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I- Introdução
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promover os objetivos principais do universo económico – também se retira do artigo
101º da CRP. Num sentido mais restrito, este princípio pode ainda ser entendido como
estreitamente respeitante à regulação do mercado – e a criação nele de condições
ótimas de encontro entre a oferta e a procura com elevados padrões de transparência
e informação – artigo 81/f) CRP.
Decorrência deste princípio, mas com algum conteúdo próprio é o princípio da
transparência. Este princípio visa assegurar a existência de informação completa,
verdadeira, atual, clara e objetiva acerca dos valores mobiliários, uma vez que só assim
o seu valor é percetível. Este princípio tem vários níveis de regulamentação: num
primeiro patamar a regulação da informação prestada por todos os agentes com vista a
diminuição das isometrias informativas. Num segundo patamar relativo ao Direito das
Sociedades Comerciais a regulação do direito à informação dos sócios na sua relação
com a sociedade.
Também decorrente do princípio da eficiência há que referir o princípio da
correta conformação dos preços de mercado. Os preços devem ser formados indo de
encontro as melhores condições de encontro entre a oferta e a procura, no âmbito de
uma informação simétrica. O artigo 379º CVM vem punir criminalmente quem divulgue
informações falsas, incompletas, entre outros.
O quarto princípio a apontar é o do equilíbrio entre a defesa do mercado e a
defesa dos investidores. Sem segurança não haveria mercado, sendo assim necessário
garantir que há confiança no mercado para este funcionar. Contudo, se em geral a tutela
de investidores protege o mercado e o seu funcionamento depende disto, por vezes
pode haver o resultado inverso – a defesa de um grupo específico de investidores não
ser confluente com o interesse do mercado. Por esse motivo é necessário conjugar os
dois interesses e equilibra-los.
Ao nível institucional registam-se os princípios da exclusividade (nas atividades
de intermediação) – artigo 289º/2- que dispõe que só os intermediários financeiros
podem praticar esta atividade de forma profissional.
Ao nível do DVM puro há a referir o princípio da desformalização – isto é, o uso
de atos simples, formas pouco exigentes, permitindo processos mais céleres. E ainda
uma forte abertura a sistemas alternativos, como se comprova pelo artigo 7º/1.
Também o princípio da desmaterialização – a possibilidade de se recorrer a suportes
automáticos e eletrónicos para representar valores mobiliários.
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2.3. DVM e D. Sociedades Comerciais
Ramo com grandes proximidades dado o protagonismo das próprias sociedades
no DVM. Forte relevância nas áreas da emissão e distribuição de valores mobiliários.
A principal diferença é de perspetiva: no DSC a perspetiva fundamental é da
sociedade e do sócio, enquanto que no DVM a referência é a defesa do titular dos
valores mobiliários e do mercado.
3. As Fontes
Ao nível das fontes internas destacam-se: o CVM- a fonte mais relevante para o
ramo; os regulamentos da CMVM, e há ainda alguma legislação avulsa relativa a valores
mobiliários, e ainda alguma a propósito das contraordenações.
Ao nível das fontes externas a especial relevância vai como não poderia deixar
de ser para as fontes comunitárias: por um lado a aproximação da legislação entre os
Estados é um dos objetivos do mercado único, tendo ganho fôlego a partir da década de
70: primeiro relativamente à admissão a cotação e requisitos de informação, depois à
construção de um mercado único de serviços de investimento, e por último, mais
recentemente a uniformização de regras específicas sobre valores mobiliários. Há o
relatório Segré, Livro branco da Comissão sobre o Mercado interno, e um conjunto
alargado de Diretivas.
Há ainda fontes privadas e códigos de conduta – artigo 372º do CVM – isto é
admite-se a existência de autorregulação nalguns casos, dando lugar a uma tradição
anglo-saxónica bem enraizada no sistema financeiro.
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4. Referência breve à evolução histórica do DVM em Portugal
Recuperação da bolsa em 1901 (antes havia sido criada a Assembleias dos
Homens de Negócio, em 1769);
CCom em 1833- definia um conjunto de regras para a bolsa, e novo em 1889
aperfeiçoando-as
DL nº 8/74, de 14 de janeiro visava atualizar as regras existentes, contudo devido
ao 25 de Abril e a suspensão das trocas de valores mobiliários, encerramento das bolsas,
e nacionalizações levou à passagem para segundo plano deste mercado. Mesmo em
1976 quando a bolsa foi reaberta apenas se transacionavam fundos públicos. Até ao
início da década de 80, o volume transacionado é insignificante.
Em total normalidade regressou em meados da década de 80 com a primeira
emissão de ações por subscrição pública, tendo sido acompanhado por outras
entidades, financeiras e não financeiras. O diploma de 74 continua a vigorar e
totalmente desatualizado.
Em 1991 surge o CMVM que já detinha uma estruturação relativamente
semelhante à do atual CVM – regulando tanto o DVM como o Mercado de VM. Teve
como consequência uma enorme destatização da bolsa e desgovernamentação dos
mercados, também a criação da CMVM, desmaterialização dos VM nos termos em que
se aludiu, sistemas integrados de informação, entre outros.
O CVM atual teve como principal objetivo desenvolver o DVM propriamente dito
em vez de se centrar principalmente no mercado. Foi melhor redigido. Também ao nível
do conteúdo houve algumas alterações importantes – situações plurilocalizadas,
reformulação do conceito, conceito de sociedade aberta. Também as associações sem
fins lucrativos que gerem a bolsa passaram a SA tendo depois integrado a Euronext.
1. Instituições do DVM
DVM institucional corresponde à disciplina que regula entidades especialmente
envolvidas na emissão e transação de valores mobiliários.
2. Entidades de supervisão
2.1. Modelos
253º CVM atribui à CMVM a supervisão dos mercados e das ofertas públicas
relativas a valores mobiliários. Sendo por isso quem exerce o principal controlo nesta
matéria. Esta relação de controlo é entre um ente público e um conjunto de atividades
– artigo 359º.
O artigo 101º da CRP refere que o sistema financeiro é estruturado por lei de
modo a garantir captação de poupanças e a aplicação no desenvolvimento económico
e social. Isto demonstra que há preferência por regulação pública em vez de
autorregulação. Esta é a forma como o Estado tem tendência a atuar hoje em dia na
economia em geral, e nos mercados em específico, não enquanto agente direto, mas
como regulador.
A forma como se deve organizar as entidades de supervisão também é um tema
amplamente discutido- uma vez que há grande permeabilidade entre as áreas. Surgiu
assim a vontade de criar um organismo que juntasse as 3 entidades. – Conselho Nacional
de Supervisores Financeiros.
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Conforme também se referiu dá-se primazia à regulação por via de instrumentos
legislativos em vez de autorregulação, dado que a experiência correu mal devido a crises
bancárias, e pelas rápidas alterações no sistema financeiro, designadamente a sua
internacionalização – que criava novas necessidades de proteção dos investidores. Por
último, também devido à harmonização comunitária.
2.2. CMVM
Organismo especializado e profissionalizado de direito público, dotada de
autonomia administrativa e património próprio.
As suas principais atribuições são a regulação e a supervisão.
3. Entidades emitentes
3.1. Sociedades abertas ao investimento público e a modernização do Direito das
Sociedades
O CVM introduziu o conceito de sociedade aberta – 13º/1 estabelece os critérios
para que tal seja considerada. A) aquela que tenha sido constituída com base numa
oferta pública de subscrição (dirigida a pessoas com residência ou estabelecimento em
Portugal); B) a sociedade emitente de valores mobiliários do mesmo modo; C) Sociedade
emitente de valores mobiliários que confiram direito à subscrição ou aquisição que
estejam a ser negociadas em mercado regulamentado; D) sociedade que tenha emitido
ações e que tenha alienado pelo menos 10% em oferta pública de venda ou de troca. E)
Sociedade resultante de cisão de uma sociedade aberta ou que incorpore por fusão o
seu património.
Antigamente existia nos mesmo contornos a sociedade com subscrição pública.
Conforme se pode ver pelo conceito não esgota na sua totalidade as sociedades cotadas
– isto é, aquelas que emitem valores mobiliários admitidos em mercado regulamentado.
Assim há um regime dualista, que por vezes se sobrepõe. Para as sociedades abertas 14º
e ss, e ainda 187º e ss. Para as sociedades cotadas – 244º e ss.
Houve uma evolução devido a um sem número de escândalos de corporate
governance o que motivou uma regulação mais estrita das sociedades cotadas.
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Antes a cotação só seria admitida se houvesse uma percentagem do capital
aberta ao público e de garantir que as respetivas ações pudessem ser transacionadas
normalmente sem flutuações sensíveis dos preços.
As consequências da qualificação seriam em termos de publicidade dos atos -
artigo 167º/2, a questão do regime da OPA obrigatória, regras especiais de eleição de
membros do conselho de administração, e por último a necessidade de estes prestarem
caução – artigo 396º/3.
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c) Quando já decorreu um ano sobre a exclusão da negociação das ações em
mercado regulamentado por falta de dispersão do público.
5. Os intermediários Financeiros
5.1. As atividades de intermediação financeira, serviços de investimento e os
serviços auxiliares.
O artigo 289º CVM distingue três tipos de serviços de intermediação:
a) Serviços de investimento em vm- segundo o artigo 290º a receção e transmissão
de ordens por contra de outrem, bem como a sua execução, gestão de carteiras e a
colocação de OPD.
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b) Serviços auxiliares dos serviços de investimento – registo e depósito das
operações anteriormente mencionadas, concessão de crédito para a sua realização,
consultoria para investimento, bem como sobre estrutura de capital, estratégia
industrial e questões conexas, bem como sobre m&a.
c) Em terceiro lugar, a gestão de instituições de investimento coletivo e o exercício
das funções de depositário de valores mobiliários.
De acordo com o artigo 289º/2 – o princípio da exclusividade apenas os
intermediários financeiros podem exercer as atividades supramencionadas a título
profissional.
6. Os investidores
Também nos artigos 30º e seguintes do CVM se estipularam algumas regras
especificamente dirigidas para os investidores.
Desde logo a distinção entre investidores institucionais e não institucionais –
prevista no mesmo artigo, sendo os primeiros profissionais da atividade financeira. Da
qualificação resultam diferentes graus de proteção.
1
A OPA é uma forma de concentração empresarial pois está intimamente ligada ao controlo da sociedade
emitente de ações – à semelhança do que ocorre com a fusão, ou com o estabelecimento de grupos de
sociedades.
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Em geral estes critérios de indeterminação podem resultar de duas coisas – resultar de uma pluralidade
a priori indefinida de sujeitos – indefinição essa que pode advir da utilização de meios de comunicação
que impliquem um contato potencial com o público, ou de se dirigir a um conjunto de pessoas sem
identificação prévia. Ou seja, mesmo que haja massificação do meio utilizado ela é tida como pública –
critério que vem ser acolhido no número 2.
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destinatários de sociedade aberta3, e um critério quantitativo – destinar-se a um
número superior a 100 pessoas.4 Em sentido contrário são sempre havidas como
particulares aquelas que se destinarem exclusivamente a investidores qualificados e as
ofertas de subscrição dirigidas por sociedades fechadas ao investimento publico, mesmo
que se destine à totalidade dos seus acionistas.5
Esta diferença devia servir mais com base num critério qualitativo que
quantitativo- isto é, aqueles que precisam de maior proteção. Proteção essa que é
combatida com acesso a informação, a prestar pela emitente, mas também com um
papel mais ativo da autoridade de supervisão.
2. Regras gerais67
2.1. Intermediação financeira obrigatória
As ofertas públicas relativas a valores mobiliários em que seja exigível prospeto
devem ser realizadas com intervenção de intermediário financeiro – nos termos do
artigo 113º. Esta intermediação impede a relação direta entre oferentes e adquirentes.
Prestam os serviços de assistência elaboração do prospeto e do anúncio de
lançamento, preparação e apresentação do pedido de registo na CMVM e apuramento
das declarações de aceitação, bem como aconselhamento sobre os termos da oferta –
são assim essencialmente serviços de natureza técnica.
Nos termos do artigo 388º e ss há três tipos diferentes de colocação em mercado
– colocação simples – previsto no artigo 338º, onde o IF se compromete a realizar os
melhores esforços para a distribuição completa dos valores mobiliários; o contrato de
tomada firme – previsto no artigo 339º em que o IF adquire os valores mobiliários e os
coloca por sua conta e risco no mercado; e por último o contrato de garantia de
colocação – previsto no artigo 340º - em que o IF está obrigado a adquirir aqueles que
não tenham sido adquiridos ou subscritos pelos destinatários da oferta.
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Critério que se prende com a qualidade do emitente – coerente com o conceito de sociedade aberta –
o facto de ter o capital disperso pelo público – e se nos dirigimos a ele, então faz sentido que seja pública.
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Em rigor aqui não existe verdadeiramente indeterminação dos sujeitos, daí que seja uma mera
equiparação. Também não se pode extrair que perante um número inferior seja privada.
5
O regime não é aplicável – nos termos do 111º - a uma série de situações, uma vez que em princípio por
lhe serem aplicados regimes próprios.
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Como princípios gerais CÂMARA sugere: princípio da igualdade de tratamento, artigo 112º; princípio da
estabilidade da oferta – do seu conteúdo, no seu processo e de ser irrevogável – artigo 130º.
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Sumário do processo de lançamento: Fase preliminar: polo de confluência de muitos interesses
conflituantes, por exemplo, o oferente para ter sucesso tem de pagar um prémio, comportando um risco
de abuso de informação privilegiada. Daí que haja um dever de segredo – artigo 174º. Anúncio preliminar:
175º - o seu fundamento é prevenir assimetrias informativas. Menezes Cordeiro diz que entre este
anúncio e o de lançamento, ou de registo podem existir cláusulas mais favoráveis e outras menos – teoria
da conexão – apelo a grupos de cláusulas intimamente relacionadas. Relatório da sociedade visada: artigo
181º- dever de o órgão de administração se pronunciar sobre os termos da oferta.
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2.3. Regras sobre publicidade
Há 2 tipos de publicidade – ela pode ocorrer antes do registo ou depois. Artigo
122º - a publicidade prévia só é possível quando a CMVM considera que o registo da
oferta é viável e que da publicidade não ocorrer nenhuma perturbação. O processo da
oferta tem de estar já avançado para que tal possa ocorrer. Em confronto com esta
norma, toda a publicidade subsequente ao registo da oferta está sujeita a aprovação
prévia da CMVM, tendo de obedecer os requisitos enunciados no artigo 7º, deve referir
a possibilidade de existir prospeto posteriormente e estar harmonizada com o seu
conteúdo.
A publicidade relativa à oferta não se pode confundir com a publicidade relativa
à sociedade oferente – neste caso os regimes acima expostos não são aplicáveis, tendo
ainda assim de estar sujeitas ao artigo 7º.
3. OPA
3.1. OPA geral e OPA parcial
O CVM não define OPA, ainda assim pela regulação que faz permite caracterizar
este instituto – também a OPA é uma proposta contratual – também ela uma oferta ao
público, de um contrato de compra e venda ou de permuta (se for uma OPT) que se
caracteriza por ser dirigida à generalidade dos titulares dos valores mobiliários a que ela
se destina. Como é evidente a regulação não incide apenas sobre a proposta contratual
em si, mas a todo o programa que se inicia com essa proposta.
A OPA enquanto processo de aquisição de valores mobiliários surge ladeada por
outros programas contratuais colocados na disponibilidade dos agentes do mercado
para concretizar uma aquisição – aquisição direta ao alienante e em mercado.
Apesar de dirigida à globalidade dos titulares dos valores mobiliários em causa-
artigo 173/1, a mesma pode ter por objeto todas as ações da sociedade visada ou apenas
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Chama-se a este período o prazo da oferta. Em geral a sua fixação cabe ao oferente. Há alguns limites –
exemplo: 183º.
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Artigos 126º/2 e 132º.
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Ver 127º.
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parte delas. Este segundo caso, designado por OPA parcial os destinatários não têm a
certeza se aceitando as ações serão realmente vendidas. Daí que não possa ser aceite
pelo oferente ou entidades mencionadas no artigo 20º.
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As condições podem ser de decisão da oferta (aqueles de que depende o dever de emitir anúncio
preliminar), das condições da eficácia da oferta (aquelas de que depende a celebração do negócio).
Dentro das segundas podem ser de lançamento (aquelas que têm de se verificar até ao registo – exemplo,
autorizações administrativas), ou condições de aquisição (aquelas que se podem celebrar até ao fim do
processo). Podem ainda dividir-se entre legais e voluntárias.
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Para que os interessados possam ter acesso à informação sobre a oferta o
anúncio preliminar é decisivo – artigo 176º impõe um conjunto de elementos que nele
devem constar. Estes elementos podem ser obrigatórios e outros que só os serão, à
data do anúncio se já então forem conhecidos – exemplo intermediário financeiro. Isto
permite aproximar mais o momento da tomada de decisão com o do anúncio preliminar.
O Anúncio preliminar é assim um texto muito simples onde constam os
elementos essenciais – e mesmo que esses não estejam integralmente reunidos.
Admite-se que desde que seja determinável e que os critérios estejam expressos. JBP dá
alguns critérios de determinabilidade: a informação constante do anúncio deverá ser
concreta às circunstâncias a que é aplicável, tão determinado quanto possível,
informação prestada em termos claros, de modo a que a determinabilidade não
dependa de fatores externos. A CMVM deve analisar a informação e garantir que está
tão completa e percetível quanto possível. Faz ainda uma análise de adequação e
determinabilidade.
O anúncio preliminar além de ser publicado deve ser enviado à CMVM- para que
esta tome conhecimento imediato, à sociedade visada, para o mesmo efeito, às
entidades gestoras do mercado, para que esta tome medidas quanto à negociabilidade
dos títulos se assim o entender, nos termos do artigo 175º. Assume assim propósitos
estritamente informativos. A própria CMVM limita-se a receber sem praticar qualquer
outro ato.
Conforme se disse este anúncio desencadeia o processo da OPA – apesar de a
oferta não estar lançada, é o início da tramitação que aí se espera vir a concluir. Produz
alguns efeitos jurídicos: cessa o dever de segredo, 175/2 – obriga a que a oferta final
não seja inferior à anunciada; e a registar a oferta. Desencadeia ainda efeitos nos valores
mobiliários que correspondam ao seu objeto, e à sociedade visada – obrigações do
artigo 181º e limites do 182º. Por último qualquer OPA lançada sobre valores mobiliários
da mesma categoria passa a ser tida como OPA concorrente que detém um regime
específico.
Para que se aceite um limite mínimo e máximo de valores a adquirir é necessário
que conste do anúncio preliminar de acordo com o artigo 176º/2.
A publicação deste anúncio obriga a pedir o registo em 20 dias em termos não
menos favoráveis- princípio da estabilidade da oferta – o conteúdo está limitado, e as
alterações também.
O artigo 124/3 e 4 estipula que as condições têm de cumprir cumulativamente
os seguintes requisitos: ser um interesse legítimo do adquirente; não afetarem o
mercado (em razoável equilíbrio com a anterior), a sua verificação não depender do
oferente, doutra forma o oferente poderia ainda determinar o sucesso da oferta, bem
como modifica-la.
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prévio da sociedade visada. Razões: equidade no pagamento das contrapartidas,
transparência no mercado. As mesmas entidades devem informar diariamente a CMVM
sobre as transações realizadas. Todas as ações que vier a adquirir contam para efeitos
de quantidade mínima como se fossem aceites na oferta.
Se a contrapartida inicial não se mostrar equitativa face aos valores pagos
durante a pendência da oferta, esta pode ser revista pela CMVM – bastante relevante
na OPA obrigatória – artigo 188/1. Fora desses casos só por promoção e decisão da
CMVM.
No que respeita à sociedade visada e aquelas que se encontrem numa relação
prevista no artigo 20º, estas podem adquirir valores mobiliários, desde que cumpram a
disposição do artigo 181º/2a) tendo de informar diretamente a CMVM. 12
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O regime anterior proibia as aquisições – justificava-se um pouco pela ausência de supervisão.
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Antes era do anúncio preliminar.
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No CMVM previa-se ainda a possibilidade de atos serem praticados com a autorização da CMVM a
requerimento da administração da sociedade visada.
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JBP e EA entendem que se houver possibilidade de afetar sociedades dependentes, também sobre as
segundas, incide a limitação.
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A não aplicação do regime justifica-se por um lado, a possibilidade de incorrer em responsabilidade
civil, uma vez que as obrigações já estavam assumidas. As obrigações também de ter o vencimento antes
da oferta. Doutra forma poderiam ser usadas pela Administração para frustrar as expetativas do oferente.
A segunda justificação relaciona-se com o sucesso ou insucesso da OPA já estar atado à vontade dos
acionistas, logo também detêm poder para autorizar a Administração ainda que isso possa comprometer
a oferta. Exige-se que já tenham a oferta concreta- isto é, durante o prazo da oferta, e ainda
suficientemente representativos da estrutura acionista, isto é, que cumpram a maioria qualificada exigida
para a alteração dos estatutos.
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Os objetivos finais da aquisição de valores mobiliários podem ser muito variados
vontade de potenciar um crescimento rápido, ou integrar verticalmente, mas também
poderá ser apenas um meio para aplicar o regime de inibição – face a isto o CVM vem
estipular duas regras: tem de ser superior a um terço, e, nos termos do artigo 182º/5 o
oferente torna-se responsável pelos danos causados se o objetivo for a aplicação da
inibição.
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Anteriormente a lei apenas referia a necessidade de melhorar a oferta, e em 5% caso fosse
relativamente à contrapartida. O que parecia não ser forçoso. Esta solução apontava enormes dúvidas
quanto à praticabilidade de vir a considerar mais ou menos favorável. Face a isto, as demais não
poderão ser diminuídas, apenas melhoradas.
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lançamento e não o anúncio preliminar da oferta. Ou seja, tem de ser anunciada a tempo
de o lançamento poder ocorrer até então. Há aqui três situações possíveis: i) o anúncio
preliminar da oferta concorrente ser publicado em momento anterior ao registo na
CMVM da oferta inicial – e aí os prazos não se alteram, ii) se o anúncio da concorrente
for lançado antes do registo da inicial, e aí há redução dos prazos do 175º e 181º, para
permitir que acabe a tempo, iii) por fim quando já não seja possível de todo, e aí deve
ser indeferido o pedido de registo. Além disto, a oferta concorrente tem de poder
terminar em data coincidente com a oferta inicial, que pode não ser a originalmente
fixada – podendo ser prorrogado o prazo pela CMVM.
O lançamento de uma oferta concorrente tem sempre como consequência a
possibilidade do autor da oferta inicial a rever, de acordo com o artigo 185º-B,
independentemente de o ter feito nos termos do artigo 184º ou não. Devem ser mais
favoráveis em 2%. Segundo a CMVM fazendo-o perde o direito de o fazer nos termos do
artigo 184º. O oferente concorrente não tinha direito a uma nova revisão – havia um
favorecimento da oferta inicial em detrimento da oferta concorrente. Hoje isso já não
acontece. Pode haver uma verdadeira licitação entre os oferentes. Tendo isso em vista,
também faz sentido que os destinatários possam revogar a sua aceitação até ao último
dia.
4. OPA obrigatória
4.1. Enquadramento
Figura criada no direito inglês exatamente pelas mesmas razões que é
consagrada hoje. Por várias vezes foram adquiridos controlos fora de mercado, sem que
esse prémio fosse partilhado por todos os acionistas. Em 1972 já era obrigatória para
quem detivesse 40% dos direitos de voto, tendo sido posteriormente reduzido para 30%.
Em Portugal no projeto de CSC da autoria de Raúl Ventura começam as
abordagens ao problema. Ainda assim era irrelevante dado a inexistência de OPAs.
Depois quando apareceram foram incluídas no CSC. Posteriormente passou para o
CMVM, e com a entrada em vigor do CVM houve uma nova reforma do regime.
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ocorrer que essa situação ainda se verifique hoje em dia. Quer estejam na dependência
de ações detidas ou não se justifica a sua contagem. O esquema da obrigatoriedade
depende essencialmente do voto, daí que faça todo o sentido.
ii) A segunda situação a considerar é a existência de direitos de voto, isto é, se
existir um vote cap prevista no artigo 384/2 do CSC. Aqui podem existir mais problemas
no caso de um acionista deter uma percentagem do capital social que obrigue ao
lançamento da OPA, mas que detenha direito de voto inferiores a essa mesma
percentagem.
iii) A terceira situação a analisar é a existência de ações preferenciais sem voto.
Numa primeira abordagem poderia dizer-se que estes instrumentos não conduziriam a
qualquer alteração em termos de contagem de votos para a obrigatoriedade do
lançamento da OPA. O problema é que estas ações podem vir a conferir direito de voto,
nos termos do artigo 342º/3 do CSC – perante o não pagamento em dois exercícios
sociais dos dividendos prioritários a que tem direito. Perante a mera possibilidade de
isso acontecer não parece razoável contabilizar. O mesmo pode não ocorrer no caso
de, entretanto se materializar em direitos de voto – Raúl Ventura vem dizer que essa
detenção de direitos de voto é meramente transitória, ao contrário da obrigação de
lançar a OPA o que poderá ser demasiado oneroso.
iv) Por último uma situação especial que merece a nossa atenção é a existência de
ações próprias afeta de forma distinta a obrigatoriedade de lançamento da OPA. Para
ALAIN VIANDIER não devem ser suprimidos do conjunto total de direitos de voto – por
um lado porque essa suspensão do exercício do direito de voto, resultante de a
sociedade deter ações próprias é temporária, e por outro lado porque é da natureza do
titular e não do título que resulta a suspensão. JBP discorda- direitos de votos reais não
incluem aqueles que estão suspensos pelas ações próprias.
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obrigar a pôr termo à situação em 120 dias – quando há razões circunstâncias que
provocaram a ultrapassagem do limite pode-se justificar. Se não cumprir deve lançar a
OPA em condições não menos favoráveis que as que lançaria antes da suspensão.
iii) O terceiro grupo é misto – integra tanto dispensas como derrogações. Vigorou
apenas antes da entrada em vigor do CVM.
4.5. A contrapartida
Para não esvaziar o conteúdo útil de uma OPA obrigatória também é necessário
regular as contrapartidas mínimas a oferecer – doutra forma era muito fácil não o
efetivar. O 188º também impõe regras quanto à contrapartida.
Assim, a contrapartida da oferta será em dinheiro, ou mesmo que em valores
mobiliários ser acompanhada de uma alternativa em dinheiro, e nesse caso deve haver
equivalência.
A contrapartida também não pode ser inferior aos seguintes montantes – maior
preço pago pelo oferente nos seis meses anteriores ou do preço médio ponderado
desses valores apurado em mercado regulamentado durante o mesmo período.
Se a contrapartida não puder ser determinada com recurso aos critérios ou se a
CMVM entender que a contrapartida não é justa ou equitativa, essa entidade deve
nomear auditor independente para fixar.18
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Pode acontecer quando por exemplo, não esteja admitido em mercado regulamentado, ou não haja
transações.
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Está em causa a existência de domínio qualificado – 90% do capital social na lei
societária e os respetivos 90% dos direitos de voto – assim podem forçar a aquisição ou
a alienação.
Relaciona-se com a OPA obrigatória – pois só pode ocorrer depois de feita uma
OPA geral.
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