Outu-
sor. Os ROVs atualmente desempenham um trabalho bro de 2017.
satisfatório, mas com o advento dos robôs Eelume é [9]. Collaboration on swimming robots for subsea
possível e viável robôs autômatos que possam realizar maintenance. https://goo.gl/PGtv1f Acessado em
o mesmo trabalho que os ROVs. 08 de Outubro de 2017.
[10]. VIDEO: EELUME - Snake Swimming Robot
that can do Underwater Operations.
https://goo.gl/MpjQ3n Acessado em 08 de Outu-
bro de 2017.
[11]. The ROVs. https://goo.gl/DaRGt2 Acessado em
08 de Outubro de 2017.
[12]. Orange Marine company website.
https://goo.gl/QJvrFQ Acessado em 08 de Outu-
bro de 2017.
[13]. Brasil terá 16 cabos submarinos até 2019 para
transmissão de dados. https://goo.gl/6u5eAe
Acessado em 09 de Outubro de 2017.
[14]. Kokusai Cable Ship Cp.,LTD. http://www.k-
kcs.co.jp/english/ Acessado em 08 de Outubro de
2017.
[15]. Kongsberg Gruppen.
https://www.kongsberg.com/ Acessado em 08 de
Outubro de 2017.
Figura 8. Um dos cabos que futuramente serão instalados em
[16]. Statoil. https://www.statoil.com/ Acessado em 08
2019. [13] de Outubro de 2017.
[17]. Tubarões são atraídos e tentam comer cabos de
Talvez seja desnecessário que um robô esteja disponí- fibra óptica do Google no fundo do oceano.
vel 24 horas por dia, por outro lado, a logística neces- https://goo.gl/erFope Acessado em 11 de Outubro
sária para a operação de um ROV é custosa e traba- de 2017
lhosa, robôs autômatos estão longe de desempenha-
[18]. Fatos incríveis que muitos desconhecem sobre re-
rem as funções de um ROV. Em breve, o EElume
des submarinas. https://goo.gl/7Hpv45 Acessado
atenderá à essas demandas e certamente será uma op-
em 11 de Outubro de 2017.
ção viável, econômica para atuação no cabeamento
[19]. Poole, Harry H.. Fundamentals of robotics engi-
marítimo cada vez mais premente.
neering / Harry H. Poole.. New York: Van Nos-
trand Reinhold,, 1989.
Referências Bibliográficas [20]. Simec Technologies. http://www.simec-techno-
logies.com/galerie/en/rov-hector-5.html Aces-
[1]. Mapa Mundi de Cabos Ópticos Transoceânicos. sado em 08 de Outubro de 2017.
https://goo.gl/PMjsP7 Acessado em 08 de Outu-
bro de 2017.
[2]. Submarine Cable Map 2017.
https://goo.gl/k6WcNH Acessado em 08 de Ou-
tubro de 2017.
[3]. Como a internet passa de um continente para o
outro? https://goo.gl/J1b6h1 Acessado em 08 de
Outubro de 2017.
[4]. ROVMARCAS-IV https://goo.gl/AmsqLs Aces-
sado em 08 de Outubro de 2017.

16
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

CONTROLE DE VAZÃO DE ÁGUA E RESERVATÓRIOS POR MÉTODO PID E FUZZY

LUCAS J P SCHEREMETA , CARLOS C LAZARINI JR, JOSÉ R R BORTOLETO, MARILZA A LEMOS

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba - Universidade Estadual Paulista (ICTS-UNESP)


Avenida Três de Março, 511 Alto da Boa Vista, Sorocaba, SP,18.087-180
e-mails: scheremeta91@gmail.com, carlos.lazarini@outlook.com,
jrborto@sorocaba.unesp.br, marilza@sorocaba.unesp.br

Resumo Este trabalho consiste no projeto de um sistema de controle de vazão de água em reservatórios, sendo aplicadas as
técnicas PID e Fuzzy. Os controladores foram implementados no ambiente Matlab/Simulink e simulações permitiram realizar
comparações entre os resultados de ambos os sistemas. Na sequencia, os sistemas foram implementados na plataforma Arduino
onde o controlador Fuzzy respondeu com maior eficiência em termos de estabilidade, atingindo o setpoint com menor oscilação
quando comparado ao controlador PI.

Palavras-chave  Controle , PID, Fuzzy, Vazão, Reservatório, Arduino.

1 Introdução das técnicas mais importantes do setor de controle e


automação, podemos encontrar o controle PID (con-
O consumo de água é algo que tem uma posição trole Proporcional Integral Derivativo), que é empre-
fundamental em diversos ambientes tais como o in- gado quando se deseja realizar o controle de variá-
dustrial, comercial, agrícola e domiciliar. Para pro- veis contínuas. O controle PID consiste em um algo-
porcionar um melhor aproveitamento da água tanto ritmo matemático, que tem por função o controle
no seu consumo alimentar, ou para gerar maior pro- preciso de uma variável em um sistema, permitindo
dutividade na indústria ou agrícola, foram desenvol- ao sistema operar de forma estável no ponto de ajuste
vidos novos sistemas de controle e reaproveitamento desejado, mesmo que ocorram variações ou distúr-
de água, com técnicas variadas de controle, vários bios que afetam sua estabilidade [4].
tipos de hardwares e softwares. Outra técnica também difundida e utilizada para re-
A água é um bem universal e 71% do planeta é co- solver problemas de controle é a Fuzzy Control (Con-
berto de água, porém 97,4% dessa água está nos oce- trole Nebuloso), que é empregado principalmente em
anos sendo imprópria para consumo direto, sendo controle de sistemas não lineares. Fuzzy permite sim-
apenas 2,6% de água doce. E ainda, 77% da água plificar o modelo do processo dando melhor trata-
doce está em estado sólido (gelo), 22% em regiões mento das imprecisões inerentes aos sensores utiliza-
subterrâneas e apenas 1% em rios e lagos [1]. dos, facilita a especificação das regras de controle em
No Brasil o consumo de água se divide praticamente linguagem próxima à natural, satisfazendo múltiplos
em três categorias sendo elas: Agrícola, Residencial e objetivos de controle [5].
Industrial. No ambiente agrário temos o maior con-
sumo de água sendo 80% (69% irrigação e
1.1 Objetivos
11%produção animal), posteriormente o residencial
com 13% do consumo (11% urbano e 2% rural), por
O projeto proposto tem como principal objetivo
fim o industrial com 7% [2].
comparar técnicas de controle aplicadas a vazão de
A vazão é a terceira grandeza mais medida nos pro-
água e volume de reservatórios, sendo elas PID e
cessos industriais. As aplicações são muitas, indo
Fuzzy, observando-se comportamento e eficiência.
desde aplicações simples como a medição de vazão
As comparações serão feitas em dois níveis: simula-
de água em estações de tratamento e residências, até
ções em Matlab e em protótipo baseado na platafor-
medição de gases industriais e combustíveis, passan-
ma do Arduino. O protótipo terá um motor de passo
do por medições mais complexas. A escolha correta
acoplado a um registro hidráulico do tipo gaveta, um
de um determinado instrumento para medição de
sensor de vazão e sensores de posição para o reserva-
vazão depende de vários fatores. Dentre eles, pode-se
tório.
destacar precisão, tipo de fluido, condutibilidade
elétrica, transparência, temperatura, pressão, espaço
físico e custo [3]. 2 Técnicas de Controle
Com os avanços tecnológicos em computação e au-
tomação existem, atualmente, várias técnicas para se 2.1 PID
implementar um sistema de controle de vazão auto- Técnica de controle em malha fechada que mi-
mático. Uma das áreas que mais se desenvolveu nas nimiza o erro entre a entrada e saída, através de três
últimas décadas, sem dúvida foram os sistemas de fatores: proporcional, integrativo e derivativo. O pro-
controle, fato que possibilitou avanços em diversos porcional indica o valor presente de erro, ou seja, um
segmentos como o aeroespacial, automotivo, robóti- ganho que quanto maior o erro maior a atuação do
ca, telecomunicações, saúde, entre outros. Como uma controlador. Já o integrador indica a acumulação dos

17
erros anteriores, corrigindo o estado estacionário
gerado por uma perturbação. Por fim o derivador,
que indica a taxa de variação no tempo dos erros,
assim tentando prever o futuro do erro. Variando sua
ação proporcionalmente com o erro. Assim temos os
fatores:
● Proporcional:
● Integral:
● Derivativo: Figura 3. Representação gráfica de valores Fuzzy.

Em termos sistêmicos, a figura 4 apresenta os blocos


A figura 1 apresenta os efeitos desses parâmetros no básicos de uma arquitetura típica de um sistema de
sistema de controle e a figura 2 apresenta uma planta controle fuzzy
típica que controla um processo industrial usando
PID [6].

Figura 4. Sistema de Controle Fuzzy

Figura 1. Análise das constantes do PID. 2.2.1 Fuzzyficação e Base de Regras


Nesse estágio as entradas crisp do sistema são
modeladas como conjuntos fuzzy. Neles obtém-se o
grau de pertinência com que cada valor crisp perten-
ce em cada conjunto fuzzy [7]. Então para obter o
grau de pertinência de uma determinada entrada crisp
basta buscar esse valor na base de conhecimento do
sistema fuzzy.
Uma vez criados os modelos fuzzy, constrói-se
as regras de inferência. A ideia aqui é representar o
Figura 2. Planta com PID conhecimento especialista por meio de um conjunto
de regras SE-ENTÃO nas quais as condições são
2.2 Lógica Fuzzy
dadas a partir de um conjunto de termos linguísticos
Na teoria clássica dos conjuntos, um elemento associados com variáveis de entrada/saída do proces-
do universo de discurso (domínio) pertencente ou não so. As ações de controle ou as saídas são expressas
ao referido conjunto, assumindo assim apenas valores de modo similar para cada variável de saída.
0 ou 1 (BARG, 2002). Porém, essa utilização de va-
lores binários não reflete a multivalência do mundo 2.3.3 Inferência
real analógico.
Esse módulo fornecerá a saída Fuzzy a ser ado-
Na teoria dos conjuntos Fuzzy existe um grau de tada pelo controlador, a partir de cada entrada Fuzzy.
pertinência de cada elemento que pode assumir qual- O procedimento de inferência atua sobre os dados
quer valor dentro do intervalo de 0 a 1, sendo que o Fuzzy de entrada, juntamente com as regras, para
valor 1 representa completa pertinência e o valor 0 inferir as ações de controle Fuzzy. Existem vários
indica uma completa exclusão. Nessa teoria a passa- métodos de inferência, mas o que geralmente é mais
gem da total pertinência para a não pertinência é feita utilizado é o método Mamdami [7]. O estilo de infe-
de uma forma gradual, não abrupta. Baseando-se em rência Mamdami foi criado pelo professor Ebrahim
palavras, como: baixo, médio, alto, muito, pouco, a Mamdami da Universidade de Londres (Reino Uni-
lógica transforma algo numérico em linguístico, tor- do) em 1975.
nando decisões de máquinas um pouco mais pareci-
das com as humanas. De acordo com esse método,
define-se conjuntos de funções de pertinência que 2.3.4 Defuzzyficação
variam de 0 a 1, associa-se então um elemento a uma A Defuzzyficação é o processo pelo qual um
função, de acordo com o grau de pertinência, que diz conjunto fuzzy tem a sua abrangência representada
o quanto ele pertence a essa função ou a outra [7]. A por um simples número. Existem pelo menos sete
Figura 3 mostra um exemplo de três conjuntos fuzzy métodos que tem sido pesquisados e popularizados
(baixo, mediano, alto) de uma variável fuzzy "Altu- na literatura. Dentre eles destacam-se o princípio da
ra".
18
maior pertinência, o método centroide, ou centro de operação de 5 a 24V e corrente máxima de
gravidade, e a média da pertinência máxima. O mé- 15mA, podendo medir o fluxo de 1 a 30 L/min
todo mais utilizado é o método de centroide. Supon- com pressão máxima de 2,0 MPa, tendo um erro
do-se um universo de discurso discreto, a saída preci- de no máximo 10%.
sa G(B), da equação 1, é dada pelo centro de gravi-
dade do conjunto consequente obtido pela composi-
ção das regras. Nesse caso n indica o número de
quantização da saída, xi representa o valor da variá-
vel de saída para o intervalo de quantização i e f (xi)
o grau de pertinência.
Figura 7. Sensor YF-S201
n

 xi. f ( xi) ● Motor de passo Nema 17PM-K342B (figura 8) -


G ( B)  i 1
n
(1) motor elétrico com precisão na rotação e ângulo,
 f ( xi)
i 1
controlado por uma série de campos magnéticos
ativados e desativados eletronicamente. Possuem
um número fixo de polos magnéticos determinan-
3 Materiais e Métodos do o número de passos por revolução.
Especificações:
3.1 Materiais  Tensão nominal: 24V
 Resistência (Ohms): 5,5
Hardware  Passo (deg): 1,8
 Peso: 350 g
 Arduino UNO R3 (figura 5) - placa que utiliza o
microcontrolador Atmega 328P, possui 28 pinos
sendo 6 entradas analogias ADC (conversor ana-
lógico digital), 14 pinos de saída digital sendo 6
com PWM (pulse width modulation) que pode- Figura 8. Motor de Passos Nema 17PM K342B
mos utiliza-los como saída analógica com tensão
entre 0 a 5V. Utiliza da Linguagem C/C++ pro- ● Drive A4988 (figura 9) - desenvolvido para
gramado por USB [8]. controle de microstepping (pequenos passos)
para motores de passos. Com tensão de opera-
ção lógica de 3 a 5,5V, podendo controlar mo-
tores de 8 até 35V e 2A. Com regulador de ten-
são interno e proteção contra sobrecarga de cor-
rente e curto-circuito.

Figura 5. Arduino UNO

 Sensor de Distancia Ultrassônico HC-SR04 (figu-


ra 6) - capaz de medir distâncias de 2cm a 4m. Figura 9. Driver A4988
Este módulo possui um circuito pronto com emis-
sor e receptor acoplados e 4 pinos (VCC, Trigger, ● Registro tipo gaveta (figura 10) - registro hidráu-
ECHO, GND) para medição. Ele emite uma onda lico rotativo do tipo gaveta com bitola de ¾’’ de
sonora na direção do obstáculo e recebe de volta metal.
o echo, calculando assim a distância do obstáculo,
com precisão de 3mm.

Figura 10. Registro Hidráulico

● Cano transparente
Figura 6. Sensor HC-SR04 ● Emendas de cano
● Adaptadores de cano
● Sensor YF-S201 (figura 7) - sensor para medir ● Outros materiais: Braçadeiras, Conectores de
fluxo de água que circula por ele, enviando pul- mangueira, Fios, Fonte 24V, Fonte 5v, Placa de
sos PWM. Sensor de Efeito Hall, com tensão de suporte, Fita Hellerman, Tomada, Tubo de PVC.

19
Software
Por fim a implementação de todo projeto e tes-
 Matlab/Simulink - resolve sistemas matemáticos tes, donde exigiram algumas adaptações entre a simu-
e de grande complexidade. É possível realizar lação e o projeto real.
análises numéricas, resolução de matrizes, pro- 3.3.1 Modelo Matemático
cessamento de sinais. Simulink, integrado ao Ma-
tlab, é uma ferramenta de modelagem e simulação Dada a equação linearizada do sistema propos-
de sistemas dinâmicos, onde a projeção dos sis- to, foi obtida a equação (2).
temas é feita através o uso de Blocos.

 IDE Arduino - permite a criação de sketches para (2)


a placa Arduino. A linguagem de programação é
onde:
modelada a partir da linguagem Wiring. O código
Kv é a vazão de entrada do sistema,
escrito é traduzido para a linguagem C e é trans-
ΔP é a pressão do sistema por coluna de água,
mitido para o compilador avr-gcc, que realiza a
Ks é a vazão de saída,
tradução dos comandos para uma linguagem que
h é a altura do tanque e
pode ser compreendida pelo microcontrolador. A
A a área do tanque.
IDE apresenta um alto grau de abstração possibi-
litando o uso de um microcontrolador sem que o
Para a simulação no Matlab/Simulink, foi ne-
usuário conheça o mesmo, nem como deve ser
cessário obter experimentalmente a função da vazão,
usado os registradores internos de trabalho. A
a qual em seu modo real não é linear, pois varia ex-
IDE do Arduino possui uma linguagem própria
ponencialmente conforme a abertura da válvula. Para
baseada na linguagem C e C++. As bibliotecas
tal medição foi utilizado o sistema sem nenhum tipo
utilizadas neste projeto foram: Stepper, PID e Ul-
de controle e a torneira de saída aberta. Para obten-
trassonic. Todas podem ser instaladas através do
ção dos valores foram utilizados o Arduino e o sensor
gerenciador de bibliotecas da IDE.
de fluxo. Os valores obtidos mais próximos de permi-
tir linearizar o sistema foram:
3.3 Metodologia Kv = 0.000297
Ks = 0.00052
Primeiramente foi elaborado o modelo mate- ΔP = 0.5 mca
mático do sistema e a simulação no Matlab/Simulink. A = 0,00081 m2
Em seguida a programação do Arduino. Posterior-
mente construída a parte hidráulica do sistema e inte- 3.3.2 Simulação
grada com o sistema microprocessado (figura11).
Inserindo o sistema projetado no Simulink, ob-
teve-se o diagrama para malha aberta da figura 12.

Figura 12. Blocos do Sistema em Malha Aberta.

A saída Ks foi testada tanto com ganho 0 ou 1,


ou seja, malha aberta e malha fechada. Para o sistema
de controle PI, não pode haver derivativo pois com-
promete o sistema. Não pode também utilizar essa
técnica com Ks ganho 0, pois como o sistema é inte-
grativo ele passaria do nível desejado, não sendo
Figura 11. Tubo com Válvula e Circuitos eficiente (figuras 13 e 14).

20
Figura 16. Função saída Fuzzy.

Tabela 1: Regras Fuzzy

Figura 13. Blocos Sistema Malha Fechada Controle PI.

4 Resultados e Discussões

4.1 Simulação

Para comparação entre os controladores no am-


biente simulado, foram obtidos os gráficos de sinal
de malha aberta e fechada com controle, onde temos
a referência em azul, o sinal em amarelo e o erro em
rosa. No gráfico 1 observa-se que há um atraso para o
início da resposta do sistema, além de obter um erro
negativo no sistema. A partir desse teste foram com-
Figura 14. Blocos do Sistema em Malha Fechada.
parados sistemas com controle (malha fechada). No
gráfico 2, para Ks=0, ou seja, a torneira de saída fe-
chada, necessita-se apenas um controle proporcional
A figura 15 contém os modelos fuzzy das variáveis para o sistema estabilizar mais rápido, variando-se
de entrada Altura e Erro. A figura 16 corresponde apenas o setpoint desejado. Para o sistema foi utili-
ao modelo fuzzy da variavel de saída Vazão. O con- zado Kp= 0,0025.
junto de regras construído para o sistema é mostrado
na tabela 1.

Gráfico 1. Sinal Malha Aberta

Figura 15. Funções entrada Fuzzy Gráfico 2. Controle Proporcional e Ks=0.

21
Para efeitos de comparação entre o sistema con- 4.2 Sistema Real
trolado por PI e Fuzzy, adotaram-se os seguintes va-
lores: O sistema real foi implementado para a plata-
 o setpoint foi convencionado em 0,09. forma Arduino, definindo-se inicialmente o tipo de
 Ks =1 (torneira de saída aberta). controle a ser utilizado. Foi configurado um Setpoint
de 0.6 m e o fluxo foi mantido em torno de 7,0
 Kp = 0,0025 e Ki = 0,0003
L/min. O gráfico 6 mostra o resultado obtido para o
Para as funções de pertinência foi necessário
controlador PI.
observar primeiramente o valor de Kv desejado, para
assim então obter a saída desejada. No projeto real
isso não é necessário pois faz-se proporcional a vari-
ável desejada. Assim, para KV = 0,000221, a saída
obtida é a apresentada no gráfico 3.

Gráfico 6. PI real, Tempo (s) x Altura (m).

Observa-se que o acúmulo de erro gerado pelo con-


trolador PI ultrapassa, inicialmente, 0.7m. Depois o
Gráfico 3. Saída da vazão por fuzzy.
sistema tenta estabilizar-se em torno do setpoint. O
gráfico 7 mostra o comportamento do controlador
fuzzy onde há pouco acumulo de erro e o sistema
consegue estabilizar-se mais próximo de 0.6m. Con-
clui-se então que o controlador PI chega mais rápido
ao setpoint, porém ultrapassa o limite devido ao
acumulo do integrador e em consequência demora
mais para estabilizar. Já o controlador Fuzzy demora
mais para atingir o setpoint, porém atinge a meta
praticamente estável, com pouca oscilação.

Gráfico 4. Sinal controle PI.

Gráfico 5. Sinal Controle Fuzzy.

A partir do gráfico 4 e 5, conclui-se que os dois Gráfico 7. Fuzzy real, Tempo (s) x Altura (m).
sistemas foram eficientes, porém para controle PI é
necessário conhecer a planta como um todo para,
assim, obter os valores de Kp e Ki. Enquanto que no
modelo simulado Fuzzy é necessário conhecer a va- 5 Conclusões
riação total de Kv, porém no modelo real não. Ainda
os gráficos 4 e 5 permitem observar que no sistema Dois controladores de vazão foram implemen-
fuzzy tem-se uma acomodação mais rápida do siste- tados: PI e Fuzzy. Desse estudo, algumas conclusões
ma tendo em vista que no PI o tempo de simulação podem ser obtidas: (i) primeiramente se a saída Ks
foi em torno de 50. for zero, então o melhor tipo de controle será apenas
o proporcional, já que o integral teria um acúmulo de

22
erro que extrapola o nível desejado; (ii) para Ks dife- [6] Ogata, K. Engenharia de Controle Moderno,
rente de zero pode ser aplicado controle PI ou Fuzzy, Prentice-Hall, 4ª ed., 2004.
conforme a necessidade.
[7] GOMIDE, F. A. C.; GUDWIN, R.R. Modelagem,
Levando-se em conta que no controle PI é necessário
Controle, Sistemas e Lógica Fuzzy. SBA Controle &
conhecer a planta como um todo e para as simulações
Automação/Vol.4 n°3/setembro-outubro 1994.
realizadas no trabalho o sistema foi linearizado, o
projeto real se comportou diferente em alguns aspec- [8] ARDUINO. IDE Arduino. Disponível em:
tos, já que o modelo real não é linear, gerando acu- <https://www.arduino.cc/en/Main/Software>. Acesso
mulo do integrador e demora em estabilizar o siste- em 19 set. 2017
ma.
Em relação à técnica Fuzzy, no modelo matemático
do controlador há a necessidade de se especificar a
amplitude de Kv desejado, no sistema real isso é uma
variável manipulada pelo programa. Sendo assim,
uma vez projetado e ajustado o controlador Fuzzy,
este não necessita mais de alterações, sendo mais
eficiente para modelos não-lineares. Os testes mostra-
ram que o sistema fuzzy real tem um comportamento
melhor que o simulado, pois independente da entrada
este apresentou uma boa resposta e estabilizou-se
rapidamente.
Ressalta-se que o projeto é adaptável para qualquer
área de consumo onde necessite controle de vazão em
reservatórios.

Agradecimentos
Agradecemos ao professor Bortoleto pelo problema
proposto, a professora Marilza pela possibilidade de
desenvolvimento da solução durante o curso de Sis-
temas Microprocessados, ao professor Jaime pelo
auxilio na modelagem matemática do sistema. Aos
colegas que auxiliaram em dúvidas gerais. E por fim
e mais importante a Deus por mais esta oportunidade
de aprendizado.

Referências Bibliográficas

[1] SOBIOLOGIA. A Agua. Disponível em:


<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/>.
Acesso em 17 set. 2017.
[2] ANA. Agência Nacional de Águas. Disponível
em: <http://www3.ana.gov.br/>. Acesso em 17 set.
2017.
[3] CASSIOLATO, C. ORELLANA, E. Medição de
Vazão. Disponível em: <http://www.smar.com/
newsletter/marketing/index40.html>. Acesso em 17
set. 2017
[4] FREITAS, C. Controle PID em sistemas em-
barcados. Disponível em: <https://www.embarcados.
com.br/controle-pid-em-sistemas-embarcados/>.
Acesso em 17 set. 2017
[5] TACIO, P. O que é e para que serve o Arduino.
Disponível em: <//www.mundodoshackers.com.br/o-
que-e-e-para-que-serve-o-arduino>. Acesso em 19
set. 2017.

23
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

SISTEMA DE CONTROLE DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA

PRISCILA M. O. MARCELINO, CLAYTON A. MARCELINO, JEFFERSON A. DIAS¹

¹UNESP – Universidade Estadual Paulista - Instituto de Ciência e Tecnologia – Campus Sorocaba – SP


Avenida Três de Março, 511, Alto da Boa Vista, CEP: 18.087-180, Sorocaba – SP
E-mails: pri.tao@hotmail.com,claytonmarcelino1@hotmail.com,
jeffdias2000@yahoo.com.br

Resumo - O presente artigo apresenta os conteúdos teóricos e a descrição do desenvolvimento de um protótipo de medidor ele-
trônico para obter o controle de consumo de energia elétrica residencial e exibição dos dados através de App Android. O sistema
é composto de um equipamento integrado por Arduino, Shields e sensor de corrente, que deve ser acoplado à entrada do relógio
medidor de energia elétrica que se deseja monitorar.

Palavras-chave - Medidor eletrônico, Consumo de energia elétrica inteligente, Automação residencial, Arduino, Bluetooth

1 Introdução
1.2.2 Objetivos Específicos
Devido ao avanço tecnológico, temos também a  Montar circuito para integrar o sensor de
necessidade de saber sobre tudo ao nosso redor, in- corrente, uma fonte de 12 VCC para 5 VCC
clusive o gasto e o consumo na conta de energia para a ligação do microcontrolador e os de-
elétrica para enfim, economizar. Com base no centro mais dispositivos cuja tensão de funciona-
brasileiro de informação de eficiência energética, mento é de 5 VCC.
cerca de 42% (PROCEL, 2016) da energia produzida  Elaborar o código fonte em linguagem C++
no Brasil é gasta em operações e manutenções das que utilize a plataforma do Arduino que tra-
edificações. Entre os vilões no consumo de energia tará as informações coletadas.
elétrica nas residências, o chuveiro é um dos maiores  Aperfeiçoar apresentação no aplicativo.
responsáveis pela alta do preço da conta no fim do
mês. Por isso, o PROCEL busca incentivar a conser-
vação e o uso eficiente dos recursos naturais (água, 2 Justificativa
luz, ventilação, etc.) nas edificações brasileiras, redu-
zindo o desperdício e os impactos sobre o meio am- A fim de obter o real valor gasto de um aparelho
biente. elétrico na conta de luz, será desenvolvido um medi-
Com o projeto de controle de energia elétrica propos- dor eletrônico digital para que seja possível medir
to neste trabalho, será possível realizar a medição de quanto gasta um aparelho. Exemplo: quanto gasta o
energia elétrica através de um sistema onde o usuário chuveiro, geladeira, freezer etc.
terá acesso aos dados de consumo, isso irá ajudar no Estes recursos serão monitorados a partir de um
controle e consequentemente na redução do consumo aparelho com baixo custo e fácil instalação.
de energia além de desperdícios desnecessários. Será
implantada uma forma diferente de medir a energia
elétrica a partir de um microcontrolador e um aplica- 3 Metodologia
tivo que possibilite visualizar e imprimir os valores
gastos. A metodologia adotada é a pesquisa experimen-
tal, pois terão de ser feitos testes do produto para
1.1 Problema de Pesquisa melhor desempenho, custo-benefício e calibração
Como saber em tempo real os gastos e tributos para obter resultados desejados. Será abordado o
de energia elétrica em determinado aparelho? estudo de confecção de placa de circuito impresso,
cálculos de potência elétrica para saber se o que está
1.2 Objetivos do Trabalho medindo está correto em relação ao que está sendo
apresentado, verificação dos valores cobrados pela
Os objetivos deste trabalho foram classificados concessionária, cálculos de tributos, verificação da
de forma geral e específica, como apresentado a linguagem de programação que será enviada ao mi-
seguir. crocontrolador e também, o desenvolvimento do
aplicativo. Sendo assim, todos estes processos foram
1.2.1 Objetivo Geral elaborados, testados e apresentados de forma inici-
almente experimental.
Medir o consumo de energia elétrica, transmitin-
do os dados obtidos via Bluetooth para um aplicativo
com sistema operacional (SO) Android a fim de obter
o controle detalhado de gastos.

24
3.1 Microcontrolador
De forma a facilitar a comunicação com os sen-
sores de corrente, é utilizado o microcontrolador
ATmega 328PU da plataforma Arduino, conforme
apresentado na Figura 1.

Figura 3-Sensor não invasivo (100A). Fonte:YHDC (2016).

A Figura 4 apresenta um diagrama de como deve


ser utilizado o sensor de corrente elétrica do tipo não
Figura 1-Plataforma Arduino. Fonte: Próprio Autor. invasivo.

3.2 Sensor não invasivo SCT-013-000 (100A)


As duas formas mais utilizadas para se fazer a
medição da corrente elétrica são: através de sensor
invasivo que faz sua medição pela de resistência em
Ohms () e o sensor não invasivo. Neste projeto foi
utilizado o sensor não invasivo. A medição não inva-
siva é realizada através da leitura do campo magnéti-
co em torno do condutor. Podemos entender que a
leitura pode ser feita apenas através de um campo
magnético segundo Faraday.
O sensor de corrente utiliza-se de um condutor mag-
nético que concentra este campo em uma determina-
da área, este condutor magnético é conhecido como
ferrite. O circuito integrado do sensor de corrente Figura 4-Ligação do sensor. Fonte: Wagner B. (2016).
varia a tensão sobre um de seus pinos proporcional-
mente à corrente que passa sobre o condutor elétrico
no centro (HONEYWELL, 2008). A Figura 2 apre- 3.3 Comunicação: Modulo Bluetooth HC-05
senta uma das formas de medir a corrente elétrica De acordo com o DataSheet (2010), o módulo
através desse procedimento, onde o condutor passa Bluetooth HC-05 tem uma configuração serial com
dentro do sensor, sem que o fio seja interrompido. O as portas RX e TX que possibilita a comunicação
campo eletromagnético gerado pelo condutor é cap- com aparelhos smartphones, computadores, GPS,
tado pelo sensor que envia os dados ao microcontro- impressoras, sendo que o modo de trabalho é do tipo
lador. mestre ou escravo. Para que se possa ter acesso a
essa comunicação, é necessário inserir uma senha. A
Figura 5 apresenta o módulo Bletooth HC-05.

Figura 2- Sensor de corrente não invasivo. Fonte: Wagner B.


(2016)

A Figura 3 apresenta o modelo do sensor de cor-


rente do tipo não invasivo utilizado neste trabalho.
Figura 5-Módulo Bluetooth HC-05. Fonte: FilipeFlop (2016).

25
4 Projeto

O projeto do medidor eletrônico de energia elé-


trica tem a finalidade de medir precisamente o con-
sumo de energia através de um sensor não invasivo
de corrente elétrica que está conectado a uma porta
do Arduino, fazendo com que esses dados sejam
enviados ao software via comunicação serial que,
através de cálculos, obtém os valores finais dos gas-
tos para o cliente. Sendo assim, foi utilizado para Figura 8-Placa eletrônica em 3D. Fonte: Próprio Autor.
desenvolvimento deste projeto softwares como So-
lidWorks para desenvolver a estrutura a mecânica, o
4.3 Linguagem do Microcontrolador ATmega
software Proteus 8 para a confecção projeto eletrôni-
co e também, para fazer o controle do projeto, o Foi programado o microcontrolador ATmega
software Arduino onde foi realizada a programação através da plataforma Arduino. A Figura 9 apresenta
destes dados. As subseções a seguir apresentam ima- a plataforma do software Arduino.
gens de etapas do desenvolvimento do projeto.

4.1 Projeto Mecânico


A Figura 6 apresenta a o projeto final em 3D, a
qual foi desenhada no software SolidWorks 2012.

Figura 6- Projeto final em 3D. Fonte: Próprio Autor


Figura 9-Plataforma Arduino. Fonte: Próprio Autor.

4.2 Projeto eletrônico 4.4 Linguagem do Aplicativo Android


Foi elaborado um aplicativo, nesse primeiro
A Figura 7 apresenta o projeto eletrônico elabo-
momento, apenas para ser instalado em smartphones
rado através do software Proteus 8.
cujo SO seja Android. O software utilizado para o
desenvolvimento deste aplicativo foi o MIT App
Inventor, disponibilizado online. A Figura 10 apre-
senta a imagem do ambiente de programação do
software MIT App Inventor. É possível visualizar
que as diferentes cores ajudam na interpretação e
caracterização do código de programação de forma
simples, fácil e ágil.

Figura 7- Projeto Eletrônico. Fonte: Próprio Autor

Após desenvolvido o diagrama com suas respectivas


ligações, é possível também, através do software
Proteus 8, definir o layout de como ficará a placa
pronta e visualizá-lo em 3D, como mostra a Figura 8.

Figura 10-Plataforma MIT App Inventor. Fonte: Próprio Autor.

26
5 Aquisição de Dados pelo Sensor ou até mesmo ser implementado pela concessionária
a fim de medição online da conta de energia elétrica.
Para verificar se o sensor estava realmente fun- A Figura 11 apresenta a montagem do projeto final.
cionando para realizar a aquisição de dados, foi utili-
zado um multímetro para verificar a tensão e a cor-
rente de alimentação do circuito. Matematicamente, a
tensão eficaz pode ser obtida através da Equação (1),
enquanto que a corrente eficaz pode ser obtida atra-
vés da Equação (2).

1 𝑇
𝑉= ∫0 𝑣(𝑡) 𝑑𝑡 (1) Figura 11-Montagem do projeto final. Fonte: Próprio Autor.
𝑇

1 𝑇 A Figura 12 apresenta três telas desenvolvidas para o


𝐼= ∫0 𝑖(𝑡) 𝑑𝑡 (2) aplicativo com SO Android.
𝑇
Na primeira tela da esquerda, é possível visualizar o
Sabendo que o período T é em segundos (no caso, T consumo em tempo real, interromper o consumo de
= 1 s), a potência ativa pode ser obtida através da energia elétrica ou religá-lo, caso esteja interrompido
Equação 3. pelo usuário e/ou consumidor.
1 𝑇 Na segunda tela, é possível visualizar o valor da
∫0 𝑣.𝑖(𝑡) 𝑑𝑡
𝑃(𝑘𝑊) = 𝑇 (3) fatura de forma detalhada, ou seja, o consumo em
1000
kWh, o tipo de bandeira utilizada no período, os
Como o valor da fatura é cobrado em kWh e, saben- impostos cobrados pelo governo, o valor total e até
do que 1 h corresponde a 3600 s, a Equação (4) apre- mesmo, gerar a fatura a ser paga.
senta o cálculo base utilizado para ser gerado a fatura Na última tela da direita, é possível observar o códi-
mensal. go de barras a ser utilizado para efetuar o pagamento
da fatura.
1
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 (𝑘𝑊ℎ) = ∑3600
𝑛=1 𝑃𝑛 (𝑘𝑊) (4)
3600

A partir disto o valor em kWh é enviado ao aplicati-


vo para gerar a fatura.

5.1 Dados da concessionária com tributos cobrados

Valores cobrados pela concessionária em real


[R$]
Figura 12-Telas do Aplicativo. Fonte: Próprio Autor.
Consumo em kWh = kWh * 0,2246
Bandeira Verde = kWh * 0,2861 7 Conclusão
PIS/PASEP = (Consumo kWh + Bandeira Verde) *
A partir deste projeto foi possível acompanhar o
0,0094 consumo em tempo real dos gastos de uma conta de
COFINS= (Consumo kWh + Bandeira Verde ) * energia elétrica. Tecnologias futuras podem eliminar
a visita mensal da concessionária para leitura da
0,043 energia elétrica, além de possibilitar que o usuário
ICMS= (Consumo kWh + Bandeira Verde) * 0,1435 audite a qualquer momento o seu consumo gerando
assim uma maior eficiência e transparência quanto
Custeio IP-CIP = (Consumo kWh + Bandeira Verde aos valores cobrados pela concessionária de água
+ PIS/PASEP + ICMS) * 0,0417 uma maior eficiência e transparência quanto os valo-
res cobrados.

6 Resultado Final Agradecimentos

Este projeto tem como finalidade proporcionar Agradeço a Deus por me dar saúde, capacidade,
conforto para o consumidor quanto à visualização e paciência e vida. Agradeço a todos que me ajudaram,
consequentemente tomar atitudes quanto ao controle em especial ao meu esposo Engº Clayton Marcelino
do consumo de energia elétrica de forma detalhada, que tanto me apoiou e ajudou no desenvolvimento do
evitando a “surpresa” na fatura do final do mês. Pode projeto e ao Prof. Me. Jefferson Dias que esteve
ser instalado em residência, comércio, condomínio sempre pronto a sanar minhas dúvidas.

27
Referências Bibliográficas

ARDUINO THE DOCUMENTARY. Arduino.


Disponível em:https://www.arduino.cc Acesso
em: 01 de out. 2016.
FELIPE. Sensor não invasivo. Disponível em:
http://www.filipeflop.com/pd-2025cd-sensor-de-
corrente-nao-invasivo-100a-sct-013.html.
Acesso em: 05 de out. 2016.
FELIPE. Módulo Bletooth RS 232 – HC – 05.
Disponível em:
https://www.filipeflop.com/produto/modulo-
bluetooth-rs232-hc-05/. Acesso em 05 de out.
2016.
HONEYWELL, Hall Effect Sensing and
Application. Disponível em: http://content.
honeywell.com/sensing/prodinfo/solidstate/techn
ical/hallbook.pdf. Acesso em: 01 de out. 2016.
PROCEL INFO. Taxas cobradas. Disponível em:
http://www.eletrobras.com/pci/main.asp. Acesso
em: 05 de out. 2016.
YHDC.Sensor não Invasivo. Disponível em:
http://www.yhdc.com/index.php?siteId=2 .
Acesso em: 12 de set. 2016.

28
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

ANÁLISE CINEMÁTICA DE UM BRAÇO ROBÓTICO ATRAVÉS DA METODOLOGIA DENAVIT


HARTENBERG MODIFICADO

LEONARDO L. ROSSI, LUCAS A. M. SANTOS, LUCAS N. M. ROCHA, MATHEUS N. NERI,


MAURICIO BECERRA VARGAS
Grupo de Automação e Sistemas Integráveis, Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba - UNESP
Avenida Três de Março, 511 - Alto da Boa Vista – Sorocaba / SP - CEP 18087-180

E-mail: leoboralelis@gmail.com, lucas.arna@gmail.com, lucas.n.m.r2@gmail.com,


nerim95@gmail.com, mauricio@sorocaba.unesp.br

Resumo: A Robótica Industrial é a área que consiste no estudo, desenvolvimento, programação e utilização de plataformas
robóticas para a produção e manufatura em geral. Os robôs industriais podem possuir total autonomia na realização de tarefas, ou
serem controlados por uma pessoa. No que tange ao estudo da estrutura de um robô industrial e a análise de seu movimento, está
a área da cinemática. Este artigo terá como foco utilizar um braço robótico impresso em 3D para realizar metodologias de análise
de posição e orientação do efetuador do mesmo.

Palavras-chave: Robótica Industrial; Análise Cinemática; Impressão 3D

1 Introdução trajetória e então repetidos durante a operação


normal.
Um robô industrial é definido, conforme a ISO,
como sendo um “manipulador multipropósito
controlado automaticamente, reprogramável,
programável em três ou mais eixos”. Já a robótica
industrial é definida como a utilização de sistemas
robóticos para a manufatura, como por exemplo, as
aplicações de soldagem, montagem, fundição,
distribuição etc.
Para as diferentes aplicações existentes na indústria,
existem três tipos de robôs industriais capazes de (a) (b)
realiza-las: os robôs articulados, os robôs SCARA e
os robôs cartesianos. A Figura 1 apresenta exemplos
destes tipos de robôs. Para a utilização de robôs na
indústria, podem-se definir dois tipos de automação
em que eles são utilizados: a automação rígida e a
flexível. A primeira é denominada rígida, pois cada
componente do sistema é programado de forma com
que realize a mesma função ou conjunto de funções
limitado sem possibilidade de alteração nesta
programação. Desta forma, em sistemas de
automação rígida há a necessidade de serem (c)
empregados diversos robôs para cada tarefa a ser
realizada. Já a segunda é denominada de flexível, Figura 1 - Exemplos dos tipos de robôs: robô articulado (a), robô
SCARA (b) e robô cartesiano (c).
pois um único robô é programado para realizar
diversas funções diferentes, reduzindo assim a
grande quantidade de componentes robóticos
aplicados.
A robótica industrial teve seu inicio em 1954, com as
patentes do inventor americano George Charles
Devol Jr. Em 1956, George Devol junto com Joseph
F. Engelberger fundou a companhia Unimation, a
primeira a desenvolver robôs industriais. O primeiro
robô, chamado Unimate (Figura 2), foi desenvolvido
com a função de transferir objetos de um ponto a Figura 2 - Unimate, primeiro robô construído pela Unimation de
George Devol.
outro e utilizava de atuadores hidráulicos e uma
programação por conjunto de coordenadas, ou seja, Em 1969, Victor Motta inventou nas dependências
os ângulos de todas as juntas do robô eram da Universidade de Stanford, um robô articulado de
armazenados durante a fase de aprendizagem da seis eixos, baseado na anatomia de um braço

29
humano. Com esta nova estrutura, o robô tornou-se graus de liberdade um sistema tem, são os tipos de
capaz de seguir com mais precisão caminhos juntas, podendo elas ser de diversos tipos, sendo os
arbitrários no espaço, o que aumentou mais comuns: Rotacional (1 grau de liberdade),
consideravelmente as aplicações do robô, como por prismática (1 grau de liberdade), cilíndrica (2 graus
exemplo, podendo realizar montagens e soldagem. de liberdade) e esférica (3 graus de liberdade).
Após desenvolver este robô, Victor desenvolveu um Sabendo-se os tipos de juntas do sistema, para
novo robô, destinado a utilização pela General mecanismos planares utiliza-se o critério de
Motors, denominado de PUMA (Figura 3), traduzido Kutzbach, que diz:
para o português: Máquina Programável Universal N=3(B-1)-2nj1 -nj2
para Montagem. Onde: N é número de graus de liberdade, B é o
número total de corpos do mecanismo (incluindo o
solo), nj1 é o número de juntas com 1 grau de
liberdade, e nj2 é o número de juntas com 2 graus de
liberdade.
Na robótica industrial, geralmente o número de
juntas do manipulador (robô) é conhecido como os
graus de liberdade do mesmo. Comumente robôs
industriais têm seis graus de liberdade, sendo três
deles para o posicionamento da ferramenta acoplada
ao manipulador e três para obter a orientação da
Figura 3 - Exemplo de um robô PUMA desenvolvido por Victor ferramenta no espaço.
Motta e utilizado pela Unimation.
2.3 Mecanismo de Quatro barras
Até o fim dos anos 70, a única concorrente da
Unimation era a Cincinnati Milacron, porém isto Um mecanismo de quatro barras é basicamente
mudou com o crescimento das empresas japonesas formado por três barras móveis e uma barra fixa.
que desenvolveram robôs industriais com base nas Usualmente as barras são numeradas da seguinte
patentes americanas. Nesta época também entraram maneira:
neste mercado empresas americanas, como por  Barra 1: Suporte;
exemplo, a General Eletric e General Motors.  Barra 2: Manivela, é o componente gerador
Atualmente, as empresas de maior relevância na área do movimento;
de robótica industrial são a ABB, KUKA, Adept  Barra 3: Biela, é o componente transmissor
Technologies, FANUC Robotics. do movimento;
Pode-se citar como vantagens da utilização da  Barra 4: É a peça que será acionada.
automação e implementação da robótica industrial o Mecanismos de 4 barras são muito utilizados por sua
aumento na produtividade e rentabilidade, melhoria fácil implementação e por sua capacidade de
da qualidade dos produtos desenvolvidos devido a transmitir movimento, este definido pela
padronização, diminuição dos desperdícios, operação movimentação da barra 2.
em ambientes perigosos e operação de tarefas
repetitivas desagradáveis para o ser humano. 2.4 Cadeia Cinemática Aberta e Fechada
Na robótica, pode-se classificar os robôs pelo
2 Fundamentos Teóricos tipo de sua estrutura, podendo ele ser um robô serial,
de cadeia cinemática aberta, ou um robô paralelo, de
2.1 Análise Cinemática cadeia cinemática fechada. Uma cadeia cinemática é
classificada como aberta quando há apenas um
A análise cinemática é aquela relacionada com caminho na sequência elo-junta-elo entre a base do
as características do movimento do mecanismo e robô e seu efetuador. Já a cadeia cinemática fechada
examina este movimento a partir de uma perspectiva ocorre quando há mais de um caminho entre a base e
espacial e temporal de forma independente das forças o efetuador. Cada uma das cadeias tem suas
que causam o movimento. Uma análise cinemática, características, mas pode-se apresentar um
portanto é a descrição do movimento para determinar comparativo entre eles através da Figura 4.
qual a velocidade com que um objeto está se
movendo e qual a altura e a distância que o mesmo 2.5 Cinemática Inversa
atinge.
A cinemática inversa é aquela que define os
2.2 Graus de Liberdade parâmetros de cada uma das juntas do robô sabendo a
posição final do mesmo. Neste tipo de cinemática,
Grau de liberdade nada mais é do que o número pode-se haver ou não uma solução e a mesma pode
de parâmetros independentes que são necessários não ser a única existente e muitas vezes o sistema é
para definir a posição de um corpo no espaço em não linear. Para esta cinemática, são abordadas duas
qualquer instante de tempo. O que define quantos formas de solução, a solução para orientação

30
geométrica e a solução para posição. Para a • θ: ângulo entre o eixo X anterior e o X novo,
cinemática há um método de solução utilizado que é em torno do eixo Z novo (no caso de juntas
a Notação de Denavit-Hartenberg, que será explicado rotacionais, o θ será a variável controlada, pela
posteriormente neste artigo. rotação do motor);
𝜃𝑖 = 𝑋𝑖−1 𝑋𝑖 | 𝑍𝑖 (3.1.4)
Para realizar o algoritmo DH modificado, devem ser
seguidos alguns passos, de forma a obter ao final as
matrizes de transformação homogênea que
relacionam todos os links do manipulador robótico,
sendo elas obedecendo a seguinte estrutura:
c(θi ) -s(θi ) 0 ai-1
i-1
Ti = s(θi )c(αi-1 ) c(θi )c(αi-1 ) -s(αi-1 ) -s(αi-1 )di (3.1.5)
s(θi )s(αi-1 ) c(θi )s(αi-1 ) c(αi-1 ) c(αi-1 )di
[ 0 0 0 1 ]
Assim, é possível determinar as matrizes de
transformação entre os links vizinhos, e também em
relação a outros links, obedecendo a seguinte
expressão:
Figura 4 - Tabela comparativa cadeia fechada x cadeia aberta i-2 i-2 i-1
(CABRAL,2017B). Ti = Ti-1 *Ti (3.1.6)
Os passos, como já mencionado, são:
2.6 Cinemática Direta 1- Posicionar o manipulador robótico na posição
Diferentemente da cinemática inversa, a de referência (coordenadas zero);
cinemática direta trata da obtenção da posição e 2- Enumerar os Links, sendo a base do robô
velocidade do efetuador do robô a partir das posições igual a 0 (zero), o primeiro corpo móvel igual
das articulações. A solução para a cinemática direta é a 1 e o último link n;
única. O método de solução também utiliza da 3- Identificar os eixos das juntas, como sendo a
notação de Denavit-Hartenberg. Os sistemas linha sobre a qual o link atual gira (ou
definidos pela cinemática direta são lineares. translada) em relação ao link anterior;
4- Nos links intermediários (ou seja, sem contar
o 0 e o n), situar a origem do frame de
3 Metodologia coordenadas na interseção dos eixos ou na
normal comum entre eles;
3.1 Denavit-Hartenberg Modificado 5- Aplicar as expressões para os parâmetros e
determiná-los.
Desenvolvido em 1955 por Jacques Denavit e
Richard Hartenberg, a técnica dos parâmetros DH se 3.2 Toolbox de Robótica MATLAB
baseia em quatro variáveis utilizadas para criar um
sistema de referência aos links de uma cadeia Desenvolvida por Peter Corke em 1995 e
cinemática. Com base nos quatro parâmetros, é detalhada em seu livro Robotics Toolbox for
possível obter a matriz de transformação homogênea MATLAB, a biblioteca Robotics, Vision & Control,
para cada link. ou rvctools, é uma poderosa ferramenta para a
Posteriormente, em 1985, John J. Craig publicou em análise cinemática de mecanismos manipuladores
seu livro Introduction to Robotics: Mechanics and robóticos.
Control, uma abordagem semelhante, conhecida Ela se baseia em operações de álgebra linear e
atualmente como DH modificado. Suas diferenças representações gráficas para tornar possível e mais
estão nos locais adotados para os sistemas de rápido o estudo de diversos conceitos, como criação
coordenadas, e a ordem das transformações de estruturas seriais, cinemática direta, cinemática
realizadas. inversa, análise de trajetórias, entre outros.
Os quatro parâmetros, e suas respectivas equações Para o presente projeto, os seguintes comandos
são: foram utilizados:
• a: distância do eixo Z anterior ao Z novo, • startup_rvc: inicia a biblioteca de robótica,
medida ao longo do eixo X anterior; para que os próximos comandos sejam identificados
̅̅̅̅̅̅̅
ai-1 =Z e executados de maneira correta;
i-1 Zi | X (3.1.1)
i-1
• Link (X) ([θ, d, a, α, 0/1, offset], ‘modified’):
• d: distância entre o eixo X anterior e o X novo, cria a estrutura do link baseado na metodologia de
medida ao longo eixo Z novo; parâmetros DH Modificada. O quinto termo dentro
di =X̅̅̅̅̅̅̅
i-1 Xi | Zi (3.1.2) do vetor está relacionado com o tipo de junta entre o
• α: ângulo entre o eixo Z anterior e o Z novo, link X-1 e o link X, sendo 0 para junta rotacional e 1
em torno do eixo X anterior; para prismática;
αi-1 = Zi-1 Zi | X (3.1.3) • SerialLink (Y): cria uma estrutura de cadeia
i-1 cinemática do tipo serial, composta por todos os links

31
criados na variável Y através do comando anterior; 3.4 Estrutura do Braço Robótico
• jtraj(posição 1, posição 2, steps): realiza a
O manipulador robótico utilizado para a
movimentação do manipulador robótico, indo da
atividade proposta foi idealizado em uma
posição 1 para a 2, no número de passos (steps)
comunidade de entusiastas em impressão 3D,
desejados. As variáveis de posição, no caso de juntas
conhecida como Thingiverse, pelo usuário
rotacionais, correspondem aos ângulos θ de cada uma
daGHIZmo. Sua estrutura é feita com um material
das juntas presentes no robô. Este comando já realiza
plástico conhecido como ABS, e quatro servo
a técnica do polinômio de quinta ordem para criar a
motores do modelo TowerPro SG90 comandam o
trajetória, o que é benéfico à estrutura, pois não cria
movimento de seus links e da garra, que pode
situações abruptas de velocidade ou aceleração;
pegar/soltar objetos. A seguir na Figura 7 está sua
• plot e plot(trajetória): cria a interface gráfica
representação.
para a visualização do robô parado, ou realizando a
trajetória desejada. Permite ferramentas de rotação,
translação e zoom, tornando eficiente a visualização
da estrutura sob diversas vistas;
• fkine(ângulos): realiza a cinemática do robô,
baseando nos ângulos fornecidos para cada juntas (no
caso de somente rotacionais) e resultando na posição
final do TCP em relação à origem (base).

3.3 Aplicação Proposta


O projeto proposto baseia-se em uma pequena
linha de produção dividida em 4 etapas, como indica
a Figura 5.

Figura 7 - Braço robótico utilizado.

Este braço robótico possui três graus de liberdade,


evidenciados pela presença de três servo motores
(sem contar o do efetuador) que realizam os
seguintes movimentos:
1. Girar no próprio eixo;
Figura 5 - Aplicação Proposta. 2. Movimentação vertical;
3. Movimentação horizontal.
As etapas realizadas serão: “Pegar peça depositada
em uma das três docas”; “Posicionar a peça no início O espaço de trabalho (workspace) da estrutura está
da esteira”; “Identificação da altura da peça”; representado através dos esboços presentes nas
“Sinalização ao usuário sobre a altura da peça Figura 8 e Figura 9. Além da estrutura em si, os
selecionada”. Isto será feito com base na movimentos também são limitados aos motores, que
programação da plataforma Arduino UNO® junto ao possuem uma região de trabalho de 180º. Salienta-se
software Labview® da empresa National novamente que se trata de um esboço, e que na
Instruments, utilizando sensores ópticos e lasers para realidade o espaço de trabalho pode ser modificado.
a leitura de altura das peças, um motor de corrente
contínua para o funcionamento da esteira, e o próprio
computador para estabelecer o contato do usuário
com o sistema, e receber a informação de altura da
peça, através da interface indicada na Figura 6.

Figura 8 - Workspace realizado pelo motor 1.

Figura 6 - Interface gráfica de comunicação com o usuário do


sistema.

32
Figura 9 - Workspace realizado pelos motores 2 e 3.

Sua composição é feita de modo a criar três


mecanismos de quatro barras, com funções Figura 11- Estrutura simplificada do braço robótico.
diferentes. O primeiro, sinalizado em verde na Figura
10, cria uma relação de transmissão de 1:1 com a Ainda pode-se ressaltar que, na estrutura original, o
junta de cima do robô, tornando possível a acionamento feito pelo motor 3 é indireto, pois ele
realocação do motor, e assim minimizando esforços não está diretamente acoplado ao link que transmitirá
de torque necessários para garantir o posicionamento o movimento, o que é feito através do mecanismo de
adequado. O segundo e terceiro, sinalizados em quatro barras já citado. Já o acionamento dos motores
vermelho na Figura 10, tem como função garantir 1 e 2 é direto.
que a garra sempre esteja posicionada paralelamente
ao solo, de modo a estabelecer que em eventuais
4 Resultados
tarefas de pegar/soltar peças, isso sempre seja feito
sob um mesmo ângulo.
Aplicando os passos do algoritmo DH
modificado, obteve-se a representação da Figura 12,
e os resultados dos parâmetros estão na Tabela 1.

Figura 10 - Estrutura robótica e sinalização dos mecanismos de 4


barras presentes

Assim, para a análise cinemática do braço robótico,


podem ser feitas simplificações na estrutura, sem Figura 12 - Representação dos links e sistemas de coordenadas
comprometer o real sistema, de modo a torna-la uma aplicando a metodologia DH modificada
cadeia cinemática serial, como ilustrada na Figura 11 Tabela 1 - parâmetros DH obtidos para o braço robótico
a seguir.
Nota-se que, pela simplificação realizada, a i a [mm] α [rad] d [mm] Θ [rad]
movimentação angular de um dos motores fica agora 0 0 0 0 0
na parte de cima, mostrando o objetivo do 1 0 0 50 θ1
mecanismo de quatro barras já citado. Agora com 2 0 π/2 0 θ2
esta representação, é possível realizar a metodologia
3 80 0 0 θ3
do algoritmo DH modificado, e estabelecer os
4 80 0 0 θ4 + π/2
parâmetros para a análise cinemática, o que será
abordado na seção a seguir. 5 -30 0 0 0
6 0 -π/2 50 0

33
O ângulo 𝜃4 não é uma variável independente, mas
sim uma relação entre 𝜃2 e 𝜃3 , criada para garantir a
estabilização da garra sempre paralela ao solo.
Assim, 𝜃4 é obtido pela seguinte expressão:
𝜃4 = −(𝜃2 + 𝜃3 ) (4.1)
Posteriormente, os parâmetros foram colocados em
um script de programação do software MATLAB,
como descrito a seguir na Figura 13.

Figura 15 - Estrutura serial visualizada pelo comando plot.

Figura 13 - script de programação do braço robótico – início.


Figura 16 - cinemática direta para duas situações escolhidas
Através do comando SerialLink, pode-se observar e
Utilizando agora o comando jtraj, sob as
corroborar os parâmetros DH, como indicado na
condições dos ângulos descritas no script a seguir na
Figura 14.
Figura 17, foi feita a trajetória do braço robótico.

Figura 14 - visualização dos parâmetros DH criados para a


estrutura serial no MATLAB.

Utilizando o comando plot, também foi possível


visualizar a estrutura criada, e observar que de fato o
algoritmo foi implementado corretamente, como
indicado na Figura 15.
Usando o comando fkine, na configuração de
ângulos inicial θ1 =00 , θ2 =900 , θ3 =90⁰, e a
configuração final θ1 =200 , θ2 =800 , θ3 =120⁰,
correspondentes à posição 0 de referência adotada e Figura 17 - script de programação do braço robótico – final
uma aleatória, é possível obter a posição do TCP em
relação à base para cada situação, como indicado na Com base na plotagem, observou-se que de fato
Figura 16. o robô realizou a trajetória desejada, de maneira
Observa-se que, de acordo com a referência adotada suave graças ao polinômio de quinta ordem. A seguir
para a base do sistema, o TCP movimenta-se tanto na Figura 18 estão, de forma iterativa, momentos da
em X, como em Y e Z modificando os valores dos trajetória realizada.
ângulos de entrada.

34
Figura 20 - Realização da aplicação proposta - Etapa de seleção.

Figura 18 - Trajetória realizada no MATLAB.

A seguir, na Figura 19, pode-se observar a posição


angular de cada ângulo do sistema (θ1 a θ4 , os outros
são nulos como indicado nos parâmetros DH).
Observa-se a curva característica do polinômio de
quinta ordem desejada.

Figura 21 - Realização da aplicação proposta - Informação da


altura da peça selecionada.

Figura 22 - Visualização completa da Linha de Produção.


Figura 19 - Curvas das posições angulares para a trajetória
estipulada.
5 Conclusões
Em relação à aplicação, o braço robótico também
cumpriu sua função de forma satisfatória. A seguir Através dos conceitos adquiridos durante a
nas Figura 20 e Figura 21 está um caso simulado disciplina e aplicados, tanto de forma intuitiva pelo
onde o usuário pede para que a peça da posição 2 algoritmo DH modificado como
seja pega. Então, o braço robótico posiciona a garra computacionalmente, pode-se concluir que a
na posição desejada, pega a peça e a coloca na atividade proposta foi realizada com sucesso. A
esteira. Após certo tempo é informado o tamanho da cinemática direta para a determinação da posição da
peça em questão. garra do braço robótico foi eficaz, como esperado, e
A seguir na Figura 22 também está a linha de através da visualização gráfica notou-se que de fato o
produção completa. robô foi representado corretamente. A trajetória
realizada pelo braço robótico foi feita de maneira
suave, sem situações de velocidade ou aceleração
abrupta, como desejado para essa situação.
Por fim conclui-se que a aplicação realizada com o
braço impresso em 3D também foi satisfatória,

35
manipulando e movimentando peças de maneira Robótica – Apontamentos (parte 5); disponível em:
correta de modo a garantir a total eficiência da linha <http://www.profelectro.info/tag/cadeia-
de produção. cinematica-em-robotica/>; acesso em 02/06/17.
SANTOS, V. M. F. Robótica industrial,
Universidade de Aveiro; disponível em:
Agradecimentos <http://www.ece.ufrgs.br/~rventura/RoboticaInd
ustrial.pdf>; acesso em 02/06/17.
Agradecemos à comunidade da Unesp Sorocaba
e aos professores Renato Quarentei Gardiman e
Mauricio Becerra Vargas pelo apoio e suporte
durante o desenvolvimento do projeto.

Referências Bibliográficas

BECKER, M. Graus de liberdade em cadeias


cinemáticas, EESC – USP; disponível
em:<http://www.mecatronica.eesc.usp.br/wiki/u
pload/9/99/Aula_2_SEM0104.pdf>; acesso em
02/06/17.
BECKER, M. Cinemática Inversa de Manipuladores
Robóticos, EESC – USP; disponível
em:<http://www.mecatronica.eesc.usp.br/wiki/u
pload/9/99/Aula_2_SEM0104.pdf>; acesso em
03/06/17.
CABRAL, E. L. L. Cinemática Direta de Robôs
Manipuladores, Escola Politécnica da USP;
disponível em: <
http://sites.poli.usp.br/p/eduardo.cabral/Cinem%
C3%A1tica%20Direta.pdf>; acesso em
03/06/17.
CABRAL, E. L. L. PMR2560 – Robótica Cadeia
Cinemática, Escola Politécnica da USP;
disponível em: <
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/169269
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ca.pdf?forcedownload=1 >; acesso em 03/06/17.
CAPISTRANO, A. P. Formulação Analítica
Mecanismos de 4 Barras, disponível em:
<http://slideplayer.com.br/slide/10062694/>;
acesso em 02/06/17.
Cinemática Direta de Posição: Representação de
Denavit-Hartenberg; disponível em: <http://
www.feng.pucrs.br/~fkuhne/files/sistrob/molina/
CAP3CinemaDireta.pdf> acesso em: 01/06/17.
CORKE, P. Robotics Toolbox, disponível em: <
http://petercorke.com/wordpress/toolboxes/robot
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DINIZ, D. and VENTURA, F. F. Robótica industrial,
Universidade Federal de Campina Grande;
disponível em:
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industrial-ufcg >; acesso em 02/06/17.
GOMES, S. Graus de liberdade de robôs, disponível
em:
<http://controleeautomacaoindustrial3.blogspot.c
om.br/2014/05/aula-126-graus-de-liberdade-de-
robos.html>; acesso em 02/06/17.
Parâmetros de Denavit-Hartenberg; disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Parametros_
de_Denavit-Hartenberg>; acesso em: 01/06/17.

36
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

SÍNTESE E ANÁLISE DE UM MECANISMO FLIPPING

MARCEL T ARAÚJO, VINÍCIUS R. MANOEL, MAURICIO BECERRA VARGAS

Engenharia de Controle e Automação, UNESP - Universidade Estadual Paulista,


Instituto de Ciência e tecnologia, Sorocaba - SP

Resumo Um mecanismo é um conjunto de elementos de máquinas ligados de forma a produzir um movimento específico.
Nosso interesse se dará pelo mecanismo de quatro barras que é formado por 3 barras móveis e uma barra fixa. O conjunto de
elementos que estabelece o contato entre as diversas barras de um mecanismo é chamado junta cinemática ou par cinemático. Pa-
ra um entendimento mais profundo de um mecanismo, é importante entender também o que são os graus de liberdade e como is-
so afeta em cada tipo de mecanismo. Nesse contexto, este trabalho objetiva sintetizar um mecanismo flipping baseado em um
mecanismo de quatro barras.

Palavras-chave Mecanismo, Barras, Kutzbach, Juntas, Graus de liberdade, Projeto, Rotação, acoplador.

1 Introdução

Um mecanismo é um conjunto de elementos de


máquinas ligados de forma a produzir um movimento
específico. Nosso interesse se dará pelo mecanismo
flipping cujo objetivo e transladar e girar um corpo
ao mesmo tempo.
O conjunto de elementos que estabelece o contato
entre as diversas barras de um mecanismo é chamado
junta cinemática ou par cinemático.
Para um entendimento mais profundo de um meca- Figura 1. Mecanismo (Flipping Mechanism 5).
nismo, é importante entender também o que são os
graus de liberdade e como isso afeta em cada tipo de
mecanismo.
O grau de liberdade representa o número de coorde-
nadas independentes necessárias para especificar a
posição e orientação de um corpo no plano ou espa-
ço.

2 Mecanismo

Na Figura 1, podemos identificar um mecanismo Figura 2 Movimento do Bloco no Mecanismo.


de 4 barras formado pelos links com as cores azul
(seguidor), verde (acoplador) e amarelo (motor).
Nota-se que a quarta barra na cor roxa, que neste 3 Síntese
caso é fixa, corresponde à distância entre as juntas
fixas ao chão da barra azul e da barra amarela. Ela
representa um link acionador responsável por res- 3.1 Graus de liberdade
tringir o movimento. Para calcular os graus de liberdade do mecanis-
Inicialmente o bloco (tendo a base destacada em mo foi escolhido o critério de Kutzbach. A Figura 3
vermelho) translada paralelamente ao solo, antes de ilustra um modelo esquemático para interpretação
entrar em contato com o mecanismo. Posteriormente dos valores utilizados no cálculo. Note que os links
o bloco é rotacionado por meio da biela e chega em foram enumerados e as juntas identificadas estão
sua posição final com a rotação de aproximadamente coloridas no tom alaranjado.
90º em relação a sua posição inicial, como apresen- Por meio da Figura 3 foi possível calcular o número
tado na Figura 2. Em um ambiente mais próximo do de graus da liberdade do mecanismo.
natural, este mecanismo é um exemplo de algo que
pode ser encontrado em indústrias que fazem adesi- 𝑁 = 3(𝐵 − 1) − 2𝑛𝑗1 − 𝑛𝑗2 (1)
vamento de embalagens.

37
uma linha que intercepta o ponto D3, perpendicular a
D1D2, e escolhido um ponto O4 sobe ela.
Passo 3: Após efetuar os procedimentos anteriores,
os comprimentos dos links foram obtidos, a partir
dos segmentos de retas formados pela união dos
seguintes pontos:
 LINK VERDE (ACOPLADOR) = C1D1
 LINK AZUL (SEGUIDOR) = C1O2
 LINK AMARELO (MOTOR) = D1O4

Figura 3 Interpretação do Mecanismo.

Na qual:
𝑁: Número dos graus de liberdade
𝐵: Número do total de corpos incluindo o solo
𝑛𝑗1 : Número de juntas com um grau de liberdade
𝑛𝑗2 : Número de juntas com dois graus de liberdade

Assim:
𝑁 = 3(6 − 1) − 2 · 7 = 1
Figura 4- Método Gráfico de 2 Posições (Norton, 1999).
O número obtido é válido, uma vez que essa estrutu-
ra seria facilmente controlada por apenas um motor 3.3 CAD
associado a uma de suas juntas. Na Figura 1, o link
acionador representado pela cor rocha, controla o A metodologia descrita anteriormente foi aplica-
movimento do mecanismo. da utilizando a ferramenta Autocad Mechanical. A
Figura 5 ilustra, de forma resumida, os procedimen-
tos realizados. A execução do primeiro passo pode
3.2 Critérios de projeto ser identificada, a partir do desenho das posições
Com o objetivo de elaborar um modelo de me- inicial e final do acoplador. A execução do segundo
canismo semelhante ao da Figura 1 que efetue um passo pode ser identificada, com o desenho das li-
movimento parecido com o da Figura 2, foi conside- nhas construtivas em vermelho que interceptam os
rado um método gráfico de duas posições. Dessa pontos O2 e O4. Por fim, a posição do desenho foi
forma, o mecanismo foi analisado a partir do esque- alterada, tomando como referência, o deslocamento
ma ilustrado na Figura 4, na qual o acoplador é re- do ponto O2 para a coordenada (0,0,0). Assim, o
presentado pelo link CD. Considerando que são for- terceiro passo foi executado, obtendo as coordenadas
necidos dados sobre a posição inicial C1D1 e a posi- dos pontos com o auxílio do comando ‘ID’.
ção final C2D2 do link CD, é possível efetuar alguns
procedimentos a fim de obter os comprimentos dos
corpos que formam um mecanismo de quatro-barras
capaz de movimentar-se alternando entre essas posi-
ções.
Passo 1: A metodologia utilizada consiste em dese-
nhar o link CD nas posições desejada e delimitar a
distância formada entre as posições finais e iniciais
das juntas desse link. Assim, foi obtido os segmentos
de reta C1C2 e D1D2 e traçada a reta perpendicular a
cada um desses, passando pelos respectivos pontos
médios C3 e D3.
Passo 2: Em seguida, foi desenhada uma linha que
intercepta o ponto C3, perpendicular a C1C2, e esco-
lhido um ponto O2 sobe ela. Procedimento semelhan-
te foi realizado para o outro segmento. Foi desenhada
Figura 5 - CAD do Flipping Mechanism.

38
A exatidão dos pontos encontrados O2 e O4 foi con- conhecido como pistões. O princípio fundamental é
firmada pelo fato de que as distâncias entre o seg- transformar trabalho hidráulico ou pneumático em
mento de reta da origem até C1 ou C2 serem iguais, deslocamento mecânico linear. Um cilindro consiste
logo, ali se encontra o ponto O2. Analogamente a de uma camisa de cilindro, de um pistão móvel e de
distância entre o ponto O4 e D1 é equivalente a dis- uma haste ligada ao pistão.
tância do ponto O4 e D2, confirmando assim a locali- Com intuito de replicar o funcionamento do meca-
zação exata de O4. nismo através de simulação, foi desenhada uma caixa
A Figura 6 ilustra a interpretação do CAD no softwa- e inserida uma força de contato entre as extremidades
re Adams View, com a finalidade de fazer as simula- do acoplador que abrigam esse objeto.
ções e o estudo do projeto. Inicialmente foram cria- Na Figura 8, nota-se que o mecanismo de quatro
dos pontos geométricos para a construção do desenho barras foi representado por uma estrutura 2D, a qual
do mecanismo no Adams, e estes foram deslocados deve movimentar a caixa de modo semelhante ao
paras as coordenadas obtidas no Autocad, com recur- descrito na introdução. Porém, observando a figura é
so da ferramenta Table Editor. esperado que a caixa crie um momento em relação a
barra e ela se desvincule da estrutura, caindo ao chão.
Para garantir que isso não ocorra foi inserido uma
junta primitiva de eixos paralelos entre a caixa e o
acoplador.

Figura 6 - Table editor com as Coordenadas.

O mecanismo de quatro barras foi formado com a


união desses pontos através de barras. Em seguida,
foram inseridas juntas de rotação entre os corpos,
como é possível identificar na Figura 7.

Figura 8 - Utilização de um Acoplador

A Figura 9 evidencia que, adicionando a junta de


eixo paralelo, foram excluídos dois graus de liberda-
de de rotação, visto que a caixa possui por natureza 3
graus de rotação para os eixos X, Y, Z.

Figura 7 - Interpretação do Mecanismo no Adams.

Com a determinação de todos os pontos, é necessário


que exista o entendimento sobre o atuador. O Atua-
dor é um elemento que produz movimento atendendo
a comandos que podem ser manuais, elétricos ou
mecânicos e podem ser encontrados nas mais diver-
sas aplicações e segmentos, como por exemplo: Ro-
bótica, máquinas para conformação de metal, máqui-
nas da indústria de plásticos e borracha.
No flip mechanism, o atuador encontrado é um link
acionador e este é classificado como linear, também Figura 9 - Tabela de juntas primitivas.

39
É evidenciado na Figura 10, dessa forma, que o mo- Já na Figura 13, encontra-se o torque presente no
vimento foi restringido exclusivamente ao grau de motor do link acionador - rosa, que é responsável por
liberdade do movimento preterido. realizar a rotação da ‘cadeira.

Figura 10 - Rotação de um Bloco nos 3 eixos.

4 Análise cinemática
Figura 13 - Torque no motor do Link acionador- Rosa.
4.1 Adams
O mecanismo foi implementado e aplicou-se 4.3 Análise de forças
uma junta de rotação a fim de obtermos o desloca- Nas figuras de 14 a 18, podemos interpretar os resul-
mento das nossas barras, na Figura 11 é possível tados das forças para cada junta e podemos concluir
identificar as diferentes posições encontradas do que a Figura 15 - Força entre o link amarelo e o link
flipping mechanism enumeradas. acionador rosa (Figura 14) possui o maior módulo, já
que esse link é o maior responsável pela execução do
movimento.

Figura 11 – Diferentes Posições do Mecanismo no Software


Adams.

4.2 Gráficos
O gráfico da Figura 12 ilustra o ângulo do link Figura 14 - Força entre o chão e o link rosa.
pelo tempo de execução, ou seja, o quanto ele se
movimenta até que exista o movimento completo
desde a entrada da caixa até a sua rotação e posteri-
ormente a saída do mecanismo.

Figura 15 - Força entre o link amarelo e o link acionador rosa.

Figura 12 - Representação do movimento do link seguidor.

40
Agradecimentos

Os autores agradecem ao professor Maurício


Becerra Vargas pela paciência ao explicar o conteúdo
durante as aulas teóricas as quais foram de funda-
mental importância para a aplicação das simulações
na aula de laboratório bem como o tempo extra-
classe destinado para esclarecimento de dúvidas.

Referências Bibliográficas

Flipping Mechanism 5. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=3CAnTu6rs
Uc.
Grillo, Newton L. Mecanismos: Elementos de
Figura 16 - Força entre o link seguidor e o link verde.
Cinemática e Dinâmica.
Luiz, J. Diferença entre atuadores hidráulicos e
pneumáticos. Disponível em:
https://www.sabereletrica.com.br/tipos-de-
atuadores/
Norton, Robert L. (1999). Design of Machinery: An
Introduction to the Synthesis and Analysis of
Mechanisms and Machines. 2nd ed.

Figura 17 - Força entre o link seguidor e o solo

Figura 18 - Força entre o link verde e o link amarelo.

4 Conclusão

A partir da síntese realizada no Autocad foi pos-


sível implementar o mecanismo de quatro barras e
comprovar por meio da análise no software Adams
que o movimento executado pelo flip mechanism
obteve um resultado foi satisfatório segundo os crité-
rios de projeto definidos previamente.

41
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

UM ESTUDO DAS REDES DE SENSORES INDUSTRIAIS SEM FIO E TECNOLOGIA EMERGENTE


6TISCH

IRENO G. M. JUNIOR, EDUARDO P. GODOY

Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Ciência e Tecnologia, Sorocaba


Av. Três de Março, 511 - Aparecidinha, Sorocaba – SP
E-mails: irenogmjr@yahoo.com.br, epgodoy@sorocaba.unesp.br

Resumo Este artigo de revisão tem o objetivo de apresentar um revisão da evolução das redes de sensores industriais sem fio –
IWSN, no âmbito do paradigma da Internet das Coisas Industrial (IIoT), abrangendo os aspectos fundamentais dos padrões
ZigBee, WirelessHART, ISA100.11a, WIA-PA e a mais recente iniciativa do padrão 6TiSCH. As principais diferenças e seme-
lhanças dos padrões, protocolos e as camadas de redes propostas são destacadas e as vantagens e restrições para o atendimento
dos requerimentos de redes de sensores sem fio no ambiente industrial são discutidas.

Palavras-chave Redes Industriais, ZigBee, WirelessHART, ISA100.11a, WIA-PA, 6TiSCH

1 Introdução processamento dos nós sensores em consequência do


tamanho físico limitado;
A Internet das Coisas Industrial (Industrial In- ii. Topologias variadas e condições ambientais
ternet of Things - IIoT) está direcionada a promover adversas: nos ambientes industriais as topologias são
mudanças profundas no ambiente das empresas pro- dinâmicas devido ás possibilidades de falhas dos
movendo a autonomia e computação ubíqua na au- links e nós sensores e, em locais com alto nível de
tomação industrial e nas redes de comunicação in- interferência de RF, ambientes corrosivos, alto nível
dustriais. Porém o termo “industrial” traz consigo um de humidade, vibrações e poeiras.
enorme campo de aplicações e requerimentos que iii. Qualidade de Serviço (QoS): pode-se definir
abrangem diversas categorias de operações, desde este requerimento como sendo a relação entre a pre-
manufatura discreta de produtos como automóveis e cisão dos dados enviados para o nó coletor e aquilo
celulares até a indústria de processo tais como quí- que está realmente acontecendo no ambiente indus-
mica, alimentos, energia e ainda, nos setores priva- trial, levando-se em consideração os parâmetros de
dos e governamentais, com cada segmento tendo tempo e latência de rede necessários com a diversi-
características únicas. dade de aplicações previstas em cada tipo de indús-
As redes IWSN têm sido a força motriz da Internet tria.
das coisas industrial, no controle de processos e in- iv. Redundância de dados: devido à alta densi-
dústria transformadora, com um enorme potencial dade das topologias e a natureza dos fenômenos
para a evolução de dispositivo de campo, conectivi- associados ás medições, tal característica contribui
dade e capacidade de gerenciamento, com a integra- para manter a integridade dos dados a partir dos nós
ção de arquiteturas padronizadas de operações abran- sensores.
gendo desde dispositivos de baixo nível de tecnolo- v. Erros de pacote e capacidade de ligação va-
gia até sistemas centrados em dados de alto nível, riável: as redes sem fio apresentam características
porém requerem maiores definições dos componen- muito variadas no tempo e espaço devido ás obstru-
tes, gateways, infraestruturas de redes, topologias, ções e ruídos, com consequente variação de capaci-
software e tecnologias integradoras de serviços em dade e altas taxas de erro de bit (BER).
nuvem de redes de sensores IIoT. Dentro deste cená- vi. Segurança: característica essencial de proje-
rio podemos citar alguns desafios comuns a todos tos IWSN devido a presença de ataques externos tais
esses ambientes para os quais a IIoT e as redes de como intrusões, violação de confidencialidade, ata-
sensores em fio devem atender, destacando-se o ques passivos de análise de trafego e conteúdo de
desafio, é claro, de tempo de atividade. Nas opera- mensagens, e ataques ativos de modificação e inter-
ções industriais, cada minuto de inatividade de pro- rupção de operações até capturas de nós, inundação
dução não planejada é medido em receita perdida. de rede e roteamento.
Estima-se que se um componente de rede falhar, o vii. Implementação em larga escala: as redes
custo para repará-lo poderia ser 15-20 vezes o custo IWSN contem grandes números de nós sensores
original. É claro, então, por que é essencial que esses espalhados randomicamente em campo, com infraes-
componentes são capazes de suportar as duras condi- truturas geralmente deficientes para estabelecimento
ções em que eles estão instalados. e manutenção de conexões deforma autônoma
Adicionais requerimentos, com igual nível de priori- viii. Integração com a Internet e outras redes: re-
dades podem ser elencados: (Alcaraz 2010),(Kroguer querimento fundamental das redes IWSN para aten-
2014),(Gungor 2009) der ao paradigma IIoT e fornecimento de serviços
i. Restrição de recursos: os projetos IWSN através de conexões remotas e centros de gerencia-
devem considerar as restrições de energia, memória e mento com integração do protocolo IP.

42
Com os desafios e requerimentos citados torna-se apresenta o contexto e requerimentos para aplicações
essencial posicionar a importância das redes de sen- de redes sem fio na indústria. A seção 3 apresenta as
sores sem fio industriais (IWSN) no cenário tecnoló- características dos padrões IEEE 802.15.4/802.15.4e.
gico de automação industrial, uma vez que surgem Na seção 4 é apresentado o novo padrão 6TiSCH e
como uma alternativa viável para redes com fio e suas principais características e na seção 5 uma con-
trazendo vantagens únicas de agilizar as operações, clusão sobre este artigo.
acelerar a produção, facilitar a instalação, aumentar a
flexibilidade e reduzir despesas para manutenção da
infraestrutura, além de reduzir a frequência de inter- 2 As aplicações de redes sem fio na indústria
venções com os danos causados nos cabos de redes
no chão de fábrica devido aos movimentos de equi- As aplicações de automação industrial podem
pamentos e máquinas. Uma pesquisa sobre os princi- ser categorizadas em dois campos distintos: (1) au-
pais fatores a serem considerados para uma eventual tomação de processo (PA) e (2) automação de manu-
adoção de sistemas sem fio para aplicações industri- fatura (FA). Algumas aplicações são híbridas reunin-
ais foi realizada em 2010 (ISA100 Compliance Insti- do ambas categorias. Na Figura I é apresentada uma
tute). Os resultados estão apresentados na Tabela I. visão geral do mercado de aplicações industriais.

Tabela I – Fatores de adoção de redes sem fio em aplicações


industriais.
Fatores de Adoção Porcentagem
Confiabilidade de Dados 95,5%
Padronização 82%
Facilidade de uso 81,4%
Baixo Consumo (bateria longa vida) 77,4%
Baixo Custo 74,1%
Endereçamento IP 69,6%
Figura I – Visão geral do mercado de aplicações industriais.
Operação em rede única da planta 65,6%
Na Figura I evidencia-se que os sistemas de controle
Dentre os fatores apresentados, a confiabilidade dos usados para PA são frequentemente DCS (Sistema de
dados é classificada como a principal preocupação Controle Distribuído), compostos principalmente de
para a adoção de IWSN. A segunda preocupação é a malhas de controle PID. A PA está frequentemente
falta de padrões sendo que, maneira geral, o setor envolvida no controle processos, onde aplicações
industrial considera de alto risco a implementação típicas incluem: fabricação de produtos químicos,
em larga escala de sistemas sem fio sem o suporte de celulose e papel, óleo e gás, vidro e mineral. Por
padrões internacionais consolidados. outro lado, o controle de sistemas para FA utilizam
Os padrões internacionais desenvolvidos para atender em sua maioria controladores lógicos programáveis
as necessidades do setor industrial são os seguintes: ou PLCs (Programmable Logic Con-troller), que
WirelessHART, ISA100.11a, WIA-PA e a versão trabalham principalmente com sinais ON/OFF. As
ZigBee Pro. Alguns trabalhos foram realizados com aplicações FA envolvem máquinas que executam
o objetivo de comparar os padrões acima citados, ações discretas, por exemplo, em processos de mon-
porém sem apresentar uma visão aprofundada ou tagem na indústria automotiva.
uma conclusão consolidada das vantagens e desvan- As aplicações PA geralmente transmitem dados de
tagens de cada uma das tecnologias .Os padrões processo em intervalos de tempo regulares e nor-
ZigBee, Wire-lessHART e ISA100.11a foram com- malmente envolvem circuitos fechados não críticos,
parativamente analisados em vários estudos mas nos quais os requisitos de latência geralmente não
apenas em parcialmente e brevemente as diferenças são tão rigorosos, com intervalos maiores que 100
de características técnicas entre WIA-PA, ms. Isso permite que em aplicações com dispositivos
ISA100.11a e WirelessHART, com a exclusão em sem fio, os nós reduzam o consumo de energia, reali-
geral do padrão ZigBee. Além disso, somente Wire- zando ciclos de trabalho precisos na operação de seus
lessHART e ISA100.11a tiveram maior número de rádios e sensores. No entanto, as aplicações FA apre-
citações e publicações visando um estudo comparati- sentam característica distinta de transmissão de da-
vo. Em um aspecto mais amplo, conforme (Kumar dos, gerando rajadas de dados e são altamente sensí-
2014) são citados os requisitos, protocolos e desafios veis a qualquer atraso de sinais que devem estar no
das IWSNs intervalo de 1-50 ms, com métricas de capacidade de
O objetivo deste artigo é apresentar uma revisão dos tempo real e confiabilidade mais prioritárias do que
estudos técnicos já realizados, baseado principalmen- consumo de energia.
te nos quatro padrões citados. Adicionalmente, este Os padrões existentes para redes IWSN em automa-
artigo introduz um detalhamento mais amplo das ção de processos (PA) e automação da manufatura
características do recente padrão denominado (FA) estão resumidos conforme mostrado na Tabela
6TiSCH, em desenvolvimento por um grupo de tra- II (Quan 2016).
balho conduzido pelo IETF. Na seção 2 este artigo

43
Tabela II – Padrões de redes IWSN para automação de processos. críticas, as mensagens devem ser entregues de uma
Aplicação Padrões existentes maneira mais confiável e determinística.
Automação de Processos ZigBee, Inicialmente, o padrão ZigBee foi desenvolvido para
WirelessHART, atender uma grande quantidade de aplicações, inclu-
ISA100.11a , indo automação industrial, mas não especificamente
WIA-PA para aplicações industriais. Uma das características
Automação da Manufatura WISA, WSAN-FA deste padrão é que os nós sensores podem permane-
cer uma grande parte do tempo no estado de baixo
Os padrões WISA (Wireless Interface for Sensor and consumo de energia (low-power sleep state). Conse-
Actuators), desenvolvido pela empresa ABB, e quentemente, as aplicações dessa rede são mais
WSAN-FA (Wireless Sensor and Actuator Network) apropriadas para as definidas nas classes 4 e 5 onde
são utilizados na automação de manufatura (FA) e baixo consumo de energia tem prioridade sobre os
utilizam o padrão de camada física do IEEE 802.15.1 requerimentos de atrasos de tempo de resposta.
– Bluetooth. Os outros três padrões foram desenvolvidos especifi-
O foco deste trabalho encontra-se no estudo das camente para aplicações de automação de processos,
IWSN para aplicações de PA. O objetivo é descrever porém com diferentes abrangências. Enquanto que o
os aspectos gerais dos padrões ZigBee, Wire- padrão WirelessHART tem o objetivo de atender
lessHART, ISA100.11a e WIA-PA, mas principal- aplicações das classes 2 a 5, o padrão ISA100.11a
mente apresentar os fundamentos do novo padrão em está direcionado para ter uma cobertura mais flexível
desenvolvimento denominado 6TiSCH. Em geral, as e abrangente, desde a classe 1 até a 5. O padrão
aplicações em automação de processo (PA) podem WIA-PA apresenta-se como um novo padrão e adota
ser divididas em seis classes conforme a Tabela III. a especificação IEEE 802.15.4 sem modificações,
concebido para atender processos industriais de mo-
Tabela III – Classes de automação de processos – PA. nitoramento, medição e controle de malha aberta
Categoria Classe Aplicação Latência Descrição correspondentes às classes 3 a 5. Com isso, os dife-
Emergência rentes objetivos dos quatro padrões nas suas aplica-
- Desligamento de
emergência
10 ms - ções levaram a importantes diferenças na arquitetura
Seguran- máxima e Sempre
ça
0 - Controle de incên-
determi- crítico das redes, conjunto de protocolos e características
dio
- Detecção e vaza-
nística técnicas.
mentos A classe 0 é direcionada para aplicações críticas,
Controle regulatório mais sensíveis às variações de tempo, requerendo
em loop fechado
Frequen- menos de 10 ms de latência e com comunicação
- Controle direto de
1 temente
atuadores 10 a 100
crítico determinística. Consequentemente a classe 0 não é
- Desligamento ms -
automático latência apropriada para redes sem fio multi-hop e com isso
Controle supervisó- conforme nenhum dos 4 padrões atendem esta classe. Para a
Controle rio em loop fechado aplicação Normal-
2 - Otimização de mente não
classe 0, devido às similaridades de requerimentos
loops de controle crítico com as aplicações de automação de manufatura,
- Divisão de Vazão padrões tais como WISA, WSAN-FA podem ser
Controle em loop
aberto Operação adotados.
3
-Ajuste manual pelo manual
operador
Sinalização Manuten- 2.1 Aspectos dos padrões considerados
-Evento de manuten- ção
ção necessária A) ZigBee: o padrão suporta topologias estrela,
4 -Vibração (conse- arvore e malha sendo que esta última fornece siste-
-Temperatura de quências
equipamentos
100 ms -
de curto mas mais dinâmicos e distribuídos e comunicações
médio
Monito-
prazo) mais confiáveis pelo fato de oferecer caminhos re-
Atividades de gestão
ramento
de operação
Manuten- dundantes. No entanto, tem menor capacidade de
ção atender a aplicações de redes industriais, devido aos
-Recuperação de
preventiva
histórico atrasos e controles de operação. Portanto, a topologia
5 (sem
-Sequência de
Eventos
conse- estrela é preferível para aplicações industriais e topo-
quências
-Registros de
imediatas) logia em arvore para redes de larga escala com prio-
manutenção
ridade de baixo consumo. A rede ZigBee apresenta
três tipos de dispositivos: coordenador, roteador e
A Tabela III definida pelo comitê ISA 100, apresenta dispositivos finais. O coordenador é responsável pela
ainda exemplos de aplicações e latência e abrange inicialização, manutenção e controle da rede, com
desde controles críticos até monitoração, nos quais os roteador tendo nós relacionados e dispositivos finais
requerimentos de latência, confiabilidade, sincroni- na execução de aplicações sem habilidade de rotea-
zação e variações de atraso na rede são diferentes. mento.
Exemplificando, a latência admissível para as classes B) WirelessHART: tem topologia composta
de 3 a 5 é de aproximadamente 100 ms, enquanto que por dispositivos de campo, gateway, pontos de aces-
na classe 0 é menor a 10 ms e nas classes 1 e 2 po- so e gerenciador de rede. Os dispositivos de campo
dem variar de 10 a 100 ms. Para aplicações mais da planta industrial têm a capacidade de roteamento e

44
os pontos de acesso conectam-se com o gateway, aprimoramentos, tais como, mecanismo de baixa
com o gerenciador realizando a configuração de rede, energia, de troca de informações na subcamada
agendamento e gestão de comunicações entre dispo- MAC, Beacons aprimorados para maior flexibilida-
sitivos. de, quadros multiuso, métricas de desempenho para
C) ISA100.11a: apresenta uma rede com duas camadas superiores e associação rápida de nós para
classes principais de dispositivos, sendo, dispositivos aplicações onde a latência é prioridade. O IEEE
de campo e dispositivos de infraestrutura. Os disposi- 802.15.4e define cinco novos modos de funciona-
tivos de campo são de 3 tipos: dispositivos roteado- mento MAC ou protocolos MAC: (Iacob 2016)
res com funções completas de roteamento, de entra-
da/saída com funções reduzidas para fornecimento de  Time Slotted Channel Hopping (TSCH): para
dados, envio e recepção, criados com o propósito de aplicações de automação industrial e controle de
atender características de baixa complexidade e baixo processos, fornecendo suporte para comunica-
consumo de energia e por último os dispositivos ções multi-salto e multicanais através do método
portáteis sem capacidade de roteamento. Os disposi- TDMA (Time Division Mutiple Access);
tivos de infraestrutura englobam roteadores princi-  Deterministic and Synchronous Multi-Channel
pais, gateways e gerenciadores de sistema e seguran- Extension (DSME): destinado tanto aplicações
ça. industriais como comerciais com requerimentos
D) WIA-PA: as redes neste padrão suportam específicos de confiabilidade e atualização dos
topologia mista estrela-malha, com o primeiro nível dados, com dois diferentes modos de diversifica-
em topologia malha com roteadores e gateway e no ção de canais, sendo projetado especificamente
segundo nível com topologia estrela com roteadores para redes em malhas (mesh) e de multi-saltos;
e dispositivos de campo. Nas sub- redes estrela os
 Low Latency Deterministic Network (LLDN):
roteadores funcionam como nós centrais chamados
projetado para redes com canais e salto único,
de centros de agrupamento e tem a função de monito-
visando automação de manufatura, onde as apli-
ramento de rede. Devido a esta função são instalados
cações requerem latência bastante baixa;
de forma redundante para garantia de operação.
 Asynchronous Multi-channel Adaptation
(AMCA): para aplicações com grandes quanti-
3 O padrão IEEE 802.15.4 e sua evolução dades de nós tais como redes inteligentes de uti-
lidades, monitoração de infraestrutura e controle
Todos os padrões abordados neste artigo, ou se- de processos, baseia-se na adaptação de multica-
ja, ZigBee, WirelessHART, ISA100.11a e WIA-PA, nais assíncrono e utilizado somente em redes BE
utilizam como base o padrão IEEE 802.15.4, desen- (beacon-enabled).
volvido para atender redes LR-WPAN (Low-Rate  Radio Frequency Identification Blink (BLINK).
Wireless Personal Area Network) que visam comu- Para aplicações de identificação de itens ou pes-
nicações sem fio simples, de baixo custo e consumo soas, localização e rastreamento. Permite um nó
de energia, poucos requerimentos de taxa de transfe- comunicar seu ID para outro sem uma pré-
rência, fácil instalação e protocolos flexíveis (IEEE associação e reconhecimento.
802.15.4-2006). O IEEE 802.15.4 trabalha sobre as Os aprimoramentos do IEEE 802.15.4e para atender
bandas de frequências denominadas como ISM (In- o mercado industrial utilizam ideias dos padrões
dustrial Scientific and Medical) de 868MHz (Euro- WirelessHART e ISA100.11a, tais como, acesso
pa), 915MHz (EUA) e 2.4GHz (mundialmente) que particionado, partições de tempo dedicadas e com-
não precisa de ser licenciada. Na banda de 2.4GHz, partilhadas e salto em frequência.
que é a mais utilizada, o espaçamento entre canais é
de 5MHz com uma largura de banda de 2.5MHz,
podendo atingir uma taxa de transferência de 4 O padrão IETF 6TiSCH
250kbps. As modulações utilizadas são o BPSK
(Binary Phase Shift Keying) e o O-QPSK (Ortognal- Em novembro de 2013 foi criado no IETF (In-
Quadrature Phase Shift Keying). ternet Engineering Task Force) o grupo de trabalho
6TiSCH (“IPv6 over the TSCH mode of IEEE
3.1 O padrão IEEE 802.15.4e 802.15.4e”) com o objetivo atrelar um desenvolvi-
mento de camadas de nível superior com suporte ao
O comitê do IEEE 802.15.4 percebeu deficiên-
IPv6 à um padrão da camada de enlace, com desem-
cias na camada MAC quando utilizado para atender
penho suficiente para atender o segmento industrial
condições de comunicação em tempo real e confiabi-
em termos de confiabilidade e consumo de energia,
lidade para aplicações industriais. Dessa forma, foi
essencial na convergência para realização da Internet
criado o grupo de trabalho IEEE 802.15.4e, com o
das Coisas Industrial IIoT.. Diante dessas premissas e
objetivo de definir um protocolo MAC multi-salto
padrões já existentes, os trabalhos foram direciona-
(multi-hop) de baixo consumo, capaz de satisfazer as
dos para integração do padrão IEEE 802.15.4e com o
necessidades de aplicações industriais. O resultado
modo TSCH com outros desenvolvimentos compatí-
foi o documento “ IEEE 802.15.4e MAC Enhance-
veis com o IPv6 como o protocolo RPL, 6LoWPANe
ment Standard”, aprovado em 2012, que introduz
e COAP entre outros (Dujovne 2016)

45
O padrão 6TiSCH visa especificar uma arquitetura de fornece um nível de abstração do enlace requerida
protocolos de redes sem fio para atender aos reque- para operações IP.
rimentos de desempenho de aplicações industriais em De maneira geral, o funcionamento da pilha de pro-
termos de latência, jitter, confiabilidade e baixo con- tocolos vai especificar o modo como os pacotes que
sumo para IPv6 sobre o padrão IEEE 802.15.4e pertencem a um fluxo de dados IPv6 determinístico
TSCH. A arquitetura resultante do padrão 6TiSCH são marcados, roteados e enviados sobre as redes
está mostrada na Figura 2.(Watteyne 2017) mesh dentro das condições necessárias de latência e
jitter. Também irá englobar aspectos de segurança,
gerenciamento de enlace na camada de rede IPv6,
descoberta de nós vizinhos e roteamento. Conforme
o desenvolvimento e possibilidades, o grupo de tra-
balho reutilizara protocolos existentes tais como IPv6
Neighbor Discovery (ND), 6LoWPAN e RPL (Rou-
ting Protocol for Low-Power and Lossy Networks)
com mínimas adaptações para atingir os critérios de
confiabilidade e rede determinística dentro da topo-
logia mesh e escalabilidade sobre a rede principal
(backbone).
Figura 2 – Arquitetura do padrão 6TiSCH [24]
4.3 A camada 6LoWPAN com RPL e CoAP
4.1 A camada 804.15.4e TSCH Através de um importante esforço de padroniza-
ção no IETF, padrões como o 6LoWPAN - IPv6 over
A técnica TSCH define um modo operacional da
Low power Wireless Personal Area Network, com as
camada de enlace introduzida na revisão 804.15.4e a
características de compressão de cabeçalho, fragmen-
fim e habilitar a natureza determinística de sem fio
tação e reagrupamento no protocolo IPV6, permitem
em automação e controle de processos, sendo uma
que os dispositivos sem fio de baixa potência se
herança das redes Wire-lessHART e ISA100.11a.
comportem como qualquer outro host da Internet,
O TSCH combina Time Division Multiplexing com
simplificando bastante a integração de redes sem fio
uma técnica de flexibilidade de frequência chamada
de baixa potência em um sistema de rede integrado
Chanel Hopping para eliminar todas as formas de
de maiores proporções e, juntamente com a técnica
interferências e é particularmente eficiente contra o
TSCH, satisfazem os parâmetros de confiabilidade e
desvanecimento de múltiplos caminhos, o que geral-
baixa demanda de energia para aplicações industriais.
mente afeta 2 ou 3 dos 16 canais disponíveis com
Com isso, uma rede 6TiSCH pode incluir uma série
IEEE802.15.4 na banda de 2,4 GHz. Uma agenda
de pequenas redes sem fio integradas por um back-
indica não apenas o tempo das transmissões indivi-
bone de alta velocidade abrangente e, através do uso
duais, mas também os canais onde as transmissões
do uso da nva funcionalidade 6LoWPAN Neighbor
ocorrem, por exemplo, uma transmissão pode ocorre
Discovery, introduzida em roteadores de backbone
em um determinado canal, mas uma eventual re-
permite eliminar a necessidade de difusão multicast,
transmissão poderá ocorrer em um canal diferente
formando efetivamente uma grande sub-rede IPv6.
que é selecionado através de um algoritmo pseudo-
A interação dos padrões IETF RPL – Routing Proto-
randômico.
col for LLNs e CoAP - Constrained Aplication Pro-
tocol nas camadas superiores permite uma série de
4.2 A introdução da camada 6TOP facilidades, permitindo o padrão 6TiSCH a padroni-
A pilha de camadas do 6TiSCH prevê técnicas zação um conjunto de recursos.
para implementação de funções de roteamento, O protocolo RPL, desenvolvido para atender redes
transporte e segurança, mas recomenda elemen-tos LLN - Low power and Lossy Networks, define uma
básicos para aplicações em redes sem fio de baixa árvore de roteamento utilizando o conceito de grafos
potência e com restrição de largura de banda. Em acíclicos direcionados, DAG, com cada nó de rede
particular, os protocolos UDP e CoAP (Constrained podendo associar-se a mais de um nó, o que difere o
Application Protocol) utilizados como protocolos de RPL dos demais protocolos baseados em árvores. A
transporte para aplicações e gerenciamento em opo- organização é orientada ao destino, com um nó raiz
sição aos protocolos mais utilizados TCP e HTTP do concentrando o recebimento dos dados, sendo que,
IP. (Watteyne 2016) essa estrutura recebe o nome de DODAG - Destina-
Esta arquitetura define uma nova subcamada deno- tion-Oriented Directed Acyclic Graph. Dentre as
minada 6top que viabiliza a alocação ou remoção de características importantes do RPL que podem ser
slots entre nós vizinhos. A subcamada 6top pode compartilhadas estão a autoconfiguração, auto detec-
operar uma ou várias funções de agendamento, as ção de falhas, múltiplos roteadores de borda, detec-
quais definem as regras para como e quando adicio- ção e impedimento de loops e três modelos de nós:
nar ou remover slots em cada nó. A subcamada 6top roteadores de borda, roteadores e hosts.
tem a função de controle lógico de enlace situada O CoAP é um protocolo de nível de aplicação sobre
entre acamada IP e a camada MAC TSCH, a qual UDP desenvolvido para atender redes LLN, em apli-

46
cações M2M., que define uma forma de transferir Conforme observado na Figura 4, uma fatia é uma
dados tal como é feito através do Representacional lista conhecida de células, distribuídas no tempo e
State Transfer (REST) e, para tanto, utiliza funciona- frequência, dentro da matriz CDU. A partição da
lidades similares ao do HTTP e permite que clientes CDU em fatias é totalmente conhecida por todos os
e servidores acessem ou consumam serviços Web nós de rede a fim de implementar o processo de ne-
facilmen-te através de Uniform Resource Identifiers gociação entre nós. Um nó que se apropria de uma
(URIs), porém diferentemente do REST, o Co-AP fatia pode decidir qual transmissão irá ocorrer dentro
usa o protocolo UDP, o que o coloca como mais do seu domínio de interferência. De maneira geral,
adequado para aplicações em IoT. Apresenta duas uma fatia pode ser vista como a generalização de um
camadas em sua arquitetura interna, permitindo que canal de transmissão dentro do domínio de tem-
dispositivos de baixa potência possam interagir. A po/frequência.
primeira camada implementa os mecanismos de
requisição/resposta. A segunda, detecta mensagens
duplicadas e fornece comunicação confiável sobre o
UDP. O CoAP utiliza quatro tipos de mensagens:
confirmable, non-confirmable, reset e acknowledge-
ment, sendo que a confiabilidade do protocolo CoAP
é atingida ao combinar as mensagens confirmable e
non-confirmable sobre o UDP. Figura 4: Exemplo de uma matriz CDU [24]
Estes recursos CoAP transformam um nó no equiva-
lente limitado de um servidor web e um programador O agendamento de uma rede TSCH envolve uma
central atua como um navegador com capacidades de política que usa vários mecanismos para gerenciar os
atualização e carregamento de novas configurações. aspectos operacionais da rede. A política é responsá-
vel por determinar qual o intervalo de tempo é aloca-
4.4 O mecanismo de agendamento do para quais nós. Neste aspecto, o agendamento
pode ser visto como uma questão de otimização de
Em uma rede TSCH, o tempo é fatiado em parti-
intervalos de tempo que são atribuídos a pares de nós
ções chamadas slotframes, tipicamente compostas de
vizinhos para satisfazer os requisitos de nível de
10 até milhares unidades de tempo ou múltiplos time
aplicação da rede.
slots de duração típica de 10 ms, suficientes o bastan-
Esses requisitos podem ser expressados como métri-
te para acomodar os maiores pacotes de dados, e
cas que o algoritmo de agendamento precisa otimi-
proporcionar tempo suficiente para o receptor enviar
zar. As métricas podem envolver alocação de coli-
de volta um reconhecimento indicando o sucesso na
sões, consumo de energia, latência ou uma combina-
recepção.
ção destas. O próprio algoritmo de agendamento
Uma agenda coordena toda a comunicação na rede
pode seguir uma variedade de abordagens estocásti-
TSCH indicando para um nó o que fazer em cada
cas ou combinatórias de otimização de operação.
timeslot, quer seja transmitir, receber ou colocar-se
Para permitir a máxima flexibilidade, a política de
em estado de não atividade (sleep). Para cada unida-
agendamento não é padronizada pelo 6TiSCH.
de de transmissão ou recepção, a agenda também
Em casos mais simples a agenda TSCH pode ser
indica qual nó sensor vizinho para iniciar uma comu-
estática. Uma vez que um nó tenha uma agenda in-
nicação e um canal de frequência para utilização.
cluída, a qual pode ser pré-programada ou incorpora-
Esta frequência disponibilizada torna-se autossufici-
da durante o processo de adesão do nó à rede, está
ente permitindo uma operação dinâmica por meio de
agenda nunca é alterada. Uma segunda abordagem
padrões pseudo-randômicos que resultam em saltos
pode ser o agendamento centralizado. O padrão
de frequência.
6TiSCH está padronizando um conjunto de recursos
A implementação de uma agenda de comunicação
CoAP permitindo que uma entidade externa controle
envolve definir timeslots entre nós vizinhos como
a agenda. Estes recursos CoAP transformam um nó
sendo recursos da camada de enlace e, a designação
no equivalente limitado de um servidor web e um
de múltiplos timeslots para o mesmo vizinho aumen-
programador central atua como um navegador com
ta a capacidade de troca de mensagens por unidade
capacidades de atualização e carregamento de novas
de tempo (throughput) e diminui a latência de comu-
configurações no servidor CoAP. Outra alternativa é
nicação.
o agendamento distribuído, em que os nós vizinhos
Neste contexto, o padrão 6TiSCH define um novo negociam o uso de intervalos de tempo entre si, sem
conceito global que é chamado de matriz de distri- exigir intervenção de uma entidade central, sendo
buição / uso do canal (CDU). A matriz pode ser divi- que o 6TiSCH está padronizando o formato dos pa-
dida em fatias e é composta das chamadas "células" cotes trocados entre nós vizinhos para conduzir esta
com uma altura igual ao número de frequências dis- negociação.
poníveis (indexado por canais – channel offsets) e
A política de agendamento distribuído atualmente em
uma largura de intervalos de tempo que é o período
desenvolvimento é chamada de agendamento "On-
de operação de agendamento (indexada por slot
The-Fly (OTF). Ao usar OTF, um nó monitora o
offsets).
estado da fila de pacotes de saída (armazenada em
sua memória interna). Se o fila atinge o máximo, o
47
OTF determina que não existe largura de banda sufi- Referências Bibliográficas
ciente e desencadeia uma negociação de intervalos de
tempo adicionais com o vizinho (s) apropriado (s). Alcaraz C, and J. Lopez (2010) “A security analysis
Da mesma forma, se a fila está sempre vazia, negocia for wireless sensor mesh networks in highly crit-
a remoção de intervalos de tempo. O OTF descreve a ical systems,” IEEE Trans. Syst., Man, Cybern.,
estrutura, políticas e interfaces do esquema de agen- pp. 419–428.
damento distribuído, mas não inclui o algoritmo de
estimativa de largura de banda a fim de proporcionar Dujovne D., Watteyne T. Watteyne, Vilajosana X.
maior flexibilidade. and P. Thub ert (2014) ."6TiSCH: deterministic
O padrão 6Tisch pretende possibilitar a convergência IP-enabled industrial internet (of things)," in
dos ambientes de Tecnologia da Informação (TI)e IEEE Communications Magazine, vol. 52, no.
tecnologias de automação em aplicações industriais 12, pp. 36-41
através da utilização de camadas de protocolos co- Gungor V.C , Hancke G.P.(2009) Industrial Wire-
muns a ambas tecnologias e permitir comunicação less Sensor Networks: Challenges, Design Prin-
integral entre dispositivos heterogêneos tais como ciples, and Technical Approaches, Member,
poderosos servidores de dados e pequenos nós senso- IEEE, on INDUSTRIAL ELECTRONICS,VOL.
res. 56, NO. 10.
Iacob Juc, Alphamd O., Guizzetti R.,Favre M, Duda
5 Conclusão A. (2016) Energy Consumption and Performance
of IEEE 802.15.4e TSCH and DSME. Proc. of
As características essenciais dos padrões existen- the IEEE Wireless Communications and Net-
tes ZigBee, WirelessHART, ISA100.11a e WIA-PA working Conference (WCNC)
de redes de sensores industrias sem fio – IWSNs IEEE 802.15.4-2006 Standard Part 15.4: Wireless
estabelecem vantagens e limitações únicas que de- Medium Access Control (MAC) and Physical
vem ser analisadas diante dos requerimentos das Layer (PHY) (2006). Specifications for Low-
aplicações industriais, viabilidade de projeto e inte- Rate Wireless Personal Area Networks (LR-
gração com sistemas legados em cada um dos setores WPANs), IEEE Standard for Information Tech-
industriais. nology, IEEE-SA Standards Board.
O novo padrão 6TiSCH em término de desenvolvi-
mento deve também englobar componentes de segu- Kruger C. P.; G. P. Hancke (2014) : Implementing
rança e gerenciamento, os quais afetam outros aspec- the Internet of Things vision in industrial wireless
tos de operação dos dispositivos das redes sem fio sensor networks ; 2014 12th IEEE International
industriais e visa, de maneira definitiva preencher a Conference on Industrial Informatics (INDIN) ,
lacuna existente para a implementação de redes de- 2014 - ieeexplore.ieee.org
terminísticas sem fio e sobre o protocolo IP. Kumar A. A, K. Ovsthus, and L. Kristensen. (2014)
Os requisitos específicos de cada setor industrial e “An industrial perspective on wireless sensor
suas regulamentações, juntamente com a rápida evo- networks: A survey of requirements, protocols,
lução dos produtos, sistemas e alternativas tecnológi- and challenges,” IEEE Commun. Surv. Tuts., vol.
cas devem ainda passar por grandes transformações. 16, no. 3, pp. 1–22.
Vários desafios ainda devem ser ultrapassados, sendo
Quan W., Jin J. (2016) Comparative Examination on
que a convergência de padrões é o principal deles.
Architecture and Protocol of Industrial Wireless
Também se verifica ainda a necessidade da realiza-
Sensor Network Standards, IEEE communica-
ção de simulações e testes a fim de garantir o desem-
tions surveys & tutorials, vol. 18, no 3.
penho das redes sem fio nas várias situações existen-
tes no ambiente industrial. Watteyne T. et al. (2016) "Industrial Wireless IP-
Porém, dentro do paradigma da IIoT, as redes IWSN Based Cyber –Physical Systems," in Proceedings
vieram para ficar e definitivamente farão parte do of the IEEE, vol. 104, no. 5, pp. 1025-1038.
cenário tecnológico industrial, com grandes perspec-
Watteyne T., P. Tuset-Peiro, X. Vilajosana, S. Pollin
tivas de se tornarem o pilar principal das inovações
and B. Krishnamachari (2017) "Teaching Com-
no setor de automação industrial unindo tecnologia
munication Technologies and Standards for the
de operações e tecnologia da informação. Industrial IoT Use 6TiSCH!," in IEEE Commu-
nications Magazine, vol. 55, no. 5, pp. 132-137.
Agradecimentos
Agradeço ao Professor Dr. Eduardo Paciencia
Godoy – UNESP Sorocaba, pelo esforço e dedicação
para que este trabalho fosse estruturado e concluído.

48
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

DESENVOLVIMENTO DE UM MINI ROBÔ SUMÔ AUTÔNOMO DE BAIXO CUSTO

ALAN M. MOLINA, GABRIEL D. DIAS, MARIA GLÓRIA C. DE ANDRADE, MARILZA A. DE LEMOS

Engenharia de Controle e Automação - Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba


Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Av. Três de Março, n. 511, 18087-180, Sorocaba, SP, Brasil
E-mails: alan.molina@grad.sorocaba.unesp.br, gabriel.domann@grad.sorocaba.unesp.br,
gloria@sorocaba.unesp.br, marilza@sorocaba.unesp.br

Resumo O projeto consiste na construção de um robô sumô categoria Mini segundo as normas da RoboCore. O robô foi mo-
delado no software Solidworks e seus componentes eletrônicos produzidos, sendo inicialmente simulados no software PSIM para
então serem montados no chassi. O robô possui controle autônomo a partir de programação prévia de um microcontrolador Ar-
duino Nano em harmonia com sensores infravermelho e ultrassônico capazes de coletar informações do ambiente externo. Além
disso, o projeto foi direcionado a minimizar custos por meio do uso de materiais de baixo custo, porém mantendo a qualidade
técnica e visual do robô a fim deste competir igualmente com os modelos disponíveis no mercado.

Palavras-chave Robô Sumô, Autônomo, Microcontrolador, RoboCore, Custo.

1 Introdução Nesse contexto, podem-se citar as competições ela-


boradas para fomentar o desenvolvimento e despertar
A Robotic Industries Association define um robô interesse na área de robótica.
como um manipulador programável multi-funcional A Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) é um
capaz de mover materiais, partes, ferramentas ou exemplo de competição nacional para estudantes de
dispositivos específicos através de movimentos vari- ensino fundamental, médio e técnico a partir de par-
áveis programados para realizar diversas tarefas cerias com universidades. Uma das categorias mais
(Silva, 2003). Mais do que ferramentas na realização difundidas de tais competições é o chamado Sumô
de tarefas que requerem esforço físico na indústria, de Robôs. Baseado na arte marcial japonesa, a ideia
os robôs têm se tornado um diferencial mercadológi- principal da competição é que um robô empurre
co que define empresas de altíssima produtividade. outro para fora de uma arena circular.
Nos dias atuais, além dos braços manipuladores em
linhas de montagem, robôs têm sido utilizados, por Para tais aplicações existem dispositivos eletrônicos
exemplo, pela Amazon, multinacional de vendas on- acessíveis ao público com menor poder aquisitivo
line, para incrementar a agilidade nos estoques como a plataforma Arduino, uma vez que os kits de
(Seetharaman, 2014). robótica como o LEGO Mindstorms e Vex Robotics,
Tais tecnologias foram desenvolvidas mediante pes- apesar de funcionais, possuem preços elevados.
quisas realizadas no meio científico-comercial e, A plataforma Arduino, cujo sistema é aberto, permite
principalmente, nas universidades. A evolução de a elaboração de sistemas de controle para os mais
qualquer tecnologia depende do incessante estudo diversos robôs, garantindo confiabilidade e desem-
com objetivo de incrementar, otimizar e diminuir penho.
custos de produção.
A construção de um robô de baixo custo deve tam-
Porém, para isso, é necessária uma base de conheci-
bém considerar a escolha adequada dos materiais a
mentos sólida e fundamentada, o que implicou no
serem utilizados para a fabricação da estrutura do
surgimento da robótica educacional, ramo da robóti-
chassi, elementos de tração, sensores e eletrônica, a
ca que busca promover ferramentas de ensino e
fim de atender as normas definidas pela RoboCore.
aprendizagem para criação de mecanismos e sistemas
autônomos. A robótica educacional, como proposta Neste trabalho foi proposta a construção de um mini
pedagógica, foi criada por Seymour Papert, psicólo- robô sumô idealizado com características como:
go do Laboratório de Inteligência Artificial do Mas- chassi leve e resistente, desenvolvido com materiais
sachusetts Institute of Technology (MIT), que desen- como madeira MDF, PVC e policarbonato, a fim de
volveu o chamado construcionismo, adotando o se evitar deformações permanentes em sua estrutura
computador como uma ferramenta para construção
Quando posto à prova em testes e competições, um
de conhecimento e desenvolvimento do aluno (San-
sistema de tração eficiente e aderente consistindo de
tos, 2010).
um conjunto composto por quatro rodas ligadas aos
A robótica educacional é empregada como ferramen- pares por um sistema de correias de borrachas, im-
ta auxiliar, permitindo aplicações práticas de disci- pulsionadas por servos motores ou motores de cor-
plinas teóricas, bem como a interdisciplinaridade, rente contínua (definidos a partir de testes e pesqui-
com emprego de diversas abordagens para solução de sas bibliográficas, uma vez que, este sistema é am-
um problema específico. plamente utilizado nas principais competições nacio-
nais e internacionais de robótica).

49
2 Aspectos Teóricos Abaixo seguem as informações para a produção do
ringue de acordo com as normas.
A modalidade de Sumô de Robôs difundida nas
competições de robótica possui diversas categorias, Tabela 2. Informações com relação aos detalhes de tamanho e
que relaciona as dimensões dos robôs, juntamente material do Dohyõ.
com o peso, separando os competidores em classes. Classe Espessura Diâmetro Material
(cm) (cm)
A categoria “Mini Sumô” exige que os robôs possu-
3kg/Humanoide 0,5 154,0 Placa aço
am dimensões de no máximo 10 centímetros de Mini/Lego 2,50 77,0 Placa MDF
comprimento por 10 centímetros de largura e altura Micro 1,25 38,5 Placa MDF
ilimitada, contudo a massa do robô sumô deve ser Nano 0,625 19,25 Placa MDF
igual ou inferior a 500 gramas. A Tabela 1 exibe as
regras de Sumô da RoboCore com as diversas classes A Figura 1 exibe a ilustração de um Dohyõ. É possí-
e especificações requisitadas. vel observar que, fora a linha circular na extremidade
do ringue, há outras duas linhas no centro que são as
Tabela 1. Categorias permitidas para a competição sumô de robôs linhas de início ou Shikiri que possuem cor, dimen-
segundo a RoboCore.
sões e espaçamento definidos, que assim como aos
detalhes de construção do Dohyõ, são separados por
Classe Altura Largura Comprimento Peso (g)
(cm) (cm) (cm) classe de competição.
3 kg Sumô Ilimitada 20 20 3000
Mini Sumô Ilimitada 10 10 500
MicroSumô 5 5 5 100
Nano Sumô 2.5 2.5 2.5 25
Lego Sumô Ilimitada 15.2 15.2 1000
Lego Junior Ilimitada 15.2 15.2 1000
Humanoide 50 20 20 3000

Segundo as normas, os robôs da classe Mini (500g)


Figura 1. Ilustração de um ringue (Dohyõ) segundo as normas da
deverão ser obrigatoriamente autônomos, dessa for- RoboCore.
ma, qualquer método de controle poderá ser empre-
gado, desde que, não haja nenhuma conexão com um O Dohyõ deve conter em seu interior uma cor escura
controle externo, sendo este por máquina ou humano. (geralmente preto), pois os robôs de sumô utilizam
Não menos importante, os robôs dever conter o nome sensores infravermelho para detectar os limites do
fixado em uma superfície visível para que os espec- ringue, assim como, as Shikiri também devem ser
tadores e juízes da partida possam identifica-lo fa- escuras, porém diferentes da cor de fundo do ringue.
cilmente. Existem, contudo, algumas restrições que Dessa forma essas duas linhas centrais são geralmen-
devem ser obedecidas pelos participantes, sendo te marrons. A Tabela 3 a seguir apresenta os princi-
passíveis de penalidades ou até desclassificação aos pais requisitos para a disposição das linhas Shikiri do
que desobedecerem às regras. A seguir algumas das Dohyõ.
principais restrições apontadas pela RoboCore:
 Dispositivos que possam armazenar liquido, Tabela 3. Informações para a construção das linhas de início
pó, gás ou outras substâncias com intenção (Shikiri) do Dohyõ.
Classe Largura Comprimento Separação Largura
de lança-las no oponente não são permiti- (cm) (cm) (cm) Borda
dos. (cm)
 Nenhum dispositivo inflamável será permi- 3 kg 2 20 20 5
tido. Mini/Lego 1 10 10 2,5
Micrô 0,5 5 5 1,5
 Substâncias para melhorar a tração dos ro- Nano 0,25 2,5 2,5 0,625
bôs não são permitidas.
 Dispositivos para aumentar a força, tais co- No geral, uma partida é disputada por um total de
mo bombas de vácuo ou imãs, somente são três minutos, sendo que, um round estendido deve
permitidos na classe de 3 kg. durar no máximo 1 minuto e 30 segundos. A equipe
 Dispositivos de interferência para saturar os que ganhar dois rounds ou dois pontos de Yukô pri-
sensores dos oponentes são proibidos. meiro, dentro do tempo limite, será declarada vence-
Os robôs competem em um ringue de sumô chamado dora. O ponto de Yukô é concedido quando um robô
de Dohyõ. Seu interior é a superfície onde são reali- empurrar o adversário para fora do ringue.
zadas as partidas, circulada por uma linha de borda
A arquitetura básica das partes comuns a um robô de
que também é parte integrante do Dohyõ. Qualquer
combate (Corres and Ruiz, 2016) pode ser observada
lugar fora dessa área delimitada é chamado de parte
na Figura 2. A definição dos hardwares empregados
exterior. O ringue tem formato circular, e deve pos-
deve ocorrer de modo coeso, respeitando mutuamen-
suir dimensões exatas conforme informado pela
te as definições técnicas apresentadas pelo fabricante
organização do evento e ser fabricado com materiais
de cada componente selecionado.
apropriados para cada classe de robôs.

50
O sensor possui um ângulo de medida de aproxima-
damente 15º, o qual é relativamente pequeno, mas
que para a aplicação na detecção do adversário na
arena é aceitável. A alimentação do sensor é realiza-
da com 5 V em VIN, e pulsos de 10 us devem ser
enviados ao pino TRIG para ativar o transmissor do
Figura 2. Partes básicas de um robô móvel de combate
sensor; o pino ECHO recebe um sinal proporcional à
distância do objeto. A distância do objeto pode ser
2.1 Controle obtida pelo microcontrolador a partir da expressão
(1) e o range a partir da expressão (2).
Devido ao tamanho reduzido que um mini robô sumô
deve ter, uma placa que tem sido utilizada nessas 𝑃𝑢𝑙𝑠𝑜 [𝜇𝑠]
𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 [𝑐𝑚] = (1)
58
competições é a Arduino Nano. Com dimensões
45x18mm, ela colabora para atender os limites físi- 𝑚
𝑅𝑎𝑛𝑔𝑒 [𝑐𝑚] = 𝐻𝐼𝐺𝐻 [𝜇𝑠]. 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 [≅ 340 ] (2)
cos de tamanho e massa definidos nas regras desse 𝑠
tipo de competição. A placa, que pode ser observada
na Figura 3, tem um microcontrolador Atmega 328 Além do sensor ultrassônico, o qual apresenta um
como CPU da Atmel, memória flash de 16 Kb, custo relativamente baixo, há os sensores que empre-
SRAM de 2 Kb, EEPROM de 1 Kb e 16 MHz de gam ondas de infravermelho para detecção de obje-
velocidade de clock. tos. As ondas emitidas possuem um comprimento
que varia entre 1 mm a 700 nm e localizam-se fora
do espectro visível.

2.3 Atuadores

Figura 3. Arduino Nano v3.0. Para locomoção do robô sumô, é necessário uti-
lizar motores que apresentem elevado torque e tama-
A placa conta com 14 pinos digitais, dos quais 6 nho relativamente pequeno, isto é, compatíveis com
podem ser utilizados como saída PWM, e 8 pinos as dimensões definidas para o robô. Motores de cor-
analógicos com 10 bits de resolução. A alimentação rente contínua com estas características possuem um
da placa pode ser realizada pelo pino VIN, aplicando custo elevado e exigem, ainda, a utilização de circui-
uma tensão ideal entre 7-20 V e possui uma saída de tos externos (shields) para o controle da velocidade e
5 V que permite a alimentação dos sensores para inversão de sentido de rotação.
detecção do ambiente. Uma alternativa a tal obstáculo é o emprego de micro
O controle de um robô móvel depende da interação servos TowerPro MG90s. Tais motores possuem
entre os três componentes da Figura 4 (Nehmzow, dimensões compatíveis com o projeto (35,5 x 32,5 x
2010). O microcontrolador tem a responsabilidade de 12 mm) e baixo peso (aproximadamente 13,4 g),
garantir que estes três componentes estejam em har- além de elevado torque (1,8-2,2 kgf.cm) por possuí-
monia, isto é, garantir que o robô tome ações orien- rem uma caixa de redução composta por engrenagens
tadas pela tarefa que este é projetado para realizar e de metal.
coordenado pelo ambiente em que este está inserido.
O controle do sentido de rotação é realizado por um
circuito de controle interno ao servo, apenas envian-
do um comando ao pino que comunica o microcon-
trolador a tal circuito por PWM; tal característica
reduz ainda mais os custos de projeto, uma vez que
Figura 4. Triângulo fundamental da interação robô-ambiente.
não há necessidade de emprego de shield do Arduino
para o controle dos motores.
2.2 Sensores
Empregando-se dois motores em tração traseira, é
Para percepção do ambiente em que o robô está
possível aplicar um modelo matemático Linearized
inserido, este deve ser dotado de sensores. Uma op-
Dynamic Model of Differencial Drive Robot (Bena-
ção são os sensores reflexivos. Um exemplo é o
videz et al., 2012), que coordena o robô em um eixo
sensor ultrassônico HC-SR04, que utiliza 8 ciclos de
cartesiano bidimensional, o qual pode ser observado
40 kHz e capta o sinal sonoro refletido. Apresenta
na Figura 6.
um range mínimo de 20 mm e chega até a 4 m no
máximo (Figura 5).

Figura 5. Sensor ultrassônico HC-SR04.


Figura 6. Modelo LDMDDR.

51
O modelo é baseado no Differencial Drive Robot A Figura 7 mostra o gráfico de descarga desse mode-
Model, o qual é regido pelo sistema de equações lo de bateria (Traub, 2016). Uma análise rápida per-
diferenciais (3). Os parâmetros necessários são o mite verificar que a tensão mínima de operação é de
comprimento L entre as duas faces externas das ro- 2.5 V.
das do robô e o raio R de suas rodas tracionadas; ve(t)
e vd(t) são as velocidades da roda esquerda e direta,
respectivamente, e corresponde às entradas do siste-
ma (Benavidez et al., 2012).

𝑑𝑥 𝑅
= (𝑣𝑑 + 𝑣𝑒 ) cos(𝜃)
𝑑𝑡 2
𝑑𝑦 𝑅
= (𝑣𝑑 + 𝑣𝑒 ) sen(𝜃) (3)
𝑑𝑡 2
𝑑𝜃 𝑅
{ = (𝑣𝑑 − 𝑣𝑒 )
𝑑𝑡 𝐿

A complexidade para se compreender tais equações,


no que se refere à taxa de variação das posições das
rodas no tempo, faz com que modelos lineares sejam
obtidos a partir de tais equações. O sistema de equa-
ções (4) refere-se ao modelo Unicycle, o qual utiliza Figura 7. Descarga das baterias Li-íon 18650
a velocidade translacional e velocidade angular como
2.5 Projeto Mecânico
entradas do sistema.
A tarefa de construção de robôs que precisam atender
𝑑𝑥 especificações rígidas de dimensões e massa precisa
= 𝑣 cos(𝜃)
𝑑𝑡
𝑑𝑦
ser assistida por alguma ferramenta se software de
= 𝑣 sen(𝜃) (4) desenhos mecânicos com recursos de simulação. A
𝑑𝑡
𝑑𝜃 tarefa de projeto do chassi, rodas e outras partes
{ =𝜔
𝑑𝑡 mecânicas desse tipo de robô pode tirar vantagem do
uso dessas ferramentas. Existem várias delas dispo-
Por fim, o sistema de equações (5) refere-se ao mo- níveis no mercado, como exemplo, cita-se o software
delo que será empregado, o qual é obtido com base CAD SolidWorks.
nos anteriormente descritos. O software de automação de desenho mecânico So-
lidWorks é uma ferramenta de desenho de modela-
2𝑣+𝜔𝐿
𝑣𝑑 (𝑡) = gem paramétrica de sólidos baseada em recursos que
2𝑅
{ 2𝑣−𝜔𝐿 (5) aproveita a facilidade de aprendizado da interface
𝑣𝑒 (𝑡) = gráfica. É possível criar modelos sólidos em 3D
2𝑅
totalmente associativos com ou sem restrições, além
2.4 Fonte de energia de utilizar relações automáticas para capturar a inten-
ção do projeto. Quando se cria um modelo usando
As baterias de 9 V comuns possuem carga e ten-
esta ferramenta de software, o usuário trabalha com
são compatíveis com o microcontrolador e podem ser
recursos geométricos inteligentes e fáceis de enten-
aplicadas para tal finalidade. Os motores, porém,
der, como ressaltos, cortes, furos, nervuras, filetes,
exigem alimentação separada por dois motivos fun-
chanfros e inclinações. Conforme são criados, os
damentais. Primeiramente, motores são cargas majo-
recursos são aplicados diretamente na peça de traba-
ritariamente indutivas e estar conectado diretamente
lho.
ao circuito de controle pode afetar a lógica em lin-
guagem de máquina sendo interpretada pela CPU. Os recursos podem ser classificados em esboçados
Além disso, como os motores possuem elevado tor- ou aplicados. Os recursos esboçados são baseados
que, o consumo de corrente é relativamente elevado em um esboço 2D. Geralmente esse esboço é trans-
(300-600 mA), o que inviabiliza conectá-los direta- formado em um sólido por extrusão, rotação, varre-
mente à saída de tensão do microcontrolador. dura ou loft. Já os recursos alocados são criados
diretamente no modelo sólido. Filetes, chanfros e
Com base nisso e considerando-se o elevado custo
cortes são exemplos desse tipo de recurso.
das baterias capazes de alimentar tais motores, uma
solução é aplicar o conceito de metarreciclagem SolidWorks permite ao projetista realizar de forma
(Lima et al., 2010) e buscar alternativas de modo a rápida a montagem de duas ou mais peças previa-
reciclar aparelhos tecnológicos avariados. Por exem- mente modeladas, fornecendo ferramentas que garan-
plo, baterias de íon de Lítio do tipo 18650, as quais tem o encaixe correto de ambas as partes e facilitam
compõem as baterias de notebooks. Tais baterias o trabalho. Durante a montagem é possível realizar a
possuem 3.7 V de tensão nominal e carga de aproxi- detecção de interferência, o alinhamento de furos,
madamente 2500 mAh. A associação de três baterias verificar folgas e também conferir a massa das peças
fornece 11.1 V de tensão, os quais podem ser conver- individualmente ou do projeto final totalmente mon-
tidos em 5V empregando-se um regulador de tensão tado.
apropriado.
52
O software também disponibiliza ao usuário, uma dos encaixes dos componentes, bem como facilitou a
vasta biblioteca de componentes essenciais para análise do espaço interno do chassi disponível para
fixação das partes, como parafusos, arruelas e porcas os componentes eletrônicos. A Figura 9 exibe o pro-
em diversos padrões (ISO, DIN Ansi Metric, Ansi tótipo do robô montado no SolidWorks.
Inch, etc.).

3 Materiais e Métodos

A construção do robô teve três fases distintas:


projeto mecânico, projeto eletrônico dos sensores e
servomotores. Ao final, as partes foram integradas e
o robô testado com um algoritmo típico para exercer
as tarefas designadas nesse tipo de competição. Figura 9. Protótipo do robô sumô montado utilizando o software
SolidWorks.
3.1 Projeto Mecânico
O material utilizado no chassi foi o policarbonato,
O design inicial do robô foi concebido a partir de
por se tratar de um polímero de alta transparência,
esboços feitos à mão após uma análise prévia de
rígido de alta resistência a impacto e leve 1,2 g
desenhos de outros robôs disponíveis na literatura e
𝑐𝑚−3 , muito utilizado na indústria para substituir o
no mercado, além de considerar rigorosamente as
vidro. A placa de policarbonato de 3 mm utilizada
normas exigidas para as dimensões máximas do
não gerou custo ao projeto, uma vez que estava clas-
mesmo. Desde a primeira idealização do projeto,
sificada como retalho, destinada à reciclagem. Já as
houve a necessidade de planejamento com relação
rodas, foram fabricadas a partir de um cilindro sólido
aos componentes elétricos que seriam utilizados no
de ferro, utilizando um torno mecânico para moldar a
robô como as baterias, sensores, microcontroladores,
peça final.
motores e também os fios necessários para se realizar
Utilizando o recurso de desenho técnico do So-
a ligação elétrica, uma vez que, todas as peças inte-
lidWorks que permite gerar as principais vistas da
grantes do projeto deveriam se acomodar perfeita-
peça ou montagem, além de inserir cotas e observa-
mente em um espaço restrito.
ções necessárias, foi possível obter as referências
Desta forma, a fim de se obter uma previsão da estru-
essenciais para a manufatura das peças. Todas as
tura final do chassi do robô, foi projetado com auxí-
partes do chassi e proteções de rodas foram fabrica-
lio do software CAD SolidWorks, todas as partes
das à mão, utilizando-se os principais conceitos de
necessárias para a sua montagem, incluindo o dese-
fabricação mecânica ensinados na disciplina de Ofi-
nho das rodas e um modelo aproximado de um micro
cina Mecânica para Automação (OMA) ministrada
servo. Todas as peças tiveram seus esboços elabora-
no 2º semestre do curso de Engenharia de Controle e
dos separadamente para posteriormente serem mon-
Automação. As partes foram modeladas com o auxí-
tadas em seus devidos lugares. A modelagem das
lio de ferramentas como: lima bastarda, lima murça,
peças inicia-se com um esboço em duas dimensões
furadeira de bancada, arco de serra, moto esmeril de
(2D) utilizando recursos geométricos inteligentes de
bancada, paquímetro e lixa para acabamentos. A
medição e avaliação, além da disponibilidade de
Figura 10 apresenta as partes do chassi do robô em
ferramentas de cortes, união, angulação e espelha-
processo de fabricação em bancada.
mento que possibilitam criar, por extrusão, a partir
do desenho no plano, um modelo sólido tridimensio-
nal (3D). A Figura 8 ilustra algumas das partes do
robô projetadas na ferramenta.

Figura 10. Chassi do robô sumô em processo de fabricação em


Figura 8. Exemplos de peças modeladas no software SolidWorks. bancada.

Ainda no projeto mecânico foram utilizados parafu- A fim de explorar as novas tecnologias disponíveis
sos no padrão ISO nas dimensões M3 para a fixação no mercado, os suportes de fixação para o sensor
das rodas dianteiras, do protetor lateral e das canto- ultrassônico e para o Arduino Nano foram projetados
neiras que fixam todas as partes do chassi, e parafu- no software 3D Builder e enviados para impressão
sos M2 para as rodas traseiras e servos motores. A em impressora 3D. Por se tratarem de peças de pe-
montagem das peças possibilitou encontrar pequenos quenas dimensões, os valores cobrados pelo mercado
erros de projeto, principalmente com relação às di- são acessíveis e um ótimo custo benefício por poupar
mensões, que não seriam possíveis sem uma análise horas de trabalho manual.
53
O circuito é composto por poucos componentes fa-
cilmente encontrados no mercado e que possuem
baixo custo, o que torna a produção de tal sensor
extremamente acessível. A radiação infravermelha
emitida pelo LED, ao refletir na superfície da arena,
chegará ao fotodiodo; tal componente, ao receber a
radiação na junção (polarizada reversamente), produz
uma corrente proporcional à intensidade da radiação.
Assim, uma vez que a arena tem coloração preta e
superfície pouco reflexiva, o sensor enviará sinal
BAIXO ao microcontrolador, uma vez que a colora-
Além disso, o material utilizado para a impressão é o ção preta absorve a radiação incidente; por outro
ABS (Acrilonitrila butadieno estireno) um termo- lado, quando o robô chegar à borda da arena, de
plástico com baixa densidade 1,03 g 𝑐𝑚−3 durável, coloração branca, a radiação será refletida e um sinal
rígido, com ótima resistência a impactos, possui uma ALTO é enviado ao microcontrolador.
leve flexibilidade e está disponível em diversas co- Importante verificar que, para amplificação do sinal,
res. Na Figura 11 pode-se observar os dois suportes empregou-se um transistor PNP BC558 operando na
impressos. região ativa. O ganho do transistor é de 𝛽 = 260, o
que implica em uma corrente no coletor cerca de 260
vezes maior do que a corrente no emissor. Para pro-
totipagem do circuito, foi empregada uma matriz
perfurada de fenolite 6x11. Para isso, construiu-se a
topologia do circuito de maneira visualmente seme-
lhante a que posteriormente foi soldada na matriz
utilizando o software Fritzing para design de circui-
tos de prototipagem. O circuito pode ser observado
na Figura 13.

Figura 11. Suportes do sensor ultrassônico e do Arduíno Nano


impressos em 3D para fixação no chassi do robô.

3.2 Projeto Eletrônico dos Sensores


Para detecção de adversários na arena, foram empre-
gados LEDs emissores infravermelho e fotodiodos de
5 mm de diâmetro e um amplificador operacional
para discretizar o sinal analógico oriundo do fotodio-
do. Para detecção da arena foram também construí-
dos sensores responsáveis por indicar ao robô se este
encontra-se no limite permitido ou se está na faixa Figura 13. Topologia do circuito de detecção de fronteira.
que limita a borda da área. Como um baixo intervalo
de trabalho é necessário para tal aplicação, uma vez Método semelhante foi aplicado na construção do
que tais sensores devem apontar para o solo, foram circuito de detecção de adversário. A Figura 14 mos-
empregados LEDs emissores infravermelhos e foto- tra a topologia do circuito; observa-se que a estraté-
diodos de 3 mm de diâmetro, cujo sinal é amplifica- gia de amplificação do sinal, nesse caso, foi a de
do utilizando um transistor PNP. utilizar um amplificador operacional LM358. Tal
Para construção dos sensores óptico-reflexivos em- amplificador recebe um sinal de entrada e compara
pregados para detecção das fronteiras da arena, foi com um sinal determinado. Assim, sinal ALTO ou
projetado o circuito da Figura 12. O circuito, já sim- BAIXO é enviado à saída a partir de tal comparação.
plificado, foi montado no software PSIM, da Power- O pino que realiza tal ajuste é conectado a um resis-
sim Inc. tor variável do tipo trimpot de 10 kΩ. O circuito foi
montado, também, em matriz de fenolite, com di-
mensão 6x12.

Figura 12. Topologia do circuito de detecção de fronteira.


Figura 14. Topologia do circuito de detecção de adversário.

54
3.2 Servomotores O circuito é composto pelo regulador de tensão
LM7805 e, paralelo à entrada e à saída do circuito,
A grande maioria dos servos no mercado possuem
conectou-se um capacitor eletrolítico de 1000 µF/25
limites no ângulo de rotação do eixo. No caso do
V e um capacitor eletrolítico de 100 µF/25 V, respec-
modelo escolhido, a rotação máxima é de 180º, o que
tivamente, para evitar variações bruscas na tensão de
inviabilizaria sua utilização, uma vez que o robô
operação. O circuito foi montado em matriz de feno-
necessita de rotação contínua para mover-se adequa-
lite 8x12.
damente pela arena. Assim, foi necessário alterar o
funcionamento do servo modificando seu circuito de
controle interno.
Para adaptação dos servos com rotação limitada para
rotação contínua, primeiramente foi verificado o
funcionamento do mesmo. Um servo motor é basi-
camente composto por um motor de rotação contínua
com caixa de redução, uma placa de controle, a qual Figura 17. Topologia do circuito regulador de tensão.
realiza os cálculos necessários para a operação do
mecanismo e por um potenciômetro, isto é, um resis- 4 Resultados e Discussões
tor variável.
A função do potenciômetro é informar ao servo co- Um dos resultados obtidos no projeto foram os
mo sua engrenagem principal está orientada no espa- sensores construídos. A Figura 18 apresenta o circui-
ço. Assim, quando um sinal é enviado ao servo, suas to para detecção de fronteira montado na placa perfu-
engrenagens se movimentam e o potenciômetro, rada. Observa-se que o isolamento das trilhas na
ligado diretamente à engrenagem principal, também parte posterior da placa foi realizado com espaguete
rotaciona, variando sua resistência. Quando o valor é isolante termo retrátil, o que evita ruído e possíveis
igual àquele estabelecido pelo controle, o servo ime- curtos-circuitos no sistema. O sensor respondeu co-
diatamente interrompe o fornecimento de corrente ao mo esperado, evidenciando uma saída analógica bem
motor. A caixa de engrenagens e o circuito de con- definida.
trole podem ser observados na Figura 15.

Figura 18. Circuito de detecção de fronteira construído.

A Figura 19 apresenta o circuito de detecção de ad-


Figura 15. Estrutura interna de um servo motor. versário construído. O sensor respondeu muito bem e
apresentou um intervalo de trabalho consideravel-
Para alterar o mecanismo de rotação do servo de mente maior que o anterior, conforme testes realiza-
modo a permitir um giro completo do eixo do motor, dos e apresentados em seguida.
foi necessário retirar travas plásticas contidas nas
engrenagens e interromper o feedback do potenciô-
metro para a placa de controle. Para isso, foi utiliza-
do um circuito divisor de tensão, como mostrado na
Figura 16. A tensão de saída, para uma tensão de
entrada de 5 V, é de 2,5 V, como simulado no sof-
tware PSIM.

Figura 19. Circuito de detecção de adversário construído.

Para medir a acurácia dos sensores de baixo custo


construídos, foram coletados dados de alcance dos
sensores. É importante ressaltar que, uma vez que os
sensores são reflexivos, a faixa de trabalho depende
diretamente da superfície do objeto em que o feixe
infravermelho é refletido. Materiais perfeitamente
Figura 16. Circuito divisor de tensão.
especulares produziriam o resultado de maior faixa e
Para ajustar a tensão das baterias que alimentam os materiais perfeitamente negros absorveriam toda a
motores, foi montado o circuito da Figura 17. radiação. Assim, foram realizados testes para materi-
ais comumente empregados na construção de robôs
sumô, como alumínio e plástico.
55
Um intervalo médio foi obtido e comparado com a Consumindo uma corrente média de 700 mA e redu-
faixa nominal de um sensor comercial. A Figura 20 zindo cerca de 6 V de tensão, há uma potência de
mostra a comparação com o sensor de detecção de aproximadamente 4 W dissipada, o que causaria um
fronteira e a Figura 21 mostra a comparação com o aquecimento intenso no circuito.
sensor de detecção de adversário.

Figura 22. Circuito regulador de tensão construído.

Figura 20. Comparativo do circuito de detecção de fronteira. A escolha do local de fixação dos sensores foi reali-
zada buscando-se otimizar a execução de suas tarefas
(Ciarnoscki, Hoffmann and Scortegagna, 2015). Os
sensores de fronteira são dispostos bem próximos à
parte frontal do robô, de modo a detectar que o mes-
mo está saindo da arena antes que este esteja com
partes consideráveis do chassi para fora dela.
Foram construídos dois sensores, de modo a verificar
a saída lateral do robô. Os sensores infravermelhos
para detecção de adversário são dispostos na lateral,
de maneira centralizada. Alinhar os sensores ao cen-
Figura 21. Comparativo do circuito de detecção de adversário. tro geométrico do robô facilita sua locomoção. As-
sim, quando o adversário for detectado em uma das
O sensor para detecção de fronteira teve um desem- laterais, a partir do modelo de movimentação dife-
penho bastante inferior ao limite máximo de trabalho rencial, pode-se rotacionar o robô em 90º em torno
do sensor comercial, como pode ser observado na do eixo perpendicular ao seu centro geométrico,
Figura 20. Porém, para a aplicação desejada, o limite colocando-o imediatamente em posição de ataque.
obtido é aceitável, uma vez que o raio da arena é de A validação dessa posição é realizada pelo sensor
35,5 cm e o robô contará com dois sensores localiza- ultrassônico, localizado de maneira centralizada, na
dos nas laterais direita e esquerda, permitindo-o superfície frontal do chassi. Para melhor compreen-
receber dados do ambiente em um raio de aproxima- são da estratégia de utilização dos sensores, apresen-
damente 80 cm. ta-se o algoritmo em pseudo-código.
Na Figura 21, o sensor para detecção de adversário
teve um desempenho médio muito próximo do sensor Se a fronteira é respeitada, faça:
comercial, diferindo em 1 mm na faixa de trabalho, o Se o adversário foi detectado, faça:
que não é um problema para tal aplicação, uma vez Se o adversário é frontal, faça:
que os sensores estarão localizados bem próximos à Mova-se para frente;
arena para evitar ruídos oriundos de luminosidade Senão, faça:
externa. Enquanto o adversário não for frontal, faça:
Por fim, é interessante observar a diferença de preço Se o adversário está à direita, faça:
dos sensores, a qual é apresentada na Tabela 4. Veri- Mova-se para direita;
fica-se que a construção de tais sensores é economi- Senão, faça:
camente viável. Mova-se para esquerda;
Fim Se;
Tabela 4. Comparativo entre os sensores comerciais e construídos. Fim Enquanto;
Mova-se para frente;
Preço Fim Se;
Sensor Economia Fim Se;
Comercial Construído Senão, faça:
Fronteira R$ 7.00 R$ 2.50 64 % Mova-se para trás;
Adversário R$ 10.00 R$ 4.00 60 % Gire 180º;
Fim Se;
O circuito regulador de tensão para as baterias de Li-
íon pode ser observado na Figura 22. Fez-se necessá- O algoritmo é inicializado com uma rotina de delay
rio o uso de um dissipador de calor, uma vez que o de 5 segundos exigida pelas regras. Então, o robô
circuito LM7805 dissipa a energia extra na forma de verifica sua localização no ambiente e toma decisões
calor. com base nisso.

56
A prioridade é dada à presença de adversário e o A Figura 23 exibe o robô montado, com todas as
modelo diferencial rotaciona o robô de modo que partes do chassi e rodas corretamente fixadas, além
este esteja localizado frontalmente ao inimigo. Tal disso é possível observar a disposição do sensor
estratégia é empregada para que o robô atinja o ad- ultrassônico na frente do robô e logo atrás o micro-
versário com a maior área possível da chapa de acrí- controlador Arduino Nano, juntamente com o circui-
lico frontal e com tração direta sobre ele. to regulador de tensão.

4.1 Custos do Robô Sumô


Os custos para a implementação do robô sumô estão
descritos na Tabela 5. Observa-se que a aplicação de
materiais oriundos de reciclagem e metarreciclagem
permitiram uma grande economia; plataformas de
robótica prontas para esta aplicação custam em mé-
dia R$ 120.00, enquanto que os gastos com a monta-
gem do chassi de baixo custo foram em torno de R$
30.00.
Outra economia bastante impactante foi nos motores;
motores de elevado torque e tamanho relativamente
pequeno custam em torno de R$ 50.00 cada, enquan-
to que o gasto com ambos os motores foi de R$
Figura 23. Robô Sumô montado com a placa de proteção, micro-
30.00. controlador e sensores ultrassônico e infravermelho.

Tabela 5. Relação de custos do projeto. Para a proteção contra os impactos gerados pelas
colisões com os adversários, uma placa retangular de
Material/Componente qtde. Custo total acrílico foi alocada à frente do robô. O acrílico pos-
sui uma boa rigidez e também uma boa flexibilidade,
Roda 4 R$ 0.00 absorvendo parte da energia dos choques. Bem co-
Chassi de policarbonato - R$ 0.00 mo, há também duas placas laterais que protegem as
Suporte para microcontrolador 1 R$ 5.00 rodas e o sistema de esteiras contra possíveis batidas
impresso em 3D laterais que possam impossibilitar o robô de se loco-
Suporte para sensor ultrassônico 1 R$ 10.00 mover.
impresso em 3D
Um dos principais desafios enfrentados na elabora-
Esteira (anel de vedação para 2 R$ 4.00
ção e construção do robô foi alocar todos os compo-
canos de PVC)
nentes, sensores, fios de ligação e sistemas de prote-
Parafusos, porcas e arruelas - R$ 10.00
ção nas dimensões exigidas pelas normas de compe-
Cantoneira de metal 10 R$ 2.00
tição, ou seja, 100 milímetros de comprimento por
Componentes para montagem - R$ 20.00
100 milímetros de largura. A Tabela 6 exibe as di-
dos sensores, regulador de tensão
e modificação dos servos mensões retiradas do robô montado. Ao analisar com
Sensor ultrassônico HC-SR04 1 R$ 10.00 as medidas apontadas na Figura 24 é possível conclu-
Arduino Nano v3.0 1 R$ 18.00
ir que as medidas elaboradas no projeto do So-
lidWorks estão praticamente iguais, exceto pelas
Micro servo Tower Pro MG90s 2 R$ 30.00
dimensões da largura que divergiram um pouco do
Bateria Li-íon 18650 3 R$ 0.00
esperado, uma vez que, a altura das porcas utilizadas
Bateria de 9V Zinco-Carbono 1 R$ 12.00
Panasonic General Purpose no software e as encontradas à venda nas casas de
Fios de cobre - R$ 2.00
parafusos acabam por serem diferentes, contribuindo
na alteração da largura do robô.
TOTAL R$123.00
Tabela 5. Dimensões medidas a partir do robô montado para
Com a fabricação das partes do chassi, rodas e supor- análise com as dimensões idealizadas na modelagem do projeto.
tes conforme modelado no software SolidWorks,
houve a necessidade de unir todas as peças para ini- Comprimento Largura Altura Entre- Ø Rodas
ciar a montagem do robô. Para a fixação das partes (mm) (mm) (mm) Eixos (mm)
correspondentes ao chassi foram utilizadas cantonei- (mm)
ras metálicas unindo as peças com encaixes perpen- 85 100,5 65 50 30
diculares entre si.
A Figura 24 retirada do modelo projetado aponta as
Também foram realizados furos nas placas laterais
principais dimensões externas do robô de sumô Ar-
do chassi para os encaixes dos micros servomotores e
mata. A figura não exibe a medida da largura total do
cortes retangulares no assoalho do robô para o encai-
protótipo que, a partir da ferramenta “Medida Inteli-
xe dos sensores infravermelho sem que estes tocas-
gente” apontou ser de 93,80 mm.
sem no chão.

57
Vale ressaltar que, houve um casamento ideal com
relação às peças mecânicas e eletrônicas que consti-
tuem o robô. As baterias de ion-lítio conseguiram
fornecer energia suficiente aos servos de locomoção
por tempo suficiente para combates consecutivos
sem a necessidade de carregamento. Desta forma, o
projeto atendeu todos os requisitos da competição
contribuindo para que novos robôs possam ser de-
Figura 24. Dimensões do robô Armata obtidas no SolidWorks.
senvolvidos com a melhor combinação custo x bene-
fício.
Diferentemente do projeto inicial construído em
software, o robô montado conta com uma placa de Agradecimentos
acrílico para a proteção de impactos que aumenta o
comprimento total do robô de 85 mm para 96 mm. Agradecemos especialmente à Ingrid Buganza San-
Não menos importante, após uma pesagem inicial do ches e à Giulia Di Nizo, por terem ouvido e apoiado
chassi completo, montado com as rodas e esteiras, com carinho todas as nossas ideias entusiasmadas (e
contudo sem a eletrônica, o robô apontou ter uma muitas vezes completamente inviáveis) para o proje-
massa total de 353 gramas. Segundo uma análise to. Ao Paulo Molina pela articulação em conseguir
rápida dos principais componentes que constituem o matéria-prima para a fabricação do chassi; ao Edval-
chassi do Armata, as rodas são as partes mais pesa- do Galana pelo apoio experiente na produção do
das do projeto, uma vez que são feitas de ferro. Uma chassi e pela usinagem das rodas. Agradecemos
possível solução para um eventual problema de so- também aos funcionários da Unesp, os quais nos
brepeso seria substituir as rodas por outras iguais, forneceram espaço físico e ferramentas para comple-
porém produzidas a partir de um material menos tar os estágios finais da montagem.
denso, como os materiais plásticos.
Para dar uma identidade visual ao projeto, as rodas Referências Bibliográficas
foram pintadas de azul, juntamente com a pintura do
logo da UNESP na lateral e o nome do robô Armata Benavidez, P., Gleinser, C., Jaimes, A., Labrado, J., Riojas,
na parte inferior traseira como se pode observar na C., Jamshidi, M. and Endowed, L. (2012). Design of
Figura 25. Este nome deriva de um tanque de guerra semi-autonomous robots for competitive robotics.
russo “T-14 Armata” extremamente poderoso com In: World Automation Congress (WAC). IEEE,
sistemas de ultima tecnologia. pp.633-637.
Ciarnoscki, P., Hoffmann, K. and Scortegagna, R. (2015).
Improvement of a mobile autonomous robot to par-
ticipate in sumo competitions. 2015 IEEE 24th In-
ternational Symposium on Industrial Electronics
(ISIE).
Corres, J. and Ruiz, C. (2016). Competition oriented learn-
ing experience in electronics: Robot fabrication from
scratch. 2016 IEEE Global Engineering Education
Conference (EDUCON).
Emerson, L., Santos, J., da Silva, R., Neto, M. and Barbo-
sa, W. (2010). Construindo Robôs de Baixo Custo a
partir de Lixo Tecnológico. In: VI National Congress
of Mechanical Engineering. ABCM.
Figura 25. Robô ARMATA finalizado
Klotz, D. F. and Pagiosa, M. A. (2015). Desenvolvimento
de um Robô Autônomo para Participação em
Competição de Sumô. Instituto Federal Catarinense.
Nehmzow, U. (2010). Scientific methods in mobile robot-
ics. London: Springer.
5 Conclusão Santos, M. P. dos (2010). Robótica Educacional:
desenvolvimento de um robô móvel de baixo custo.
Neste trabalho foi construído um robô sumô Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –
autônomo categoria mini e de baixo custo. A correta Departamento de Ciências Exatas. Vitória da
Conquista, Bahia.
adequação do robô Armata dentro das normas da
Seetharaman, D. (2014). Amazon rolls out Kiva robots for
RoboCore e seu bom funcionamento quando posto à holiday season onslaught. Reuters, Technology News.
prova, se deu principalmente pela escolha minuciosa Silva, L. R. da (2003). Análise e Programação de Robôs
de um material leve e maleável para o modelamento Móveis Autônomos da Plataforma Eyebot.
do chassi. Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis.
A construção de sensores utilizando materiais de alta Traub, L. (2016). Calculation of Constant Power Lithium
qualidade e de um bom sistema de controle possibili- Battery Discharge Curves. Batteries, 2(2), p.17.
tou ao robô efetuar todos os movimentos da estraté-
gia de combate definida no plano de testes.

58
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

MODELAGEM, SIMULAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DE UM AMORTECEDOR DE


MASSA SINTONIZADA

André Van Oorschot∗, Pedro Henrique Vieira Ribeiro da Costa∗, Henrique Crestana†,
Mauricio Becerra-Vargas‡

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP
Sorocaba, São Paulo

Emails: andreoorschot@gmail.com, pedrohenriquedacosta@outlook.com,


henriquecrestana@gmail.com, mauricio@sorocaba.unesp.br

Abstract— Tuned mass dampers are devices installed on mechanical systems in which oscillations must be
damped so they do not cause structural damage, for example in bridges, communication towers and buildings.
With the help of computer simulations it is possible to find the values for the optimized parameters for building
such dampers with ease.

Keywords— Tuned mass damper, optimization, simulation

Resumo— Amortecedores de massa sincronizada são dispositivos implementados em sistemas mecânicos onde
oscilações devem ser atenuadas para que não causem danos estruturais, tais como pontes, torres de comunicações
e prédios.Com o auxı́lio de simulações computacionais é possı́vel encontrar com facilidade os parâmetros teóricos
otimizados para a construção de tais sistemas.

Palavras-chave— Amortecedor de massa sintonizada, otimização, simulação.

1 Introdução as tecnologias, tendo tanto elementos ativos como


passivos, e os semi-ativos podem ser pré configura-
Amortecedores de massa sintonizada (AMS) tem dos de maneiras diferentes, porém se comportam
como função amortecer as oscilações causadas por como passivos após esta fase inicial.
forças externas em estruturas, absorvendo energia AMS podem ser construı́dos como massas
do sistema para evitar danos. diretamente ligadas à estrutura por amortecedo-
Para este fim, uma massa, que pode ser muito res e molas (AMS comum), por massas ligadas
grande, por vezes tão pesada quanto ou ainda mais por cabos à estrutura(AMS pendular) ou por um
que um andar inteiro de um prédio, por exem- volume de lı́quido com aletas que dificultam seu
plo, é colocada nos últimos andares. Esta massa fluxo(AMS por fluido).
é acompanhada de molas e amortecedores, que a
devolvem à posição inicial e também formam a
dinâmica de absorção de energia necessária.
Este sistema é chamado de amortecedor “sin-
tonizado” por utilizar valores para a massa, a cons-
tante de amortecimento e a rigidez das molas cal-
culados especificamente para uma certa estrutura,
visto que cada uma delas se comporta de maneira
diferente, e estão sujeitas a forças externas dife-
rentes, como terremotos ou rajadas de vento.
Portanto para se estudar um AMS é neces-
sário que haja primeiramente um cenário onde
ele será aplicado, afinal não se pode sintonizar as
constantes de forma genérica. Figura 1: AMS comum
O controle por AMS pode ser classificado su-
perficialmente das seguintes formas: passivo ou O AMS da Fig. 1 é usado para absorver os-
ativo, semi-ativo e hı́brido(Ospina, 2003). cilações verticais em estruturas como pontes, gal-
No controle passivo, a proteção da estrutura pões ou estádios.
é realizada de forma que não há necessidade de
atuadores controlando seu funcionamento, sendo A Fig. 2 ilustra um exemplo de AMS na es-
portanto não adaptável a situações especı́ficas que trutura de um galpão.
fujam do cenário de projeto. O controle ativo já As Figs. 3, 4, 5 mostram o AMS pendular
exige alguma forma de atuação externa para que presente na estrutura do prédio Taipei 101. O
ele realize sua função, tornando o sistema adap- mecanismo é tão grande e ocupa tanto espaço que
tável a situações em que as forças aplicadas po- os arquitetos resolveram torná-lo uma atração tu-
dem mudar. Os controles hı́bridos usam de ambas rı́stica (Taipei, 2017).

59
Figura 4: AMS pendular implementado no Taipei
101
Figura 2: AMS implementado

Figura 3: AMS pendular


Figura 5: AMS do Taipei 101 visto em corte

2 Objetivo
seguinte equação:
Como o AMS pode ser projetado para diversos
tipos de forças externas, foi escolhida a modela- yN = yN −1 + ∆yN (1)
gem de um controlador que atenue as oscilações
horizontais causadas pelo vento, e dessa forma, Ou seja, a posição do andar N é a posição do
tendo como objetivo encontrar os valores ótimos andar abaixo dele mais um deslocamento entre os
de massa, amortecimento e rigidez do sistema, dois. É este deslocamento que deve ser analisado
para que assim o maior grau de conforto seja atin- para se obter as forças que um andar exerce no
gido, o sistema foi modelado utilizando-se o mé- outro, pois a posição relativa e a velocidade rela-
todo de parâmetros concentrados, o que simpli- tiva é que dão usadas no calculo de força, não as
fica a análise, substituindo cada elemento fı́sico posições e velocidades absolutas.
real por elementos discretos que se aproximam As forças atuantes no último andar, que é
do comportamento real de cada componente desse o AMS, são portanto resultantes em (Ospina,
sistema. 2003):
Foi escolhido o modelo de AMS comum(não
pendular) para a execução do projeto, por motivos
de simplicidade de implementação em programas
ÿN ∗ mN + ∆ẏN ∗ cN + ∆yN ∗ kN = FN (2)
de simulação como o ADAMS.

Onde ÿN ∗ mN é a força devida à aceleração


3 Modelo matemático da própria massa do andar, independente do an-
dar abaixo, ∆ẏN ∗ cN é a força de amortecimento
Se o modelo apresentado na Fig. 6 for estendido exercida pelo andar abaixo(por isso usa-se ∆ẏN )
para N massas, ou seja N andares do prédio, então e ∆yN ∗ kN é a força causada pela rigidez entre os
o modelo deve contar com N+1 equações diferen- andares. FN é a entrada forçante relativa apenas
ciais que nos digam qual a posição do andar em a este andar.
relação aos outros andares e a uma referência, bem Para os demais andares N-1, N-2 até o andar
como a posição do AMS. número 1, onde N é o número máximo de anda-
A posição no N-ésimo andar será dada pela res e 0 n0 é o andar atualmente observado, a força

60
Figura 6: Modelo fı́sico utilizado Figura 8: Resposta sobreposta dos andares

Tanto a Fig. 7 quanto a 8 mostram as res-


resultante segue o padrão: postas de todos os 3 elementos a uma perturba-
ção aplicada apenas ao primeiro andar. É possı́-
ÿn ∗ mn + ∆ẏn ∗ cn + ∆yn ∗ kn −∆ẏn+1 ∗ cn+1 → vel observar que há tanto um atraso na resposta
quanto uma atenuação da amplitude conforme as
→ −∆yn+1 ∗ kn+1 = Fn forças são transmitidas entre os andares, exata-
(3) mente como esperado do modelo matemático.
Ou seja, as forças que atuam em qualquer Este mesmo modelo pode ser expandido para
andar que não seja o último(por não ter andar N andares, seguindo um padrão repetido por an-
acima) são: sua própria inércia, as forças de ri- dar. O número de andares escolhido (2+AMS)
gidez e amortecimento relativas ao andar inferior, simplifica o modelo sem prejudicar a validação que
tratadas como positivas neste caso por serem a ele gera para o comportamento modelado.
ação do andar abaixo e as forças de rigidez e amor- Na forma matricial, este modelo gera a equa-
tecimento relativas ao andar superior, negativas ção:
pois são uma reação do andar acima.
Um sistema com 2 andares e um AMS foi F = M ∗ ÿ + B ∗ ẏ + K ∗ y (4)
modelado dentro do módulo xcos presente do pro- Onde F, para o caso de 10 andares com o
grama Scilab para confirmar que estas equações AMS, é dado pela eq.( 5).
descrevem o comportamento do sistema. A en-
trada do sistema é um pulso com duração de 1
 T
segundo e amplitude de 3m/s2 no primeiro andar. F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 FAMS (5)
Todas as constantes de massa, amortecimento e
rigidez têm valor 1. A matriz M é a matriz diagonal das massas
dos andares como mostrado na eq. (6).

 
M1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
 0 M2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
 
 0 0 M3 0 0 0 0 0 0 0 0 
 
 0 0 0 M4 0 0 0 0 0 0 0 
 
 0 0 0 0 M5 0 0 0 0 0 0 
 

 0 0 0 0 0 M6 0 0 0 0 0 
 (6)
 0 0 0 0 0 0 M7 0 0 0 0 
 
 0 0 0 0 0 0 0 M8 0 0 0 
 
 0 0 0 0 0 0 0 0 M9 0 0 
 
 0 0 0 0 0 0 0 0 0 M10 0 
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 MAM S

A matriz C é a matriz dos amortecimentos


dos andares:
Figura 7: Resposta por andar

 
C1 + C2 −C2 0 0 0 0 0 0 0 0 0
 −C2 C2 + C3 −C3 0 0 0 0 0 0 0 0 
 
 0 −C3 C3 + C4 −C4 0 0 0 0 0 0 0 
 
 0 0 −C4 C4 + C5 −C5 0 0 0 0 0 0 
 
 0 0 0 −C5 C5 + C6 −C6 0 0 0 0 0 
 
 0 0 0 0 −C6 C6 + C7 −C7 0 0 0 0  (7)
 
 0 0 0 0 0 −C7 C7 + C8 −C8 0 0 0 
 
 0 0 0 0 0 0 −C8 C8 + C9 −C9 0 0 
 
 0 0 0 0 0 0 61 0 −C9 C9 + C10 −C10 0 
 
 0 0 0 0 0 0 0 0 −C10 C10 + CAM S −CAM S 
0 0 0 0 0 0 0 0 0 −CAM S CAM S
A matriz K é a matriz de rigidez dos andares:

 
K1 + K2 −K2 0 0 0 0 0 0 0 0 0
 −K2 K2 + K3 −K3 0 0 0 0 0 0 0 0 
 
 0 −K3 K3 + K4 −K4 0 0 0 0 0 0 0 
 
 0 0 −K4 K4 + K5 −K5 0 0 0 0 0 0 
 
 0 0 0 −K5 K5 + K6 −K6 0 0 0 0 0 
 
 0 0 0 0 −K6 K6 + K7 −K7 0 0 0 0 
 
 0 0 0 0 0 −K7 K7 + K8 −K8 0 0 0 
 
 0 0 0 0 0 0 −K8 K8 + K9 −K9 0 0 
 
 0 0 0 0 0 0 0 −K9 K9 + K10 −K10 0 
 
 0 0 0 0 0 0 0 0 −K10 K10 + KAM S −KAM S 
0 0 0 0 0 0 0 0 0 −KAM S KAM S
(8)

Sendo assim, com este modelo, basta que haja mesma direção, preservando a linearidade do com-
o conhecimento das variáveis de massa, amorteci- portamento do sistema assim como dado pelas
mento e rigidez dos andares de uma estrutura que, equações da modelagem matemática. Caso os ei-
ao se tratar do último andar como o AMS, é pos- xos se desalinhassem, uma componente angular
sı́vel calcular todas as variáveis necessárias para destas forças teria de ser levada em conta, aumen-
que este amortecedor minimize oscilações desta es- tando a complexidade da modelagem matemática,
trutura. ainda que não afetando a modelagem digital, pois
o computador lida com isto sem maiores dificul-
4 Prototipagem Virtual dades.
Todos os andares foram modelados desta
mesma maneira, sempre vinculados aos andares
imediatamente abaixo e acima deles. O AMS foi
modelado da mesma maneira, porém suas cons-
tantes de massa, amortecimento e rigidez são di-
ferentes.
Uma vez que se tem o modelo CAD do sis-
tema, as variáveis como massa, amortecimento e
rigidez dos andares e do AMS são criadas como
variáveis de design no programa.
Variáveis de projeto são valores que podem ser
inseridos no lugar do valor numérico de uma certa
propriedade de algum objeto, fazendo com que seu
valor possa ser editado pelo usuário ou pelo pró-
prio programa. Como o número de elementos pre-
sentes no sistema é grande(11 massas, 11 molas,
11 amortecedores), editá-los individualmente leva
Figura 9: Protótipo virtual no ADAMS tempo demais, sobretudo considerando a interface
pouco fluida do programa. Outro motivo para o
O modelo apresentado na Fig. 9 possui os 10 uso de variáveis de design é o uso automatizado
andares de um prédio simulado em vermelho e o delas pelos algoritmos de otimização e estudo de
AMS em azul no topo. projeto do programa.
O modelo foi construı́do utilizando-se blocos A partir da criação destas variáveis, os valo-
conectados entre si por molas e com o chão por res iniciais para a simulação foram baseados nos
juntas translacionais que permitem o movimento do artigo presente na referência (Ospina, 2003),
apenas em no eixo X. O processo de modela- sendo os que seguem na tabela 1:
gem ocorreu da seguinte maneira: foi colocado
um bloco de tamanho pré-definido na origem do
sistema de coordenadas do software, a seguir um Tabela 1: Valores iniciais
Peso do andar 3.0E + 005kg
ponto é vinculado a este andar fora deste bloco,
Rigidez do andar 4.0E + 008N/M
na posição onde a mola e amortecedor que o co-
Amortecimento do andar* 1.0E + 000(N ∗ s)/M
nectam ao segundo andar serão conectados. Este
ponto é posicionado de maneira tal que a reta
que ele forma com a origem do segundo bloco é
concorrente com o eixo de translação do segundo
bloco. Assim asseguramos que a força exercida O valor de amortecimento do andar foi
pela mola e amortecedor permanecem sempre na reduzido para que o efeito do AMS seja mais

62
relevante. portanto ainda não contribuindo para o amor-
tecimento do sistema. O amortecimento obser-
Com as variáveis iniciais configuradas, o sis- vado vem por um lado dos próprios andares, mas
tema foi excitado com uma força que segue a se- também é causado pelo passo do resolvedor de
guinte equação: equações diferenciais utilizado pelo ADAMS, pois
quando um número maior de passos de simulação
F (t) = sin(2f πt) ∗ e−τ t ∗ |F | (9) por segundo é inserido, o sistema oscila por mais
tempo.
Porém cada andar recebe uma força igual a Isto se deve ao acumulo de erros que ocorre
0.1 ∗ n, sendo n o número do andar, para simular durante a resolução de um sistema de equações
uma força que varia linearmente com a altura do diferenciais causados por erros de aproximação e
prédio, assim como ventos que tendem a ser mais perdas de informação.
rápidos mais longe do chão. Vale observar que As frequências naturais calculadas pelo
esta consideração é extremamente simplista e não ADAMS geram a tabela:
reflete o comportamento real de uma rajada de
vento turbulenta, mas serve, como será mostrado
na Fig. 8 a seguir, para uma análise da frequência Tabela 3: Frequências naturais para o sistema sem
natural do prédio e a reação do sistema a uma o AMS
1 1.363279E+001 1.000000E+000 -1.363279E+001 +/- 0.000000E+000
força distribuı́da em um pequeno intervalo de 2 4.595279E+007 1.000000E+000 -4.595279E+007 +/- 0.000000E+000
3 8.685904E-001 6.821847E-009 -5.925391E-009 +/- 8.685904E-001
tempo. 4 2.586368E+000 2.031330E-008 -5.253767E-008 +/- 2.586368E+000
5 4.246371E+000 3.335093E-008 -1.416204E-007 +/- 4.246371E+000
6 5.811517E+000 4.564354E-008 -2.652582E-007 +/- 5.811517E+000
Os valores desta força no simulador foram 7 7.246843E+000 5.691658E-008 -4.124655E-007 +/- 7.246843E+000
8 8.520287E+000 6.691817E-008 -5.701620E-007 +/- 8.520287E+000
configurados como: 9 9.603401E+000 7.542494E-008 -7.243359E-007 +/- 9.603401E+000
10 1.047199E+001 8.224683E-008 -8.612881E-007 +/- 1.047199E+001
11 1.110665E+001 8.723146E-008 -9.688497E-007 +/- 1.110665E+001
12 1.149321E+001 9.026749E-008 -1.037464E-006 +/- 1.149321E+001
Tabela 2: Valores da força
|F | 10.0E + 006N
Onde as colunas representam respectivamente
τ 10
o número do modo, a frequência natural não amor-
f 0.61Hz
tecida, a razão de amortecimento, a parte real e a
parte imaginária do sistema.
Estes valores vêm de várias tentativas, sendo A partir destas simulações, os valores inici-
a magnitude escolhida para gerar uma perturba- ais para os parâmetros do AMS foram escolhidos,
ção suficiente para ser observada, a constante de após varias tentativas, como:
tempo τ escolhida para concentrar a força como
um pulso e a frequência da força sendo colocada
como a frequência natural do sistema observável Tabela 4: Valores iniciais do AMS
na própria resposta de figuras como a Fig. 8, aqui Peso(M) 2.0E + 005kg
omitidas. Rigidez(K) 2.5E + 004N/M
Agregando o fator da força por andar, a Amortecimento(C) 3.0E + 006(N ∗ s)/M
equ. (9) se torna:
Para estes valores, uma simulação de estudo
de projeto foi gerada, permitindo que o programa
F (t, n) = sin(2f πt) ∗ e−τ t ∗ |F | ∗ (0.1 ∗ n) (10) gerasse 15 valores para K e C em torno dos valores
iniciais, gerando 225 pontos de análise. A variável
Assim, a Fig. 10 mostra tanto a força(em ver- analisada é o ı́ndice de conforto, tratado aqui como
melho) quanto a reação(em azul) do último andar: o valor RMS da aceleração do último andar.
Os gráficos a seguir foram gerados pelo pro-
grama Octave a partir dos dados retirados do
ADAMS.
Na Fig. 11 é apresentado o espaço de análise,
onde as cores auxiliam a representação da altura
do gráfico em cada ponto.
A Fig. 12 representa a superfı́cie criada a par-
tir dos dados, contendo todos os 225 pontos de
análise. Claramente há um valor de K que mini-
miza o valor de ARM S , porém o valor de C parece
ter pouca influência quando apenas este gráfico é
Figura 10: Força de entrada e resposta do sistema mostrado. Vale lembrar que a massa não varia
neste caso.
Vale notar que esta é a reação do sistema Os valores iniciais de K e C vistos na tabela
com a massa do AMS desprezı́vel(apenas 1kg), IV e na Fig. 10 coincidem quase que exatamente

63
Figura 11: Vista superior da superfı́cie Figura 13: Vista no plano ARM S x K da super-
ARM S (K,C) fı́cie ARM S (K,C)

Figura 12: Superfı́cie ARM S (K,C) Figura 14: Vista no plano ARM S x C da super-
fı́cie ARM S (K,C)

com o vale da superfı́cie porque foram retirados


dos valores otimizados do sistema, explicados mais A configuração do módulo de otimização con-
à frente. Estes não foram os primeiros valores a siste em permitir que o programa modifique ite-
serem tentados para o sistema. No começo C ti- rativamente certas variáveis do sistema para mi-
nha um valor muito baixo, por volta de 1000, e K nimizar ou maximizar algum valor escolhido pelo
possuı́a um valor similar à rigidez dos andares, e usuário. O caso escolhido foi minimizar o valor de
após algumas tentativas manuais de diminuir a os- ARM S .
cilação do sistema, valores próximos aos da tabela O otimizador então foi configurado para modi-
IV foram encontrados e usados como parâmetros ficar as variáveis K, C e M do AMS, porém dentro
iniciais da otimização. de limites de +/-70%(em torno dos valor iniciais)
Com Fig. 13 é fácil entender que há um ponto para K e C e entre 1.0E + 005kg e 3.0E + 005kg
otimizado para o valor da mola em torno de para M. Limitar o valor de M é crucial, pois foi
25000N/M . observado que o programa tentava adicionar cada
É na Fig. 14 que fica claro que o valor de C vez mais massa ao sistema, reduzindo o valor de
ainda não está próximo do ótimo, pois há uma ten- ARM S consideravelmente, mas chegando a massas
dência de queda no valor de ARM S para maiores tão absurdas quanto 1.0E + 012kg.
valores de C. Porém esta superfı́cie acaba antes de Após a conclusão da otimização, os valores
encontrarmos um valor mı́nimo local para C, en- foram obtidos como:
tão duas alternativas se apresentam: criar várias O valor de ARM S para o sistema otimizado
destas superfı́cies até que o valor de C aumente é de 0.0649m/s2 . Como o otimizador partiu dos
ARM S novamente, ou usar o módulo de otimiza- valores C=3.0E + 006, K=25000 e M = 2.0E +
ção. 005, o valor inicial de ARM S foi de 0.0838773, e

64
há AMS. Porém o AMS otimizado foi capaz de
Tabela 5: Valores otimizados do AMS
Peso(M) 3.0E + 005kg parar a oscilação do prédio em apenas(por volta
de) 15s, sendo que o não otimizado ainda não es-
Rigidez(K) 25034.4N/M
tabilizou a estrutura completamente mesmo após
Amortecimento(C) 1.80898E + 006(N ∗ s)/M
os 30s de simulação.

portanto há uma diferença de −22.6% ao fim do


processo de otimização.
Lembrando que esta otimização partiu de
pontos já próximos, por tentativa e erro, do ponto
ótimo, porém como o comportamento do sistema
possui valores mı́nimos de ARM S para C e K, se es-
tas variáveis puderem variar indefinidamente po-
rém com um valor de M limitado, o sistema irá
encontrar um ponto ótimo para K e C. Quanto
a M, o otimizador tentará sempre atribuir-lhe o
maior valor possı́vel, então podemos utilizar ape- Figura 16: Resposta de todos os andares
nas duas variáveis de otimização, dado que M será
uma constante igual ao máximo valor permitido
no projeto. Aqui limitamos M ao mesmo peso de
um andar, representando 10% de adição de massa
à estrutura.
Agora com os valores em mãos para o sistema
com o AMS otimizado, a tabela de frequências
naturais a seguir é gerada(seguindo a mesma ló-
gica de colunas da tabela III):

Tabela 6: Frequências naturais para o sistema com


o AMS otimizado
1 1.363997E-003 1.000000E+000 -1.363997E-003 +/- 0.000000E+000
2 2.892071E+000 1.000000E+000 -2.892071E+000 +/- 0.000000E+000
3 8.224393E-001 1.889238E-002 -1.553783E-002 +/- 8.222925E-001
4 2.515494E+000 2.821447E-002 -7.097333E-002 +/- 2.514492E+000
5 4.187725E+000 2.151357E-002 -9.009291E-002 +/- 4.186756E+000
6 5.765760E+000 1.500334E-002 -8.650565E-002 +/- 5.765111E+000
7 7.211859E+000 1.016749E-002 -7.332652E-002 +/- 7.211486E+000
8 8.494692E+000 6.632813E-003 -5.634370E-002 +/- 8.494505E+000
9 9.586125E+000 4.050790E-003 -3.883138E-002 +/- 9.586046E+000
10 1.046181E+001 2.202566E-003 -2.304283E-002 +/- 1.046178E+001
11 1.110196E+001 9.566751E-004 -1.062097E-002 +/- 1.110196E+001
12 1.149202E+001 2.360591E-004 -2.712795E-003 +/- 1.149201E+001 Figura 17: Vista no plano ARM S x C da super-
fı́cie ARM S (K,C)
Também foram geradas duas curvas para de-
monstrar a otimização, com a mesma força de en-
trada da equação 10 aplicada, para os valores de
K, C e M antes e depois da otimização, como segue
na Fig. 15:

Figura 18: Resposta de todos os andares ampli-


ada

Figura 15: Resposta do último andar Nas Figs. 16 e 17 estão as respostas de todos
os andares. Fica claro que devido à extrema rigi-
É notável que a simples presença do AMS, dez do prédio, na ordem de 108 , faz com que os
mesmo antes da otimização já causa um efeito de andares oscilem quase que exatamente em fase e
redução na oscilação por volta dos 30 segundos de frequência idênticas, quase como se fossem partes
simulação, em relação à Fig. 10, onde ainda não de apenas um corpo que sofre uma deflexão.

65
5 Conclusão

Todas as análises aqui apresentadas partem de


duas premissas chave: a força é aplicada apenas
na horizontal e o prédio se comporta como se não
perdesse altura ao envergar-se com as forças apli-
cadas. Isto gera um comportamento que é apro-
ximado apenas para pequenas oscilações.
A principal conclusão a que se chega após a
análise de todos os dados é que é possı́vel otimi-
zar os parâmetros de um sistema apenas tendo em
mãos o protótipo virtual e um algoritmo de otimi-
zação, sem a necessidade de cálculos prévios para
todos os valores do sistema. Aqui, os valores do
AMS foram arbitrariamente selecionados no inı́-
cio(omitido do artigo) das simulações, e conforme
os algoritmos de otimização e análise de projeto
foram executados, os valores convergiram para os
valores otimizados que minimizam o ı́ndice de con-
forto escolhido como o valor RMS da aceleração
dos andares.

Referências

Ospina, C. S. (2003). Controle de vibra ções em


edifı́cios submetidos á ção de cargas dinâmi-
cas utilizando amortecedor de massa sintoni-
zado na forma de pêndulo, Mestrado em en-
genharia mecânica, Escola de Engenharia de
São Carlos - Universidade de São Paulo, São
Carlos-SP.
Taipei (2017). Wind damper, http:
//www.taipei-101.com.tw/en/
observatory-damper.aspx. acessado
em 20/05/2017.

66
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

PROJETO E ANÁLISE DE UM MECANISMO DE UM DEDO INDICADOR ROBÓTICO


SUBATUADO

CAROLINE DE SOUZA BARROS, MAURICIO BECERRA VARGAS.

Grupo de Automação e Sistemas Integráveis (GASI), Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba (ICTS)
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Avenida de Três de Março, 511,. Alto da Boa Vista, Sorocaba,SP, 18087-180
E-mails: carolinebarros@grad.sorocaba.unesp.br,mauricio@sorocaba.unesp.br

Resumo A dificuldade de manuseio de objetos e ferramentas distintos é um dos gargalos da robótica atual. Devido à grande
eficiência da mão humana nestas tarefas este trabalho descreve um mecanismo de dedo indicador, destacando sua síntese através
da equação de Freudenstein.

Palavras-chave mão, robótica, mecanismo de quatro barras, dedo, freudenstein.

1 Introdução

A mão dos primatas é responsável por boa parte


da interação destes com o ambiente, possibilitando
diversas atividades para variadas espécies tais como
coleta de comida, interação social e locomoção.
Dentre as diversas ações possíveis, a habilidade de
manusear objetos, especialmente ferramentas, desta-
ca-se, sendo ainda utilizada como marco da evolução
humana.
Paralelamente, o manuseio de ferramentas e objetos é Figura 1-Implementação de um mecanismo de dedo subatuado
tipicamente um desafio da robótica devido a infini- (Yoon e Choi, 2017).
dade de formas e materiais que estes itens possuem.
Surge então, como solução a esta limitação, a cons- Pode-se destacar a importância deste mecanismo na
trução de mecanismos inspirados na mão e conse- automação pois, têm-se como atividades deste tipo
quentemente, dedos humanos. de mecanismo qualquer função onde o mecanismo
tenha que se movimentar a velocidade constante e
realizar operações enquanto se movimenta.
1.1 Mecanismo Subatuado Além disso, este possui diversas aplicações na robó-
tica destacando-se por possibilitar a sincronização de
Sistemas subatuados são sistemas que possuem
mecanismos que exijam rotação não-uniforme de
maior número de graus de liberdade do que entradas
acordo com uma determinada função de velocidade
de controle. Possuem um grande número de aplica-
(Shigley, JE. e Uicker, JJ., 2010).
ções (Spong, 1998) especialmente na área de robóti-
ca humanoide visto que partes da anatomia humana, O mecanismo sugerido por Yoon e Choi consiste em
como os dedos podem apresentar essa característica. vários mecanismos de quatro barras. E por ter, núme-
ro reduzido de atuadores, faz se necessário que o
Tendo em vista as vantagens dos mecanismos suba-
projeto considere a correspondência entre o ângulo
tuados, como maior facilidade de controle e reduzida
de entrada do mecanismo com o ângulo de saída.
utilização de atuadores o presente trabalho se propõe
a projetar e simular parte do mecanismo de um dedo Neste trabalho, a correspondência entre os ângulos
indicador proposto por Yoon e Choi em“ Underac- de entrada e saída será obtida através da síntese do
tuated Finger Mechanism using Contractible Slider- mecanismo de quatro barras pela equação de Freu-
Cranks and Stackable Four-Bar Linkages (Yoon e denstein com auxílio do espaçamento de Chebyshev.
Choi, 2017), que pode ser observado na Figura 1.
2 Mecanismos de um dedo subatuado
1.2 Mecanismos geradores de função
O mecanismo proposto por Yoon como pode ser
Os geradores de função são mecanismos cons- observado na Figura 2 consiste em três camadas
truídos para suprir a necessidade de que um membro distintas compostas por mecanismos de três e quatro
de saída rotacione, oscile ou alterne de acordo com barras.
uma função específica no tempo ou em função de um
movimento de entrada.

67
Figura 3 - Mecanismo de quatro barras - Links e ângulos
(Starr, G. P., 2011).

Utilizando-se a identidade de Euler e separando os


termos reais e imaginários obtém-se as seguintes
equações:

−𝑟1 + 𝑟2 𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 𝑟3 𝑐𝑜𝑠𝜃3 + 𝑟4 𝑐𝑜𝑠𝜃4 = 0


𝑟2 𝑠𝑒𝑛𝜃2 + 𝑟3 𝑠𝑒𝑛𝜃3 + 𝑟4 𝑠𝑒𝑛𝜃4 = 0

Visto que a entrada do mecanismo se dá através do


link 2 e a saída através do link 4, pode-se eliminar o
ângulo θ3, mantendo-se θ2 e θ4.
Assim, isola-se os termos a serem eliminados e ele-
va-se ao quadrado ambos os lados da equação
Figura 2 - Camadas do mecanismo proposto por Yoon e Choi
(Yoon e Choi, 2017). (−𝑟1 + 𝑟2 𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 𝑟4 𝑐𝑜𝑠𝜃4 )2 = (−𝑟3 𝑐𝑜𝑠𝜃3 )2
Destaca-se que cada mecanismo de três barras das 𝑟2 𝑠𝑒𝑛𝜃2 + 𝑟4 𝑠𝑒𝑛𝜃4 = (− 𝑟3 𝑠𝑒𝑛𝜃3 )2
extremidades de cada camada corresponde a uma
falange do dedo humano. Então, somando-se as equações e utilizando-se a
relação trigonométrica fundamental obtém-se

3 Projeto do mecanismo 𝑟12 − 2𝑟1 𝑟2 𝑐𝑜𝑠𝜃2 − 2𝑟1 𝑟4 𝑐𝑜𝑠𝜃4 + 𝑟22 . cos 2 𝜃2


+ 2𝑟2 𝑐𝑜𝑠𝜃2 𝑟4 𝑐𝑜𝑠𝜃4 + 𝑟42 . cos 2 𝜃4
3.1 Equação de Freudenstein = 𝑟32
Para o projeto de mecanismos, diversas ferra-
mentas podem ser utilizadas. Sendo uma delas de- 𝑟22 𝑠𝑒𝑛2 𝜃2 + 2𝑟2 𝑠𝑒𝑛𝜃2 𝑟4 𝑠𝑒𝑛𝜃4 + 𝑟42 𝑠𝑒𝑛2 𝜃4 = 𝑟32
nominada Equação de Freudenstein (Shigley, JE. e
Uicker, JJ., 2010) que permite com algumas intera- Utilizando-se a identidade trigonométrica da diferen-
ções e certa experiência sobre o comportamento do ça entre os cossenos pode-se escrever então a equa-
mecanismo de quatro barras desejado a obtenção dos ção de Freudenstein:
comprimentos das barras (Starr, G. P., 2011).
Assim, primeiramente deduz-se a equação de Freu- 𝐾1 𝑐2 + 𝐾2 𝑐4 𝐾3 = cos(𝜃2 − 𝜃4 )
denstein para que seja possível a síntese do meca- Onde
nismo. 𝑟1
Inicialmente, através da equação de laço obtém-se: 𝐾1 =
𝑟4
𝑟1
𝑟1 + ⃗⃗⃗
⃗⃗⃗ 𝑟2 + ⃗⃗⃗
𝑟3 + ⃗⃗𝑟⃗4 = 0 𝐾2 =
𝑟2
𝑟32 − 𝑟12 − 𝑟22 − 𝑟42
Onde rn é o vetor correspondente a cada uma das 𝐾3 =
2𝑟2 𝑟4
barras que podem ser observadas na Figura 3. (Shi-
gley, JE. e Uicker, JJ., 2010).
A equação de laço pode ser escrita em notação com- 3.2 Espaçamento de Chebyshev
plexa como se segue
Associada a equação de Freudenstein na síntese
de mecanismos, têm- se a equação do espaçamento
𝑟1 𝑒 𝑗𝜃1 + 𝑟2 𝑒 𝑗𝜃2 + 𝑟3 𝑒 𝑗𝜃3 + 𝑟4 𝑒 𝑗𝜃4 de Chebyshev que faz com que o mecanismo siga

68
uma determinada função em um determinado inter- Nota-se que o primeiro mecanismo de quatro barras é
valo a partir de somente três pontos dessa função. O o mecanismo projetado em 3.3. Já o segundo meca-
espaçamento de Chebyshev para a geração de função nismo foi projetado intuitivamente, embora seja
é definida pela equação a seguir. possível realizar a síntese do mesmo conforme o
método descrito também em 3.3.
1 O mecanismo das falanges pode ser observado
𝑥𝑗 = (𝑥 + 𝑥𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 )
2 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 na Figura 4.
1
− (𝑥𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
2
𝜋
− 𝑥𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 ). cos ((2𝑗 − 1) )
6
𝑗 = 1,2,3..
(Starr, G. P., 2011)

3.3 Síntese do mecanismo de quatro barras Figura 4 - Projeto da primeira e segunda camada.
Para a síntese do mecanismo de quatro barras,
utiliza-se a equação de Freudenstein:
4 Validação através de simulação
𝐾1 𝑐2 + 𝐾2 𝑐4 𝐾3 = cos(𝜃2 − 𝜃4 )
Onde 4.1 Validação do mecanismo de quatro barras
𝑟1
𝐾1 = A partir dos comprimentos e os ângulos iniciais
𝑟4 obteve-se através do software Matlab os pontos cons-
𝑟1 trutivos necessários para simulação no software
𝐾2 =
𝑟2 Adams para o primeiro mecanismo de quatro barras
𝑟32 − 𝑟12 − 𝑟22 − 𝑟42 (Starr, G. P., 2011), que pode ser observado na Figu-
𝐾3 = ra 5.
2𝑟2 𝑟4

Nota-se, então, que existem três equações e quatro


incógnitas, porém é possível estipular o valor de r 1 e
assim, obter os demais valores.
Em seguida, utiliza-se o espaçamento de Chebyshev,
para que o mecanismo de quatro barras inicial fosse
um mecanismo gerador de função com a função a
seguir.
1 Figura 5 - Simulação do mecanismo de 4 barras através do
f(x) = 2 𝑥 = [1,2]
𝑥 software Adams.

Através do acionamento cinemático do mecanismo


Determinou-se que o ângulo de entrada deveria ser comprovou-se que o mecanismo obtido se asseme-
de 30 º, para que o projeto não exija um atuador de lhou a forma da função desejada (1/x2), e além disso
longo alcance, e o de saída deveria possuir o alcance apresentou o alcance de ângulos desejados, embora
de uma falange humana, portanto 90º. com alguma margem de erro, o que pode ser obser-
Então, testou-se conjuntos de ângulos de entrada e vado na Figura 6..
saída com auxílio do software Matlab observando-se
estas exigências.
Assim, obteve-se os ângulos iniciais θ2=130º e
θ4=180º e fixando L1 = 25 mm, observou-se os se-
guintes valores.

𝐿1 = 25 𝑚𝑚 𝐿2 = 32,13197 𝑚𝑚

𝐿3 = 58,13662 𝑚𝑚 𝐿4 = 69.7095 𝑚𝑚

3.4 Síntese do mecanismo das falanges


A partir do primeiro mecanismo de quatro bar-
ras, projetou-se a primeira e a segunda camada do Figura 6 – Variação do ângulo de saída em função da variação do
ângulo de entrada do mecanismo de quatro barras.
mecanismo sugerido por Yoon e Choi.

69
4.2 Validação do mecanismo da falange Porém, estas análises podem ser realizadas em um
próximo trabalho.
Analisou-se então, o mecanismo, através de aci-
onamento cinemático, no software Adams.
Comprovou-se então, a eficácia do mecanismo cons-
truído, pois a falange apresentou ângulo final de
aproximadamente 90º, que pode ser observado na
Figura 7.

Figura 7 - Alcance máximo da falange

4.3 Validação do mecanismo proposto


Realizou-se ainda a construção de um mecanis-
mo completo semelhante ao proposto por Yoon e
Choi com comprimentos e ângulos determinados
intuitivamente.
Simulou-se então este mecanismo no software
Adams, como pode ser visto na Figura 8.
Figura 9 - Mecanismo Contraído

Observou-se ainda a eficácia da ferramenta Matlab


no auxílio da síntese e do software Adams para a
análise de mecanismos de forma não analítica pois a
visualização e simulação do mecanismo analisado
facilitou a análise e determinação das características
do mecanismo intuitivamente.
Por fim, comprovou-se a eficiência do mecanismo
proposto por Yoon e Choi.

Referências Bibliográficas

Shigley, JE. e Uicker, JJ., 2010, “Theory of


Machines and Mechanisms”
Figura 8 - Mecanismo construído no software Adams para valida-
Spong, M.W., 1998. Underactuated mechanical
ção systems, in: Control Problems in Robotics and
Automation. Springer, pp. 135–150.
O mecanismo apresentou o comportamento desejado, Starr, G. P., 2011. Function Generation using
apresentando contração visualmente semelhante ao Freudenstein’s Equation. Disponível em: <
de um dedo humano, que pode ser observado na http://www.me.unm.edu/~starr/teaching/me314/f
Figura 9. reud.pdf > Acesso em: 10 set. 2017
Yoon, D., Choi, Y., 2017. Underactuated Finger
5 Conclusões Mechanism using Contractible Slider-Cranks
and Stackable Four-Bar Linkages. IEEE/ASME
Transactions on Mechatronics PP, 1–1.
O desenvolvimento deste trabalho evidenciou a
doi:10.1109/TMECH.2017.2723718
facilidade e eficiência da síntese de mecanismos de
quatro barras através da equação de Freudenstein e o
espaçamento de Chebyshev.
Entretanto lamentavelmente, no início deste estudo
negligenciou-se os mecanismos de três barras res-
ponsáveis pelo acionamento dos demais mecanismos
o que impediu que outras análises fossem efetuadas.

70
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

DOMÓTICA: JANELA AUTOMATIZADA

VITOR F. S. SILVA, YASMIN B. A. DA SILVA

Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) - Campus Sorocaba


Rodovia João Leme dos Santos (SP-264), Km 110
Bairro do Itinga - Sorocaba - São Paulo - Brasil
CEP 18052-780
E-mails: vitorfernando4271@gmail.com, yaasbeatriz@gmail.com

Resumo  Neste artigo descreve todo o processo de construção de uma janela automatizada (protótipo) que executa uma
ação efetiva para proteger a uma residência em caso de detecção de níveis perigosos de fumaça e automação de
funcionalidades simples como fechar ou abrir a janela quando há detecção de chuva ou conforme a luminosidade. O protótipo
da janela é manipulado por um controlador Arduino, construído com materiais simples e de baixo custo. Após a construção,
finalizou-se o projeto com programação e os testes. Ao final, o projeto atendeu perfeitamente ao seu propósito.

Palavras-chave  Robotics, Arduino, Programming, Eletronics, Automation.

Porém, foram utilizados sensores de


luminosidade e de gases inflamáveis como citado
1 INTRODUÇÃO anteriormente.

O projeto tem como objetivo colocar em prática


os conceitos estudados durante a disciplina de 2 MATERIAIS E MÉTODOS
introdução à robótica, como primeira experiência
com robótica foi decidida a área de domótica pela Para a realização e desenvolvimento desse
sua ampla utilidade no dia-a-dia e baixa projeto, foram usados vários materiais, dentre eles: 2
complexidade dos sistemas. O projeto apesar de leds, 1 buzzer, 1 sensor de luminosidade LDR, 1
simples, permite grande aprendizado para um sensor de fumaça MQ-2, 1 placa (Arduino Mega),
primeiro contato o que foi a nossa maior motivação fios, 12 resistores de 330 ohms, 2 chaves micro
para trabalhar com tal assunto. Foi construído switch,1 protoboard.
utilizando a plataforma de prototipagem eletrônica Esses, foram utilizados na parte eletrônica. Na
livre, Arduino, por ser uma ferramenta acessível de parte da montagem do protótipo da janela, foram
baixo custo e de fácil utilização. utilizados, 2 placas de acrílico transparente, 2
Foi utilizado como exemplo de estudo três trabalhos canaletas de plástico, 2 placas de madeiras 40cm x
utilizando o Arduino para controle de um motor de 4cm, 2 placas de madeira 20cm x 4cm e parafusos.
passo (Thomsen, 2013), detecção de gases Os custos de cada material para a construção do
inflamáveis (Mukherjee, 2016), e utilização do LDR protótipo são apresentados na Tabela 1.
(Motta, 2017) para conhecimento na utilização dos
componentes que se pretende utilizar no projeto.
Foram unidas todas as funções utilizando os sensores 2.1 CUSTO DOS MATERIAIS
de fumaça e luminosidade para a tomada de decisão e
Tabela 1. Custos dos materiais utilizados.
realizar a ação simples de abrir ou fechar uma janela
inserida num ambiente doméstico, com base na Material Valor (aproximado)
luminosidade do dia a janela é aberta e fechada Placa Arduino Mega R$ 60,00
durante a noite, quando houver níveis de fumaça e Protoboard R$ 14,00
gases inflamáveis perigosos no ambiente a janela é
2 leds R$ 0,30
aberta além de emitir sinais sonoros e luminosos.
1 buzzer R$ 1,50
1 Sensor de R$ 0,75
1.1TRABALHOS CORRELATOS luminosidade LDR
Um projeto similar foi estudado, em que consiste 1 Sensor de fumaça R$ 14,00
no desenvolvimento de uma janela automatizada 12 Resistores R$ 1,00
(Matos, 2009) utilizando assim como em nosso 2 Chaves micro switch R$ 3,00
trabalho um motor de passo para efetuar a ação de 2 Placas de acrílico R$ 15,00
abrir e fechar a janela e também o micro controlador Placas de Madeiras R$ 7,00
Arduino, para a tomada de decisão foi utilizado um Engrenagens e trilhos R$ 10.00
sensor de chuva, o que difere em nosso projeto. Parafusos R$ 2,50

71
Custos totais R$ 129,05 leituras dos sensores de gás, luminosidade e fim de
curso, as quais consistem em três ações.

3 DESENVOLVIMENTO

Preliminarmente foi idealizado o projeto e quais


os materiais necessários para a construção do
protótipo, o objetivo seria o emprego de materiais
simples, de fácil obtenção e reduzido custo, neste
sentido, considerou-se madeira e placas de acrílico.
Projetos semelhantes também foram utilizados como
modelo, em específico, a eletrônica envolvida e
programação. A partir destes projetos, foi possível
auferir quais materiais a adquirir para construção do
protótipo e como utilizá-los. Também se pesquisou
sobre diversas utilizações da plataforma Arduino, tais
como buzzers e leds. Após maior domínio da
plataforma, iniciou-se a construção do protótipo
Figura 2. Esquema da montagem do circuito eletrônico.
acrescentando-se outros elementos e funcionalidades.

3.1 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO Ação 1: Em caso da luminosidade alta (valor do


LDR maior ou igual a 800) e a janela estiver fechada
Definidos os materiais, as placas de acrílico e as (fim de curso esquerdo indicar ativo), a janela deve
madeiras necessárias para o protótipo foram de fácil ser aberta, ou seja, o motor de passo deve girar no
obtenção, em vidraçaria foram obtidas as placas de sentido horário. O algoritmo dessa ação é
acrílico e as madeiras em serrarias, foram efetuados apresentado na Figura 3.
furos com furadeira para fixação por meio de
parafusos, a fita dupla face das canaletas de plástico
facilitaram sua fixação no frame. A foto do protótipo
é apresentada na Figura 1.

Figura 3. Código de programação da ação 1.

Ação 2: Em caso da luminosidade baixa (valor do


LDR menor a 800) e a janela estiver aberta (fim de
curso direito indicar ativo), a janela deve ser fechada,
ou seja, o motor de passo deve girar no sentido anti-
horário. O algoritmo dessa ação é apresentado na
Figura 4.
Figura 1. Protótipo de janela.

3.2 MONTAGEM E PROGRAMAÇÃO


Montado o protótipo da janela pode-se iniciar a
montagem do circuito, fixação dos componentes e
programação do sistema. A Figura 2 apresenta o
esquema de montagem dos componentes do circuito.
Após a montagem dos componentes eletrônicos, foi Figura 4. Código de programação da ação 2.
realizada a programação utilizando a IDE do
Ação 3: Se caso a detecção de níveis de gases
Arduino, as ações do sistema são baseadas nas
inflamáveis for alto, deve ser apagado o led verde e

72
aceso o led vermelho, uma sirene utilizando o buzzer
é acionada e se a janela estiver fechada (fim de curso
esquerdo indicar ativo), a janela deve ser aberta, ou Tabela 3. Testes da ação 2.
seja, o motor de passo deve girar no sentido horário.
O algoritmo dessa ação é apresentado na Figura 4. Ação 2

Ambiente Ação esperada Ação executada

Baixa luminosidade, Fechar janela. Janela fechada.


janela aberta.

Baixa luminosidade, Nenhuma ação. Nenhuma ação.


janela fechada.

Tabela 4. Testes da ação 3.

Ação 3

Ambiente Ação esperada Ação executada

Níveis de fumaça Abrir janela, emitir Janela aberta,


alto, janela fechada. sinais luminosos e sinais luminosos e
sonoros. sonoros ativados.

Níveis de fumaça Emitir sinais Sinais luminosos e


alto, janela aberta. luminosos e sonoros ativados.
sonoros.

Níveis de fumaça Sinais sonoros Sinais sonoros


baixo. desativados, led desativados, led
verde aceso. verde aceso.

4 CONCLUSÕES

O projeto foi muito produtivo, serviu como objeto de


Figura 5. Código de programação da ação 3.
estudo, de aprendizado na área de automação
utilizando a plataforma Arduino e alcançou os
objetivos desejados, permitiu ter um contato prático
3.3 RESULTADOS diferente do visto em sala de aula, abrindo um leque
de possibilidades para futuros projetos com mais
Fixados o motor, engrenagens, trilhos e sensores de complexidade e que permite um maior aprendizado.
fim de curso, foi iniciada os testes do sistema, os Com os resultados obtidos conclui-se com sucesso a
quais consistem em simular o ambiente o qual o montagem do protótipo como o esperado, e para
protótipo seria inserido verificando as ações a serem aqueles que desejam realizar projetos semelhantes é
adotadas perante as situações simuladas e ações necessária a existência de incrementos como o
esperadas. controle e verificação via internet das ações do
Tabela 2. Testes da ação 1. protótipo, e adição de sensores e atuadores tornando
o projeto mais completo como por exemplo sensores
Ação 1 de chuva.

Ambiente Ação esperada Ação executada


5 AGRADECIMENTOS
Alta luminosidade, Abrir a janela. Janela aberta.
janela fechada.
Agradecimentos ao Professor Siovani Cintra
Alta luminosidade, Nenhuma ação. Nenhuma ação. Felipussi, orientador durante todo o processo de
janela aberta. desenvolvimento do projeto desde a concepção,
obtenção de materiais e fundamentação teórica.

73
6 REFERÊNCIAS

MATOS, B. M. (2009). Janela residencial


automatizada.
Https://repositorio.uniceub.br/bitstream/1234567
89/3213/2/20515992.pdf/. Acesso em 25 de
setembro de 2017.
MOTTA, A. (2017). Sensor de Luz – Aprendendo a
usar o LDR.
Https://portal.vidadesilicio.com.br/sensor-de-luz-
com-ldr/. Acesso em 25 de setembro 2017.
MUKHERJEE, A. (2016). Smoke Detection Using
MQ-2 Gas Sensor.
Https://create.arduino.cc/projecthub/Aritro/smoke
-detection-using-mq-2-gas-sensor-79c54a/.
Acesso em 25 de setembro 2017.
THOMSEN, A. (2013). Controlando um Motor de
Passo 5v com Arduino.
Https://www.filipeflop.com/blog/controlando-um-
motor-de-passo-5v-com-arduino/. Acesso em 25
de setembro 2017.

74
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

SÍNTESE E ANÁLISE DO MECANISMO “FLAPPING WINGS”

AUGUSTO CARVAJAL QUINAGLIA, BRUNO FERNANDES DE OLIVEIRA, LUCAS REIS SOUSA, MAURICIO B. VARGAS

Grupo de Automação de Sistemas Integráveis (GASI)


Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba (ICTS)
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Avenida Três de Março, 511, Alto da Boa Vista, Sorocaba, SP, 18.087-180

E-mails: augusto.quinaglia@gmail.com, brunofernandesdeoliveira97@gmail.com,


lucasreissousa@gmail.com, mauricio@sorocaba.unesp.br

Resumo - O presente estudo de mecanismo consiste no estudo do bater de asas de um pássaro, há tempos o ser humano copia a
natureza em suas tecnologias, um conceito recente devido a evolução tecnológica é o conceito de veículos micro-aéreos (MVAs),
que nada mais são do que réplicas de animais voadores utilizando conceitos de mecanismo de 4 barras. O presente estudo busca
recriar o bater de asas de um pássaro, para isso foi estudado todo o mecanismo do bater de asas, desde seu início com a teoria do
movimento, foram calculados os graus de liberdade, estudado as formas de síntese e foi feito a análise do movimento através do
SolidWorks Student Version para se conseguir reproduzir o mesmo com uma impressora 3D.

Palavras-chave - Micro Aerial Vehicles, MAVs, flapping wings, quarto barras, mecanismo, Adams, projeto de mecanismos.

1 Introdução wings geralmente são usados para atividades indoor,


em ambientes fechados. Eles asseguram uma mobili-
dade mais eficientes, mais complexa e rápida do que
Os veículos micro-aéreos (Micro Aerial Vehicles
as aeronaves de 2 asas fixas ou rotativas.
- MAVs), que são uma classe de veículos aéreos não
Paralelamente a isso existe toda uma pesquisa basea-
tripulados, aumentaram a importância para realizar da na aerodinâmica, como o desenvolvimento de
fins comerciais, de pesquisa (fotografia aérea), go- pesquisas na asa de um avião por exemplo, entender
verno e militares (policiamento) na última década.
como um pássaro move a estrutura de suas asas e o ar
MAVs acessam as regiões perigosas e inacessíveis
sob elas pode representar avanços na asa de um avi-
mais facilmente do que outros veículos. Com o avan-
ão, desde material utilizado, flexibilidade até o mo-
ço da microtecnologia, o trabalho em MAV ganha
vimento da asa. Acima de tudo, o mecanismo básico
velocidade e importância. do bater de asa é um mecanismo de 4 barras, por isso
MAVs ganharam inspiração em animais, vide Figura o desenvolvimento do mesmo pode ser utilizado em
1, como insetos e pássaros. Insetos voadores e pássa-
todas etapas do projeto.
ros podem voar de forma diferente, como pairar,
pousar, deslizar e subir, alterando o ângulo do passo,
a orientação das penas, a trajetória de voo, a direção 2 Mecanismo de quatro barras
do movimento e a área varrida pela asa. Além disso,
eles podem voar a baixas velocidades e também O mecanismo mais utilizado e mais simples é o
decolar e pousar rapidamente. Especialmente insetos mecanismo de quatro barras. Este tipo de mecanis-
voam a baixas velocidades, no entanto apresentam mos tem quatro articulações rotativas e quatro elos
alta frequências no bater de suas asas. (um deles é fixo e os outros são móveis). Os outros
links estão conectados com uma junta de revolução
entre si. O link motor (L.M) é onde se aplica a força
(potência) no mecanismo, o link seguidor (L.S) é
onde há a saída do movimento e o link acoplador
(L.A) é oposto ao link fixado no solo, tais considera-
ções podem ser vistas na Figura 2.

Figura 1 - MVAs Bird [1].

Leonardo da Vinci, cujas fontes de inspiração são


pássaros, desenhou as primeiras máquinas voadoras.
Nas últimas duas décadas, com o desenvolvimento
de tecnologia, muitos cientistas aderiram ao design e
à geração de MAVs de flapping wings. Flapping
Figura 2 - Exemplo de mecanismo de quatro barras. [2]

75
2.1 Critério de Grashof O número de graus de liberdade de um mecanismo
também é chamado de mobilidade do dispositivo. A
O critério de Grashof afirma que, para um siste-
mobilidade é o número de parâmetros de entrada
ma de ligação de quatro barras, a soma do link mais
(geralmente variáveis de pares) que devem ser con-
curto (S) e mais longo (L) de uma ligação quadrilate-
trolados de forma independente para levar o disposi-
ral planar é menor ou igual à soma dos dois links
tivo a uma posição específica. O critério de Kutz-
restantes (P e Q), então o link mais curto pode girar
bach, que é semelhante à equação de Gruebler, cal-
completamente em relação a um link vizinho. Tal
cula a mobilidade [4].
situação pode ser representada pela seguinte equação:
O projeto de conseguir reproduzir o bater de asas a
partir de um mecanismo de quatro barras está ilustra-
S+P≤P+Q
do na Figura 3.
Com isso há 4 casos possíveis de modo a atender o
critério de Grashof [3], que estão descritos na Tabela
1.
Tabela 1 - Mecanismos de Grashof.

Caso Menor Peça Categoria


1 Fixa Dupla manivela
2 Adjacente a fixa Manivela Balancim
3 Acopladora Duplo Balancim
4 Qualquer Mecanismo de ponto
variável
Figura 3 - Mecanismos quatro barras flapping wings. [5]
Há também a condição de existência de mecanismo Para fazer o cálculo de DOF’s no espaço para esse
de quatro barras, que é, o link mais longo deve ser mecanismo considera-se que há 5 corpos, 4 juntas de
menor do que a soma dos outros links, se for igual o revolução (mecanismo de quatro barras) e uma junta
sistema pode ser acoplado, porém não haverá movi- esférica (onde é acoplado a asa). Com isso, tem-se:
mento. A equação que representa essa condição é:
𝐷𝑂𝐹 = 6 ∗ (𝐵 − 1) − 5 ∗ 𝐽1 − 4 ∗ 𝐽2 − 3 ∗ 𝐽3 − 2
L<S+P+Q ∗ 𝐽4 − 𝐽5

2.2 Graus de liberdade (GDL) 𝐷𝑂𝐹 = 6 ∗ (5 − 1) − 5 ∗ 4 − 4 ∗ 0 − 3 ∗ 1 − 2 ∗ 0


−0
O número de graus de liberdade (degrees of fre-
edom – DOF) de um corpo rígido é definido como o 𝐷𝑂𝐹 = 1
número de movimentos independentes que o corpo
tem. Em um plano de duas dimensões (x-y), uma A partir disso, conclui-se que é necessário controlar
barra existente nele pode executar 3 movimentos: de apenas uma variável de entrada para que possa de-
translação no eixo x e no eixo y e rotação relaciona- terminar o movimento do mecanismo. Logo, ao aco-
do ao eixo normal do plano, ou seja, há a possibili- plar um motor controlado externamente na barra L.M
dade de 3 DOF’s. Já no caso de um corpo rígido num do mecanismo de quatro barras é possível fazer o
espaço tem 6 DOF’s: três movimentos de translação movimento do bater de asas.
nos eixos x, y e z, e movimentos de rotação sobre os
respectivos eixos.
Com isso, para a determinação do número de graus 3 Síntese do mecanismo
de liberdade de um mecanismo aplica-se a equação
de Gruebler. Essa equação é composta pelo número A síntese cinemática de um mecanismo nada
de corpos presentes no mecanismo e as juntas relaci- mais é que o procedimento no qual se projeta um
onadas com seus respectivos graus de liberdade. Há mecanismo para satisfazer um conjunto de requisitos,
duas equações que podem ser utilizadas, uma relaci- a partir desse projeto chega-se a geometria de um
onas na análise planar e outra na análise espacial, mecanismo que irá produzir um movimento específi-
representadas respectivamente a seguir: co, esse conjunto de requisitos citados acima são
denominados critérios de projeto ou critérios de sín-
𝐷𝑂𝐹 = 3 ∗ (𝑁 − 1) − 2 ∗ 𝐽1 − 𝐽2 tese, podendo ser um ou mais, esses são previamente
estabelecidos [6][7].
𝐷𝑂𝐹 = 6 ∗ (𝐵 − 1) − 5 ∗ 𝐽1 − 4 ∗ 𝐽2 − 3 ∗ 𝐽3 − 2 A vista isométrica do mecanismo de estudo deste
∗ 𝐽4 − 𝐽5 artigo está apresentada, na Figura 4.

Em que 𝐵 é o número de corpos existente no meca-


nismo e 𝐽𝑁 é o número de juntas com 𝑁 graus de
liberdade.

76
Quando se trata da definição do número de corpos
(links) e de juntas, pode-se notar que o mecanismo
de estudo é simétrico, logo o número de corpos e
juntas contados de um lado são a metade do total,
que serão ao todo 10 corpos incluindo o solo e 10
juntas.
Depois das duas etapas anteriores parte-se para a
etapa final de dimensionamento dos corpos, para isso
faz-se uma análise do movimento desejado e define-
Figura 4 - Vista isométrica do mecanismo [5]. se as dimensões através de algum método matemáti-
Observando o mecanismo é possível notar que aco- co, tendo concluído o dimensionamento é necessário
plado a asa há um mecanismo de quatro barras do fazer a análise cinemática do mecanismo, para tal
tipo manivela-balancim, nota-se que um dos critérios primeiramente desenha-se o mesmo em um software
de projeto pode ser a abertura da asa (Figura 5), ou CAD com linhas e formas geométricas (geralmente
seja, os limites de abertura da asa que definem um em 2D) e depois leva-se esse desenho para um sof-
ângulo, porém o mesmo depende do movimento do tware próprio para análises.
L.S. do mecanismo de 4 barras especificamente do Para a síntese do mecanismo proposto utilizou-se o
seu deslocamento vertical, que pode ser relacionado método gráfico de duas posições, porém antes de
ao ângulo entre o L.S. e o solo, logo a partir do ângu- iniciar o método em si foi necessário realizar um
lo da asa e do deslocamento vertical do L.S. pode-se estudo do comportamento do mecanismo no que se
determinar todos os movimentos dos demais corpos diz respeito ao ângulo da asa com relação ao deslo-
(links) do mecanismo através da análise cinemática, camento vertical do ponto localizado no extremo do
que é definida como a determinação dos movimentos link seguidor, ou seja, na junta que une o link aco-
do mecanismo partindo-se da sua geometria e das plador ao link seguidor, determinou-se que esse des-
quantidades cinemáticas desconsiderando as forças locamento seria de 50 mm, conforme apresentado na
que causam o movimento, o ângulo de abertura da Figura 6.
asa será de aproximadamente 50°.

Figura 5 - Critério do ângulo de abertura das asas.


Figura 6 - Representação trigonométrica.
Existem três tipos de síntese, gerador de função: o A partir disso calculou-se a distância entre o meca-
movimento do corpo deve seguir uma função mate- nismo de quatro barras e o ponto fixo da asa por
mática, gerador de trajetória: o movimento do corpo trigonometria, respeitando o ângulo de 50° do crité-
deve ser realizado segundo pré-definida e movimen- rio de projeto, primeiramente encontrou-se a relação
tação de corpos: o movimento de um corpo deve ser entre o ângulo de asa, a altura h e a distância L dada
realizado de uma posição inicial a outra final, para o por:
projeto descrito nesse artigo será utilizado a síntese ℎ
por gerador de função, divide-se a síntese cinemática = 𝑡𝑔(𝜃)
𝐿
em três fases, que são definição do tipo do mecanis-
mo, determinação do número de corpos (links) e ℎ 50 𝑚𝑚
juntas necessária e por último o dimensionamento 𝐿= =
dos corpos baseado no critério de projeto [6]. 𝑡𝑔(𝜃) 𝑡𝑔(50°)
Na etapa de definição do mecanismo é necessário
obter o know-how sobre os mecanismos e juntas 𝐿 = 41,95 𝑚𝑚
existentes, o próprio nome é autoexplicativo, o me-
canismo em estudo é o chamado flapping wings ou A Figura 7 mostra a representação esquemática das
mecanismo das asas de um pássaro, as juntas neces- relações trigonométricas.
sárias são basicamente juntas de revolução para o Terminados os cálculos dessa etapa, realizou-se o
mecanismo de quatro barras e juntas universais para método gráfico no AutoCAD seguindo o seguinte
o acoplamento das asas, além disso pode também passo-a-passo:
envolver os processos de fabricação, materiais e
custos, espaço disponível para instalação, confiabili-
dade e segurança, entre outros [6][7].

77
Figura 10 - Método gráfico - passos 4 e 5.

4 Análise cinemática
Figura 7 – Vista lateral da representação trigonométrica.

1. Desenhou-se o link seguidor com um tama- A análise cinemática de um corpo consiste na


nho pré-definido de 100 mm, segmento OB1 e tra- parte da análise que determina o seu movimento a
çou-se uma circunferência com raio de 100 mm, nas partir da sua geometria e de quantidades cinemáticas
duas posições desejadas (B1 e B2), sendo que a dife- de alguns elementos do mecanismo, a princípio des-
rença vertical entre os dois pontos fosse de 50 mm, considerando as forças do corpo.
vide Figura 8. Com o desenho CAD já feito, como mostrado no
item anterior, foi utilizado o software SolidWorks
Student Version para auxiliar na análise cinemática.
Na Figura 11 pode ser visto do corpo desenhado em
3D, a simulação ocorreu considerando um motor de
rotação contínua de 10 rpm e o material utilizado foi
aço carbono simples, densidade de 0,01 gramas por
milímetro cúbico.

Figura 8 - Método gráfico - passo 1.

2. Traçou-se uma reta r entre os pontos B1 e


B2 estendendo-a até intersecção com a extensão da
reta do link fixo, esse ponto foi nomeado como P,
vide Figura 9;
3. Desenhou-se a bissetriz do arco entre B1B2
e desenhou a circunferência de raio d centrada no
ponto P, que representa o tamanho do link motor;

Figura 11 – Desenho do mecanismo no SolidWorks.

Um problema encontrado durante a montagem do


corpo foi em relação ao apoio da asa, foi discutido se
haveria necessidade de se furar a peça para passar a
asa, mas devido ao ângulo de entrada da asa o furo
Figura 9 - Método gráfico - passos 2 e 3. teria que ser muito grande, impossibilitando a sua
4. Calculou o comprimento do link acoplador, utilização, foi então pensado em se criar uma estrutu-
que foi definida por (B1P – d) que para esse caso foi ra que ficasse acima do acoplador e possibilitasse o
de 150 mm; movimento da asa, e assim foi feito.
5. A distância entre os pontos PO é o tamanho A partir do software SolidWorks Student Version é
do link fixo, que é de 173,2 mm, vide Figura 10. possível analisar o movimento estudado quanto as
forças aplicadas em pontos de interesse, analisar o
Finalizou-se o procedimento de síntese do mecanis- torque aplicado ao motor, critérios de desempenho
mo, podendo-se então dar início a etapa de análise colocados no projeto entre outros.
cinemática do mecanismo, que será apresentada na Inicialmente foi verificado o ângulo que o seguidor
próxima seção deste artigo. faz durante o movimento, quando ainda em síntese
foi projetado que o ângulo seria de 60°, na Figura 12.

78
Figura 12 - Ângulo do seguidor durante o movimento. Figura 14 - Ângulo da Asa.

Pode ser comprovado assim que mesmo com qual- Além disso, a plotou-se também as forças de reação
quer alteração no projeto da síntese para a analise o nas juntas do mecanismo, vide Figura 15.
ângulo estipulado pelo seguidor não foi alterado.
Um dado importante para se coletar foi o torque
aplicado no motor durante o movimento, como pode
ser visto na Figura 13.

Figura 15 – Forças de reação nas juntas.

Partindo-se da análise do gráfico das reações nas


juntas, nota-se que as juntas 1,2 e 4 sofrem pratica-
Figura 13 - Torque aplicado ao motor durante o movimento. mente as mesmas forças, ou seja, os esforços máxi-
mos e mínimos nessas juntas são praticamente iguais
Com esse dado, é possível especificar um motor que
e apresentando um valor máximo de 5 N, porém
suporte picos de 375 N.mm, não danificando o com-
quando se trata da análise da junta 3, que é a junta de
ponente durante sua utilização.
acoplamento da asa com o mecanismo de 4 barras
Por fim, foi necessário analisar o comportamento da
nota-se esforços demasiadamente grandes quando
asa, este comportamento foi um dos critérios de pro-
comparado as demais juntas, isso deve-se ao fato
jeto definidos na etapa de análise, o ângulo de aber-
dessa junta sofrer também a força peso da asa que
tura das asas do pássaro deveria ser de 50º, porém
está apoiada sobre ela, percebe-se alguns picos de
essa análise foi feita considerando a junção
forças que podem ser justificados devido ao movi-
asa/acoplador que seria feita na junta de revolução do
mento da asa apoiada sobre a junta, tendo em vista
acoplador/seguidor, porém houve alterações da jun-
que os esforços são elevados nesse ponto, deve-se ter
ção da asa ao mecanismo 4 barras o que influenciou
maior atenção sobre ele, que pode ser um possível
no movimento da asa e consequentemente no seu
ponto de falha, a força máxima exercida sobre a junta
ângulo. Tendo conhecimento dessa variação do resul-
3 será de aproximadamente 68 N, logo os coeficien-
tado esperado para o obtido, buscou-se um ponto da
tes de segurança devem ser calculados com base
asa que afetasse menos o movimento e o ponto pode
nesse valor máximo.
ser visto na Figura 11.
O resultado do ângulo de abertura da asa está apre-
sentado na Figura 14. 5 Conclusão
O ângulo da asa encontrado mesmo com a alteração
foi de 48º, possuindo uma pequena ondulação próxi-
O projeto em questão foi concluído com sucesso.
mo a 43º, mas não afetando a amplitude total da asa.
Todos os processos de montagem de um mecanismo
Essa diferença de 2º encontrada representa um erro
foram estudados e executados, comprovando assim
de 4%, o que é considerado baixo quando comparado
na prática, a teoria.
as dimensões do projeto.

79
Dentro do escopo de projetos de mecanismo, 3 etapas
foram seguidas, o pré-processamento, solucionador,
e pós-processamento, dentro dessas etapas que en-
volvem desde o estudo do caso, análise e síntese
cinemáticas alguns métodos foram utilizados e vali-
dados, como por exemplo o método gráfico para a
síntese, esse método mostrou-se muito simples de ser
realizado, de fácil utilização, e possui uma área de
aplicação muito grande. Já na parte de análise, o
software SolidWorks Student Version mostrou-se
uma ferramenta que atende todos os pré-requisitos
para sua função, podendo ser desenhado o mecanis-
mo em 3D e contemplado todas análises necessárias.
Tendo finalizado o projeto, conclui-se que as altera-
ções na movimentação do corpo não mostraram uma
grande diferença entre o esperado e o real, apresen-
tando em sua variação máxima 4%, além disso per-
cebe-se ainda que o ponto crítico do mecanismo será
a junta 3, onde se localiza a asa apoiada, dessa forma
deve-se prestar uma maior atenção a esse ponto, que
será mais suscetível a falha.

Agradecimentos

Os autores agradecem à comunidade da UNESP


Sorocaba, assim como ao Prof. Maurício Becerra
Vargas pelo incentivo e apoio ao desenvolvimento
deste trabalho para a disciplina de Projetos Mecâni-
cos.

Referências Bibliográficas

[1]<http://www.iitk.ac.in/aero/home/index.php?optio
n=com_content&view=article&id=117:flapping-
wing-micro-air-vehicle&catid=86&Itemid=571>.
Acesso em 20/09/2017.

[2]<http://help.solidworks.com/2010/portuguese-
/SolidWorks/whatsnew/AllContent/SolidWorks/Non
Core/SWSimulation/wn_>. Acesso em 21/09

[3]<https://me-mechanicalengineering.com/grashofs-
law/>. Acesso em 20/09/2017

[4]<https://www.cs.cmu.edu/~rapidproto/mechanism
s/chpt4.html>. Acesso em 20/09/2017

[5]<https://www.youtube.com/watch?v=JgvwpF4yh1
E>. Acesso em 20/09/2017.

[6]<http://www.mecatronica.eesc.usp.br/wiki/upload/
d/d6/Aula_11_SEM0104.pdf>. Acesso em
20/09/2017.

[7]<http://joinville.ifsc.edu.br/~pauloboni/MECANI
SMOS/PDF%20-%20Aula%20I%20-
%20Introducao.pdf>. Acesso em 20/09/2017.

80
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

PROJETO DE AUTOMAÇÃO DE UM TETO MÓVEL UTILIZANDO UM MECANISMO DE PONTO


VARIÁVEL E BALANCIM-BALANCIM CONTROLADO POR ARDUINO A PARTIR DE SINAIS DE
TEMPERATURA E UMIDADE

CAIQUE MELLO,CÉSAR T. F. DE BRITO, FERNANDA T. WATANABE, MATEUS K. MATSUDA, MARILZA A. LEMOS,


MAURICIO BECERRA VARGAS

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Instituto de Ciência e Tecnologia de
Sorocaba (ICTS)
Av. Três de Março, 511 - Aparecidinha, Sorocaba - SP, 18087-180
E-mails: Caique_mellosbo@hotmail.com, cesarferreira86@gmail.com,
fernanda.watanabe@gmail.com, mateus.matsuda@gmail.com
Resumo Este trabalho consiste no projeto de automação para um mecanismo ponto variável (parallelogram linkage) e balancim-balancim
a partir de um sistema de controle de abertura e fechamento de um teto de fábrica, com um motor de passo ULN2003, tendo como parâme-
tros os de sinais de temperatura e umidade. Os sinais são lidos continuamente por um sensor DTH11, utilizando Arduino UNO como micro-
controlador.

Palavras-chaveAutomação, Mecanismo, teto, ponto, variável, controle, Arduino, temperatura, umidade, móvel, DTH11, ULN2003.

1 Introdução rem determinados valores, alterando a posição do


motor), diminuindo o gasto de energia para ventila-
ção.
Condições de trabalho, assim como carga horá-
ria, salário mínimo, e diversas outras questões, são
hoje asseguradas na lei n°5614. Porém, esta lei está 1.1 Objetivo
desatualizada, de forma a não ter acompanhado a
evolução ocorrida na área da ergonomia, bem como O presente trabalho tem como objetivo monito-
em todos os aspectos envolvendo o conforto e o rar, através de sensores, a temperatura e a umidade
trabalho. de um local de trabalho, a fim de se garantir as con-
Para isso, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilân- dições ótimas de trabalho. Uma vez que a temperatu-
cia Sanitária), busca padronizar e fiscalizar as condi- ra ou a umidade forem consideradas insalubres pelas
ções de trabalho, de forma a impedir circunstâncias regras da ANVISA (aplicadas aos sensores), será
insalubres. Essa fiscalização busca melhorar a ergo- acionado um motor de passo que, através de um
nomia no trabalho sem oferecer uma solução, e prevê mecanismo composto por um balancim-balancim e
temperaturas e umidade relativa do ar para que as um ponto variável, fará com que o teto seja movi-
condições de trabalho sejam ideais [1][2]. mentado de acordo com a posição estipulada.
Dessa forma, os direitos mínimos são assegurados
por lei. Mesmo em empresas de grande porte e ino-
2 Aspectos teóricos
vadoras, problemas trazidos pela umidade e tempera-
tura ainda ocorrem.
Advindo de um pensamento contemporâneo de me- Abrangendo o monitoramento ao acionamento
lhorar as condições de trabalho, a ergonomia é um do motor de passo, tem-se os hardwares utilizados
fator cada vez mais considerado e implementado nas para sua implementação, bem como os conceitos
indústrias. A intenção é melhorar a produção, melho- aplicados para estruturação da síntese do projeto.
rando as condições de trabalho dos produtores. Pros- Utilizando o Arduíno UNO para elaborar o projeto,
seguindo nesta ideia, o presente trabalho buscou procurou-se inicialmente um dispositivo que fosse ao
estudar maneiras econômicas para se implementar mesmo tempo barato, funcional e fácil de programar,
esta melhoria de ambiente em uma fábrica, evitar que sendo dessa forma acessível a estudantes e projetistas
galpões fechados se tornem insalubres. amadores. Além disso, adotou-se o conceito de
O projeto proposto, que será explicitado neste artigo, hardware livre, o que significa que qualquer um com
pode ser brevemente descrito pelo controle de tempe- conhecimento base a cerca do dispositivo pode mon-
ratura e umidade de um galpão, de modo que um tar, modificar, melhorar e personaliza-lo, partindo do
motor de passo seja acionado e este, através de um mesmo hardware básico.
mecanismo, consiga erguer seções de um teto de O outro hardware usado foi o sensor DTH11, cole-
fábrica, abrindo-o. tando tanto dados de temperatura como de umidade.
Enquanto a fábrica economiza com o gasto constante O sensor funciona com tensão de 3 a 5 V, corrente de
trazido pelo uso do ar condicionado, os trabalhadores 200 µA a 500 mA, medindo uma faixa de umidade
do local têm a temperatura ambiente diminuída. de 20 a 90%, e uma faixa de temperatura de 0° até 50
Assim, o monitoramento feito com tempo variável (à °C. A medição de umidade tem margem de erro de
escolha do usuário), além da facilidade de controle 5%, para baixo e para cima, e a de temperatura, 2 °C,
(os parâmetros que estão sendo monitorados atingi-

81
e tem dimensões de 23mm x 12 mm x 5mm já inclu- Onde B é o número de corpos de um mecanismo
indo os terminais [9]. (Bodies), J1 o número de juntas de 1 Grau de Liber-
O software utilizado para programação foi o Arduíno dade (juntas inferiores), e J2 o número de juntas de 2
IDE, onde foi criada uma placa composta por um Graus de Liberdade (juntas superiores).
microcontrolador Atmel, circuitos de entrada/saída e
que pode ser facilmente conectada a um computador
e programada via IDE (Integrated Development 2.3 Lei de Grashof
Environment, ou Ambiente de Desenvolvimento Para o mecanismo de 4 barras, existe uma espe-
Integrado), utilizando uma linguagem baseada em cificação a ser aplicada, que permite verificar se a
C/C++, sem a necessidade de equipamentos extras barra motor pode rotacionar continuamente em torno
além de um cabo USB. Ele foi fundamental na esco- do eixo, ou se apenas oscila numa determinada am-
lha do uso do Arduino no projeto, uma vez que já é plitude. [4]
um equipamento baseado em linguagem C. Esta regra, tida como a Lei de Grashof, é enunciada
Utilizou-se também o software Fritzing, que conta da seguinte maneira: “Para mecanismos de quatro
com recursos open-source para desenvolvimento de barras que descrevem movimento plano, se a soma
diferentes hardwares. Nesse software existem diver- dos comprimentos das barras mais curta e mais com-
sos tipos de sensores, resistores, e diferentes compo- prida for inferior ou igual à soma dos comprimentos
nentes para ser montado um circuito no software das duas restantes barras, então a barra mais curta
idêntico ao que será usado na prática. Nesse caso, o pode rodar continuamente em relação às outras bar-
Fritzing foi usado não para simulação, mas para ras” [4].
montagem um esquema visual muito intuitivo visan- Matematicamente, o teorema de Grashof pode ser
do um melhor entendimento para os leitores e espec- descrito da seguinte forma:
tadores do projeto.
S + L <= P + Q
2.1 Mecanismos Onde S é o comprimento do elo menor (Small), L o
Um mecanismo pode ser descrito como um con- comprimento elo maio (Large), e P e Q o compri-
junto de elementos de máquinas acoplados de forma mento dos elos remanescentes [4].
a produzir um movimento específico. Estes podem As condições do Grashof determinarão o tipo de
ser categorizados conforme sua aplicação, onde o movimento com base na posição e comprimento dos
foco tomado por este artigo consiste em mecanismos links no mecanismo [6]. Assim, verificando os valo-
de elementos mecânicos. Nesta categoria de análise, res de S e L, os tipos diferentes de mecanismos aten-
também pode ser subdividida de uma maneira geral dem o critério acima são mostrados na Figura 1.
em: Mecanismos de movimento uniforme e meca-
nismos de movimento periódico, que compõem os
mecanismos de barras. [3]
Os mecanismos de movimento periódico fazem parte
integrante de uma máquina, e não são previamente
fabricados por atenderem exigências específicas para
cada projeto, variando de caso a caso. Destaca-se
neste caso o mecanismo de 4 barras, por ser o mais
utilizado, devido a sua simplicidade e robustez. Figura 1 - Mecanismos de 4 barras para diferentes aplicações de
medidas.[5]
Nos mecanismos, cada componente que transmite
forças ou movimentos são denominados por links Para medidas onde S + L > P + Q, a Lei de Grashof
(ligações), e para que o movimento seja transmitido não se aplica, pois nenhuma barra tem movimento
os elementos devem ser ligados entre si. O grupo de livre para rotacionar em torno do eixo.
elementos que mantém contato entre as diversas
barras de um mecanismo é chamado de junta. [3]
3 Materiais e métodos

2.2 Graus de Liberdade


3.1 Materiais do mecanismo
Os graus de liberdade de um mecanismo (GDL)
podem ser representados pelo número de movimen- O material utilizado para a composição da estru-
tos de acionamento que um determinado mecanismo tura do mecanismo pode variar de acordo com as
necessita, para que a localização de suas peças seja especificações de cada projeto, dependendo do di-
completamente conhecida em relação a um referenci- mensionamento da estrutura, tais como, peso, força a
al pré-definido [3]. O número de graus de liberdades, ser suportada e resistência a agentes externos como
considerando apenas mecanismos fechados, é deter- desgaste das juntas e fatores naturais como: chuva,
minado através do critério de Grubler: sol, neve, etc.
Um material indicado para esse tipo de estrutura de
GDL = 3(B – 1) – 2J1 – J2 mecanismo é o aço.

82
3.2 Síntese do projeto do mecanismo O link motor possui um ângulo inicial de 45 graus e
final de 110 graus. Verificam-se as medidas de Gras-
A partir de um espaço pré-definido do teto de
hof do mecanismo, sendo que:
uma fábrica, deseja-se projetar um mecanismo capaz
de efetuar a abertura de uma parte do teto. Por se
tratar de um teto retrátil, o mecanismo deve realizar o S+L=P+Q
movimento de abertura e fechamento do teto man- 212+150 = 150+212
tendo-o sempre alinhado com a horizontal, conforme
a Figura 2. De modo a coincidir com o proposto para um meca-
nismo de ponto variável.
Em seguida, há a necessidade de se criar um meca-
nismo capaz de espelhar o movimento de abertura
para ambos os lados. Utilizaram-se então dois meca-
nismos manivela-balancim para realizar a transmis-
são do movimento espelhado entre os dois mecanis-
mos de ponto variável.
Figura 2 - esquema do mecanismo de ponto variável. O mecanismo manivela-balancim (Figura 5) pode ser
sintetizado de forma a ter dimensões em que o elo
Optou-se por utilizar um mecanismo de 4 barras do
motor pode possuir a metade do comprimento do elo
tipo ponto variável, uma vez que seu movimento
seguidor, já que é nele que estará o motor de passo
permite que o teto, no caso (p1 e p2), mantenham-se
responsável pelo movimento angular que dará o
alinhados com a horizontal durante o trajeto. Uma
movimento. Dessa forma, os elos motores serão
vez que s + p =L+Q, tem-se que o mecanismo apre-
como o raio do eixo do motor que rotacionará.
senta um movimento descrito pela Figura 3.

Figura 3 - movimento característico de um mecanismo de ponto Figura 5 - Esquema dos mecanismos de manivela-balancim.
variável [7].
Inicialmente, foram estipuladas as posições que o
O teto necessita de uma área estimada de 1 metros link motor assumiria, para sua dimensão, adotou-se
quadrados de abertura. Dessa forma, para realizar o 77.1 cm e seu ângulo de trajetória sendo 68 graus.
movimento horizontal do teto, projeta-se um meca- Utilizando um link seguidor, com aproximadamente
nismo de ponto variável capaz de elevar o link aco- 111,8. Desenhou-se as duas posições do link motor
plador em aproximadamente 50 centímetros. (Figura 6). Escolheu-se em seguida o ponto O4,
Projeta-se então, um mecanismo capaz de realizar o dessa forma, gira-se a linha O4O2 em um ângulo
critério de elevação, conforme Figura 4. definido de phi12, identificando-se o ponto O2’.
Gira-se a linha O4A2 no mesmo ângulo phi12 e
identifica-se o ponto A2’.
Em seguida, desenha-se dois círculos de raio igual ao
comprimento do link acoplados nos pontos A2’ e A1,
identificando a intersecção dos círculos ao ponto B1.
Obtém-se assim, o comprimento do link seguidor e o
ângulo de transmissão.

Figura 4 - Aplicação dos conceitos para Ponto Variável

A partir das medidas conforme a tabela a seguir,


obtém-se uma elevação de aproximadamente 52.37
cm, condizente com o critério estipulado.
Tabela 1 - Comprimentos mecanismo 1

Mecanismo1 Elo 1 Elo 2 Elo 3


Figura 6 - projeto do mecanismo balancim – balancim.
Comprimento (mm) 212 150 212

83
Obteve-se então os ângulos de transmissão do meca- 3.4 Métodos do projeto do sistema de controle.
nismo balancim – balancim, sendo um ângulo de
Inicialmente foram pesquisados os dados relati-
entrada de 50 graus e um ângulo de saída de 203
vos à temperatura e umidade de um ambiente de
graus para o link motor e para o link seguidor, seu
trabalho para servirem de parâmetros para a progra-
ângulo inicial é de 110 graus e se reduz para 42
mação. Segundo a ANVISA, para ambientes fecha-
graus.
dos é necessário manter uma temperatura ambiente
Tabela 2- Comprimento mecanismo 2 22º C e 25º C e umidade relativa do ar entre 40% e
Mecanismo 2 Elo 1 Elo 2 Elo 3 60% [1].
Comprimento Para o sistema de controle utilizaremos uma tempera-
111,8 350 77,71 tura de controle de 23º C e umidade relativa do ar de
(mm)
50%.
Tabela 3. Parâmetros para o controle.
Para realizar o movimento do teto retrátil, utilizará o
motor de passo programável utilizando Arduino. Teto Temperatura (º C) Umidade (%)
Depois de obtidas as medidas no CAD, simulou-se o Aberto T>25 U>=60
mecanismo no software Adams-View, para assim, Fechado T<=23 U<=50
poder encontrar e analisar os ângulos necessários
para que o movimento do mecanismo eleve uma Os valores dos parâmetros podem ser alterados para
parte do teto de uma fábrica em aproximadamente 50 controlar vários tipos de ambientes.
milímetros. Para que o mecanismo se mova de maneira adequa-
As Figura 7 e 8 demonstram o funcionamento do da, foi necessário utilizar critérios de desempenho
mecanismo no software Adams-View. para definir o ângulo de giro do motor. O projeto será
demostrado logo em seguida na parte de análise e
projeto do mecanismo. A partir de da simulação do
mecanismo obteve-se o ângulo de giro entra entre 50º
para o teto aberto e 203 º para o teto fechado.
Com os parâmetros definidos, utilizou-se o compila-
dor do Arduino para a programação do controle do
Figura 7 - Mecanismo completo fechado. sistema. Para a construção do algoritmo, alguns crité-
rios foram estabelecidos tais como:
 Dispositivo que habilita o uso do sistema e
acionamento do motor, assim como o seu tra-
vamento, para quando desejado;
 Leitura periódica dos parâmetros de tempe-
ratura e umidade do ambiente;
 Controle do acionamento do motor via vari-
ável de controle da temperatura e umidade;
Figura 8 - Mecanismo completo aberto.
 Critério de parada do motor (ângulo);
A partir do projeto do mecanismo foi definido seu  Sinalizações visuais e sonoras sobre o posi-
grau de liberdade como apresentado através do crité- cionamento do teto e sua movimentação.
rio de Grubler: A partir das definições foram montados o diagrama
de blocos e o pseudocódigo apresentados na Figura
GDL = 3*(B – 1) – 2*J1 – J2 9.
GDL = 3*(10-1) -2*13 – 0
GDL = 1

O resultado mostra que é necessário apenas 1 motor


para movimentar todo o mecanismo.

3.3 Materiais do projeto do sistema de controle.


a) Arduíno UNO
b) Sensor DTH11
c) Motor de passo ULN2003
d) Leds
e) Buzzer
f) Botão com trava 6 pinos
g) Resistores 1k
h) Jumpers
Figura 9 - Diagrama de blocos do sistema.

84
Tabela 4. Relação dos pinos de entrada e saída do Arduino.

Pinos Nome Função


8 até 11 Polos Movimentar o motor a partir
das permutações dos pinos
através das funções: direita,
esquerda e parado.
6 Buzzer Sistema de segurança que
indica visual (Led) e sono-
ramente (Buzzer) quando o
teto está em movimento. Figura 10 - Modelo do circuito de controle.
5 Sensor Responsável pela leitura e da
temperatura e umidade do
ambiente. 4 Resultados e Discussões
4 Botão Botão de segurança que
permite para a monitoração e 4.1. Análise do Mecanismo
a movimentação do teto, Pode-se assim obter uma elevação de 52.37 cen-
deixando travado. tíetros do teto, condizendo com o que fora proposto,
3 Aberto Sinalização (led) indicador já que o mecanismo está proporcional ao simulador.
da posição aberto do teto Observa-se que o eixo seguidor do balancim – balan-
2 Fechado Sinalização (led) indicador cim está acoplado ao eixo motor do mecanismo de
da posição aberto do teto ponto variável, possuindo uma angulação de 161.6
graus constante, conforme o Figura 11.
Algoritmo 1: Pseudocódigo do sistema de controle
do teto a partir da temperatura e umidade ambiente.

Inputs: Sensor, Botão.


Outputs: Polos, Aberto, Fechado.
1. Aguarda a ativação do botão de segurança para a libera-
ção da leitura de temperatura e umidade ambiente.
2. Enquanto botão acionado do
3. habilita a leitura da temperatura e umidade ambiente
4. Se sensor atingir parâmetros do Figura 11- Ângulo entre os links dos mecanismos.
5. Envia sinal de controle para o acionamento das sinaliza-
ções (aberto) ou (fechado). Como indicado na síntese do mecanismo, um dos
6. Envia sinal de controle para ativar o giro do motor até a critérios para o projeto é que o teto movido pelo
posição desejada aberto ou fechado. mecanismo de ponto variável permaneça estático ao
Fim se longo do movimento de abertura e fechamento, não
7. Se sinal de controle motor ativo do rotacionando em relação ao seu eixo. Para isso foi
8. Verifica a posição do motor. medido a velocidade angular do teto. Para que o
9. Se posição for contrária ao sinal, habilita o giro do critério seja atendido, a sua velocidade angular tem
motor para posição indicada pelo sinal de controle. que permanecer em zero durante todo o movimento,
10. Ativa a sinalização de segurança para movimentação conforme demonstrado na Figura 12.
do motor.
11. Se motor atingir estado indicado pelo controle do
12. Aguarda até próximo sinal de controle gerado pelo
sensor de temperatura e umidade.
Fim Se.
Fim Se.
Fim Enquanto.

As funções chamadas (esquerda, direita e parado) são


responsáveis pelo movimento do motor de passo. Figura 12 - Velocidade angular do teto durante o movimento.
Elas atuam acionando ou não os imãs do motor para
Para o mecanismo balancim – balancim verificou-se
que o movimento seja horário (direita), anti-horário
a angulação inicial e final do link motor, no caso, o
(esquerda) ou para que o motor fique parado (para-
motor de passo é acoplado ao link de menor compri-
do).
mento, sua angulação é coerente com o projetado,
Após a criação do código um protótipo foi desenvol- conforme a Figura 13.
vido no software Fritzing demonstrado na Figura 10
a fim de organizar a montagem do protótipo real:

85
Figura 13 - Ângulo inicial e final do link motor.

Para o link seguidor, obteve-se um resultado condi- Figura 17 - Magnitude da força na junta entre o link seguidor e o
zente com o projetado (Figura 14). acoplador.

Figura 14 - Ângulo inicial e final do link seguidor.


Figura 18 - Magnitude da força na junta entre o link acoplador e
Para o mecanismo de ponto variável responsável pela motor.
abertura e fechamento do teto, obtiveram-se os se-
guintes ângulos para seu link motor e seguidor, já
que eles são projetados para possuírem a mesma
angulação (Figura 15).

Figura 19 - Magnitude da força na junta entre o link seguidor e o


solo.

Figura 15 - Ângulo inicial e final dos links motor e seguidor do


mecanismo de ponto variável.

Observa-se que o critério dos ângulos estipulados no


projeto foram mantidos, dessa forma, obteve-se o
ângulo de transmissão do mecanismo balancim –
balancim [8].(Figura 16)
Figura 20 - Magnitude da força na junta que liga os dois mecanis-
mos.
Dessa forma, obteve-se a magnitude das forças apli-
cadas nas juntas do mecanismo balancim – balancim:

Figura 16 - Ângulo de transmissão do mecanismos balancim –


balancim.

Tem-se que o ângulo de transmissão do mecanismo


balancim – balancim é satisfatório, uma vez que ele
permanece entre 55 graus e 67 graus. Para que o
ângulo de transmissão seja satisfatório ele deve estar Figura 21 - Magnitude da força na junto do motor.
entre 40 e 140 graus.
Cada link do mecanismo possui massa de 5 kg, dessa
forma, a parte referente ao teto, constituída pelo link
acoplador e um link fixo a ele, possuem 10 kg.
A seguir, foram realizadas as medições das forças
nas juntas e o torque presente no motor.
Obteve-se assim, o seguinte gráfico para as forças
nas juntas do mecanismo de ponto variável. Figura 22 - Magnitude da força na junta do link acoplador e motor.

86
tura de dados feita a cada 10 minutos, simulando a
operação real do sistema obtendo a Tabela 5.
Tabela 5. Análise da temperatura e umidade do galpão.
Tempo Temperatura Umidade
(min) (º C) (%) Estado Teto
09:00 18 68 ABERTO
09:10 19 65 ABERTO
Figura 23 - Magnitude da força na junta do link seguidor e acopla-
dor. 09:20 19 64 ABERTO
A partir do mecanismo, obteve-se a magnitude do 09:30 20 65 ABERTO
torque desempenhado pelo motor para realizar o 09:40 21 60 ABERTO
movimento do teto. 09:50 21 58 FECHADO
10:00 22 53 FECHADO
10:10 23 52 FECHADO
10:20 23 50 FECHADO
10:30 22 50 FECHADO
10:40 23 49 FECHADO
10:50 23 43 FECHADO
11:00 24 40 FECHADO
Figura 24 - Magnitude do torque do motor. 11:10 24 45 FECHADO
11:20 23 46 FECHADO
11:30 24 44 FECHADO
4.2 Análise do sistema em ambiente controlado
11:40 24 40 FECHADO
Para validar o código e a montagem experimen- 11:50 25 38 FECHADO
tal foram analisadas as informações mostradas no 12:00 26 35 ABERTO
Serial Plotter do Arduino em um ambiente controla-
do, no intuito de verificar se o equipamento apresenta Segundo a leitura do sensor e atuação do sistema, foi
funcionamento adequado antes de aplica-lo em am- observada a atuação correta do sistema de controle,
biente real. atuou dentro dos parâmetros vigentes na programa-
A interface gráfica mostra os resultados obtidos das ção. Os dados foram sintetizados no gráfico da Figu-
leituras do sensor, afim de demostrar a variação da ra 26, que demonstra a variação de temperatura e
temperatura e umidade pelo tempo, como mostrado umidade lida pelo sensor durante um período de 3
na Figura 25. horas em um galpão de estoque, onde o sistema fina-
lizado foi empregado.

Figura 25 - Variação da temperatura e umidade em relação ao


tempo e abertura por temperatura.

Para o gráfico da Figura 26, a abertura do teto foi


devido ao pico de temperatura para 26 ºC, já que a
umidade teve um pico de apenas 34%, sendo insufi-
ciente para abertura segundo os parâmetros. A umi-
dade está representada em vermelho e a porcentagem Figura 26 - Gráfico da temperatura e umidade do galpão.
e a temperatura em azul em célsius. As colunas azuis representam as temperaturas em
graus célsius captadas a cada 5 minutos pelo sensor,
4.3 Análise do sistema em ambiente experimental seu valor numérico está representado no topo de cada
coluna, já a linha laranja representa a umidade relati-
Após a análise inicial dos dados obtidos em am- va do ar em porcentagem, seus valores numéricos
biente controlado, o equipamento foi deixado em um também estão representados na linha para cada uni-
galpão de estoque em um período de 3 horas de cap- dade de tempo.

87
5 Conclusão

Com base em todos os dados e resultados apre-


sentados, pode-se concluir que as simulações pelo
software Adams-View foram condizentes com o
mecanismo experimental, conforme visualizado com
os ângulos plotados. O ângulo de transmissão simu-
lado e experimental também compôs um valor satis-
fatório segundo os parâmetros analisados.
Pode-se encontrar o torque do motor e as forças nas
juntas por meio dos gráficos e simulações, tendo-se
valor base para determinar o tipo de motor a se em-
pregado no experimento.
Desta forma, verifica-se que o experimento realizado
foi condizente com o simulado, sendo passível de
implementação em um ambiente de trabalho fechado,
e certamente auxiliando na qualidade de vida do
trabalhador. Um recurso de simples aplicação, fácil
acesso e impactando positivamente o mercado.

Agradecimentos
Agradecemos a UNESP por nos proporcionar os
equipamentos e estrutura necessários e a todos os
membros envolvidos no desenvolvimento do projeto.
Agradecemos aos professores Mauricio Becerra
Vargas e Marilza Antunes de Lemos pelo auxílio na
composição teórica do projeto e pelos conhecimentos
passados à equipe, ocasionando a interdisciplinarida-
de das disciplinas.

Referências Bibliográficas
[1] - Resolução - RE nº 9, de 16 de janeiro de 2003 –
Anvisa - RE/ANVISA nº 176, de 24 de outubro
de 2000 - Padrões Referenciais de Qualidade do
Ar Interior em Ambientes Climatizados
Artificialmente de Uso Público e Coletivo.
[2] - LEI Nº 6.514, DE 22 DE DEZEMBRO DE
1977, casa civil. – Cap V, da segurança e da
medicina no trabalho.
[3] Grillo, N. L. Mecanismos: Elementos de
Cinemática e Dinâmica.
[4] Inácio, G. R. Mecanismos e Dinâmicas de
Máquinas. Curso Superior em Tecnologia
Mecatrônica Industrial, Instituto Federal de
Santa Catarina.
[5] Figura:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Linka
ge_four_bar.svg
[6] Fisher, F. Analysis of a 4 Bar Cranck-Rocker
Mechanism Using Solidworks Motion. Stevens
Institute of Technology.
[7] Prada, J. C. G., Sisamón, C. C., Alonso H. R.
Problemas Resueltos de Teoría de Máquinas y
Mecanismos.
[8] Cambraia, H. N. Mecanismos. Universidade
Federal do Paraná.
[9] D-Robotics. DHT11 Humidity & Temperature
Sensor.

88
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

ACIONAMENTO DE UM ROBÔ CARTESIANO ELETROPNEUMÁTICO COM CLP ATRAVÉS DO


MÉTODO DA CADEIA ESTACIONÁRIA

JEFFERSON A. DIAS

UNESP – Universidade Estadual Paulista - Instituto de Ciência e Tecnologia – Campus Sorocaba – SP


Avenida Três de Março, 511, Alto da Boa Vista, CEP: 18.087-180, Sorocaba – SP
E-mail: jeffdias2000@yahoo.com.br

Resumo Este artigo tem como objetivo descrever de forma detalhada o acionamento de um robô cartesiano constituído de três
graus de liberdade (X, Y e Z), eletropneumático, utilizando o Controlador Lógico Programável – CLP, cuja programação é feita
através do método da cadeia estacionária. A montagem virtual do circuito foi efetuada através do software FluidSIM da empresa
FESTO e após validação da simulação, montada em ambiente educacional no laboratório de circuitos eletropneumáticos, possibi-
litando a visualização da teoria sendo aplicada na prática para fixação de conceitos.

Palavras-chave Automação Eletropneumática, Robô Cartesiano, Pick and Place, CLP.

1 Introdução Contribuir para o engrandecimento intelectual dos


estudantes do curso de engenharia de controle e au-
tomação do Instituto de Ciência e Tecnologia da
Devido ao avanço tecnológico, as indústrias con-
UNESP – Campus Sorocaba e demais escolas técni-
seguem produzir cada vez mais em menos tempo,
cas, faculdades e universidades interessadas.
garantindo a qualidade e confiabilidade de seus pro-
dutos. A qualificação da mão de obra para a inserção
dessas novas tecnologias nas indústrias, são realiza- 3 Metodologia
das através de escolas de curso técnico, ensino supe-
rior e pós-graduação, pois o objetivo principal é O uso do método da cadeia estacionária permite
reduzir o índice de acidentes que causam sequelas ao a resolução de comandos para uma sequência de
ser humano com o passar do tempo na execução do movimentos de maneira simples e sistemática, inde-
seu trabalho, como perda de audição, lesões por pendente do tipo de sequência.
esforços repetitivos, comprometimento da visão, no
Todos os atuadores utilizados neste projeto possuem
caso de áreas de soldagem do tipo ponto a ponto ou
êmbolos magnéticos e dois sensores magnéticos em
eletrodo revestido, etc. Locais da indústria em que
cada atuador, para indicar que o atuador estará na
isso possa vir a ocorrer, estão substituindo o ser hu-
posição avançado ou recuado. O acionamento desses
mano por robôs, assim, além da empresa não ter
atuadores ocorrerá através de válvulas direcionais de
perdas com produtividade devido ao funcionário
duas posições e cinco vias, com acionamento por
estar afastado por motivos de doença, é possível
simples solenoide e retorno por mola. A pressão de
garantir a qualidade do produto. Sendo assim, escolas
trabalho adotada para fins industriais e/ou didáticos é
e universidades vem ministrando conceitos e conhe-
de 6 bar.
cimentos sobre a robótica, que de certa forma, os
molda para o futuro. Diante dessa visão, este artigo
apresenta a elaboração de um projeto, simulação e 3.1 O Robô Cartesiano
montagem de um robô cartesiano através de um
sistema de automação flexível, utilizando o Contro- A Figura 1 apresenta a vista superior de um robô
lador Lógico Programável – CLP, sendo muito eficaz cartesiano e suas respectivas legendas.
com o método da cadeia estacionária.

2 Objetivo

Apresentar o projeto de um robô cartesiano


composto por três graus de liberdade e uma ventosa
como ferramenta de locomoção de peças através da
geração de vácuo.
Proporcionar ao interessado, uma metodologia eficaz
de acionamento de uma robô cartesiano do tipo ele-
Figura 1. Vista superior do Robô Cartesiano.
tropneumático com CLP, através do método da ca-
deia estacionária.
Instigar o aluno a desenvolver projetos de simulação Simbologia utilizada na Figura 1:
de um robô cartesiano através do software Flui-
dSIM–P (pneumática) da empresa FESTO.

89
Além da simbologia, as setas indicam o caminho a 4 Elaboração dos Circuitos
ser percorrido para que o robô pegue a peça através
de uma ventosa na extremidade do atuador Z em um
local e a deixe em outro local respectivamente pré- 4.1 Circuito Pneumático
determinado. Para que o funcionamento do robô cartesiano
A posição inicial dos atuadores X, Y e Z é totalmente ocorresse, foi necessário o desenvolvimento de dois
recuado e o vácuo desligado. circuitos independentes, ou seja, um circuito pneu-
Através da Figura 1, é possível definir o trajeto passo mático e um circuito elétrico junto ao CLP. Apesar
de forma aritmética, que é a forma representativa do de serem montados de forma independente, o acio-
funcionamento do circuito elétrico após ser acionado namento ocorre de forma dependente, ou seja, o
através do botão B1. acionamento foi feito pelo circuito elétrico junto à
programação enquanto que o trabalho foi realizado
Y+ (Z+V+) Z- Y- X+ Y+ Z+ (Z-V-) Y- X- pelo circuito pneumático.
A Figura 3 apresenta o diagrama pneumático.
A letra acompanhada de um sinal (+) indica o avanço
do atuador correspondente a letra, enquanto que a
letra com o sinal (-) indica o retorno ou recuo do
atuador correspondente a letra.
Neste processo, o que determina o acionamento dos
passos conforme a sequência, são os sensores magné-
ticos, inseridos nas extremidades do êmbolo de cada
atuador. Devido a isso, outra maneira eficaz de vi-
sualizar o funcionamento circuito é através do gráfi-
co do trajeto passo.
A Figura 2 apresenta o gráfico do trajeto passo. Figura 3. Diagrama pneumático.

Entre os atuadores e as válvulas direcionais de duas


posições, cinco vias, com acionamento por simples
solenoide e retorno por mola, foram inseridas, válvu-
las reguladoras de fluxo unidirecionais, cujo objetivo
é controlar a velocidade com a qual os atuadores
pneumáticos avançam e/ou recuam.
A válvula direcional SV da Figura 3 apresenta um
tampão na conexão 2, isso é utilizado para adaptar
uma válvula direcional de 5/2 vias para trabalhar
como uma válvula direcional 3/2 vias. É uma aplica-
ção muito realizada na indústria.
A estrutura de montagem do robô cartesiano não foi
Figura 2. Gráfico do trajeto passo. listada tendo em fim que, didaticamente, a mesma é
montada em bancada específica da FESTO, no labo-
As letras X, Y, Z e V na posição vertical são respec- ratório de Circuitos Hidráulicos e Pneumáticos –
tivamente os atuadores e a válvula geradora de vá- CHP do Instituto de Ciência e Tecnologia da Univer-
cuo, e, cada atuador, conforme a Figura 3, contém sidade Estadual Paulista – UNESP campus Sorocaba,
dois sensores sendo um para indicar que o mesmo ou em qualquer outra instituição de ensino que con-
está totalmente recuado enquanto que o outro indica tenham tais equipamentos como no laboratório do
que o mesmo está totalmente avançado. SENAI e da Universidade de Sorocaba - UNISO, por
Através da Figura 2 foi possível observar que, na exemplo.
linha referente aos acionamentos da válvula geradora A Tabela 1 apresenta a relação de componentes utili-
de vácuo, possui sensores do atuador Z, isso ocorre zados para a elaboração do diagrama pneumático da
porque a válvula geradora de vácuo, para este caso, Figura 3. A Figura 4 apresenta o robô cartesiano
não possui sensor e será acionado em função do montado fisicamente conforme a Figura 3 e a lista de
atuador Z. É possível observar também que, o passo componentes da Tabela 1.
inicial ocorre através do acionamento do botão B1 e
os demais passos, ocorrerão através do acionamento
dos respectivos sensores magnéticos.
Após a definição da vista superior com as setas indi-
cando o respectivo trajeto em que o robô cartesiano
deverá percorrer, juntamente com o trajeto passo e o
gráfico do trajeto passo, foi possível elaborar o de-
senvolvimento do projeto proposto.
A Seção 4 apresenta o desenvolvimento dos circuitos
Figura 4. Robô Cartesiano
referentes a este robô cartesiano.

90
Tabela 1 – Relação dos componentes pneumáticos.

Item Descrição Qtde


01 Compressor ou ponto de pressão de ar com- 01
primido.
02 Unidade de conservação de ar comprimido 01
03 Válvula direcional de duas posições e cinco 04
vias, acionamento elétrico por simples sole-
noide e retorno por mola.
04 Válvula reguladora de fluxo unidirecional 06
05 Atuador linear pneumático, de dupla ação, 01
sem haste, com êmbolo magnético e acopla-
mento mecânico
06 Atuador linear pneumático de dupla ação com 02
êmbolo magnético, amortecimento no avanço
e no retorno.
07 Válvula geradora de vácuo 01
08 Ventosa 01
09 Sensor magnético 06
10 Silenciador 09
11 Conexão tipo T 03
12 Mangueira pneumática 15m
13 Tampão 01

4.2 Circuito Elétrico


Figura 5. Circuito Elétrico com CLP.
Após montar completamente o circuito pneumá-
tico, a próxima etapa foi elaborar o circuito elétrico Com a utilização do CLP, é possível efetuar a pro-
com o CLP. gramação de diversas formas diferentes para que o
A Legenda 2 apresenta as siglas correspondentes a robô cartesiano efetue uma dada tarefa. Neste caso,
cada dispositivo utilizado para este circuito. estaremos seguindo o trajeto passo, porém, caso seja
necessário efetuar um outro trajeto passo diferente,
não há necessidade de alterar nada da instalação
Legenda 2:
elétrica com CLP ou da instalação pneumática. Tudo
Entradas o que deverá ser feito é altera a programação do
B0 = Botão Desliga
B1 = Botão Liga
CLP.
SXR = Sensor do atuador “X” na posição recuado
SXA = Sensor do atuador “X” na posição avançado
SYR = Sensor do atuador “Y” na posição recuado 4.3 CLP
SYA = Sensor do atuador “Y” na posição avançado Os CLPs são equipamentos eletrônicos de última
SZR = Sensor do atuador “Z” na posição recuado
geração, utilizados em sistemas de automação flexí-
SZA = Sensor do atuador “Z” na posição avançado
vel, pois permitem desenvolver e alterar facilmente a
lógica para o acionamento dos periféricos de saída
Saídas em função dos periféricos de entrada. Dessa forma,
SX = Solenoide do atuador “X”
SY = Solenoide do Atuador “Y”
podemos associar diversos sinais de entrada para
SZ = Solenoide do Atuador “Z” controlar diversas cargas ligadas em pontos de saída.
SV = Solenoide da válvula geradora de vácuo Atualmente, é impossível falar de automação de
controle de processos sem mencionar os CLP. Devi-
Após a definição da legenda dos respectivos disposi- do à evolução dos microprocessadores, os CLP apre-
tivos que compõe o circuito elétrico com o CLP, o sentam hoje uma enorme variedade de recursos,
software FluidSIM-P da empresa FESTO, permite podendo ser aplicados nas mais diversas situações,
montar, configurar e simular circuitos de automação, desde aplicações de controle discreto onde estão
de forma a garantir a funcionalidade do circuito, envolvidos apenas sinais digitais (0 ou 1), até aplica-
antes de efetuar a compra dos materiais necessários ções de controle contínuo onde há aquisição e emis-
para a montagem física. são de sinais analógicos. Além disso, podemos desta-
A Figura 5 apresenta o circuito elétrico utilizando o car as características positivas dos CLP, tais como:
CLP. gerenciamento remoto através de rede de dados,
Através da Figura 5, é possível observar que, con- ferramentas de supervisão e diagnóstico, durabilida-
forme a Legenda 2, foram conectados os periféricos de e flexibilidade. Todas essas características fizeram
de entrada na parte superior enquanto que os perifé- dos CLP equipamentos indispensáveis no controle de
ricos de saída foram conectados na parte inferior. processos industriais.
A utilização do método da cadeia estacionária para
essa programação, foi utilizada através da Equação
(1).
𝑛𝑚 = 𝑛𝑝 + 1 (1)

91
onde:
𝑛𝑟 = número de memórias
𝑛𝑝 = número de passos

O CLP adotado para essa simulação integrada foi o


Simatic Manager Step7-300 da empresa SIEMENS.
A linguagem de programação adotada para esse pro-
jeto foi a LADDER por ser a mais utilizada no ambi-
Figura 10. Network 5.
ente didático e industrial.
A Figura 6 apresenta o ambiente de programação do
software Simatic Manager Step7-300 com a primeira
linha de programação em LADDER, chamada pelo
software de Network 1.

Figura 11. Network 6.

Figura 12. Network 7.


Figura 6. Ambiente de programação com a Network 1.

As Figuras de 7 a 20 apresentam a sequencia de


Networks necessárias para a conclusão da programa-
ção do robô cartesiano.

Figura 13. Network 8.

Figura 7. Network 2.

Figura 14. Network 9.

Figura 8. Network 3.

Figura 15. Network 10.

Figura 9. Network 4.

Figura 16. Network 11.

92
rar que a memória de K4 seja acionada após acionada
a memória de K3.
Após acionar o sensor SZR, energizará a memória de
K4 que abrirá o contato NF de K4 na Network 13,
desligando a solenoide SY, fazendo com que o atua-
dor Y recue e também, fechando os contatos NA da
Figura 17. Network 12. Network 4, cuja função é selar o sensor SZR para
que a memória de K4 não seja desligada e, na
Network 5, cuja função é assegurar que a memória
de K5 seja acionada após acionada a bobina de K4.
Após acionar o sensor SYR, energizará a memória de
K5 que fechará os contatos NA da Network 5, cuja
função é selar o sensor SYR para que a memória de
K5 não seja desligada, na Network 6, cuja função é
assegurar que a memória de K6 seja acionada após
acionada a memória de K5 e também, na Network 12
Figura 18. Network 13. cuja função é acionar a solenoide SX fazendo com
que o atuador X avance.
Após acionar o sensor SXA, energizará a memória de
K6 que fechará os contatos NA da Network 6, cuja
função é selar o sensor SXA para que a memória de
K6 não seja desligada, na Network 7, cuja função é
assegurar que a memória de K7 seja acionada após
acionada a memória de K5 e também, a Network 13
cuja função é acionar a solenoide SY fazendo com
que o atuador Y avance novamente.
Figura 19. Network 14. Após acionar o sensor SYA, energizará a memória de
K7 que fechará os contatos NA da Network 7, cuja
função é selar o sensor SYA para que a memória de
K7 não seja desligada, na Network 8, cuja função é
assegurar que a memória de K8 seja acionada após
acionada a memória de K7 e também, a Network 14
cuja função é acionar a solenoide SZ fazendo com
que o atuador Z avance novamente para colocar a
Figura 20. Network 15. peça no recipiente.
Após acionar o sensor SZA, energizará a memória de
Ao pressionar o botão B1, energizará a memória de K8 que abrirá os contatos NF da Network 14, cuja
K1 que fechará todos os contatos normalmente aber- função é desligar a solenoide SZ, fazendo com que o
to (N.A.) que está em paralelo com o botão B1, cuja atuador Z retorne na sua posição inicial, na Network
função é selar, ou seja, manter o circuito energizado 15, desligando a solenoide SV desligando a válvula
e na Network 2, cuja função é assegurar que a memó- geradora de vácuo simultaneamente, deixando a peça
ria de K2 somente será acionada após o acionamento no local conforme Figura 4 e, fechará os contatos NA
de K1 e na Network 13, cuja função é acionar a sole- da Network 8, cuja função é selar o sensor SZA para
noide SY respectivamente, avançando o atuador Y. que a memória de K8 não seja desligada, na Network
Após acionar o sensor SYA, energizará a memória de 9, cuja função é assegurar que a memória de K9 seja
K2, que fechará todos os contatos NA que está em acionada após acionada a memória de K8 respecti-
paralelo com o sensor SYA, cuja função é selar o vamente.
sensor SYA para que a memória de K2 não seja Após acionar o sensor SZR, energizará a memória de
desligada, Network 3, cuja função é assegurar que a K9 que abrirá o contato NF da Network 13, cuja
memória de K3 seja energizada após acionada a função é desligar a solenoide SY, fazendo com que o
memória de K2, na Network 14 cuja função é acionar atuador Y retorne na sua posição inicial e, fechará os
a solenoide SZ e, na Network 15 cuja função é acio- contatos NA da Network 9, cuja função é selar o
nar a solenoide SV, avançando o atuador Z e ligando sensor SZR para que a memória de K9 não seja des-
a válvula geradora de vácuo simultaneamente. ligada, na Network 10, cuja função é assegurar que a
Após acionar o sensor SZA, energizará a memória de memória de K10 seja acionada após acionada a me-
K3 que abrirá o contato normalmente fechado (NF) mória de K9 respectivamente.
de K3 na Network 14, desligando a solenoide SZ, Após acionar o sensor SYR, energizará a memória de
fazendo com que o atuador Z recue e também, fe- K10 que abrirá o contato NF da Network 12, cuja
chando os contatos NA da Network 3, cuja função é função é desligar a solenoide SX, fazendo com que o
selar o sensor SZA para que a memória de K3 não atuador X retorne na sua posição inicial e, fechará os
seja desligada e, na Network 4, cuja função é assegu- contatos NA da Network 10, cuja função é selar o

93
sensor SYR para que a memória de K10 não seja 5 Conclusão
desligada, Network 11, cuja função é assegurar que a
memória de K11 seja acionada após acionada a me- Através dos circuitos apresentados, foi possível
mória de K10 respectivamente. simular, montar e efetuar o deslocamento de uma
Nesse momento, todas as memória, ou seja, de k1 a peça de um local para outro, de forma pré-
K11 estarão energizadas e todas as solenoides estarão determinada, através de um robô cartesiano eletrop-
desligadas. neumático com CLP, cuja programação foi feita
Após acionar o sensor SXR, energizará a memória de através da utilização do método da cadeia estacioná-
K11 que fechará o contato NA da Network 11, cuja ria, objetivando uma forma eficaz no processo de
função é selar o sensor SXR para que a memória de automação através de robô.
K11 não seja desligada e, abrirá o contato NF da Caso haja mudança do local de retirada da peça e/ ou
Network 1, cuja função é desligar a memória de K1, local de destino da mesma, será necessário confecci-
que desliga a memória de K2, que desliga a memória onar apenas outra programação, pois o mesmo é
de K3, que desliga a memória de K4, que desliga a considerado um sistema flexível de automação, en-
memória de K5, que desliga a memória de K6, que quanto que o circuito elétrico e o circuito pneumático
desliga a memória de K7, que desliga a memória de permanecem os mesmos.
K8, que desliga a memória de K9, que desliga a Através do trajeto passo e gráfico do trajeto passo,
memória de K10, que desliga a memória de K11, foi possível montar o diagrama pneumático e elétrico
retornando a posição inicial, ou seja, circuito elétrico com CLP, bem como suas respectivas listas de mate-
desligado, os atuadores X, Y e Z recuados e o vácuo riais necessários para o êxito.
desligado, dando condição para que o circuito seja O software FluidSIM-P da empresa FESTO, permite
acionado novamente sendo que para isso, basta que o montar, configurar e simular circuitos de automação,
botão B1 seja acionado novamente. de forma a garantir a funcionalidade do circuito,
Durante funcionamento do projeto, independente de antes de efetuar a compra dos materiais necessários
quantas memórias ou solenoides estejam acionadas, para a montagem prática.
se o botão B0 for pressionado, todo o circuito será
desligado e os atuadores retornarão em suas respecti-
vas condições iniciais, ou seja, todos os atuadores na Referências Bibliográficas
posição recuado e o vácuo desligado.
Apesar do circuito elétrico apresentar os contatos dos BASTOS FILHO, Teodiano Freire; FERRARI, Av
sensores SXR, SYR e SYR respectivamente na posi- Fernando. Aplicação de Robôs nas Indústrias.
ção recuado, os mesmos são ligados nos contatos Vitória, ES: Universidade federal do Espírito
NA, por isso estão identificados com os números 3 e Santo, 1999.
4 nos contatos respectivamente. A Figura 5 nas li- CRAIG, John J. Introduction to robotics: mechanics
nhas 3, 5, e 7 respectivamente apresentam os conta- and control. Upper Saddle River: Pearson
tos NA acionados devido ao circuito pneumático Prentice Hall, 2005.
estar na posição inicial, conforme a Figura 3. DIDATIC, FESTO. Técnicas de automação
A Tabela 2 apresenta a relação de componentes elé- industrial– I. Festo Didatic. São Paulo, 2001.
tricos necessários para a montagem deste projeto. DIDATIC, FESTO. Técnicas e aplicação de
comandos eletropneumáticos. Festo Didatic. São
Tabela 2 – Relação dos componentes elétricos Paulo, 2001.
Item Descrição Qtde
DIDATIC, FESTO. Projetos de sistemas
01 Fonte de alimentação bivolt com saída 01
pneumáticos. Festo Didatic KG. Esslingen,
24VCC, 10 A 1982.
02 Botão com trava, vermelho, tipo cogumelo, 01 FIALHO, Arivelto Bustamante. Automação
com 1 contato NF pneumática: projetos, dimensionamento e análise
03 Botão pulsante, retorno por mola, verde, com 01 de circuitos. Érica, 2009.
1 contato NA (B1)
ROMANO, Vitor Ferreira; DUTRA, Max Suell.
04 Sensor magnético 06
Introdução a robótica industrial. Robótica
05 CLP contendo ao menos 8 entradas e 4 saídas 01
06 Válvula solenóide 04
Industrial–Aplicação na Indústria de
07 Cabo de 1,5mm2 vermelho (m) 08 Manufaturas e de Processos, v. 1, 2002.
08 Cabo de 1,5mm2 azul (m) 04 RIOS, Claudio F.; GUIMARÃES, Gil E. Robô
09 Cabo de 1,5mm2 preto (m) 12 Pneumático, uma alternativa econômica para a
automação industrial.
A Tabela 2 tem o objetivo de proporcionar a compra DA SILVEIRA, Paulo Rogério; DOS SANTOS,
da quantidade correta de componentes elétricos. Caso Winderson Eugenio. Automação e controle
estes dados não sejam seguidos corretamente, poderá discreto. Érica, 2004.
implicar na montagem incorreta do mesmo, ocasio-
nando em um erro de projeto, impossibilitando sua
conclusão.

94
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

PROJETO INTEGRADOR COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM


NO CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO:
CONTROLE PID EMBARCADO PARA UM SISTEMA DE VENTILAÇÃO

HEITOR F. S. DE OLIVEIRA, VINÍCIUS R. DE SOUSA, EVERSON MARTINS, MARILZA A. DE LEMOS

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
18087-180, Sorocaba, SP, Brasil
E-mails: heitorsimioni@gmail.com, v.rsousa@yahoo.com,
everson@sorocaba.unesp.br, marilzadelemos@gmail.com,

Resumo Uma das técnicas mais utilizadas de controle mais utilizadas em nível industrial é o controle PID. Neste trabalho, uti-
lizando os conhecimentos aprendidos nas disciplinas de programação, eletrônica e controle, foi desenvolvido de controle PID de
um sistema de ventilação, composto por um cooler (motor DC de 12V) e um sensor de temperatura LM35. Para o acionamento
do motor, foi utilizada a saída PWM do Arduino, que teve o sinal amplificado, acionando um transistor MOSFET, que aumentou
a corrente no motor. Os parâmetros de ganho para o controle foram calculados utilizando o método da malha aberta de Ziegler
Nichols. Após ajustes nas variáveis do controlador foi possível encontrar uma oscilação satisfatória em torno de um ponto de ve-
locidade do motor, não produzindo picos de tensão no sistema.

Palavras-chave Controle, PID, motor, PWM, temperatura, MOSFET.

1 Introdução 1.1 Objetivos

Com a constante evolução dos métodos e concei- Desenvolver um sistema de aquisição de dados
tos utilizados nos cursos da área de ciência e tecno- microprocessado que receba um valor de temperatu-
logia, tem-se, cada vez mais, a necessidade da im- ra de um sensor e, utilizando controle PID da planta
plementação de modelos experimentais relacionados (composta pelo motor DC e o sensor), faça a regula-
ao conteúdo ministrado em sala de aula. Uma das ção do sinal de tensão PWM enviado a um air-
formas reside no uso de simuladores onde modelos e cooler, sistema composto por um ventilador e um
programas podem ser criados e testados de forma a motor DC de 12 V, aumentando ou diminuindo a
confirmar os fundamentos teóricos aprendidos. Ao refrigeração do ambiente ou dispositivo acoplado, de
mesmo tempo, deve-se fornecer ao aluno a oportuni- forma a manter a temperatura em um nível aceitável.
dade de compreender e experimentar como cada uma
das áreas de estudo no curso se relacionam e formam
um sistema. No caso de um curso de engenharia de 2 Fundamentos Teóricos
controle e automação é imprescindível que o aluno
adquira conhecimentos das áreas de elétrica, eletrô- Um projeto integrador está fundamentado na in-
nica, mecânica, programação, controle, sistemas terdisciplinaridade de áreas diversas de conhecimen-
microprocessados e industriais, entre outras, e saiba to. A Figura 1 apresenta as principais áreas de co-
como estas se relacionam para que seja projetado um nhecimento integradas no trabalho descrito neste
sistema de automação, por exemplo. artigo. A representação sequencial na Figura 1 coin-
Nesse contexto, este projeto propõe a construção de cide com a sequência em que as disciplinas são mi-
um modelo experimental de um controlador PID nistradas no curso de engenharia de controle e auto-
(proporcional integral derivativo) de um sistema de mação do ICTS/UNESP Sorocaba.
ventilação. O projeto inclui, principalmente, os co-
nhecimentos adquiridos nas áreas de elétrica, eletrô- Sistemas
Digitais
nica, controle e sistemas microprocessados, garantin-
do ao aluno uma visão interdisciplinar em relação ao
curso de Engenharia de Controle e Automação. Programação
Sistemas
em
Além da aplicação dos conceitos envolvidos nestas Linguagem C
Microprocessados

áreas, o projeto lida com uma situação presente no


mundo real, que é o controle de temperatura em
ambientes residenciais e industriais, e, para solucio-
ná-la, propõe o desenvolvimento de um protótipo que Teorias de Eletrônica
utiliza um método de fácil aplicação e muito utiliza- Controle
do em sistemas industriais, que é o controle digital
PID de um motor DC (OGATA, 2000). Figura 1. Áreas de Conhecimento no projeto integrador.

95
2.1 Teorias de Controle trole PID para um sinal de entrada u(t), considerando
um erro e(t) ao longo do tempo, é:
O comportamento de um sistema no domínio da
frequência pode ser descrito por sua função de trans- 1 0 𝑑𝑒(𝑡)
ferencia, uma equação típica que relaciona sua entra- 𝑢(𝑡) = 𝐾𝑃 (𝑒(𝑡) + ∫ 𝑒(𝑡)𝑑𝑡 + 𝑇𝑑 (1)
𝑇𝑖 −∞ 𝑑𝑡
da e sua saída. É empregada na análise de circuitos Para a determinação dos coeficientes Kp, Ti e Td na
eletrônicos analógicos e na teoria de controle. Consi- equação acima, deve-se utilizar um método de sinto-
derando um sistema linear invariante no tempo nização de controladores.
(LIT), a função de transferência relaciona a transfor-
mada de Laplace dos sinais de entrada com a trans-
formada de Laplace dos sinais de saída (DORF, 2.1.3 Sintonização de Controladores
2001). A escolha dos parâmetros relacionados a ação
integral, proporcional e derivativa de um controlador
2.1.1 Controle Digital PID é feita de modo que, em malha fechada, o siste-
ma apresente uma resposta oscilatória e amortecida
O ramo da teoria de controle que estuda o uso de com uma taxa de decaimento de 25%.
computadores digitais e microcontroladores para
Os métodos de sintonização de controladores de
atuar como um sistema é chamado de controle digi-
Zigler Nichols foram desenvolvidos por John G.
tal. O uso de tais sistemas de controle permitiu uma
Ziegler e Nathaniel B. Nichols de modo empírico,
precisão maior em relação aos controladores analógi-
testando diversos processos que aparesentavam res-
cos, porém, restringiu a velocidade de operação
posta semelhante em regime transitório. Há, assim,
(2013, ASSUNÇÃO). O diagrama de blocos mostra-
dois métodos para a obtenção dos ganhos do contro-
do na Figura 2 representa um sistema de controle
lador PID: o método de malha aberta e o método de
digital.
malha fechada (OGATA, 2000).

Método de Malha Aberta


Para o desenvolvimento deste método, Ziegler e
Nichols observaram que, para um grande número de
processos diferentes, quando aplicada uma entrada
em degrau (Y(s)), a resposta de malha aberta do
Figura 2. Sistema de controle digital Fonte: ASSUNÇÃO, 2013. sistema (U(s)) era apresentada equivalente a uma
forma de s. Para isso, o ganho integral deve ser zera-
Na Figura 2, r(t) representa a entrada do sistema e do e a planta não pode possuir pólos complexos con-
𝑦̂(t) é o sinal enviado pelo sensor ao processador jugados. Assim, obtendo a curva de resposta ao de-
digital, que representa uma perturbação na planta. grau, determina-se experimentalmente o valor do
Estes sinais são convertidos, gerando um sinal de ganho (K), o tempo de atraso da resposta (L) e a
erro e(t) para o cálculo da saída desejada y(t). constante de tempo (τ), como mostra a Figura 3.

2.1.2 Controle PID


Um sistema com realimentação em malha fecha-
da necessita um bloco compensador para obter a
resposta e o controle sobre a saída desejável. Assim,
é necessário a determinação de um método de con-
trole que atenda aos requisitos pretendidos pelo sis-
tema. O controlador PID de ampla utilização em
sistemas de automação possui três formas de atuação,
sendo uma destas a ação proporcional (P), que apre-
senta uma relação proporcional entre o sinal de saída Figura 3. Resposta ao degrau em malha aberta. Fonte: OGATA,
do controlador e o erro, podendo ser definida como a 2000.
amplitude de correção proporcional a amplitude do
desvio (OGATA, 2000). Assim, a função de transferência em malha
A ação integral (I) faz com que a saída do controla- aberta do sistema em questão é:
dor seja proporcional à integração do erro em relação
ao tempo, assim, a velocidade de correção do sinal é 𝑌(𝑠) 𝐾𝑒 −𝐿𝑠
𝐺(𝑠) = = (2)
proporcional à amplitude do desvio. 𝑈(𝑠) 𝜏𝑠+1

A ação derivativa (D) torna a saída do controlador


Utilizando os valores encontrados, pode-se encontrar
proporcional à velocidade da variação do erro na
os valores de Kp, Ti e Td para os controladores P, PI
entrada, podendo ser definida como a amplitude de
e PID de acordo com a tabela 1.
correção proporcional à velocidade do desvio.
(TEIXEIRA, 2006). A equação que descreve o con-

96
Tabela 1. Determinação dos ganhos através de K, L e T.

Tipo de Con- Kp Ti Td
trolador
P 𝑇 ∞ 0
𝐿
PI 𝑇 𝑇 0
0,9
𝐿 0,3
Figura 5. Ciclo ativo do sinal PWM. Fonte:
PID 𝑇 2L 0,5L
1,2 http://www.eletronica.org/arq_apostilas/apostila_pwm.pdf
𝐿

2.2 Teorias da Eletrônica 2.2.2 MOSFET


Para a execução do projeto, foi necessário O transistor MOSFET (Metal Oxide Semicondu-
aplicar os conhecimentos teóricos das disciplinas ctor Field Effect Transistor), é um dispositivo semi-
relacionadas a eletrônica, tais como modulação de condutor que se encaixa na categoria de transistor de
sinal por largura de pulso (PWM), amplificação de efeito de campo, possuindo três terminais, sendo
sinais e uso de interruptores estáticos, tais como estes o dreno (D), a fonte (S) e o gatilho (G), con-
transistores MOSFET. forme mostra a Figura 6.

2.2.1 PWM
Diversos circuitos de potência utilizam a
tecnologia PWM (Pulse Width Modulation) ou Mo-
dulação de Largura de Pulso. A maneira mais sim-
ples de controlar a potência recebida por uma carga é
inserindo uma resistência variável em série com essa,
variando, assim, a potência dissipada pelo resistor e a
Figura 6. Terminais de um transistor MOSFET. Fonte:
potência recebida pela fonte. Ao utilizar este tipo de ALLDATA.
controle, há uma alta dissipação de calor pelo resistor
quando deseja-se aplicar uma potência menor na
Assim, para uma aplicação de tensão positiva entre
carga. Com isso, o custo do projeto aumenta, uma
os terminais de porta e de fonte (VGS) que seja maior
vez que é necessário a aplicação de um resistor que
que o valor da tensão limite (valor especificado pelo
suporte altas quedas de tensão e alto fluxo de calor.
fabricante), o componente comporta-se como uma
Uma alternativa para o controle de cargas de potência resistência muito baixa, permitindo a condução de
seria utilizar uma chave que abra e feche de modo corrente. Portanto, pode-se controlar o valor de VGS
que o circuito fique ora com corrente e ora sem cor- para o aumento ou diminuição da corrente de dreno
rente, variando, assim, a potência entregue à carga. que fluirá do dispositivo para uma determinada car-
Essa é a lógica da modulação de largura de pulso, em ga, permitindo um ganho de potência para essa carga
que, se a chave fica aberta 50% do tempo, a tensão (SEDRA, 2007).
aplicada à carga é de 50% da tensão de entrada. A
O MOSFET possui três regiões de operação, ou seja,
Figura 4 mostra esta variação de tensão.
pode operar em três diferentes modos, dependendo
da tensão aplicada em seus terminais, de acordo com
a Figura 7.

Figura 4. Controle da potência entregue a carga. Fonte:


http://www.eletronica.org/arq_apostilas/apostila_pwm.pdf

Assim, o tempo em que o interruptor permanece


fechado define a largura de pulso do sinal e um in-
tervalo entre os pulsos através do tempo que perma-
nece aberto. A soma destes intervalos de tempo defi-
ne o período da onda, definindo, assim, uma frequên- Figura 7. Regiões de operação do transistor.
Fonte: http://www.electronics-tutorials.ws/transistor/tran_6.html
cia de controle da carga. O ciclo ativo do sinal modu-
lado é dado pela razão entre o tempo em que há pas-
sagem de corrente pelo período, mostrado na Figura Para a operação como um interruptor, o transistor
5. opera na região ôhmica quando está conduzindo

97
corrente, uma vez que há a aplicação de valores de entrada de tensão (VS), podendo ser alimentada na
VGS para a condução de corrente e para que a tensão faixa de 4V até 20V para seu funcionamento. Há,
entre o dreno e a fonte não seja tão alta (SEDRA, também, um terminal de tensão de saída (VOUT),
2007). sendo esta tensão linear e proporcional a escala Cel-
sius, cuja resolução é de 10mV de tensão de saída
2.2.3 Amplificador Operacional para cada 1ºC de temperatura. O terceiro terminal do
sensor é um terminal de aterramento (TEXAS
Em aplicações em que se deseja aumentar a ten- INSTRUMENTS, 2016). A Figura 9 mostra os ter-
são de entrada ou de saída de um dispostivo ou de minais do sensor LM35.
um microcontrolador, para ajustar a uma faixa de
valores aceitável por estes, são utilizados amplifica-
dores operacionais de tensão.
Este dispositivo possui dois terminais de entrada,
sendo uma entrada inversora e uma entrada não-
inversora, e um terminal de saída. Há duas topologias
de uso do amp op, sendo estas a topologia inversora,
em que o sinal de entrada é aplicado através do ter-
minal de entrada inversora, e a topologia não inver- Figura 9. Esquematização do sensor LM35. Fonte: TEXAS
sora, em que o sinal de entrada é aplicado através do INSTURMENTS, 2016.
terminal de entrada não-inversora (MALVINO,
2007). A topologia de um amplificador de tensão 2.3 Sistemas Microprocessados
não-inversor é vista na Figura 8. Para projetos sofisticados de automação, os mé-
todos teóricos da engenharia precisam ser converti-
dos em linguagens de programação para serem exe-
cutados em alguma arquitetura microprocessada.
Atualmente o mercado dispõe de uma vasta gama de
processadores desde microcontroladores de muito
baixo custo até placas processadoras de alto desem-
penho ou CLPs (Controladores Lógico Programá-
veis).
Os microcontroladores, em geral, possuem, além do
processador, uma série de circuitos adicionais que
facilitam o desenvolvimento de projetos de automa-
ção, tais como: temporizadores (timers/counters),
Figura 8. Amplificador operacional não inversor. Fonte: conversores digitais analógicos e analógicos digitais,
MALVINO, 2007. portas paralelas digitais e analógicas, portas seriais e
USB, recursos para geração de sinal PWM, entre
Além dos terminais dispostos na Figura 8, o amp-op outros. Um microcontrolador de baixo custo muito
também possui dois terminais para a aplicação de utilizado atualmente é o Atmega1280, da Atmel, por
tensões contínuas simétricas. O ganho de tensão do meio das placas denominadas Arduino.
dispositivo é dado pela equação a seguir:

𝑉𝑜𝑢𝑡 𝑅𝑓 2.3.1 Arduino Mega 2560


𝐴= = +1 (3)
𝑉𝑖𝑛 𝑅1
A placa Arduino Mega 2560 (Figura 10) pos-
A partir desta equação, pode-se definir os resistores sui recursos para prototipagem e projetos mais elabo-
que serão utilizados para o ganho de tensão desejado rados e é baseada no microcontrolador ATmega2560,
da aplicação. um microcontrolador de 8 bits de arquitetura RISC
avançada. Ele conta com 256 KB de Flash, 8 KB de
2.2.4 Sensor LM35 RAM e 4 KB de EEPROM. Chega a processar 16
MIPS (milhões de instruções por segundo), operando
Sensor é um dispositivo capaz de sentir uma de- em 16 MHz. Possui diversos periféricos que aumen-
terminado fenômeno da natureza (calor, pressão, luz, tam as possibilidades da plataforma Arduino, dentre
etc.) e converter a grandeza com a qual o fenômeno as quais se pode destacar 4 canais de comunicação
está relacionado em uma unidade de tensão ou cor- serial, 16 entradas analógicas (pinos A0 a A15), 15
rente. Um sensor muito utilizado em processos in-
saídas PWM, comunicação SPI, I2C e 6 pinos de
dustriais e em aplicações de domótica é o sensor de
interrupções externas. A placa Arduino MEGA 2560
temperatura, capaz de medir a variação de temperatu- possui ainda 54 pinos de entradas e saídas digitais
ra de um ambiente. (KILIAN, 2004). que podem ser utilizadas como entrada ou saída
Um dos sensores de temperatura mais popular é o conforme a necessidade do projeto. Os pinos operam
LM35, sendo este um circuito integrado de 3 pinos com tensão de 5V e podem fornecer ou drenar até 40
fabricado pela National Semiconductor. Este disposi- mA. Cada pino possui resistor de pull-up interno que
tivo apresenta três terminais, sendo um destes uma pode ser habilitado por software.

98
Com o hardware implementado, foi utilizado o mé-
todo de malha fechada para obtenção da função de
transferência do sistema. Para fins de simplificação,
foi considerado que todo o processo é composto pelo
cooler e pelo sensor, compondo uma única função de
transferência. O diagrama de blocos que representa o
sistema é mostrado na Figura 11.

Figura 10. Placa Arduino MEGA.

A linguagem do Arduino é DSL (Domain Specific


Language) inspirada no C/C++. O ambiente de de-
senvolvimento (IDE – Integrated Development Envi-
ronment) conta com diversas funções predefinidas,
porém existem muitas outras funções disponíveis na
literatura, acessíveis por meio de bibliotecas para con-
trole de servomotores, controle fuzzy, displays LCD,
recepção de sinais de sensores e outros dispositivos.
Desta forma, a tarefa de programação é facilitada com
instruções de alto nível antes efetuadas em baixo
nível, como a inicialização de dispositivos, registra-
dores, manipulação de I/O, etc. Em termos de
hardware, a plataforma arduino permite facilidade na Figura 11. Diagrama de blocos do sistema.
prototipação devido a existência do padrão de cone-
xão dos shields (placas complementares com funções
específicas) (Souza, 2017; Arduino, 2017). 3.2.1 Amplificação do sinal PWM
A primeira etapa do projeto consistiu em esque-
matizar e simular no ambiente MultiSim a estrutura
3 Materiais e Métodos do amplificador de tensão. Como a faixa de valores
de tensão PWM gerada pela porta analógica do Ar-
3.1 Materiais duino varia entre 0 a 5V e a tensão limite para a
polarização do MOSFET é de 4V, deve-se amplificar
Hardware o intervalo de saída da placa, de modo que, para
 Placa Arduino Mega valores baixos de sinal PWM, como 2,5V, o transis-
 Amplificador Operacional LM741 tor seja polarizado. Assim, foi especificado que o
 Sensor de temperatura LM35 cooler seria ativado para uma faixa de valores de
 Air Cooler sinal PWM entre 2,5V e 5V.
Como a tensão máxima que será excursionada pelo
 Transistor MOSFET IRF640
amplificador operacional é de 12 V, uma vez que
 Resistores: 2.7kΩ e 10kΩ este é alimentado por duas fontes simétricas de 12 V,
foi determinado o ganho máximo A para estas condi-
Software ções, através da equação (3).

 Ambiente de simulação MultiSim 12𝑉


𝐴= = 4,8 (4)
 IDE Arduino 2,5𝑉

Como o ganho calculado é de 4,8, deve-se calcular o


3.2 Metodologia
valor dos resistores que geram esse ganho. Assim,
utilizando a equação (3) e escolhendo um valor arbi-
No experimento foi utilizada uma placa Ar-
duino MEGA que, através de uma das portas analó- trário de Rf igual a 10kΩ e conhecendo o ganho
gicas, envia um sinal de tensão PWM, amplificado desejado, pode-se calcular o valor de R1:
por um amplificador de tensão. Este sinal polariza
10𝐾Ω
um transistor MOSFET, que permite a passagem de 𝑅1 = = 2,7𝐾Ω (5)
4,8−1
uma corrente adequada, aumentando a potência do
cooler (motor DC de 12V). Este, por sua vez, resfria
Após obtenção dos resistores, foi realizada uma si-
um sensor de temperatura ligado ao Arduino. Assim,
mulação no ambiente MultiSim para verificar se os
a partir do controle PID, monitora-se constantemente
valores calculados anteriormente haviam alcançado
a temperatura no sensor. Conforme ocorra variação
as especificações desejadas. A Figura 12 mostra o
de temperatura, a velocidade de giro vai aumentar ou
circuito amplificador.
diminuir, com o intuito de manter uma temperatura
pré-estabelecida (setpoint). Ao simular o circuito do amplificador operacional,
foram obtidas as formas de onda apresentadas na
Figura 13.
99
Através da simulação, nota-se que houve um ganho
de 3.63 V, suficiente para amplificar o sinal proveni-
ente da saída PWM a um sinal que polarize o transis-
tor MOSFET.

Figura 14. Montagem do circuito completo.

Para um melhor entendimento do esquema elétrico, o


circuito foi desenhado no software MULTISIM,
conforme a imagem da Figura 15:

Figura 12. Simulação do amplificador de tensão.

Figura 15. Representação do circuito no MULTISIM.

No software, o microcontrolador Arduino foi substi-


Figura 13. Tensão de entrada e saída do amplificador operacional. tuído por uma placa HM1-65642-883, o sensor de
temperatura foi substituído por um regulador de
Após a simulação, foi iniciada a montagem em pro- tensão LM117HVH, o MOSFET IRF640 foi substi-
toboard. Verificando o datasheet do LM741, foi tuído pelo IRF540 e o cooler é ilustrado como um
observado que este pode ser alimentado com até 22V motor DC de ímã permanente.
com tensão simétrica, porém foi aplicado 12V de
alimentação. Isso é relevante por conta de que o 3.2.3 Determinação dos parâmetros de controle
circuito não irá excursionar uma tensão de saída
superior à sua alimentação, ou seja, dado um sinal Os parâmetros de controle em malha fechada
aplicado, se o ganho exceder a tensão de alimenta- foram obtidos ao encontrar a função de transferência
ção, vai ocorrer uma saturação na saída do circuito. da planta, utilizando-se os métodos de sintonia de
controladores de Ziegler-Nichols. Assim, o sensor foi
aquecido e foi aplicada uma entrada degrau de 12V
3.2.2 Montagem do protótipo
no sistema. No osciloscópio, pode-se notar a variação
Ao circuito amplificador foram acrescentados na de tensão no sensor enquanto este era resfriado, ob-
protoboard, o MOSFET IRF640, conectando o ter- tendo-se os parâmetros L, K e T, de acordo com a
minal de gatilho (G) à saída do LM741. O motor DC Figura 16.
teve seu terminal positivo conectado à alimentação Nota-se que, do momento em que é aplicada a entra-
de 12V e o terminal negativo aterrado. Nota-se que, da degrau ao momento em que o sistema se estabili-
para trabalhar em uma mesma referência de tensão, za, há um intervalo de tempo de 9,6 segundos. Utili-
todos os pontos de terra foram conectados entre si. O zando os cursores, foi verificado que o tempo de
sensor LM35 foi ligado à placa, conectando o termi- atraso para o sistema começar a responder é de, em
nal VS na alimentação de 12V, o terminal VOUT na média, 0,6 segundos, obtendo uma constante de tem-
porta analógica A0 do Arduino e aterrando o termi- po de 9 segundos. Na saída do componente LM35 foi
nal GND. A montagem final do circuito é mostrada verificado que há um ganho de tensão de 110mV.
na Figura 14, vista de cima.

100
Como o sensor possui um ruído considerável, estes ação de temperatura para cada subdivisão de valor de
dados encontrados são uma aproximação do sistema. tensão lido, é:
4,88
𝐶𝑇 = = 0,488
10

Esta constante, portanto, é utilizada para converter o


valor de leitura da porta analógica (de 0 a 1023) para
um valor de temperatura (de 0 até 500ºC). Contudo,
para efeitos de testes, a faixa de variação de tempera-
tura considerada foi de 20ºC a 45ºC, e o valor de
setpoint 25ºC, temperaturas não muito distantes da
temperatura ambiente. O algoritmo que incorpora o
controlador PID e as suposições do sistema, segue
baixo.
Figura 16. Resposta ao degrau do sistema.
Variáveis
Através da equação (2), temos que a função de trans- setpoint - temperatura desejada
ferência do sistema é: sensor - temperatura_atual lida na entrada analógica do arduino
110𝑒 −0.6𝑠 motor - valor de tensão na saída analógica do arduino
𝐺(𝑠) =
9𝑠 + 1
SETUP
Início
A partir da tabela 1, foram encontrados os valores do inicialização da porta serial;
controlador PID para o sistema: setpoint = 25ºC; //saída desejada
inicia o sinal PWM no motor em 0V;
𝑇 9 Fim
𝐾 = 1,2. = 1,2. = 18 𝑚𝑉
𝐿 0,6
LOOP
𝐾𝑑 = 𝐾𝑝. 𝑇𝑑 = 18.0,5.0,6 = 5,4 𝑚𝑉 Início
PARA cont de 0 a 100, FAÇA
𝐾𝑝 18 18 temp = tempanterior + sensor
𝐾𝑖 = = = = 5,4 𝑚𝑉 Calcula média T de 100 leituras de temperatura
𝑇𝑖 2𝐿 2.0,6 erro = setpoint – T;
P = -erro*Kp;
Assim, a equação do controlador PID no domínio do I = I + erro*ki;
tempo torna-se: D = (tempanterior – T)*kd*erro;
tempanterior =T;
0 PID = P + I + D;
𝑑𝑒(𝑡) SE valor de PID é menor que zero
𝑢(𝑡) = 18𝑒(𝑡) + 5,4 ∫ 𝑒(𝑡)𝑑𝑡 + 5,4
−∞ 𝑑𝑡 PID = 0;
SE valor de PID é maior que 255
PID = 255;
E, no domínio da frequência: Envia PID para alimentar motor;
Mostra valor de temperatura e do erro no monitor serial
5,4 Fim
𝐺𝑃𝐼𝐷 (𝑠) = 18 + + 5,4𝑠
𝑠
No algoritmo, são inicializadas todas as variáveis
utilizadas para o controle, tais como o erro, set-point
3.2.4 Implementação do Controlador PID e temperatura lida, e o sinal enviado para o motor.
Assim, na rotina de setup, há a inicialização da porta
serial, a declaração da temperatura desejada como
Primeiramente, deve-se considerar que o valor a
sendo 25ºC e o sinal PWM enviado ao motor no
ser lido pela porta analógica A0 do Arduino é um
início de 0 V.
valor entre 0 e 1023, não representando ainda a tem-
peratura do sensor. Como o valor máximo de tensão Na rotina loop, são inseridos todos os comandos que
na porta analógica é de 0 a 5V, temos que a constante serão executados continuamente. Assim, são lidos
de tensão (CV) que relaciona a variação de tensão, 100 valores de temperatura e feita uma média dos
em mV, para cada subdivisão de leitura da porta 100 valores, a fim de proporcionar uma melhor leitu-
analógica, é: ra no monitor serial.
5000 A seguir, são realizados o cálculo do erro e do sinal
𝐶𝑉 = = 4,88𝑚𝑉 PWM a ser aplicado a partir do erro. Caso o sinal
1024
calculado seja menor que zero, serão aplicados 0 V,
Considerando-se que para cada variação de 1ºC, há e, caso o sinal calculado seja maior que 255, serão
10mV de entrada na porta analógica, tem-se que a aplicados 5 V. O sinal é enviado através da porta
constante de temperatura (CV), que relaciona a vari- PWM 3 e o valor da temperatura e do erro são escri-
tos na tela do monitor serial.

101
4 Resultados e Discussões

Para verificar a conversão do dado lido pela por-


ta analógica do Arduino em um valor de temperatura,
o sensor foi aquecido, utilizando-se de um isqueiro,
para verificar se o gráfico obtido na interface da IDE
(Figura 17) correspondia a um aumento brusco na
temperatura (momento em que o sensor é aquecido
pelo isqueiro) seguido de uma queda exponencial
(após o sensor parar de ser aquecido). Nota-se que há
a impressão contínua de um valor de temperatura,
uma vez que este valor começa entre 20ºC e 40ºC, e,
no momento em que o sensor é aquecido, há uma
variação de até, aproximadamente, 80ºC. Quando o
sensor deixa de ser aquecido, o valor começa a cair
de forma exponencial, estabilizando em um valor
próximo de 25ºC. Figura 18. Curvas de temperatura (vermelha) e erro (azul) ao
longo do tempo.

Para comparar o sinal PWM enviado ao motor con-


forme a variação de temperatura, foi obtido, também,
o gráfico da Figura 19 contendo as curvas de tempe-
ratura (vermelha) e o sinal escrito na porta analógica,
de 0 a 255.

Figura 17. Curva da temperatura ao longo do tempo.

Na sequência, o sensor foi novamente aquecido para


obter as curvas correspondentes à temperatura e ao
sinal do erro ao longo do tempo (diferença entre
setpoint e a temperatura lida do sensor). O resultado
obtido está ilustrado na Figura 18, em que a curva
vermelha representa a temperatura e a curva azul Figura 19. Curvas de temperatura (vermelha) e escrita da porta
representa o erro. analógica (azul).
Uma vez que o erro do circuito equivale a temperatu-
ra desejada (valor fixo de 25º C) menos a temperatu- Pode-se perceber que, no momento em que a tempe-
ra lida em determinado instante, pode-se dizer que o ratura atinge valores superiores ao setpoint, o sinal
comportamento simétrico das curvas está de acordo enviado pela porta PWM aumenta rapidamente, es-
com o esperado. friando o ambiente e diminuindo a temperatura lida
Além disso, ao aumentar a temperatura, o sinal de pelo sensor, estabilizando-a no valor de setpoint.
erro começa a diminuir, tornando-se negativo, uma Porém, nota-se que apenas a ação proporcional está
vez que a temperatura lida começa a assumir valores agindo no controle de temperatura, uma vez que não
maiores em relação a temperatura desejada (25º C) há oscilação amortecida. Na tentativa de obter esta
No momento em que o sinal de erro passa a ser nega- oscilação, o valor de ganho (Kp) foi aumentado para
tivo, o motor é acionado e sua velocidade é aumenta- 25mV e o ganho integrativo (Ki) foi diminuído para
da conforme o aumento da temperatura. Uma vez que 1.8mV. O gráfico da curva da temperatura ao longo
o cooler é ligado e o controle é realizado, a tempera- do tempo (curva azul) e da escrita na porta analógica
tura não sofre mais variações bruscas. ao longo do tempo (curva vermelha) para estes novos
valores pode ser mostrado na Figura 20.

102
Malvino, A., BATES, D. J. Eletrônica, Vol. 2. 7ª ed.
McGraw-Hill, 2007.
Ogata, K., Engenharia de Controle Moderno. 3ª ed.
Rio de Janeiro: LTC Editora S.A., 200.
Sedra, A. S., SMITH, K. C. Microeletrônica. 5ª ed,
Saunders College Publishing, 2007.
Souza, F. Arduino Mega2560. Obtido em:
<http://www.embarcados.com.br/arduino-mega-
2560/>. Acesso em: 12/09/2017.
Teixeira, P. R. F., FARIA R.A. Instrumentista de
Controle: Fundamentos de Controle.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR, Curitiba, 2006.
Figura 20. Curvas para novos valores de ganho.
Texas Instruments. Datasheet LM35. 2016.
Disponível em:
Pode-se perceber que, apesar do sinal escrito na porta
<http://www.alldatasheet.com/datasheet-
analógica apresentar uma variação maior em relação
pdf/pdf/517588/TI1/LM35.html>. Acesso em:
ao resultado obtido na Figura 19, desta vez não fo-
12/09/2017.
ram apresentados picos de tensão. Assim, pode-se
Vishay Siliconix. Datasheet MOSFET IRF640.
dizer que, para estes novos valores de ganho, o sis-
Disponível em:
tema apresenta uma resposta mais parecida com uma
<http://www.alldatasheet.com/datasheet-
oscilação amortecida, que é o esperado para um con-
pdf/pdf/250779/VISHAY/IRF640.html>. Acesso
trole PID, uma vez que a velocidade do ventilador e a
em: 12/09/2017.
temperatura procuram se estabilizar em torno de um
valor, não apresentando variações bruscas.

5 Conclusões

Neste projeto foi possível realizar o controle PID


de um sistema de ventilação conforme proposto. Os
valores obtidos para os parâmetros de ganho através
do método de Ziegler Nichols não apresentaram uma
resposta amortecida oscilatória para o sistema. Po-
rém, ao diminuir o ganho integral, foi possível en-
contrar uma oscilação mais satisfatória em torno de
um ponto de velocidade do motor, não produzindo
picos de tensão no sistema.
A experiência integradora de conhecimentos por
meio deste projeto de automação tornou-se enrique-
cedora na medida em que a metodologia incentiva o
estudante a buscar soluções junto aos diversos docen-
tes em suas areas de conhecimento, vive a experien-
cia de embarcar num sistema microprocessado teori-
as matemáticas antes abstratas, sedimentando concei-
tos e gerando segurança profissional a cada desafio
resolvido.

6 Referências Bibliográficas

Arduino. Obtido em: <http://arduino.cc>. Acesso em


12/09/2017.
Assunção, E. Controle Digital. Universidade
Estadual Paulista – UNESP, Departamento de
Engenharia Elétrica, 2013.
Dorf, R. C., BISHOP, R. H. Sistemas de Controle
Moderno, Adisson Wesley Longman. 8ª edição,
2001.
Kilian, Cristopher. Modern Control Technology:
Components & Systems. 2ª ed. Delmar, 2004.

103
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

SÍNTESE E ANÁLISE CINEMÁTICA DE UMA PRÓTESE MECÂNICA DE UM


JOELHO BASEADA EM UM MECANISMO DE QUATRO BARRAS

Daniel A. C. Souza∗, Davi L. Melo∗, Lucas G. Vazquez∗, Maurı́cio B. Vargas∗



Grupo de Automação e Sistemas Integráveis (GASI), Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba
(ICTS) - UNESP
Avenida Três de Março, 511 - Alto da Boa Vista - Sorocaba / SP - CEP 18087-180

Emails: daniel.augustocsouza@gmail.com, davilobomelo@gmail.com, lucasgouvaz@gmail.com,


mauricio@sorocaba.unesp.br

Abstract— In this work we developed the synthesis and the analysis of a polycentric mechanical knee (also
known as a four-bar linkage knee), the forces acting on each part of the knee were analyzed in relation to their
angle of movement and the critical points of the trajectory were found , which correspond to the points in which
the knee presents the greatest possibility of breaking.

Keywords— Four bar mechanism, mechanical prosthesis, mechanical knee.

Resumo— Nesse trabalho foi desenvolvido a sı́ntese e a análise de um joelho mecânico do tipo policêntrico
(também conhecido como joelho de quatro barras). Foram analisadas as forças atuantes em cada peça do joelho
em relação ao seu ângulo de movimentação e encontrados os pontos crı́ticos da trajetória, que correspondem aos
pontos no qual o joelho apresenta a maior possibilidade de quebra.

Palavras-chave— Quatro barras, prótese mecânica, joelho mecânico.

1 Introdução 4). A barra 1 - fixa, é a estrutura que suporta


o mecanismo. A barra 2 denomina-se motor pois
A prótese mecânica com maior complexidade uti- é a barra que insere movimento ao mecanismo,
lizada atualmente é a de um joelho, uma vez que e tem movimento de rotação em um sentido. A
deve fornecer um suporte estável quando a pessoa barra 3 denomina-se acoplador pois é a peça que
está em pé, um movimento suave e controlado ao acopla o motor às demais peças do mecanismo,
caminhar, além da possibilidade de sentar (Ruiz- apresentando movimentos de translação e rotação
Dı́az et al., 2016). nos dois sentidos, e a peça 4 denomina-se segui-
Dois tipos de protéses são comumente utiliza- dor pois descreve movimento de rotação nos dois
dos nesse caso, joelhos de eixo único e de quatro sentidos e, obviamente sem translação, pois está
barras (policêntricos). Este trabalho tem como articulada à estrutura fixa. As barras numeradas
foco a sı́ntese e análise do joelho policêntrico, o podem ser conferidas na Fig. (1).
qual é mais complexo devido a sua versatilidade,
pois podem ser muito mais estáveis ao permitirem
grande flexibilidade na locomoção.
Deste modo será realizada a sı́ntese e as aná-
lises estruturais do mecanismo de quatro barras a
ser utilizado como prótese, bem como o estudo do
seu movimento, torque nas juntas e força nos li-
gamentos de acordo com angulação entre o fêmur
e a tı́bia.

2 Fundamentos Teóricos

2.1 Mecanismo de Quatro Barras Figura 1: Mecanismo de quatro barras.


O mecanismo de quatro barras é o mais comum e
o mais simples dos mecanismos articulados, sendo
que demais mecanismos podem ser obtidos a par-
tir dele. Sua principal caracterı́stica reside no fato 2.2 Critério De Grashof
de que apresenta diferentes relações geométricas
entre as barras, e diferentes relações entre o tipo O critério de Grashof descreve o tipo de movi-
de movimento de entrada e saı́da (Landi Grillo, mento do corpo a partir dos tamanhos e dispo-
Newton, 2016). sições das barras para os mecanismos em que a
É constituı́do por quatro barras ou peças, soma da barra maior com a menor não ultrapasse
sendo uma fixa (barra 1), uma motora (barra 2), a soma das duas barras restantes. As possibilida-
uma intermediária (barra 3) e uma movida (barra des de movimentações são dadas pela tabela 1.

104
Tabela 1: Movimentações possı́veis
Categoria Peça Fixa
Dupla-Manivela Menor
Manivela-Balancim Adjacente a peça fixa
Duplo-Balancim Acopladora

2.3 Graus de Liberdade (GDL)

O cálculo dos graus de liberdade de um mecanismo


está relacionado com a quantidade de juntas e cor-
pos que esse mecanismo possui. Assim, para o
cálculo dos graus de liberdade de um mecanismo
planar, como é o caso do joelho estudado nesse
artigo, têm-se a seguinte equação: Figura 2: Método das 3 posições.

N = 3(B − 1) − J1 − J2 (1)
Onde B = Número total de corpos
J1 = número de juntas com 1 GDL
J2 = número de juntas com 2 GDL

2.4 ADAMS

ADAMS (Automated Dynamic Analysis of Mecha-


nical Systems) é um software de simulação dinâ-
mica o qual foi originalmente desenvolvido pela
Mechanical Dynamics Incorporation, a qual foi
adquirida pela MSC Software Corporation.
Adams se provou essencial para VPD (Vir-
tual Prototype Development), reduzindo o tempo
de venda de produtos e custos com desenvolvi-
Figura 3: Resultado da sı́ntese do método das 3
mento. Softwares da MSC são suportados por Li-
posições.
nux e Microsoft Windows.
Dentre as ferramentas encontradas no
ADAMS View, foram utilizadas: criação de
barras e juntas, inserção de forças, medição de
parâmetros e visualização de resultados. N = 3(4 − 1) − 2 · 4 − 2 · 0 = 9 − 8 − 0
N = 1GDL (2)
2.5 Sı́ntese Movimentação de corpos, método Portanto, o joelho a ser estudado nesse artigo
das 3 posições possui apenas 1 Grau de Liberdade.
Através da análise da movimentação do aco-
plador define-se três posições da trajetória do 3.2 Método das três posições
corpo, como mostrado na Fig.( 2), sendo uma
A sı́ntese de movimentação de corpos desse pro-
inicial(posição 1), final(posição 3) e intermediá-
jeto foi baseada em um joelho real ilustrado pelas
ria(posição 2), dois pontos (P e Q) são escolhidos
Figs.( 4, 5, 6), mantendo-se suas caracterı́sticas
no acoplador e avaliados em cada posição, retas
anatômicas as 3 posições necessárias foram obti-
mediatrizes são traçadas por meio da ligação dos
das para aplicação do método descrito na seção
pontos Q1 Q2 , Q2 Q3 , P1 P2 , P2 P3 .
2.5.
A partir da interseção das mediatrizes traça- Definiu-se a tı́bia como a barra fixa e fez-se do
das os pontos de contato são obtidos, como ilus- fêmur o link acoplador em três posições diferentes,
trado na Fig. (3). como ilustra a Fig. (7).
Através do método descrito na seção 2.5 a
3 Sı́ntese e análise cinemática Fig. (8) foi traçada e o tamanho referente a cada
barra foi obtido.
3.1 Graus de liberdade De modo a poder fazer as análises cinemáticas
do mecanismo, fixou-se o desenho no ponto (0.0) e
Através da eq. (1), têm-se que: por meio das coordenadas de cada um dos pontos

105
Figura 4: Posição inicial (Matthew West, 2015).

Figura 8: Aplicação do método das 3 posições des-


crito na seção 2.5.

Figura 5: Posição itermediária (Matthew West,


2015).

Figura 9: Mecanismo desenhado no software


ADAMS.

4 Análise Cinemática do Mecanismo

Visando simular a movimentação do mecanismo,


definiu-se os ângulos máximo e mı́nimo que o jo-
Figura 6: Posição final (Matthew West, 2015).
elho pode atingir sem o rompimento dos ligamen-
tos. Assim, um motor foi acoplado ao link-motor
para simular tal movimentação. A eq. (3) des-
creve o movimento do motor, onde A corresponde
ao movimento máximo do mecanismo equivalente
a um valor que varia de 0 a 1 em relação ao tempo.

A = −0.646 sen(tempo) (3)

Figura 7: Mecanismo gerado através da análise de Tal equação permite a movimentação seme-
um joelho real. lhante à de um joelho, fazendo com que ele atinja
sua angulação máxima sem que os ligamentos se
rompam ou rotacionem.
Também se adicionou uma massa sobre o link
das barras, fez-se o desenho no software ADAMS acoplador, no caso, o fêmur, representando a coxa,
obtendo assim, a seguinte estrutura representada bem como uma massa no link fixo, no caso, a tı́bia,
na Fig. (9). representando a canela e os pés, como mostra a

106
Fig. (10).

Figura 12: Forças nas juntas.

ele está sob maior tensão.


De modo a observar o comportamento dos li-
gamentos do joelho, plotou-se os gráficos das for-
Figura 10: Joelho com a adição de cargas. ças que atuam ao longo dos ligamentos do joelho
como mostram as Figs. (13, 14):
Então, adicionou-se uma força de 981N so-
bre o fêmur de modo a simular o peso que o corpo
exerce sobre o joelho, considerando que este corpo
tenha 100kg de massa. Esta força é sempre per-
pendicular ao solo, independentemente da movi-
mentação do mecanismo.
Deste modo, com o mecanismo desenvolvido e
com as forças que atuam sobre um joelho definidas
e inseridas no modelo, torna-se possı́vel fazer a
análise sobre a estrutura. Inicialmente, mediu- Figura 13: Forças no ligamento 1.
se a angulação do joelho, ou seja, a posição do
fêmur relativa a tı́bia ao longo do tempo, obtendo
o gráfico representado na Fig. (11).

Figura 14: Forças no ligamento 1.

Pode-se observar que o Ligamento 1 (link-


motor) encontra-se em compressão ao longo de
Figura 11: Ângulo entre tı́bia e fêmur. todo o movimento. Já o Ligamento 2 (link-
seguidor), encontra-se apenas em compressão até
Projetou-se o joelho para que ele variasse por 90◦ , estando sujeito a tração no restante do movi-
volta de 100, como pode-se observar pela eq. (3). mento.
Assim, o gráfico representado na Fig. (11), mostra Por fim, analisou-se as forças que atuam
que obteve-se o resultado esperado com a elabora- no Fêmur (link-acoplador) e na Tı́bia (link-fixo)
ção do projeto. Vale ressaltar que tal parâmetro como mostram as Fig. (15, 16), respectivamente,
levou em consideração que: com a pessoa em pé, com relação ao ângulo de movimentação do joelho:
a angulação do joelho é equivalente a 0◦ e tem um Quanto às forças que atuam ao longo da Tı́bia
máximo de flexão de 100◦ . e do Fêmur, elas permanecem praticamente cons-
Então, analisou-se a magnitude da força que tantes até 80◦ e, assim como as forças que atuam
cada junta está sujeita com relação a angulação nas juntas, estas também têm uma variação con-
do joelho, como mostra a Fig. (12) abaixo: siderável quando o joelho chega a 90o , momento
Pode-se notar que as forças que atuam nas no qual ele está sob maior tensão. Sendo que a
juntas do mecanismo permanecem praticamente magnitude da força é crescente na tı́bia e decres-
constantes até 80o , tendo um aumento considerá- cente no fêmur. Assim, observa-se que o ponto
vel quando o joelho chega a 90o , momento no qual de 90◦ é responsável por algumas mudanças no

107
Matthew West (2015). Four-Bar Linka-
ges, http://dynref.engr.illinois.edu/
aml.html. Acessado: 11 Outubro 2017.

Ruiz-Dı́az, F., Altamirano-Altamirano, A. and


Valentino-Orozco, G. (2016). External knee
prosthesis with four bar linkage mechanism,
2016 13th International Conference on Elec-
trical Engineering, Computing Science and
Figura 15: Forças no femur. Automatic Control (CCE), pp. 1–6.

Figura 16: Forças na tibia.

comportamento do movimento, sendo este o ponto


crı́tico do mecanismo no qual o joelho está mais
sujeito a quebra, sendo que a magnitude das for-
ças que atuam nas juntas assumem valores muito
altos com pouco acréscimo na angulação do joe-
lho. Essa posição se assemelha ao agachamento
do ser humano, quando ele flexiona o joelho a 90o
sendo seu ponto de apoio unicamente os pés.

5 Conclusões

Neste trabalho introduzimos a sı́ntese e análise de


forças de um joelho policêntrico em cada ponto de
sua trajetória, indicando os pontos crı́ticos onde
cuidado especial deve ser tomado devido a grande
risco de quebra. Nós esperamos que o método
de sı́ntese proposto juntamente com as análises de
força do mecanismo sejam de grande ajuda à aque-
les que desejam desenvolver um joelho mecânico.

Agradecimentos

Agradecemos ao professor Mauricio Becerra Var-


gas pela ajuda e suporte ao grupo em todas eta-
pas do desenvolvimento desse trabalho. Também
agradecemos a UNESP - Sorocaba pela disponibi-
lização do laboratório e dos materiais necessários
para o desenvolvimento desse trabalho.

Referências

Landi Grillo, Newton (2016). Mecanismos:


Elementos de Cinemática e Dinâmica,
http://www.cronosquality.com/aulas/
mecanismos.pdf. Acessado: 09 Outubro
2017.

108
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

MECANISMO DE RETORNO RÁPIDO DE WHITWORTH COM PLAINA LIMADORA

CARLOS CÉSAR LAZARINI JR., DAVI MERCATELLI MARTES, PEDRO HENRIQUE VIEIRA RIBEIRO DA COSTA,
RICARDO GOMES NEVES, MAURICIO BECERRA VARGAS

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba (ICTS), Universidade Estadual Paulista (UNESP)


Avenida Três de Março, 511 Alto da Boa Vista, Sorocaba, SP,18.087-180
E-mails: carlos.lazarini@outlook.com; davimercatelli@hotmail.com;
pedrohenriquedacosta@outlook.com; ricardoneves@hotmail.com

Resumo Este trabalho está incluído no contexto da disciplina de Projeto de Mecanismos e consiste no estudo de um
mecanismo de retorno rápido de Whitworth com uma aplicação prática empregada em uma plaina limadora. Para que este estudo
se torne em um projeto implementado e direcionado ao estudo desta disciplina, é preciso definir o número de graus de liberdade,
juntas, elos, relações de transmissão de força e movimento e funcionamento do mecanismo.

Palavras-chave Plaina, Whitworth, Mecanismo de retorno rápido, Graus de Liberdade, Transmissão de força e movimento

1 Introdução O movimento de rotação do motor é transformado


em movimento retilíneo alternativo do torpedo
através de um mecanismo de barras chamado
O mecanismo biela-manivela é muito utilizado mecanismo de plaina limadora.
em sistemas mecânicos para transformar movimento
de rotação em movimento de rotação retilínea e vice-
versa. Esse tipo de mecanismo pode ser encontrado 1.2 Mecanismo
em motores de combustão interna e em plainas
limadoras. Mecanismo é dado por um conjunto de
elementos rígidos, podendo ter movimento relativo a
outros mecanismos. Podem ser unidos entre si por
1.1 Plaina limadora diferentes tipos de junções, chamadas pares
cinemáticos. Sendo estes descritos com objetivo de
Uma plaina limadora é uma máquina que realiza
transmissão e/ou transformação de movimentos e
operações de aplainamento com o emprego de
forças (GRILLO, 2017).
ferramenta monocortante que retira o sobremetal
Os mecanismos podem transformar movimento de
com movimento linear. Esta realiza um movimento
rotação em rotação, rotação em translação e
retilíneo alternativo empregado em superfícies
translação em translação. Nos mecanismos, as
planas, cilíndricas, cônicas, perfis, etc
principais fontes geradoras de movimento são os
(JASINEVICIUS, 2016).
atuadores de rotação, como por exemplo motores
A Figura 1 é uma representação de uma plaina
elétricos, e os atuadores de translação, como por
limadora. (JASINEVICIUS, 2016). A Plaina
exemplo, cilindros pneumáticos (FLORES, 2017).
Limadora Horizontal é usada para realizar as
Fresadoras, plainas limadoras são alguns exemplos
seguintes operações:
de máquinas-ferramenta elaboradas de tal modo que
● Faceamento de topo
a ferramenta depois ter efetuado o curso de corte a
● Rasgos
mesma então retorna à posição inicial com uma
● Rebaixos
velocidade superior à do avanço, aumentando, assim,
● Chanfros
a eficiência e a capacidade produtiva da máquina.
● Estrias
Desta forma surgem os mecanismos de retorno
rápido. Estes mecanismos são utilizados em
máquinas-ferramenta e outros dispositivos em que se
pretende realizar um movimento de trabalho ou
avanço mais lento num sentido, e um movimento de
retorno ao ponto de partida mais rápido, utilizando
motores rotativos de velocidade angular constante.
Os mecanismos de retorno rápido são compostos por
combinações de mecanismos elementares como o
quadrilátero articulado e o mecanismo biela-
manivela deslizante.

1.3 Graus de Liberdade


Figura 1 - Representação de uma plaina limadora e suas principais É importante analisar o conceito de grau de
partes (GERLING, 1967). liberdade (GDL), ou do inglês degrees of freedom
(DOF), que representa o número de coordenadas
109
independentes necessárias para especificar a posição avanço e de retorno do mecanismo. Para isso é
e orientação de um corpo ou sistema mecânico no necessário o tipo de síntese gerador de função para o
plano ou no espaço. Também pode ser definido como mecanismo do tipo pistão-biela-manivela, conforme
o número de movimentos de acionamento que um apresentado na equação (5), (VARGAS, 2017). Esta
determinado mecanismo necessita, para que a relação torna-se o segundo e último dado de entrada
localização de suas peças seja completamente para o projeto do mecanismo, valor desejado pelo
conhecida em relação a um referencial pré-definido. projetista.
Pelo critério de Grubler, conforme a equação (1)
(BECKER, 2010). 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑣𝑎𝑛ç𝑜
𝑄= (5)
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜
𝐺𝐷𝐿 = 3(𝑛 − 1) − 2𝐽1 − 𝐽2 (1)
Definindo-se um valor entre os tempos de
onde n é o número de peças, 𝐽1 o número de juntas avanço e de retorno, dado definido pelo projetista, é
com um grau de liberdade e 𝐽1 o número de juntas possível calcular o ângulo 𝜃
com 2 graus de liberdade.
180(𝑄 − 1)
𝜃= (6)
2 Descrição do Mecanismo de Retorno rápido (𝑄 + 1)

A figura 2 apresenta um mecanismo do tipo É necessária uma relação entre 𝑎2 e 𝑎3 de forma


manivela-biela desalinhado. Os ângulos ϕ e α que seja obtida uma característica ótima de
representam, respectivamente, os ângulos de retorno transmissão, essa relação é apresentada na equação
e de avanço e são definidos pelo projetista (7) e possui solução única (SÖYLEMEZ, 2017). O
(SÖYLEMEZ, 2017). parâmetro 𝜆𝑜𝑝𝑡 é importante para a qualidade da
Pela análise da figura 2, temos que 𝑎2 é a manivela, transmissão de movimento no mecanismo.
𝑎3 é a biela e 𝑐 é a excentricidade entre o eixo de
rotação do motor e nível retilíneo da ferramenta. Pela
1
análise trigonométrica da figura 2, temos a relação 𝜆𝑜𝑝𝑡 = √ 2 [√(5 + 4𝑡 2 ) − 1] (7)
entre a posição máxima e mínima, 𝑆𝑒 e 𝑆𝑓 , 2𝑡
respectivamente, da ferramenta com o eixo de
rotação do motor, apresentadas nas equações (2) e onde, 𝑡, dado pela equação (8), representa a relação
(3). (SÖYLEMEZ, 2017). de transmissão de forças entre a biela e a normal da
ferramenta com o plano de seu curso (SÖYLEMEZ,
𝑆𝑒 = [(𝑎2 + 𝑎3 )2 − 𝑐 2 ]1/2 (2) 2017) (TANIK, 2011). Sendo por relação
𝑆𝑓 = [(𝑎2 − 𝑎3 )2 − 𝑐 2 ]1/2 (3) trigonométrica, e conforme figura 2, torna-se
possível determinar o valor de 𝜙.
𝜙
𝑡 = 𝑡𝑔 (8)
2

Com as equações anteriores, podemos reescrever a


equação (4), conforme apresentado na equação (10),
(SÖYLEMEZ, 2017).

𝑐
𝜀= (9)
𝑎3

𝑆 = 𝑎3 {[(1 + 𝜆)2 − 𝜀]1/2


(10)
− [(1 − 𝜆)2 − 𝜀]1/2 }
Figura 2 - Mecanismo de manivela-biela desalinhado.
Pelas regras trigonométricas é possível obter a
Portanto, temos que o deslocamento S da ferramenta, relação entre 𝑐, 𝑎2 e 𝑎3 , conforme apresentado nas
ou a distância entre ̅̅̅̅̅̅̅
𝐵2𝐵1, é dado pela equação (4), equações (11), (12) e (13), respectivamente,
(SÖYLEMEZ, 2017). O deslocamento S é dado de (SÖYLEMEZ, 2017).
entrada para o projeto.
1 (1 − 𝜆2 ) sin 𝜙
̅̅̅̅̅̅̅ 𝑐= (11)
𝐵2𝐵1 = 𝑆 = 𝑆𝑒 − 𝑆𝑓 (4) 2 [(1 + 𝜆2 ) + (1 − 𝜆2 ) cos 𝜙]

Para descobrir o ângulo 𝜃, este dado entre


̅̅̅̅̅̅̅
𝐵2𝐵1, é possível descobrir a relação entre tempo de

110
1 1 Substituindo-se os valores de 𝑎2 e 𝑎3 nas equações
𝑎32 = (12)
4 [𝑐𝑜𝑠 2 𝜙 + 𝜆𝑠𝑖𝑛2 𝜙] (16) e (17) obtemos os comprimentos da manivela e
2 2 da biela. Os valores dos componentes do mecanismo
são apresentados na tabela 1.
1 𝜆2
𝑎22 = (13)
Tabela 1 - Valores do Mecanismo de retorno rápido.
4 [𝑐𝑜𝑠 2 𝜙 + 𝜆𝑠𝑖𝑛2 𝜙]
2 2 Mecanismo Valor Unidade
Manivela 𝑎2 55.87 mm
Assim é possível obter a melhor relação entre os Biela 𝑎3 137,88 mm
comprimentos da biela e manivela. Desse modo Excentricidade 𝑐 42,81 mm
encontramos os fatores 𝑎2 e 𝑎3 . Como o dado de Retorno 𝜙 162 graus
entrada e critério do projeto é o curso da ferramenta Avanço α 198 graus
̅̅̅̅̅̅
𝐵2 𝐵1 basta multiplicar os cofatores 𝑎2 e 𝑎3 pelo
valor ̅̅̅̅̅̅
𝐵2 𝐵1 para obter os comprimentos da biela e Como verficação dos parâmteros, deve-se verificar a
manivela, conforme apresentado nas equações (14) e rotação total da manivela a qual é possível se a
(15). excentricidade, 𝒄, for menor que a diferença entre a
biela, 𝒂𝟑 , e o comprimento da manivela 𝒂𝟐 e
𝑎3 = 𝑎3 ̅̅̅̅̅̅̅
̅̅̅̅̅̅
𝐵2 𝐵1 (14) também deve ter o comprimento da manivela menor
do que o comprimento da biela
̅̅̅̅̅̅̅
𝑎2 = 𝑎2 ̅̅̅̅̅̅
𝐵2 𝐵1 (15) Assim, 𝒄 <(𝒂𝟑 -𝒂𝟐 ) e 𝒂𝟑 > 𝒂𝟐 :

 𝒄 <(𝒂𝟑 -𝒂𝟐 ) = 0,3773 < (1,4896 - 0,4655) =


0,3773 < 1,0241
 𝒂𝟑 > 𝒂𝟐 = 1,4896 > 0,4655
3 Resultados e Discussões
Com os valores apresentados na tabela 1 foi possível
Inicialmente definimos o curso da ferramenta conferir as medidas através do software Autodesk
como, AutoCAD®, conforme apresentado na figura 3.
̅̅̅̅̅̅
𝐵2 𝐵1 = 120 𝑚𝑚

Pela equação (14) temos que,

𝑄 = 1,22

ou seja, o retorno do mecanismo é 22% mais rápido


que o avanço.
Com o valor 𝑄 e pela equação (15), temos,
𝜃 = 18º
Figura 3 - Cotagem do mecanismo de retorno rápido pelo software
Autodesk AutoCAD®.
Por trigonometria temos que 𝜙 = 160º
Substituindo-se o valor de 𝜙 na equação (13) temos Por fim, com as medidas apresentadas na tabela 1
que, utilizamos o software MSC AdamsView® para
𝑡 = 5,67 𝑠 analisar o comportamento do mecanismo de retorno
rápido. A relação das partes do mecanismo e as
Substituindo-se 𝑡 na equação (7) obtemos que a juntas necessárias para simular no MSC
característica ótima de ângulo de transmissão entre AdamsView® são apresentadas na tabela 2.
𝑎2 e 𝑎3 será de, Calculou-se o GDL do mecanismo. Dado que
𝑛 = 3, 𝐽1 = 2 e 𝐽2 = 1, substituindo-se esses valores
𝜆𝑜𝑝𝑡 = 0,4052 na equação (1),
𝐺𝐷𝐿 = 1
Substituindo o valor de 𝜙 e de 𝜆𝑜𝑝𝑡 nas equações (9), Tabela 2 - Relação entre as partes do mecanismo e as juntas
necessárias.
(10) e (11) é possível obter,
Posição - Junta Junta
𝑐 = 0,3773 Ground - 𝑎2 Motion e Rotational
𝑎2 - 𝑎3 Rotational
𝑎2 = 0,4655 𝑎3 - ferramenta Rotational e Translational

𝑎3 = 1,4896 O mecanismo de retorno rápido possui apenas um


grau de liberdade que é dado pelo movimento da
111
ferramenta. Portanto, é preciso de apenas uma junta
motorizada para controlar o mecanismo.
Com o mecanismo simulado no software MSC
AdamsView®, como visto na figura 4, coletamos os
gráficos da posição da ferramenta ao longo do eixo X
em relação ao tempo e das forças nas juntas entre (𝑎2
- 𝑎3 ) e entre (𝑎3 - ferramenta) conforme apresentado
nas figuras 5 e 6.

Figura 7 - Torque entre o ground e a Manivela.

118,96
∈= ∗ 100% = 99,13%
120

Temos um erro entre o dado proposto e o obtido por


simulação menor que 1%, portanto, o mecanismo e
Figura 4 - Simulação do mecanismo de retorno rápido no as medidas são válidos.
AdamsView®
Pela figura 5 também é possível obter o tempo de
Para criar o mecanismo no software MSC avanço da ferramenta (subida da curva vermelha) e o
AdamsView® basta criar os pontos conforme as tempo de retorno (descida da curva vermelha),
medidas apresentadas na figura 3. obtemos que,
Pela análise da figura 5 temos que a posição máxima
da ferramenta (pico da curva vermelha) é de 189,15 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑣𝑎𝑛ç𝑜 = 0,66 𝑠
mm e a mínima posição da ferramenta (vale da curva 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 = 0,54 𝑠
vermelha) é de 70,19 mm, logo a amplitude de
movimento da ferramenta será de, 118,97 𝑚𝑚 Aplicando-se os valores na equação (14) temos, 𝑄 =
1,22 sendo o mesmo estipulado inicialmente.

4 Implementação

Para a implementação do mecanismo de retorno


rápido de Whitworth, foi necessário exportar o
projeto modelado no SolidWorks® (figuras 8, 9, 10 e
11) para o software Blender® na extensão STL.
Dessa forma, é possível, caso seja necessário ajustar
a peça para que seja realizada a impressão em 3D do
projeto. As medidas utilizadas para a modelagem
Figura 5 - Posição da ferramenta no eixo X ao longo do tempo. foram as mesmas previamente calculadas e
demonstradas na tabela 1.
Projetamos o mecanismo para uma amplitude de
movimento na ferramenta de 120 mm, logo o erro
apresentado no movimento da ferramenta é de,

Figura 8 - Modelagem com SolidWorks® para o Acoplador,


conforme medidas da tabela 1.

Figura 9 - Modelagem com SolidWorks® para a manivela,


Figura 6 - forças nas juntas entre (a2 – a3) e entre (a3 - conforme medidas da tabela 1.
ferramenta).

112
Figura 13 - Diagrama de conexão ente o motor de passo (stepper
motor) e driver ULN 2003A. (RAWASHDEH, 2017)

Figura 10 - Modelagem com SolidWorks® para o pistão,


conforme medidas da tabela 1.

(b)

(a)

(c)
Figura 11 - Modelagem com SolidWorks® para o trilho, conforme
medidas da tabela 1. Figura 14 - (a) Motor de passo 28BYJ-48, (b) driver ULN 2003A e
(c) microcontrolador Arduino UNO.
Para a implementação foi considerado a utilização de
três partes impressas do trilho para que o mesmo Levando em consideração o torque necessário
tenho um curso exigido pelo movimento exercido exigido pelo mecanismo para que o mesmo entre em
pelo mecanismo. Para que o mecanismo tenha um movimento e que este mesmo mecanismo por utilizar
movimento desejado, foi utilizado um motor de material impresso de peso leve, foi utilizado o motor
passo conectado por um driver ULN2003A, como de passo 28BYJ-48. Este motor o possui ótimo
mostram as figuras 12, 13 e 14. torque, é unipolar, com alimentação de 5v, possui
Os dispositivos ULN2003A são matrizes de uma redução de 1/64 e são necessários 64 passos
transistor Darlington de alta tensão e alta corrente. para que o motor dê uma volta completa (5,625º / 64
Cada um consiste em sete pares NPN Darlington que passos), isso em modo “puro” (sem redução). Com a
apresentam saídas de alta tensão com diodos de redução de 1/64, o número de passos aumenta para
fixação de cátodo comum para trocar cargas 4096 (64 * 64 = 4096). Esses valores são válidos se
indutivas. A classificação de corrente coletora de um utilizado o esquema de ativação das bobinas em 8
único par Darlington é de 500 mA. Estes dispositivos passos (half-mode, ou meio-passo). Se utilizado o
possuem um resistor de base de série de 2.7 kΩ para esquema de ativação de 4 passos (full-step, ou passo
cada par Darlington para operação diretamente com inteiro), que é o padrão utilizado pela biblioteca do
dispositivos CMOS TTL ou 5V. Arduino e o utilizado para este projeto, o número de
passos necessários cai pela metade, para 2048.
(KIATRONICS, 2017)

𝑃𝑃𝑆 𝑥 60
𝑅𝑃𝑀 = (18)
𝑃𝑃𝑅

𝑃𝑃𝑅 = 200 𝑥 (𝑑𝑖𝑣𝑖𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜) (19)

Sendo RPM a rotção por minuto, PPS o passo por


segundo e PPR o passo por revolução. Desta forma,
ao se utilizar a equação 18, temos:
Figura 12 - Diagrama de Bloco para o driver ULN 2003. 500 𝑥 60
(ULN2003A, 2017) 𝑅𝑃𝑀 =
2048

𝑅𝑃𝑀 = 15 𝑅𝑃𝑀

113
Como o PPS programado foi de 500, ele faz uma Tabela 4 – Tempo de avanço e retorno coletados, com mecanismo
em velocidade constante.
rotação com 2048 passos, portanto a velocidade será
de aproximadamente 15 RPM. Tempo de Tempo de
O limitador da velocidade é definido pelo fabricante avanço (s) retorno (s)
e pelo conceito de um motor de passo, no valor de 1,97 1,20
465 RPM. O motor de passo não é recomendado em 1,84 1,45
casos em que o dispositivo trabalhe em altas 1,85 1,38
velocidades uma vez que devido a inércia do rotor as 1,73 1,44
bobinas podem não ser capazes de atrair o mesmo 1,83 1,31
para uma determinada posição fazendo com o que o 1,80 1,28
motor “perca passos”. Como neste projeto o foco não
1,88 1,50
é a velocidade alta e sim o torque necessário para o
1,96 1,37
movimento desejado, este motor se torna o ideal.
1,84 1,34
Tabela 3 – Comparativo de tipos de motores comumente 1,82 1,40
utilizados. (VIANA, 2017)
Motor de Corrente Motor de Servo- 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑣𝑎𝑛ç𝑜 = 1,852 𝑠
Contínua Passo Motor
Velocidade Alta Baixa Média 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 = 1,229 𝑠
Torque Zero/Alto Alto/Médio Baixo/Alto
Facilidade
Controle
Fácil Média Complexo 𝐶𝑢𝑟𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑒ç𝑎 = 116 𝑚𝑚
Precisão Nenhuma Alta Muito Alta
Durabilidade Média Ótima Média
Manutenção? Sim Não Sim Desta forma, ao acionar o motor e através da
propagação do mecanismo projetado, a peça
Para que o motor exiba a velocidade desejada, o limadora irá então demonstrar o movimento de
mesmo foi programado através de um retorno rápido, conforme projetado, já que o tempo
microcontrolador Arduino UNO, conforme código de retorno é menor que o tempo de avanço. Ao
descrito abaixo: comparar a simulação feita com o mecanismo no
software ADAMS e a resposta do mesmo na prática,
#include <Stepper.h> notou-se um erro dado no tempo de avanço como no
const int stepsPerRevolution = 500; de retorno. Esta diferença é dada pelo fato que o
Stepper myStepper(stepsPerRevolution, 8,10,9,11); toque utilizado na simulação é diferente do torque
void setup() utilizado na prática. Além do mais, para o
{ mecanismo em funcionamento na prática deve-se
//Determina a velocidade inicial do motor levar em consideração alguns fatores, tais como o
myStepper.setSpeed(64); coeficiente de atrito do material, o qual não foi
} calculado neste momento, por não ser o foco deste
void loop() projeto.
{ O curso medido na prática assemelhou-se bastante
myStepper.setSpeed(64); com o simulado, obtendo-se um erro de
myStepper.step(-2048); aproximadamente 2%, valor este considerado ótimo.
} O mecanismo pode ser observado tanto em
Ao final da impressão, o mecanismo montado foi simulação quanto em funcionamento real através dos
testado e foi cumprida a proposta, da maneira QR CODES, figuras 16 e 17, assim como nos links
prevista pelo ADAMS. abaixo:
Após a montagem completa do mecanismo (figura Vídeo da implementação:
15), incluindo motor e microcontrolador, alguns https://www.youtube.com/watch?v=HaNcCnibelc
dados experimentais foram coletados, com o
mecanismo em funcionamento, tais como o curso da
peça limadora e os tempos de avanço e retorno da
mesma, vide tabela 4.

Figura 15 - Mecanismo de retorno rápido impresso. Figura 16 - Link em QR para vídeo da implementação.

114
Vídeo da simulação: Parallel. IEEE Transactions on Power
https://www.youtube.com/watch?v=Tm1iTNIMNHM Systems, Vol. 9, No. 4, pp. 1942- 1948.
NEIS, Patric Daniel - APOSTILA DE CAMES,
QUATRO BARRAS, CURSOR MANIVELA,
GARFO ESCOCÊS, MECANISMOS DE
RETORNO RÁPIDO E MANIVELA
ARTICULADA. Disponível em: Apostila da
disciplina mecanismos I (ENG03316) ministrada
pelo Prof. Patric Daniel Neis no curso de
Engenharia Mecânica da UFRGS - Porto
Alegre, 2012.
SÖYLEMEZ, Eres – Mechanisms - Mechanical
Engineering – Courses, 1999. Disponível em:
<http://ocw.metu.edu.tr/mod/resource/view.php?
id=3577 >. Acesso em 21 de agosto de 2017.
TANIK, Engin. Transmission angle in compliant
Figura 17 - Link em QR para vídeo da simulação. slider-crank mechanism. Ankara – Turquia,
2011. Disponível em:
<http://ewp.rpi.edu/hartford/~shirod/EP/Other/T
5 Conclusão anik%202011.pdf>. Acesso em 04 de outubro de
2017.
Com os dados obtidos pelos cálculos teóricos e VARGAS, Mauricio Becerra. Síntese de um
com a simulação do mecanismo no software MSC mecanismo pistão-biela-manivela.
AdamsView® podemos verificar que o dispositivo ULN2003A. High-Voltage, High-Current
apresenta 1 GDL e que as especificações de projeto Darlington Transistor Arrays Disponível em:
de curso da ferramenta e o tempo de avanço e retorno <www.ti.com/ULN2003A>. Acesso em 09 de
foram atendidas. outubro de 2017.
Com o método apresentado é possível implementar o RAWASHDEH, Mohannad. Disponível em: <
mecanismo de retorno rápido com êxito. http://www.instructables.com/member/Mohanna
d%20Rawashdeh/> . Acesso em 09 de outubro
de 2017.
Referências Bibliográficas KIATRONICS - 28BYJ-48 - 5V Stepper Motor.
The 28BYJ-48 is a small stepper motor
FLORES, Paulo. CLARO, J.C. Pimenta. Cinemática suitable for a large range of applications.
de Mecanismos. Análise Descritiva de Disponível em:
Mecanismos. Disponível em http://robocraft.ru/files/datasheet/28BYJ-48.pdf>
<https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/ . Acesso em 09 de outubro de 2017.
1822/35944/1/Capitulo%2002.pdf>. Acesso em VIANA, RUI - Velocidade Motor Passo - Arduino
19 de agosto de 2017. UNO. Disponível em: <
GERLING, Heinrich. Mecânica Industrial http://labdegaragem.com/forum/topics/velocidad
Ilustrada: À volta da máquina-Ferramenta. e-motor-passo-arduino-
1° Edição. Rio de Janeiro: Livro Ibero- uno?commentId=6223006%3AComment%3A55
Americano, 1967. 3085>. Acesso em 10 de outubro de 2017.
GRILLO, Newton Landi - Mecanismos: Elementos
de Cinemática e Dinâmica – (UNIDERP –
ANHANGUERA). Disponível em:
<http://www.cronosquality.com/aulas/mecanism
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How a Simple Whitworth Quick Return
Mechanism Works? Disponível em
<http://www.mekanizmalar.com/simple_whitwo
rth_quick_return_mechanism.html>. Acesso em
20 de agosto de 2017.
JASINEVICIUS, Renato Goulart. SEM 0343
Processos de Usinagem. Universidade de São
Paulo. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/19144
41/mod_resource/content/1/Aula%20Plaina%20
2016.pdf>. Acesso em 30 de setembro de 2017.
MORELATO, A; Amaro,M. and Kokai,Y (1994).
Combining Direct and Inverse Factors for
Solving Sparse Network Equations in

115
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

ANÁLISE CINEMÁTICA DE UMA PERNA ROBÓTICA HUMANÓIDE

CAROLINE DE S. BARROS, RAFAEL M. BARROSO, RENAN CAPOIA. MAURICIO BECERRA VARGAS

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Avenida de Três de Março, 511,. Alto da Boa Vista, Sorocaba,SP, 18087-180

ResumoEste trabalho consiste na caracterização da estrutura e da análises cinemática da perna de um robô humanoide através
dos parâmetros Denavit-Hatenberg com auxílio da toolbox desenvolvida por Peter Corke.

Palavras-chaveRobô, humanoide,denavit-hatenberg, perna robótica, cinemática direta, toolbox peter-corke.

1 Introdução

O ano de 1997 foi um ano de ruptura para a inte-


ligência artificial e a robótica, quando em maio o
computador da IBM, o Deep Blue, derrotou o cam-
peão humano de xadrez após 40 anos de esforços de
pesquisadores de inteligência artificial. Ainda, em
julho a missão da NASA MarsPathfinder foi respon-
sável pelo primeiro pouso concluído com sucesso por
um sistema robótico autônomo. Assim, motivados
por estes dois acontecimentos surgiu neste mesmo
ano a principal competição de robótica e inteligência
artificial da atualidade, a RoboCup.
Objetivando obter apelo publicitário e ainda uma
plataforma desafiadora a RoboCup tem como compe-
tição principal o futebol de robôs [1].
Dentre as categorias desta competição destaca-se por Figura 2 – Pernas do robô humanoide Marta
seu nível de dificuldade a liga de humanoides, Figura Os robôs humanoides apresentam uma grande com-
1. plexidade construtiva pelo seu grande número de
articulações e principalmente por sua locomoção
sobre duas pernas. O principal problema a ser resol-
vido em um robô móvel é gerar trajetórias e guiar seu
movimento segundo estas, com base na informação
proveniente do sistema de sensores externos ou posi-
cionamentos pré-determinados, permitindo mover-se
entre os quaisquer pontos do ambiente de trabalho de
maneira segura, sem colisão. Isso exige o projeto de
sistemas de controle de trajetórias (posição, direção,
velocidade) [2].
Assim, buscando a criação de um sistema de controle
de trajetórias para a perna da humanoide Marta será
realizado neste trabalho a caracterização desta e o
estudo da cinemática direta.
Figura 1 – Jogo da Liga Humanoide da RoboCup 2011

2 Caracterização da perna robótica do Robô


1.1 Robô Marta Marta
Com a finalidade de divulgação da ciência atra-
vés da robótica e participação na liga de humanoides
da RoboCup está em desenvolvimento no laboratório 2.1 Estrutura Mecânica
do Grupo de Automação e Sistemas Integráveis A estrutura da perna robótica, Figura 3, é de
(GASI) da UNESP de Sorocaba o robô humanoide plástico ABS, tendo sido construída por FDM (Fuse-
Marta, como pode ser observado na Figura 2. dDepositionModeling) através de uma impressora
3D. É composta por cinco partes plásticas externas,
seis engrenagens e dois suportes para motores.

116
Figura 3 –Estrutura da perna.

Destaca-se que as engrenagens, em conjunto com os


suportes dos motores são responsáveis pela transmis-
Figura 5 - Estrutura mecânica
são indireta de dois graus de liberdade da perna como
pode ser observado na Figura 4.
Para este trabalho, adotou-se como base a parte supe- 2.3 Atuadores
rior da perna do robô. Assim, na Figura 5 a seguir Nos robôs os atuadores são empregados no acio-
estão destacados os links. namento das articulações, sendo assim devem ser
ágeis e possibilitar um controle de posicionamento,
além de força suficiente para mover toda a estrutura.
Os servo-motores são atuadores que podem cumprir
estas exigências. Estes motores atuam em malha
fechada: recebem os sinais de comando, verificam a
posição atual e rotacionam até a posição desejada.
Esses sinais de controle são enviados via pacotes
digitais.
Existem servos de rotação contínua, em que os eixos
giram indefinidamente e servos de posição, onde a
liberdade de rotação é inferior a uma volta.
No presente robô, é utilizado um servo-motor Dyna-
mixel MX-64T para a movimentação das juntas, pois
já possuem internamente sistemas de redução, con-
trole de posicionamento e velocidade, o que lhes
confere torque e precisão, além de seu dimensiona-
mento físico ideal. Também são passíveis de ligações
Figura 4 – Pontos de atuação.
em série.
O protocolo de comunicação é assíncrono Serial
Half-Duplex (fluxo de dados bidirecional).
2.2 Tipo de acionamento
A robótica humanoide tem por princípio a cons-
trução de robôs que se assemelhem aos humanos pois
esta semelhança implica em maior eficiência na utili-
zação de ambientes e ferramentas que foram constru-
ídos por e para a sociedade humana. Para que haja
esta semelhança deve-se observar as dimensões e
movimentos dos corpos humanos. Portanto, é neces-
sário que os atuadores utilizados não sejam volumo-
sos, e possam reproduzir os movimentos humanos
com precisão. Devido a estas exigências, utiliza-se
atuadores com acionamento elétrico na construção de
robôs humanoides.
Figura 6- Servo-motor Dynamixel MX-64.

117
O servo-motor Dynamixel MX-64T é um atuador, Na Figura 8, estão os fluxogramas de execução de
Figura 6, exclusivo para robótica que integra Motor ações e aquisição de informações.
DC (12 V) + Controlador PID + Engrenagem de
redução + Driver + Rede, onde:
 Motor = atuador responsável pelo movimen-
to;
 Caixa de redução = acoplada ao motor,
promove o aumento do torque de saída;
 Sensor de posição = potenciômetro acopla-
do ao eixo de saída que por meio de sua re-
sistência indica a posição do eixo. Possui
360º de precisão;
 Circuito de controle = oscilador + PID que
recebe o sinal do sensor de posição e aciona
o motor até o ângulo desejado.

Esse motor apresenta diferentes modos de operação e


no caso de humanoides são empregados os modos:
 Modo Junção (controle em ângulos especí-
Figura 8 - Malha do Controlador.
ficos)
 Modo Multi-voltas (permite que as juntas O acionamento se dá através de comunicação serial
tenham uma gama de valores de posições utilizando-se o protocolo TTL.
controláveis de -28672 a 28672. Na Figura 9, têm-se a estrutura básica necessária para
o envio de instruções ao motor em seguida a estrutu-
Os ângulos de operação são limitados da seguinte ra básica de recepção de informações do motor [4].
forma, de acordo com a tabela de dados de entrada:
 Limite de Ângulo CW: o valor mínimo da
Posição Objetivo
 Limite de Ângulo CCW: o valor máximo
da Posição Objetivo
Figura 9 - Estrutura de envio de instruções
A posição objetivo é um valor de posição de destino.
O posicionamento do servo motor pode ser observa-
do na Figura 7. 2.5 Graus de Liberdade
A quantidade de posições é de 0 a 4095 (0xFFF). A O número de articulações está relacionado à
unidade é de 0,088 graus [3]. quantidade de graus de liberdade, podendo cada
articulação chegar a 3 graus. Cada grau de liberdade
é definido como o deslocamento linear ou rotacional
em torno dos eixos cartesianos. Como nas juntas de
articulação só existem movimentos rotacionais, o
número de graus de liberdade é igual ao número de
motores.

Figura 7 - Posicionamento do servo-motor.

2.4 Controlador
O controle do robô se dá através de um software
proprietário construído na linguagem orientada à
objeto C++, onde os comandos são enviados aos
motores. O controle é feito por meio de uma tabela
que apresenta dados (16 bits) do estado atual em
operação do motor. O usuário pode controlar alteran-
do os dados da tabela de controle por meio dos paco-
tes de instruções.
Figura 10 – Graus de liberdade da perna.

118
Para o cálculo do número de graus de liberdade será
utilizada a Equação do Critério de Kutzbach:

DOF  3  B  1  2  n j1  n j 2 (1)
onde:
B = Número total de corpos (incluindo o solo)
n j1
= Número de juntas com 1 grau de liberdade
n j2
= Número de juntas com 2 graus de liberdade

DOF  3  5  2  3  2
Figura 13 - Restrição angular no eixo X do segundo link
DOF = 7

Portanto, cada perna possui 7 graus de liberdade.

2.6 Workspace
O espaço de trabalho de um robô seja este um
simples manipulador ou uma perna robótica é de
vital importância para o conhecimento do real alcan-
ce através dos movimentos de suas juntas motoriza-
das. Tratando da perna do rodo humanoide em estu-
do, esta informação é útil para correta programação
de uma caminhada ou corrida e para gerar um eficaz
algoritmo que permita definir a posição desta perna Figura 14 - Restrição angular no primeiro link
no caso de um desequilíbrio causado por algum cho-
que físico externo.
A obtenção do espaço de trabalho da perna robótica
ocorre através do conhecimento das restrições de
movimento de cada junta encontrando o range de
atuação das mesmas. Assim, é definido o espaço de
trabalho como qualquer ponto no espaço em que o
último link possa estar controlando as juntas da perna
robótica em estudo conforme as Figuras de 11 à 16.

Figura 15 - Limites máximos no eixo X

Figura 11 – Restrição angular último link

Figura 16 - Limite Máximo no eixo Y

2.7 Representação de Denavit-Hatenberg


A cinemática de um manipulador é nada mais
que estudo do seu movimento sem levar em conside-
ração as forças físicas envolvidas. Dificuldades com
o posicionamento e trajetórias de manipuladores
robóticos são frequentes, principalmente nos casos
Figura 12 - Restrição angular em torno do eixo Y do segundo link onde é necessário fazer a transformação dos pontos

119
desejados no plano espacial para os ângulos corres- 2.8 Simulação através do Software Matlab
pondentes de cada junta. Utilizando-se a toolbox desenvolvida por Peter
A notação de Denavit-Hartenberg (D-H) é uma fer- Corke [6] para software Matlab e os parâmetros D-H
ramenta muito utilizada para sistematizar a descrição foi possível simular trajetórias que estão exemplifi-
cinemática de sistemas mecânicos articulados com n cadas na Figura 18.
graus de liberdade. Essa notação é adotada tanto no
protótipo como na simulação computacional desse
trabalho. A seguir tem-se a descrição do passo-a
passo do método D-H simplificado:

Algoritmo D-H:
Distância entre 𝑍𝑖−1 e 𝑍𝑖 ao longo de 𝑋𝑖 :
𝑎𝑖−1 = ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑍𝑖−1 𝑍𝑖 |𝑋𝑖−1
Ângulo entre 𝑍𝑖−1 𝑒 𝑍𝑖 medido em torno de 𝑋𝑖−1 :
𝛼𝑖−1 > ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑍𝑖−1 𝑍𝑖 |𝑋𝑖−1
Distância entre 𝑋𝑖−1 e 𝑋𝑖 ao longo de 𝑍𝑖 :
𝑑𝑖 = ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑋𝑖−1 𝑋𝑖 |𝑍𝑖
Ângulo entre 𝑋𝑖−1 e 𝑋𝑖 medido em torno de 𝑍𝑖 :
𝜃𝑖 > ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑋𝑖−1 𝑋𝑖 |𝑍𝑖 [5]
Figura 18 - Passos de trajetória gerada para o objeto de estudo.
Seguindo o algoritmo D-H desenhou-se os eixos
necessários a esta análise como pode ser observado a Também com o auxílio desta ferramenta foi possível
Figura 17 e a partir desta figura obteve-se os valores gerar o gráfico de trajetória das juntas em função do
dos parâmetros DH que estão na Tabela 1. tempo para cada uma das trajetórias que podem ser
observadas nas Figuras 19 a 22.

Figura 19 – Trajetória das juntas primeira trajetória

Figura 17 - Eixos Denavit-Hatenberg.

Para as juntas de 1-9 temos os seguintes resultados:


Tabela 1 – Parâmetros Denavit - Hatenberg
i ai-1 (cm) αi-1 d i (cm) θi
1 0 0 4 θ1
2 0 -π/2 0 θ2 -π/2
3 0 -π/2 0 θ3 - π/2
4 17,20 +π/2 0 θ4
5 17,068 -π/2 0 θ5 Figura 20 - Trajetória das juntas segunda trajetória
6 0 +π/2 0 θ6
7 5,50 0 0 θ7 - π/2
8 2,95 0 0 θ8
9 7 0 0 θ9

120
[5] Uicker JJ, Jr., Denavit JJ, Hartenberg RS. An
Iterative Method for the Displacement Analysis
of Spatial Mechanisms. ASME. J. Appl. Mech.
1964;31(2):309-314. doi:10.1115/1.3629602.
[6] Corke, P. I. (1996) ‘A robotics toolbox for
MATLAB’, IEEE Robotics Automation
Magazine, 3(1), pp. 24–32. doi:
10.1109/100.486658.

Apêndice

Programação desenvolvida para simulação no


Figura 21 - Trajetória das juntas terceira trajetória software MatLab com a toolbox de Peter Corke.

clear all;
clc;
close all;
L(1)= Link([0, 4, 0, 0, 0, 0],'modified');
L(2)= Link([0, 0, 0, -pi/2, 0, -pi/2],'modified');
L(3)= Link([0, 0, 0, -pi/2, 0, -pi/2],'modified');
L(4)= Link([0, 0, 17.2, pi/2, 0, 0],'modified');
L(5)= Link([0, 0, 17.068, -pi/2, 0, 0],'modified');
L(6)= Link([0, 0, 0, pi/2, 0, 0],'modified');
L(7)= Link([0, 0, 5.5, 0, 0, -pi/2],'modified');
L(8)= Link([0, 0, 2.95, 0, 0, 0],'modified');
L(9)= Link([0, 0, 7, 0, 0, 0],'modified');
Figura 22 - Trajetória das juntas volta a posição inicial. Pemarta=SerialLink(L)
Pemarta.plot([0 0 0 0 0 0 0 0 0])
q0=[0 0 0 0 0 0 0 0 0];
3 Conclusão
T=0:0.1:1;
Robôs humanoides usualmente apresentam grau
de complexidade bastante elevado. Assim, é essenci- qf1=[0 0 0 pi/2 0 0 0 0 0];
al que no início de estudos cinemáticos haja uma [q1,qd1,qdd1]=jtraj(q0,qf1,T)
compreensão completa das características do objeto qf2=[pi/2 0 0 pi/2 0 0 0 pi/12 0];
de estudo. Desta forma, este trabalho serviu ao seu [q2,qd2,qdd2]=jtraj(qf1,qf2,T);
propósito de caracterização da perna robótica do robô
Marta. qf3=[pi/2 0 0 pi/2 0 0 0 -pi/12 0];
[q3,qd3,qdd3]=jtraj(qf2,qf3,T);
Referências Bibliográficas
qf4=[0 0 0 0 0 0 0 0 0];
[q4,qd4,qdd4]=jtraj(qf3,qf4,T);
[1] A Brief History of RoboCup (sem data).
Disponível em:
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Maio 2017).
grid on;

121
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

SISTEMA DE MONITORAMENTO DE BATIMENTOS CARDÍACOS

SOPHIA M. B. BARILLARI, VITOR S. GOUVEIA, EVERSON MARTINS, MARILZA A. LEMOS

Engenharia de Controle e Automação, Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba


Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
Avenida Três de Março, 511, Aparecidinha, Sorocaba
E-mails: sophiabarillari@gmail.com, vitordossantosgouveia@hotmail.com,
everson@sorocaba.unesp.br, marilza@sorocaba.unesp.br

Resumo Atualmente se tem percebido um aumento significativo das mortes por doenças cardiovasculares, isso ocorre em con-
sequência, ora por negligência e falta de monitoramento, ora por questões relacionadas ao estilo de vida adotado pelo paciente.
Dessa forma, tem se tornado cada vez mais comuns as metodologias de realização de exames que facilitem o monitoramento do
paciente. Visto isso, este artigo aborda o projeto de um medidor de batimentos cardíacos que esteja disponível para o uso do pa-
ciente a qualquer momento, ou seja, que facilite o monitoramento do mesmo e que sirva como medida preventiva para essa ne-
gligência supracitada. Serão realizadas medições experimentais para comprovar o funcionamento desta metodologia, ressaltando
que ela não substitui um aparelho médico real.

Palavras-chave Medidor, batimentos cardíacos, sensor, doenças cardiovasculares, exames.

muito útil, pois gera dados que não são possíveis


através de outros exames como, por exemplo, a eco-
1 Introdução grafia vascular. A fotopletismografia, por sua vez, é
o registo das modificações de volume de alguma
A tecnologia vem ganhando cada vez mais espa- parte do corpo ou órgão, essa medição é possível
ço no cotidiano da sociedade com descobertas cons- devido à fenômenos circulatórios (PARREIRA,
tantes que facilitam o dia-a-dia e melhoram a quali- 2012).
dade de vida, até prolongando-a. Segundo a Organi- Com base nessa problemática, o objetivo deste traba-
zação Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardio- lho consiste no desenvolvimento de um dispositivo
vasculares são uma das maiores causas de mortes no cuja função será medir os batimentos cardíacos de
mundo (Wajngarten, 2010). O aumento desta doença uma pessoa e apresentá-lo em um dispositivo LCD
ocorre, na maioria das vezes devido ao estilo de vida usando os métodos do exame pletismógrafo.
adotado pelo paciente e/ou pela falta de acompanha-
mento médico, o que acarreta no retardamento do
diagnóstico (Sutar, Kothari and Keskar, 2013). 2 Aspectos Teóricos
Atualmente os equipamentos de acompanhamento de
batimentos cardíacos são utilizados pelo próprio O princípio do fenômeno fotopletismografia é
paciente e ficam sob responsabilidade do mesmo. que a luz, viajando através do tecido biológico pode
Todavia, essa facilidade no tipo de armazenamento ser absorvida por diferentes substâncias, incluindo os
também acarreta um grande problema, que é a falta pigmentos da pele, ossos, além de sangue arterial ou
de familiaridade do paciente com o equipamento, o mesmo venoso. A maioria das mudanças no fluxo
que pode fazer com que ele, sem a intenção, modifi- sanguíneo ocorre principalmente nas artérias e arterí-
que as configurações deste ou até mesmo perca os olas, por exemplo, as artérias possuem mais volume
dados coletados nos exames, o que gera atraso e sanguíneo durante a fase sistólica do ciclo cardíaco
retrabalho. do que durante a fase diastólica, o ciclo cardíaco é
Apesar do problema supracitado, vale ressaltar a apresentada na Figura 1.
importância deste método de exame, pois, além de
aproximar a medicina do paciente, faz com que ele
possa se auto monitorar, evitando assim que o mes-
mo não dê a devida atenção à sua saúde. Esta poderia
se tornar uma grande medida contra a crescente esta-
tística de problemas cardíacos no mundo.
Um dos mais importantes parâmetros cardiopulmo-
nares é a pressão sanguínea, porém, o seu monitora-
mento é complicado. Pesquisas recentes apontam que
sensores portáteis de batimentos cardíacos baseados
no princípio de fotopletismografia têm se tornando Figura 1. Representação do ciclo cardíaco (GOBBI, 2002).
muito populares, devido a alguns fatores já citados.
A pletismografia é um exame que detecta a insufici- A diástole é a fase em que há relaxamento isovolu-
ência venosa e falha na bomba periférica, a qual métrico e a sístole é a fase em que há contração
auxilia no bombeamento sanguíneo. Esse exame é isovolumétrica (GOBBI, 2002). Sensores com esse

122
princípio detectam variações de volume de fluxo de mento de onda menores, enquanto que ondas que
sangue, isto é, alterações na intensidade de luz detec- possuem frequências baixas possuem comprimento
tada através do tecido. Esse sinal gerado é dividido de onda maiores, o que resulta na classificação de
em duas componentes, uma alternada e uma contí- ondas de rádio, micro-ondas, radiação infravermelha,
nua. A sua variante contínua corresponde ao que foi luz invisível, raios ultravioleta, raios-x e radiação
detectado pelo sensor ótico através do tecido, e ele é gama.
dependente da estrutura do tecido e da média de Considerando-se as características ópticas da pele
volume de sangue, já a sua variante alternada mostra humana, o pico de absorção corresponde à região
a alteração de volume entre as fases sistólica e di- azul do espectro, os comprimentos de onda mais
astólica do ciclo cardíaco. curtos são mais facilmente absorvidos pela melanina.
O infravermelho passa facilmente e, dessa forma,
2.1 Sensor KY-039 concluiu-se que os comprimentos de onda do infra-
vermelho têm sido utilizados como fonte de luz nesse
O sensor de pulso infravermelho KY-039 é uma
tipo de sensor (CARVALHO, sem data)
placa utilizada para medir os batimentos cardíacos
(Figura 2), ou seja, a atividade elétrica do coração,
possibilitando a verificação da frequência cardíaca ou
pulso em diferentes partes do corpo humano. Os
dados gerados pelo sensor podem ser úteis na pre-
venção ou detecção de problemas relacionados à
circulação, ressaltando que este dispositivo não é um
produto médico, portanto é apenas uma metodologia
de medição que simplifica e reproduz exames como a
fotoplestimografia.

Figura 4. Espectro eletromagnético. (CARVALHO, Thomas).

2.2 Sistemas Microprocessados


Para projetos sofisticados de automação, os mé-
todos teóricos da engenharia precisam ser converti-
dos em linguagens de programação para serem exe-
cutados em alguma arquitetura microprocessada.
Atualmente o mercado dispõe de uma vasta gama de
processadores desde microcontroladores de muito
Figura 2. Sensor KY-039. baixo custo até placas processadoras de alto desem-
penho ou CLPs (Controladores Lógico Programá-
Esse sensor é composto por duas partes, o transmis- veis).
sor e o detector. A luz transmitida através do meio é Os microcontroladores, em geral, possuem, além do
recebida pelo fotodetector, que se localiza do lado processador, uma série de circuitos adicionais que
oposto, ele detecta a luz refletida pelo tecido, osso ou facilitam o desenvolvimento de projetos de automa-
vasos sanguíneos. Para medição coloca-se o dedo ção, tais como: temporizadores (timers/counters),
entre eles (Figura 3), por ser uma região de fácil conversores digitais analógicos e analógicos digitais,
leitura dos batimentos. Vale ressaltar que seu baixo portas paralelas digitais e analógicas, portas seriais e
custo torna acessível seu uso para simplificação de USB, recursos para geração de sinal PWM, entre
métodos de medição de batimentos cardíacos. outros. Um microcontrolador de baixo custo, muito
utilizado atualmente, é o Atmega, da Atmel, por
meio das placas denominadas Arduino. (BRAGA,
Newton C, sem data)
O Arduino é uma plataforma criada em 2005 por
cinco pesquisadores, Massimo Banzi, David Cuarti-
elles, Tom Igoe, Gianluca Martino e David Mellis,
cuja ideia era tornar acessível a programação para
pessoas que não são desta área especificamente. Ele é
Figura 3. Funcionamento do sensor KY-039 (RIBEIRO, Thalles
uma placa constituída do microcontrolador Atmel e
Bernardo Quevedo, sem Data). circuitos de entrada e saída que possibilitam a sua
conexão a um computador ou outros dispositivos.
O espectro eletromagnético é o intervalo de todas as Dois modelos bastante difundidos são o Arduino
possíveis frequências da radiação eletromagnética Mega 2560 (Figura 5) e o Arduino UNO (Figura 6).
(Figura 4). O comportamento da onda eletromagnéti- A placa Arduino Mega 2560 possui recursos para
ca depende do seu comprimento de onda de forma prototipagem e projetos mais elaborados e é baseada
que, ondas com frequências altas possuem compri-
123
no microcontrolador ATmega2560, um microcontro- era a aquisição de um sinal suscetível a ruídos, o que
lador de 8 bits de arquitetura RISC avançada. Ele tornaria a leitura inexata. Frente ao problema foram
conta com 256 KB de Flash, 8 KB de RAM e 4 KB iniciados estudos para inclusão de um filtro visando
de EEPROM. Chega a processar 16 MIPS (milhões melhorar o sinal de entrada. Um filtro tipicamente
de instruções por segundo), operando em 16 MHz. utilizado nesses casos é o filtro exponencial de média
Possui diversos periféricos que aumentam as possibi- móvel. Esse filtro pode ser implementado das seguin-
lidades da plataforma Arduino. tes formas: por convolução, por redução de ruído,
A placa Arduino UNO possui processador por implementação recursiva ou por passagens múl-
ATMEGA328, 14 portas digitais, sendo seis delas tiplas (SMITH, 2003). Na sequência, foi desenvolvi-
podendo ser usadas como saída PWM, e seis portas do no software Matlab/Simulink um diagrama para
analógicas. Já a sua alimentação pode ser através da estudar a funcionalidade desse filtro, mostrado na
conexão USB ou de uma alimentação externa reco- Figura 7.
mendável de 7 a 12 V.

Figura 5. Placa Arduino MEGA.


Figura 7. Diagrama de blocos que representa um filtro de média
móvel para diminuição de ruído.

Para os testes foi selecionada uma entrada senoidal


com ruído e o filtro foi aplicado. Na Figura 8 podem
ser vistos o sinal de entrada na parte superior e o
sinal resultante após o filtro.

Figura 6. Placa Arduino UNO.

A linguagem do Arduino é DSL (Domain Specific


Language) inspirada no C/C++. O ambiente de de-
senvolvimento (IDE – Integrated Development Envi-
ronment) conta com diversas funções predefinidas,
porém existem muitas outras funções disponíveis na
literatura, acessíveis por meio de bibliotecas para con-
trole de servomotores, controle fuzzy, displays LCD,
recepção de sinais de sensores e outros dispositivos.
Em termos de hardware, a plataforma arduino permi-
te facilidade na prototipação devido a existência do
padrão de conexão dos shields (placas complementa- Figura 8. Resultado da aplicação de um filtro de média móvel para
res com funções específicas) (Souza, 2017; Arduino, eliminação de ruídos.
2017).
Com o resultado positivo, o filtro foi utilizado no
projeto com a abordagem de implementação recursi-
3 Materiais e Métodos va. A equação que a representa no domínio do tempo
é apresentada em (1).
1
3.1 Materiais 𝑦[𝑖] = 𝑀 ∑𝑀−1
𝑗=0 𝑥(𝑖 + 𝑗) (1)
onde 𝑀 é o número de amostras considerada para a
 Placa Arduino UNO
média, i se refere a qual medida está sendo feita o
 Sensor KY-039 calculo e j se refere à medida seguinte.
 Potenciômetro de 10K De forma sucinta, essa equação faz uma média dos
 Display de Cristal Liquido 16x2 valores baseada nas medidas seguintes. Dessa forma
deve-se ter cuidado para não escolher uma taxa de
amostragem maior do que o período analisado. Vale
3.2 Métodos ressaltar que foi observado nos estudos do filtro que
O trabalho foi iniciado com a pesquisa bibliográ- este é muito eficiente na redução de ruído, porém é
fica na literatura da área médica seguida da pesquisa mais efetivo no domínio do tempo do que no domí-
em instrumentação e automação na referida área. nio da frequência, portanto as medições para testes
Como resultado, verificou-se que a base do projeto do sistema foram realizadas em função do tempo.

124
Após a compilação das informações adquiridas foi 4 Resultados e Discussões
necessário a revisão de conceitos de programação na
linguagem do Arduino, placa microprocessada sele- Com a aplicação carregada na placa Arduino,
cionada. O pseudocódigo abaixo apresenta a lógica foi possível realizar medições e ler os resultados
do programa desenvolvido. tanto no LCD, diretamente no protótipo como tam-
bém pela interface da IDE do Arduino. Ressalta-se
que estes testes não incluíram a implementação do
Inclua as bibliotecas Filters.h e LiquidCrystal.h filtro no código da aplicação. Foram medidos os
Defina conexão serial, colunas e linhas do dis- batimentos de três pessoas diferentes (A, B e C), dez
play vezes cada um, e construída uma tabela. Cada pessoa
Inicialize o filtro de sinais maiores que 3Hz e teve sua medição realizada sem e com isolamento da
menores que 1Hz luz, para se analisar a influência externa na medição
do sensor, ou seja, foram realizadas dez medidas para
PARA uma variável qualquer de 1 a 100, passo
cada uma das seis situações. A partir desses dados
1, FAÇA
coletados foram gerados gráficos no domínio do
Amplifique o sinal
tempo, os quais se assemelharam muito com os da
Filtre o Sinal simulação, como pode ser visto das Figuras 10 a 18 e
SE sinal maior que um valor definido expe- das Tabelas 1 a 6.
rimentalmente, FAÇA
Tabela 1. Batimentos cardíacos de A.
Conte o tempo de pico do sinal Medidas de A
Conte o tamanho do sinal de pico; (BPM)
SENÃO Com luz Sem luz
SE tamanho do pico for maior que
88 81
o tamanho do pico anterior FAÇA
Pico anterior = Pico 93 84
atual 94 82
Inicie a calibragem e os cálculos para exibição 86 82
da frequência cardíaca
91 83
Variável de BPM = (Contagem de pico/Ultimo
tamanho de pico)*60 87 81
Inicie procedimento de impressão no display 85 83
91 84
93 84
Os primeiros testes foram realizados na própria inter- 89 84
face do Arduino através do uso da função “Seri-
al.begin(9600); ” obtendo-se na tela de visualização
da IDE do Arduino, a forma de onda que representa
os batimentos cardíacos. Essa forma de onda era
esperada, baseado nas pesquisas realizadas. Essa
função inserida no código permite que os vários
valores medidos pelo sensor sejam mostrados no
LCD e na tela do computador ao mesmo tempo. Essa
interface gráfica da IDE do Arduino funcionou como
forma de simulação do projeto, auxiliando tanto na
depuração da aplicação como na montagem do protó-
tipo (Figura 9).
Figura 10. Batimentos por minuto do indivíduo A.

Figura 9. Protótipo do Instrumento.


Figura 11. Batimentos cardíacos do individuo A na fase de
simulação.

125
Tabela 2. Batimentos cardíacos do indivíduo B.
Medidas de B
(BPM)
Com luz Sem luz
84 74
86 75
83 71
79 72
87 75
84 74
Figura 14. Batimentos por minuto do indivíduo C.
82 74
.
81 74
80 76
79 75

Figura 15. Batimentos cardíacos do indivíduo C na fase de


simulação.

Como pode ser observado nos dados dos três indiví-


duos, as medidas obtidas com isolamento da luz,
além de possuírem valores mais baixos, estes se
Figura 12. Batimentos por minuto do indivíduo B. mantiveram mais estáveis, o que era esperado visto
que nas medições sem isolamento há a presença de
inúmeros fatores externos influenciando no valor
medido. O sensor apresentou-se extremamente sensí-
vel e como consequência, as medidas sofreram varia-
ções. Isto pode ser explicado pela não calibração a
cada medida e também porque o sensor detecta luzes
que são transmitas pelo meio, podendo ser esses
meio, ossos, pele e sangue, os quais variam de pessoa
para pessoa. Portanto, o protótipo não deve ser com-
parado com instrumentos médicos precisos, mas um
mero substituto da metodologia utilizada em exames
laboratoriais. Inclusive, as frequências detectadas
Figura 13. Batimentos cardíacos do indivíduo B na fase de
pelo sensor estão diretamente relacionadas ao seu
simulação. comprimento de onda, ou seja, dependendo das con-
dições de medição, não são recebidos os mesmos
Tabela 3. Batimentos cardíacos de C.
tipos de sinais pelo sensor.
Medidas de C Para uma pessoa normal, os batimentos devem estar
(BPM) na faixa de 60 a 100 batimentos por minuto. Os grá-
ficos e tabelas apresentam valores entre 75 e 95 ba-
Com luz Sem luz
timentos por minuto. Apesar desses valores estarem
98 91 dentro da faixa aceitável eles não podem ser conside-
97 91 rados precisos, como os realizados por aparelhos
90 91 médicos, devido aos fatores já citados que influenci-
am na qualidade da medição.
87 91
90 91 4.1 Aplicando o filtro nas medidas obtidas
99 90
Para verificar a influência dos ruídos nas medi-
88 90 das dos três indivíduos foi aplicada a equação do
94 90 filtro e, dessa forma, foi possível conhecer a magni-
87 90 tude dessa influência na medição dos batimentos
cardíacos.
91 90

126
Tabela 4. Batimentos cardíacos filtrados de A. Tabela 6. Batimentos cardíacos filtrados de C.
Medidas de A (BPM) Medidas de C (BPM)
Com luz Sem luz Com luz Sem luz
90,5 82,5 97,5 91
93,5 83 93,5 91
90 82 88,5 91
88,5 82,5 88,5 91
89 82 94,5 90,5
86 82 93,5 90
88 83,5 91 90
92 84 90,5 90
91 84 89 90
89 84 91 90

Figura 16. Batimentos por minuto do indivíduo A.


Figura 18. Batimentos por minuto do indivíduo C.

Tabela 5. Batimentos cardíacos filtrados de B.


Comparando-se as duas situações para as medições
Medidas de B (BPM) sem e com o filtro pôde-se perceber, de um modo
Com luz Sem luz geral, que com a aplicação do filtro os gráficos apre-
85 74,5 sentaram variações menos abruptas, ou seja, o filtro
nivelou as medições realizadas, independente da
84,5 73
influência da luminosidade.
81 71,5 Como só foram realizadas dez medidas, e ainda de
83 73,5 forma discreta, as ondas se diferem um pouco da
85,5 74,5 simulação, porém o comportamento observado é o
mesmo. Vale ressaltar que foi observado se a taxa de
83 74
amostragem usada era superior ao período do sinal,
81,5 74 visto que a aplicação da equação do filtro implica
80,5 75 simplificadamente numa média. Caso essa relação
79,5 75,5 não fosse coerente, isto poderia afetar no formato da
onda de saída.
79 75

5 Conclusões

O projeto de medidor de batimentos cardíacos


foi desenvolvido em resposta à crescente estatística
de mortes por doenças cardíacas apontada pela Orga-
nização Mundial de Saúde (OMS).
Com a construção do projeto foi possível fazer medi-
ções coerentes (porém não exatas) dos batimentos de
três pessoas diferentes, considerando-se a influencia
da luminosidade. Nesse quesito pôde-se observar que
com o sensor isolado da luz, as medições apresenta-
vam valores mais baixos e oscilavam menos, enquan-
Figura 17. Batimentos por minuto do indivíduo B. to que quando usado em meio aberto e iluminado
artificialmente, os valores obtidos foram mais altos e

127
mais instáveis, pois a luz detectada pelo sensor varia RIBEIRO, Thalles B.Q. “Detector de batimentos cardíacos
de acordo com a melanina, os ossos e o fluxo de utilizando sensor KY-039”. FURG, 2016
sangue.
SMITH, S.W.; “Digital Signal Processing – a practical
A partir dessas medições foi possível construir gráfi-
guide for engineers and scientists”, 2003. USA.
cos, que mostraram formas de onda similares às
simuladas, porém, na simulação foram coletados BRAGA, Newton C.; “O básico sobre os Microcontrolado-
muito mais pontos do que durante o experimento res – parte 1 (MIC139) ”. Acesso em 21 de setembro de
manual. 2017.
Além disso foi aplicada a equação do filtro de média
móvel às medidas dos três indivíduos, de forma a
eliminar o ruído proveniente de instabilidades e inter-
ferências no sinal gerado.
A interdisciplinaridade ficou clara durante esse pro-
jeto, visto que foram necessários conhecimentos
sobre controladores e sobre sinais e circuitos analó-
gicos, ambos contribuindo para melhor desenvolvi-
mento do mesmo. Durante a sua execução, a equipe
de desenvolvimento lidou com diversas dificuldades,
porém a mais significativa foi quanto ao uso do sen-
sor, visto que ele era facilmente influenciado por
fatores externos. A aplicação do filtro mostrou-se
como uma solução válida, porém o trabalho em ques-
tão ainda tem muitos aspectos a serem melhorados
para atingir uma condição que garanta robustez e
confiabilidade.

Referências Bibliográficas

XAVIER, Geyza. “A Evolução da Tecnologia a Favor da


Medicina e os Interesses por trás das Descobertas”. Acesso
em 09 de agosto de 2017.

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M.; Simões, Walter C. S. S. e Silva, Vandermi J. “Um
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Acesso em 09 de agosto de 2017.

NARDES, José G. D. e Chequim, Giovani. “Pulseira para


Monitoramento de queda e batimento cardíaco de idosos.”
Acesso em 09 de agosto de 2017.

PARREIRA, Verônica F.; Vieira, Danielle S. R.; Myrrha,


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Britto, Raquel R. “Pletismografia optoeletrônica: uma
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2017.

Usinainfo: Sensor de Pulso Infravermelho KY039 para


Batimentos Cardíacos. Disponível em
<https://www.usinainfo.com.br/sensor-de-pulso-
arduino/sensor-de-pulso-infravermelho-ky039-para-
batimentos-cardiacos-4964.html> Acesso em 21 de setem-
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CARVALHO, Thomas. “Especto eletromagnético”. Dis-


ponível em <http://www.infoescola.com/fisica/espectro-
eletromagnetico/> Acesso em 27 de setembro de 2017.

128
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

PROJETO DE UM MECANISMO REPRESENTANDO AS ASAS DE UMA AVE: “WING FLAPPING


MECHANISM”

BRUNO M. PEREIRA, VICTOR M. YOSHIZUMI, MAURICIO BECERRA VARGAS

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba – UNESP


Av. Três de Março, 511 – Alto da Boa Vista, Sorocaba – SP, 18087-180
E-mails:brunomarquespereira@uol.com.br, vmassato@hotmail.com

Resumo Atualmente existem várias vertentes da robótica, e cada um com sua peculiaridade e finalidades diferentes, existem robôs ara-
nhas e caranguejos, robôs insetos, robôs antropomórficos, robôs que simulam animais de estimação e também os robôs que imitam aves. O
projeto pretende descrever as etapas do projeto da simulação de um mecanismo que simula as asas de uma ave. Desde a caracterização da
estrutura, definições de mecanismos e dispositivos para emular o bater das asas de uma ave. Dentro deste projeto destacam-se os métodos de
sincronismo das asas e os mecanismos presentes em uma asa com 3 graus de liberdade. Por fim, têm-se as simulações e os resultados obti-
dos com as conclusões dos parâmetros.
Palavras-chave Wing Flapping Mechanism, robótica, robôs aves, simulação.

1 Introdução

O grupo decidiu desenvolver um mecanismo


presente nos robôs do tipo aves, e baseado nisso, o
projeto consiste em projetar e simular um mecanismo
que simule o movimento de asas de aves. O meca-
nismo deve converter o movimento rotativo do mo- Figura 1 - Manivela Escalada. [2]
tor, no movimento alternativo das asas de maneira
Dobradiça de asa externa (Figura 2): se seus métodos
simétrica. A base para o funcionamento deste meca-
de fabricação não permitirem uma manivela escalo-
nismo é chamada de "ligação de quatro barras". Exis-
nada, pode ser preferível separar as duas linhas de
te um eixo de manivela giratório, movido pelo motor.
dobradiça de asa de modo que as hastes de ligação
À medida que a manivela circula, as bielas empurram
passem entre as dobradiças da asa. Uma vez que o
as asas para cima e para baixo.
ângulo entre as bielas é pequeno, se torna bastante
simétrico. Este método precisará de uma estrutura
1.1 Mecanismo de quatro barras corporal mais complicada para suportar as dobradi-
ças de asa externas.
Mecanismos de quatro barras geralmente são
construídos por 3 barras móveis e uma delas fixa.
Elas são nomeadas de link fixo, link motor, link
acoplador e link seguidor, e são bastante utilizadas,
pois as diferentes relações geométricas entre elas
produzem diferentes relações de movimentos entre
entrada e saída, são exemplos dessas relações a ma-
nivela-manivela, balancim-balancim e a biela-
manivela, que são objetos de estudos em projetos de
máquinas. Figura 2 - Dobradiça de asa externa. [1]

Duas manivelas: Outra solução é usar duas manivelas


1.2 Simetria das asas separadas, conforme mostra a Figura 3. Isso requer
um eixo de transmissão adicional e engrenagem. Este
Infelizmente, quando uma segunda asa é adicio-
mecanismo provavelmente pesará um pouco mais do
nada, esse mecanismo produzirá assimetrias na bati-
que o mecanismo de dobradiça de asa externa mos-
da das duas asas. As duas hastes de conexão deixam
trado acima, mas será mais simétrico.
a manivela em diferentes ângulos. Isso faz com que
eles atuem em momentos diferentes, esta assimetria
diminui a eficiência e faz com que a ave se vire para
um lado. Existem várias maneiras de melhorar a
simetria, a seguir temos alguns desses métodos.
Manivela Escalada (Figura 1): A solução mais sim-
ples é usar uma manivela escalonada. Aqui, as bielas
se deslocam em ângulos diferentes, mas seu tempo é
corrigido ao colocá-los em jogadas de manivela sepa-
radas. A manivela escalonada é mais facilmente
Figura 3 - Duas manivelas. [1]
construída a partir de arame curvado.

129
Eixo transversal (Figura 4): uma variação na ideia de 2 Desenvolvimento e metodologias
dupla manivela é usar um único eixo de transmissão
transversal, com manivelas em ambas as extremida-
des. Uma vez que as manivelas não estão operando 2.1 O mecanismo detalhado
no mesmo plano que o arco de batimento das asas, as A Figura 5 ilustra a estrutura que será estudada.
bielas devem ter juntas esféricas nas extremidades. No centro da estrutura há geração de movimento
Isso resulta em mais fricção em comparação com através do motor e de um mecanismo biela manivela,
rolamentos de esferas operando em um único plano. conforme Figura 6.
[1]

Figura 5 - O mecanismo. [4]


Figura 4 - Eixo transversal. [1]

1.3 Tipos de síntese


Existem 3 tipos diferentes de síntese de projetos,
cada um com suas vantagens e usos determinados:
1) Gerador de função: Existe uma relação entre
o Link motor e o Link seguidor por meio de Figura 6 - Geração de movimento. [4]
uma função matemática.
2) Gerador de trajetória: Deseja-se fazer com O motor faz com que uma engrenagem central (1) se
movimente, acionando a manivela (2). A manivela é
que um determinado ponto execute uma pré-
acoplada à biela (3) que por sua vez empurra a asa
determinada trajetória e estuda-se o compor- (4). Analisa-se uma metade do corpo pois na outra
tamento deste ponto. metade o funcionamento é o mesmo.
3) Movimentação de corpos: Deseja-se movi- A extremidade da asa é estruturada conforme apre-
mentar corpos entre uma posição inicial pa- sentado na Figura 7.
ra outra posição final. Translação ou rotação
do Link acoplador ou do Link seguidor.

1.4 AutoCAD
É um software do tipo CAD (Computer Aided
Design), criado pela Autodesk,Inc. utilizada ampla-
mente para criação de modelos tridimensionais, de-
senhos técnicos tanto para design de interiores e
Figura 7 - Extremidade da asa [4]
arquitetura, quanto para diversos ramos da engenha-
ria e indústria. [6] Na extremidade têm-se dois links (Link 1 e Link 3)
que fazem a ligação com a estrutura central (meca-
nismo biela manivela). Um outro link (Link 2) que
1.5 Adams apoia a estrutura do Pinhão, este último faz o movi-
É um software que ajuda engenheiros a estudar a mento da terminação da asa para cima e para baixo,
dinâmica de partes em movimento e como as cargas simulando o movimento das penas. [4]
e forças estão distribuídas através de um sistema
mecânico, simulando condições físicas do mundo
2.2 Os graus de liberdade
real, como gravidade, peso, contatos e resistências,
dando um melhor suporte para análises e simulações. Os graus de liberdade de uma estrutura mecânica
[7] indicam matematicamente, o número de parâmetros
necessários para controlar e projetar o movimento do
mecanismo.
Desta forma, para verificar a mobilidade de um me-
canismo calcula-se o número de graus de liberdade,
assim, pode-se determinar quantos parâmetros de

130
controle de movimento são necessários para contro-
lar a estrutura.
O cálculo, considerando-se uma movimentação do
robô no espaço se dá por meio de (1).

𝑁 = 3(𝐵 − 1) − 2𝑛𝑗1 − 𝑛𝑗2 (1)

onde: N é o número de graus de liberdade;


B é o número de corpos incluindo o solo;
𝑛𝑗1 é o número de juntas com um grau de liberdade;
Figura 9 - Links e Juntas Extremidade da Asa. [4]
𝑛𝑗2 é o número de juntas com dois graus de liberda-
de; Substituindo os valores na expressão de cálculo de
Analisa-se a quantidade de links e juntas a partir das graus de liberdade (1), obtém-se:
figuras (Figura 8 e Figura 9) a seguir.
𝑁 = 3(12 − 1) − 2.14 − 2 (2)
𝑁 = 3 𝐷𝑂𝐹

Conclui-se, portanto, que a estrutura a ser analisada


possui 3 graus de liberdade, sendo assim, 3 restrições
de movimento e um total de 3 juntas motorizadas.
[3][5]

2.3 Abordagem de mecanismos do projeto


O projeto possui mais do que quatro barras, o
que torna sua análise mais complicada, para simplifi-
carmos o estudo deste projeto com 3 graus de liber-
dade, adotamos por sugestão do Professor, algumas
subdivisões em mecanismos diferentes, sendo então
compostos por dois mecanismos de quatro barras.
Ilustrados a seguir na Figura 10, temos esquematiza-
da o mecanismo completo e algumas cores diferentes
para diferenciar as barras.

Figura 10 – Wing Flapping Mechanism [4]


Figura 8 - Links e Juntas[4]
A Figura 11 representa de maneira simplificada uma
Na estrutura central têm-se o número de links escri-
das asas do mecanismo utilizando a esquemática
tos na cor vermelha, totalizando 9 links (o solo “1”
representada pelas cores para identificar cada com-
conta). Já para o número de juntas há a representação
ponente do sistema, através do software AutoCAD.
através dos círculos verdes, círculo azul e o círculo
A seguir, cada uma das subdivisões do mecanismo
roxo. Este azul contabiliza como 3 juntas, já que ele
completo, na Figura 12 uma Manivela-Balancim com
realiza a ligação entre: Link 6 e 7, Link 6 e 8, Link 7 e
a parte interna de uma das asas, e a Figura 13 um
8. O círculo roxo representa a ligação entre a engre-
Balancim-Balancim, representado pela parte externa
nagem “1” e a engrenagem “2” que é uma junta com
da asa, dois mecanismos de quatro barras como cita-
dois graus de liberdade (junta engrenagem). Ressalta-
dos anteriormente.
se que a engrenagem 1 está no mecanismo para ali-
nhar simetria e redução de velocidade, portanto,
considera-se como solo.
Na segunda parte da estrutura (Figura 9), novamente
os links estão enumerados em vermelho e as juntas
com um grau de liberdade circuladas em verde, a
com dois graus em roxo, e nota-se a junta circulada
em azul, com um grau de liberdade uma vez que
permite o giro no eixo x.
Observa-se então, que no total têm-se 12 links, 14
juntas com um grau de liberdade e 2 juntas com dois Figura 11 – Esquemática de uma das asas
graus de liberdade.

131
Figura 12 – Manivela - Balancim.

Figura 14 – Manivela – Balancim Resolução Gráfica.


Tabela 1 - Medidas do mecanismo manivela-balancim.

LINK MEDIDA (cm)


Figura 13 – Balancim - Balancim Fixo 21.4991
O tipo de síntese adotada para o estudo do projeto é o Motor 5.1901
Gerador de Função. Para isso usaram-se métodos Acoplador 19.81
gráficos de resolução, tanto para a Biela-Manivela, Seguidor 10.0691
quanto para Balancim-Balancim.
Vê-se, portanto, que a menor peça é a peça adjacente
à fixa, e como foi visto em laboratório essa composi-
2.4 Projeto ção descreve o mecanismo Manivela-Balancim. A
Para realização da síntese gráfica, foram utiliza- Figura 15 comprova que atende ao critério de Gras-
dos roteiros enviados pelo Prof. Dr. Maurício, intitu- hof.
lados: “Síntese de um mecanismo Grashof – manive-
la – balancim” e “Síntese de um mecanismo balan-
cim-balancim”. Ambos os métodos utilizados segui-
ram a síntese de gerador de função e consistem em
cálculos geométricos espaciais pré-definidos através
do cálculo de arcos e retas resultando na obtenção
das medidas dos links dos dispositivos.
Para o mecanismo manivela-balancim utilizou-se um
método gráfico adotando-se que o tempo de avanço é Figura 15 – Manivela – Balancim: confirmação de Grashof
igual ao de retorno, ou seja, Q=1.
Para o balancim-balancim, foram definidos como
A partir de referências enviadas pelo Prof. Dr. Mau-
critério os ângulos de entrada e sua relação com os
rício iniciou-se o desenvolvimento do método. Pri-
ângulos de saída e através do método de sobreposi-
meiramente definiu-se a angulação que o balancim
ção (“overlay method”) calculou-se o tamanho do
faria, como sendo de 60°, este ângulo foi obtido
acoplador entre eles.
através do estudo da movimentação da asa de aves e
O método consiste em definir um tamanho para a
feita uma aproximação. Escolheu-se então um se-
barra fixa e traçar linhas com esse tamanho a partir
gundo ponto (O2), esta distância (O4 até O2) é de
de cada um dos ângulos definidos de entrada e saída,
livre escolha. Foi feito então no ponto O2 um círculo
através dessas linhas, faz-se uma sobreposição entre
cujo raio definiu o tamanho do link motor (B1B2/2).
os dois perfis de desenho, e quando encontra-se uma
Por fim têm-se a distância da extremidade do raio até
linha em que há a sobreposição de todos os pontos
o ponto (B1) define o link acoplador. O link seguidor
nos dois perfis, tem-se então o tamanho desejado do
pôde ser mensurado a partir dos ângulos de extensão
acoplador. Essa metodologia de resolução gráfica do
(máxima e mínima) ao ponto de origem, determinan-
mecanismo balancim-balancim também foi feita no
do a partir daí o tamanho da barra fixa.
AutoCAD e encontrou-se o resultado mostrado nas
Os passos da resolução gráfica foram realizados via
Figuras 16 e 17.
AutoCAD e os resultados podem ser observados na
A Tabela 2 mostra as medidas que foram encontradas
Figura 14.
para a estrutura do balancim-balancim.
Portanto em um primeiro momento, para o mecanis-
mo Manivela – Balancim, encontrou-se as medidas
apresentadas na Tabela 1.

132
Figura 19 – Simulação de modelo no Adams
Figura 16 – Balancim – Balancim: montagem da resolução gráfica
3.2 Análise de Ângulos

Vê-se, a partir da Figura 20, que o mecanismo se


comportou conforme o ângulo determinado em pro-
jeto, realizando movimento de 69º (de 57° à 126°),
aproximadamente igual ao projeto de 60°, no que diz
respeito à abertura de acoplador e seguidor.

Figura 17 – Balancim – Balancim: resposta da resolução gráfica.


Tabela 2 - Medidas do mecanismo balancim-balancim.

LINK MEDIDA (cm)


Fixo 16.5947 Figura 20 – Manivela Balancim: ângulo entre seguidor e acoplador
Motor 7.305
Acoplador 45.5836 Outro ângulo importante de projeto foi em relação ao
Seguidor 36.6366 seguidor e a barra fixa do balancim-balancim, o pro-
jetado foi a variação de 110° à 164°, portanto um
Seguindo-se o critério de Grashof, têm-se um balan- total de 54°. O obtido é mostrado na Figura 21.
cim-balancim. A Figura 18 apresenta a comprovação.

Figura 21 – Balancim Balancim: ângulo entre fixar e seguidor

Vê-se que se obteve uma variação de 125° à 170°


Figura 18 – Balancim – Balancim: confirmação de Grashof. aproximadamente, o que totaliza uma abertura de
45°, perto dos 54° projetados.
As variações encontradas entre o projeto e os valores
3 Análise cinemática reais obtidos vêm das aproximações utilizadas no
projeto Adams, em cálculos de senos e cossenos.

3.1 Simulação de modelo Adams


4 Conclusões
Na Figura 19 pode-se observar a estrutura com
os dois mecanismos acoplados no Adams, para simu-
lação do comportamento destes mecanismos em Conclui-se, portanto, que a implementação práti-
conjunto. ca é fundamental para a comprovação da teoria, e
ainda, que a fixação da teoria transcorre melhor dessa
maneira.
Pode-se observar que se tratando de mecânica, uma
análise, mesmo que via software, é necessária para

133
que não haja problemas no desenvolvimento de de-
terminado projeto, reduzindo perdas e tempo.
Também se observou a maior complexidade na im-
plementação da metodologia integrada de dois meca-
nismos de quatro barras para a análise do mecanismo
de cinco barras estudado neste projeto.

Referências Bibliográficas

[1] “Ornithopter Flapping Mechanisms” Dis-


ponível em:
<http://www.ornithopter.org/how.flap.shtml>.
Acesso em: 20 de Setembro de 2017.
[2] “Staggered Crank” Disponível em:
<http://4.bp.blogspot.com/-
il6RAOVnhVQ/UtF8m7Ft9rI/AAAAAAAAAco
/daWYTOuD0NI/s1600/Staggard-Crank-made-
easy.jpg>. Acesso em: 20 de Setembro de 2017.
[3] Robert L. Norton – Projeto de Máquinas – 4ª
Edição.
[4] “Flapping wing mechanism design (wing plunge,
pitch, and glide/lead-lad motion)” Disponível
em:
<https://www.youtube.com/watch?v=pqcWR9qf
kk4>. Acesso em: 20 de Setembro de 2017.
[5] “Apostila de Robótica” Disponível em:
<https://www.google.com.br/url?sa=t&source=
web&rct=j&url=http://www.joinville.udesc.br/p
or-
tal/professores/silas/materiais/Apostila_de_Robo
ti-
ca.pdf&ved=0ahUKEwjezovGzObVAhVDW5A
KHW42C1sQFghgMA4&usg=AFQjCNGLWW
0t4AlFr7tdIY5sSe1LyU94oQ> Acesso em: 20
de Setembro de 2017.
[6] “AutoCAD” Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/AutoCAD> Aces-
so em: 05 de Outubro de 2017.
[7] “Adams” Disponível em:
<http://www.mscsoftware.com/product/adams>
Acesso em: 05 de Outubro de 2017.

134
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

CONTROLADOR MULTIVARIÁVEL PARA UM SISTEMA DE TRÊS TANQUES ACOPLADOS

RODOLFO G. MACHADO, PAULO J.A. SERNI, ÁTILA M. BUENO

Depto. de Engenharia de Controle e Automação, Universidade Estadual Paulista


Av. Três de Março, 511, Sorocaba-SP
E-mails: rodolfo.machado.ece@gmail.com, serni@sorocaba.unesp.br, atila@soro-
caba.unesp.br

Resumo Este trabalho propõe o desenvolvimento de um controlador multivariável a partir de PIDs em cascata. Tal controlador
foi concebido para ser aplicado a um sistema dinâmico com três tanques acoplados e seu objetivo foi regular o nível do tanque
central a partir do controle de duas bombas que repõem a água aos tanques laterais. Um dos tanques laterais possui um retorno para
o reservatório e o sistema é simulado em ambiente LabVIEW. O controlador foi desenvolvido no aplicativo Matlab/Simulink, onde
também estão implementados os módulos de comunicação com o sistema de tanques.

Palavras-chave Controle multivariável, dinâmica de sistemas, comunicação industrial, controle de processos, realimentação

1 Introdução
dhi (1)
A  qini  qouti
O controle multivariável tem como vantagem a dt
possibilidade de ser aplicado a uma planta com múlti-
plas entradas e saídas. A planta utilizada é um sistema Esta equação diferencial ordinária de primeira ordem
de controle de nível com três variáveis de leitura (ní- é utilizada para se determinar o nível em cada um dos
veis dos tanques), e duas variáveis de controle (vazão tanques. A constante A é a área do tanque, hi é o nível
das bombas). do tanque i (i = 1,2,3, para os tanques direito, esquerdo
Este trabalho tem como objetivo apresentar um mé- e central, respectivamente), qini é o somatório das va-
todo de controle baseado em controladores PIDs con- zões de entrada no tanque i, e qouti é o somatório das
vencionais que são conectados e configurados para vazões de saída do tanque i.
permitir a implementação em sistemas dinâmicos
multivariáveis. O controlador foi aplicado a um sis-
tema simulado de três tanques acoplados e o objetivo q j = α j  Sn  signal(Δi j )  Δh j (2)
principal é regular o nível do tanque central a partir do
bombeamento de fluido para os tanques laterais.
Esta equação algébrica é utilizada para se determinar
as vazões entre os tanques. A variável qj é a vazão na
2 Metodologia válvula j (j = 1,2, para a válvula entre os tanques 1 e
3, e entre os tanques 3 e 2, respectivamente), αj é a
O controlador PID convencional (Ogata, 1982) porcentagem de abertura da válvula j, a constante Sn é
somente pode ser aplicado a uma planta que tenha uma a área total da válvula j, e Δhj é a diferença de nível
variável de saída e uma variável de controle. Porém, a entre os tanques adjacentes às válvulas.
planta utilizada neste trabalho trata-se de uma simula-
ção para uma bancada de controle de nível, conforme qR = αR  Sn  h2 (3)
mostrada na figura 1, com três tanques acoplados e
duas bombas para reposição do fluido. Assim sendo, Esta equação se aplica a determinar a vazão de retorno
há três variáveis de saída e duas de controle. As vál- do tanque direito para o reservatório. A variável qR é
vulas situadas nas conexões entre os tanques e de re- a vazão na válvula de retorno, αR é a porcentagem de
torno para o reservatório não são atuadas pelo con- abertura dessa válvula e h2 é o nível do tanque direito.
trole; elas são ajustadas manualmente como meio de
inserir variações dos parâmetros durante a simulação. qpumpk = βk  qpumpmax (4)
Desta forma, tem-se um sistema multivariável, não li-
near e variante no tempo. O sistema completo (Amira,
2002) é implementado no aplicativo LabVIEW, a par- Esta equação relaciona a vazão de controle das bom-
tir das equações informadas pelo fabricante, no ma- bas que repõem o fluido nos tanques direito e es-
nual de operação da bancada. Tal sistema também foi querdo. A variável qpumpk é a vazão instantânea da
utilizado como ponto de partida para o desenvolvi- bomba k, βk é a variável de controle de saída do PID
mento de controladores robustos multivariáveis, cujo relacionado ao tanque 1 ou 2, e a constante qpumpmax
trabalho está em análise para apresentação no con- é a vazão máxima da bomba, ou seja, 0,1 L/s.
gresso COBEM 2017. O controlador desenvolvido neste trabalho tem como
objetivo regular o nível do tanque central e utiliza três
Basicamente, para desenvolver o simulador da planta PIDs. O primeiro tem como variável de entrada o erro
de tanques, são utilizadas as seguintes equações:

135
entre o valor desejado e o valor atual do tanque cen-
tral. Os ganhos ajustados para este controlador foram
0,1 e 0,01, para os valores de Kp e Ki, respectivamente
(ganho proporcional e ganho integral). O lugar das ra-
ízes é mostrado na figura 3 e o diagrama de Bode é
mostrado na figura 4. Sua saída, após as devidas ma-
nipulações matemáticas, torna-se então variável de en-
trada para os outros dois PIDs, que regulam, individu-
almente o nível dos tanques laterais. Os ganhos ajus-
tados para estes controladores foram 0,01 e 0,01, para
os valores de Kp e Ki, respectivamente. O lugar das
raízes é mostrado na figura 5 e o diagrama de Bode é
mostrado na figura 6. O princípio de controle pode en-
tão ser descrito em dois estágios: o primeiro determina
o ponto médio entre os níveis dos tanques direito e es- Figura 2. Controlador
querdo. Assim, se as aberturas das válvulas 1 e 2 fo-
rem iguais, seu valor irá coincidir com o valor dese-
jado para o tanque central. Porém se as aberturas fo-
rem diferentes, ou seja o valor α1 é diferente de α2, en-
tão o ponto médio não irá mais coincidir com o valor
desejado para o tanque 3. Isso ocorre porque no ponto
de equilíbrio, a vazão que passa pela válvula 1 (fluido
que entra no tanque central) deve ser a mesma que
passa pela válvula 2 (fluido que sai do tanque central)
para que o nível no mesmo seja mantido. Assim, a vál-
vula onde αj for menor irá requerer uma maior dife-
rença de nível entre seus tanques adjacentes.
Seguindo a sequência de controle, o sinal resultante do
primeiro estágio é utilizado no segundo, no qual o
mesmo é calculado para duas variáveis: uma vai, so- Figura 3. Lugar das raízes do controlador do primeiro estágio.
mada de 5 cm, para o controlador do tanque esquerdo
e a outra, subtraída de 5 cm, para o do tanque direito.
Essa manipulação matemática provoca, portanto, uma
diferença de nível entre o tanques esquerdo e direito
de 10 cm.
O controlador completo é mostrado na figura 2. As fi-
guras 3, 4, 5 e 6 mostram o lugar das raízes e o dia-
grama de Bode dos controladores do primeiro estágio
e do segundo estágio.

Figura 4. Diagrama de Bode do controlador do primeiro estágio.

Figura 1. Interface da planta.

Figura 5. Lugar das raízes dos controladores do segundo estágio.

136
Figura 6. Diagrama de Bode dos controladores do segundo estágio.
Figura 7. Simulação dos níveis para a primeira situação.

3 Resultados

O sistema foi simulado com as seguintes condi-


ções: valor de referência para o tanque central de 40
cm, diferença entre as alturas dos tanques direito e es-
querdo de 10 cm (devido às somas e subtrações dos
sinais que vão para os tanques laterais). A válvula 1,
ou seja, entre os tanques esquerdo e central estava com
abertura de 100%, assim como a válvula 2 (entre os
tanques central e direito). A válvula de retorno do tan-
que direito para o reservatório estava com abertura de
50%.
Os dados coletados da simulação são mostrados nas
figuras 7 e 8.
Nota-se que inicialmente as vazões nas válvulas assu- Figura 8. Simulação dos sinais de controle para a primeira situação
miram vazão máxima até 220 s aproximadamente,
após o início da operação. A bomba 2, que controla o Assim, o tanque da esquerda estabilizou-se em 48 cm
nível do tanque direito, cujo valor deve estabilizar 5 de nível aproximadamente, enquanto que o tanque da
cm abaixo do tanque central, começou a baixar a va- direita em 38 cm de nível, aproximadamente. A dife-
zão para buscar seu valor de referência, e alguns ins- rença entre os referidos tanques manteve-se em 10 cm,
tantes após, o mesmo comportamento verificou-se na e percebe-se então que o valor de saída do primeiro
bomba 1, que controla o nível do tanque esquerdo estágio do controlador foi 43 cm, aproximadamente,
(cujo valor deve estabilizar 5 cm acima do tanque cen- ou seja, 3 cm acima do valor desejado para o tanque
tral). central.
Este comportamento com desníveis iguais entre os Os dados coletados dessa simulação são mostrados
tanques (5 cm) ocorre porque as mesmas aberturas são nas figuras 9 e 10.
aplicadas às válvulas 1 e 2. Logo as diferenças de ní-
veis entre os tanques se estabilizam no mesmo pata-
mar. Assim, no ponto de equilíbrio, as vazões que pas-
sam através das válvulas 1 e 2 são iguais, e para que
isso ocorra, as diferenças de nível entre os tanques es-
querdo, central e direito possuem o mesmo valor.
Uma segunda situação foi criada ao se alterar a aber-
tura de uma das válvulas manuais. A válvula 1 teve
sua abertura alterada para 50%, e assim isso provoca
uma mudança nos parâmetros da planta, e então, faz
com que a planta se comporte de maneira variante no
tempo. Como a abertura das válvulas entre os tanques
tornou-se diferente, o primeiro estágio do controlador
se ajustou para um novo valor, que não coincide mais
com o valor desejado de nível para o tanque central.
Figura 9. Simulação dos níveis para a segunda situação.

137
4 Conclusão

A simulação do sistema de tanques comunicando


com o controlador mostrou que este foi eficiente tanto
para a situação onde as válvulas entre tanques possu-
íam a mesma abertura como também para valores di-
ferentes. Assim, ao se alterar a abertura das válvulas
que fazem a comunicação entre os tanques ou com o
reservatório, os valores de referência desejados foram
alcançados dentro de um intervalo de tempo satisfató-
rio, considerando a constante de tempo do sistema de
tanques. Verifica-se, por exemplo, que na segunda si-
tuação, o nível do tanque central estabilizou, enquanto
o tanque esquerdo ficou 8 cm acima e o direito 2 cm
Figura 10. Simulação dos sinais de controle para a segunda situa- abaixo. Isso ocorre pois, como se restringiu a passa-
ção. gem de fluido entre o tanque esquerdo e central, houve
necessidade de um maior desnível para se manter
Na última situação ocorre o inverso da segunda, ou iguais as vazões entre os tanques (1 para 3, e 3 para 2),
seja, em vez de se alterar a abertura da válvula 1, na uma vez que não há reposição externa para o tanque
válvula 2 aplica-se 50% de abertura. Logo, o nível do central, ou seja, todo fluido que é adicionado é prove-
tanque esquerdo se estabiliza em 2 cm acima e o nível niente do tanque da esquerda, que por sua vez, no
do tanque direito em 8 cm abaixo do tanque central. ponto de equilíbrio, coincide com a vazão do tanque
Portanto o valor de saída do primeiro estágio do con- central para o direito. Esse efeito ocorre similarmente
trolador foi de 37 cm, aproximadamente, ou seja, 3 cm na terceira situação, porém, de maneira inversa ao da
abaixo do valor desejado para o tanque central. segunda.
Os dados coletados dessa simulação são mostrados Como proposta para estudos futuros, pretende-se de-
nas figuras 11 e 12. senvolver a sintonia dos controladores PIDs em cas-
cata aplicados a plantas multivariáveis.

Referências Bibliográficas

Amira (2002). DTS – Laboratory Setup – Three Tanks


System. Duisburg, Alemanha.
Ogata, K. (1982). Engenharia de Controle Moderno.
Prentice/Hall do Brasil, Rio de Janeiro - RJ.

Figura 11. Simulação dos níveis para a terceira situação.

Figura 12. Simulação dos sinais de controle para a terceira situa-


ção.

138
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

DEDO ROBÓTICO

ANDRÉ V. C. S. FÉLIX1, LUIS FELIPE O. BERGAMIM1, MURILLO H. P. CARVALHO1, MAURICIO B. VARGAS1


1
Grupo de Automação de Sistemas Integráveis (GASI), Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba (ICTS)
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Avenida Três de Março, 511, Alto da Boa Vista, Sorocaba, SP, 18.087-180
E-mails: andre.felix1995@gmail.com, luisfelipebergamin@gmail.com, muril-
lohpcarvalho@gmail.com, mauricio@sorocaba.unesp.br

Resumo – Com o crescente desenvolvimento de robôs na sociedade atual, pesquisas voltadas para a criação de robôs similares aos humanos
começaram a ocorrer. Uma destas pesquisas é voltada para a análise da movimentação do robô através do sistema e dos mecanismos presen-
tes nele. Para o projeto em questão, será realizada a análise da movimentação do dedo robótico a partir de seu sistema e dos mecanismo
balancim-balancim que representa o dedo robótico. A partir disso, verifica-se os graus de liberdade e projeta-se as medidas referentes aos
elos presentes no mecanismo para que ele funcione da maneira esperada ao entrar em contato com um objeto.

Palavras-chave – Dedo robótico, graus de liberdade, juntas.

1 Introdução partes do dedo colidirem com o objeto, o mecanismo


terá atingido sua posição final.
A sociedade atual vem apresentando um cresci-
mento cada vez maior em relação ao desenvolvimen-
to tecnológico. Isso se deve a grande quantidade de
pesquisas voltadas a área de criação de hardwares,
softwares, projetos mecânicos, projetos elétricos e
entre outros, realizadas por grandes empresas e até
mesmo alunos de universidades. Ao mesmo tempo
que são realizados grandes avanços tecnológicos,
também são idealizados grandes objetivos. Sendo
assim, muitos pesquisadores realizam a sua análise
com o objetivo de alcançar ou, até mesmo, superar
algo. Um desses objetivos é a criação de robôs que se
assemelham com um ser humano no que diz a respei-
to à movimentação do corpo, tomada de decisões e
formato do corpo.
Assim, para este projeto, realizou-se uma determina-
da movimentação de um dedo robótico por meio da
Figura 1: Esquema do dispositivo dedo robótico
análise do sistema que o representa e dos mecanis-
mos presentes nele, através de suas barras, juntas,
elos e graus de liberdade. Tal mecanismo, além de 2 Revisão Teórica
assemelhar-se com o do ser humano, ainda pode ser
aplicado na área industrial por meio de separação de 2.1 Mecanismos
componentes e até mesmo construção de objetos que
Mecanismos são conjuntos de corpos rígidos co-
requerem devido cuidado para que sejam preparados
nectados através de acoplamentos em que cada parte
na forma ideal. Logo, a Figura 1 apresenta um es-
possui um movimento determinado pelo formato do
quema genérico do modelo do dedo humano e de sua
corpo e pelas juntas utilizadas. Os mecanismos ser-
movimentação para que seu funcionamento seja
vem para transmitir e/ou transformar um ou mais
entendido melhor.
tipos de movimentos em outro(s) tipo(s) de movi-
Ao se analisar o mecanismo presente na Figura 1,
mentos, como mostra a Figura 2 (Rea, 2011).
percebe-se a presença de dois mecanismos de rotação
pura. Esta forma de funcionamento dos elos é cha-
mada de balancim-balancim, pois apresenta uma
rotação não completa em suas juntas. Para o seu
projeto serão utilizados duas juntas rotativas móveis
e uma junta rotativa fixa. Além disso, através do
software Adams/View, realizou-se a montagem do
mecanismo para que funcione como um dedo huma-
no. Para a situação em questão, o dedo estará inici- Figura 2: Modelo de transformação de movimento pelo mecanis-
almente esticado e, após uma de suas partes colidir mo. Fonte: Oliveira, Juliana M. Apostila de Mecanismos para a
com algum objeto, o segmento seguinte irá se deslo- Escola Avançada de Engenharia Mecatronica. EPUSP (Escola
car até que o mesmo ocorra. Por fim, após todas as Politécnica da Universidade de São Paulo). PET
MECATRONICA (Programa de Educação Tutorial).

139
Os tipos de transformação de movimentos são ( MSC dentes que o corpo é capaz de realizar em relação a
Software, 2016): outro corpo do mecanismo de acordo com os eixos
 Rotação ⬌ Rotação; X, Y e Z. Para determinar o número de graus de
 Rotação ⬌ Translação; liberdade de um corpo que se movimento em um
 Translação ⬌ Translação. espaço bidimensional se utiliza a seguinte equação a
seguir.
Podemos citar como exemplo dessa transformação de 𝑀 = 3 ∗ (𝑛 − 1) − 2 ∗ 𝑛𝑝1 − 𝑛𝑝2
movimento o funcionamento do motor do carro em
que o movimento translacional cíclico do virabre- Onde M é o número de graus de liberdade, 𝑛 é o
quim é transformado em um movimento rotacional número de corpos do mecanismo (incluindo o corpo
contínuo do eixo do motor. fixo), 𝑛𝑝1 é o número de juntas que permitem apenas
Tradicionalmente representa-se um mecanismo atra-
um grau de liberdade e 𝑛𝑝2 é o número de juntas que
vés de um conjunto de barras conectadas por diferen-
permitem dois graus de liberdade.
tes juntas responsáveis pela transformação do movi-
Para mecanismos tridimensionais, utiliza-se a equa-
mento em rotacional ou de translação.
ção a seguir.
2.2 Juntas
𝑀 = 6 ∗ (𝑛 − 1) − 5 ∗ 𝑛𝑝1 − 4 ∗ 𝑛𝑝2 − 3 ∗ 𝑛𝑝3 − 2
A maneira como as peças móveis ou imóveis do ∗ 𝑛𝑝4 − 𝑛𝑝5
mecanismo se movem é definida pelo formato das
extremidades de cada parte do corpo do mecanismo,
Onde M é o número de graus de liberdade, 𝑛 é o
estas extremidades são as juntas, também chamado
número de corpos do mecanismo (incluindo o corpo
de par cinemático. Pode-se transmitir um movimento
fixo) e 𝑛𝑝𝑗 (j=1, 2, ..., 5) é o número de juntas que
rotacional de um corpo do mecanismo para o outro
através de um cilindro atravessando dois corpos do permitem j grau de liberdade (Rea, 2011).
mecanismo, quando um dos corpos gira o outro rece-
be o movimento através da rotação do cilindro, esta 2.4 Mecanismos Sub-Atuados
junta é chamada de cilíndrica ( Rea, 2011). A Figura São os mecanismos que tem um número de atu-
3 abaixo apresenta os tipos de juntas, suas formas adores menor do que grau de liberdade. Essa caracte-
geométricas, suas representações esquemáticas e seus rística serve para diminuir o número de motores do
graus de liberdade. mecanismo, reduzir o tamanho, diminuir seu peso e
simplificar seu controle. Para que seja possível re-
mover um motor e manter a movimentação desejada
deve-se implementar um mecanismo passivo para a
transmissão do torque entre o atuador não removido
e cada uma das articulações que se deseja passar o
movimento, portanto este tipo de mecanismo só
funciona em sistemas com mais de um motor.
Os mecanismos sub-atuados são famosos para apli-
cação em mãos robóticas devido às vantagens atrela-
das à redução do número de atuadores citadas acima,
além de permitir que os dedos robóticos sejam capa-
zes de se adaptarem automaticamente ao formato do
objeto utilizando controle simples. Como para esse
exemplo os mecanismos sub-atuados são capazes de
realizar a adaptação à forma do objeto, não é preciso
uma coordenação do movimento das falanges, fazen-
do com que não seja necessária a coordenação para o
controle do motor, tornando a flexibilidade da mão
robótica maior (Plastival).

2.5 Mecanismo de Quatro Barras


É o mais simples dos sistemas articulados, sendo
ele a base para os outros sistemas. Existem mecanis-
mos de quatro barras com diversos comportamentos
Figura 3: Esquema completo dos tipos de juntas. Fonte: Oliveira,
Juliana M. Apostila de Mecanismos para a Escola Avançada de diferentes, isso se deve à utilização de diferentes
Engenharia Mecatronica. EPUSP (Escola Politécnica da Universi- combinações de juntas e também ao fato de que o
dade de São Paulo). PET MECATRONICA (Programa de Educa- comportamento do sistema muda de acordo com o
ção Tutorial). tamanho de cada uma das quatro barras, sendo uma
delas fixa, outra motora, uma intermédia e uma mo-
2.3 Graus de Liberdade vida, como mostra a Figura 4.
É uma propriedade de cada corpo de um meca-
nismo que indica o número de movimentos indepen-
140
que permite verificar se o mesmo é capaz de manter
uma rotação contínua em torno do eixo de rotação ou
se apenas oscila em um determinado ângulo. Dessa
forma verifica-se qual o tipo de motor que deve ser
aplicada no eixo de rotação de maneira a não causar
ruptura em caso como aplicação de motor de rotação
contínua em um mecanismo de oscilação angular
limitado.
Se a soma dos comprimentos das barras mais curta e
mais comprida for inferior ou igual à soma dos com-
primentos das duas barras restantes, então a barra
mais curta pode girar continuamente em relação às
outras barras, em forma matemática temos as quatro
expressões presentes na tabela 1, mas de maneira
Figura 4: Modelo de sistema de quatro barras com identificação geral podemos escrever da seguinte maneira:
das barras. Fonte:
http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAABM6YAJ-4.jpg
𝑠+𝑙 ≤𝑝+𝑞
A barra motora e a movida são as responsáveis por
descrever o movimento do sistema como de rotação Em que s é o comprimento da barra mais curta, l é o
contínua ou rotação oscilante. Nomeando a barra fixa comprimento da barra mais longa e p e q são os
de “s”, a barra movida de “l”, a barra intermediária comprimentos das barras intermediárias ( MSC Sof-
de “p” e a barra motora de “q” tem-se os quatro pos- tware, 2016).
síveis mecanismos de quatro barras mostrados na Mecanismos que são capazes de realizar rotações
tabela 1. contínuas são chamados de mecanismos de Grashof,
Tabela 1: Identificação de cada um dos quatro tipos de sistemas de enquanto que os que realizam apenas uma oscilação
quatro barras. angular são chamados de mecanismos não-Grashof.
Para a análise das medidas não se tem determinado
qual é a barra fixa nem qual a sequência de barras
ligadas entre sí, por isso dá-se diferentes nomes para
as quatro possíveis configurações (dupla manivela,
manivela-balancim, duplo balancim e mecanismo de
ponto variável) como foi especificado na tabela 1.

3 Síntese

3.1 Metodologia
Para análise do grau de liberdade do mecanismo,
utilizou-se o critério de Kutzbach, que pode ser defi-
nido por:

𝑁 = 3. (𝐵 − 1) − 2. 𝑛𝑗1 − 𝑛𝑗2 (1)


Fonte: Vargas, Maurício. Lista 2. Prática – Mecanismo de 4 barras
Grashof
Onde:
O formato resultante de cada um dos possíveis me-  𝑁: Número de GDLs
canismos citados na tabela 1 podem ser visualizados  𝐵: Número de Total de Corpos
na Figura 5.  𝑛𝐽1: Número de Juntas com 1 GDL
 𝑛𝐽2: Número de Juntas com 2 GDLs

Dessa maneira, utilizando-se o esquema simplificado


do dispositivo, conforme figura A, pode-se calcular o
nuúmero de graus de liberdade do dispositivo
esboçado na Figura 6.
Figura 5: Representação dos quatro possíveis modelos de sistemas
Assim, pode-se efetuar o seguinte cálculo para a
de quatro barras. Fon- determinação do grau de liberdade em questão:
te: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9a/Linkage
_four_bar.png 𝑁 = 3. (4 − 1) − 2.3 − 0 (2)
𝑁 = 3 (3)
2.6 Critério de Grashof
É umcritério presente para os mecanismos de Como se vê em (3), o número de graus determinado
quatro barras que descrevem um movimento plano, equipara-se com a combinação visível de translação e

141
rotação do dispositivo, já que este apresenta (no
esboço da figura, que corresponde identicamente ao
padrão) três elos provedores de movimento.

Figura 8: Esboço do mecanismo de quatro barras A, B, C e D.


Fonte: Própria

Dessa forma, para utilização do teorema de Freuds-


tein e projeto do mecanismo, deduziu-se o primeiro.
A equação do sistema fechado visto na figura C é
dada por:

⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅1 + ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅2 + ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅3 + ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅4 = 0 (4)

Cada elo tem um tamanho R e está sobre determina-


do ângulo, assim, a forma complexa pode ser escrita
da seguinte forma:

R1ejθ1 + R2ejθ2 + R3ejθ3 + R4ejθ4 = 0 (5)

Expandindo a equação (5) utilizando-se a identidade


Figura 6: Esboço simplificado do mecanismo. Fonte: Própria. de Euler, pode-se separar essa em termos reais e
imaginários:
Com isso, pode-se utilizar o método analítico de
Freudenstein para projeto do dedo robótico.
Para tal, o dipositivo completo, visto na Figura 7, foi 𝑅1. cos(𝜃1) + R2 ∗ cos(𝜃2) + 𝑅3 ∗ cos(𝜃3) + 𝑅4
dividido em dois mecanismos de quatro barras, para ∗ cos(𝜃4) = 0 (6)
facilitação dos cálculos utilizando o método de
Freudstein. 𝑅1 ∗ sen(𝜃1) + R2 ∗ sen(𝜃2) + 𝑅3 ∗ sen(𝜃3) + 𝑅4
∗ sen(𝜃4) = 0 (7)

Isolando 𝜃3 em (6) e (7) e elevando-se ao quadrado,


obtém-se:

𝑅32 ∗ cos 2 (𝜃3) = (−𝑅1 ∗ cos(𝜃1) − 𝑅2 ∗ cos(𝜃2)


− 𝑅4 ∗ cos(𝜃4))2 (8)

𝑅32 ∗ sen2 (𝜃3) = (−𝑅1 ∗ sen(𝜃1) − 𝑅2 ∗ sen(𝜃2)


− 𝑅4 ∗ sen(𝜃4))2 (9)

Somando-se as duas equações:

𝑅32 = 𝑅12 + 𝑅22 + 𝑅42 + 2 ∗ 𝑅1 ∗ 𝑅2


∗ (cos(𝜃1) ∗ cos(𝜃2) + 𝑠𝑒𝑛(𝜃1)
∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃2)) + 2 ∗ 𝑅1 ∗ 𝑅4
∗ (cos(𝜃1) ∗ cos(𝜃4) + 𝑠𝑒𝑛(𝜃1)
∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃4)) + 2 ∗ 𝑅2 ∗ 𝑅4
Figura 7: Esboço completo do mecanismo. Fonte: Própria ∗ (cos(𝜃2) ∗ cos(𝜃4) + 𝑠𝑒𝑛(𝜃2)
A divisão mencionada separou o dedo num ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃4)) (10)
mecanismo de quatro barras através dos pontos A, B,
C e D e noutro através dos pontos B, E, F e G. Como:
A síntese do mecanismo de quatro barras A, B, C e D cos(𝜃𝑎) ∗ cos(𝜃𝑏) + 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑎) ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑏)
pode ser vista a seguir, onde a Figura 8 representa um = cos(𝜃𝑎 − 𝜃𝑏) (11)
esboço da separação determinada.
Dividindo a expressão (9) por (2. 𝑅2. 𝑅4):

142
𝑅32 − 𝑅12 − 𝑅22 − 𝑅42 𝑅1 𝐾1 ∗ cos(103°) + 𝐾2 ∗ cos(138°) + 𝐾3 = −3,83 ∗ cos(138° − 103°)
+ ∗ cos(𝜃1 − 𝜃2) 𝐾1 ∗ cos(97°) + 𝐾2 ∗ cos(114°) + 𝐾3 = −1,42 ∗ cos(114° − 97°)
2 ∗ 𝑅2 ∗ 𝑅4 𝑅4 𝐾1 ∗ cos(85°) + 𝐾2 ∗ cos(105°) + 𝐾3 = −0,31 ∗ cos(105° − 85°)
𝑅1
+ ∗ cos(𝜃1 − 𝜃4) Resolvendo para K2, K1 e K3, obtém-se:
𝑅2
= cos(𝜃2 − 𝜃4) (12)
𝐾1 = 1,697
Adotando-se que: 𝐾2 = 4,772
𝑅1 𝐾3 = 0,780
𝐾1 = (13)
𝑅2
Adotando um “input link” para R1 = 2,148 cm e,
𝑅1 substituindo este valor nas equações (13), (14) e (14),
𝐾2 = (14)
𝑅4 obtém-se as dimensões dos elos requerids para o
projeto do mecanismo:
𝑅32 − 𝑅12 − 𝑅22 − 𝑅42
𝐾3 = (15)
2 ∗ 𝑅2 ∗ 𝑅4 𝑅1 = 2,148 𝑐𝑚
𝑅2 = 1,4420 𝑐𝑚
Substituindo os indices Ki na equação (12) e 𝑅3 = 2,8124 𝑐𝑚
supondo 𝜃1 = 0: 𝑅4 = 0,4501 𝑐𝑚

𝐾1 ∗ cos(𝜃4) + 𝐾2 ∗ cos(𝜃2) + 𝐾3 A síntese do mecanismo de quatro barras B, E, F e G


= cos(𝜃2 − 𝜃4) (16) pode ser vista a seguir, onde a Figura 9 representa um
esboço da separação determinada.
No caso de um mecanismo gerador de função, com 3
pontos de precisão:

𝐾1 ∗ cos(𝛷1) + 𝐾2 ∗ cos(𝛽1) + 𝐾3
= cos(𝛽1 − 𝛷1) (17)

𝐾1 ∗ cos(𝛷2) + 𝐾2 ∗ cos(𝛽2) + 𝐾3
= cos(𝛽2 − 𝛷2) (18)

𝐾1 ∗ cos(𝛷3) + 𝐾2 ∗ cos(𝛽3) + 𝐾3
= cos(𝛽3 − 𝛷3) (19)
Figura 9: Esboço do mecanismo de quatro barras B, E, F e G.
Fonte: Própria
Dessa maneira, adotando-se valores coerentes para os
ângulos 𝛷 e 𝛽, pode-se chegar nos valores dos Foram adotados os mesmo procedimentos para a
comprimentos dos elos R1, R2, R3 e R4, com o análise por método de Freudstein, portanto,
designado valor de erro aproximado já incluso, pois, adotando-se valores coerentes para os ângulos 𝛷 e 𝛽,
cada elo, experimentalmente, pode apresentar pode-se chegar nos valores dos comprimentos dos
diferenças de tamanho se comparado com o teórico elos R5, R6, R7 e R8, já que o sistema composto
para o desenvolvimento correto dos movimentos pelas equações (17), (18) e (19) podem ser
esperados. Tais erros foram obtidos através da análise facilmente resolvido.
de simulações no software Adams e, assim, gerados A seguir, a tabela informativa dos ângulos adotados
para cada sistema de quatro barras, como é visto nos para o projeto do mecanismo, obtidos através do
lados direitos dos sistemas de equação. artigo “On the Design of Underactuated Finger
A seguir, a tabela informativa dos ângulos adotados Mechanisms for Robotic Hands”, referenciado em (
para o projeto do mecanismo, obtidos através do Rea, 2011).
artigo “On the Design of Underactuated Finger Tabela 2: Valores de ângulos determinados para projeto do meca-
Mechanisms for Robotic Hands”, referenciado em ( nismo de quatro barras B, E, F e G
Rea, 2011).
𝛷 (graus) 𝜷 (graus)
Tabela 1: Valores de ângulos determinados para projeto do meca-
101 124
nismo de quatro barras A, B, C e D
93 111
𝜱 (graus) 𝜷 (graus) 83 101
103 138 Fonte: Própria
97 114
85 105 Assim, resolvendo o sistema citado acima, obtém-se
Fonte: Própria as seguintes equações:

Assim, resolvendo o sistema citado acima, obtém-se 𝐾1 ∗ cos(101°) + 𝐾2 ∗ cos(124°) + 𝐾3 = −2,36 ∗ cos(134° − 101°)
𝐾1 ∗ cos(93°) + 𝐾2 ∗ cos(111°) + 𝐾3 = −1,914 ∗ cos(121° − 93°)
as seguintes equações: 𝐾1 ∗ cos(83°) + 𝐾2 ∗ cos(101°) + 𝐾3 = −1,86 ∗ cos(124° − 83°)

143
Resolvendo para K2, K1 e K3, obtém-se:
𝐾1 = 0,752
𝐾2 = 0,931
𝐾3 = −1,335

Adotando um “input link” para R5 = 1,554 cm e,


substituindo este valor nas equações (13), (14) e (15),
obtém-se as dimensões dos elos requerids para o
projeto do mecanismo: Figura 10: Dedo robótico no software Adams. Fonte: Própria

𝑅5 = 1,5540 𝑐𝑚
𝑅6 = 2,0642 𝑐𝑚
𝑅7 = 1,72089 𝑐𝑚
𝑅8 = 1,4420 𝑐𝑚

Nota-se que esse valor de R8 deve ser igual ao de


R2, visto que pertencem ao mesmo elo. Com a
utilização do método de Fredstein, por adotar
sistemas de quatro barras singulares, o valor tende a
ser diferente, visto a utilização de outros ângulos de
entrada. Todavia, o sistema foi projetado de tal
forma para forçar os valores dos elos a serem iguais.
Dessa forma, pode-se projetar o dedo robótico a
partir das medidas dos elos obtidos por intermédio do
método de Freudstein. Figura 11: Dedo robótico em sua posição inicial. Fonte: Própria

3.2 Software
O software utilizado para a simulação do meca-
nismo foi o Adams (Automated Dynamic Analysis of
Mechanical Systems) que é do tipo CAE (Computer
Aided Engineering), ou seja, voltado para análise da
dinâmica multicorpos e de seus movimentos. Isto o
torna um dos softwares para a montagem de meca-
nismos mais utilizados mundialmente.
Esse software possibilita a montagem e o estudo
acerca do sistema mecânico criado, por meio da
utilização de barras, juntas, molas, aplicação de
forças, colisões de objetos, gráficos e a visualização
dos resultados obtidos. Tais componentes são
essenciais para análise dos mecanismos de quatro
barras presentes no projeto.

4 Resultados e Discussões

A partir do mecanismo proposto e dos cálculos Figura 12: Dedo robótico em sua posição final. Fonte: Própria
utilizados para a definição de suas medidas de barras,
realizou-se a montagem do dedo robótico no softwa- Logo, para que o mecanismo projeto funcionasse da
re Adams. Porém, houveram algumas pequenas alte- maneira expressa na Figura 12, foi necessária a adi-
rações nos valores de comprimento de algumas bar- ção de molas que seriam expandidas caso a força
ras para que o movimento desejado ocorresse. externa superasse a sua rigidez.
Assim, inicialmente montou-se o mecanismo no A partir dessa movimentação, obteve-se os valores
software Adams, presente Figura 10. Após isso, dos ângulos e suas variações por meio do Gráfico 1 e
adicionou-se uma velocidade angular na junta Gráfico 2. Tais gráficos se referem aos ângulos 𝛷 (fi)
presente no ponto (0,0). e 𝛽 (beta) do mecanismo de 4 barras ABCD.
Posteriormente, adicionou-se um objeto retangular, Após isso, realizou-se a mesma coleta de dados, mas
expresso no Figura 11, com o intuito de que o dedo para o mecanismo de 4 barras BEFG. Assim, obteve-
robótico fechasse em torno do objeto. A posição final se o Gráfico 3 para o ângulo 𝛷 (fi) e o Gráfico 4 para
do dedo está evidenciada na Figura 12 que foi obtida o ângulo 𝛽 (beta).
através de uma simulação no Adams.

144
5 Conclusão

Pelos resultados obtidos através do software de


simulação Adams View, foi possível verificar o êxito
do mecanismo ao realizar o movimento angular de
fechamento do dedo de uma mão humana. Essa con-
clusão pode ser observada através das figuras 10, 11
e 12, em que mostram o dedo simulado realizando
um movimento de fechamento em torno de um obje-
to de maneira a segura-lo, assim como um dedo de
uma mão humana faria.
Gráfico 1: Variação do ângulo 𝛷 (fi) do mecanismo ABCD até se Com base nos resultados colhidos, é possível dizer
encaixar no objeto. Fonte: Própria
que o método de Freudstein forneceu dados de medi-
das e ângulos muito próximos dos corretos, já que as
alterações necessárias para o funcionamento da simu-
lação foram mínimas.

Agradecimentos

Inicialmente, agradece-se à Unesp - Instituto de


Ciências e Tecnologias de Sorocaba,e também gosta-
ríamos de agradecer o Prof. Dr. Mauricio Becerra
Vargas pelo imenso apoio durante as pesquisas e o
grande interesse demonstrado pelo projeto durante o
Gráfico 2: Variação do ângulo 𝛽 (beta) do mecanismo ABCD até desenvolvimento do mesmo.
se encaixar no objeto. Fonte: Própria

Referências Bibliográficas

Flores, Paulo. Cinemática de Mecanismos, Análise


Descritiva de Mecanismos, Guimarães, 2007.
MSC SOFTWARE®. ADAMS. Disponível em:
<http://www.mscsoftware.com/product/adams>
Acesso em: 08/11/2016.
Oliveira, Juliana M. Apostila de Mecanismos para a
Escola Avançada de Engenharia Mecatronica,
EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de
Gráfico 3: Variação do ângulo 𝛷 (fi) do mecanismo BEFG até se
São Paulo), PET MECATRONICA (Programa
encaixar no objeto. Fonte: Própria de Educação Tutorial).
Rea, Pierluigi (2011). On the Design of
Underactuated Finger Mechanisms for Robotic
Hands, Advances in Mechatronics, Prof. Horacio
Martinez-Alfaro (Ed.), ISBN: 978-953-307-373-
6, InTech, Disponível em:
http://www.intechopen.com/books/advances-in-
mechatronics/on-the-design-of-underactuated-
fingermechanisms-for-robotic-hands
Plastival. O Plástico: Características. Disponível em:
http://www.plastval.pt/index.asp?info=plastic
o/caracteristicas.
Gráfico 4: Variação do ângulo 𝛽 (beta) do mecanismo BEFG até
se encaixar no objeto. Fonte: Própria

Os valores obtidos graficamente pelo software e pelo


método de Freudstain foram relativamente próximos.
Isto mostra que os cálculos para os ângulos foram
corretos para o funcionamento do mecanismo.

145
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

EVOLUÇÃO DOS ROBÔS HUMANOIDES

FELIPE Y. FURUSE, IAGO PIEDADE, ISABELA S. BOSCHI, LUCIANE S. LOPES, SIOVANI C.


FELIPUSSI

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)


Rodovia João Leme dos Santos (SP-264), Km 110
18052-780, Bairro do Itinga, Sorocaba, São Paulo, Brasil
E-mails: felipefuruse@hotmail.com, iagopiedade@gmail.com,
isabelasalmeron@msn.com, lucianedasl@gmail.com, siovani@ufscar.br

Resumo– Este artigo apresenta a evolução dos robôs humanoides no decorrer da história, assim como suas principais
características, capacidades motoras e cognitivas e avanços que trouxeram para a comunidade tecnológica.

Palavras-chave– Robôs humanoides, robôs autônomos, evolução dos humanoides

1 Introdução e Motivação

Em 2014 foi realizada a vigésima edição da


Copa do Mundo de Futebol, um dos maiores
eventos esportivos do mundo, que teve como país
sede o Brasil. Neste evento, além de todo o
glamour que a competição carrega, pudemos
presenciar um fato histórico: o “chute inicial” da
competição foi dado por um jovem paraplégico
vestindo um exoesqueleto que lhe permitia
movimentar os membros inferiores novamente.
O projeto desenvolvido pelo professor brasileiro
Miguel Nicolelis desde 1999, teve seu ápice, sem
dúvida alguma, neste dia, onde os holofotes do
mundo estavam apontados para ele e mostrando Figura 1. Robô candidato a acender a tocha olímpica [19].
a todos o futuro acontecendo.
Outro grande evento esportivo mundial que está
2 Fundamentação Teórica
seguindo o caminho de avanços tecnológicos,
sobretudo na área de robótica, é as Olimpíadas de
2020, que ocorrerá no Japão, conforme Nesta seção apresentamos as definições,
exemplifica a Figura 1. Evento para o qual vêm conceitos básicos e todo a fundamentação teórica
se fazendo grandes investimentos a fim de se necessária para o desenvolvimento do presente
tornar realidade uma sociedade onde seres trabalho sobre robôs humanoides.
humanos e robôs interagem naturalmente.
Sempre que falamos em Japão nos vem à cabeça 2.1 Definição e Conceitos Básicos
uma imagem de modernidade, com robôs
fazendo atividades do dia-a-dia e tudo cercado de Robôs são estruturas criadas para substituir,
muita tecnologia. Certamente, para os japoneses, ou auxiliar o humano em tarefas pesadas,
essa imagem não se resume a um mero repetitivas ou perigosas. O desenvolvimento da
estereótipo e o país não poupa esforços e recursos robótica permite que se insiram com mais
para que se torne realidade e até mesmo supere frequência no meio humano.
as expectativas em relação à audácia e Uma máquina que divide espaço com o homem
capacidade desse povo. pode apresentar uma estrutura de forma que a
O tema sobre robôs humanoides são permita se adaptar facilmente ao ambiente
considerados relevantes e atuais, se evidenciam humano para realizar suas tarefas. Sua estrutura
pela aproximação dos jogos olímpicos de 2020, a semelhante à humana ajudaria também na
divulgação de inúmeros projetos sobre robôs interação homem-máquina.
humanoides, que prometem se assemelhar cada Um robô humanoide é um robô onde sua
vez mais como humanos nas mais diversas aparência é baseada na humana, permitindo sua
atividades inclusive na interação com pessoas interação com ferramentas e ambientes feitos
reais. para nós. Em geral, robôs humanoides possuem
um tronco com uma cabeça, dois braços e duas
pernas, embora algumas formas de robôs

146
humanoides possam ter apenas parte do corpo, a ditam as regras básicas para que robôs e seres
partir da cintura para cima, por exemplo. Alguns humanos convivam de forma pacífica.
robôs humanoides podem também ter rosto com  1ª lei: Um robô não pode ferir um ser
olhos e boca. humano ou, por ócio, permitir que um
Até pouco tempo atrás, a maioria dos robôs eram ser humano sofra algum mal;
cuidadosamente separados dos seres humanos,  2ª lei: Um robô deve obedecer às ordens
eram usados basicamente em fábricas, para que lhe sejam dadas por seres humanos,
realizar tarefas repetitivas e que exigiam exceto nos casos em que tais ordens
velocidade, precisão e força, entretanto, a era contrariem a primeira lei;
industrial da robótica terminou, e os robôs estão  3ª lei: Um robô deve proteger sua
começando a se movimentar pelo mundo, própria existência, desde que tal
realizando tarefas como humanos e parecendo proteção não entre em conflito com a
cada vez mais como nós. primeira lei e nem com a segunda lei.

2.2 IA x Robótica Mais tarde, Asimov acrescentou uma quarta lei,


chamada Lei Zero, que diz: “Um robô não pode
A Inteligência Artificial e a Robótica estão fazer mal à humanidade e nem, por omissão,
sempre se complementando, e caminhando permitir que ela sofra algum mal”. Esta quarta
juntas, mas muitas vezes suas evoluções são lei transfere ao robô o poder de avaliar se o
confundidas, por isso é necessário entender o que interesse da humanidade se sobrepõe ao interesse
representa cada uma. individual, permitindo-lhe fazer o mal a um ser
Inteligência Artificial (ou simplesmente IA), tem humano, caso entenda que isso é melhor para a
como objetivo buscar métodos e dispositivos humanidade. Por essa razão, a Lei Zero é
computacionais que possam reproduzir a questionada e sua existência não é um consenso.
capacidade do ser humano de raciocinar, resolver O objetivo das leis, segundo o próprio Asimov,
problemas, pensar ou de uma forma ampla ser era tornar possível a coexistência de robôs
inteligente. Os sistemas de IA objetiva executar inteligentes - as leis pressupõem inteligência
ações tal como um humano, da forma mais suficiente para os robôs tomarem suas próprias
inteligente possível, e estes sistemas devem decisões - e humanos, impedindo assim que os
possuir a capacidade de raciocínio e robôs venham a se rebelar contra ou mesmo
aprendizagem, tal como a de reconhecer padrões, subjugar os humanos.
para tornar mais fáceis as futuras decisões, que Suas leis participam seriamente dos debates da
tenham algum tipo de semelhança, ou seja, IA base da ética na robótica e no desenvolvimento
representa nos robôs humanoides, toda sua de softwares.
capacidade de raciocínio e suas tomadas de
decisões, e a evolução das IAs faz com que os
robôs tomem decisões cada vez mais coerentes e 3 Análise Comparativa
inteligentes, e se aproximem mais da capacidade
humana. Aqui introduzimos alguns dos mais
A robótica representa toda a parte física dos importantes robôs humanoides da história, suas
robôs humanoides, todas as peças e suas devidas características e diferenças. Todos eles
interações. A evolução da robótica no geral, representam algum tipo de avanço para época em
representa para os robôs humanoides, a chegada que foram criados.
de robôs mais realistas e mais semelhantes
fisicamente com um ser humano, com
movimentos mais fluidos e naturais. 3.1 Wabot
Criado entre 1970 e 1973 pela School of
Science & Engineering of Waseda University
2.3 Lei de Asimov
com o propósito de ser um robô pessoal e de
Em 2 de janeiro de 1920, na cidade russa de aparência o mais próximo possível de um
Petrovitchi, nascia um dos maiores nomes por humano, a primeira versão do WABOT, o
trás das teorias que envolvem a robótica. Isaak WABOT-1, possuía sistemas de controle dos
Yudovich Ozimov foi um escritor e bioquímico membros, de visão e de conversação, deste
responsável por diversas obras de ficção e modo, era possível andar, segurar objetos e até
divulgação científica. Sua visão ia muito além da mesmo se comunicar com pessoas em japonês.
sua época e conseguiu prever vários aspectos do O WABOT-2, apresentado na Figura 2, criado
mundo tecnológico no qual vivemos hoje. entre 1980 e 1984, era considerado um “robô
Em seu livro, “Eu, Robô”, o autor especialista” por tocar piano, ler música através
apresentou as três Leis da Robótica, as quais de seus sensores visuais e até mesmo fazer o

147
acompanhamento do piano ouvindo uma pessoa 3.3 Asimo
cantando.
O Asimo (Figura 4), desenvolvido pela
empresa japonesa Honda, é um dos mais
avançados robôs humanoides da atualidade.
Criado em 2000, a primeira versão do robô era
bípede e após diversos modelos experimentais,
que começaram na década de 1980, hoje já possui
um corpo completo e é capaz de subir escadas,
contornar obstáculos, carregar objetos, caminhar
sobre superfícies irregulares, correr a 9 km/h,
saltar, saltar com apenas uma das pernas e se
aventurar em diversas situações como o resgate
de sobreviventes, ambientes tóxicos e explorar
áreas de risco.

Figura 2. Robô Wabot-2 [7].

3.2 Cog
Criado em 1994 pelo Massachusetts Institute
of Technology (MIT), o Cog (apresentado na
Figura 3) tornou-se o primeiro humanoide com
desenvolvimento cognitivo. O humanoide é
construído através de diversos sensores e
atuadores, como câmeras de vídeo para simular a
visão humana, usados para tentar aproximar as
dinâmicas sensoriais e motoras do corpo
humano. Figura 4. Robô Asimo [6].
O robô é capaz de movimentar os olhos de acordo
com os quatro tipos básicos de movimentos do Em 2011, a Honda iniciou o projeto para o novo
olho humano, orientar da cabeça e o pescoço na Asimo, com o objetivo de criar um humanoide
direção de um alvo, detectar rostos e olhos totalmente autônomo, capaz de tomar suas
através de análise de padrões de luz e formas e próprias decisões adequadas a cada situação.
até mesmo tocar bateria ouvindo e tentando
sincronizar o ritmo. Cog continua sendo
3.4 Charli-2
trabalhado até hoje e um sistema de vocalização
está em desenvolvimento. O Charli-2, criado pelo Virginia Tech’s
Robotics and Mechanisms Laboratory (RoMeLa)
em 2011, é a segunda geração de seu irmão mais
velho Charli. O robô apresenta grandes melhorias
em estabilidade, velocidade de caminhada,
inteligência e autonomia, além de suas
habilidades de futebol e dança. O Charli-2 foi
projetado para participar da RoboCup –
competição de futebol para robôs autônomos – na
categoria adulta e acabou conquistando o
primeiro lugar na edição de 2011.
O humanoide é capaz de andar a 1,4 km/h, chutar,
fazer curvas e também de performar algumas
tarefas simples com o torço superior, além de
segurar uma variedade de objetos com as mãos.
A Figura 5 apresenta o robô Charli-2.

Figura 3. Robô Cog [17].

148
sensores táteis localizados no nas extremidades
da máquina, que enviam mensagens de volta para
o cérebro, gerando uma comunicação
bidirecional.

Figura 5. Robô Charli-2 [16].

4 Nicolelis e o Exoesqueleto Brasileiro

No Brasil temos como referência na área de


robótica e inteligência artificial o IINN-ELS,
localizado no Rio Grande do Norte o Instituto
Internacional de Neurociências de Natal Edmond
e Lily Safra foi criado com a missão de promover
o crescimento da pesquisa científica de ponta em
Figura 6. Miguel Nicolelis - Projeto Andar de Novo [10].
toda a região Nordeste do Brasil.
Em 2012 este instituto firmou parceria com a Antes de ser realmente utilizada pelo paciente, há
Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à a necessidade de um treinamento em ambiente
Pesquisa (AASDAP), garantindo recursos para a virtual controlado, para “ensinar” o cérebro como
implementação e manutenção dos projetos é feita a interação com o robô.
desenvolvido por ele. Dentre os diversos projetos O artefato robótico foi colocado à prova e
podemos destacar o encabeçado pelo professor mostrado ao mundo em pleno funcionamento na
Miguel Nicolelis: o Projeto Andar De Novo abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014
(Figura 6). (Figura 7), no qual um paciente tetraplégico deu
Miguel Nicolelis, professor da Duke University o chute inicial do evento utilizando o
Center for Neuroengineering (EUA) é referência exoesqueleto para movimentar duas pernas.
mundial na comunidade científica, sendo
considerado um dos vinte maiores cientistas do
mundo e alcançando o posto de primeiro
brasileiro a ter sua pesquisa publicada na revista
Science. Dentre seus inúmeros projetos e
pesquisas, sem dúvida alguma o principal
atualmente é o “Exoesqueleto”.
Fruto do Projeto Andar De Novo, Exoesqueleto
é o nome dado a estrutura em formato de órgãos
humanos que tem por objetivo permitir que
pessoas paraplégicas retomam o movimento dos
membros inferiores. Para sua construção foram
investidos 33 milhões de reais e houve a
contribuição de 156 cientistas de 25 países
diferentes, todos liderados por Nicolelis.
O exoesqueleto permite o controle em tempo real
dos movimentos, através dos sinais elétricos
produzidos pelo cérebro, que são recebidos e
entendidos pelos sensores do robô, tais sinais são
interpretados e geram o movimento
correspondente.
Da mesma forma, num dos últimos passos para o Figura 7. Projeto Andar de Novo na cerimônia de abertura
término do exoesqueleto, foram inseridos da Copa do Mundo de Futebol [14].

149
Tal gesto marcou não só o sucesso de um Um dos robôs que será usado nas olimpíadas será
trabalho de mais de 10 anos, mas também abriu o robô Nao que auxiliará no atendimento de
os olhos do mundo para a produção científica clientes do banco japonês Bank of Tokyo-
brasileira e o potencial do país nesta área. Mitsubishi. As unidades são parecidas com
pequenos homens e são capazes de reconhecer 19
idiomas, além de tons de voz e expressões
5 Robôs Nas Olimpíadas faciais.
Além disso o primeiro-ministro, Shinzo Abe,
Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 gostaria de ver em 2020 uma competição entre
prometem ser o mais tecnológico de todos os robôs do mundo todo, realizando uma espécie de
tempos, com diversas tecnologias emergentes “Olimpíada Robótica”, que seria a primeira do
sendo usadas e testadas. Uma dessas tecnologias mundo.
usadas serão os robôs, que estarão lá para ajudar
qualquer pessoa que necessite de informações.
Pôde-se notar isso já na candidatura da cidade 6 Conclusão
japonesa em 2013 em Buenos Aires, onde dois
robôs japoneses, Mirata e Koboro, de cerca de 35 Neste trabalho foi apresentada a noção de
centímetros, que são capazes de responder a robôs humanoides e também seu
movimentos e à voz. O robô humanoide Mirata desenvolvimento no decorrer dos anos. É
apareceu acompanhado do esgrimista Yuki Ota, inegável a grande evolução dos robôs
dono de duas pratas olímpicas, cena apresentada humanoides principalmente nas duas últimas
na Figura 8, e simulou movimentos da décadas, suas capacidades motoras e cognitivas,
modalidade ao lado do atleta. Já Koboro cada vez mais avançadas, estão cada vez mais
apareceu através de televisores para cumprimetar parecidas com as humanas.
os presentes, pois estava em missão no espaço na Desde o robô que apenas movimentava seus
Estação Espacial Internacional. membros de forma bem limitada, até aqueles que
possuem a capacidade de superar obstáculos,
tocar piano, jogar futebol, conversar com
humanos e até mesmo auxiliar deficientes físicos,
é animadora a rápida evolução dos humanoides e
as expectativas são grandes, com avanços cada
vez maiores, suas capacidades ficarão ainda mais
impressionantes.

7 Referências

Figura 8. Robô Mirata com o esgrimista Yuki Ota [1] Asimo, a incrível história do robozinho da
apresentando a candidatura [18]. Honda, disponível em:
http://www.br.inter.net/portal/asimo-
Segundo o Asahi Shimbun, jornal japonês, um incrivel-robo-honda/
comitê do governo está lançando um programa [2] Caminhada de paraplégico na Copa é só
de instalação de robôs por toda a cidade, em primeiro passo, diz Nicolelis, disponível em:
“uma iniciativa em direção a uma ‘sociedade
http://g1.globo.com/ciencia-e-
universal futura’ na qual robôs e tecnologias da
saude/noticia/2014/05/caminhada-de-
informação dão assistência a humanos
paraplegico-na-copa-e-so-primeiro-
independentemente da idade, nacionalidade ou
passo-diz-nicolelis.html
deficiências”.
[3] CHARLI: Cognitive Humanoid Autonomous
Alguns destes robôs povoarão uma pequena vila,
Robot with Learning Intelligence, disponível em:
a “vila dos robôs”, no bairro de Odaiba, em
http://www.romela.org/charli-
Tóquio, mesmo local onde ficará a Vila
cognitive-humanoid-autonomous-
Olímpica. Porém estes não serão os únicos, eles
robot-with-learning-intelligence/
estarão espalhados por toda a cidade.
[4] Cog – Overview, disponível em:
A ideia é que esses robôs ajudem os estrangeiros http://www.ai.mit.edu/projects/humano
que estarão presentes no evento com a tradução id-robotics-group/cog/overview.html
de idioma, direções e transporte, podendo o [5] Como funciona o exoesqueleto de Miguel
mesmo ser robótico (carros autônomos). Nicolelis, disponível em:
Ainda poderemos ter um robô humanoide http://www.diariodocentrodomundo.co
levando a tocha olímpica, o robô em questão é o m.br/como-funciona-o-exoesqueleto-
WABIAN II, e pode ser visto em ação no vídeo de-miguel-nicolelis/
disponível em https://goo.gl/nihAak. [6] Honda Asimo Robot, disponível em:

150
http://www.autoguide.com/blog/wp- http://cdnnews.sinchew.com.my/sites/d
content/uploads/2014/04/honda-asimo- efault/files/sciSC/files/2013/10/23/085
robot.jpg 108.jpg
[7] Imagem Wabot-2, disponível em: [20] WABOT - WAseda roBOT, disponível em:
https://c1.staticflickr.com/3/2173/2143 http://www.humanoid.waseda.ac.jp/bo
479390_5aeb4de313_b.jpg oklet/kato_2.html
[8] Jovem paraplégico usa exoesqueleto e chuta
bola na abertura da Copa, disponível em:
http://g1.globo.com/ciencia-e-
saude/noticia/2014/06/jovem-
paraplegico-usa-exoesqueleto-chuta-
bola-na-abertura-da-copa.html
[9] KLEBIS, Daniela. Estudo de pesquisador
brasileiro é capa da revista Science, disponível
em:
http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/
2-estudo-de-pesquisador-brasileiro-e-
capa-da-revista-science/
[10] Miguel Nicolelis - Projeto Andar de Novo,
disponível em:
http://s2.glbimg.com/joKcPwd2Gn8tfP
Ov4bX-
Nle_1Xk=/s.glbimg.com/jo/g1/f/origin
al/2014/05/22/miguel-nicolelis1.jpg
[11] Nossa história, disponível em:
http://aasdap.org.br/institucional/nossa-
historia/
[12] O Exoesqueleto de Miguel Nicolelis,
disponível em:
http://www.sitedecuriosidades.com/cur
iosidade/o-exoesqueleto-de-miguel-
nicolelis.html
[13] Projeto Andar de Novo, disponível em:
http://aasdap.org.br/projetos/projeto-
andar-de-novo/
[14] Projeto Andar de Novo, disponível em:
http://www.each.usp.br/petsi/jornal/wp
-content/uploads/2014/11/asdf1.jpg

[15] Projeto de pôr deficiente para chutar bola


na Copa está 50% pronto, diz Nicolelis,
disponível em:
https://copadomundo.uol.com.br/notici
as/redacao/2013/06/29/cientista-
anuncia-que-projeto-de-por-deficiente-
para-dar-pontape-inicial-da-copa-esta-
50-concluido.htm
[16] Robot Charli-2, disponível em:
https://img.washingtonpost.com/rf/ima
ge_480w/WashingtonPost/Content/Blo
gs/in-the-loop/Images/robot.jpg
[17] Robot Cog, disponível em:
http://www.astrosurf.com/luxorion/Illu
strations/robot-cog.jpg
[18] Robô Mirata e Yuki Ota, disponível em:
http://cdn.espn.com.br/image/wide/622
_4074d159-123f-3faa-a511-
09fd45cf45d5.jpg
[19] Robô Wabian-2, disponível em:

151
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

CINEMÁTICA INVERSA DO ROBÔ ABB FLEXPICKER IRB 360-1/1600

BIANCA O. SCHMIDT, LUCAS H. M. MIURA, MAURICIO BECERRA-VARGAS

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” -
UNESP
Av. Três de Março, 511 - 18087-180 – Sorocaba-SP
E-mails: bianca.oliveirasc@gmail.com, lucashmiura@hotmail.com,
mauricio@sorocaba.unesp.br

Resumo O objetivo deste trabalho é realizar a análise cinemática de um robô FlexPicker, descrevendo o modelo, desde carac-
terísticas referentes a sua topologia, controle e acionamento até a realização de sua cinemática inversa, ilustrada com a imple-
mentação de um script em MATLAB.

Palavras-chave FlexPicker, modelo, topologia, controle, acionamento, cinemática inversa.

1 Introdução escolhido, pois este não apresenta o quarto grau de


liberdade.
O robô FlexPicker, da ABB, é amplamente utili-
zado em aplicações de pick and place, ou seja, posi-
cionamento de objetos relativamente pequenos e
leves, especialmente na indústria alimentícia. Há
diversas opções de modelos para atender a aplicações
diferentes, sendo disponíveis três ou quatro graus de
liberdade, com variados comprimentos dos links (e,
consequentemente, tamanhos do espaço de trabalho),
com capacidade de sustentar cargas de até 8 kg, de-
pendendo do modelo. No caso do IRB 360-1/1600,
essa capacidade de carga é de até 1 kg.
Objetiva-se, neste trabalho, realizar uma descrição
das estruturas e da topologia do modelo IRB360-
1/1600 FlexPicker da ABB, além de analisar sua Figura 1: Espaço de trabalho do robô. (ABB Robotics, 2013).
mobilidade, relacionada aos seus graus de liberdade e
a seu espaço de trabalho, e implementar sua cinemá-
tica inversa através de um método algébrico, com
scripts em MATLAB.

2 Metodologia

2.1 Descrição do robô


Escolheu-se o modelo FlexPicker com três graus
de liberdade, de modo a simplificar a análise cinemá-
tica posterior. Os graus de liberdade indicam a capa-
cidade do efetuador de transladar ao longo dos três
eixos, definindo o espaço de trabalho do robô (Figura
1).
Figura 2: Links e juntas do robô.
Como se trata de um robô tipo delta, seu acionamen-
to se dá de forma indireta, ou seja, os motores estão De modo a controlar este robô, utiliza-se o controla-
localizados na base (junta ativa) e não nas juntas dor IRC5 (Figura 3), que otimiza a performance do
passivas do robô. Logo, a cadeia cinemática é fecha- IRB, buscando o menor tempo de ciclo com maior
da (paralela), de forma que há três caminhos possí- precisão possível. Além disso, o controlador é modu-
veis para se chegar ao último link, partindo da base. larizado, permitindo associar módulos de forma a
Destaca-se que, devido a sua característica de acio- otimizar seu layout. Possuindo a tecnologia Multi-
namento, os links do robô são extremamente leves e Move, consegue controlar até quatro robôs simulta-
conseguem se mover de forma muito rápida e preci- neamente com um mesmo controlador.
sa. A interface entre controlador e operador (IHM) é
As juntas do robô, assim como seus links, estão apre- realizada via PC ou pelo FlexPendant, que possui o
sentadas na Figura 2. Nota-se que a imagem apresen- formato joystick e touch screen, designado para
ta o link central, que não está presente no modelo

152
comandar os movimentos do robô, editar programas, Considerando-se N=8, J1=3, J2=6 e J3=0, obtém-se
executar calibração, etc. que M=3 DOF. Destaca-se que, apesar de o robô real
ter juntas esféricas, estas apresentam apenas dois
graus de liberdade de rotação, devido à construção do
robô, uma vez que estas não rotacionam em torno do
eixo ZB (Figura 5).
Para a elaboração do trabalho, baseou-se o robô na
esquemática proposta por Williams (2015), exibida
na Figura 5. Nesta representação, os pontos Bi repre-
sentam a localização das juntas ativas na base, os
pontos Ai representam as juntas intermediárias e os
pontos Pi representam as juntas do último link, ao
qual o efetuador é acoplado.
A base e o último link propostos possuem o formato
de triângulos equiláteros de lado sB e sP, respectiva-
mente, e há a adoção de dois sistemas de coordena-
Figura 3: Controlador IRC5. (ABB Robotics, 2013).
das na representação do robô, sendo que o primeiro é
A linguagem de programação utilizada é a RAPID, e o sistema {B}, cuja origem está localizada no cen-
o robô pode ser programado em software próprio, o troide da base, e o segundo é o sistema {P}, cuja
ABB RobotStudio, que inclusive permite simulações. origem está localizada no centroide do último link e
O sistema opera nas redes fieldbus, pelos protocolos corresponde ao TCP (tool center point). Como a
DeviceNet, PROFINET, PROFIBUS DP ou Ether- orientação de {P} é sempre idêntica à de {B}, a ma-
net/IP. triz de rotação 𝑅𝐵𝑃 = 𝐼3 é constante. Os ângulos das
Com relação aos sensores do robô, resolvers em cada juntas ativas são designadas por Θ = {𝜃1 𝜃2 𝜃3 }𝑇
um dos três servomotores CA enviam informações e as coordenadas cartesianas do TCP são 𝑃𝐵𝑃 =
sobre a posição e velocidade de cada eixo para a {𝑥 𝑦 𝑧}𝑇 . Outros parâmetros considerados para
Serial Measurement Board (SMB). realização dos cálculos são mostrados nas Figuras 5 e
6.

Figura 4: Motor do robô acoplado a caixa de engrenagens (ABB Figura 5: Diagrama Cinemático do robô FlerPicker. (Williams,
Robotics, 2013). 2015).

2.2 Descrição do Modelo


Primeiramente, utilizou-se o critério de mobili-
dade de Kutzbach (1):

𝑀 = 6(𝑁 − 1) − 5𝐽1 − 4𝐽2 − 3𝐽3 (1)

Em que M refere-se ao número de graus de liberdade


do robô, N é o número de corpos e Ji representam o
número de juntas com i graus de liberdade.
Figura 6: Parâmetros referentes à base do robô. (Williams, 2015)

153
𝑠𝐵

𝑏3𝐵 = {−𝑤2 }
𝐵 (10)
0

Apresentam-se na Tabela 1 os significados de cada


sigla e os valores adotados para a análise cinemática.
Tabela 1. Parâmetros do robô. (Williams, 2015)

Símbolo Significado Valor


(mm)
sB Comprimento do lado da base 567
sP Comprimento do lado do último 76
link
Figura 7: Parâmetros referentes ao último link do robô. (Williams, L Comprimento da parte superior 524
2015). dos braços
l Comprimento do paralelogramo 1244
Observando-se a Figura 6 e sabendo-se que se trata
referente à parte inferior dos
de um triângulo equilátero, é possível descrever a
braços
posição das juntas Bi com relação ao sistema {B}
através dos vetores nas equações 2, 3 e 4. wB Distância de {B} ao lado da base 164
uB Distância de {B} ao vértice da 327
0 base
𝐵1𝐵 = {−𝑤𝐵 } wP Distância de {P} ao lado do 65
0
(2) último link
uP Distância de {P} ao vértice do 131
√3 último link
𝑤𝐵 𝑐𝑜𝑠(30°) 𝑤
𝐵
2 𝐵
𝐵2 = {𝑤𝐵 𝑠𝑒𝑛(30°)} = 1
𝑤 (3)
0 2 𝐵 2.3 Análise cinemática do robô Delta
{ 0 }
Da Figura 5, pode-se encontrar três circuitos de
√3 vetores para o robô (15)
−𝑤𝐵 𝑐𝑜𝑠(30°) − 𝑤
2 𝐵
𝐵3𝐵 = { 𝑤𝐵 𝑠𝑒𝑛(30°) } = 1 𝐵𝑖𝐵 + 𝐿𝐵𝑖 + 𝑙𝑖𝐵 = 𝑃𝑖𝐵 + [𝑅𝑃𝐵 ]𝑃𝑖𝑃 = 𝑃𝑃𝐵 + 𝑃𝑖𝑃 (11)
𝑤 (4)
0 2 𝐵 i = 1, 2, 3
{ 0 }
Os vetores 𝐿𝐵𝑖 são dependentes dos ângulos das jun-
Analogamente, as juntas Pi referentes ao último link
tas ativas, Θ = {𝜃1 𝜃2 𝜃3 }𝑇 , e podem ser des-
(Figura 7) permanecem constantes com relação ao
sistema {P}, podendo ser representadas pelos vetores critos como nas equações 16 a 18.
das equações 5, 6 e 7.
0 0
𝑃1𝑃 = {−𝑢𝑃 } 𝐿𝐵1 = { −𝐿𝑐𝑜𝑠(𝜃1 ) }
0
(5) (12)
−𝐿𝑠𝑒𝑛(𝜃1 )
𝑠𝑃
𝑠𝑃 cos(60°)
𝑃2𝑃 = { 𝑤𝑃 } = {𝑤2 } √3
𝑃 (6) 𝐿 cos(𝜃2 )
0 2
0 𝐵
𝐿2 = 1
𝐿 cos(𝜃2 ) (13)
𝑠𝑃 2
−𝑠𝑃 cos(60°) −
𝑃3𝑃 = { } = { 𝑤2 }
{ −𝐿 sen(𝜃2 ) }
𝑤𝑃
𝑃 (7)
0 0
√3
−𝐿 cos(𝜃3 )
E, por fim, os vértices da base maior são dados pelas 2
𝐵
equações 8 a 10. 𝐿3 = 1
𝑠𝐵 𝐿 cos(𝜃3 ) (14)
2
2 }
𝑏1𝐵 = {−𝑤 { −𝐿 sen(𝜃2 ) }
𝐵 (8)
0
Substituindo as variáveis por seus valores nas equa-
0 ções (15), obtém-se as equações 19 a 21.
𝑏2𝐵 = {𝑢𝐵 } (9)
0

154
𝑥 𝐸𝑖 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖 + 𝐹𝑖 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑖 + 𝐺𝑖 = 0
𝑙1𝐵 = { 𝑦 + 𝐿𝑐𝑜𝑠(𝜃1 ) + 𝑎}
(24)
i=1,2,3
𝑧 + 𝐿𝑠𝑒𝑛(𝜃1 ) (15)
Onde:
√3 𝐸1 = 2𝐿(𝑦 + 𝑎) (25)
𝑥− 𝐿 cos(𝜃2 ) + 𝑏
2 𝐹1 = 2𝑧𝐿 (26)
𝐵
𝑙2 = 1
𝑦 − 𝐿𝑐𝑜𝑠(𝜃2 ) + 𝑐 (16) 2 2 2
𝐺1 = 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 + 𝑎 + 𝐿 + 2𝑦𝑎 − 𝑙² 2 2
2 (27)
{ 𝑧 + 𝐿𝑠𝑒𝑛(𝜃2 ) }
𝐸2 = −𝐿[√3(𝑥 + 𝑏) + 𝑦 + 𝑐] (28)
√3 𝐹2 = 2𝑧𝐿 (29)
𝑥+ 𝐿 cos(𝜃3 ) − 𝑏
2 2 2 2
𝐺2 = 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 + 𝑏 + 𝑐 + 𝐿 + 2(𝑥𝑏 2 2 2
𝐵
𝑙3 = 1 + 𝑦𝑐) − 𝑙 2
(30)
𝑦 − 𝐿𝑐𝑜𝑠(𝜃3 ) + 𝑐 (17)
2 𝐸3 = 𝐿[√3(𝑥 − 𝑏) − 𝑦 − 𝑐] (31)
{ 𝑧 + 𝐿𝑠𝑒𝑛(𝜃3 ) }
𝐹3 = 2𝑧𝐿 (32)
Sendo: 2 2 2 2
𝐺3 = 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 + 𝑏 + 𝑐 + 𝐿 − 2𝑥𝑏 + 2𝑦𝑐 2 2

𝑎 = 𝑤𝐵 − 𝑢𝑃 − 𝑙2 (33)
(18)

𝑠𝑃 √3 A equação 28 pode ser resolvida utilizando-se o


𝑏= − 𝑤 método da Substituição Tangente do Ângulo Metade:
2 2 𝐵 (19)
1 − 𝑡𝑖 2 2𝑡𝑖
1 𝐸𝑖 ( ) + 𝐹𝑖 ( ) + 𝐺𝑖 = 0
𝑐 = 𝑤𝑃 − 𝑤𝐵 1 + 𝑡𝑖 2 1 + 𝑡𝑖 2 (34)
2 (20)

Assim, o circuito de vetores (15) fornece as três Que resulta em:


equações de restrição para o robô: −𝐹𝑖 ± √𝐸𝑖2 + 𝐹𝑖2 + 𝐺𝑖 ²
𝑡𝑖1,2 = (35)
𝐺𝑖 − 𝐸𝑖
2 2 2 2
2𝐿(𝑦 + 𝑎)𝑐𝑜𝑠𝜃1 + 2𝑧𝐿𝑠𝑖𝑛𝜃1 + 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 + 𝑎 (21)
+ 𝐿2 + 2𝑦𝑎 − 𝑙 2 = 0 Resolve-se para 𝜃𝑖 invertendo-se a substituição tan-
gente do ângulo metade original.
−𝐿[√3(𝑥 + 𝑏) + 𝑦 + 𝑐]𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 2𝑧𝐿𝑠𝑖𝑛𝜃2 + 𝑥 2 + 𝑦 2 (22)
+ 𝑧 2 + 𝑏 2 + 𝑐 2 + 𝐿2 + 2𝑥𝑏 + 2𝑦𝑐 𝜃𝑖 = 2 𝑡𝑎𝑛 −1 (𝑡𝑖 ) (36)
− 𝑙2 = 0
Ou seja, há duas soluções da equação 40, provenien-
tes da fórmula quadrática. Ambos são corretos visto
𝐿[√3(𝑥 − 𝑏) − 𝑦 − 𝑐]𝑐𝑜𝑠𝜃3 + 2𝑧𝐿𝑠𝑖𝑛𝜃3 + 𝑥 2 + 𝑦 2 (23)
que há duas soluções válidas para este modelo. Isso
+ 𝑧 2 + 𝑏 2 + 𝑐 2 + 𝐿2 − 2𝑥𝑏 + 2𝑦𝑐 possibilita duas soluções de cinemática inversa para
− 𝑙2 = 0 cada braço do robô delta, para um total de 8 soluções
válidas. Geralmente, a solução com todas as juntas
flexionadas para fora será escolhida, e para geração
de trajetória, os ângulos escolhidos serão os mais
2.4 Cinemática Inversa próximos dos ângulos das juntas atuais, de modo que
A cinemática inversa tem por objetivo obter os não haja movimentos bruscos.
ângulos das juntas ativas correspondentes a uma
postura do robô, conhecendo-se as coordenadas car-
tesianas desejadas do TCP. 2.5. Implementação da cinemática inversa em
MATLAB
Sendo um robô com cadeia cinemática paralela, sua
cinemática inversa possui uma única resposta. Isso De forma a validar os resultados do equaciona-
significa que para cada conjunto de coordenadas mento da cinemática inversa, desenvolveram-se
cartesianas existe apenas um conjunto de posições scripts em MATLAB, com os parâmetros do robô
das juntas possível. IRB 360-1/1600 (Tabela 1), para duas aplicações, ou
No entanto, para robôs delta, as soluções nem sempre “modos”.
são triviais, mas podem ser encontradas analitica- No modo 1, o programa exibe uma ilustração do robô
mente. – em uma posição adotada como referência – através
Resolvendo-se analiticamente as três equações de de linhas, em um espaço tridimensional (Figura 8). O
restrição aplicadas às equações provenientes dos usuário, então, insere as coordenadas cartesianas
circuitos de vetores, como proposto por Williams desejadas para o TCP e o programa calcula os ângu-
(2015), tem-se a equação geral (28). los das juntas ativas correspondentes e os vetores que

155
representam a posição dos links do robô, atualizando
a ilustração para a nova postura.

Figura 8: Ilustração do robô na posição de referência.

Já no modo 2, o programa ilustra a movimentação do


robô em uma trajetória circular cujo raio é definido
pelo usuário. Assim, a trajetória é discretizada e os
ângulos das juntas são calculados para cada posição,
que é exibida no espaço tridimensional. Destaca-se
que a solução da equação 40 gera dois ângulos para
cada junta, então o programa calcula qual solução se
aproxima mais do ângulo anterior a cada passo, de
modo a evitar uma movimentação brusca dos links.

3 Conclusão

O robô ABB FlexPicker IRB 360-1/1600 tem


uma vasta aplicação na indústria alimentícia e em
outras que demandem o manuseio rápido e preciso de
objetos pequenos, o que justifica o seu estudo.
Por ter uma estrutura paralela, a cinemática inversa
do robô pôde ser solucionada de forma algébrica sem
muitas dificuldades, o que não aconteceria em um
robô serial.
Essa escolha por uma abordagem algébrica simplifi-
cou a implementação dos scripts em MATLAB, que
tornaram possível a visualização e a validação do
método.

Referências Bibliográficas

ABB Robotics. (2013). Product Manual: IRB 360.


Document 3HAC030005-001, rev. J.
Williams II, Robert L. (2015). The Delta Parallel
Robot: Kinematics Solutions.

156
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

SENSORIAMENTO DE MÓDULOS DE TEMPERATURA, UMIDADE, GÁS E LUMINOSIDADE


ATRAVÉS DA PLATAFORMA NODE RED E CONTROLE SEM FIO VIA ARDUÍNO

GUILHERME B. ELEUTÉRIO, LEONARDO L. ROSSI, LUCAS A. M. SANTOS, LUCAS N. M. ROCHA, MATHEUS N.


NERI, HELMO K. PAREDES

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba (ICTS)


Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Avenida Três de Março, 511 - Alto da Boa Vista – Sorocaba / SP - CEP 18087-180
E-mails: guibarbettaele@gmail.com, leoboralelis@gmail.com,
lucas.n.m.r2@gmail.com, lucas.arna@gmail.com, nerim95@gmail.com

Resumo - O monitoramento de uma manufatura é parte crucial de uma planta industrial, pois permite supervisionar os processos,
viabiliza o controle, permite que a área de negócio da empresa tenho conhecimento de informações relevantes e por consequência
auxilia na tomada de decisões. O presente trabalho avalia um sistema desenvolvido capaz de supervisionar módulos de
temperatura, umidade, gás e luminosidade e controlar estes processos, disponibilizando as informações aquisitadas online em
dashboards (conceito de IoT) por meio da plataforma Node-Red. Para o sensoriamento e controle, são utilizados módulos
periféricos e um módulo central, sendo que a comunicação entre os módulos será sem fio.

Palavras-chave - Internet das Coisas, Rede sem fio, monitoramento de processos.

1 Introdução
2 Fundamentos Teóricos
Tendo em vista a relevância do acesso as
informações de uma planta industrial propõe-se a
criação de um sistema de monitoramento e 2.1 Sistema
supervisão modular e sem fio, ou seja, os processos a Os módulos periféricos supracitados serão
serem monitorados e suas variáveis podem ser compostos por um Arduino Pro Mini e sensores
separados em módulos de monitoramento, sendo capazes de medir as variáveis pertinentes, estes
possível adicionar e remover estes módulos de módulos enviarão estes dados para o módulo central
acordo com a demanda do cliente. de maneira sem fio por meio de um módulo
Os dados aquisitados pelos módulos de tranceiver de rádio frequência.
monitoramento serão enviados à um módulo central O módulo central será composto por um Arduino
via comunicação sem fio, este módulo central por sua Mega, que também fará a comunicação sem fio por
vez receberá esses dados e disponibilizará eles online meio do módulo tranceiver de rádio frequência com
de forma compreensível ao ser humano, por meio de os módulos periféricos. O módulo central também
dashboards, facilitando o entendimento do status dos será composto por uma Raspberry Pi que se
processos e a tomada de decisão/controle e tornando comunicará com o Arduino Mega via comunicação
estes dados acessíveis via internet (Conceito de IoT – serial, a Raspberry Pi será responsável por tratar os
Internet das coisas). dados recebidos e disponibilizá-los online de maneira
O objetivo deste trabalho é demonstrar o compreensível em dashboards por meio da
funcionamento do projeto de avaliação da disciplina plataforma Node-Red. O módulo central também
de Sistemas de Automação Controle I, ministrada será conectado à uma placa de relés, sendo assim
pelo docente Prof. Dr. Helmo Kelis Paredes. O capaz de acionar os atuadores do sistema.
projeto é um sistema de monitoramento sem fio de
manufatura, capaz de supervisionar módulos de
temperatura, umidade, gás e luminosidade, por meio 2.2 Node-RED
de módulos periféricos e um módulo central. Os
Node-RED é uma plataforma de programação
módulos periféricos são responsáveis por aquisitar
para Internet das Coisas, com algoritmos baseados
dados (variáveis) dos processos descritos por meio de
em fluxo. Ele permite unir aplicativos de celular ou
sensores e também por acionar atuadores envolvidos
computador, com hardwares diversos, e tornar as
nestes processos. Os dados aquisitados pelos
informações mais simples de serem disponíveis
módulos periféricos serão enviados por comunicação
online. Sua programação é realizada via browser,
sem fio (Rádio Frequência) para um módulo central.
conectando “nós” que contém as ações a serem
O módulo central será responsável por receber estes
realizadas. Sua linguagem de programação base é
dados e disponibilizá-los online de maneira
chamada de Node.js, porém o mesmo permite
compreensível em forma de dashboards por meio da
compatibilidade para outras como python, C e C++.
plataforma Node Red.
Além disso, o ambiente de desenvolvimento permite
ao usuário criar um nó, o que aliado a uma grande
comunidade de pessoas que utilizam esse sistema,

157
resulta em uma vasta biblioteca de aplicações microcontrolador é um modelo mais barato: o
prontas, com mais de 225 mil nós. [1] ATMega168, possuindo Flash de 16KB, SRAM de
O Node-RED também possui interfaces de 2KB e EEPROM de 512B. Já a ausência de porta
comunicação com email e redes sociais, USB incorporada gera a demanda por usar um
possibilitando envio e recebimento de informações programador USB externo (que pode ser até mesmo
sob diversas formas. Plataformas como Raspberry Pi um Arduino Uno rodando um programa que vem
já têm grande compatibilidade com o Node-RED, e junto com a sua IDE). Em contrapartida, isso reduz o
outras como Arduino podem ser facilmente consumo de energia. [2]
controladas também. Logo, sua principal vantagem é a redução de custo.
A seguir está um exemplo de algoritmo criado no Sua programação usual é baseada na IDE do
Node-RED, utilizando a estratégia de fluxo de Arduino. Dentre suas características eletrônicas:
informações pelos nós. 16MHz de clock, suporte nativo a I2C, SPI e TTL, e
bootloader nativo com auto-reset no momento da
programação.

Figura 1: Exemplo de algoritmo em Node-RED.

O Node-RED permite ainda que o usuário crie uma


interface gráfica para a visualização dos dados
desejados, e até acionamento de variáveis. A seguir
está um exemplo dessa interface, chamada de
Figura 3: Arduino ProMini.
Dashboard. [1]

2.3.2 Arduino Mega 2560


A placa Arduino Mega 2560 possui recursos
para prototipagem e projetos mais elaborados.
Baseada no microcontrolador ATmega2560, possui
54 pinos de entradas e saídas digitais, dentre elas, 15
que podem ser utilizadas como saídas PWM.
Também possui 16 entradas analógicas e saídas
digitais e 4 portas de comunicação serial. Sua
alimentação externa é feita através do conector Jack
com positivo no centro, onde o valor de tensão da
fonte externa deve estar entre os limites 6V a 20V.
Como interface USB para comunicação com o
computador, há na placa um microcontrolador
ATMEL ATMEGA16U2. Possui um cristal externo
Figura 2: Exemplo da interface gráfica com dashboards.
de 16 MHz, chegando a 16 MIPS. Como
características de processamento, apresenta 256 KB
de Flash (mais 8 KB são utilizados para o
2.3 Plataformas bootloader), 8 KB de RAM e 4 KB de EEPROM. [3]
Neste projeto são utilizados três tipos de
plataformas: Arduino Pro Mini, Arduino Mega e
Raspberry Pi.

2.3.1 Arduino Pro Mini


O Arduino Pro Mini é todo feito com a redução
de preço em mente, e assim vem sem pinos soldados,
sem interface, sem conector para plug de fonte de
alimentação e sem componentes fáceis de substituir
pelo próprio usuário. A ausência de conector de Figura 4: Arduino Mega 2560.
alimentação exige uma providência simples: ligar o
terminal do terra da fonte a um pino GND, e o
2.3.3 Raspberry PI 2 Modelo B
terminal positivo da fonte ao pino VCC (3,3V ou 5V
regulados, conforme o modelo de Pro Mini) ou ao Seu grande destaque é o uso de um processador
pino RAW (se ela for acima da tensão do pino VCC, Broadcom BCM2836 SoC Quad-core ARM Cortex-
tendo em vista o limite de 12V). Seu
158
A7 de 900 MHz, que roda acompanhado de 1 GB de 2.5 Sensor DHT11
memória RAM. A placa oferece um conjunto de
O componente DHT11 trata-se de um sensor de
portas e interfaces GPIO de 40 pinos, um total de
temperatura e umidade muito utilizado em projetos
quatro portas USB, interface Ethernet, HDMI, saída
que utilizam o Arduino. A faixa de medição é de 0 a
de som, interfaces de câmera e tela, além de slot para
50 graus Celsius e umidade entre 20 e 90%. Na
cartão de memória microSD. É compatível com
Figura 7 encontra-se a fotografia do sensor. [6]
sistemas operacionais mais conhecidos, como
Windows, Ubuntu (versão Snappy) e Android. [4]

Figura 7: Fotografia do sensor DHT11.

A aferição da temperatura é dada por um termistor do


tipo NTC, ou seja, tem o seu valor de resistência
aumentado conforme o aumento de temperatura. E a
aferição da umidade é do tipo sensor de umidade
HR202. [7]
Figura 5: Raspberry Pi 2 modelo B.
O sensor DHT11 pode ser alimentado por uma
tensão de 3 a 5 V, apresenta corrente entre 200 µA e
2.4 Módulo de Relés 500 mA, e em stand-by de 100 µA até 150 µA. Na
Figura 8 encontra-se o esquema dos terminais do
De forma a se controlar os processos sensoriados sensor.
de temperatura, umidade, gás e iluminação, é
utilizado um módulo com 4 relés. O módulo de 4
relés é uma ótima ferramenta para o acionamento de
cargas diversas, utilizando sinais lógicos de 5V. Ele
permite que uma alta gama de microcontroladores
como Arduino, PIC, ARM, e microcomputadores
como Raspberry Pi acionem dispositivos com
tensões maiores, como motores e lâmpadas.
O relé trabalha com uma corrente típica de operação Figura 8: Terminais do sensor DHT11.
entre 15 a 20 mA, possuindo um LED de indicador
Somente os pinos 1, 2 e 4 são usados. Para ler os
de status para cada relé, que tem conexões para
dados é possível utilizar uma biblioteca pronta e usar
normal aberto, normal fechado e comum. O tempo de
os comandos dht.readHumidity() e
resposta é cerca de 5 ms, e os dispositivos da saída
dht.readTemperature(), tais comandos interpretam o
podem ser de até 10A, com 30 V DC ou 220V AC.
sinal analógico dos dados em grandezas de umidade
[5]
e temperatura, respectivamente. [7]

2.6 Sensor de iluminação LDR


O sensor LDR, do inglês Light Dependence
Reistor, é um resistor cuja resistência varia de acordo
com a luminosidade sobre ele. Na Figura 9 encontra-
se a fotografia de um sensor LDR.

Figura 6: Módulo de relés.

Para o presente projeto, o módulo de relés será


responsável por acionar uma lâmpada rádio com 12
V DC, uma ventoinha também com 12 V DC, e um Figura 9: Fotografia de um sensor LDR.
motor de corrente contínua de 6 V.
O sensor em questão apresenta tensão máxima de
150 Vdc, faixa de temperatura de operação entre -
30ºC e 70ºC, potência máxima de 100 mW,

159
resistência no escuro (0 lux) de 1 MΩ e resistência na O módulo é alimentado numa faixa de 1,9 V a 3,6 V
luz (10 lux) entre 10 e 20 KΩ. [8] e opera com uma velocidade de 2 Mbps com uma
frequência de 2,4 GHz. [11]

2.7 Sensor de gás MQ 03


3 Materiais e métodos
O sensor de Gás MQ-3 Álcool é um dispositivo
capaz de detectar vapores de álcool e etanol, sendo
muito utilizado em projetos de bafômetro, além de Para o desenvolvimento deste projeto, foram
possuir fácil conexão com microcontroladores como utilizados os seguintes componentes:
Arduino e Raspberry Pi, como demonstrado na figura  1 Arduino Mega 2560
3 abaixo. [12]  3 Arduinos pro mini
 1 Raspeberry Pi 2 Modelo B
 1 Sensor DHT11
 1 LDR
 1 Sensor MQ-3
 1 Módulo de relés
 4 Módulos de comunicação NRF24L01

Tais componentes foram colocados em disposição


Figura 10: Sensor de gás MQ-3 seguindo o esquema da Figura 12.
Seu funcionamento é baseado na regulagem de nível
de concentração de álcool através de um
potenciômetro. Quando a amostra de concentração
está acima do nível configurado, a saída digital
D0UT do módulo fica em estado alto, e se abaixo do
nível, fica em estado baixo. Desta maneira, utiliza-se
este dado coletado para acionar uma diferente saída
ou enviar este sinal para outros fins.
Para se obter uma resolução melhor, deve-se usar a
saída analógica AOUT e conectar a um conversor
AD, presente em dispositivos como o Arduino e Figura 12: Esquemático da disposição dos componentes.
Raspberry Pi por exemplo. Algumas especificações O Arduino Mega comunicando serialmente com o
deste dispositivo estão listadas abaixo. [13] Raspeberry foram configurados como unidade
 Detecção de gases: Álcool e Etanol central do sistema, e para aquisição dos dados foram
 Concentração de detecção: 10-10.000ppm criados um módulo para cada sensor. Na Figura 13
 Tensão de operação: 3-5V encontra-se a fotografia dos 3 módulos.
 Tempo de resposta: ≤10s
 Sensibilidade ajustável via potenciômetro/
2KΩ-20KΩ(in 0.4mg/l alcohol )
 Saída Digital e Analógica

2.8 Módulo de comunicação NRF24L01


O módulo NRF24L01 é dedicado a comunicação
sem fio fabricado pela empresa Nordic. É
comumente utilizado para comunicação entre
dispositivos como Arduino, Raspberry, BeagleBone
e etc. Tem um alcance que varia entre 10 a 50
metros, dependendo do ambiente em que está sendo
aplicado. A figura abaixo identifica um módulo
NRF24L01.[9] [11] Figura 13: Fotografia dos módulos de sensoriamento. (a) Módulo
de umidade e temperatura com o sensor DHT11; (b) Módulo de
gás e etanol com o sensor MQ-3; (c) Módulo de luminosidade com
o LDR.

Para tal projeto foi necessários o uso de bibliotecas


específicas, como por exemplo DHT.h e DHT_U
para o uso do sensor DHT11, e RF24.h e
nRF24L01.h para a comunicação sem fio.
Figura 11: Módulo de comunicação sem fio NRF24L01.

160
Cada módulo de sensoriamento é responsável por
aquisitar os dados e enviar à central, que é
responsável por mandar os dados para a plataforma
de internet das coisas Node-Red.
O código utilizado no módulo do sensor DHT11
encontra-se na Figura 14, o utilizado no de gás e
etanol na Figura 15 e por fim o de luminosidade na
Figura 16.

Figura 16: Código utilizado no módulo de sensoriamento de


luminosidade.

Após receber os dados dos módulos a central envia


os dados, no formato de string, ao Raspeberry por
meio do código mostrado na Figura 17.

Figura 14: Código utilizado no módulo de sensoriamento de


umidade e temperatura.

Figura 15: Código utilizado no módulo de sensoriamento de gás e Figura 17: Código utilizado na central do sistema.
etanol.

161
O algoritmo em blocos da plataforma Node-RED dados pelos módulos projetados é efetiva, bem como
utilizado no sistema encontra-se na Figura 18. a transmissão destes para o módulo central.
O módulo central mostrou-se capaz de receber, tratar
e apresentar estes dados em tempo real de forma
satisfatória e com um alcance de comunicação mais
que suficiente.
Para as próximas etapas do projeto, tem-se planejado
a finalização da comunicação dos módulos (restando
apenas configurar o módulo do sensor de etanol
MQ3) e a criação de novas visualizações para o
Dashboard criado pelo módulo central de modo a
tornar os dados aquisitados úteis para a tomada de
decisão.
Figura 18: Algoritmo utilizado na plataforma Node-RED.

O algoritmo apresentado anteriormente é responsável Agradecimentos


por separar os dados concatenados no arduino e
enviá-los para a Dashboard, além de salvar os dados Os autores agradecem à comunidade da Unesp
em um arquivo de texto. Sorocaba, particularmente ao grupo GASI.

4 Resultados Referências Bibliográficas

Por meio da metodologia citada foi possível [1] Node-RED: Flow-based programming for the
então aquisitar e transmitir quatro variáveis de um Internet of Things. Disponível em:
sistema, remotamente por meio dos módulos que <https://nodered.org/#features> Acesso em:
podem ser observados na Figura 13 04/09/2017
Após receber as medições dos módulos via [2] Arduino BR. Arduino Pro-Mini: Conhecendo o
radiofrequência a central (Arduino modelo Econômico. Disponível em: <https://br-
Mega+RaspberryPi), separa os dados e os expõem arduino.org/2015/02/arduino-pro-mini-
em Dashboards, a Figura 19 a seguir apresenta os conhecendo-o-modelo-ec onomico.html>
dados recebidos pela central de dois módulos (Ldr e Acesso em: 04/09/2017
DHT11) plotados ao longo do tempo. [3] Embarcados. Arduino Mega 2560. Disponível
em: <https://www. embarcados.com.br/arduino-
mega-2560/> Acesso em: 04/09/2017.
[4] Raspberry PI Geek. GPIO Pinout Rasp PI 1
Model B & Rasp PI 2 Model B. Disponível em:
<http://www.raspberry-pi-
geek.com/howto/GPIO-Pinout-Rasp-Pi-1-
Model-B-Rasp-Pi-2-Model-B> Acesso em:
04/09/2017
[5] Módulo Relé 5V 4 Canais. Disponível em: <
https://www.filipeflop.com/ produto/modulo-
rele-5v-4-canais/> Acesso em: 05/09/2017
[6] Sensor de Umidade e Temperatura DHT11.
Fonte: <
https://www.filipeflop.com/produto/sensor-de-
umidade-e-temperatura-dht11/>. Acesso em 5
nov 2017.
[7] Monitorando Temperatura e Umidade com o
Sensor DHT11. Fonte: <
https://www.filipeflop.com/blog/monitorando-
temperatura-e-umidade-com-o-sensor-dht11/>.
Acesso em 5 nov 2017.
Figura 19 - Leituras dos módulos plotados pela central ao longo do
[8] Sensor de Luminosidade LDR (Light Dependent
tempo. Resistor) 5mm. Fonte: <
https://www.filipeflop.com/produto/sensor-de-
luminosidade-ldr-5mm/>. Acesso em 5 nov
5 Conclusões 2017.
[9] Módulo Wirelles NRF24L01. Disponível em:
Por meio do sistema concebido até o presente <https://www.filipeflop.com/produto/nrf24l01-
momento é possível afirmar que a aquisição dos

162
wireless-transceiver-24ghz/>. Acesso em:
04/09/2017.
[10] Tutorial: Comunicação Wirelles com Arduino e
módulo NRF24L01. Disponível em:
<https://www.filipeflop.com/blog/arduino-
modulo-nrf24l01-tutorial/>. Acesso em:
04/09/2017.
[11] Módulo NRF24L01, Datasheet. Disponível em:
<http://www.nordicsemi.com/eng/Products/2.4G
Hz-RF/nRF24L01P>. Acesso em: 04/09/2017.
[12] Sensor de gás MQ-3 Álcool. Disponível em:
<https://www.filipeflop.com/produto/sensor-de-
gas-mq-3-alcool/>. Acesso em: 04/09/2017.
[13] Sensor de gás MQ-3 Álcool, Datasheet
Disponível em:
<https://www.pololu.com/file/0J310/MQ3.pdf>.
Acesso em: 04/09/2017.

163
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

PROJETO, CONSTRUÇÃO E CONTROLE DE VELOCIDADE DE UM PUMPJACK

HIAGO C. P. MACIEL, MARCOS U. S. SOUZA, RAFAEL S. C. MAEDA, MARILZA A. LEMOS, MAURÍCIO B. VARGAS

Engenharia de Controle e Automação – Ciência e Tecnologia


Universidade Estadual Paulista, 18087180, Av. 3 de Março, 511, Sorocaba-SP
E-mails: hiago138@hotmail.com, mubiratansouza@gmail.com,rafaelscm@gmail.com

Resumo - O projeto consiste no desenvolvimento de um pumpjack com sua velocidade controlado por PWM. Os métodos envol-
vidos fundamentam-se nos mecanismos 4 barras e na aplicação de critérios mecânicos para obter-se um protótipo com escalas e
funcionamento aplicável. Através dos resultados, notou-se um torque constante garantido pela modulação do sinal e através dos
critérios desenvolveu-se as relações matemáticas necessárias para uma aplicação em escala real.

Palavras-chave Petróleo, Pumpjack, Extração, Bombeio.

 Podem existir falhas mecânicas advin-


1 Introdução das dos atritos das partes metálicas que
estão em constante movimentação.
Um sistema de extração de petróleo pode ser ins-
talado tanto no mar quanto em terra. A Figura 1 ilustra uma unidade de bombeio mecâni-
Usualmente, em terra, essa extração se dá por meio co (UBM).
natural devido a pressão existente no reservatório da
jazida, contudo, a partir de certo momento para que
se possa aproveitar toda a vida útil de um poço se faz
necessário a elevação do hidrocarboneto de uma
forma artificial. Existem vários métodos para a ele-
vação artificial do petróleo tais como: bombeio por
cavidades progressivas (BCP), bombeio centrífugo
submerso (BCS), pluger-lift, bombeio hidráulico a
jato (BHJ), bombeio mecânico entre outros.
(BEZERRA, 2015)
O método de elevação artificial é definido com base
no estudo relacionado à capacidade tanto atual quan-
to futura do reservatório, além disso, consideram-se
também neste estudo as propriedades dos fluidos
contidos na jazida, a geometria e profundidade do
poço, condições de operação, razão entre quantidade
de gás e óleo, segurança e os custos totais da imple-
mentação do método.
Conseguinte a aparição da indústria de petróleo o
bombeio mecânico surge como o principal método de
elevação artificial do hidrocarboneto.
A relação de custo-benefício aliada a simplicidade de Figura 1: Unidade de Bombeio Mecânico.
sua operação além ainda da fácil e barata manutenção
tornou tal método popular. O principal mecanismo da UBM é o Pumpjack, ou
De acordo TAKÁCS (2003), além desses atrativos, também como é denominado bomba de vareta de
existem algumas outras vantagens e também algumas sucção, ou somente bomba de vareta.
desvantagens na aplicação deste método. Como van- A unidade de bombeio é acionada pelo motor que
tagens temos: está conectado ao redutor através de correias e trans-
 Dependendo da condição de sua instalação, forma energia elétrica em energia rotacional. Seus
esse método pode ser utilizado até o final da esforços são minimizados pelos contrapesos fixos
vida útil do poço, evitando assim, desperdí- nas manivelas, sendo também responsáveis pelo
cio monetário; balanceamento da UB. As manivelas, girando a bai-
 Ele trabalha com um sistema de pump-off xas velocidades, transmitem o movimento para a
que permite aplicação de variáveis de con- viga e estão localizadas nos dois lados do contrapeso.
trole. O curso da haste polida é definido pela distância do
Como desvantagens temos: eixo da manivela ao mancal da biela e pode ser mo-
dificado em função da posição da biela (LIMA,
 É necessário um grande espaço para a 2014).
instalação da unidade e bombeio mecâ- A bomba de vareta de sucção (Figura 2), também
nico. denominada pelo termo em inglês pumpjack, é a

164
parte superficial de uma bomba impelente de pistão, 2 Aspectos Teóricos
instalada em um poço de petróleo ou poços artesa-
nais. 2.1 Mecanismos de Quatro Barras
Seu funcionamento consiste basicamente em um
motor que, revolucionando uma manivela por com- Um mecanismo é um conjunto de elementos in-
pleto, transmite esse movimento através de um eixo terligados que possuem movimentos relativos perfei-
acoplador ao eixo seguidor um movimento linear tamente definidos. Por outra ótica, Mabie e Rei-
vertical. nholtz, determinam o mecanismo como sendo a parte
do projeto de uma máquina associada a cinética e
Dessa maneira, através de um sistema de válvulas, a
cinemática de mecanismos articulados, engrenagens
vareta desce uma determinada profundidade enquan-
e cames.
to sua cavidade interna é preenchida pelo fluido, e
A estrutura de quatro barras é comumente empregada
quando ela sobe a válvula é fechada e o petróleo sobe
internamente por um canal até atingir a superfície. em diversos mecanismos devido a sua adaptabilidade
Isso é realizado repetitivamente, por inúmeras rota- para servir a objetivos específicos de movimentação,
tendo então sua simplicidade, porém, preservando a
ções do motor, até que se atinja a quantidade a ser
robustez que exige uma estrutura do tipo.
extraída.
Os modelos característicos de mecanismos de quatro
Para otimizar o funcionamento da bomba de vareta,
barras enquadram-se, por meio do critério de Gras-
busca-se melhorar este controle implementando-se
hof, em manivela-manivela, manivela-balancim,
um circuito que não só controle todos esses parâme-
balancim-balancim e ponto variável e distinguem-se,
tros, mas que também esteja fornecendo visualmente,
através de painéis, dados e valores que sejam monito- além da aplicabilidade, pelo grau de liberdade que
rados para atingir a alta eficiência e possa tomar eles podem possuir.
medidas preventivas com base nesse acompanhamen-
to. 2.2 Critério de Grashof
Este método de bombeamento mecânico apresenta Este critério estabelece que em mecanismos de
um grande desafio relacionado ao torque identificado quatro barras a soma da barra maior com menor não
na saída do redutor que muitas vezes excede o valor pode ser superior a soma das barras intermediárias.
ideal. Por esse motivo, não é difícil se deparar com Desse modo, tem-se algumas possibilidades de estru-
casos nos quais o redutor se danificou gerando um turas que se diferem em acordo a posição da barra
prejuízo de aproximadamente 50% do valor da menor na construção do mecanismo.
UBM. (THOMAS, 2004). No mecanismo manivela-balancim a peça menor
encontra-se adjacente a peça fixa e a sua relação
matemática é definida por:
s+l<p+q (1)
Onde s representa a peça menor; l, a maior; p e q, as
intermediárias.
As peças ou barras são nomeadas como link acopla-
dor, é barra intermediária que liga o link motor ao
link seguidor, sendo o primeiro a barra pela qual a
força é aplicada ao mecanismo e o segundo a última
barra da estrutura.
Figura 2. Pumpjack.
2.3 Critério de Kutzbach-Gruebler
Propõe-se a utilização do microcontrolador para, Grau de liberdade é a quantidade de parâmetros
através de controle PWM, regular a velocidade da independentes que permitem a análise cinemática do
bomba e que com os cálculos necessários pelo proje- mecanismo.
to da máquina sejam convertidas todas as modela- O critério de Kutzbach-Gruebler possibilita, por meio
gens matemáticas que forneçam os insumos concre- de cálculos matemáticos envolvendo a quantidade de
tos para que o motor opere numa velocidade adequa- corpos (B), juntas com um grau de liberdade (J1) e
da. juntas com dois graus de liberdade (J2) de um meca-
Portanto, este trabalho tem por objetivo a construção nismo a determinação do grau de liberdade (N) sis-
de um sistema de extração de petróleo, pumpjack, tema mecânico completo.
fundamentado nas teorias de projetos mecânicos,
corroborado por simulações computacionais e aliado N = 3*(B-1) + 2J1 + J2 (2)
a um controle simples de velocidade de rotação do
motor por meio de um microcontrolador com os 2.4 Síntese Cinemática de Mecanismos
conhecimentos aprendidos em sistemas microproces-
sados, atendendo aos critérios que delimitam o fun- A síntese cinemática é um processo que tem co-
cionamento do mecanismo. mo objetivo determinar as principais dimensões de

165
um mecanismo conhecendo-se a sua finalidade e deslocamento do link seguidor que variava de 40 a
algumas condições do seu movimento. 45 graus.
Ela possui três etapas bem claras sendo elas: defini- Um mecanismo de quatro barras capaz de realizar o
ção do mecanismo, determinação do número de cor- movimento pretendido pode ser construído com uma
pos e juntas e, por último, o dimensionamento dos manivela balancim.
links (WONDRACEK, 1984). Desse modo, definiu-se como critério do projeto a
Há três tipos básicos de síntese cinemática: gerador construção de uma manivela balancim que realize
de função, gerador de trajetória e movimentação de por meio da rotação de uma manivela um desloca-
corpos. Elas se distinguem pelo objetivo a ser de- mento angular de seu link seguidor igual a 42 graus.
sempenhado pelo mecanismo. Na síntese de gerador A partir desses dados podemos por meio do método
de função, aplicada comumente a sistemas manivela- gráfico de duas posições realizar a síntese do meca-
balancim, deseja-se que o corpo se movimente se- nismo.
gundo uma função pré-determinada. O processo de síntese segue as seguintes etapas:
a) Primeira Etapa: O mecanismo selecionado
2.5 PWM foi o Pumpjack, um mecanismo de quatro barras,
Existem basicamente dois recursos eletrônicos manivela balancim, utilizado na extração de petróleo.
para controle de velocidade de motores CC: Variar a Adequa-se a ele a síntese de gerador de função.
tensão aplicada nos seus terminais e aplicar modula- b) Segunda Etapa: O mecanismo possui quatro
ção de pulso denominada por PWM(Pulse Width corpos e quatro juntas de rotação com um grau de
Modulation). liberdade cada. Desse modo, pode-se calcular o grau
Com relação ao primeiro método, ele possui um fator de liberdade do sistema mecânico aplicando o crité-
limitante que é o torque do motor. Quando se aumen- rio de Kutzbach-Gruebler.
ta a tensão a velocidade também é aumentada, entre- Esse dado permite inferir a quantidade de motores
tanto, quando se deseja velocidades baixas e a tensão necessários para controlar o mecanismo com a utili-
é reduzida, reduz-se também a corrente, e, conse- zação da equação (2), nesse caso, apenas um motor é
quentemente, o torque aplicado que está relacionado necessário.
a potência envolvida. N = 3*(B-1) -2*J1-J2
Dessa maneira, o PWM, por trabalhar com modula- N = 3*(4-1) - 2*4
ção de pulso, consegue garantir a aplicação de cor- N=1
rente máxima através da regulagem de pulsos de
tensão. É um recurso eletrônico ideal para motores
que se deseja controlar a sua velocidade sem que este
perca o seu torque.

3 Materiais e Métodos

3.1 Materiais
 Microcontrolador Arduino
 Adams View (Software)
Figura 3: Identificação dos Links e das Juntas no Pumpjack
 Steel Tech
 Motor 12 Vcc c) Terceira Etapa: realizou-se os seguintes
 AutoCad (Software) procedimentos:
 Potenciômetro I) Determinou-se se Q é igual a 1 ou diferente,
 Jumpers por meio da equação abaixo.
 Protoboard
 Fonte 12 Vcc Q = Tempo de avanço/ Tempo de Retorno (3)
 CI L296B
A teoria que explica o funcionamento do pumpjack
3.2. Métodos nos informa que os tempos envolvidos nesta equação
são iguais para um pumpjack real, logo, o Q adotado
Previamente à realização da síntese do meca- para esta síntese foi igual a 1.
nismo, foram realizadas pesquisas para compreender Utilizando-se o AutoCAD, desenvolveram-se os
o funcionamento de um pumpjack real e a composi- procedimentos seguintes.
ção de suas dimensões. II) Desenhou-se as posições O4B2 e O4B1 sepa-
Consultando então dados do Instituto Americano de radas por um ângulo theta, neste caso, igual a 42
Petróleo e alguns modelos de pumpjacks retirou-se graus.
duas medidas principais o comprimento do link se- III) Selecionou-se um ponto O2 sobre a linha
guidor como sendo igual a 0,8 metros e o ângulo de B1B2 estendida.

166
IV) Dividiu-se em duas partes iguais a linha Para a construção do modelo no Software, foi neces-
B1B2 e desenhou-se um círculo com um raio igual a sária a utilização das coordenadas contidas na Tabela
(B1B2/2) no ponto O2. 1. Desta maneira, definiu-se todas as dimensões
V) Identificou-se as duas intersecções do círculo faltantes para a estrutura de quatro barras manivela-
com a linha B1B2 estendida, como A1 e A2. balancim.
VI) Determinou-se a medida O2A referente ao A Tabela 2 exibe as informações referentes aos links
link motor. na simulação 3D.
VII) Determinou-se a medida AB referente ao Tabela 2: Comprimentos das barras de um pumpjack real.
link acoplador.
VIII) Verificou-se se o mecanismo é de fato PARTE COMPRIMENTO UNIDADE
Link Motor 284 mm
Grashof – Manivela – Balancim com a utilização da Link Seguidor 800,98 mm
equação 1. Link Acoplador 980 mm
s+l<p+q Solo 1233,85 mm
284+1233,85<980+800,98
A simulação foi baseada na síntese realizada anteri-
É uma equação verdadeira, constatando-se então ser ormente, as Figuras 5 e 6 ilustram o modelo então
de fato um manivela-balacim em acordo também a criado, mostrando os dois estados das posições que o
posição do menor link. mecanismo poderia assumir.
IX) Confirmou-se o ângulo de transmissão, igual
a 42º.
A Figura 4 abaixo, ilustra a elaboração desse proce-
dimento de síntese realizado no AutoCAD.

Figura 5: Modelo 3D elaborado no Software Adams na posição


descendente.

O ângulo que distingue as duas posições mostradas


nestas duas figura foi encontrado por meio da síntese
com a utilização do método gráfico de duas posições
e é igual a 42 graus.
Figura 4: Síntese pelo método gráfico realizada no software Auto-
CAD.

Dessa forma, encontraram-se os valores das coorde-


nadas dos quatro pontos principais necessários para a
construção do modelo na simulação no ADAMs
como demonstrado pela Tabela 1.
Tabela 1: Valores das coordenadas dos quatro pontos principais do
mecanismo.

PONTOS X Y
O2 0 0
O4 -748 980
Figura 6: Modelo 3D elaborado no Software Adams na posição
A1 0 284,38
ascendente.
B1 0 1265,04

4.2 Análises Gráficas


4 Resultados e Discussões Trabalhando-se na etapa de pós-processamento
utilizando-se ainda do software Adams, geraram-se
4.1 Simulação 3D gráficos importantes para o mecanismo com a finali-
Utilizando-se o software Adams realizou-se a dade de corroborar e compreender o seu funciona-
simulação do Pumpjack e como pós processamento mento (Figuras 8 a 13).
foram realizadas algumas análises do mecanismo.

167
os dois pontos, estabelecendo-se uma par ação reação
da vareta com a cabeça de cavalo.

Figura 7: Gráfico do deslocamento linear da extremidade do link


seguidor (cabeça).

Por meio deste gráfico observa-se uma curva que


representa o movimento linear ascendente e descente Figura 10: Gráfico da magnitude da força na junta Link Seguidor -
da extremidade do link seguidor durante o tempo, Cabeça
analisando-se de maneira separada cada deslocamen-
to nota-se que o tempo gasto para a conclusão de
cada um deles é o mesmo, desse modo, corrobora-se
que o modelo foi elaborado com base no método
gráfico de síntese no qual a relação entre o tempo de
avanço e o tempo de retorno (Q) , dada pela equação
3, é igual a 1.

Figura 11: Gráfico da Magnitude da Força aplicada na juntaBase-


Seguidor

Figura 8: Gráfico do deslocamento linear da extremidade oposta


do link seguidor.

A análise deste gráfico permite compreender o


movimento demonstrado pelas Figuras 5 e 6, eviden-
ciando que o tempo percorrido é o mesmo para cada
parte do movimento realizado (subida ou descida)
constituindo uma curva senoidal de deslocamento no Figura 12: Gráfico da Força em Y aplicada ao eixo do motor.
tempo.
Como o esperado, as forças em Y nos mesmos dois
pontos também são iguais pelos mesmos motivos.

Figura 9: Gráfico da magnitude da força na junta Motor - Acopla-


dor.

Figura 13: Gráfico da Torque na junta rotacional entre o redutor e


Observando-se as Figuras 9 e 10, vê-se que as forças o link acoplador.
em X nos dois pontos mensurados são iguais, isso era
esperado devido a velocidade de rotação do motor Observando-se a Figura 13, nota-se que o torque
ser constante e devido ao link acoplador estar unindo existe e não é constante, isso ocorre devido a resul-
tante das forças nesta junta que quando relacionada a

168
aceleração gravitacional e ao movimento de rotação através de suas engrenagens de 3:1 (as engrenagens
do motor produz essa força associada ao “braço” do menor e maior contam respectivamente com 19 e 57
ponto analisado, e devido ao movimento realizado polias) como mostra a Figura 15. Dessa maneira,
frente aos planos (x,y,z) as curvas e valores obtidos através do sistema de redução, é possível contar com
para análise desta força em cada eixo é distinta. maior precisão na regulagem da velocidade.
Esse é um importante ponto de análise, pois num
sistema real quando o torque excede os limites im-
postos pelos materiais que constituem a construção
do mecanismo o eixo do redutor pode se danificar e
trazer prejuízo a instalação.
Por esse motivo são elaboradas as simulações, pois a
elas são aplicadas as teorias de resistências dos mate-
riais, permitindo a compreensão do comportamento
dinâmico da estrutura e também estático, pois cada
material tem suas propriedades, seus limites em im-
plementações, suas possíveis falhas seja por cisalha-
mento, ou por qualquer outra. Assim, vê-se a impor-
tância de um Software como o Adams que permite Figura 15: Redutor implementado por meio de engrenagens.
toda essa análise, poupando uma enorme quantidade
dinheiro que poderia ser desperdiçada com os erros O dispositivo mecânico conta também com um sis-
não mapeados previamente por um sistema computa- tema de contrapeso acoplado a favor do motor de
cional, sem ainda citar o risco à segurança das pesso- maneira que ele balanceie a cabeça de cavalo que,
as que diariamente estão em contato com sistemas mesmo na estrutura real, tem maior peso e por isso
mecânicos sem muitas vezes nem perceber ou se sua massa é equilibrada.
quer ter a ideia da complexidade que envolve toda a A alimentação do motor, se dá por um circuito que
construção e fabricação do mais simples deles. gera um sinal PWM através de um microcontrolador
Arduino Uno R3. Este foi programado conforme o
4.3 Implementação pseudocódigo abaixo:

definir pino A0 como pinoPotenciometro


Para a implementação mecânica utilizou-se um
definir pino 4 como pinoMotor
conjunto de peças produzidos pela Steel Tech. Este definir pino 3 como pinoVelocidade
jogo consiste em inúmeras peças de metal com hastes atribuir nivel alto para o pinoMotor
de diversos tamanhos e possibilidades de encaixe enquanto verdade:
para que possa se projetar mecanismos simples. Se- valorPotenciometro = ( (valor do pinoPotencio-
guindo a escala proposta pelo projeto montou-se a metro) * 5) / 1024
estrutura abaixo demonstrado pela Figura 14: valorPWM = (valorPotenciometro * 255) / 5
atribuir valorPWM ao pinoVelocidade
fim enquanto

A partir dele, a tensão de entrada regulada pelo po-


tenciômetro era convertida no sinal de pico do pulso,
que através do CI L298B, alimentava o motor ade-
quadamente com seus pulsos quando lhe era ativado.
Como o sistema demanda de torque para a realização
do trabalho com uma carga considerável, era espera-
do que fosse necessário um CI que trabalhasse com
correntes superiores a 500 mA, e dessa maneira,
fosse suficiente para alimentar a elevada corrente
drenada pelo motor.
Por fim, a alimentação geral do circuito se dá através
Figura 14: Implementação do Pumpjack fundamentado nos estu-
dos deste artigo. de duas fontes de tensões contínuas: uma de 5 V que
alimenta o potenciômetro e o CI, e outra de 12 V que
As dimensões foram escaláveis em aproximadamente também alimenta o CI e o motor indiretamente. As
dez vezes de um tamanho real de um pumpjack pe- fontes devem possuir capacidade para trabalhar com
queno. Nesta implementação prezou-se por construir mais de 1 A de corrente.
um mecanismo que atendesse ao critério inicial do Posteriormente a finalização da construção da estru-
projeto que consistia na construção de uma manivela tura foram realizados alguns testes de velocidade do
balancim que realizasse por meio da rotação de uma deslocamento da “cabeça” do pumpjack mensurando-
manivela um deslocamento angular de seu link se- se, com um cronômetro, o tempo levado para realizar
guidor igual a 42 graus. o movimento completo em três estados diferentes,
O motor utilizado é um motor CC de 12 V, 12500 um bem vagaroso, outro numa velocidade média e na
rpm, e junto dele utilizou-se um sistema de redução

169
máxima velocidade. Desse modo obtivemos os dados
apresentados na Tabela 3.
Tabela 3: Tempo máximo, médio e mínimo levados para o
pumpjack completar o movimento.

MÍNIMO MÉDIO MÁXIMO


0,18 s 0,35 s 1,02 s
0,20 s 0,27 s 1,00 s
0,19 s 0,32 s 1,01 s
0,21 s 0,30 s 1,02 s
0,18 s 0,35 s 1,02 s
0,16 s 0,35 s 1,02 s Figura 18: Forma de onda da tensão no osciloscópio com a estrutu-
ra conectada.
0,18 s 0,35 s 1,01 s
0,19 s 0,34 s 1,00 s Quando conectamos a estrutura, o pumpjack, e afe-
0,18 s 0,33 s 1,02 s
rimos novamente a tensão, nota-se que ela possui um
0,17 s 0,33 s 1,02 s
valor de pico maior que o observado nas figuras
anteriores, isso advém principalmente da necessidade
Sabendo-se que o deslocamento linear que a extre-
da estrutura entrar no seu regime permanente de
midade do pumpjack realiza é de 0,0716 m, temos
funcionamento, vencendo a primeiro ciclo de rota-
então que ele se movimenta com uma velocidade
ção. Além disso, aferiram-se as correntes mínima e
mínima de 0,070 m/s, média de 0,204 m/s e máxima
máxima drenadas pelo motor em seu funcionamento,
de 0,398 m/s.
tendo a primeira um valor igual a 0,8 A; e a segunda,
Também, com o auxílio de um osciloscópio, aferi-
2,38 A. A partir do primeiro valor já se torna possí-
mos a tensão, controlada por meio do Duty Cycle,
vel a modulação do pulso e controle da velocidade do
numa velocidade mínima, média e máxima do
motor.
pumpjack.
Por fim, realizamos a aferição do deslocamento line-
ar do pumpjack em função do tempo e obtivemos a
tabela abaixo.
Tabela 4: Valores do deslocamento linear do pumpjack em função
do tempo.
Tempo (s) Deslocamento (cm)
0 0
0,02 0,6
0,04 2
0,06 4,1
Figura 16: Forma de onda da tensão no osciloscópio com a veloci- 0,08 7
dade mínima.
0,1 6,9
O motor exige um duty cycle mínimo para começar a 0,12 6
rotacionar, isto significa que embora o pulso da ten-
são permita a drenagem da corrente máxima, o inter- 0,14 5
valo de tempo é muito baixo e insuficiente para que o 0,16 2,9
motor com a carga estrutural comece a funcionar.
0,18 1
0,2 0

A partir dos dados da Tabela 4 gerou-se o gráfico


mostrado na Figura 19.

Figura 17: Forma de onda da tensão no osciloscópio com a veloci-


dade máxima.

Observa-se que a tensão fornecida ao motor na velo-


cidade máxima possui um duty cycle integral, forne-
cendo ao motor toda corrente possível. Figura 19: Gráfico do deslocamento linear real do pumpjack em
função do tempo.

170
Nota-se que o gráfico da Figura 19 tem forma similar técnicos dos laboratórios pela tamanha disposição e
ao da Figura 7, corroborando-se assim o que era ajuda no que fosse necessário.
esperado da movimentação do sistema.
Referências Bibliográficas
5 Conclusão
AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE. API
Este trabalho foi realizado com a intenção de SPEC 11E: Specification for Pumping Units
aplicar uma interdisciplinaridade, utilizando conhe- Recommended. 18 ed. Washington, Estados
cimentos diversos do curso de Engenharia de Contro- Unidos: API Publishing Services, 2008.
le e Automação para elaborar um mecanismo que BEZERRA, Ana Rafaelly Amaral. Protótipo de uma
correspondesse aos estudos em sala. unidade de bombeio mecânico. Trabalho de
Conclusão de Curso – Curso de Engenharia do
Pudemos assim corroborar as teorias de síntese
Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande
de mecanismos, modelar o sistema e também imple-
do Norte, Natal, 2015.
mentá-lo por meio da criação de um protótipo esca-
LIMA, Fábio Soares de. Detecção e Classificação de
lável.
Modos de Operação do Bombeio Mecânico Via
As principais dificuldades que se apresentaram, con-
Cartas Dinamométricas. 141 f. Tese (Doutorado)
sistiram na localização de informações referentes ao
- Curso de Pós Graduação em Engenharia
mecanismo de pumpjack real.
Elétrica e de Computação, Universidade Federal
O protótipo criado, embora atendesse aos critérios do
do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.
projeto, em termos da dimensão dos links na estrutu-
TAKÁCS, Gabor. Sucker-Rod Pumping Manual.
ra apresentou uma divergência de aproximadamente
Tulsa, Oklahoma, Estados Unidos: Pennwell
2%, todavia, isso advém da limitação das peças que
Corporation, 2003.
foram utilizadas em sua construção que foram adap-
THOMAS, José Eduardo, Fundamentos da Engeharia
tadas de outras finalidades construtivas, todavia ele
do Petróleo, Ed. 2004.
funcionou como era o esperado.
WONDRACEK, Udo, Síntese analítica de
Um outro grande desafio na própria construção do
mecanismos articulados de quatro barras
protótipo foi encontrar o ponto de equilíbrio entre os
utilizando 4PFS incluindo a solão dos problemas
links, demandando vários testes para que então se
da inversão geométrica e da orde, Dissertação
obtivesse o desejado. Ainda no protótipo, uma outra
(Pós-Graduação), Universidade Federal de Santa
adversidade encontrada foi referente a manutenção
Catarina, Florianópolis, 1984.
do funcionamento do motor, pois a partir do início de
sua rotação este drenava uma corrente superior a
corrente fornecida pelo circuito integrado, deste
modo o sistema de controle da velocidade por PWM
não estava se mostrando eficiente. A partir disso, foi
necessário encontrar um CI com especificações ade-
quadas que permitissem prover ao motor a quantida-
de de corrente necessária para seu funcionamento, só
então, posterior a isso, teve-se êxito na aplicação do
PWM, mantendo então o torque constante devido a
corrente e a potência relacionadas ao motor.
Como melhoria para o mecanismo, sugere-se uma
atenção maior quanto a vibração causada pela velo-
cidade angular não constante do motor.
Por fim, para estudos de projetos futuros, uma grande
oportunidade é de se trabalhar melhor com o controle
e monitoramento de alguns parâmetros do sistema,
tal como o torque.
Este projeto foi muito importante para a fixação dos
conhecimentos teóricos e para agirmos como enge-
nheiros procurando solucionar o critério do projeto
de uma forma inteligente, prática e qualitativa.

Agradecimentos

Agradecemos ao professor Maurício B. Vargas e


professora Marilza A. Lemos por toda atenção e
disposição para o esclarecimento das dúvidas refe-
rentes ao projeto. A Unesp pela oportunidade, e aos

171
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

PROJETO DO MECANISMO SPORT THUNDER’S FLAP

GABRIEL V. DOMINGUEZ, RAFAEL M. PACINI BACHIEGA, TIAGO C. MANGIALARDO,


MARILZA A. LEMOS, MAURÍCIO BECERRA-VARGAS

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba - ICTS/UNESP


Avenida Três de Março, 511 - Alto da Boa Vista – Sorocaba / SP - CEP 18087-180

E-mail: gabrielviotto.d@gmail.com, rafaelmpb11@hotmail.com,


tiago.gandalf@gmail.com

Resumo  O seguinte artigo tem como foco o estudo sobre os flaps de aviões, especificamente o Sport Thunder’s flap. Para tanto, será
levado em consideração sua posição inicial, e diferentes posicionamentos destinados para manobras de vôo, decolagem e pouso, e também
sua posição final. Além disso, serão analisadas as juntas e links que compõem este mecanismo, os graus de liberdade, e o sistema de controle
do servo motor acoplado na junta rotacional presente no link motor, fazendo-se uso da síntese gráfica e do critério de Grashof. As análises do
mecanismo e simulações foram realizadas com auxílio dos softwares SolidWorks e Adams View. Construiu-se o protótipo feito em uma
impressora 3D, onde utilizou-se um Arduino Uno para o controle do sistema, programando-o para que as posições do flap fossem apresentadas
em um LCD e modificadas através de um joystick.

Palavras-chave  Sport Thunder’s Flap, vôo, decolagem, pouso, critério de Grashof, Adams

1 Introdução que em conjunto com os slats têm a função de aumen-


tar a sustentação da aeronave no ar, no entanto traba-
Segundo a terceira lei de Newton, “toda ação lham de formas diferenciadas.
corresponde uma reação igual e contrária, ou seja, as Um flap de avião consiste numa parte móvel evi-
ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são dente externamente no mesmo, presente em todos avi-
sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos”. No ões, principalmente nos comerciais.
âmbito da aviação temos então que uma aeronave ao
se deslocar em movimento horizontal, passando pelo
ar que o envolve, alterando seu momento linear, e de-
vido a inclinação da asa uma força tende a manter a
trajetória do ar, e como a asa altera sua direção ela so-
fre uma força contraria que o impulsiona para cima
gerando então a sustentação. A figura a seguir repre-
senta essas forças.

Figura 1 Princípio da sustentação e as forças que atuam na asa de


um avião [4]

O perfil da asa pode formar um ângulo com


a direção horizontal, que vem a ser o ângulo de ataque,
que pode aumentar a força de sustentação e ao mesmo Figura 2 Asa Slats e Flaps[1]
tempo, aumentar a força de resistência do ar, fazendo
com que o avião tenha menor velocidade. Essas carac- Tripulantes de uma aeronave cujo assento está
terísticas têm relação com os flaps, ou seja, para uma posicionado atrás das asas da aeronave conseguem
determinada situação varia-se o ângulo de ataque da sentir fisicamente seus efeitos durante um percurso.
asa, quando se deseja aproximar, realizar o pouso au- São considerados superfícies hipersustentadoras, pois
menta-se o ângulo, aumentando consequentemente a funcionam como se fossem uma continuação das asas,
resistência do ar, na mesma proporção, diminuindo proporcionando mais estabilidade, sustentando me-
sua velocidade. Para auxiliar nessa mudança de gruas lhor a aeronave, inclusive em velocidades mais baixas.
de ataque existem os flaps. Estes vêm a ser um dispo- É um item essencial durante os pousos e decolagens.
sitivo posicionado na parte traseira da asa dos aviões Durante a decolagem eles são parcialmente abertos,

172
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

aumentando a área da asa e a capacidade de sustenta-


ção, para que o avião deixe o solo em segurança, já
que sua velocidade nesse momento não é tão alta. Já
no pouso ele funciona como um freio aerodinâmico
pois o avião está em alta velocidade e precisa reduzi-
la, ocorrendo uma desaceleração no mesmo, por isso
os flaps são estendidos ao máximo ou quase ao má-
Figura 3 Flap na posição 1 [9]
ximo, momento que mais se precisa da atuação [21].
Ambas posições dependem da sua posição de aber-
tura, cujo ângulo colocado pelo condutor determina Na posição da figura 4, o flap aumenta a superfí-
isso. Neste trabalho é descrita o projeto, simulação e cie da asa, aumentando a sustentação em menor velo-
construção de um protótipo fundamentado no meca- cidade, o que é necessário para decolagem, a angula-
nismo sport Thunder's Flap. ção do flap nessa situação é de 15º.

2 Fundamentos Teóricos

2.1 Síntese de Mecanismos

Na síntese de mecanismos procura-se projetar ou


criar mecanismos cujos movimentos terão as caracte-
rísticas esperadas do projeto em questão. Figura 4 Flap posição de decolagem [9]
Nela são envolvidos três processos:
 Primeiro define-se o tipo de mecanismo que vai As duas figuras 5 e 6 representam duas posições
ser utilizado assim como suas juntas que serão do freio aerodinâmico, no qual o flap é acionado au-
empregadas no processo, onde são envolvidos os mentando a curvatura da asa. Para diminuir a veloci-
processos de fabricação, materiais e custos, es- dade do avião e desta forma poder realizar as mano-
paço disponível, confiabilidade e segurança. bras de aproximação e pouso. Para realização da ma-
 Posteriormente determina-se o número de corpos nobra, o flap possui ângulo de 25º [7] [8].
(“links”) e juntas que são necessárias, fazendo-
se uso das equações de graus de liberdade, como
o critério de mobilidade de Kutzbach.
 Por fim, faz-se o dimensionamento dos corpos
(“links”) que elaboram o mecanismo, tendo em
vista a função do movimento que se quer, utili-
zando-se de algum método matemático que con-
seguirá descrever tal funcionamento [10].

2.1.1 Graus de liberdade


Pode-se definir graus de liberdade como Figura 5 Flap na posição 3 [9]
sendo o número de parâmetros independentes que são
necessários para definir a posição e orientação de um
corpo no espaço a qualquer instante.
Normalmente quando não se tem informação
suficiente é necessário contar o número de links,
juntas (além de saber o tipo delas) e utilizar uma
fórmula para achar o número de graus de liber-
dade.

2.2 Sport Thunder’s flap

Conforme mencionado na introdução, um flap


de avião consiste numa parte móvel evidente externa- Figura 6 Flap em posição final [9]
mente, presente em todos os aviões comerciais tendo
como principal finalidade participar da frenagem do
avião. Para o cálculo do grau de liberdade de um flap,
A figura 3 representa a posição inicial do flap si- pode ser aplicado método de mobilidade Kutzbach-
tuação na qual o avião está em vôo de cruzeiro, os Chebychev-Grüber:
flaps ficam recolhidos na asa, possuindo, portanto 0º,
pois a alta velocidade da aeronave produz o efeito de 𝑁 = 3(𝐵 − 1) − 2(𝐽1) − 𝐽2
sustentação.

173
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

B = número de corpos incluindo o solo. dologia original baseia-se no conhecimento do tama-


J1 = números de juntas com 1 grau de liberdade. nho do link motor e para o caso deste trabalho, sabe-
J2 = número de juntas com 2 graus de liberdade. se a priori o tamanho do seguidor e deseja-se o tama-
nho do link 1. Sendo assim a metodologia foi inver-
𝑁 = 3(4 – 1) – 2(4) – 0𝑁 = 1 tida. Outro ponto a ser considerado é que na metodo-
logia o resultado normal seria com ambos os balancins
Portanto, o mecanismo tem 1 grau de liberdade, o que voltados para cima, enquanto que para este trabalho
significa que é necessário de apenas um motor para deseja-se que estejam opostos um do outro. Para isso,
controlar o mecanismo. o giro das linhas O2O4 e O2B2 devem ser no sentido
horário, e não anti-horário.
A partir de uma entrada é possível calcular a sa-
3 Materiais e Métodos ída esperada, no caso o alvo da analise serão os ângu-
los. Ou seja, por meio dos ângulos que serão operados
3.1 Materiais no sistema, foi possível determinar o tamanho das
quatro barras. Para determinação dos tamanhos a par-
tir dos ângulos de funcionamento, a sequencia de pas-
 Placa Arduino Un
sos a seguir foi utilizada como gerador de funções. Os
 Servo motor Futaba S3003- esse modelo de ser- passos a partir do item C (girar a linha O2O4 e O2B2)
vomotor tem aplicação em modelos robóticos e devem ser feitos no sentido horário com o intuito do
de aeromodelismo. Aceita rotações de até 180 link seguidor (link 3 figura 7) ficar para baixo. Se-
graus, com torque variável de até 4,2 quilogra- guem os passos de A a G:
mas centímetros, na tensão máxima de 6 volts A. Desenhar as posições do link 3(link seguidor)
[18].
B. Escolher o ponto O2 (figura 10)
 Display LCD
C. Girar a linha O2O4 em um ângulo φ12 = 80º, que
 Joystick
será representado na figura 9, para identificar o
 SolidWorks - software tipo CAD que permite re-
alizar desenhos, implementação de designs, pro- ponto O2’
totipagem virtual, disponibilizando dados pron- D. Girar a linha O2B2 por um ângulo de φ12 = 80º e
tos para a fabricação de um produto ou peça. com isso identificar o ponto B2’
 Adams (Automated Dynamic Analysis of Mecha- E. Desenhar os círculos com os raios, que será o ta-
nical Systems) - software de simulação dinâmica, manho do link acoplador, nos pontos B2’ e B1 e
possue as linguagens Fortran e C++ como solu- identificar a interseção dos círculos no ponto A1
cionadores numéricos. Possui como objetivo a F. Obter o comprimento do link seguidor = O2A1
redução do tempo de venda de produtos e custos
G. Verificar o ângulo de transmissão
com desenvolvimento.
Além do método supracitado para determinação
3.2 Métodos das dimensões das partes do mecanismo, foi utilizado
outro método de síntese para complementar e obter as
3.2.1 Síntese do Mecanismo dimensões corretas, bem como o posicionamento ini-
cial, final e o movimento do mecanismo: o método de
O mecanismo alvo é do tipo balancim – balancim síntese de mecanismo Grashof – manivela – balancim,
(figura 7), com isso o tipo de síntese utilizada será a por movimentação de corpos. Neste método temos um
movimentação de corpos com corpo no seguidor junto corpo fixo no link seguidor.
com o gerador de função com método gráfico de duas O critério do projeto segue da seguinte forma:
posições. como dado de entrada tem-se a posição do link CD na
posição C1D1 e na posição C2D2. A partir disso é
possível calcular os comprimentos. A figura 8 apre-
senta uma imagem ilustrativa do sistema.

Figura 7 Esquemático de um sistema Balancim Balancim [17]


Figura 8 - Esquemático de um sistema Manivela - balamcim [17]

Para balancim-balancim, nota-se que, a metodo-


logia utilizada para este caso foi alterada, pois a meto-

174
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

Os passos para se obter o link seguidor foram:

I. Desenhou-se o Link CD nas posições desejadas.


II. Desenhou-se as linhas de construção C1C2 e
D1D2
III. Dividiu-se em duas partes iguais as linhas C1C2
e D1D2 com objetivo de identificar os pontos
medios C3 e D3.
IV. Desenhou-se uma linha que passa por C3, per-
pendicularmente a C1C2 e outra linha que passa
por D3 perpendicular a D1D2 e assim identificou
o ponto de interseção dessas linhas como O4
V. Um arco foi desenhado em torno do ponto 04
para identificar as interseções com as linhas O4
e identificar as interseções com as linhas O4C1 e Figura 10 Definição do tamanho do link motor.
O4C2 como B1 e B2

Sintetizou-se o mecanismo a partir das posições Por meio das análises e dimensões definidas até
O4B1 e O4B2 usando a síntese de gerador de fun- o momento e seguindo a informação angular para as
ções, o método gráfico de duas posições para o ba- diversas situações do mecanismo, foi possível deter-
lancim-balancim (método explicado de A à H). A se- minar a angulação de cada parte do sistema, ou seja,
guir é apresentada a figura 9 representando os pro- movimentando o link motor em 80º, o link seguidor
cedimentos supracitados para obtenção das dimen- irá rotacionar em 25º. Um gráfico mostrando essa re-
sões e ângulos de operações, tal etapa foi realizada lação foi apresentado na figura 11, e tal resultado foi
utilizando o software Solidworks. obtido por meio de simulações no ambiente Adams
View.

Figura 11 Flap modelado sem as juntas no software Adams View

A seguir são apresentadas imagens referentes à


modelagem do mecanismo no software Adams View,
Figura 9 Definição do tamanho do link seguidor. seguindo os parâmetros da tabela 1 para as dimensões
dos links. Quanto às massas de cada peça, foi utilizado
Para determinação do tamanho do link seguidor, foi um recurso que o próprio software determina através
necessário realizar uma mudança no método de síntese da densidade do material utilizado. No caso deste pro-
do mecanismo, essa mudança é o passo C, acima. tótipo foi utilizado um plástico para impressão 3D
Seguindo a metodologia listada a cima, a figura com 1,04 g/cm³. A figura 12 contém o modelo com-
10 representa os círculos que foram desenhados e os pleto do flap com dimensões, massas de cada parte que
pontos determinados para obtenção da dimensão do compõe o mecanismo e as juntas que devem estar pre-
acoplador e do link motor. A dimensão do balancim sentes no mecanismo real.
do motor é determinada a partir da linha O2A1. Os
círculos possuem raio igual à dimensão do link aco-
plador. Também foi possível determinar o tamanho do
ground. Na tabela 1 a seguir são apresentadas as di-
mensões dos links.

Tabela 1 – Dimensões dos links

Link Dimensão
Motor 15,86 mm
Acoplador 75 mm
Seguidor 48 mm
Ground 115 mm
Figura 12 Flap modelado

175
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A figura 13 apresenta o modelo e o mecanismo Para implementar o controle do mecanismo foi


com seus elementos juntas e links. Os números de 1 a utilizada a placa Arduino. O controle foi baseado nos
3 em azuis são os links, e as juntas estão numeradas aspectos operacionais de um piloto atuando sobre o
de 1 a 4 em vermelho. Todas as juntas do sistema são flap. O diagrama de blocos da figura 14 descreve a
juntas de rotação com 1 grau de liberdade. relação de interação do piloto ou usuário com o
ambiente projetado abordando todas as situações
possíveis de um flap de avião: por meio da
movimentação do joystick, o usuário fornece uma
informação de quanto será o movimento e o arduino
fará a conversão desse dado para o ângulo desejado do
movimento e envia-o por meio das portas analógicas
para que o servo motor possa realizar este movimento
seguindo todos os parâmetros previamente calculados
por meio das análises gráficas, que farão com que o
flap se movimente. Isto envolve o funcionamento do
mecanismo, o controle do motor e a transferência de
dados para o ambiente externo, apresentado no
Figura 13 Flaps com juntas e links display. O pseudocódigo correspondente é
apresentado na figura 15.

Figura 14 Diagrama de blocos do sistema proposto

176
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
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Figura 15 Pseudocódigo implementado na placa arduino

3 Resultados e Discussões
3.2.2 Implementação Prática
Ao simular o modelo da figura 12 é possível ana-
Para a implementação prática, foi desenhado o modelo lisar a ação das juntas e o que essas implicam no me-
no SolidWorks, exportado para um formato .stl, que é canismo. Portanto é possível determinar graficamente
o suportado e requerido pela impressora 3D. Impri-
a posição inicial e final dos links, os ângulos de rota-
miu-se não só o modelo em si, como também uma
ção e também as forças sobre as juntas. Isto realizado,
caixa, demonstrada na figura 16. a figura 17 apresenta o posicionamento do ângulo do
O programa de controle foi inserido no Arduino, flap em relação ao ângulo do motor; a figura 18 o re-
dotado de display LCD e servomotor. Um joystick co- sultado do calculo do ângulo de transferência do me-
nectado ao Arduino foi utilizado para alterar as posi- canismo. Segundo [17], esse ângulo de transmissão
ções do flap, onde deve-se movê-lo apenas no sentido deve ser maior que 50º com o objetivo de diminuir o
de seu eixo x, para a direita aumentando a angulação torque do motor e transmitir, de forma mais eficiente,
do flap e para a esquerda diminuindo-a. Por fim, um o torque para o link seguidor.
LCD apresenta o estado do avião e posição do flap.
 Voo flap 0 graus
 Decolagem flap 15 graus
 Pouso flap 25 graus
O projeto finalizado é apresentado na figura 16

Figura 17 Ângulo do flap x ângulo motor

Figura 16 Finalização do protótipo do flap de um avião


Figura 18 Ângulo de transmissão do mecanismo

177
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O torque do motor também foi medido e é apre-


sentado na figura 19, em relação ao eixo x e na figura
20, em relação ao eixo y. O torque resultante do motor
é apresentado na figura 21.

Figura 23 Forças sobre a junta entre balancim e o acoplador em x e


y

Figura 19 Gráfico do torque do motor no eixo x

Figura 24 Forças sobre a junta entre o acoplador e o flap nos eixos


xey

4 Conclusão

Neste trabalho um modelo de flap foi projetado,


Figura 20 Torque do motor no eixo y construído, simulado e obtidos uma serie de parâme-
tros necessários à sua construção física e controle. A
síntese do mecanismo foi realizada pela metodologia
de métodos gráficos. O dispositivo foi então constru-
ído e os resultados mostraram o que torque e ângulos
corresponderam aos obtidos no modelo. Portanto este
flap de avião poderia ser utilizado na vida real, se não
fosse pelo seu tamanho, por se tratar de um protótipo.

Referências
Figura 21 Torque resultante do motor
[1] Flaps, Slats: Partes móveis na asa do avião. Disponível em:
<http://www.avioesemusicas.com/flaps-slats-partes-moveis-na-
asa-do-aviao.html> Acesso em: 20/09/2017.
Pela analise do gráfico apresentado na figura 21
foi possível determinar o torque máximo do motor no [2] THE DRIVELINE ANALYSIS OF HYPER SUSTENTATION
mecanismo sendo aproximadamente 2,63 Newtons DEVICES. Disponível em: <http://www.afahc.ro/ro/afa-
metro, e é atingido próximo do ângulo de 37º do servo ses/2014/forte/luculescu.pdf> Acesso em: 20/09/2017.
motor. Isso é possível já que o torque fornecido pelo [3] PROJETO AERODINÂMICO DE UM AVIÃO DE
servo motor Futaba S3003 suporta esse valor (conse- TREINAMENTO PRIMÁRIO E ACROBÁTICO. Disponível em:
gue suportar até 4,2 quilogramas centímetros). <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/mono-
Os gráficos que são apresentados a seguir (figu- poli10008635.pdf> Acesso em: 20/09/2017.
ras 22, 23 e 24) relacionam as forças sobre as juntas [4] Asa. Disponível em: <https://fatecid.files.word-
em função do tempo, forças em Newton e tempo em press.com/2013/04/asa.png> Acesso em: 20/09/2017.
segundos.
[5] Uso do flap. Disponível em:
<http://www.aerovirtual.org/forum/index.php?showtopic=39
279> Acesso em: 20/09/2017.

[6] Do pilots use flaps during take-off. Disponível em:


<https://www.quora.com/Do-pilots-use-flaps-during-take-
off> Acesso em: 20/09/2017.

[7] TEORIA DE VOO DE AVIÃO PARA PILOTOS. Disponível


em:
<http://forums.com.br/aeronautas/images/stories/boletins/teo
ria_voo_aviao_para_pilotos_roteiro_estudos.pdf> Acesso
em: 20/09/2017.
Figura 22 Forças sobre a junta entre o flap e o ground nos eixos
xey

178
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

[8] A Study of Flap Management, an Analysis of the


Consequences of Flap Management, and a Search for Possible
Causes. Disponível em:
<http://commons.erau.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1026
&context=jaaer> Acesso em: 20/09/2017.

[9] Sport Thunder’s Flap Kinematic. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=Mx4CIonp88o>
Acesso em: 20/09/2017.

[10] Síntese de Mecanismos. Disponível em:


<http://www.mecatronica.eesc.usp.br/wiki/upload/d/d6/Aula
_11_SEM0104.pdf> Acesso em: 20/09/2017.

[11] Atmel. Disponível em: <http://www.atmel.com/images/Atmel-


8271-8-bit-AVR-Microcontroller-ATmega48A-48PA-88A-
88PA-168A-168PA-328-328P_datasheet_Complete.pdf>
Acesso em: 20/09/2017.

[12] ARDUINO UNO REV3. Disponível em:


<https://store.arduino.cc/arduino-uno-rev3> Acesso em:
20/09/2017.

[17] NORTON, R, L. Desing of Machinery: An introduction to the


Synthesis and Analysis of Mechanisms and Machines. 5 ed.

[18] USINA INFO. Disponível em:


<https://www.usinainfo.com.br/arduino-e-
eletroeletronica/servo-motor-de-posicao-180-42kgcm-tipo-
futaba-s3003-2577.html> Acesso em: 20/09/2017.

[19] MSC SOFTWARE®. ADAMS. Disponível em:


<http://www.mscsoftware.com/product/adams> Acesso em:
20/09/2017.

[21] PARA QUE SERVEM OS FLAPS NO AVIÃO. Disponível


em: <https://airway.uol.com.br/para-que-servem-os-flaps-no-
aviao/> Acesso em: 20/09/2017.

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III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

SISTEMA DE CONTROLE DE CONSUMO DE ÁGUA

CLAYTON A. MARCELINO, PRISCILA M. O. MARCELINO, JEFFERSON A. DIAS¹

¹UNESP – Universidade Estadual Paulista - Instituto de Ciência e Tecnologia – Campus Sorocaba – SP


Avenida Três de Março, 511, Alto da Boa Vista, CEP: 18.087-180, Sorocaba – SP

E-mails: claytonmarcelino1@hotmail.com,pri.tao@hotmail.com,
jeffdias2000@yahoo.com.br

Resumo - O presente artigo apresenta os conteúdos teóricos e a descrição do desenvolvimento de um protótipo de hidrômetro di-
gital para obter o controle de consumo de água residencial e exibição dos dados através de App Android. O sistema é composto
de um equipamento integrado por microcontrolador, Shields e sensor de vazão que deve ser acoplado à entrada de água que se
deseja monitorar.

Palavras-chave - Hidrômetro digital, Consumo de água inteligente, Automação residencial; Shields, App Android.

1 Introdução
Objetivo Geral
Devido à correria do dia a dia, sentimos a neces-
sidade de saber tudo o que está acontecendo ao nosso  Medir o consumo de água, transmitindo os
redor, inclusive os gastos e orçamentos do dia a dia dados obtidos via Bluetooth para um aplica-
de forma rápida e prática. Com o desenvolvimento tivo com SO Android a fim de obter o con-
desenfreado da tecnologia, através de celulares, ta- trole detalhado de gastos.
blets ou computadores, é possível obter informações
bancárias, faturas e muito mais. Mas ao se deparar Objetivos Específicos
com essas tecnologias, somos impulsionados a saber
como está a conta de água, pois todo mês é uma  Confeccionar uma placa de circuito impres-
surpresa e não é possível saber o real gasto a qual- so com microcontrolador modelo ATmega
quer momento. 328pu para integração de módulo Bluetooth
Através deste problema onde o consumidor não pode modelo HC-05, uma fonte de transformação
ter acesso a sua conta, surge a ideia de desenvolver de 12 V para 5 V para a ligação do micro-
um equipamento de baixo custo e compacto, de fácil controlador e os demais dispositivos cuja
instalação e acessibilidade, possibilitando assim uma tensão é de 5 V, e sensor de fluxo modelo
melhor visualização de sua conta a qualquer momen- YF-S201.
to através do smartphone.  Elaborar o código fonte em linguagem para
O processo de medição constitui-se de um sensor de o microcontrolador ATmega 328p que utili-
fluxo, um microcontrolador e um módulo de comu- za a plataforma do Arduino para tratar as in-
nicação via Bluetooth modelo HC-05, que transmitirá formações coletadas e enviar ao aplicativo
as informações para um aplicativo com Sistema Ope- Android.
racional (SO) Android a fim de exibir as informações  Aperfeiçoar apresentação do aplicativo para
e cálculos dos gastos instantaneamente. a transparência do consumo quanto à visua-
lização pelo consumidor e/ou usuário.
 Desenvolver um aplicativo de acesso e con-
1.1 Problema de Pesquisa
trole aos dados coletados.
É possível desenvolver um sistema de monito-
ramento em tempo real, do consumo de água de uma
residência para verificação dos valores a serem pagos 2 Justificativa
e/ou cobrados?
Com a necessidade de um terreno contendo duas
residências e apenas um único hidrômetro, precisa-se
1.2 Objetivos do Trabalho saber quanto cada casa consome de água, para não ter
Os objetivos deste trabalho foram classificados uma divisão da conta injusta entre os moradores. A
de forma geral e específica, como apresentado a partir deste problema foi elaborado um protótipo a
seguir. fim de obter corretamente esses dados.
Dentre os gastos quanto à solicitação de uma nova
instalação de outro hidrômetro, atualmente temos:
ligação de água com caixa padrão ¾, cujo valor é de
R$ 391,82, fora a mão de obra e taxa de administra-

180
tiva no valor de R$ 15,74. Sendo assim, para a pes-
soa solicitar mais um hidrômetro, isto acarretará em
um alto custo, além de taxas que são cobradas na
conta de água e de não possibilitar o acesso ao valor
a qualquer momento do dia (águas de Votorantim). A
partir destes critérios, será desenvolvido um sistema
de controle de consumo de água com um protótipo
para suprir essas dificuldades encontradas no dia a
dia. Figura 2-Funcionamento de um sensor de fluxo. Fonte: Mucevski
(2014).

3 Metodologia
1. Caixa do sensor
A metodologia adotada é a pesquisa experimen- 2. Fios de saída (+ VCC, -VCC e Sinal)
tal, pois testes do produto terão de ser feitos para 3. Eletrônica integrada
melhor desempenho, custo-benefício e calibração
4. Ímã permanente
para obter resultados desejados. Será abordado o
estudo de confecção de placa de circuito impresso, 5. Dispositivo de efeito Hall
cálculos de volume para saber se o que se está me- 6. Roda de disparo
dindo está correto em relação ao que está sendo apre- G. Entreferro
sentado, verificação dos valores cobrados pela con-
cessionária, cálculos de tributos, verificação da lin-
guagem de programação que será enviada ao micro- 3.3 Comunicação
controlador e também, o desenvolvimento do aplica-
tivo. Sendo assim, todos estes processos foram elabo- Através do dispositivo Bluetooth é possível fazer
rados, testados e apresentados de forma inicialmente uma comunicação do sinal via rádio com uma fre-
experimental. quência de 2,4 GHz e 2,48 GHz sendo que se usa
uma banda ISM (Industrial, Scientific & Medical),
podendo ter alcance entre 1 metro e 100 metros, onde
3.1 Microcontrolador se comunica em modo mestre-escravo.
Para visualização na Interface Humano Máquina
O microcontrolador pode atender às necessida- (IHM) da transmissão de dados, foi utilizado o apli-
des desde uma automação residencial ou industrial, cativo Android, feito através da plataforma MIT
até mesmo para controle de uma máquina de grande disponibilizada online.
porte ou até mesmo um pequeno eletroeletrônico
sendo utilizado para várias finalidades conforme a
necessidade específica. Sendo assim, neste século, 4 Projeto
quase tudo o que vemos de eletroeletrônico, normal-
mente usa um microcontrolador. O projeto de Sistema de Controle de Consumo
de Água tem a finalidade de medir a vazão, precisa-
3.2 Sensor de efeito Hall mente o consumo de água e, através de um sensor de
vazão que está conectado ao microcontrolador
Sensor de efeito hall teve o seu primeiro estudo ATmega 328P por meio de uma placa de circuito
no ano de 1879 por Edwin H. Hall. Existem dois impresso, envia os dados coletados para o aplicativo
tipos de sensores efeito hall, ou seja, digital ou ana- no smartphone via Bluetooth. Esses dados, recebidos
lógico, onde no analógico, a intensidade do campo em litros, são convertidos de litros para vazão através
magnético é posto nele, já o digital, é o nível lógico de uma programação dentro do App para a transfor-
alto. A Figura 1 apresenta um medidor de vazão onde mação final e visualização do cliente. Sendo assim,
é possível visualizar as aletas que se movimentam de foram utilizados para desenvolvimento deste projeto
acordo com a velocidade de passagem da água a uma o software SolidWorks 2012 para parte mecânica, o
determinada pressão e a Figura 2 apresenta o funcio- Proteus 8 para o desenvolvimento da placa de circui-
namento de um sensor de fluxo de efeito Hall de to impresso eletrônico e também para o controle do
forma detalhada e ilustrada, facilitando o entendi- software Arduino versão 1.6.1 para fazer a compila-
mento de funcionamento do mesmo no sistema. ção da programação feita em linguagem C++ com
algumas modificações. Foi utilizado também o sof-
tware MIT App Inventor, disponibilizado online para
a fabricação da linguagem em blocos C para o App
Android e para o layout do aplicativo. As subseções a
seguir apresentam imagens de etapas do desenvolvi-
mento do projeto.

Figura 1- Medidor de Vazão. Fonte: Water Flow Sensor (2014).

181
4.1 Projeto Mecânico
O projeto mecânico foi desenvolvido através do
software SolidWorks 2012. Como o objetivo do
projeto era fazer inicialmente um protótipo, foi utili-
zado um reservatório transparente e incolor, encon-
trado facilmente no comércio e então, nele foram
inseridos os demais componentes, obtendo o resulta-
do conforme apresentado na Figura 3. Na parte supe-
rior esquerda encontra-se o hidrômetro digital e a
direita, ainda na parte superior, encontra-se o disposi-
tivo desenvolvido para captar os dados obtidos e
enviá-los via Bluetooth para o aplicativo do smar-
tphone.

Figura 5-Layout da placa de circuito impresso. Fonte: Próprio


Autor.

4.3 Linguagem do Microcontrolador ATmega


Foi programado o microcontrolador ATmega
328PU através da plataforma Arduino conforme a
Figura 6.

Figura 3-Montagem final do projeto. Fonte: Próprio Autor.

4.2 Projeto eletrônico


Nesta sessão será abordado o diagrama eletrôni-
co onde foi desenvolvida a placa de circuito impresso
eletrônico utilizando o software Proteus 8. O softwa-
re Proteus 8 possui dois ambientes de desenvolvi-
mento de circuitos eletrônicos sendo o Proteus ISIS,
utilizado para definir o funcionamento do circuito
eletrônico junto a seus respectivos componentes, e o
Proteus ARES, utilizado para definir o layout da
placa a ser confeccionada. O Proteus ARES normal-
mente é utilizado apenas após definir o circuito no
Proteus ISIS. A Figura 4 apresenta o projeto eletrôni- Figura 6-Plataforma Arduino. Fonte: Próprio Autor.
co no software Proteus ISIS.
4.4 Linguagem do Aplicativo Android
Foi programado o Aplicativo Android através da
plataforma MIT App Inventor disponibilizada online,
conforme Figura 7.

Figura 4-Projeto eletrônico. Fonte: Próprio Autor.

Assim, a Figura 5 apresenta o layout da placa de


circuito impresso, bem como a definição de localiza-
ção de cada componente, gerada através do software
Proteus 8. Figura 7-Plataforma MIT App Inventor. Fonte: Próprio Autor.

182
5 Calibração Através do botão cortar, é possível interromper o
consumo de água, e através do botão religar é possí-
Para calibração do sensor e para apresentar os vel religar a água, caso a mesma esteja interrompida
dados no aplicativo, foram elaborados os cálculos pelo usuário e/ou consumidor.
apresentados nas subseções a seguir.

5.1 Microcontrolador ATmega 328P para obter a


quantidade de litros.
A obtenção de litros a partir da quantidade de
pulsos pode ser encontrada através da Equação (1).
Figura 8-Montagem Final do Protótipo. Fonte: Próprio Autor.
litros=pulsos/330 (1)
Na segunda tela, é possível visualizar a quantidade
onde 330 é o fator utilizado para calibração. em metros cúbicos consumida e o consumo em tem-
po real assim como na primeira tela, porém de forma
detalhada quanto aos valores a serem pagos pela
5.2 App Inventor para obter volume [m³] utilização da água, pelo uso do esgoto e dos recursos
A quantidade de metros cúbicos pode ser obtida hídricos. Através de um botão, pode-se gerar a fatura
através da Equação (2). a ser paga.
Na ultima tela da direita, além de poder observar os
dados já apresentados na segunda tela, é possível
m3 =0.001×litros (2)
observar o código de barras a ser utilizado para efe-
tuar o pagamento da fatura de forma rápida e eficien-
5.3 App Inventor para obter valores em reais. te.

Todos os valores abaixo são obtidos através da


conta de água fornecida pela concessionária, confor-
me as Equações (3), (4), (5) e (6) respectivamente.

Água=m3 ×2.03* (3)


3 *
Esgoto=m ×1.61 (4)
3 *
Rec. Hidric.=m ×0.07 (5)
Total=Água+Esgoto+Rec. Hidric (6)
*Fator fornecido pela concessionária de água.
Figura 9-Telas do Aplicativo. Fonte: Próprio Autor.

6 Resultado Final
7 Conclusão
Este sistema pode ser utilizado para monitorar os
gastos desde residências comuns, condomínios ou até A partir deste projeto, é possível acompanhar o
mesmo em aplicações específicas como sistemas de consumo em tempo real dos gastos de uma conta de
irrigação, piscinas e sistemas industriais em que se água.
deseja monitorar o consumo. Tecnologias futuras podem eliminar a visita mensal
A partir deste projeto foi possível acompanhar o da concessionária para leitura da água, além de pos-
consumo em tempo real dos gastos de uma conta de sibilitar que o usuário audite a qualquer momento o
água. seu consumo, gerando assim uma maior eficiência e
Tecnologias futuras podem extinguir a visita mensal transparência quanto aos valores cobrados pela con-
de um representante da concessionária para efetuar a cessionária de água.
leitura da água, além de possibilitar que o usuário
audite a qualquer momento o seu consumo gerando
Agradecimentos
assim uma maior eficiência e transparência quanto os
valores cobrados.
A Figura 8 apresenta a montagem final do protótipo. Agradeço a Deus por ter me dado fôlego de vida
A Figura 9 apresenta três telas desenvolvidas para o e saúde em abundância para trilhar esta longa cami-
aplicativo Android. Na primeira tela da esquerda, é nhada, a minha família pelo apoio, e minha esposa
Engª Priscila Machado pelo companheirismo e tam-
possível visualizar a quantidade de metros cúbicos
bém sou grato ao Prof. Me. Jefferson Dias que sem-
consumida, bem como o consumo em tempo real.

183
pre esteve disposto a sanar minhas dúvidas e me
orientar durante o desenvolvimento deste projeto.

Referências Bibliográficas

SOARES, J. M. D., et al. (1994). Medição local de


deformações utilizando sensores de efeito Hall.
Solos e Rochas, Vol. 17, No. 3, pp. 183-188.
ABREU, E. R. and VALIM, P. R. O. Domótica:
Controle de Automação Residencial Utilizando
Celulares com Bluetooth.
SANTOS, N. P. (2008). Introdução ao Arduino.
Revista Programar, pp. 39-44.
MUCEVSKI, K. Por Sensores RPM indutivos e
efeito Hall. Disponível em:
https://www.autorepairhelp.us/inductive-and-
hall-effect-rpm-sensors-explained. Acesso em:
05 de out. 2016.
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20 de out. 2016.
PEREIRA, F. (2003). Microcontrolador pic
linguagem C. Editora Erica, 2 Ed.

184
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

MECANISMO COM CONFIGURAÇÃO “KLANN LINKAGE” PARA CAMINHADA DE


QUADRÚPEDE

LARISSA G. SALARO, MARCELLA DE SANT’ANA, RENAN B. ABUD, SOPHIA M. B. BARILLARI, MAURICIO


BECERRA-VARGAS

Grupo de Automação de Sistemas Integráveis (GASI), Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba (ICTS)
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Avenida Três de Março, 511, Alto da Boa Vista, Sorocaba, SP, 18.087-180
E-mails: larissasalaro@grad.sorocaba.unesp.br,
marcellasantana@grad.sorocaba.unesp.br, renanabud@grad.sorocaba.unesp.br,
sophiabarillari@grad.sorocaba.unesp.br, mauricio@sorocaba.unesp.br

Resumo A síntese de um mecanismo depende de um conjunto de requisitos a serem seguidos que culminam na definição de
sua geometria. O mecanismo de Klann é uma estrutura já patenteada que, por essa razão, possui procedimento definido para a
síntese de suas dimensões, o qual será realizado por meio do software AutoCAD. Esse mecanismo de Klann é capaz de providen-
ciar os mesmos benefícios de veículos de caminhada mais avançados, porém sem suas limitações. Assim, utilizá-lo torna possível
ultrapassar obstáculos, subir escadas ou navegar por áreas inacessíveis a rodas. Além de que tal mecanismo não necessita de
grande número de atuadores para executar seu movimento. Assim, utilizando-se quatro desses mecanismos defasados é possível
gerar o padrão de caminhada de um animal quadrúpede, como uma aranha mecânica, por exemplo, e prototipá-la, por meio de
impressão 3D.

Palavras-chave síntese, AutoCAD, Mecanismo de Klann, aranha mecânica, padrão de caminhada, impressão 3D.

1 Introdução 2 O mecanismo “Klann Linkage”

Tendo necessidades quanto ao deslocamento de Criado por Joe Klann em 1994, tal mecanismo
materiais, líquidos, mantimentos, o homem foi capaz foi projetado para simular a caminhada, característica
de desenvolver dispositivos os quais teriam como a qual permite o deslocamento em terrenos irregula-
finalidade, simplificar fenômenos/ processos, que res e íngremes, ou viajar para áreas que atualmente
exigem e englobam uma grande carga, velocidade não estão acessíveis com rodas, não necessitando do
constante, ou deslocamento de um objeto, por exem- controle exacerbado de microprocessadores avança-
plo. Em virtude disso, ocorreu o surgimento do termo dos ou cadeia de atuadores (Vanitha et al, 2015). A
“mecanismo”, uma vez que o mesmo representa um figura 1 ilustra o objeto de análise:
conjunto de elementos conectados de modo a gerar
um movimento específico. Com a evolução, os me-
canismos podem ser subdivididos conforme suas
aplicações mais abrangentes na atualidade: mecanis-
mos com elementos mecânicos, hidráulicos, pneumá-
ticos, elétricos ou combinados (Grillo, sem data).
Além disso, gradativamente houve a união de vários
mecanismos a fim de produzir sistemas mais elabo-
rados, atendendo mais precisamente aos requisitos
solicitados. E, um conceito importante para se definir
quantas variáveis interferirão no processo é o grau de
liberdade (DOF), com o qual é possível deduzir em
quais dimensões o mecanismo irá executar o movi-
mento, as correlacionando com a quantidade de mo-
tores necessários para reproduzir os movimentos do
projétil. E, o mecanismo com enfoque será o meca- Figura 1 - Mecanismo Klann (Vanitha et al, 2015)
nismo de Klann, o qual gera uma curva que descreve Em observância da figura 1, percebe-se que há uma
o movimento de um quadrúpede. configuração de um 4 barras em conjunto com 5
O presente projeto tem por finalidade desenvolver e barras (paralelismo) tendo o elemento barra com pivô
controlar a caminhada de um quadrúpede. E, para tal, em comum entre eles, permitindo assim o simples
será adotado a metodologia da ligação de Klann movimento com o acionamento de um motor na
(Klann linkage), o qual tem o atrativo de substituir o barra 1 (denominada barra motora). O sistema por
uso de rodas, bem como tendo um motor em conjun- inteiro possui quatro pernas, necessitando de 4 moto-
to com uma engrenagem, os quais proporcionam o res. Entretanto, a abordagem relacionada com tal
movimento das pernas. mecanismo envolve a utilização de engrenagens para
substituir a quantidade de motores, precisando de
somente um motor para movimentar a engrenagem,

185
coordenando o fornecimento de energia para o robô ção de projetos em várias áreas como Arquitetura,
andar. Vale ressaltar que empregando a engrenagem Design de interiores, Engenharia Mecânica, Enge-
é preciso provocar uma defasagem (física) entre as nharia geográfica e em ramos da indústria. No pre-
pernas de um mesmo lado, gerando curvas alternadas sente trabalho, será utilizado para representar pla-
como mostra a figura 2. narmente o mecanismo chave do projeto (Mota et al,
2011).

3.3 Síntese para o Mecanismo de Klann


O mecanismo em que serão realizadas as técni-
cas mencionadas é denominado “Klann Linkage”
(figura 3), um mecanismo patenteado, que, portanto,
já possui proporções para suas dimensões.

Figura 2 - Curvas associadas ao mecanismo Klann (Thie-


licke,2009).

3 Materiais e Métodos

Figura 3 - Modelo Klann Linkage


3.1 Síntese de mecanismos
O projeto de um mecanismo que atenda a certos A seguir está descrita a metodologia de construção
requisitos, previamente determinados com base na do mecanismo Klann. Esse procedimento possibilita-
sua aplicação, é um processo iterativo, no qual são rá o dimensionamento do projeto. As figuras 4, 5, 6 e
feitas sínteses e análises pertinentes. 7 apresentam os passos de construção de uma das
pernas da aranha.
A síntese cinemática é o procedimento em que o
Primeiramente, é desenhado um triângulo OAB no
mecanismo é projetado com o intuito de satisfazer
plano yz no qual o ângulo entre o eixo z e o segmen-
um conjunto de requisitos, ou seja, ela é a forma
to OB é 63.76º, o ângulo entre o eixo z e o segmento
através da qual se chega na geometria do mecanismo
AO é 66,28º e o segmentos OB é 0.611(OA).
que produz um movimento que já foi pré-
A seguir é desenhado também no plano yz um círcu-
estabelecido. Nesse processo deve ser definido o tipo
lo cujo centro está no ponto denominado O, cujo raio
de mecanismo, juntas empregadas definição de
é 0.412(OA). É adicionado ao círculo um ponto mó-
“links” e, finalmente, o dimensionamento do corpo.
vel denominado M.
A síntese possui três fases:
 “Know-How”: fase onde se adquire conhe-
cimento sobre o mecanismo, tais como seu
orçamento, processo de usinagem, confiabi-
lidade e etc.
 Definição da topologia: fase onde são defi-
nidos o número de corpos, número de jun-
tas, grau de liberdade e mobilidade do me-
canismo.
 Dimensionamento dos corpos: fase onde são
aplicados métodos matemáticos.

Além disso, a síntese pode ser através de métodos Figura 4 – Passo 01 da construção de uma das pernas da aranha.
gráficos ou analíticos, apesar de ambos serem subdi-
vididos em três categorias: Movimentação de corpos, São desenhados outros dois círculos, um com centro
gerador de função e gerador de trajetória (Boni, sem em M, cujo raio é 1.143(OA) e um com centro em A,
data). cujo raio é 0.909(OA). É criado um ponto C na inter-
secção desses dois círculos.
É criada uma linha através de M e C, além de um
3.2 Software AutoCAD outro círculo no plano yz centrado em C com raio de
0.726(OA). A intersecção desses dois desenhos é
O AutoCAD é um software do tipo CAD (Com- denominada ponto D.
puter Aided Design, ou seja, desenho auxiliado por
computador) desenvolvido e comercializado pela
Autodesk, Inc. Essa ferramenta é permite a confec-

186
OA’B’ é a meia volta do triângulo OAB em torno do
eixo z. (Klann Linkage, sem data).

3.4 Análise de mecanismos


Já a análise cinemática é a determinação das ca-
racterísticas do movimento do mecanismo, sendo já
conhecidas as suas dimensões e geometria, nesse
procedimento não são consideradas as forças que
causam o movimento (Boni, sem data).
A análise é constituída pelas seguintes etapas:
 Pré-processamento: etapa onde é desenvol-
vido o modelo CAD, é definido o material
Figura 5 – Passo 02 da construção de uma das pernas da aranha. que será utilizado, são designadas as forças
externas presentes no sistema e as juntas.
Agora os três círculos anteriormente desenhados,
Esta etapa consiste em cerca de 70% do
assim como a linha, são ocultados e o segmento AC é
conectado ao segmento MD. processo total.
Ainda no eixo yz, é desenhado um círculo com cen-  Solucionador (solver): etapa onde são resol-
tro em D, com raio de 0,.93(OA) e outro círculo, vidas as equações diferenciais que descre-
agora centrado em B, com raio de 1.323(OA). A vem o comportamento físico do mecanismo
intersecção dos dois é chamado de ponto E. através de sua simulação.
É criada uma linha através de E e D e outro círculo  Pós-processamento: última etapa, na qual se
centrado em D, com raio de 2.577(OA). A intersec- visualiza os resultados obtidos através da
ção é chamada de ponto F. simulação.

3.5 Software ADAMS


O ADAMS (Automated Dynamic Analysis of
Mechanical Systems) é um software de simulação
desenvolvido para ajudar estudantes de engenharia e
engenheiros a estudar a dinâmica dos corpos móveis,
bem como os momentos e forças que estão distribuí-
dos pelo sistema mecânico.
Este é um software CAE (Computer-Aided Enginee-
ring), ou seja, auxilia nas tarefas de análise dos cor-
pos usando solucionadores matemáticos. Através
dele é possível, além de analisar o movimento do
Figura 6 - Passo 03 da construção de uma das pernas da aranha.
corpo, gerar gráficos das grandezas em torno deste
Novamente são ocultados os três círculos e a linha e (Adams, sem data).
os segmentos BE e EF são conectados.
Os segmentos AC, MD, BE e EF, bem como o pri-
meiro triângulo desenhado (OBA) formam a primeira 3.6 Análise para o Mecanismo de Klann
perna. Para a análise do Mecanismo Klann no software
ADAMS foi necessário, primeiramente, utilizar um
software CAD para seu dimensionamento; a partir
disso, transferiu-se o projeto para o software CAE e
instituiu-se em cada ponto um sistema de coordena-
das x e y, desenhando-se os links. Além disso, foi
necessário colocar as juntas de revolução e uma
entrada rotativa no link motor para promover o mo-
vimento do mecanismo, que, no caso, era uma das
pernas do Mecanismo Klann.
A partir desse procedimento, foi possível gerar o
gráfico correspondente à trajetória nos eixos x e y do
centro de massa da perna, que é representada pelo
Figura 7 - Final da construção de uma das pernas da aranha.
link maior e que gera o seu movimento. Além disso,
foi feita a análise das forças nas juntas com relação a
Observando a figura 7, vê-se que o ponto M’ é simé- x e y, de forma a detectar qual junta estaria mais
trico ao ponto M em relação ao ponto O, o triângulo suscetível à falha.

187
4 Resultados e Discussões

4.1 Síntese do mecanismo de Klann por meio de


AutoCAD
Como fora descrito anteriormente na seção 3.2,
afim de dimensionar o mecanismo Klann seguiu-se a
metodologia descrita nesta seção (Klann Linkage,
sem data).
Primeiramente criou-se o triângulo OAB onde o
ângulo entre o eixo z e o segmento OB é de 63,76°,
o ângulo entre o eixo Z e o segmento OA é 66,28° e Figura 9 – Passos intermediários para a obtenção das dimensões
com o seguimento 𝑂𝐵 ̅̅̅̅= 0,611*𝑂𝐴̅̅̅̅, adotando-se do mecanismo.
̅̅̅̅ = 8 𝑐𝑚, obteve-se 𝑂𝐵
𝑂𝐴 ̅̅̅̅ = 4,888 cm. Em seguida
desenhou-se um círculo 1 centrado no ponto O do
̅̅̅̅, obtendo-se 𝑅1 = 3,296 cm, e adotou-
raio 0,412𝑂𝐴
se um ponto móvel M no círculo qualquer.
Após isso, desenhou-se o círculo centrado em M do
raio 1.143*𝑂𝐴 ̅̅̅̅ ,obtendo-se 𝑅2 = 9,144 cm ,e um
círculo centrado em A do raio 0.909*𝑂𝐴 ̅̅̅̅, obtendo-se
𝑅3 = 7,272 cm. O ponto C consiste na interseção
dos dois círculos, no qual criou-se um círculo de raio
̅̅̅̅, obtendo-se 𝑅4 = 5,808 cm. Criou-se uma
0.726*𝑂𝐴
linha através de M e C e a interseção desta com o
círculo centrado em M é o ponto D. Os passos
descritos podem ser observados na Figura 8.
Figura 10 - Mecanismo Klann sem cotagem.

Figura 8 - Primeiros passos da obtenção das dimensões do meca-


nismo

Em seguida, ocultou-se os três círculos e linhas dese-


nhados anteriormente, conectou-se o segmento ̅̅̅̅ 𝐴𝐶 e
o ̅̅̅̅̅
𝑀𝐷 . Desenhou-se outro círculo centrado em D do Figura 11 - Mecanismo Klann cotado em mm
̅̅̅̅, obtendo-se 𝑅5 = 7,44 cm e o mais um
raio 0,93*𝑂𝐴
círculo centrado em B de raio 1,323*𝑂𝐴 ̅̅̅̅, obtendo-se
𝑅6 = 10,584 cm. O ponto E é a interseção destes 4.2 Cálculo de graus de liberdade
dois círculos. Desenhou-se outro círculo centrado em De acordo com a literatura, grau de liberdade é o
D de raio 2.577*𝑂𝐴 ̅̅̅̅, obtendo-se 𝑅7 = 20,456 cm e número de parâmetros independentes que são neces-
criou-se uma linha através de E e D deste ultimo sários para se definir a posição de um corpo no espa-
círculo, o ponto F consiste no seu cruzamento. Os ço em qualquer instante de tempo. Também, é possí-
passos descritos podem ser observados na Figura 9.
vel efetuar a análise desses parâmetros tanto no plano
Finalmente, ocultando-se os três círculos e linhas
̅̅̅̅ e 𝐸𝐹
̅̅̅̅ , como no espaço, tendo modelagens matemáticas pré-
anteriores e conectando-se os segmento 𝐵𝐸
definidos para calcular quantos DOF’s possui qual-
obtem-se o mecanismo Klann, o qual pode ser
observado com as dimensões na Figura 10 e Figura quer mecanismo (Shigley et al, 1995).
11. Conforme dito anteriormente, o mecanismo estudado
e projetado é um mecanismo Klann formado por 6
corpos (incluído o solo) e 7 juntas de revolução (R1 a
R7) com 1 DOF cada, conforme Figura 12.

188
Após isso, permitiu-se a coleta de dados, executando
a etapa de análise do projeto, do qual foi possível
confeccionar gráficos quanto às forças nas juntas,
bem como a posição do ponto na extremidade inferi-
or do link azul. Os gráficos mais relevantes para o
movimento do quadrúpede são mostrados nas figuras
14 e 15.

Figura 12 – Representação do Mecanismo de Klann para cálculo


de seus graus de liberdade

Por se tratar de um mecanismo planar, pelo Critério


de Mobilidade de Kutzbach – Chebysher – Grubler, é
possível determinar o número de graus de liberdade
do mecanismo completo através da expressão:

𝑁 = 3(𝐵 − 1) − 2𝐽1 − 𝐽2
onde:
𝐵 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜;
Figura 14 - Curva para a trajetória realizada pelo mecanismo de
𝐽1 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 1 𝐷𝑂𝐹; klann.
𝐽2 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 2 𝐷𝑂𝐹.
Observa-se atentamente, que o padrão obtido se
aproxima da expectativa teórica ilustrada pela figura
Com essa equação é possível estabelecer quantas 2: gerador de curva com um aspecto triangular, não
variáveis interferem no deslocamento do sistema, possuindo descontinuidade, efetuando o processo de
bem como a quantidade de motores ou fornecedores caminhada; que no pico da curva, representa a pata
de energia serão necessários para o funcionamento na posição máxima tendo um deslocamento para
adequado do mecanismo (Mabie et al, sem data). frente em seguida.
Assim: Outrossim, analisou-se a característica das forças nas
𝑁 = 3(6 − 1) − 2 ∗ 7 − 0 juntas, uma vez que as mesmas possuem limites de
𝑁 = 1 𝐷𝑂𝐹 resultante nas mesmas. Tendo essa perspectiva de
quanto de força será aplicado, o projétil já estará
Isso indica que é necessário somente um motor para munido de links que aguentem o suficiente para não
viabilizar a operação desse mecanismo romper.

4.3 Análise do mecanismo de Klann por meio do


ADAMS
Definido o procedimento envolvendo a síntese
do projeto, efetuou-se a simulação no software em
questão, sob condições de forças ou velocidade angu-
lar imposta no link motor, ilustrados pela figura 13.

Figura 15 - Força nas juntas do mecanismo de klann ao longo do


eixo X.

Pela figura 15, percebe-se esforços mais incrementa-


dos, em X, nas juntas 1 e 4, as quais promovem a
execução da curva do pico para frente. Em sequência,
é apresentado as reações em relação à componente Y
(figura 16).
Figura 13 – Representação do Mecanismo de Klann no ADAMS.

189
possível esboçar o animal quadrúpede que utilizou
quatro mecanismos de Klann, sendo os mecanismos
de mesmo lado em fase entre si, porém defasados de
180o em relação ao lado oposto, para gerar seu pa-
drão de caminhada. Assim, para testar a viabilidade
da geração de caminhada pelo mecanismo desenha-
do, exportou-o para o software ADAMS, no qual
constatou-se a trajetória triangular gerada pelo meca-
nismo.
Por fim, a partir de seu CAD, realizou-se o protótipo
por meio de impressão 3D. Além de que, calculado o
grau de liberdade do mecanismo de Klann, resultan-
do em 1 DOF, associando-se os quatro mecanismos
conforme defasagem prevista, o acionamento do
animal quadrúpede dependeu somente de um motor.
Figura 16 - Força nas juntas do mecanismo de klann ao longo do
eixo Y. Agradecimentos
Agora, infere-se que os esforços são maiores em Y,
visto que o pico observado na Figura 16 é considera- Os autores agradecem à comunidade da UNESP
velmente elevado tendo em vista toda a distância Sorocaba, assim como ao Prof. Dr. Mauricio Becerra
percorrida em X, bem como tendo a gravidade atu- Vargas pelo incentivo e apoio ao desenvolvimento
ando no sistema, há normalmente a demanda de uma deste trabalho para a disciplina de Projetos Mecâni-
força mais robusta para eleva a perna. cos.

Referências Bibliográficas
4.4 Protótipo CAD
Inicialmente, o projeto foi devidamente confec- ADAMS (sem data). The Multibody Dynamics Sim-
cionado utilizando o software SolidWorks, estabele- ulation Solution. (sem data). Disponível em:
cendo a posição dos links, assim como dos espaços <http://www.mscsoftware.com/product/ada
para juntas – ilustrado pela figura a seguir –, sendo ms>. Acesso em 09/2017.
que já a partir dele foi direcionado para à extensão de BONI, P. (sem data). Mecanismos e Dinâmica de
arquivo para a impressão 3D. Máquinas – Aula I. Disponível em:
<http://joinville.ifsc.edu.br/~pauloboni/ME
CANISMOS/PDF%20-%20Aula%20I%20-
%20Introducao.pdf>. Acesso em 09/2017.
GRILLO, N. L. (sem data). Mecanismos: Elementos
de Cinemática e Dinâmica.
KLANN LINKAGE. (sem data). Disponível em: <
http://oz.nthu.edu.tw/~g9621511/Klann%20
Linkage.htm>. Acesso em 09/2017.
MABIE, H.H., OCVIRK, F.W. (sem data). Meca-
Figura 17 - CAD do animal quadrúpede utilizando quatro meca-
nismos de Klann.
nismos e dinâmica das máquinas.
MOTA, N. A.; DO VALLE, R. M. (2011). Apostila
Para implementação do Mecanismo de Klann foi de AutoCAD – Módulo Básico. Universida-
necessária uma caixa de redução de 1 para 125 a fim de Federal de Juiz de Fora – Faculdade de
de diminuir a velocidade do motor de 1500 rpm para Engenharia.
aproximadamente 60 rpm. Pois, a rotação muito SHIGLEY, JE., UICKER, JJ. (1995). Theory of Ma-
rápida no eixo poderia comprometer o movimento do chines and Mechanisms.
mecanismo. THIELICKE, W. (2009). Video - Comparison of
Theo Jansen's mechanism and the Klann
Linkage in Phun. Disponível em:
5 Conclusão <https://www.youtube.com/watch?v=WsRV
u8BoSN4>. Acesso 09/2017.
A síntese cinemática proposta para o mecanismo VANITHA, U.; PREMALATHA, V.;
de Klann, partindo-se de uma dimensão mínima de NITHINKUMAR, M.;
8cm, permitiu a determinação de todos os seis corpos VIJAYAGANAPATHY, S. (2015). Me-
que compõem o mecanismo. Assim, pode-se estimar chanical Spider Using Klann Mechanism.
altura esperada para a o animal quadrúpede de, no Universidade de Engenharia SVS. India.
máximo, 30cm.
Conhecendo-se, então, os parâmetros de dimensão do
mecanismo, com auxílio do software SolidWorks, foi

190
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

APLICAÇÃO DE CINEMÁTICA INVERSA EM ROBÔS PARA A CRIAÇÃO DE DESENHOS

CAIO H. GIACOMELLI, GABRIELA RAMOS, GUSTAVO T. TOYOTA

Departamento de Computação, Universidade Federal de São Carlos - Campus Sorocaba


Rod. João Leme dos Santos, km 110 - Bairro do Itinga, Sorocaba - SP, 18052-780
E-mails: caio.giacomelli@dcomp.sor.ufscar.br,
gabriela.ramos@dcomp.sor.ufscar.br, gustavo.toyota@dcomp.sor.ufscar.br

Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar a utilização prática da cinemática inversa a partir do algoritmo Coordinate
Cyclic Descent (CCD). Seu uso permitirá a obtenção de ângulos fundamentais para a descrição da trajetória a ser realizada por
um braço robótico. Sendo assim, o intuito deste braço será realizar um desenho com base nas coordenadas obtidas a partir do
CCD.

Palavras-chave  Cinemática inversa, Cyclic Coordinate Descent (CCD), desenho, braço-robótico

1 Introdução e Motivação comercial. Uma referência para esse segmento


robótico é o robô PUMA 560 (Moore, 2017), objeto
de estudo em diversas pesquisas cujo objetivo é a
Realizar a ação de segurar um objeto e manuseá-
análise da cinemática inversa.
lo, para um ser humano, é automático e não requer
A cinemática inversa visa a determinação de quais
nenhum pensamento prévio para efetuá-la. O simples
ângulos são necessários para que a posição final
ato de segurar uma caneta, desenvolver desenhos ou
conhecida seja alcançada. Para isso, são necessários
escrever não exigem cálculos e basicamente são
graus de liberdade para que o objetivo final seja
datados do uso da coordenação motora. Mas quando
atingido. O robô PUMA 560, por exemplo, é
se trata de robôs, atos que parecem tão simples para
composto de 6 juntas de rotação, como pode ser visto
os seres humanos são muitas vezes complexos e
na Figura 1.
difíceis de trabalhar, exigindo cálculos para a
trajetória de seus braços e ângulos de movimentação
de suas articulações.
Com estas dificuldades apresentadas, este projeto
possui como objetivo o desenvolvimento de um robô,
mais precisamente de uma mão robótica, que
responde a coordenadas disponibilizadas por
desenhos realizados em uma interface gráfica, e
realiza a movimentação do braço baseado nestas
coordenadas a fim de desenhar a Figura previamente
esboçada na interface.
Tendo esta proposta em mente, todos os cálculos
para obter os ângulos de articulações necessários
para que o braço mecânico alcance seu objetivo serão
feitos a partir do princípio da cinemática inversa.
Cinemática inversa determina os parâmetros de uma Figura 1. Robô PUMA 560 (Hendarto, Munadi e Setiawan, 2014).
junta para um objeto flexível, fazendo com que ele
alcance o ponto determinado pelas coordenadas. A solução para a determinação da cinemática inversa
Este conceito possui as mais diversas utilidades, não é simples e, portanto, diversos métodos já foram
onde suas finalidades estão tanto para realizar propostos. A exemplo tem-se os algoritmos
desenhos comuns, como também para criação de genéticos. Esses algoritmos simulam uma população
desenhos industriais e dependendo do material de espécies, que através de fatores genéticos
utilizado e precisão da mão robótica, cortes a laser, evoluem, resultando em indivíduos mais adaptados
utilizando a mesma premissa de cálculos. Para este ao novo ambiente. Aplicando-se a cinemática
projeto o robô apenas realizará desenhos utilizando inversa, pode-se considerar que a população são os
uma caneta. Ele apresentará um braço com três graus possíveis ângulos do PUMA 560. Com o decorrer do
de liberdade, onde o maior objetivo será ressaltar a tempo, os ângulos são modificados para trabalharem
aplicação da cinemática inversa em movimentação da melhor forma a fim de atingirem seu ponto final,
das articulações. ou seja, atingem melhores ângulos que resultarão em
uma posição e orientação mais adequada (Nunes,
2 Trabalhos Correlatos 2007).
Outra solução para a modelagem da cinemática
A utilização de cinemática inversa na área da inversa utilizando o robô PUMA 560 é a abordagem
robótica é comum, uma vez que é utilizada em escala geométrica, tratando cada equação com base nas

191
juntas do robô. Nessa pesquisa, foram propostas oito cálculo dos ângulos que deverão ser realizados pelo
soluções: quatro contendo as três primeiras juntas, braço mecânico para que o desenho seja concluído.
duas para a configuração do braço e duas soluções
para as últimas três juntas (Lee e Ziegler, 1984).
Com base nos trabalhos relacionados ao abordado
neste documento, pode-se notar semelhança quanto a
utilização da cinemática inversa como forma de
obtenção dos ângulos com base no ponto final. No
entanto, ambos trabalhos utilizam algoritmos
distintos entre si, e também ao utilizado pelo robô
deste trabalho, o Coordinate Cyclic Descent (CCD).
O algoritmo CCD encontra facilmente um ponto
próximo a solução esperada utilizando de outras
métricas, como a Broyden-Fletcher-Shanno (BFS),
para obter a solução desejada com um determinado Figura 2. Representação tridimensional do robô construída através
da ferramenta Blender.
grau de precisão (Wang e Chen, 1991). O
Em robótica, a cinemática inversa utiliza as equações
funcionamento deste algoritmo consiste em n etapas.
de cinemática para determinar os parâmetros das
Sendo i cada uma das etapas (variando de 1 a n), será
articulações e promover a posição de cada ponto
permitido que apenas a i-ésima junta se movimente,
final que deseja-se alcançar (Paul, 1981). Os micro-
minimizando assim o objetivo da função. Essa
servos serão responsáveis pela manipulação dos
movimentação ocorre até que o ponto final seja
ângulos das juntas do braço do robô.
alcançado (Wang e Chen, 1991).
O controle do ângulo de rotação realizado pelos
Ao comparar o trabalho de Wang e Chen com este,
micro-servos será obtido por meio do algoritmo
nota-se semelhança por ambos utilizarem o CCD
chamado Coordinate Cyclic Descent (CCD)
como uma forma de obter a cinemática inversa do
(Canutescu e Dunbrack, 2003), originalmente
robô. No entanto, o foco do trabalho de Wang, L. é
desenvolvido como um método para resolver
essencialmente apresentar os detalhes do algoritmo,
problemas relacionados a cinemática inversa. Este
não evidenciar o uso deste de forma prática em um
algoritmo é usado em robôs pois é flexível ao
robô. Dessa forma, difere-se de deste trabalho, uma
permitir restrições a cada etapa do processo, além de
vez que o objetivo é utilizar o algoritmo como forma
ser conceitualmente simples e computacionalmente
de obter os ângulos necessários para realizar um
rápido (Canutescu e Dunbrack, 2003).
desenho.
Utilizando o CCD e ajustando o grau de liberdade a
cada movimentação, será possível alcançar o objetivo
3 Materiais e Métodos final. Ele procede de forma iterativa ao longo de uma
cadeia de graus de liberdade, modificando de forma
Com base na motivação apresentada, para que a rápida a cada articulação para alcançar a posição
parte física do robô fosse concretizada, foram desejada.
necessários os seguintes materiais: Sendo assim, a aplicação do algoritmo CCD pode ser
● 3 micro-servos; vista pela movimentação do braço robótico e a
● PVC; realização do desenho final. Para que o braço
● Papel sulfite; robótico faça o desenho, são necessárias algumas
● Suporte para o braço mecânico; etapas: a criação do desenho utilizando uma
● Prancheta; interface, a obtenção das coordenadas referentes ao
● Caneta; desenho e, por fim, a compilação do código, contido
● Arduino. no Arduino, com base nas mesmas coordenadas. Tal
passo-a-passo pode ser visto na Figura 3.
O robô é composto por um braço mecânico, sendo
este construído utilizando-se de micro-servos e PVC.
Micro-servos são motores precisos que podem ter
seus ângulos de rotação controlados. Seu uso
possibilitou que o braço fosse composto por três
graus de liberdade, como mostrado na Figura 2.
No terceiro segmento de PVC está localizado o
instrumento que realizará o objetivo do robô, ou seja,
realizar o desenho com base nos segmentos que
foram passados. Optou-se por utilizar uma caneta, a
qual escreve no papel que está sobre a prancheta.
Para a obtenção das coordenadas, ângulos e
realização do desenho será utilizada a técnica de
cinemática inversa. Esta será responsável pelo Figura 3. Fluxograma das etapas para execução do desenho final.

192
4 Resultados Por conta dos materiais escolhidos para a concepção
do mesmo, nota-se que há deficiência quanto a
A proposta do presente trabalho é evidenciar o precisão dos traços realizados pelo braço robótico.
uso da cinemática inversa aplicada a um robô. O Apesar desse entrave, o objetivo do experimento foi
propósito do experimento é a realização de um robô alcançado. Ele possibilita a realização do desenho,
que pudesse representar por meio de um desenho as descrito na interface gráfica, pelo braço robótico.
coordenadas que seriam passadas, pelo usuário, com Mais detalhes a respeito do funcionamento, desde o
o auxílio de uma interface gráfica. uso da interface até a utilização do robô estão
Tal proposta destaca a utilização prática do algoritmo armazenados em (https://goo.gl/YqRgfC )
de cinemática inversa, o Coordinate Cyclic Descent
(CCD). Ao utilizá-lo baseado nas coordenadas,
5 Conclusão
obtidas a partir do desenho, é possível obter os
ângulos necessários para que os pontos finais do
mesmo sejam alcançados. Com os resultados apresentados, podemos
concluir que o projeto atendeu as expectativas de
Assim, com base no problema apresentado, ou seja, a
exemplificar a utilização da cinemática inversa para
realização de um desenho por um robô, é possível
resolver cálculos de ângulos de rotação para o braço
observar nas Figuras 4 e 5 o resultado alcançado após
a conclusão da construção do braço robótico. O robótico. Com isso em mente, a contribuição deste
desenho é obtido por meio da realização de uma estudo prático está voltada para a implementação em
robôs com mais graus de liberdade e processamento,
trajetória até determinado ponto. Tal trajetória é
para desenvolvimento de desenhos industriais
composta por ângulos, sendo estes obtidos por meio
automatizados como também para a realização de
do algoritmo da cinemática inversa, o CCD. Ele é
responsável pelo cálculo dos ângulos que serão robôs que efetuam cortes a laser em placas de metais
importantes para que o braço mecânico alcance seu respeitando coordenadas estabelecidas por
simuladores.
alvo.
Como possíveis prosseguimentos para este projeto,
será possível melhorar os materiais utilizados no
desenvolvimento do braço robótico para que sejam
alcançadas maiores precisões nos desenhos,
salientando e exemplificando melhor o quanto a
cinemática inversa é poderosa para os cálculos de
movimentação do robô.
Além disso, tratando-se de interface gráfica com o
usuário, no momento todas as coordenadas do
desenho realizado são transcritas manualmente para
o código em C presente no Arduino. Dessa forma,
um ponto a ser melhorado na apresentação deste robô
é a possibilidade de automatizar o processo de
repasse das coordenadas do desenho para o código
do Arduino. Tal melhoramento facilitaria o processo
de desenho e amostragem dos resultados.
Havendo tais melhorias, seria possível a utilização
deste robô para automatizar desenhos e, assim,
Figura 4. Simulação do desenho
poderia ser usado em outras áreas. Atualmente,
existem robôs capazes que reconhecer faces e a partir
disso, produzir desenhos com base em tais
observações. Dessa forma, aprimorando o software
por trás do robô apresentado nesse projeto, e havendo
maiores precisões quanto aos traços apresentados
pelo mesmo hoje em dia, será possível aumentar a
capacidade artística deste projeto.

Agradecimentos

Para que este projeto fosse concluído com êxito


contamos com a ajuda de nosso professor Siovani
Cintra Felipussi, que sempre esteve disposto a nos
orientar.
Também, gostaríamos de agradecer ao monitor da
Figura 5. Resultado obtido pelo robô
disciplina de Introdução a robótica, Cristiano Silva,
que sempre esteve presente nos momentos de

193
construção do projeto, auxiliando nas tomadas de IEEE Transactions on Aerospace and Electronic
decisões. Systems, vol. AES-20, issue 6, pp. 695-706. 1984.
Por fim, agradecemos aos colegas Pedro Pires e Moore, E. J. Robotic surgery. Disponível em:
Mateus Vasconcelos por colaborarem com alguns <https://www.britannica.com/topic/robotic-
dos materiais essenciais para a concepção do robô. surgery#ref1225036>. Acesso em: 10 out. 2017.
Nunes, L. E. N. do Patrocínio. Geração e otimização
Referências Bibliográficas
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utilizando algoritmos genéticos, Universidade
Canutescu, A. A, Dunbrack, R. L. (2003). Cyclic Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2007.
coordinate descent: A robotics algorithm for
protein loop closure. Protein Science, 12: 963– Paul, R. (1981). Robot manipulators: mathematics,
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Hendarto, H. A.; Munadi; Setiawan, J. D. D. ANFIS MA.
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programmable universal machine for assembly Wang, L., Chen, C. A combined optimization
(PUMA) robot. 2014 The 1st International method for solving the inverse kinematics
Conference On Information Technology, problems of mechanical manipulators. Ieee
Computer, And Electrical Engineering, [s.l.], Transactions On Robotics And Automation, [s.l.],
p.34-40, nov. 2014. IEEE. v. 7, n. 4, p.489-499, 1991. Institute of Electrical
and Electronics Engineers (IEEE).
Lee, C.S.G; Ziegler, M. Geometric Approach in
Solving Inverse Kinematics of PUMA Robots.

194
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

LAUNCHPAD COM ARDUINO E RASPBERRY

JULIO BONATTI, LEONARDO UEMURA, MARIA GLÓRIA C. DE ANDRADE, MARILZA A. LEMOS

Engenharia de Controle e Automação - Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba


Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Av. Três de Março, n. 511, 18087-180, Sorocaba, SP, Brasil
E-mails: julio.bonatti@hotmail.com, leo.uemura.s3@gmail.com,
gloria@sorocaba.unesp.br, marilzadelemos@gmail.com

Resumo Os “Launchpads” têm se mostrado muito presentes na música moderna, por serem capazes de tocar músicas pré pro-
gramadas utilizando os botões desse produto. Logo, surgiu a ideia de se fazer um artefato similar, porém fazendo-se uso de um
conceito de sensor capacitivo, sendo possível fazer botões com um custo extremamente baixo. Isso ocorre sendo necessário ape-
nas um material condutor, e alguns resistores parar receber um dado de um toque. Este trabalho diz respeito a um artefato capaz
de disparar músicas ou “samples” musicais variados com apenas um toque em um material condutor. Baseado na ideia de um
“lauchpad” construiu-se esse artefato utilizando um Arduino e um Raspberry. Assim, as duas placas eletrônicas funcionam jun-
tas para fazer a aquisição de dados e para fazer seu processamento, respectivamente. Os dados adquiridos eram recebidos e lidos
por um circuito de sensor capacitivo. A partir desses dados gera-se um sinal serial que é recebido pelo microprocessador raspber-
ry e então este toca músicas.

Palavras-chave LaunchPads, sensor capacitivo, Arduino, Raspberry, sinal serial, músicas.

1. Introdução
Entre as tecnologias que contribuem para que o pro-
duto tenha um design inovador, as superfícies sensí-
Utilizados para fins musicais e de entretenimen- veis ao toque se destacam como uma alternativa para
to, os “launchpads” vêm obtendo destaque no âmbi- criar um design “clean” fácil de usar e limpar, até
to musical, utilizado principalmente na música ele- mesmo com maior longevidade mecânica.
trônica, mas também tendo aplicações em qualquer
estilo musical. A empresa “Novation Digital Music
O conceito de sensor capacitivo é uma alternativa
Systems Ltd”, fundada em 1992, criou esse tipo de
utilizada neste trabalho para substituir botões de
sintetizador que é capaz de acionar e controlar parâ-
acionamento mecânico, ou seja, é possível acionar
metros de desempenho de música eletrônica. Em
algum parâmetro sem a necessidade de um esforço
2009 a empresa lançou um “launchpad” 8x8 com
mecânico. Com essa tecnologia, é possível fazer um
botões iluminados podendo usar funções de loop,
acionamento com um simples toque, e para que esse
efeitos e outros parâmetros. Assim, esse sintetizador
sensor funcione é necessário apenas um material
vem se tornando muito utilizado atualmente no mer-
condutor e um resistor. Logo, o custo de implemen-
cado musical, tanto na produção como em sua execu-
tação de um botão de grande sensibilidade mecânica
ção. A Figura 1 mostra um “Launchpad” atual, en-
seria extremamente reduzido, pois a lógica de sensor
contrado no site da empresa Novation music.
capacitivo é capaz de reconhecer um toque precisa-
mente.

A ideia inicial do trabalho era a confecção de um


sintetizador parecido com um “launchpad” usando
um Arduino, pois se pode utilizar sua capacidade de
controle e atrelar a possibilidade de reduzir o custo
da produção com a tecnologia de botão por sensor
capacitivo. Porém a placa eletrônica Arduino mos-
trou-se incapaz de reproduzir músicas com qualida-
de. Especificamente era possível apenas tocar músi-
cas de 8bits. Para solucionar esse problema foi utili-
zado, em conjunto, o microprocessador Raspberry.
Figura 1. Modelo de “Launchpad”. Assim, esse faria a leitura de informações enviadas
do Arduino e então tocaria músicas previamente
A utilização de tecnologias que permitem toque está programadas. Para isso foi necessário desenvolver-se
em alta. Engenheiros que pensam na concepção do uma programação para fazer a leitura e a seleção de
produto como um todo levam em conta interfaces músicas. Essas músicas foram alocadas na memória
intuitivas, além de design elegantes - características física do Raspberry e então, em sua programação foi
que fazem com que o produto seja mais desejado necessário conter um modo de acessar essa memória
pelo cliente final. de acordo com o dado lido em sua serial.

195
2. Fundamentos Teóricos Todo o hardware é integrado em uma única placa.
O Raspberry é inspirado da “Acorn BBC Micro Mo-
2.1 Sistemas Microprocessados delo A, Modelo B e Modelo B+” são referências aos
modelos originais de escolaridade do computador
Para projetos sofisticados de automação, os mé- “BBC Micro” britânico, desenvolvido pela “Acorn
todos teóricos da engenharia precisam ser converti- Computers”.
dos em linguagens de programação para serem exe- O Raspberry Pi 3 Model B possui um processador
cutados em alguma arquitetura microprocessada. quad-core de 1,2GHz Broadcom BCM2837 baseado
Atualmente o mercado dispõe de uma vasta gama de
no Cortex-A53, 1GB de RAM, WiFi e Bluetooth 4.1
processadores desde microcontroladores de muito
de baixa energia que reduz o uso das 4 portas USB
baixo custo até placas processadoras de mais alto
existentes para a conexão de dispositivos. Se o mou-
desempenho como Raspberry Pi, BeagleBone Black,
se e teclado forem conectados por Bluetooth, serão
entre outras. necessários apenas dois cabos para utilizar o Ras-
Os microcontroladores, em geral, possuem, além do pberry. São eles o HDMI e o cabo de força Micro
processador, uma série de circuitos adicionais que USB de 2.1A. Além disso, o Raspberry Pi 3 Model B
facilitam o desenvolvimento de projetos de automa- possui 40 pinos GPIO, 4 portas USB 2.0, slot para
ção, tais como: temporizadores (timers/counters), cartão micro SD, interface de câmera (CSI) e de
conversores digitais analógicos e analógicos digitais, display (DSI) para conectar um display “touchscre-
portas paralelas digitais e analógicas, portas seriais e en” e porta ethernet.
USB, recursos para geração de sinal PWM, entre
outros. Um microcontrolador de baixo custo muito 2.1.3. Sensor Capacitivo
utilizado atualmente é o Atmega1280, da Atmel, por
meio das placas denominadas Arduino. Um botão de toque detecta a mudança na capacitân-
cia eletrostática produzida entre um eletrodo e um
2.1.1. Arduino Uno corpo humano (toque do dedo). Os sistemas conven-
O Arduino Uno é uma placa de microcontrolador cionais de sensores de toque utilizam o método de
baseado no ATmega328, com 14 pinos de entra- detecção de auto capacitância. Neste método, a capa-
da/saída digital (dos quais 6 podem ser usados como citância eletrostática entre um único eletrodo e um
saídas PWM), 6 entradas analógicas, um cristal osci- corpo humano (toque do dedo) é detectada e usada
lador de 16MHz, uma conexão USB, uma entrada de para determinar se um evento de toque é reconheci-
alimentação uma conexão ICSP e um botão de reset. do. A Figura 2 mostra um esquema de um circuito
O Arduino Uno contém inúmeras facilidades para genérico para a utilização dessa tecnologia (Aaron D.
fazer a comunicação com um computador ou outros M., 2012).
microcontroladores e até mesmo com outros ardui-
nos. O ATmega328 fornece comunicação serial
UART TTL (5V) que está disponível nos pinos digi-
tais 0 (RX) e 1 (TX). Um ATmega8U2 é capaz de
canalizar esta comunicação para a entrada ou saída
USB e aparece como uma porta virtual para o sof-
tware no computador. O firmware do '8U2 utiliza os
drivers padrão USB COM e nenhum driver externo é
necessário para fazer sua programação. Entretanto,
no Windows, um arquivo .inf é necessário. Figura 2. Esquema de funcionamento de sensor capacitivo.
O software do Arduino inclui uma interface para
monitorar o serial que permite dados de texto serem A biblioteca Capacitive Sensor transforma duas
enviados e recebidos da placa. LEDs conectados ao entradas do Arduino em um sensor capacitivo, que
RX e TX acendem enquanto dados estiverem sendo detecta a capacitância do corpo humano assim como
transmitidos pelo chip USB-para-serial e pela cone- apresentado no artigo de Paul Badger (2006). Para
xão USB Assim, é possível monitorar fisicamente a isso, é necessário o uso de uma resistência de médio
atuação da comunicação e a ação do arduino. É im- a alto valor e um material condutor na extremidade
portante observar que o arduino ocupa as portas RX e do resistor. Este sensor é capaz de detectar desde o
TX para o monitoramento serial, ou seja, quando toque humano até a aproximação a alguns centíme-
necessário o uso do artificio do serial, não podem ser tros de distância assim como relatado no artigo de J.
conectados pinos lógicos no RX e no TX. Cheng, O. Amft, e P. Lukowicz (2010).

2.1.2. Raspberry Pi 2.1.4. Python (Franklin B., 2004; Dr. Vern C.,2005 e
Chris L., 2015)
Raspberry Pi é um computador de tamanho similar
ao de um cartão de crédito, que se conecta a um A linguagem python é muito utilizada recentemente
monitor de computador ou TV, e usa um teclado e por apresentar características de alto nível, de script,
um mouse padrão, desenvolvido no Reino Unido imperativa, funcional, orientada a objetos.
pela Fundação Raspberry Pi.

196
Atualmente ela está bastante presente em aprendiza- Uma estrutura em vetor foi utilizada para armazenar
do de máquina, por obter bibliotecas muito funcio- as faixas musicais (samples) e seus endereços na
nais e fáceis de usar. memória, ou seja, cada faixa fica identificada a um
A linguagem se iniciou com Guido van Rossum em endereço do vetor. Essa lógica só foi implementada
1991, porém, ela está em desenvolvimento comunitá- após o estudo do livro de Will McGugan em que
rio (Open source). O interessante da linguagem exemplificava usos da biblioteca pygame. Para me-
python é sua filosofia, pois ela prioriza uma lingua- lhor compreensão, segue o pseudocódigo da aplica-
gem simples e visualmente agradável, ou seja, sinta- ção desenvolvida.
xe concisa e clara. A versão do python está atualmen-
te em 3.6. Porém, nesse projeto utilizou-se a versão
2.7 devido a sua facilidade com o tratamento serial.

Pelo fato dessa linguagem ser um “open source”


existem duas importantes bibliotecas que foram utili-
zadas no projeto. A primeira é a biblioteca pygame,
que tem funcionalidades gráficas, em especial para
jogos. Todavia utilizou-se a funcionalidade sonora
dessa biblioteca, que possui um módulo denominado
“Mixer” que possibilitou fazer o acesso das musicas
e a lógica de mixagem. A segunda biblioteca utiliza-
da foi a pyserial, utilizada para ler os dados seriais
que chegam do Arduino. Além dessas bibliotecas
importadas, a linguagem python já vem com varias
funções logicas integradas e a cada versão do python
essas funções aumentam e apresentam maior aplica-
bilidade.

Figura 3. Esquema de funcionamento do protótipo.


3. Materiais e Métodos
Inclua a biblioteca pygame; Inclua a biblioteca pyserial;
Defina x como 1;
 Raspberry Pi Defina a porta usb e velocidade do serial;
 Arduino Uno Inicialize a função music no pygame;
Salve a primeira música no espaço 0 do vetor;
 Lampadas Leds Salve a segunda música no espaço 1 do vetor;
 Sensores Salve a terceira música no espaço 2 do vetor;
...
Salve a décima nona música no espaço 18 do vetor;
Enquanto x for diferente de 0 Faça:
3.1 Desenvolvimento da Aplicação Leia a porta serial e guarde o valor na variável x;
Se x for igual a 99, Faça:
Pare todas as musicas,
A arquitetura visualizada para resolução do projeto FimSe;
envolve a placa Arduino com nove botões interliga- Se x for igual a 1 Faça:
dos em sua interface paralela, e a partir de um pro- Toque a musica guardada no vetor 0;
grama, recebe dados dos botões acionados pelo usuá- FimSe;
Se x for igual a 2 Faça:
rio. Os valores de leitura são então verificados se Toque a musica guardada no vetor 1;
correspondem a um valor de capacitância humana. FimSe;
Se a condição for verdadeira, o sinal é então enviado ...
ao Raspberry Pi pela porta serial interligada entre os Se x for igual a 18 Faça:
Toque a musica guardada no vetor 17;
dispositivos. O som (música) correspondente ao FimSe;
botão é disparado. A figura 3 mostra um fluxogra- Se x for igual a 19 Faça:
ma e o fluxo dessas informações. Além disso, foi Toque a musica guardada no vetor 18;
utilizada uma lógica de detecção de borda baseada no FimSe;
Se x for igual a xxx Faça:
artigo de Lucas Agostini ( 2012). Toque a musica guardada no vetor 19;
FimSe;
Para implementar a lógica idealizada, a linguagem FimEnquanto;
python foi utilizada e um programa foi implementa-
do, inicialmente, no computador devido a facilidade Na sequencia foram iniciadas as adaptações da pro-
de se fazer os testes iniciais. gramação para que esta funcionasse no Raspberry
preparado com o sistema operacional “Noobs” pro-
duzido por Rob, Gordon, Dom e Floris.
As bibliotecas pygame e pyserial foram inseridas e A principal adaptação esteve relacionada com a sin-
inicializado o módulo de mixer do pygame. A veloci- taxe sobre a porta serial. Outra alteração foi no ende-
dade utilizada, tanto na leitura quanto no envio de
reço de memória em que os samples musicais estari-
dados, foi de 9600 bits por segundo. am no Raspberry.
197
3.4 Montagem do protótipo

Na montagem do circuito capacitivo utilizou-se 9


resistores de 10M ohm. Na primeira montagem,
foram conectados os resistores de forma que todos os
resistores compartilhassem a mesma trilha, que esta-
va ligada a um pino digital do Arduino. Na outra
extremidade dos resistores foi inserido um fio que
conectava cada resistor a uma placa condutora. Esta
por sua vez conectava-se a um novo pino digital da
placa Arduino.
Figura 6. Processo de usinagem das placas metálicas
Desta forma, cada vez que uma pessoa toca na placa
condutora, o sinal vai para dois pinos: o pino direta-
mente conectado ao Arduino e o pino que passa por
um resistor de 10M ohm. O esquema de ligação na
protoboard esta evidenciado na fig. 4.

Figura 4. Esquema de ligação do arduino com 2 fios. Figura 7. Caixa compacta de PVC utilizada no prototipo

Os primeiros testes indicaram que não era necessário Como observado na figura 7, foram feitos ainda furos
o uso de dois fios ligados a placa condutora. Conec- para ventilação e inserido um cooler pois as placas
tou-se apenas um fio entre a placa condutora e uma eletrônicas esquentam com o tempo. A figura 8 apre-
extremidade do resistor e nessa mesma extremidade senta o protótipo final.
foi ligado um fio ao pino digital do Arduino. Do
outro lado do resistor manteve-se a mesma lógica da
primeira montagem, ou seja, a mesma trilha conecta-
va um lado de todos os resistores e esta trilha foi
ligada a um único pino digital da placa Arduino Uno.
O circuito final é mostrado na figura 5.

Figura 8. Protótipo finalizado.

4 Resultados e Discussões
Os circuitos capacitivos utilizados no trabalho apre-
Figura 5. Esquema de ligação do Arduino com 01 fio. sentavam resultados variáveis, a ponto de apresentar
resultados diferentes de acordo com algumas condi-
Na sequencia, o protótipo foi construído. Para os ções específicas. Para analisar o comportamento do
botões touch foram cortadas placas de metal provin- sistema foi elaborado um gráfico com os dados lidos
das de uma carcaça de uma fonte de computador. do sensor quando este estava em estado estático,
Essas placas foram usinadas para melhor acabamento porém com duas variações. A primeira, o cabo de
(figura 6). energia do computador ligado e desconectado.

Dentro de uma caixa compacta acoplou-se o Arduino O gráfico resultante tinha como eixo X o tempo em
e o Raspberry. Nessa caixa se fez furos estratégicos milissegundos, e no eixo das ordenadas o valor lido
para colocar os botões e fazer a passagem de cabos adimensional do sensor capacitivo. O gráfico 1 indi-
necessários para o funcionamento do projeto. A caixa ca a seguir os dados lidos com o cabo de energia do
de PVC furada está apresentada na figura 7. computador desligado (com o cabo ligado gráfico 2).

198
Fica evidente que o valor médio de leitura do sensor O teste foi repetido, porém agora com o cabo de
capacitivo, sem que haja toque humano, mostra-se energia do computador ligado. O gráfico 4 indica os
mais elevado chegando a valores de 30 a 120. Por- valores recolhidos na amostra. Os valores lidos no
tanto, é possível notar que há influência do cabo de gráfico 4 indicam valores máximos que ultrapassam
energia na leitura de dados do sensor capacitivo. Um o valor de 60000, ou seja, um valor muito maior que
teste seguinte foi realizado sobre a leitura dos senso- o do gráfico 3. É possível perceber então uma inter-
res, com repetidos toques humanos, colocando o ferência nos dados lidos devido ao cabo de energia
cabo de energia e retirando-o. O gráfico 3 mostra o do computador. Conclui-se que o cabo de energia
valor lido sem que o cabo de energia estivesse colo- gera um ganho nos valores lidos de 3 a 4 vezes o
cado. O gráfico 3 indica ondas quase quadradas nos valor sem o cabo.
valores de leitura do sensor capacitivo. Isso acontece,
pois no momento em que se toca o dedo no sensor,
ocorre a borda de subida, e quando retira-se o dedo,
acontece a borda de descida. Os valores máximos das
ondas quadradas estão em torno de 20000.

Gráfico 4. Sistema em estado de funcionamento sem o cabo ligado

Outro ponto negativo observado refere-se à função


da biblioteca pygame, a qual travava o programa na
linha de execução da música, não podendo acessar o
resto do script programado. Pesquisou-se então outra
Gráfico 1. Sistema em estado estático sem o cabo ligado biblioteca capaz de realizar o necessário, a qual se
denominava “winsound”. Com essa biblioteca era
possível tocar músicas sem que a execução do pro-
grama fosse comprometida, porém esta fazia com
que uma música previamente iniciada fosse inter-
rompida assim que fosse comandada uma nova ação.
Outro problema dessa biblioteca foi que ela não
poderia ser usada no Raspberry, pois ela só funciona
no Windows.
Após nos estudos voltou-se ao uso da biblioteca
pygame, porém com outra função de seu módulo
mixer, a função pygame.mixer.sound. Com ela é
possível acionar múltiplos sons ao mesmo tempo sem
que a execução do programa fosse comprometido.

Gráfico 2. Sistema em estado estático com o cabo ligado.


5 Conclusões

Conclui-se que é possível montar um launchpad


de baixo custo e com botões touch utilizando a placa
microcontrolada Arduino Uno e a placa microproces-
sada Raspberry Pi. Desta forma, o tempo de resposta
do circuito torna-se menor, pois não é possível utili-
zar-se apenas o Arduino como um processador de
áudio de qualidade.
Durante o processo de análise da capacitância perce-
bida pelo circuito do sensor capacitivo, concluiu-se
que quando o circuito está conectado a tomada, a
capacitância lida tem um ganho em médio de 3 a 4
Gráfico 3. Sistema em estado de funcionamento sem o cabo liga- vezes. Porém, este ganho não afeta o funcionamento
do.
do circuito pois a programação do Arduino leva em
conta estas possíveis variações de ganho.
199
O problema com a biblioteca pygame, responsável
por tocar as músicas armazenadas na memória do
processador, seja o computador ou o Raspberry Pi,
foi resolvido por meio da criação de um vetor para
armazenar o local que cada música foi salva e com o
uso da função pygame.mixer.sound.play, obteve-se
finalmente o resultado desejado. Ou seja, a função
pygame.mixer.music22 não funcionava como o dese-
jado, pois interrompia uma música previamente to-
cando, além de travar a linha de programação impos-
sibilitando o uso do resto do programa.

Agradecimentos

Agradecimentos especiais ao Joaquim Bonatti Junior,


que fez a doação da caixa de PVC utilizada no protó-
tipo e ajudou na usinagem da mesma. Sem contar na
ajuda do Tiago C. Mangialardo e de Beatriz Mattos,
que ajudaram na correção ortográfica do artigo.
Os autores agradecem também aos site acessados
durante a realização deste trabalho que forneceram
uma imensa ajuda para realiza este trabalho.
playground.arduino.cc; pdfs.semanticscholar.org;
www.enucomp.com.br ; www.pygame.org; arduinoi-
fsul.blogspot.com.br; pypi.python.org;
www.raspberrypi.org

Referências Bibliográficas

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Matthew G. K., Jean-Francis B., Brian A. M.,
George M. W., abril 2012. Paper-Based,
capacitive touch pads.
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Programing Language :: Python :: 2.7.
Dr. Vern C (2005). Teaching Programing with
Python and Pygame. Canterbury School.
Franklin, Beedle, John M. Z (2004) PYTHON
programing: An introduction to computer
Science, Vol 2.
J. Cheng, O. Amft, e P. Lukowicz, "Active capacitive
sensing: Exploring a new wearable sensing
modality for activity recognition," in Pervasive
'10, 2010, pp. 319-336.
Lucas A. (2012) , Botão de Detecção de Mudança de
Estado (Detecção de Borda).
Paul, B (2006). Capacitive Sensing Library.

200
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

CONTROLE DE TEMPERATURA, LUMINOSIDADE E UMIDADE DE UMA ESTUFA POR


CONTROLADOR PID EM UM ARDUINO

DAVI M. MARTES1, FELIPE R. DE M. FERREIRA1, MARILZA A. DE LEMOS1, ROSANE B. O. SEVERO2

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba (ICTS) , Universidade Estadual Paulista (UNESP)


Avenida Três de Março, 511- Sorocaba,SP
E-mails: davimercatelli@hotmail.com; 32ferreira@gmail.com; marilza@sorocaba.unesp.br

2
Departamento de Processamento de Energia Elétrica - DPEE
Universidade Federal de Santa Maria
Av. Roraima, 1000 - Santa Maria - RS
E-mail: rbeatriz@icloud.com

Resumo  O artigo apresenta o protótipo de uma estufa automatizada onde as variáveis temperatura, luminosidade e umidade
são obtidas através de sensores e os atuadores são controlados através de um controlador PID. Para manter os níveis adequados
da temperatura, um sistema de exaustão é acionado quando a estufa atinge temperaturas elevadas. Os níveis ideais de iluminação
são realizados através de lâmpadas de LED. A umidade do solo é mantida pelo acionamento do motor de uma bomba. Todos os
níveis desejados (setpoint) podem ser selecionados pelo usuário para adequar a estufa para determinado tipo de cultivo.

Palavras-chave - Estufa, controlador PID, Arduino

para que pequenos e médios produtores possam


1. Introdução retirar um grande benefício da automação.
As casas-de-vegetação ou estufas são
instrumentos para proteção ambiental para o cultivo 1.2 Trabalhos Relacionados
de plantas. Podem ser construídas com madeira,
Alguns projetos e pesquisas acadêmicas já foram
concreto, ferro, alumínio, etc, cobertas com materiais
realizados com o objetivo de automatização de
transparentes que permitam a passagem de luz solar.
estufas. Abaixo apresentamos artigos e pesquisas
O seu uso pode ser parcial ou pleno. O uso parcial é
relacionados com este trabalho. Em um projeto de
na utilização como cobertura, para obter o efeito
estufa agrícola automatizada da Universidade Federal
“guarda-chuva”. No seu uso completo é possível ter
de Uberlândia foi desenvolvido um protótipo de uma
o controle em relação a todos os parâmetros
estufa inteligente de baixo custo que permite
meteorológicos adversos.
monitorar e informar ao produtor a situação de sua
As estufas são frequentemente usadas para o cultivo
plantação para que se possa aperfeiçoar o
de flores, vegetais, frutas e plantas de tabaco. Os desenvolvimento da mesma. A comunicação serial
fatores básicos que afetam o crescimento das plantas permite o produtor inserir os parâmetros nos quais o
são a luz solar, o teor de água no solo, a temperatura,
microcontrolador deve executar. A plataforma
etc. Esses fatores físicos são difíceis de controlar
utilizada foi o microcontrolador Arduino Uno. O
manualmente dentro de uma estufa e surge a
Arduino faz a comunicação serial com um
necessidade de um projeto automatizado. computador onde é gerado uma lista contendo data e
O controle automático de todos os fatores que afetam hora e os valores de temperatura e umidade naquele
o crescimento da planta também é uma tarefa difícil,
instante (Guedes, 2016).
pois é normalmente caro e alguns fatores físicos
Na PUC-PR (Lima, 2011) foi desenvolvida uma
estão inter-relacionados, por exemplo, a temperatura
estufa controlada, ou seja, um ambiente propício para
e a umidade estão relacionadas de uma forma em que
o desenvolvimento de algumas espécies de plantas,
a temperatura aumenta, a umidade reduz, portanto, o
que necessitam de cuidados específicos referentes a
controle dos dois é difícil. Como a temperatura e a
níveis de temperatura, iluminação, umidade da terra e
umidade da estufa devem ser constantemente
PH. Alguns desses parâmetros são monitorados ou
monitoradas para garantir condições ideais
controlados de acordo com a necessidade da planta,
utilizando a tecnologia Arduino, sensores e uma
1.1 Objetivos interface gráfica. O módulo de processamento
consiste em um Arduino Mega Atmega 2560. É o
O principal objetivo desse projeto é desenvolver principal módulo onde é realizada toda a aquisição e
o controle para uma estufa para que seus parâmetros processamento dos dados recebidos. A temperatura
de temperatura, umidade e luminosidade sejam foi controlada através de um cooler de ventilação
controlados automaticamente para aumentar a conectado ao Arduino, que é ativado quando a
produtividade. Além disso, o projeto visa uma temperatura estiver acima de um valor pré-
automatização barata e com manutenção simples, estabelecido. O módulo de irrigação possui uma

201
bomba utilizada em automóveis para a limpeza do A componente proporcional (P) depende apenas da
para-brisa conectada ao Arduino, e é acionada por diferença entre o ponto de ajuste e a variável de
um circuito com relês quando a umidade do solo processo. Esta diferença é referida como o termo de
estiver abaixo da estipulada. E por fim a iluminação erro. O ganho proporcional (Kc) determina a taxa de
foi controlada por matrizes de Led. resposta de saída para o sinal de erro (National
Na Anhanguera de Rondonópolis foi realizado o Instruments, 2011).
controle de temperatura e umidade de uma estufa de
baixo custo, utilizando-se o Arduino. Quando o valor
de umidade cai abaixo do desejado, uma bomba d’
água é ativada irrigando a cultura plantada. A mesma
lógica foi utilizada para a ventilação (NETO, 2016).
Em (Melo, 2007), um trabalho desenvolvido na
Universidade Federal de Viçosa foi realizada a
modelagem matemática de uma estufa e, usando
técnicas de controle, foi dimensionado os parâmetros
de um controlador PID digital e o controlador Figura 1 - Diagrama de blocos PID em malha fechada (Bolton,
implementado em linguagem C++. O PID digital 1995).
possui as mesmas características do que um PID
físico, isto é, as respostas transitória e permanente A componente integral soma o termo de erro ao
são equivalentes a um circuito com o mesmo fim. longo do tempo. O resultado é que mesmo um
Por isso é que se podem aplicar todas as técnicas de pequeno erro fará com que a componente integral
controle sobre o sistema. Uma malha de controle aumente lentamente. A resposta integral irá
fechará todos os elementos do sistema de forma que aumentando ao longo do tempo a menos que o erro
a temperatura da estufa seja regulada. seja zero, portanto, o efeito é o de conduzir o erro de
Na UNICEUB (Santos, 2014) foi desenvolvido um estado estacionário para zero (National Instruments,
sistema automatizado para controle de umidade e 2011).
temperatura em cultura de morangos para pequenos A componente derivada faz com que a saída diminua
produtores rurais. Ela consiste na utilização de um se a variável de processo está aumentando
sistema de gotejamento, com nutrientes rapidamente. A derivada de resposta é proporcional à
solubilizados, para permitir que a cultura atinja altos taxa de variação da variável de processo. Aumentar o
rendimentos com consumo mínimo de água, para isto parâmetro do tempo derivativo (Td) fará com que o
utilizou-se um microcontrolador Arduino. As sistema de controle reaja mais fortemente as
informações compiladas são processadas no Arduino mudanças no parâmetro de erro aumentando a
e através de radiofrequência, as informações são velocidade da resposta global de controle do sistema
transmitidas para a casa de bombas, especificamente (National Instruments, 2011).
para o quadro elétrico das bombas de irrigação, onde Antes do funcionamento do controlador PID, ele
ocorre o acionamento. O acionamento inclui um deve ser ajustado para se adequar com a dinâmica do
sistema de controle de dosagem de adubo utilizado processo a ser controlado. Não existem valores
para diluí-lo na água utilizada para o gotejamento no padrões para os termos P, I e D e esses valores não
cultivo de morangos. dariam o desempenho desejado e às vezes levam a
instabilidade e desempenho de controle lento.

2 Aspectos Teóricos

2.1 Proporcional-Integral-Derivativo (PID)


Os controladores Proporcional-Integral-
Derivativo (PID) são encontrados em diversas
aplicações para controle de processos industriais.
Aproximadamente, 95% das operações em circuito
fechado do setor de automação industrial usam PID.
Os três fatores do PID são combinados de forma a
produzir um sinal de controle (National Instruments,
2011).
O controlador PID mantém a saída de modo que
exista erro zero entre a variável de processo e o
ponto de ajuste/saída desejada por operações em
Figura 2 - Gráfico da resposta de um PID (Agarwal, 2017)
malha fechada. O PID usa três comportamentos de
controle básicos, na figura 1, pode-se observar o
Diferentes tipos de métodos de ajuste são
diagrama de blocos de um PID em malha fechada
desenvolvidos para sintonizar os controladores PID e
(Bolton, 1995).
requerem muita atenção do operador para selecionar

202
melhores valores de ganhos proporcionais, integrais e  Potenciometro de 100K;
derivativos, para assim obter-se o melhor  Resistores de 470, 1K, 4,7K e 10KOhm;
desempenho do sistema de controle (Agarwal, 2017).  Chave - Push Button;
 Fonte de alimentação de 12V e 1 A;
2.2 Sistema de Aquisição de Dados
A aquisição de dados engloba métodos e 3.2 Sensor de Temperatura DS18B20
dispositivos capazes de transformar informações do O sensor de temperatura DS18B20 da Dallas
mundo real, preponderantemente analógico, para o Semiconductor é à prova de água e opera na faixa de
formato digital, com os quais os computadores -55ºC à 125ºC, precisão de +- 0.5ºC entre -10ºC à
trabalham. Para controlar as variáveis ambientais da 85ºC, resolução de 9 a 12 bits programável, possui
estufa é necessário a ação dos atuadores que um conversor interno A/D e uma memória na qual
respondem ao controlador PID. estão os dados convertido, interface de 1 fio,
O protótipo desenvolvido é um sistema de aquisição necessitando somente de uma porta digital, alarme de
de dados, pois, obtém as variáveis ambientais dos limite de temperatura e ID único de 64 bits. O
sensores e, ao processar os dados, inicia uma dispositivo normalmente necessita de 750 ms para
operação que afetará o ambiente da estufa. realizar uma conversão de temperatura e salvar no
O sinal obtido dos sensores é condicionado para as seu registrador. Sua tensão de alimentação é de 3 à
especificações da placa de aquisição de dados, no 5,5 V e é preciso conectar a linha de dados e o ponto
Arduino, por exemplo, o sinal dos sensores é de 0 à 5 de referência GND. Além disso o seu consumo de
V e a faixa de valores é condicionada de 0 a 1023 corrente é baixa no modo ativo, consumindo 1.5 mA.
unidades. Portanto, a resolução é de 5 Volts/1024 As suas aplicações incluem controle termostático,
unidades ou de 4.9 mV por unidade. Com os dados sistemas industriais, termômetros ou qualquer
na forma digital é possível processar, calcular e sistema térmico.
verificar se as condições da estufa estão nos limites Para a sua utilização no Arduino é necessário incluir
definidos pelo usuários (SetPoint). Desse modo, se as bibliotecas DallasTemperature.h e OneWire.h na
necessário, ocorre o acionamento dos atuadores para IDE.
manter as condições ideais do ambiente.
A placa de aquisição de dados utilizada é o Arduino,
pois, o seu valor de compra é baixo, o hardware e 3.3 Sensor de luminosidade LDR
linguagem são livres (open source), o dispositivo
O sensor de luminosidade LDR (Light
possui entradas e saídas analógicas e digitais,
Dependent Resistor) possui 5mm de diâmetro e sua
conversor A/D e D/A, contadores, temporizadores e
resistência é alterada em seus terminais conforme a
portas PWM.
luminosidade a que é submetido, sensor do tipo
O dispositivo utilizado no protótipo é o Arduino
fotocondutivo. Quando está na presença de luz
Mega 2560 com processador ATmega2560, com
apresenta de 8 à 20kOhm e no escuro, no mínimo, 1
conversor A/D com 10 bits de resolução, de 0 a
MOhm. A tensão máxima suportada é de 150 V,
1023, conectado a um multiplexador analógico de 16
potência máxima de 100 mW e corrente máxima de
canais. A referência deve ser o terra do processador
0.67 mA.
(ground - GND).
A sua superfície é a base de sulfeto de Cádmio e,
para aumentar e potencializar a sua sensibilidade, os
3 Materiais e Métodos eletrodos são dispostos em ziguezague.

A seguir são descritos os componentes e 3.4 Sensor de umidade SEN92355P


métodos utilizados para construção do protótipo da
estufa automatizada. O sensor de umidade SEN92355P é utilizado
para detectar a umidade do solo. Esse sensor não
possui tratamento para evitar contaminação e
3.1 Materiais corrosão eletrolítica (SEEED, 2017).
 Arduino Mega 2560; A alimentação em operação ativa em seus terminais é
 Protoboard; de 3 a 5,5 V com corrente de 35 mA. A sua saída em
solo seco é de 0 a 300 unidades, em solo úmido de
 Display LCD 16x2 5 V GDM1602K;
300 à 700 unidades e em água de 700 à 950
 Sensor de umidade SEN92355P;
unidades.
 Sensor de Luminosidade LDR 5 m;
 Sensor de temperatura DS18B20;
 Motor DC 12 V; 3.5 Atuadores
 Cooler DC Brushless Akasa;
Para esse protótipo foram utilizados três
 Led; atuadores para cada uma das variáveis lida. Quando o
 MOSFET IRF540N; sensor de luminosidade detecta que está muito
 Amplificador operacional UA741CN;

203
escuro, LED’s são ativados e o seu brilho varia Os sensores de umidade, temperatura e luminosidade
conforme a variação da luz. são conectados nas portas PWM do Arduino (figuras
Para os sensores de umidade e temperatura um 6,7,8).
exaustor e um motor, respectivamente, são
acionados. É importante analisar que tanto o exaustor
quanto o motor necessitam de tensões e correntes
superiores que o Arduino fornece. Portanto, é
necessário a utilização de amplificadores
operacionais e MOSFET para amplificar o sinal
emitido pela porta PWM e uma fonte de alimentação
externa.

3.6 Display LCD


Figura 4 Saída PWM no amplificador operacional e a corrente
Para exibir os dados de forma rápida e clara para aplicada no dreno do MOSFET. Frequência de 25 Hz.
o usuário, sem a necessidade de acessar um terminal,
o protótipo inclui um Display LCD de 16 caracteres
por 2 linhas. Texto preto sobre fundo verde. Utiliza o
extremamente comum chipset HD44780 de interface
paralela. Esse display necessita de 11 pinos de I/O
para fazer interface com esta tela LCD. Inclui LED
backlight. Este LCD vai com a barra de pinos
soldada, portanto, não é necessário soldas em barras
de pinos para conectar a protoboard.

3.7 Procedimentos Figura 5 - Saída PWM no amplificador operacional e a corrente


aplicada no dreno do MOSFET. Frequência de 12,5 Hz.
É importante notar que os atuadores da umidade
e da temperatura (motor e cooler) necessitam de uma Os sensores de luminosidade e de temperatura, por
fonte de alimentação externa, pois, o Arduino fornecerem os dados em corrente, necessitam de um
fornece 5 V de alimentação e corrente total de 200 resistor pull up, a figura 6 apresenta esse tipo de
mA. Além disso para o funcionamento desses conexão entre a fonte de alimentação de 5V do
atuadores é necessário amplificar o sinal das portas Arduino e a entrada do Sinal do sensor.
PWM. Para amplificar o sinal das portas PWM foi
utilizado o amplificador operacional em conjunto
com o MOSFET. A ligação necessária para
amplificar o sinal, apresentado na figura 3, foi
simulado no software LTSpice.

Figura 6 - Conexão do sensor de temperatura DS18B20 no


Arduino.

Figura 3 - Circuito do Amplificador Operacional e o MOSFET.

A alimentação do amplificador operacional e do


atuador vem da fonte de alimentação externa.
As figuras 4 e 5 apresentam a saída do amplificador
operacional e a corrente aplicada no motor. Dessa
forma é garantido que os atuadores tenham uma
alimentação de tensão e corrente adequados e possam Figura 7 - Conexão do sensor de umidade SEN92355P no
funcionar. Com essa configuração, o sinal de 5 V da Arduino.
porta PWM do Arduino é amplificada para 12V e a
corrente fornecida pode ser maior que a fornecida
que a capacidade do Arduino.

204
começando por kP, kI e kD, necessariamente nessa
ordem.

Figura 8 - Atuador e sensor de luminosidade.

Os dados devem ser apresentados para o usuário,


neste caso os valores das medidas obtidas. A conexão Figura 11 - Esquema de aquisição de dados, processamento e
do display LCD com o Arduino é apresentada na atuação.
figura 9. O processo de configuração dos ganhos P, I e D é
realizado pelo método guess and check, ou, método
de tentativa e erro. Nesse método os termos I e D são
definidos como zero e o ganho proporcional é
aumentado até a saída começar a oscilar. Com o
aumento do proporcional o sistema torna-se mais
rápido, até ficar instável. Após definir o ganho
proporcional para uma resposta rápida desejada, o
termo integral (I) é aumentado para evitar as
oscilações, esse termo reduz o erro de estado
Figura 9 - Conexão do LCD e do Potênciometro.
estacionário mas aumenta o overshoot. Por fim, o
termo derivativo (D) é aumentado até que a resposta
O potenciômetro serve para selecionar o contraste do
seja suficientemente rápida em relação ao setpoint.
LCD. Para selecionar qual dado apresentar na tela,
Um derivativo muito alto deixa o sistema sensível ao
utilizou-se os push buttons, conforme apresentado na
ruído (http://www.ni.com/white-paper/3782/pt/).
figura 10.
O controlador implementado no Arduino é
apresentado em pseudo-código, abaixo:

Definição das bibliotecas


Definição das portas de entrada e saída
Definição de SetPoints
Declaração das variáveis
Para cada sensor Repita:
Leia o valor do sensor;
Encontre o erro;
Defina os parâmetros do PID;
Defina valores máximos e mínimos do PID;
Se valor do sensor for menor que o setpoint,
Figura 10 - Push Buttons para selecionar os dados exibidos no
Faça:
LCD.
Mova o valor do PID para o atuador;
Defina valor novosensor = valor antigo do sensor;
O cooler e o motor dever ser ligados conforme a Grave os valores do novo sensor e do PID;
figura 3 sendo alimentados com a fonte de Fim Se;
alimentação externa e o outro terminal no dreno do Senão Retorne para a leitura do sensor;
MOSFET. Fim Repita
Para o atuador do sensor de luminosidade a ligação Até (Usuário definir novos parâmetros) ou (Tempo de execução
exceder capacidade do Arduino)
dos LED’s deve ser feita conforme apresentado na
figura 8.
O esquema de leitura e cálculo dos dados é 4 Resultados e Discussões
apresentado na figura 11, nela é possível notar que os
dados dos sensores são transmitidos para o Arduino,
Os resultados apresentam o comportamento do
o controle PID é acionado e, dependendo do valor
sensor e variável lida, o comportamento do PID e o
adquirido, ele iniciará algum atuador.
setpoint em relação ao tempo.
O controle das variáveis é realizado através de um
Pela análise da figura 12 a linha laranja representa o
controlador PID embutido na parte central (Arduino)
setpoint da luminosidade em 40% de luminosidade
do esquema da figura 11. Para sintonizar o PID,
no ambiente. É importante salientar que o
inicialmente utiliza-se o Serial Plotter da IDE do
comportamento da iluminação está barrada, ou seja,
Arduino e os parâmetros kP = 0, kI = 0 e kD = 0.
quanto maior a potência, menor a taxa de brilho do
Após obter e analisar o comportamento da curva do
LED.
sensor, o ajuste do PID é iniciado, sempre

205
temperatura do ambiente cair abaixo do setpoint, a
potência do motor volta a cair.
Tal comportamento da potência do ventilador
acompanha as variações da temperatura do ambiente,
a atuação do ventilador sempre busca manter a
temperatura abaixo do valor de setpoint, para a estufa
não ficar excessivamente quente e danificar a
plantação.
Além disso o atraso na resposta do atuador em
relação a medida se deve a característica do sensor
DS18B20, pois, esse sensor leva até 750 ms para ler
a temperatura e enviar o sinal, já convertido em ºC
para o Arduino, esse processo atrasa a resposta e o
Figura 12 - Dado obtido do sensor de luminosidade (Curva Azul),
comportamento do sistema. Portanto, concluímos que
Taxa de iluminação do LED (Lógica barrada, curva Cinza), esse sensor não é indicado para aplicações com
SetPoint (Curva Laranja). variações muito rápidas na temperatura. Para a
aplicação na estufa, onde a temperatura não varia
Até 10 segundos a taxa de iluminação lida é de 50%,
muito rapidamente, esse sensor é apropriado, além de
logo a iluminação que os LED’s devem emitir é a
ser impermeável.
menor possível. Aos 10 segundos ocorre um pico na
Pela análise da figura 15 a linha laranja representa o
luminosidade, ou seja, uma incidência muito grande
setpoint da luminosidade em 68% de umidade no
de luz, os LED’ permanecem desligados.
ambiente. Inicialmente a umidade está em 100%,
Aos 28 segundos a taxa de iluminação começa a
terra excessivamente molhada, em 10,4 segundos
decair, assim a iluminação que os LED’s devem
ocorre um pico na umidade, coloca-se o sensor em
emitir deve ser maior. Quanto menor a taxa de
terra extremamente seca. Observamos que o motor
iluminação, maior será a iluminação que o LED deve
da bomba inicia sua operação instantaneamente, para
apresentar. É importante notar que, assim que a taxa
bombear água para a terra. Aos 19 segundos o sensor
de iluminação ultrapassa o setpoint, o brilho dos
é colocado na terra excessivamente úmida, e a
LED’s diminui.
potência do motor da bomba cai instantaneamente. O
Pela análise da figura 13 a linha laranja representa o
tempo de resposta do atuador é extremamente rápido.
setpoint = 28ºC. Inicialmente a temperatura que o
sensor indicava é de 25ºC (lado esquerdo do gráfico).
Aos 16 segundos um pico de temperatura ocorre,
temperatura vai para 72ºC. A potência do ventilador,
que inicialmente é de 40 W, após 4 segundos de
atraso, aumenta para 180 W. A potência do
ventilador aumenta para resfriar o ambiente. Um pico
de resfriamento é aplicado e temperatura que o
sensor indica vai de 72ºC para 24ºC, após um atraso
de 4 segundos a potência do motor cai. Tal atraso no
comportamento do motor se deve ao fator I, do PID,
pois ele acumula um erro, e para iniciar a atuação
esse erro no fator integrador deve ser zerado.

Figura 14 - Dado obtido do sensor de Umidade (Curva Azul),


Potência do motor do motor da bomba de água (Curva Cinza),
SetPoint (Curva Laranja).

Após os 20 segundos a umidade é variada sem cair


abaixo do setpoint, o motor permanece desligado, a
terra ainda está muito úmida e não precisa de mais
agua. Aos 37 segundos a umidade cai abaixo do
setpoint e a potência do motor inicia seu aumento
gradativo. Quanto mais seca for a terra, maior será a
potência do motor e, consequentemente, maior a
quantidade de agua bombeada para a terra. Quando a
umidade na terra ultrapassa o setpoint o motor inicia
Figura 13 - Dado obtido do sensor de Temperatura (Curva Azul), o seu desligamento.
Potência do motor do cooler/ventilador (Curva Cinza), SetPoint Após a configuração e ajustes dos ganhos do PID
(Curva Laranja).
para cada atuador obtemos a tabela 1 para os ganhos
Após 104 segundos a temperatura do ambiente do PID para cada variável (temperatura, umidade e
ultrapassa o setpoint e a potência do ventilador é luminosidade). A constante derivativa é sempre
novamente aumentada, de 40 W para 100 W. Após a muito baixa, pois, ela é muito sensível a ruídos e
206
pode interferir no comportamento dos atuadores. O 1/21016773.pdf. Acesso em: 1 de setembro de
sensor de luz tem uma leitura muito rápida, logo, é 2017.
preciso acelerar a reposta da planta, por isso, kP da Bolton, W. (1995). Engenharia de Controle. 1. ed.
luminosidade é alto. São Paulo: MARKON Books.
Tabela 1 - Valores obtidos para o PID para os parâmetros da
National Instruments (2011). Explicando a Teoria
Umidade, Luminosidade e Temperatura. PID –. Disponível em: http://www.ni.com/white-
paper/3782/pt/#toc2. Acesso em: 2 de setembro
kP kI kD
de 2017.
Umidade 0.5 0.1 0.00001
Luminosidade 5.0 2.0 0.0001
Agarwal, T. The Working Principle of a PID
Temperatura 1.2 0.8 0.0002 Controller for Beginners - Tarun. Disponível em:
https://www.elprocus.com/the-working-of-a-pid-
controller/. Acesso em: 2 de setembro de 2017.
5 Conclusões SEEED: Moisture sensor. Disponível em:
https://www.seeedstudio.com/grove-moisture-
Neste trabalho foi possível implementar o sensor-p-955.html?cPath=144_147. Acesso em:
protótipo conforme as especificações e com os 3 de setembro de 2017.
materiais indicados. É importante tomar cuidado com
as conexões e os componentes utilizados nos
atuadores, cooler/ventilador e no motor da bomba,
pois, eles necessitam de uma fonte de alimentação
externa de tensão e corrente e, caso, sejam
alimentados com a tensão do Arduino é possível
danificar o hardware.
A resposta dos atuadores para as variações dos
parâmetros é adequada, porem, o sensor de
temperatura DS18B20, por realizar a conversão da
grandeza medida em ºC dentro da sua própria
estrutura, atrasa o processamento das demais
variáveis e sensores da planta.

Referencias Bibliográficas

Guedes, B. C., Sousa, G. F. V. (2016). Estufa


Agrícola Automatizada. Universidade Federal de
Uberlândia. Disponível
em:http://www.ceel.eletrica.ufu.br/artigos/ceel20
16_artigo156_r01.pdf. Acesso em: 1 de
Setembro de 2017.
Lima, L. (2011). Estufa. Relatório Técnico Final.
Disponível em:
https://www.ppgia.pucpr.br/~laplima/
ensino/pfec /concluidos/2011/estufa.pdf. Acesso
em: 1 de setembro de 2017.
Neto, C. A. M., Maximiano, J. A. B., Amaral, N. K,
Schwingel, R. (2016). Controle de Temperatura
e umidade de uma estufa de baixo custo.
Faculdade Anhanguera de Rondonópolis –
Ciência da Computação. Disponível em:
http://www.comciti-
roo.com.br/feciti/upload_projetos/00003.pdf.
Acesso em: 1 de setembro de 2017.
Melo, M. M. (2007). Modelagem de uma estufa
térmica e sintonia do controlador PID -
Universidade Federal De Viçosa. Disponível em:
https://www3.dti.ufv.br/sig_del/consultar/downl
oad/161. Acesso em: 1 de setembro de 2017.
Santos, L. B. (2014). Sistema automatizado para
controle de umidade e temperatura em cultura de
morangos aplicados aos pequenos produtores –
UNICEUB. Disponível em:
http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/5938/

207
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM ROBÔ PICK-AND-PLACE

CAIO ALEXANDRE T. CAETANO1, TOMÁS DAMBROSKI PARTEL1, LUÍS EDUARDO DOS SANTOS MORAES1,
BERNARDO MENDONÇA BRAGA1, MARIA GLÓRIA C. DE ANDRADE1, MARILZA ANTUNES DE LEMOS1, MAURICIO
BECERRA VARGAS1
1
Engenharia de Controle e Automação - Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Av. Três de Março, n. 511, 18087-180, Sorocaba, SP, Brasil
E-mails: caio_aletroca@hotmail.com, tomas.partel@gmail.com,
gloria@sorocaba.unesp.br, marilza@sorocaba.unesp.br,
mauricio@sorocaba.unesp.br

Resumo O projeto consiste na síntese cinemática e a construção de um robô Pick and Place, que com o auxílio de um único
motor, controlado por um Arduino Mega, e utilizando um eletroímã como atuador, consegue fazer a transladação de uma peça. O
robô é formado por mecanismos de quatro barras: um manivela-balancim acoplado a um balancim-balancim de ponto variável. O
Arduino é controlado pela rede Wi-fi utilizando a construção de servidores Web. No processo de análise cinemática e dinâmica
foram utilizados ambientes de simulação do funcionamento do robô como os softwares Adams e AutoCAD.

Palavras-chave Pick-and-place, Critério de Grashof, Mecanismo de Quatro Barras, Arduino, Servidor Web

1 Introdução o algoritmo da Colônia de Formigas (Ant Colony Al-


gorithm, 2017), a Otimização do Enxame de Partícu-
las (Lejbman, 2009), e o Algoritmo Genético (What is
Um robô Pick-and-Place (P.a.P), diretamente tra-
the Generitic Algorithm, 2017). Moghaddan e Nof
duzido como pega e coleta, refere-se a uma construção
(Moghaddan e Nof, 2016) abordam o problema de um
específica de robôs em uma linha de montagem indus-
braço robótico com múltiplas garras, otimizando o
trial nos quais é lhe incumbida a tarefa de transportar
planejamento do caminho percorrido com o uso da
um objeto de uma área para a outra. Estes robôs tam- Colônia de Formigas e do Algoritmo Genético, utili-
bém são aplicáveis nas áreas de carregamento de ma- zando indicadores como o CT, a distância percorrida
téria prima em máquinas, organização de estoque, or-
e o consumo de energia.
ganização de produtos na linha de montagem, constru-
No âmbito da inteligência de braços robóticos, Harada
ção de placas de circuitos eletrônicos como também
et al (Harada et al, 2014) testa e valida o planejamento
em cirurgia controlada remotamente.
do posicionamento de objetos com estratégias mate-
De acordo com Daoud et al (Daoud et al, 2014), o fun-
máticas como o Teste de Convexidade, Teste de Con-
cionamento do modelo pick-and-place pode ser carac-
tato e de Teste de Estabilidade convertendo os objetos
terizado nos seguintes passos: em modelos matemáticos e utilizando a câmera de
captura de movimento Kinect (Hardware Kinect,
 Movimento do robô para posicionar a garra 2017). Sendo assim, é comum no desenvolvimento de
no local de coleta do objeto; pesquisas cientificas na área a utilização de softwares
 Operação de pegar o objeto; e simulações, tanto matemáticas quanto para modela-
 Movimento do robô para o local de entrega mento físico, para encontrar resultados na área de
do objeto; P.a.P.
 Posicionando do objeto.
Desta forma, este projeto busca elucidar e introduzir
O Tempo de Ciclo (Cycle Time ou CT em inglês) é os conceitos básicos deste tipo de robô manipulador,
definido como o tempo total de execução das ações construindo um robô pick-and-place de um grau de li-
listadas para apenas um ciclo, considerado um marca- berdade controlado pelo micro controlador Arduino,
dor para a eficiência do robô. O Tempo de Ciclo pode capaz de se comunicar em rede com o computador.
ser reduzido aprimorando a rota percorrida pelo robô
caso se mova em mais de uma dimensão, ou melhorar 2 Aspectos Teóricos
os tempos de coleta e posicionamento do objeto. A oti-
mização de problemas envolvendo P.a.P. foi introdu- De forma genérica, os mecanismos de 4 barras
zido na década de 80 por Drezner e Nof aprimorando são compostos por 3 barras moveis (link motor, link
a produtividade da linha de montagem de placas de acoplador e link seguidor) e uma fixa (o solo). O tipo
circuito impresso (Daoud et al, 2014). de movimento que o mecanismo irá gerar é regido
Desde então, é de suma importância a conceituação e pelo critério de Grashof, que diz: A soma da Barra
resolução de problemas envolvendo o modelo P.a.P. mais curta e a barra mais longa não pode ser maior que
Como exemplos de pesquisas nesta área, Daoud et al a soma das barras restantes. A Figura 1 mostra um me-
(Daoud et al, 2014) comprova e testa a aplicabilidade canismo de quatro barras convencional, e na Figura 2,
de metas heurísticas da otimização de robôs utilizando um mecanismo com ligação em paralelogramo:

208
3 Síntese do Mecanismo

O robô pick and place utilizado neste projeto opera ba-


sicamente com dois mecanismos de quatro barras, um
manivela-balancim e um de ponto variável que traba-
lham em conjunto. Basicamente o mecanismo mani-
vela-balancim realiza a função de um auxiliador de
motor, pois ele torna possível que o robô pick and
place de um grau de liberdade seja operado apenas
Figura 1. Mecanismo de 4 barras Manivela-Balancim (Meca-Wiki,
com um motor de rotação continua. Com o torque ge-
2017). rado por este motor consegue-se aplicar ao eixo motor
do dispositivo de ponto variável a oscilação necessária
para que o mesmo realize o movimento desejado do
robô pick and place propriamente dito.
Em relação ao segundo mecanismo, este tem por fun-
ção realizar a movimentação do atuador do ponto que
a peça chega até onde deve ser colocada.
O projeto como um todo tem como condição de ope-
ração que o link acoplador do mecanismo sempre se
Figura 2. Mecanismo de 4 barras Balancim-Balancim (Meca-Wiki,
mova paralelo ao solo, durante qualquer posição de
2017). operação que o pick and place se encontra.
2.1 Graus de Liberdade 3.1 Metodologia
Primeiramente, foram numerados os elos e as juntas O procedimento descrito a seguir é mostrado na Fi-
do mecanismo. Como mostra a Figura 3, as juntas gura 4.
foram identificadas pela letra “I” e os elos pela letra
“B”.

Figura 3 Numeração de elos e juntas

Este mecanismo possui 1 grau de liberdade como de-


monstrado na equação abaixo.
Figura 4 Metodologia Gráfica

𝑁 = 3 ∗ (𝐵 − 1) − 2 ∗ 𝐼1 − 𝐼2
𝑁 = 3 ∗ (6 − 1) − 2 ∗ 7 − 0 Balancim-balancim (ponto variável)
𝑁=1 I. Trace uma semi-reta que será a referência.
Onde: II. Nessa reta escolha um ponto para ser O2, o
nosso ponto (0,0) cartesiano.
N – Número de graus de liberdade
III. Escolha o tamanho do link Motor do
B – Quantidade de elos
balancim balancim e com o auxilio de um
I1 – Quantidade de juntas de 1 grau de liberdade
transferidor trace apartir do ponto O2 com
I2 – Quantidade de juntas de 2 graus de liberdade
170° entre ele e a referencia para a direita. O
ponto final dessa reta será o A1 (No nosso
Desse modo, podemos concluir que é necessário ape-
projeto foi escolhido 10cm).
nas um motor para controlar o mecanismo.
IV. Faça um tracejado espelhado dessa reta
fazendo 170° para a esquerda com o mesmo

209
comprimento que o anterior. O ponto final 4 Análise Dinâmica e Cinemática
desse traçejado é o ponto A2.
V. Escoha o tamanho do link acoplador e trace Tendo definidas as medidas para o mecanismo, foi
paralelo a referencia a partir do ponto A1 para possível implementar a simulação dinâmica do
a direita. Esse ponto se chamará B1 (No mesmo utilizando o software ADAMS – View,
nosso projeto foi escolhido 6cm). conforme pode ser visto na Figura 5.

VI. Na reta de referência use a mesma distância


do acoplador em relação ao O2 para fazer o
ponto O4.
VII. Ligue B1 com O4 para formar o link seguidor,
esse deve ter o mesmo comprimento que o
link motor.
VIII. Faça um tracejado espelhado dessa reta
fazendo 170° para a esquerda com o mesmo
comprimento que o anterior. O ponto final
desse traçejado é o ponto B2.
IX. Faça um tracejado ligando A2 e B2.
Figura 5 Pick and place simulado ADAMS
X. Com o auxílio de um compasso coloque a
ponta central no ponto O2 e trace um
semicírculo entre A1 e A2. Depois coloque a A partir do desenho no papel milimetrado foram cal-
ponta central no ponto O4 e trace um culadas as coordenadas dos pontos O2, O4, O6, A1, B1,
semicírculo entre B1 e B2. C1 e D1 e aplicadas como pontos no software. Foram
criadas cópias de todos os pontos exceto o ponto O 6 e
Manivela-balancim
o ponto O4 que só fazem conexão com o solo. Esses
I. Apartir da reta do link motor (O2A1) pontos foram chamados de O22, A12, B12, C12 e D12, as
prolongue a partir de O2 para baixo da cópias foram deslocadas no eixo Z considerando a es-
referência a medida do balancim (No nosso pessura das barras utilizadas na implementação física.
projeto foi escolhido 4cm). O ponto no final Entre os pontos foram criadas barras (links) e uma
desse traço é o ponto C1. junta rotacional na extremidade de cada link conec-
tando ou um link ao outro ou ao solo nos casos de O 2,
II. Apartir da reta tracejada do link motor
O4 e O6. Na junção entre o link motor do Balancim-
(O2A2) prolongue com o mesmo
balancim e do link balancim do Manivela-balancim
comprimento do traço anterior. O ponto no
foi aplicada uma junta fixa, para que a força da mani-
final desse traço é o ponto C2.
vela fosse transportada para o mecanismo de ponto-
III. Com o auxílio de um compasso coloque a variável. Após construído o mecanismo no software,
ponta central no ponto O2 e trace um foram realizadas as simulações e retirados os gráficos
semicírculo de C1 a C2. necessários para as análises mecânicas.
Com a finalidade de comprovar a condição de perpen-
IV. Com o auxílio do compasso encontre o ponto
dicularidade entre a garra e o solo, característica que
médio entre C1 e C2. A medida de C1 até o
define o mecanismo como ponto variável, foi medido
ponto médio é o comprimento do link
a variação angular da barra do acoplador, como pode
manivela.
ser visto no gráfico da Figura 6.
V. Escolha uma medida para ser o tamanho do
segundo link acoplador pensando em evitar
choques fisicos no sistema. Trace paralelo a
referência a partir de C1 para a direita a
distância escolhida. (No nosso projeto foi
escolhido 13cm). O ponto final desse traço é
o ponto D1.
VI. Prolongue a reta C1D1 para a diretita com o
Figura 6 Variação angular do acoplador
comprimento de C1 ao ponto médio de C1C2.
(No nosso projeto foi medido 3,9cm). O Foi possível observar pequenas variações, mas estas
ponto final desse traço é o ponto O6. estão na escala de 10-9 deg/sec, o que pode ser consi-
derado desprezível. Sendo assim, a condição de per-
VII. Com o auxílio do compasso coloque ponta
pendicularidade é respeitada.
central no ponto O6 e trace um circulo apartir
de D1.

210
Mediu-se também o torque aplicado na manivela, para Da forma que foi projetado o mecanismo, não se levou
poder comparar esses valores com o protótipo do pro- em conta a massa do eletroímã que deveria ser aco-
jeto implementado. A Figura 7 mostra esse gráfico plado à garra a fim de pegar as peças, cumprindo com
com detalhes. sua funcionalidade. Isso fez com que fosse necessário
aplicar um torque muito excessivo por parte do motor
e que gerasse uma tensão muito elevada em suas jun-
tas. Para corrigir esse problema o tamanho das barras
foi reformulado e com isso foram reduzidos o ângulo
de transmissão e o ângulo de operação do balancim-
balancim, conforme mostra a Figura 11 e Figura 2,
respectivamente.

Figura 7 Torque aplicado na manivela

Outro aspecto de fundamental importância foi verifi-


car a coerência do mecanismo, através das medições
do ângulo de transmissão da Figura 8.

Figura 11 Ângulo de transmissão

Figura 8 Ângulo de transmissão

A Figura 9 demonstra o ângulo de operação do meca-


nismo balancim-balancim (ponto variável). Esse ân-
gulo representa sua área de trabalho.

Figura 12 Ângulo de operação balancim-balancim

Essas mudanças na tensão aplicada às juntas e ao tor-


que necessário do motor podem ser observadas na Fi-
gura 13 e Figura 14, respectivamente.

Figura 9 Ângulo de operação balancim-balancim

Por fim, encontrou-se a junta crítica que está locali-


zada na ligação entre os dois tipos de mecanismo
(ponto variável e manivela-balancim). Com isso foi
possível medir a magnitude da força que está sendo
aplicada nela. O gráfico Figura 10 descreve exata-
mente o que está acontecendo nessa junta. Figura 13 Força na junta crítica

Figura 10 Força na junta crítica

Figura 14 Torque aplicado na manivela

211
Novamente, com a finalidade de comprovar a condi- Pequenas folgas nos rolamentos também tornaram a
ção de perpendicularidade entre a garra e o solo, ca- estrutura frágil e difícil de ser movimentada. Para con-
racterística que define o mecanismo como ponto vari- tornar esta situação, o comprimento da manivela-ba-
ável, foi medido a variação angular da barra do aco- lancim deve ser diminuído e a abertura angular do mo-
plador, como pode ser visto no gráfico da Figura 15. vimento do balancim-balancim deve ser reduzido.
Com a devida troca de motor por um capaz de produ-
zir torque maior em menor rotação, o braço robótico
deve funcionar como o esperado.

Figura 15 Variação angular do acoplador

5 Construção do protótipo Figura 17 Dispositivo Pick and Place construído de acordo com di-
mensões simuladas.

Após realizadas todas as simulações necessarias no Como atuador foi utilizado um eletroímã (Figura 18),
software Adams, foram estipuladas as dimensões das que é basicamente uma bobina que utiliza um parafuso
barras para gerar os ângulos e rotações desejadas para de ferro como núcleo e um enrolamento de fio de co-
todas as barras do sistema, de forma que o Pick and bre como espiras para que, quando atravessados por
Place realizasse a translação desejada de um uma corrente elétrica, gerar o campo eletromagnético.
determinado objeto. Com o dimencionamento de Como objetos para testes foram utilizadas moedas de
todas as barras e juntas em mãos foi contruído o cinco centavos, as mesmas eram pegas quando o braço
prototipo utilizado para realizar os testes de do balancim chegava a um dos extremos pelo eletro-
funcionalidade deste dispositivo proposto. Como ímã e soltas no outro extremo com a desmagnetização
material base foi utilizada uma placa de MDF com 6 do mesmo
mm de espessura, a qual foram recortadas todas as
barras e peças de base dos mecanismos de balancim-
balancim e manivela-balancim. Como juntas de
rotação foram utilizados rolamentos de 3/4 de
polegada, com parafusos de 8 mm vazantes e porcas
para juntar as barras umas às outras ou com a
estrutura, de forma que possam girar livremente com
atrito mínino. A contrução se encontra ilustrada na
Figura 16 e Figura 17.
Figura 18 Eletroímã (bobina) construído com parafuso de aço e fio
de cobre, utilizada como atuador.

Como o dispositivo conta com apenas um grau de li-


berdade a utilização de um único motor de corrente
continua e baixa rotação faz com que o controle do
sistema seja extremamente simples para a realização
dos testes, para averiguar o funcionamento das barras
e das simetrias criadas. Como temos a baixa e conti-
nua rotação do motor para funcionamento do processo
a única parte que devemos controlar constantemente é
Figura 16 Esquema de juntas construídas com parafusos, rolamen- o atuador (eletroímã) o mesmo pode ser feito de duas
tos e porcas. formas. Os primeiros testes foram realizados com sen-
sores de barreira posicionados nos dois extremos de
Devido à alta rotatividade do motor utilizado, uma en-
alcance do atuador (no local onde ele deveria pegar a
grenagem de redução com uma polia foi acoplada en-
moeda e o local onde ele deveria devolve-la). Quando
tre o motor e a alavanca de movimento do braço robó-
o eletroímã bloqueia o primeiro sensor, (posição de
tico. Entretanto a grande variação angular ao qual o
pegar a peça, vide Figura 19) o micro controlador
balancim-balancim foi projetado e a adição das engre-
manda corrente para a bobina, fazendo com que o ob-
nagens de redução tornaram o torque necessário para
jeto de metal grude na mesma. Por fim ao bloquear o
movimentar a estrutura superior ao gerado pelo motor.
segundo sensor (posição de soltar a peça) a bobina é
desmagnetizada e a peça solta na posição correta.

212
A Figura 22 abaixo exibe uma foto da placa de circuito
elaborada.

Figura 22. Placa de circuito do adaptador para o módulo ESP8266.

Figura 19 Eletroímã em posição de pegar peça, bloqueando o pri- Quando um cliente faz uma requisição HTTP GET en-
meiro sensor de barreira. dereçado para o IP do sistema, o Arduino analisa a re-
quisição pelo endereço URL informado, opera a ação
Outro teste foi realizado utilizando o método mais previamente programada para aquela determinada re-
simples possível, visando minimizar toda e qualquer quisição e responde ao cliente com uma string de da-
possibilidade de erro. Desta forma foram dispensados dos. O sistema opera duas ações: (1) pelo endereço
os sensores de barreira e aproveitado o fato do motor /start, o braço robótico inicia o ciclo e (2) pelo /stop,
de corrente continua sempre realizar rotação cons- interrompe o ciclo. A construção e abstração utiliza-
tante, assim foi averiguado o tempo que o sistema de- dos na implementação do servidor Web permite uma
morava para realizar um ciclo completo (ou um vai e grande quantidade de funcionalidades, porém apenas
vem completo do balancim-balancim) desta forma o duas foram elaboradas para o escopo deste projeto.
micro controlador foi programado para ativar e desa-
As requisições retornam um vetor em formato JSON
tivar o imã pelo tempo de ciclo, ou seja, o tempo cons-
que pode ser interpretado por linguagens de alto nível
tante que demorava para pegar a peça e leva-la para o
como JavaScript. A Figura 23 exibe a resposta do mi-
local de soltura.
crocontrolador a uma requisição pelo navegador Goo-
gle Chrome. Uma interface simples programada em
6 Sistema de Acionamento e Controle HTML e CSS executa comandos JavaScript para rea-
lizar a requisição GET e controlar o sistema remota-
mente (Fig. 24).
O principal componente de processamento no sis-
tema é o microcontrolador Arduino o qual é utilizado
para controlar o braço robótico.
A comunicação ocorre pela rede Wi-Fi utilizando o
módulo ESP8266 e por protocolos HTTP 1.1. Devido
ao encaixe de terminais e à tensão de operação do mó-
dulo de 3,3 V, uma placa de circuito foi construída
como ponte de adaptação, contendo as ligações do
módulo e um divisor de tensão de 5 V para 3,3 V. O
esquema do circuito e o layout PCB estão nas Figuras
20 e 21.

Figura 20. Circuito esquemático do adaptador do módulo Wi-fi. Figura 23. Resposta do sistema a requisições HTTP GET exibidas
no console do Google Chrome.

Figura 21. Circuito PCB do adaptador do módulo Wi-fi. Figura 24. Interface de controle do braço robótico.

213
Simples e prática, ela pode ser implementada em um
servidor convencional na Internet, utilizada apenas
para acesso local, ou compilada em ambientes especí-
ficos para aplicativos híbridos, gerando aplicativos
para celulares Android ou IOS. Para movimentar a es-
trutura foi utilizado um motor de corrente contínua
12V, com 53 GM f de torque e 12500 rpm de acordo
com a Figura 25.

Figura 27. Circuito PCB da placa de Ponto H.

Figura 25. Micro Motor DC 12V que movimenta a estrutura (Baú


da Eletrônica, 2017).

Para o controle de sentido e velocidade do motor 12


V, uma placa de circuito foi projetada com o circuito
integrado L298, capaz de suprir dois motores ao
mesmo tempo e transmitir correntes da ordem de 1,5 A.
Figura 28. Placa de circuito Ponte H.
Assim, duas portas lógicas do microcontrolador con-
figuram o sentido de rotação do motor, e uma porta
especial embarcada com controle PWM no Arduino
ligado à entrada Enable da placa gera variações em sua
velocidade. O esquema e o layout da placa Ponte H
encontram-se nas Figuras 26 e 27.

Figura 29. Esquema do circuito do emissor e receptor do sensor de


barreira (Baú da Eletrônica, 2017).

Como discutido anteriormente, na ponta do braço me-


cânico foi posicionado um eletroímã para coletar os
objetos, enrolado e produzido especificamente para
este projeto. Composto de um parafuso M8 e enrolado
com fio de cobre esmaltado, o eletroímã é capaz de
suspender pequenos pedaços de metal, operando à 5V
de tensão e aproximadamente 250mA de corrente. A
Figura 30 exibe o eletroímã utilizado.

Figura 26. Circuito esquemático da placa de Ponte H.

A Figura 28 exibe uma foto da placa de circuito Ponte


H construída.
Sensores de barreira com diodos LEDs de infraverme-
lho, composto por um emissor e um receptor, detec-
tam se há um objeto ou não obstruindo o trajeto do Figura 30. Eletroímã construído.
feixe de luz. Assim, este sensor detecta se há um ob-
jeto ou não para o braço coletar, e se o braço finalizou
seu percurso de pegar e colocar um objeto. A Figura O controle ocorre por um circuito simples com o ele-
29 exibe o esquema do circuito. troímã em série a um transistor de Canal N MosFET
IRF640 (IRF640 Datasheet, 2017), que permite ele
seja habilitado ou desabilitado por um sinal de tensão

214
5V proveniente do Arduino. Este circuito foi elabo- de 0 à 5V, foi estipulado para diferenciar os dois esta-
rado em uma placa de circuitos padrão, com um LED dos. Uma alternativa seria utilizar a porta digital do
indicador para sinalizar quando o eletroímã estiver ati- microcontrolador e nesse caso um circuito Ponte de
vado. A tensão fornecida para o eletroímã foi de 12V, WheatStone (Ponte de WheatStone, 2017) poderia ser
a mesma do motor DC. Entretanto, devido ao funcio- elaborado e utilizado.
namento intrínseco transistor, a tensão sobre a carga
fornecida corresponde à tensão lógica do Arduino de
5V, mas a corrente fornecida é a de 12V pela fonte. 5 Conclusões
Para contornar o problema, uma saída direta da fonte
de tensão regulável foi utilizada fornecendo os 5V ne- O robô Pick and Place pode ser aplicado em diversas
cessários para o seu funcionamento. áreas e de diferentes formas, tudo depende das condi-
A série de operações realizadas pelo microcontrolador ções e necessidades do projeto. Neste trabalho foi pro-
a cada ciclo de execução pode ser sintetizado em um jetado e construído uma opção prática e versátil de um
trecho de pseudocódigo a seguir. robô Pick and Place que, dispondo de poucos senso-
res, um motor de corrente continua, um atuador sim-
Looping: ples (eletroímã), um controlador com baixa capaci-
Se existe uma requisição HTTP Então: dade de processamento e dois mecanismos de quatro
Analisa requisição; barras, realiza a translação de peças de forma ágil e
Responde requisição; precisa.
Fim Se Como pontos fortes do nosso sistema temos as a fun-
cionalidade aliada a simplicidade de um mecanismo
Se Sensor Barreira 1 está ativo Então:
Ativa EletroÍmã; de apenas um grau de liberdade, ou seja, apenas com
Fim Se um motor e um aturador conseguimos fazer a movi-
mentação de uma suposta peça de forma rápida e pre-
Se Sensor Barreira 2 está ativo Então: cisa e devida a tais qualidades temos a ampla possibi-
Desativa EletroÍmã; lidade de implementação de tal mecasnimo.
Fim Se Em contra partida foi possivel averiguar um ponto ne-
Fim Looping gativo neste tipo de Pick and Place estudado. O que
ocorre é a necessidade de um alto torque empregado
Para elucidar a forma com que o Arduino foi utilizado,
pelo motor para girar o sistema, pois de acordo com o
as portas lógicas em uso seguem o padrão da lista
nosso protótipo até uma pequena peça (moeda), so-
abaixo:
mada com o peso do atudador (eletroímã) geram um
 Pinos RX1 e TX1: Módulo Wi-fi ESP8266; momento nas barras muito relevante, que quando apli-
 Pinos 22 e 23: Ponte H para o Motor 12V; cado ao ângulo de transmissão (acima de 150°) torna-
 Pino 50: ativação do eletroímã; se extremamente dificil para pequenos motores DC
 Pino A0: Sensor de barreira 1; conseguirem fazer o balancim completo do sistema.
 Pino A1: Sensor de barreira 2; Como principal recomendação para a construção de
um robô deste tipo recomenda-se a extrema atenção
ao ângulo de transmissão gerado, frizando o cuidado
4 Discussões sobre o sistema de acionamento e com seu tamanho, tendo em vista que quanto maior,
controle mais dificil será para o motor girar o manivela-balan-
cim devido a uma possível necessidade de torque ele-
A comunicação por requisições HTTP é eficiente vado. Este ângulo deve ser dimensionado tendo em
e permite que qualquer sistema capaz de executar tal mente a velocidade desejada de movimentação e o
tecnologia largamente difundida possa se comunicar peso do atuador somado com a peça que será transpor-
com o braço robótico. Entretanto, o módulo Wi-fi tada.
ESP8266 não oferece o desempenho necessário para o Ressalta-se que a precisão do dispositivo é relativa
controle em tempo real devido ao tempo de espera em tendo em vista sua simplicidade/praticidade que dimi-
que o sistema recebe a mensagem, analisa e a executa. nuem o número de variáveis que interferem no funci-
Para o controle responsivo em tempo real, alternativas onamento do projeto.
como o Robot Operating System (Robot Operating No âmbito de simulação, os resultados foram sufici-
System, 2017) que permite o envio instantâneo de entes para ilustrar o funcionamento do mecanismo.
mensagens ao longo do ambiente de programação in- Entretanto durante a prototipagem, diversos contra-
teiro podem ser utilizados. tempos ocorreram e reconsiderações tiveram que ser
tomadas. Houve problemas com componentes, com a
Durante os testes, o receptor do sensor de barreira montagem mecânica do braço robótico e incompatibi-
apresentou variações de tensão em seus terminais da lidades entre os dados teóricos e os resultados obtidos
ordem de 0,05V. Para os fins deste projeto, o sensor em prática. Para o ideal funcionamento do sistema,
só deveria retornar dois estados diferentes: recebendo componentes devem ser modificados e metodologias
ou não recebendo sinal infravermelho. Assim, a tensão diferentes devem ser utilizadas.
sobre o emissor é analisada pela porta analógica do Apesar das limitações, este projeto permitiu demons-
Arduino, e o valor de corte de 4,95V, dentre os limites trar que é possível criar um dispositivo com infinitas

215
aplicações, com custo baixo quando comparado com br.mecawiki.wikia.com/wiki/Mecanismo_de_qu
demais opções de automação presentes no mercado. atro_barras>. Acesso em 22/09/2017.
MOGHADDAM, Mohsen e NOF, 2016, Shimon Y,
Parallelism of Pick-and-Place operations by
Agradecimentos multi-gripper robotic arms. Prism Center and
Agradecemos a UNESP Câmpus Sorocaba por forne- School of IE – Pursue University: West Lafayette,
cer parte dos materiais utilizados neste projeto. Aos USA.
auxiliares técnicos do laboratório de eletrônica por nos Nando Vieira, Entendendo um pouco mais sobre o
guiar na confecção das placas de circuito e outros pro- protocolo HTTP, Disponível em
blemas operacionais. Ao amigo Robson Fernandes por <https://nandovieira.com.br/entendendo-um-
auxiliar em detalhes técnicos na elaboração do projeto pouco-mais-sobre-o-protocolo-http>. Acesso em
em geral. Ao Profº Dr. José Bortolleto por auxiliar na 25/09/2017.
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Acesso em 24/09/2017.
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em < http://pt-

216
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

GARRA ROBÓTICA BASEADA EM MECANISMOS DE 4 BARRAS

RAFAEL M. S. LEME, RODRIGO Y .OKANO, VINICIUS K. CINTRA, MAURICIO B. VARGAS

UNESP - Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho


Av. Três de Março, 511 - Aparecidinha, Sorocaba – SP, 18087-180
E-mails: roo.yuji@gmail.com, matobarafael94@gmail.com, vkerchescintra@gmail.com

Resumo O presente artigo consiste no projeto e a análise de uma garra robótica baseada em mecanismos de 4 barras. Através
dos possíveis movimentos realizados pelo acionamento do mecanismo e utilizando o método de Grashof, foram definidas as di-
mensões do mecanismo de 4 barras intrínseco à estrutura robótica. O critério utilizado para a aplicação foi o de ponto variável.
Pelo software ADAMS, efetuou-se a simulação do mecanismo.

Palavras-chave  ADAMS, AutoCAD, Garra Robótica, 4 Barras, Grashof, Ponto Variável.

1 Introdução s = comprimento da barra menor.

Os mecanismos robóticos são subprodutos do Por fim, pode-se utilizar do critério de Chebychev–
desenvolvimento de soluções para garantir a melho- Grübler–Kutzbach, qual determina o grau de liberda-
ria de qualidade, produtividade para os processos de (GDL) de um mecanismo planar e é descrito pela
industriais, e segurança para os humanos. Neste ínte- seguinte equação:
rim, a construção de garras robóticas visa a realiza-
ção de ações de manipulação ou para realizar algum N = 3(B-1) - 2J1 - J2 (2)
trabalho sobre o objeto a ser manuseado, garantindo Onde:
a segurança do homem ao separá-lo do contato ime- N = grau de liberdade
diato com outros equipamentos de risco, permeando B = quantidade de corpos
um alto grau de repetibilidade e precisão em seus J1 = quantidade de juntas com 1 GDL
movimentos, minimizando a amostra de erros ocorri- J2 = quantidade de juntas com 2 GDL
dos em uma larga escala de produção.
A garra robótica consiste em uma garra com um
mecanismo de 4 barras intrínseco à sua estrutura. 2 Mecanismo
Trata-se de um mecanismo planejado para realizar o
movimento não-linear de uma garra. Este movimento O mecanismo é dividido em duas partes. A pri-
é análogo ao movimento das mãos humanas, em que meira parte é composta por dois mecanismos de
o polegar opositor e o dedo médio ou anelar, são quatro barras idênticos, porém espelhados, responsá-
aproximados para segurar um objeto. Tal movimento veis pela função de agarrar os objetos de interesse,
confere a capacidade primária de segurar um objeto analogamente a uma garra. A segunda é um meca-
para fins posteriores. Ou seja, o mecanismo de garra nismo acionador, através do qual se controla a aber-
robótica é utilizado para operações simples de pegar, tura da garra movimentando-se os dois mecanismos
transportar e colocar. de quatro barras simultaneamente.
Tendo conhecimento dos conceitos e motivações Com isso, para uma análise mais detalhada das juntas
acima, será realizada a síntese de tal mecanismo no e corpos que compõem o mecanismo, faz-se uso de
presente projeto. Em resumo, uma síntese envolve o imagens com aparência próxima à do produto final,
projeto de mecanismos que tenham características obtendo assim uma melhor visualização dos itens de
desejadas de movimento. Ela pode ser dividida em interesse. Os passos utilizados para chegar até tal
três fases: definição do tipo de mecanismo e juntas forma serão explicados detalhadamente do tópico
empregadas; Definição do número de corpos e juntas síntese. Logo, o esquema pode ser observado na
necessárias; Dimensionamentos dos corpos. Passos Figura 1.
que serão seguidos e explicados detalhadamente no Onde:
tópico mecanismo. X = juntas rotacionais (1 GDL)
Além disso, outro importante ponto na elaboração de T = junta translacional (1 GDL)
um mecanismo é o critério de Grashof. Tal critério
garante que ao menos uma das barras consiga reali- Assim, contando-se a quantidade de juntas totaliza-se
zar uma revolução completa em relação às outras e é
13 juntas com 1 GDL.
definido pela seguinte relação:
Além disso, contando-se a quantidade de corpos
separados por coloração diferente, somado ao envol-
s+l≤p+q (1) tório do mecanismo (solo), totaliza-se 10 corpos.
Onde: Focando-se agora no mecanismo de 4 barras envol-
l = comprimento da barra maior. vido, pode-se observar os links que o compõem no
p, q = comprimento das barras intermediárias. esquema da Figura 2.

217
Sabendo também que as faces do corpo acoplador
que encostam no objeto a ser agarrado devem per-
manecer paralelas durante todo o movimento, presu-
me-se que o corpo acoplador possui apenas um mo-
vimento de translação, não apresentando rotação.

3.3 AutoCAD
Sabendo o grau de liberdade do mecanismo, seu
critério de projeto, e, tendo como base a forma dese-
jada para o link acoplador, ou seja, a ponta da garra,
o mecanismo de quatro barras foi elaborado no sof-
tware AutoCAD para a obtenção das medidas e pro-
porções necessárias.
Para o início da síntese foi desenhada a ponta da
Figura 1: Esquema do mecanismo com os corpos e juntas numera- garra em um formato representativo e suficiente para
dos. a obtenção das medidas necessárias.
Em sequência foram posicionadas suas duas juntas,
referentes às conexões com os links motor e seguidor
do mecanismo de 4 barras. A junta ligada ao link
motor foi posicionada no canto superior-esquerdo da
ponta da garra, enquanto que a ligada ao link segui-
dor foi posicionada no canto esquerdo, próximo ao
eixo central do corpo.
Assim, definidas e desenhadas três posições deseja-
das para o movimento da ponta da garra com formas
idênticas, conforme representa a Figura 3, foram
Figura 2: Esquema do mecanismo de 4 barras.
traçadas retas entre as posições sequenciais de uma
mesma junta. Com isso, traçando-se retas normais às
Vale ressaltar que o link fixo explícito pela cor cinza retas definidas, pôde-se obter através do cruzamento
representa o envoltório ao qual as juntas dos link dessas normais os pontos nos quais as juntas entre os
motor e seguidor estão presas, ou seja, pode ser en- links motor-fixo e seguidor-fixo devem ser posicio-
tendido como o “solo”. nados.

3 Síntese

3.1 Graus de liberdade (GDL)


Aplicando a quantidade de 10 corpos e 13 juntas
com 1 GDL da Figura 3 à equação (1), temos que o
grau de liberdade do mecanismo será:

N = 3(10-1) – 2(13) = 1 GDL (3) Figura 3: Acoplador em suas 3 posições desejadas de movimento.

Portanto, o mecanismo possui 1 grau de liberdade e é


necessário apenas de um motor para controlar o me- Com isso, foi possível obter as distâncias nos eixos x
canismo. e y entre todas as juntas envolvidas, conforme a
Figura 4.

3.2 Critério de Projeto


O critério utilizado para a elaboração do projeto
é a movimentação de corpos. Pensando em apenas
um dos lados do mecanismo de quatro barras, o cor-
po de maior interesse é a ponta da garra, qual repre-
senta o link acoplador.
Com isso, o tipo de síntese utilizada foi o movimento
de corpos em 3 posições para o corpo no acoplador,
onde são definidas três posições de interesse para a
movimentação e, a partir disso, adquiridas as medi-
das e dimensões dos corpos do mecanismo.
Figura 4: Aplicação do método das 3 posições e medidas obtidas.

218
Vale notar que, analisando as distâncias relativas
entre as juntas que formam o mecanismo de 4 barras,
conforme a Figura 5, percebe-se que os links fixo e
acoplador possuem o mesmo comprimento, e conse-
quentemente os links motor e seguidor também pos-
suem o mesmo comprimento.

Figura 6: Mecanismo em máxima abertura.

Figura 5: Posições das juntas entre os links motor/seguidor e o


acoplador nas 3 posições de movimento e suas proporções.

Logo, pelo critério de Grashof:

s+l=p+q

Portanto o mecanismo é do tipo ponto variável,


onde o link acoplador apenas translada, não apresen-
tando rotação.
Figura 7: Mecanismo em máximo fechamento.

4 Análise cinemática e dinâmica

4.1 ADAMS
Utilizando-se das proporções obtidas através do
software AutoCAD foi elaborada a simulação do
mecanismo com o auxílio do software ADAMS.
Através dela, pode-se observar seus limites de mo-
vimentação nas Figuras 6 e 7, onde as mesmas repre-
sentam sua posição de máxima abertura e máximo
fechamento, respectivamente.

4.2 Forças Figura 8: Torque e força no eixo x na junta translacional.

Para uma análise da força no eixo x e torque que


deve ser aplicado ao mecanismo de acionamento, Por outro lado, percebe-se que o torque a ser aplica-
representando pela junta translacional, foi obtido o do ao acionador é 0, isso porque a junta é do tipo
gráfico dessas grandezas conforme a Figura 8. translacional, onde o torque não se aplica por ser de
A partir de tal análise é possível perceber que, para o caráter rotacional.
mecanismo projetado, a força a ser aplicada no acio-
nador deve possuir valores superiores aos picos da 4.3 Gráficos
linha vermelha, ou seja, aproximadamente -10N e Tendo conhecimento da força no eixo x e torque
50N. na junta translacional, foi realizada uma análise da

219
variação de posição no eixo x que o bloco acionador nas das pontas das garras paralelas foi obtido, pois o
deve ser movido para a abertura e fechamento da mesmo não apresentou rotação.
garra robótica. Para isso, tendo o ponto 0 de início do
movimento estabelecido no centro de massa do bloco
foi obtido o gráfico da Figura 9.

Figura 11: Velocidade angular no link acoplador.

5 Conclusão
Figura 9: Variação da posição do centro de massa do bloco acio-
nador ao longo do eixo x. Diversos processos de alto nível de automatiza-
ção, como em indústrias automobilísticas, de manu-
Percebe-se pela Figura 9 que o centro de massa do fatura, de produção alimentícia, utilizam esse meca-
bloco se move de -95 mm a 95 mm ao longo do eixo nismo em sua linha de produção. Desse modo, é
x. Logo, para a abertura e fechamento total da garra interessante e viável uma análise sistemática e apro-
robótico o mesmo deve possuir um intervalo de mo- fundada sobre o funcionamento da garra robótica
vimentação de 180mm. baseada em mecanismos de 4 barras, posto que este é
Aplicando-se uma função de movimento na junta utilizado para diversas aplicações citadas anterior-
translacional do mecanismo de acionamento, foi feita mente.
uma análise dos ângulos inicial e final dos links mo- Tendo isso em vista, durante a análise da simulação
tor e seguidor, conforme o gráfico da Figura 10. foi possível observar detalhes interessantes para uma
possível implementação deste projeto. Para uma
abertura e fechamento modulado por uma senóide,
nota-se que o pico da força atuante no eixo X indica
um forte esforço para fechar completamente a garra.
Desse modo, é notável que, com base nas 3 posições
definidas inicialmente, esta garra é mais indicada
para segurar objetos de porte maior. Tal fenômeno
explicita a necessidade de modelar o projeto para que
este, também, resista àquela magnitude de força
aplicada sobre o acionamento. Nota-se também que o
sistema funciona de acordo com o esperado para um
mecanismo de ponto variável: os links motor e se-
guidor mantém-se paralelos sempre. Tal fenômeno
também possui uma implicação sobre a velocidade
angular sobre a garra, que se mantém constante a
Figura 10: Ângulo do link motor e seguidor em relação ao eixo Y.
zero, o que indica que este se mantém continuamente
paralelo, tal como esperado também de um meca-
Pode-se observar pelo gráfico da Figura 10 que os nismo de ponto variável. Este fenômeno confirma a
links motor e seguidor possuem um ângulo relativo possibilidade de implementar um mecanismo com
entre eles de 0º ao longo de todo o movimento, devi- tais pré-requisitos ao utilizar os procedimentos de
do à sobreposição de suas curvas. Tal fato condiz síntese e metodologias de análise gráfica.
com a representação de um mecanismo de quatro A elaboração e análise do projeto foi efetuado
barras de ponto variável, confirme definido pelo com êxito e acuradamente. Este processo foi apenas
critério de Grashof anteriormente. possível por seguir sequencialmente o passo-a-passo
Foi realizada também uma análise da velocidade das metodologias de aplicação e elaboração dos me-
angular do link acoplador, conforme a Figura 11. canismos de 4 barras e as estruturas associadas.
Pode-se perceber que o link acoplador apresentou
velocidade angular 0 ao longo de todo o movimento,
o que indica que o objetivo de manter as faces inter-

220
Agradecimentos

Agradecemos ao professor Dr. Maurício Becerra


Vargas pelo auxílio na elaboração do projeto e artigo.

Referências Bibliográficas

Uicker, J. J., Pennock, G. R. e Shigley, J. E. Theory o


Machines and Mechanisms. Oxford University
Press, 2003.
Becker, M. Graus de Liberdade em Cadeias Cinemá-
ticas. EESC – USP. Disponível em
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/26853
7/mod_resource/content/1/Aula%202%20SEM0
104%202015.pdf> Acesso em 9 de out. de 2017.

221
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

MECANISMO DE TRANSPORTE DE CAIXAS

GABRIEL G. DURÃO, LUCAS CAMELO, MATHEUS S. DOS SANTOS, MAURICIO BECERRA VARGAS

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Avenida Três de Março, 511, 18087-180, Sorocaba, SP, Brasil

Resumo O movimento intermitente da linha de produção sempre foi uma das principais necessidades da indústria e por mais
que e o movimento contínuo dessa linha fosse importante, a esporacidade desse movimento se tornou essencial. Este projeto
apresenta um mecanismo que entrega este movimento esporádico da linha de produção com a vantagem de ser controlado por um
movimento contínuo de um motor, facilitando a implementação e diminuído os custos. Foi feito um estudo nesse mecanismo
com base na teoria de mecanismos e com o auxílio do simulador ADAMS que permitiu um melhor aprofundamento no funcio-
namento e aplicações de um Mecanismo de Quatro Barras, mais especificamente o Manivela-Balancim, assim como projetar este
mecanismo a fim de atender a uma solução.

Palavras-chave Mecanismo de Transporte de Caixas, Mecanismo de Quatro-Barras, Grashof, análise ADAMS

1 Introdução
𝐷𝑂𝐹 = 3(𝐵 − 1) − 2 ∙ 𝐽1 − 𝐽2 (1)
1.1 Mecanismo de Transporte de Caixas
Sendo 𝐵 a quantidade de barras do mecanismo, 𝐽1 a
O Mecanismo de Transporte de Caixas (em in- quantidade de juntas com um grau de liberdade e 𝐽2 a
glês, Box Transport Mechanism) é, assim como ou- quantidade de juntas com dois graus de liberdade.
tros tipos de mecanismos, é um conjunto de parte
rígidas unidas por algum tipo de junta que são proje- 1.3 Mecanismo de Quatro Barras
tadas para mudar a direção de uma força aplicada ou
controlar o movimento de algum corpo. O Mecanismo de Quatro Barras é a menor me-
O mecanismo estudado neste artigo foi projetado canismo de cadeia fechada. Consiste em quatro bar-
com a finalidade de conseguir fazer o movimento ras (Correa, 2013), sendo que uma delas costuma ser
esporádico de um esteira a partir de um movimento a referência (ground), e são conectadas num loop por
contínuo de um motor, isso vem da necessidade den- quatro juntas de revolução simples (1 DOF) podendo
tro da indústria em ter na linha de produção um mo- ser observado na Figura 1 a seguir (Robert L. Norton,
mento de repouso do objeto que corre na esteira, 1994):
(objeto este denominado de Caixa), para que possa
ser feito algum processo nele.
Ao contrário de outros métodos para fazer com que a
esteira se mova de maneira esporádica, esse meca-
nismo não necessita de uma programação muito
avançada para o controle do motor que permite o
movimento da mesma, sendo que o intervalo de re- Figura 1: Mecanismos de Quatro-Barras e suas diferentes classifi-
pouso da caixa em uma deterinada posição pode ser cações (Correa, 2013).
controlado pela velocidade do motor além do fato
que o motor não precisa parar de rodar para que a Abaixo, na Figura 2, pode-se observar a parte do
esteira pare de correr. Isso acarreta numa maior faci- mecanismo sintetizado referente ao mecanismo de
lidade de implementação e num menor desgaste do quatro barras:
motor, reduzindo assim seu custo de manutenção.

1.2 Grau de Liberdade

“Qualquer sistema de mecânico pode ser classi-


ficado de acordo com a quantidade de Graus de Li-
berdade (ou em inglês, degrees of freedom, DOF). O
DOF de um sistema é igual ao número de parâmetros
independentes (medidas) que são necessários com o
único propósito de definir sua posição no espaço em
qualquer instante de tempo” (Robert L. Norton,
1994).
O DOF permite calcular a quantidade de motores Figura 2: Links do Mecanismo de Quatro-Barras (Ersoy, 2013).
necessários para o controle de um mecanismo e pode
Substituindo os valores na equação (1) tem-se que:
ser calculado a partir da equação de Gruebler (Robert
L. Norton, 1994): 𝐷𝑂𝐹 = 3(4 − 1) − 2 ∙ 4 − 0

222
𝐷𝑂𝐹 = 1 link intermediario serem maiores que o comprimento
conjunto dos links acoplador e seguidor.
Com isso, chega-se a conclusão que o Mecanismo de
Quatro-Barras possui um Grau de Liberdade e com
1.4 O Trabalho Proposto
isso este mecanismo pode ser controlado por um
motor responsável pelo movimento em uma das
Este artigo analisa um mecanismo de quatro barras
juntas.
com características de um Manivela-Balancim que
Levando em conta que o mecanismo transportador
será controlado por um único motor que possui uma
estudado possui um total de 8 elos e 10 junções de
revolução contínua e sua saída possui um comporta-
rotações como observado na Figura 3, usando a
mento contínuo a fim de ser possível arrastar uma
equação (1) chega-se a conclusão que o mecanismo
esteira de forma esporádica através deste movimento
completo estudado possui um grau de liberdade:
contínuo, sua representação pode ser observada na
Figura 4:

Figura 4: Mecanismo de Transporte de Caixas (Ersoy, 2013).

O motor é conectado ao mecanismo pelo link motor


Figura 3: Enumeração das partes que compõe o Mecanismo de
Transporte de Caixas (Ersoy, 2013). (Barra verde). A barra acopladora é projetada de tal
forma que seu movimento possui um percusso dese-
𝐷𝑂𝐹 = 3(8 − 1) − 2 ∙ 10 − 0 jado para tal aplicação e esse movimento é transmiti-
𝐷𝑂𝐹 = 1 do para o outro lado para que o movimento possua
um comportamento paralelo de movimento.
1.3.1 Classificação dos Mecanismos de Quatro- Utilizando os métodos aprendidos em sala, espera-se
Barras ser possível dimensionar este mecanismo e com o
ADAMS espera-se simular o mecanismo projetado e
O Mecanismo de Quatro-Barras assim como po- analisar seu comportamento físico.
de ser observado na Figura 1, possui uma caracterís- Este artigo escontra-se organizando de tal forma que
tica de funcionamento que depende do tamanho de a seção 2 comenta sobre o Trabalho Proposto e se
seus componentes. aprofunda mais no que se espera atingir com este
Pode-se classificar um Mecanismo de Quatro-Barras, artigo. Já a seção 3 possui uma descrição mais deta-
saber se ele possuirá o comportamento desejado, lhada de como foram feitos estes experimentos e a
analisando sua topologia e utilizando o critério de seção 4 apresenta os Resultados e as Discussões
Grashof a seguir (Correa, 2013): deste experimento.

S+L≤P+Q (2) 2 Síntese do Mecanismo

Sendo S e L o tamanho da menor e da maior barra do Apresenta-se inicialmente o método obtido para
mecanismo e P e Q o tamanho das outras duas barras determinar as coordenadas do Mecanismo de Quatro-
remanescentes. Barras utilizado para este projeto através da análise
da movimentação do acoplador em três posições. A
Dependendo da localização da barra menor dentro do
partir das coordenadas é possivel obter os compri-
mecanismo, este pode ser classificado das seguintes
mentos das barras utilizadas na montagem do meca-
maneiras:
nismo no software Adams.
1. Manivela-Balancim (S é uma barra adjascente à O software AutoCad para aplicação do método res-
barra de referência) ponsável por mostras as coordenadas dos pontos do
mecanimo de quatro barras, a partir dessas coordena-
das foi possivel encontrar as dimensões da peça e
2. Manivela-Manivela (S é a barra de referência)
assim desenha-las.
3. Balancim-Balancim (S é a barra acopladora). Depois de desenhadas as peças são importadas para o
software ADAMS, sendo este uma ferramenta CAE
(Computer Aided Engineering), um software de
Observando esquematicamente o mecanismo pode se
análise cinemática e dinâmica multicorpos.
definir que ele é classificado como manivela balan-
cim devido ao fato do comprimento do link motor e Uma vez montado o mecanismo completo no
ADAMS, ele é simulado para verificar se possui o

223
percurso desejado e além disso é feito uma análise da Figura 8: Posição 2 Acoplador (Ersoy, 2013).
distribuição de esforços para comprovar sua eficácia.
Posição 3:
2.1 Obtenção das coordenadas do Mecanismo de
Quatro-Barras para se aferir o comprimento dos
links no mecanismo

Observando o mecanismo da Figura 5 abaixo, o


acoplador está circulado é a peça circulada de ama-
relo:

Figura 9: Posição 3 Acoplador (Ersoy, 2013).

A partir das três posições definidas, usou-se o Auto-


cad para montar o “esqueleto” do acoplador, como
pode ser visto na Figura 10 a seguir:

Figura 5: Mecanismo com o Acoplador destacado (Ersoy, 2013).

Para se obter as coordenadas usou-se o seguinte


método observado na Figura 6:

Figura 10: “Esqueleto” do acoplador obtido no AutoCad (Ersoy,


2013).

Após essa etapa os esqueletos das três posições fo-


ram alinhados de forma que ponto do link motor das
três peças se encontrassem, após esse procedimento
foram traçadas retas unindo os pontos Q1 e Q2, Q2 e
Q3, P1 e P2 e P2 e P3, assim como na Figura 6.
Feito isso, foram traçadas novas retas perpendicula-
res a partir do centro das retas Q1Q2, Q2Q3, P1P2 e
P2P3. As novas retas traçadas perpendicularmente
podem ser observadas na imagem abaixo, elas foram
Figura 6: Método usado para dimensionamento do Mecanismo de desenhadas com a cor Turquesa, pode-se observar
Quatro-Barras. que houveram dois pontos em que houve intersecção
Onde primeiramente, a peça referente ao acopla- das retas. Os dois pontos encontrados através da
dor foi posicionada em três posições diferentes. As intersecção podem representam os pontos onde o link
três posições escolhidas do acoplador podem ser motor e a base do link seguidor serão fixados.
observadas nas Figura 7, 8 e 9: Na Figura 11, os pontos em que as retas em azul se
cruzam (da esquerda para a direita) são os pontos O e
Posição 1: R respectivamente. Após encontrar os dois pontos
apenas o esqueleto da primeira posição foi mantido,
ligando-se o acoplador aos dois pontos através das
retas vermelhas apresentadas no desenho abaixo.

Figura 7: Posição 1 Acoplador (Ersoy, 2013).

Posição 2:

Figura 11: Análise das posições do acoplador afim de encontrar os


pontos O e R.

Os links motor e seguidor da Figura 12 (retas em


vermelho) podem ser melhor observados através da
figura 2 já apresentada anteriormente, onde o link S e
Q são representados pelas retas vermelhas.

224
Figura 12: Link acoplador (em branco), links motor(em vermelho)
ligado ao ponto R e link seguidor( em vermelho) ligado ao ponto
O.

Uma vez encontrado os pontos O e R e tendo os


pontos Q1 e P1, pode-se encontrar as coordenadas
referentes a eles a partir do software Autocad, as Figura 14: Parte auxiliar 2.
coordenadas encontradas estão na abaixo:
Tabela 1: Coordenadas encontradas para o Mecanismo de Quatro-
Barras.

Barra Tamanho [cm]


Motor 13,20
Seguidor Quatro-Barras 18,95
Seguidor Espelhado 20,43

Sendo que Q1 foi posicionado na origem e todos os Figura 15: Peça do link acoplador.
outros pontos foram encontrados em relação a ele.
Uma vez possuindo esses pontos é possível obter as
dimensões das peças e então projetá-las no AutoCad
para então trabalha-lo no software Adams, afim de
simular o mecanismo.

2.2 Projeto das peças no AutoCad

Utilizando as coordenadas calculadas na secção


4.1, foi possível dimensionar e desenhar as peças
também utilizando o AutoCad. As peças que formam
esse mecanismo podem ser encontradas na Figuras
13, 14, 15, sendo na figura 16 possível observar o
conjunto de barras completo. Figura 16: Mecanismo de transporte de caixas.
As peças foram então exportadas para serem utiliza-
das no Software Adams a fim de possibilitar uma 2.3 Exportação do arquivo do AutoCad para o
análise mais profunda do comportamento cinemático ADAMS
e dinâmico do mecanismo.
Para o Desenho das peças foi utilizado o Softwa-
re AutoCad, contudo no momento de exportação das
peças para o software Adams constatou-se que o
software não aceitava os tipos de arquivos que o
AutoCad salvava o projeto.
Uma solução para esse problema foi exportar as
peças para o software SolidWorks devido ao fato do
software apresentar mais opções de tipos de arquivos
no momento de salvar o projeto. O tipo de arquivo
salvo no Autocad para que fosse possível a exporta-
ção para o SolidWorks foi o tipo de arquivo “PMN”.
Após alguns testes concluiu-se que o Adams aceitava
Figura 13: Parte auxiliar 1.
o tipo de arquivo chamado “parasolid”, assim, as
peças importadas para o solidWorks foram salvas
nesse tipo de arquivo.

225
Antes da exportação para o Adams as peças foram
transformadas em peças 3D e foi adicionado a carac-
teristica do material para cada uma das peças sinteti-
zadas.
Após todas as alterações, as peças foram salvas com
o tipo de arquivo “parasolid”(.x_t) e puderam ser
abertas no software Adams.
Uma vez montadas obteve-se a seguinte imagem da
figura 17 com o mecanismo completo. Figura 18: Torque realizado pelo motor num período de 50 segun-
dos.

As forças nas juntas A e B são as que mais sofrem


força pois tem altos picos de forças a cada revolução
que fazem, desgastando a peça, esse pico é de apro-
ximadamente 7 mil Newtons, visto na Figura 19. Já
nas outras juntas (C, D, E, F e G), as forças são me-
nores e mais distribuídas ao longo de cada revolução,
tendo valores baixos, de no máximo 100 Newtons
para as juntas C e G, que são as peças que sofrem
mais com essa força. Um motivo para as forças nas
outras juntas serem bem menores do que as das jun-
tas A e B, se devem ao fato que elas são auxiliares.
Figura 17: Mecanismo projetado no software Adams.
Forças relativas as juntas A e B:
3 Resultados e discussão

Uma vez com o mecanismo aberto no ADAMS


foi possível adicionar as barras dos Links Motores e
Seguidores. Os dimensionamentos das barras de
conexão restantes foram estipulados seguindo os
valores da Tabela 2.
Tabela 2: Dimensionamento das Barras feitas no ADAMS.

Barra Tamanho [cm] Figura 19: Forças aplicadas nas juntas A e B

Motor 13,20 Forças relativas as juntas: C, D, E, F e G.


Seguidor Quatro-Barras 18,95
Seguidor Espelhado 20,43

É possível analisar aqui que as medidas dos Links


Seguidores divergem minimamente em 7,24% sendo
que essa diferença é responsável por uma pequena
divergência no percurso desejado porém ainda atinge
as expectativas para o mecanismo. Figura 20: Forcas aplicadas nas juntas C, D, E ,F e G
Essa discrepância dos resultados pode ser explicada
devido às conversões feitas dos arquivos do projeto 4 Conclusões
necessárias para transportá-las até o ADAMS.
Pelo próprio Software ADAMS ainda, foi possível Os resultados obtidos neste projeto ocorreram de
fazer uma análise da característica do torque aplicado acordo com o esperado sendo exigido do motor um
pelo motor, necessário para fazer com o mecanismo torque o qual possui picos em sua magnitude de
funcione. Utilisando as ferramentas disponibilisadas acordo com o momento de revolução que se encontra
pelo software foi possível gerar a seguinte curva da o mecanismo. O método gráfico para dimensiona-
Figura 18. mento da barra acopladora se mostrou eficiente e
O torque máximo aplicado pelo motor é da ordem de prático. Destaca-se neste projeto, a utilização de
10,45 N/m com outros picos médios de torque de 6,9 peças desenhadas no AutoCad sendo utilizada no
N/m mais recorrentes e o motor chega a atingir tor- ADAMS para fazer possível uma análise mais pro-
funda do comportamento e esforços do mecanismo,
que nulo quatro vezes durante uma revolução.
sendo que as conversões feitas para atingir tal objeti-
vo podem ter causado uma pequena discrepância no
tamanho das peças inicialmente planejadas, ainda
assim, os resultados finais ainda se encaixam dentro
do esperado.

226
Referências Bibliográficas

Norton, Robert L. (1999). Design of Machinery: An


Introduction to the Synthesis and Analysis of
Mechanisms and Machines. 2nd ed.
Correa, Luis Felipe e Dueñas, Vivian (2013).
Mecanismo de Cuatro Barras.
Ersoy, Seyhan (2013). Box Transport Mechanism.
Disponível em: <
https://youtu.be/tDLof06nBjU> Acessado em
18 de Setembro 2017.
Shigley, Joseph Edward e Uicker Jr., John Joseph
(1981). Theory of Machines and Mechanisms.
International Edition.
Kumar, Ashish (2013). Construction of Straight Line
Walknig Beam Eight Bar Transport Mechanism.
International Journal of Scientific & Engineering
Research, Vol.4, No. 7; pp. 2135-2141.
Y, Siva Krishna e Sk, Moulali (2017). Design and
Fabrication of Box Transport Mechanism.
International Journal of Modern Trends in
Engineering and Research, Vol.4, No.3.

227
III MOSTRA CIENTÍFICA DE ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO
21 DE OUTUBRO DE 2017 - SOROCABA-SP

CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA ROBÓTICO AUTÔNOMO PARA COMPETIÇÃO NA


CATEGORIA MINI ROBÔ SUMÔ

DOUGLAS P. FERNANDEZ, MATHEUS N. PENA, MARIA GLÓRIA C. ANDRADE, MARILZA A. LEMOS

Engenharia de Controle e Automação - Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba


Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Av. Três de Março, n. 511, 18087-180, Sorocaba, SP, Brasi
E-mails: d.fernandez@grad.sorocaba.unesp.br, matheusnpena@gmail.com,
gloria@sorocaba.unesp.br, marilza@sorocaba.unesp.br

Resumo Este trabalho tem por objetivo o desenvolvimento de um mini robô de sumô para competições com dimensões e peso
limitados. Os robôs têm sua construção, em geral, divididas em partes mecânicas, elétricas e de programação, além do
envolvimento de diferentes áreas de conhecimento que agregam interdiciplinidade ao projeto. A eficiência depende da escolha
adequada de motores, formas de controle da locomoção e percepção do ambiente por sensores agregados de uma lógica
implementada em linguagem de programação. Entre os componentes essenciais estão a plataforma Arduino, o chassi Zumo
Pololu e os sensores infravermelho e ultrassônico. O processo de prototipagem foi simulação no software Proteus ISIS
Professional. Por fim, as dificuldades envolvem também a escolha correta de fornecimento energia a partir do consumo imposto e
lógica eficaz que seja capaz de prover ao robô de inteligência, a fim de tomar atitudes adequadas às condições do ambiente.

Palavras-chave Mini Robô de Sumô, Arduino, Competições, Sensores.

1 Introdução Alguns dos sensores compatíveis a essas aplicações


são o sensor ultrassónico, infravermelho, giroscópio
e acelerômetro. Além da capitação, o processamento
A competição de guerra de robôs ocorre no Brasil
dos estímulos envolve o conhecimento de linguagem
desde 2005, contando com cinco categorias de robôs,
de programação, que será essencialmente
que são: futebol de robôs, rock, sumô, seguidor de
armazenado em um microcontrolador. Os sinais de
linha e guerra de robôs. Dentre estas categorias há
saída são a base da resposta do sistema e a interface
diversas classes que variam de acordo com o peso, a entre os sinais digitais e aplicação em dispositivos
dimensão e a capacidade de ser controlado mecânicos e elétricos envolvem conhecimentos dos
remotamente ou ser autônomo (Levi, 2013).
dispositivos eletrônicos em geral.
O estudo da robótica autônoma envolve conceitos
sobre a percepção e reação de um robô ao ambiente Uma maneira de tornar versátil e modular a
que foi inserido, de acordo com sua finalidade e construção de um robô é a utilização de plataformas
recursos físicos agregados, como capacidade de adequadas a etapa de projeto, como o Arduino, uma
locomoção, leitura e reposta a estímulos externos plataforma de prototipagem eletrônica de fonte aberta
com comandos básicos definidos a partir de um que permite aos usuários criar objetos eletrônicos
conjunto de instruções contidas em um código interativos (Arduino, 2017). Sua programação é
alocado em sua unidade de processamento. baseada em linguagem C, cujo número de bibliotecas
O primeiro passo para a o desenvolvimento de um capazes de simplificar a utilização de sensores e
robô móvel é a definição de sua utilidade. Após essa controle de motores são essenciais para uma
definição é estabelecido: o modo de locomoção mais aplicabilidade mais eficaz e rápida requerida em
adequado; tipo de comunicação com operador projetos de variadas disciplinas em cursos técnicos e
remoto; a maneira como será feita a aquisição de universitários. A utilização e compreensão do
dados do posicionamento em relação ao ambiente e funcionamento de Shields fornece ainda a facilidade
por último o microcontrolador (Everett, 1995). de replicação do projeto posteriormente, agregando
O desenvolvimento de um robô de sumô para caráter educacional ao projeto.
competições envolve conhecimentos primordiais e Assim, o planejamento e a construção de um robô
indispensáveis para o avanço em estudos sobre agregam necessidades supridas por diferentes áreas
robótica e sua aplicabilidade. A começar pela do conhecimento, como a mecânica, eletroeletrônica
definição dos recursos e modos de monitoramento e computação; e sua característica multidisciplinar
dos estímulos externos, com a escolha adequada de justifica o crescente número de competições e
sensores, dispositivos projetados para quantificar ou mostras cientificas, como a Competição Brasileira de
detectar parâmetros especificados por meio de Robótica (CBR) e Mostra Nacional de Robótica
elementos que tem a função de converter uma dada (MNR), bem como o desenvolvimento de
magnitude física em outra, chamados de transdutores plataformas educacionais como o Robotino da Festo
(RoboCore, 2008). Esses elementos devem ser e os braços robóticos da LYNXMOTION.
capazes, por exemplo, de fornecer a distância de um
obstáculo, região limite de uma arena e percepção de
localização a partir de um ponto referencial.

228
O objetivo principal desse trabalho é a construção de 𝑣−𝑖𝐴 𝑅𝐴
𝜔𝑚 = (1)
um Mini Robô de Sumo, capaz de explorar 𝑘𝐴 𝜙

ambientes sem qualquer intervenção humana,


detectar obstáculos e atacar oponentes a fim de retirá- Na qual 𝜔𝑚 [𝑟𝑎𝑑/𝑠] é a velocidade angular de giro
los da arena. Deve ainda ser flexível tanto em sua do motor, 𝑣 [𝑉] é a tensão aplicadas nos terminais do
estrutura mecânica, quanto eletrônica, com o motor DC, 𝑖𝐴 [𝐴] é a corrente que o percorre, 𝑅𝐴 [Ω]
propósito de possuir caráter educacional e adequado é a resistência interna do enrolamento, 𝑘𝐴 é uma
as regras da competição (RoboCore, 2008). constante adimensional que relaciona o número de
condutores efetivos e de polos, e 𝜙 [𝑊𝑏] é o fluxo
As problemáticas envolvidas se relacionam com por polo, como pode-se observar pela representação
construção mecânica dentro das dimensões e pesos esquemática da Figura 1.
determinados, escolha adequada de fornecimento
energético através de testes com durabilidade de
pilhas e duas técnicas de controle, sendo uma
remotamente com celular através de comunicação
Bluetooth e aplicativo para Android e autônoma
através de percepção do ambiente com sensores de
detecção de obstáculos e medição de distâncias.
Figura 1. Circuito de um micromotor DC (Patané, 2008).

2 Aspectos Teóricos Observa-se, então, da Equação (1) que o controle da


velocidade do micromotor pode ser dado a partir da
A automação faz uso de ferramentas digitais manipulação de três variáveis: o fluxo magnético, a
(lógicas) e eletrônicas a fim de permitir o controle resistência do rotor e a tensão aplicada aos terminais
autômono de um sistema constituido de diversos do motor. Sendo que, esta última é a mais
componentes eletrônicos interligados via software convencional a ser modificada, pela facilidade de
embarcado. Com esse conceito, verifica-se que os ajustes. Além de possibilitar o controle do torque
robôs são bons exemplos de automação, onde, de através da corrente do rotor (Patané, 2008).
acordo com o Robot Institute of America um robô é Dessa forma, para o controle da velocidade do
definido como “um dispositivo mecânico micromotor faz-se necessária a definição de uma
programável para execução de algumas tarefas de função de transferência que relacione a tensão 𝑣 de
manipulação ou locomoção sob controle entrada com a corrente 𝑖𝐴 e a velocidade de rotação
automático”. No entanto, para que isso aconteça de 𝜔𝑚 de saída. Neste cenário, apresenta-se na Figura 2
maneira eficaz é necessario dispor de uma série de um diagrama esquemático que leva em consideração
informações compiladas no robô que lhe permitam a inércia combinada das engrenagens da caixa de
interagir com o ambiente. Para o robô sumô, toda a redução do micromotor, da carga e dos
parte lógica é executada por um microcontrolador, ou acoplamentos, designados pela variável 𝐽, o atrito
seja, componente que agrega em um único circuito viscoso 𝑏 [𝑁. 𝑚. 𝑠/𝑟𝑎𝑑] entre o motor e a carga, e
integrado o microprocessador, a memória, contadores também, a indutância da armadura 𝐿𝐴 [𝐻]. Nota-se
e temporizadores, entre outros. Um microcontrolador também que 𝐿𝑓 e 𝑅𝑓 são respectivamente a
é um dispositivo eletrônico capaz de construir indutância e a resistência das bobinas de campo.
relações lógicas combinando entradas e saídas, assim
como execução sequencial de passos de um processo.
A base para a movimentação do sistema robótico, ou
seja, o periférico responsável pela locomoção do
mesmo é o micromotor DC. Seu funcionamento é
baseado em princípios de conversão eletromagnética
de energia, onde a ação de giro da armadura, ou
rotor, é dada pela corrente que percorre as bobinas de
campo do motor, também denominadas de polos.
Com isso, para a movimentação efetiva do robô,
deve-se conhecer princípios de funcionamento de
máquinas elétricas (para o acionamento do Figura 2. Diagrama esquemático do modelo real de funcionamento
micromotor), de microeletrônica (para a inversão do do micromotor DC (Patané, 2008).
sentido de giro) e de sistemas de controle (para o
controle da velocidade). Além dessas novas variáveis apresentadas na Figura
2, considera-se ainda na Equação (2) tanto o torque
2.1 Controle da velocidade Micromotores 𝑇𝐿 [𝑁. 𝑚] da carga em oposição ao movimento,
quanto o torque magnético 𝑇𝑒 [𝑁. 𝑚] no eixo do
A equação de velocidade de um micromotor DC motor. Assim, tem-se:
(Nasar, 1984), representado pela Figura 1, é dada
pela Equação 1. 𝑑𝜔𝑚
𝑇𝑒 − 𝑇𝐿 = 𝐽 + 𝑏𝜔𝑚 (2)
𝑑𝑡

229
A partir da Equação (2), pode-se substituir o torque Conhecendo-se a função transferência que associa a
magnético pela Equação (3), uma vez que este torque é tensão aplicada aos terminais do micromotor com a
proporcional à corrente que percorre a armadura velocidade que será assumida pelo mesmo, através
(Patané, 2008). da técnica de controle proporcional-integral-
derivativo (PID), pode-se aplicar o controle da
𝑇𝑒 = 𝑘𝑡 𝑖𝐴 (3) velocidade de motores a sistemas microprocessados
ou embarcados.
Assim, realizada a substituição e aplicando a
O modo de controle da velocidade e sentido de giro é
Transformada de Laplace, assumindo condições
feito por um CI de ponte H. O circuito integrado com
iniciais não nulas, tem-se a Equação (4) a seguir:
essas funções tem topologia básica conforme Fig. 5.
𝜔𝑚 (𝑠) 1
= (4)
𝐼𝐴 (𝑠)𝑘𝑡 −𝑇𝐿 (𝑠) 𝑠𝐽+𝑏

Portanto, pode-se representar a Equação (4) através


do diagrama de blocos exposto na Figura 3.

Figura 3. Diagrama de blocos da velocidade de rotação (saída) em


função da corrente da armadura (entrada). Figura 5. Circuito de ponte H com controle de velocidade
(Failchild, 2003).

Com isso, da análise circuital da Figura 2, tem-se que


As portas ANDs inclusas tem função exclusiva de
a corrente que atravessa o rotor, no domínio da
controlar a ativação da base dos transistores a partir
frequência, pode ser escrita em função da tensão de
de um sinal PWM (Pulse Width Modulation –
entrada 𝑉(𝑠) e da velocidade do micromotor 𝜔𝑚 :
Modulação por Largura de Pulso), para assim
𝑉(𝑠)−𝐸(𝑠) determinar a tensão media sobre o motor e por
𝐼𝐴 (𝑠) = (5) consequência a sua velocidade e torque. O sinal
𝑅𝐴 +𝑠𝐿𝐴 (𝑠)
PWM é uma técnica utilizada pelo circuito de Figura
Na qual 𝐸(𝑠) também pode ser expresso em termos 5 para controlar, de forma analógica, a velocidade do
da velocidade angular, como representa a Equação motor baseado na função transferência da Equação
(6). (7). Essa técnica consiste na geração de uma onda
𝑒 = 𝑘𝜔 𝜔𝑚 (6) quadrada em alta frequência que pode ser controlada
por meio da porcentagem de tempo que a onda
Portanto, a partir das Equações (4) e (5), pode-se permanece em nível lógico alto. Este tempo é
confeccionar o diagrama de blocos de malha fechada chamado de Duty Cicle e sua alteração provoca
da Figura 4, o qual relaciona as variáveis de interesse mudança no valor médio da onda, variando desde
para controle do micromotor. 0 [𝑉] (0%) a 𝑣𝑚𝑎𝑥 [𝑉] (Cardoso, 2017), como se
observa na Figura 6.

Figura 4. Diagrama de blocos da velocidade de rotação (saída) em


função da tensão aplicada no micromotor (entrada).

E assim, pode-se escrever a função transferência


𝐻(𝑠), na Equação (7), que relaciona a tensão
aplicada aos terminais do micromotor com a
velocidade assumida pelo mesmo.

𝜔𝑚 (𝑠)
𝐻(𝑠) =
𝑉(𝑠)
𝑘𝑡 (7)
𝐽𝐿𝐴 Figura 6. Modulação da largura de banda de um sinal e Duty Cycle
𝐻(𝑠) =
𝑅 𝑏 𝑅 𝑏 𝑘𝑘 relacionado com o comando analógico variável.
𝑠2 + ( 𝐴 + ) 𝑠 + ( 𝐴 + 𝑡 𝜔)
𝐿𝐴 𝐽 𝐽𝐿𝐴 𝐽𝐿𝐴

230
𝑖𝑚𝑎𝑥𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎
Para o entendimento do objetivo principal da ponte 𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 = (8)
H, que é inverter os sentidos de giro do motor a partir 𝑖𝑚𝑎𝑥𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎

da inversão do sentido da corrente que flui pelo


enrolamento do estator do motor e gera o campo Na qual tem-se da Equação (8), que 𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 representa
magnético necessário a criar uma força magnética o tempo total do robô ligado com corrente de carga
capaz de criar dipolos magnético com momento máxima. Para situação de combate é possivel estimar
angular suficiente para girar o rotor utiliza-se a empiricamente a partir de dados estatísticos o tempo
simplificação da Figura 7. médio de consumo máximo de corrente e consumo
médio de corrente quando em combate, e calcular a
quantidade de fornecimento necessária para uma
seção de partidas.
Pode-se otimizar a escolha de bateria adequada a fim
de reduzir a porcentagem de peso ocupada pelas
baterias em função do peso total do robô para que
seja distribuido em outros componentes, como
reforço estrutural, motores mais fortes, entre outros.
Além dos micromotores utilizados para a locomoção
do sistema robótico, foram também utilizados para a
interface com o mundo externo, sensores de
Figura 7. Simplificação esquemática da ponte H. infravermelho (IR – infra red) com o objetivo de
identificar objetos próximos.
As chaves S1 e S2 são controladas pela mesma
entrada IN1. As chaves S3 e S4 também são ambas Os sensores de IR são um tipo de sensor ótico. Estes
controladas por outra entrada IN2. Ambas as entrada usam ondas eletromagnéticas para detectar objetos,
IN1 e IN2 depende da ativação de um ENABLE. O funcionando por meio de dois componentes
circuito pode funcionar em quatro situação distintas. principais: o emissor e o fotodetector.
Quando IN1 está nível alto e IN2 está em nível Os LEDs (diodos emissores de luz) são diodos
lógico baixo, as chaves S1 e S2 estão fechadas e as semicondutores que emitem luz quando em condução
chaves S3 e S4 estão abertas, assim flui corrente no e estes têm seu funcionamento dado por meio de
micromotor no sentido da esquerda para a direita, o pulsos de sinal. Isto é feito para que o sensor não seja
que induz ao rotor girar em sentido horário. afetado pela luz do ambiente.
Na situação em que IN1 está em nível lógico baixo e O fotodetector é o responsável por detectar esta luz
IN2 está em nível lógico alto, as chaves S1 e S2 pulsante enviada do LED, sendo que os dois são
estão abertas e as chaves S3 e S4 estão fechadas, o regulados para operarem na mesma frequência de
que faz fluir corrente no sentido da direita para oscilação para a detecção e comunicação dos pulsos,
esquerda no motor, fazendo com que este gire no chamada de frequência de modulação. Por fim,
sentido anti-horário. Quando IN1 e IN2 estão em contudo de igual importância aos sensores IR e que
nível lógico baixo, ambos os terminais de desempenha basicamente a mesma função, deve-se
alimentação do motor estão em circuito aberto, e o fazer o estudo do funcionamento do sensor
motor não receber alimentação. ultrassônico.
E por fim, quando IN1 e IN2 estão em nível lógico Este baseia-se na emissão de sinais ultrassônicos, por
alto, todas as chaves estão fechadas e o motor recebe meio de pequenos pulsos de alta frequência, pelo
tensão alta nos seus dois terminais e assim o rotor do emissor, fazendo, assim, ondas sonoras se
motor é parado pela força magnética imposta propagarem no meio em questão. Quando este pulso
bruscamente, impedindo que gire. atinge um objeto, um sinal de eco (onda sonora de
retorno) é refletido ao receptor do sensor e a
Além da questão do controle da velocidade e sentido distância entre o sensor e o objeto pode então ser
de giro, nos motores, ainda é necessário o calculada através da Equação (9).
conhecimento energético de funcionamento dos
mesmos. Para entendimento do consumo de energia 𝑡𝑒𝑐𝑜 𝑣𝑠𝑜𝑚
𝑑= (9)
do robô faz-se necessário a aplicação de conceitos de 2
circuitos elétricos e dispositivos eletrônico.
Onde 𝑑 [𝑚] é a distância do sensor ao objeto, 𝑡𝑒𝑐𝑜 [𝑠]
Dada o consumo de corrente do motor utilizado com é o tempo de retorno da onda sonora e 𝑣𝑠𝑜𝑚 [𝑚/𝑠] é
carga máxima, é possível determinar a capacidade a velocidade do som (constante). Um esquemático do
energética do robô para situações extremas conhecida envio e recepção das ondas sonoras pelo sensor
sua tensão de alimentação. As baterias em geral ultrassônico pode ser observado na ilustração
fornecem sua capacidade em unidade de corrente por apresentada na Figura 8.
hora, facilitando os cálculos, assim:

231
A confecção da peça de acrílico foi realizada,
inicialmente, tomando-se todas as medidas
necessárias para o perfeito encaixe e adequação aos
10x10 cm estabelecidos pelas regras desta categoria
de robô. Feito isso, todos os cantos da peça foram
esquadrados, cortados e depois limados para um
Figura 8. Princípio de funcionamento do sensor ultrassônico
melhor acabamento. Para a confecção dos furos, foi
(Mota, 2017). utilizada uma furadeira de bancada e dois diâmetros
de brocas distintos a fim de realizar o furo de 2 mm
de diâmetro e o furo de 16 mm de diâmetro.
3 Materiais e Métodos A elétrica/eletrônica do robô é composta por um
Arduino Nano, uma versão para ser acoplada a uma
A construção do robô se divide em três vertentes protoboard com uma porta USB disponível para
básicas: mecânica, elétrica e de programação. A gravar a programação desenvolvida da própria IDE
composição física do robô se baseia no Zumo da do Arduino. Ele é a menor versão e a mais completa
Pololu, uma plataforma robótica personalizável que das placas Arduino, foi desenvolvido e é produzido
tem menos de 10 cm em cada lado, permitindo que pela Gravitech. Suas características elétricas
seja qualificado para competições de Mini Robô de principais estão disponíveis na Tabela 1.
Sumô.
Tabela 1. Características Elétricas do Arduino Nano.
A parte principal do corpo é composta de
Microcontrolador Atmel ATmega328
plástico ABS negro e tem um compartimento para 4
Tensão de operação (nível 5V
pilhas AA e encaixes para dois micromotores logico)
metálicos. Ele é enviado como um kit com duas Tensão de entrada (recomendada) 7-12 V
faixas de silicone, duas rodas livres, duas
Tensão de entrada (limites) 6-20 V
engrenagens de transmissão, uma tampa de acrílico e
Pinos digitais I/O 14 (6 com PWM)
peças para montagem, conforme Figura 9.
Pinos de entrada analógica 8
Corrente contínua por pino I/O 40 mA
Memória Flash 16 KB
SRAM 1 KB
EEPROM 512 bytes
Velocidade de Clock: 16 MHz
Dimensões 0.73" x 1.70"

Para sensoriamento do ambiente são utilizados dois


sensores do tipo Ultrassônico HC-SR04 dispostos na
parte dianteira do robô com objetivo de localizar
objetos dispostos frontalmente ao robô a partir do
Figura 9. Plataforma Zumo da Pololu (Pololu, 2017). monitoramento constante da distância desse. Há
também três sensores do tipo infravermelho com
Essa plataforma não possui espaços predefinidos resposta digital da presença ou não de objetos, dois
para disposição dos sensores e sistema desses são dispostos lateralmente (FC-51 IR) para
microprocessador para controle do robô, assim, há a identificação de inimigo na arena atacando as rodas
adição de uma peça em acrílico para suporte dos do robô e um infravermelho utilizado na parte
sensores, driver de controle do motor e sistema inferior (TCRT5000) para identificar a borda branca
controlador, essa peça é fixada no chassi Zumo com da arena a fim de tomar alguma atitude que evite que
um eixo roscado de 2mm de diâmetro, como o robô saia da arena, técnica em geral utilizada em
observa-se na Figura 10. robôs seguidores de linha. Todos os sensores são
utilizados para competição no modo autônomo.
Para controlar manualmente o robô de modo remoto
utiliza-se tecnologia de transmissão de informação
Bluetooth acoplando ao sistema por um módulo HC-
06 configurado como slave, que faz o papel de enviar
as informações recebidas do celular ao
microcontrolador por comunicação serial.
Devido ao caráter educacional do projeto, para
desenvolvimento do aplicativo celular para Android
utiliza-se o ambiente de desenvolvimento de
aplicativos App Inventor 2.
Figura 10. Peça em acrílico confeccionada.

232
Uma plataforma web de código aberto desenvolvida Já, o segundo teste para averiguação e verificação da
pela Google e, atualmente, mantida pelo Instituto de eficiência autônoma do robô, ou seja, o tempo de
Tecnologia de Massachusetts (MIT). Essa plataforma duração de seu funcionamento baseia-se na
permite que pessoas com conhecimentos básicos de verificação do tempo necessário para a saturação do
programação criem aplicativos baseados no sistema fornecimento de tensão pelas pilhas AA, aos
operacional Android OS, e que podem ser micromotores, a fim de verificar a eficiência
executados dispositivos móveis: telefones celulares, energética autônoma do robô.
tablets, relógios, TVs etc. O App Inventor, através de
uma interface gráfica amigável, permite aos usuários Para controlar o motor com o Arduino a partir de
arrastar e soltar objetos visuais para criar aplicativos. sinais digitais utiliza-se o driver LN298, construído
para controlar cargas indutivas como relés,
O desenvolvimento da lógica do aplicativo (que usa
solenoides, motores DC e motores de passo. Com
peças do tipo de um quebra-cabeças e gaveta de
este Driver Ponte é possível controlar
recursos) foi baseada em teorias de aprendizagem
independentemente a velocidade e rotação de 2
construtivistas permitindo sua utilização na educação
motores DC ou 1 motor de passo, assim como o
desde crianças até universidades. Através de
sentido de giro. A Tabela 3 descreve as
aplicativos simples são descritos os principais
características elétricas do driver de motor LN298.
módulos de interface e blocos de controle. Primeiro
de forma isolada e depois de forma integrada em Essas informações são importantes para suprir as
aplicativos mais complexos. necessidades de corrente e potência do motor além
A movimentação do robô é feita por um sistema de da possibilidade de poder computar a porcentagem
deslocamento composto por dois micromotores com do peso total do robô constituída pelo driver.
caixa de redução em engrenagens de metal 50:1 HP
da marca Pololu Robotics & Eletronics, as suas Tabela 3. Características elétricas Driver do Motor.
especificações elétricas são exibidas na Tabela 2. Tensão de Operação 4~35V
Chip ST L298N
Tabela 2. Especificações do motor DC. Corrente de Operação Máxima 2A por canal ou 4A
Tensão 6V Tensão lógica 5V
Tipo de motor Alta performance (HP) Corrente lógica 0~36mA
Corrente de Bloqueio 1600mA Limites de Temperatura -20 a +135°C
Velocidade sem carga 625 RPM Potência Máxima 25W
Torque aproximado 15 oz-in Dimensões 43 x 43 x 27mm
Peso 30g
A corrente de bloqueio é a corrente máxima quando
o motor está aplicando seu torque máximo, seja Além dessas informações, da consulta do datasheet
porque está sendo impedido de se mover do CI verifica-se a tensão de saturação dos
completamente ou porque não pode mais acelerar, transistores da ponte H que variam de um valor típico
dada a carga em que se encontra. Essa informação é de 1,7V à máximo de 2,3V. Dessas informações, o
essencial para dimensionamento da capacidade de fornecimento de energia é feito por 6 pilhas AA da
fornecer corrente da fonte de alimentação e da marca SONGPUS de NiMH recarregável com
escolha apropriada do drive para controle de capacidade de fornecimento de 4700mAh.
velocidade e sentido de giro do motor. Além disso,
observa-se que o torque máximo do robô deve ser Sendo assim, apresentados todos os componentes
compatível com as necessidades da categoria de luta utilizados para a confecção do robô, observa-se,
escolhida. então, na Figura 11 o diagrama esquemático de
Tendo o robô 0,5kg a escolha de motor com ligação dos mesmos (a) e a montagem com as
aproximadamente 1,08kg/cm cada permite força ligações feitas no robô físico expostas (b).
suficiente para suportar o próprio peso do robô e
empurrar o oponente. Sendo assim, foram realizados Conforme explicitado na Seção 3, Materiais e
dois testes energéticos para poder efetuar a Métodos, foram realizadas duas diferentes
adequação correta das fontes de alimentação ao metodologias experimentais de testes energéticos,
sistema robótico: o primeiro para a escolha da visando a melhor performance e eficiência do
melhor fonte de alimentação para funcionar com os sistema robótico.
motores e o segundo para verificação da eficiência
autônoma por meio de teste de duração. Dessa forma, primeiramente foi realizado um teste de
O teste para a escolha da melhor pilha para a duração de tempo da tensão provida pelas 6 pilhas
utilização com o sistema robótico consiste no AA ligadas em série, ao suportar um torque de carga
monitoramento. Com o auxílio de um multímetro, da máximo 𝑇𝐿𝑚𝑎𝑥 nos micromotores. O teste foi
tensão nos terminais do motor em função da variação realizado até a completa parada dos motores, visando
de tensão de entrada fornecida por diferentes pilhas buscar a autonomia máxima esperada de 1h27min, de
AA, buscando-se verificar a corrente drenada pelos acordo com a Equação (8).
micromotores do robô em seu funcionamento, Portanto, a partir dos dados coletados, foi construído
monitorando-a também, através de um multímetro. o gráfico exposto na Figura 12.

233
Com isso, pode-se estimar uma aproximação teórica
do tempo total de funcionamento do sistema robótico
em situações de carga máxima, onde 𝑡𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿 ≅
57 𝑚𝑖𝑛. Sendo que este valor representa 65% do
tempo de autonomia máxima em situações não
extremas, de torque moderado sobre as rodas do
robô. Contudo, verifica-se que o tempo de
amostragem da Figura 12 é menor que o tempo total
aproximado. Isto se dá pelo fato de que, quando foi
atingido 𝑡 = 180 𝑠, os micromotores pararam
totalmente o seu funcionamento devido ao
superaquecimento.
(a) O calor gerado pela tentativa de rotação do motor em
meio à carga máxima, gerou dilatação dos
componentes internos ao micromotor (como suas
engrenagens da caixa de redução), o que resultou na
sobrecarga do motor, fazendo com que o mesmo
interrompesse seu funcionamento. Assim, constatou-
se que o calor gerado pelo uso em situações extremas
do motor é uma variável que deve ser considerada
em seu funcionamento autônomo. A Figura 13 a
seguir, mostra a imagem térmica obtida dos
micromotores após o uso dos mesmos sob condição
extrema de carga máxima.

(b)
Figura 11. (a) Diagrama de ligações relacionando todos os
periféricos do robô. (b) Ligações e construção para demonstração
representativa das ligações do robô físico.

4 Resultados e Discussões

Figura 13. Imagem térmica dos dois motores, a aproximadamente


30 °C, após realização do teste de duração.

Além do teste de duração, foi realizado também o


teste de verificação da eficiência necessária
proveniente das pilhas, variando-se a tensão de
entrada no sistema robótico e observando a tensão
nos terminais do robô a fim de verificar a tensão de
entrada exigida para o melhor funcionamento,
Figura 12. Gráfico da tensão aplicada pelas pilhas em duas conforme as especificações da Tabela 2.
situações distintas: sem carga (VF), ou seja, com 𝑇𝐿 = 0 e com Dessa forma, variando-se a tensão nos terminais de
carga máxima (VL), com 𝑇𝐿 = 𝑇𝐿𝑚𝑎𝑥 .
entrada, obteve-se o gráfico exposto na Figura 14, o
qual relaciona esta primeira tensão, com a tensão de
Da Fig. 12 observa-se inicialmente que, quando o funcionamento do motor.
robô está livre de carga para se locomover, a tensão
inicial provida pelas pilhas é perto dos 8 V
teoricamente esperados, entretanto, quando aplicada
a carga máxima, esta tensão cai significativamente a
um valor que varia em torno de 6 V. Este fato é dado
por conta do aumento do torque externo ao motor,
que acarreta em uma maior drenagem de corrente
pelo mesmo, fazendo, assim, o valor da tensão decair
abruptamente. Adicionalmente, observa-se (Fig.12)
também que após 3 min (180 s) com a carga máxima
aplicada nos motores, a tensão nominal das 6 pilhas
para a situação sem carga decaiu linearmente a um Figura 14. Gráfico da variação da tensão sobre os terminais de
valor de ,23 V, ou seja, 5,24% menor do que o valor funcionamento do micromotor DC, em função da tensão de
inicial de tensão fornecida pela pilha. entrada de alimentação do sistema robótico.

234
Observa-se, portanto, da Figura 15, que a tensão Além destes testes físicos, foram realizados alguns
ideal para o funcionamento dos motores coincidindo outros testes por meio de simulação em software de
com aqueles especificados na Tabela 2, é a tensão de simulação ISIS Proteus 8 Professional. É composto

7,63 V, que acarreta em uma tensão de 6,04 V sobre por dois sensores ultrassônicos cuja variação de
os terminais dos micromotores. Ainda da Figura 15, distância é equivalente a uma dada pela variação de
tem-se que a relação entre as tensões provida da pilha tensão em um terminal inexiste no componente real.
e sob os terminais do motor é dada de maneira linear, Para correto funcionamento é necessário carregar um
sendo que, observa-se pelos dados da Tabela 4 (que arquivo hexadecimal no componente SONAR.
relaciona os valores das duas tensões) que há uma Variando a resistência em um potenciômetro simula-
queda de tensão de 1,5 V, devido aos 2 transistores se a variação da distância real na prática. Para efeito
presentes no CI L298N de ponte H, como pode ser de simplificação e verificação de funcionamento, os
verificado da Literatura. sensores infravermelhos foram substituídos por
emissores de sinal lógico.

Figura 15. Simulação do circuito completo do robô no software ISIS Proteus 8 Professional.

Tabela 4. Tensão sob os terminais do motor em comparação com a


Nos drives dos motores utilizados, já se encontram os
tensão de alimentação do robô.
diodos de proteção dos motores DC, no entanto, na
Vpilha Vmotor simulação, foram feitas as adições dos diodos, assim
[V] [V] como do CI L298 de ponte H.
0 0
Para verificação do correto funcionamento da lógica
0,76 0 aplicada ao microcontrolador analisa-se o sentido de
1,34 0,06 giro dos motores através de animações na simulação
1,87 0,31
e aplicação de uma carga para análise do aumento
gradativo na velocidade dos motores através da
2,56 0,96 variação no sinal PWM das saídas D5 e D6 do
3,21 1,56 Arduino nano.
4,13 2,62 Foi realizada ainda a verificação dos níveis lógicos
5,67 4,07 impostos pelas tensões de saída dos sensores
6,25 4,62 infravermelho e da distância medida pelo sensor
ultrassônico em um monitor serial do simulador para
7,23 5,65
comparar as saídas dos motores com os valores
7,63 6,04 medidos pelos sensores, conforme Figura 16.
Essa observação constante da variação dos sinais dos
A biblioteca do Arduino Nano foi incluída para sensores é importante para verificação do correto
simulação no Proteus. Esse componente é capaz de funcionamento da lógica empregada em função das
ser carregado com o arquivo hexadecimal gerado na
entradas para definir os valores de saída dos motores.
compilação no programa pela IDE do Arduino.

235
Além dos ataques laterais, outra situação crítica a ser
evitada é a saída da arena por movimentos causados
pelo próprio robô. Para evitar que isso ocorra utiliza-
se uma interrupção capaz de fazer o robô tomar uma
atitude imediatamente após verificação da faixa
branca da arena. Movendo-se para direção contraria.
O pseudocódigo para lógica empregada no controle
manual do robô por Bluetooth é verificado como
segue:

Função principal
letra caractere = leitura da serial;
Se caractere = 'f'
Figura 16. Monitor serial virtual do Proteus ISIS. Então
Robô anda para frente lento
A lógica embutida na programação é descrita Fim
Se caractere = 'r'
simplificadamente em pseudocódigo, a seguir:
Então
Função principal
Robô anda para trás lento
leitura e armazenamento dos valores dos sensores
Fim
Se infravermelho esquerdo ou direito em nível alto
Se caractere = 's'
Então
Então
Robô para frente rápido
Robô freia
Fim
Fim
Senão
Se caractere = 'd'
Se (sonar1 <= 80 e sonar2 <=80) e |sonar1 -
sonar2| <= 5 Então
Então Robô anda para direita rápido
Robô frente com velocidade gradativa Fim
Fim Se caractere = 'e'
Fim Então
Exibe leitura dos sensores por comunicação serial Robô anda para esquerda rápido
Fim principal Fim
Função interrupção Espera um tempo
Robô para trás rápido Fim principal
Espera um tempo
Se flag = 0 A leitura de um caractere do Arduino Nano enviado
Então na Serial pelo modulo Bluetooth gera um movimento
Robô vira para esquerda correspondente de acordo com letra adequada.
Senão A interface do aplicativo exibida para o usuário é
Robô vira para a direita apresentada na Figura 17. A escolha das disposições
Fim dos botões é baseada do sistema das setas do teclado
Espera um tempo de um computador, de modo a tornar intuitivo o
Robô para frente lento controle manual.
Fim Além dos botões de movimentação, são necessários
botões adicionais de procura e conexão com o
A estratégia adotada consiste basicamente em atacar dispositivo celular com sistema operacional Android.
o adversário apenas em situação ideal, quando esse é
identificado pelos sensores ultrassônicos dianteiros.
Situações como ataque lateral do oponente são
evitadas com movimento de fuga para frente em
velocidade máxima permitida. O exclusivo ataque
frontal é adotado para que os ataques ocorram
quando o robô já está com sua velocidade elevada, a
fim de aproveitar a agilidade além do torque
oferecido.

São evitadas leituras de distância maiores que o


diâmetro máximo da arena, impedindo que o robô
identifique algum objeto fora da arena e resolva
ataca-lo.
Figura 17 – Interface exibida ao usuário.

236
A programação da parte lógica é feita pela conexão 6 Referências Bibliográficas
de blocos lógicos com funções de especificar a parte
de conexão com o Bluetooth é exibida na Figura 18. Levi C. A. Pereira. Elionai G. A Sobrinho
(2013).Método de Desenvolvimento de um Robô
Movel Diferencial.
H. R. Everett. (1995). Sensors for Mobile Robots:
Theory and Aplications. A K. Peters.
RoboCore (2008). Regras competição Mini Robô de
Sumo.https://www.robocore.net/upload/attachme
nts/robocore__regras_sumo_165.pdf. Acesso em:
02/10/2017.
Arduino, 2017. Características elétricas Arduino
Nano. https://www.arduino.cc/. Acesso em:
02/10/2017.
Nasar, A. S (1984). Máquinas Elétricas. AMGH.
Porto Alegre.
Patané, E. J (2008). “Implementação de Controle de
Velocidade em Malha Fechada para Motores de
Figura 18. Diagramas de blocos da programação do aplicativo em
blocos. Corrente Contínua Utilizando Sistema de
Aquisição de Dados” – Escola de Engenharia
A função lógica de cada bloco é exibida de acordo Mauá, CUIMT.
com sua cor construtiva, os blocos roxos indicam Cardoso, D.; Mota, A. e Lobo, I (2017). Ponte H
procedimentos, como de comunicação por Bluetooth, L298N – Controlando a velocidade de um motor
os blocos beges indicam controle, por lógica de DC. Acesso em:
verdadeiro ou falso, por exemplo. Os blocos roxos <https://portal.vidadesilicio.com.br/pon te-h-
são as labels e por fim os blocos verdes indicam l298n-controle-velocidade-motor/>,01/out/2017.
ações lógicas. Mota, A (2017). Sensor Ultrassônico HC-SR04.
Acesso em: < https://portal.vidadesilicio.com.br/
sensor-ultrassom-hc-sr04/>, 02/out/2017. 8
IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 9, No. 4,
5 Conclusões pp. 1942- 1948.
Failchild (2003). Datasheet. L298D. Acesso em:
Com a realização do presente projeto, foi possível 02/10/2017. 9.
verificar tanto teórica quanto empiricamente a Pololu (2017). Componente Chassi Zumo Pololu.
interdisciplinaridade que acarreta a confecção de um https://www.pololu.com/product/1418. Acesso
sistema robótico. Durante a confecção do mesmo, em: 02/10/2017 10.
foram aplicados conceitos de sistemas
microprocessados, envolvendo conhecimento de
hardware e programação do microcontrolador
Arduino; conceitos de dispositivos microeletrônicos
que compõe os CIs utilizados e sensores; e conceitos
de conversão eletromecânica de energia, com a
utilização de micromotores DC.
No desenvolvimento do robô, foram encontrados
diversos problemas, tanto físicos, como a questão de
autonomia energética, fornecimento de corrente
drenada pelos micromotores e alocação de todos os
sensores no espaço 10x10 cm delimitado pelas regras
desta categoria, quanto problemas de software, visto
que o funcionamento adequado dos sensores teve
uma maior atenção por serem dispositivos periféricos
extremamente sensíveis às interferências externas.
A solução dos problemas físicos encontrados foi
dada através de testes de tensão, onde foi analisada a
melhor fonte de alimentação a ser utilizada pelo seu
custo benefício foram 6 pilhas AA de 4700 mAh. Já,
quanto ao fornecimento de corrente aos
micromotores, foi adotado o módulo L298N, ao
invés do Shield de motor baseado no CI L293. Por
fim, para a alocação dos sensores, foi projetada uma
plataforma em acrílico.
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