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ANÁLISE DE REDE PARA DRENÁGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS EM

LOTEAMENTOS

¹Alexandre Franco de Camargo


¹Amanda Simões
¹Carlos Alberto Evangelista
²Edgar Manuel Miranda Samudio
¹Lucas Chaves
Universidade São Francisco
edgar.samudio@usf.com .br

1
Aluno de Graduação em Engenharia Civil,Universidade São Francisco; Campus Bragança
Paulista, Ra 001201502386, 001201501132, 001201502401, 001201502670
2
Professor orientador da disciplina de Hidráulica de Canais, Universidade São Francisco;
Campus Bragança Paulista

Resumo. O presente artigo tem o objetivo de analisar o comportamento do das precipitações em


uma rede de tubulação já existente, verificando os seus elementos e sua contribuição para o
funcionamento da rede em situações de máxima vazão.

Palavras Chave: Vazão, precipitação, espelho d’água, velocidade de escoamento

1 INTRODUÇÃO

Primeiramente deve-se o que é microdrenagem, o que é difícil por sinal. Alguns definem
salientando uma área de 120ha e outros definem como o escoamento superficial nas ruas,
as bocas de lobos e as galerias de águas pluviais. Para confundir mais o assunto alguns
definem tubos pequenos como aqueles que conduzem no máximo 0,57m³/s e tubos
grandes quando conduzem mais que 0,57m³/s. Não existe uma definição e conceito aceito
por todos os especialistas.
Conforme Nicklow, 2001 quando a chuva cai sobre uma superfície pavimentada forma
uma camada de água que vai aumentando cada vez mais causando problemas no tráfego
de veículos, causando problemas de aquaplanagem e visibilidade.
Primeiramente devemos esclarecer que não existe norma da ABNT sobre galerias de
águas pluviais urbanas.
Em 1986 foi lançado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), o livro Drenagem
Urbana- manual de projeto, elaborado pela equipe técnica do DAEE. Este livro tornou-se
o padrão brasileiro de drenagem sendo usado até hoje.
No Brasil as galerias de águas pluviais são calculadas como condutos livres com os tubos
trabalhando a seção plena: 2/3D, 0,80D ou 0,83D.
Existem regiões como o County Clark nos Estados Unidos, que usam a água pluvial como
rede pressurizada até o máximo de 1,5m acima da geratriz superior da tubulação. Para a
pressurização é necessário que as juntas sejam estanques ao vazamento ou que pelo menos
suporte até 1,5m de pressão. Assim são usadas juntas elásticas ou juntas especiais. Nestas
redes é comum se calcular os dois gradientes, o hidráulico e de energia de modo que o
gradiente de energia não saia do perfil da vala de escavação.
Para o Brasil podemos considerar como pressurização máxima em tubos de águas
pluviais de 1,20m de coluna de água, o que é o mais recomendado.
Nas redes pressurizadas temos ampliações de rede curvas sem o uso de PVC, mas usando-
se a regra de que os poços de visita estejam no máximo a 120m de distância um do outro.
Mesmo quando se calculam redes pressurizadas existem trechos próximos do lançamento
das águas pluviais como lagos e rios em que o conduto é livre.
O manual de projetos de hidráulica do Texas admite a utilização de galerias de águas
pluviais pressurizadas e em condutos livres, porém recomenda o uso de condutos livres
salientando que o diâmetro mínimo aconselhável de uma galeria deve ser de 600mm.

2 Revisão Bibliográfica

2.1 GRADIENTE DE ENERGIA E HIDRÁULICO

Temos dois gradientes muito importantes em canais e condutos livres e que são o
gradiente de energia e o gradiente hidráulico.

2.1.1 Linha de energia ou gradiente de energia

Para o conduto livre a linha de energia é a altura do em relação a um referencial de nível,


mais a altura do nível de água e mais V²/2g.

𝑽𝟐𝟏
𝑯 = 𝒁𝟏 + 𝒚𝟏 +
𝟐𝒈
2.1.2 Linha de gradiente hidráulico

É a conexão de todos os pontos da superfície líquida do conduto livre é a linha do


gradiente hidráulico conforme Metcalf&Eddy, 1991.

𝑯𝟏 = 𝒛𝟏 + 𝒚𝟏

A linha de energia não poderá ser superior ao poço de visita de uma galeria e nem passar
do nível do terreno.

3 PERÍODO DE RETORNO E ALTURA DA ÁGUA NA SARGETA

Segundo a FHWA, 1996 e Nicklow, 2001 o grande problema em microdrenagem é definir


o período de retorno que se deve adotar e a altura de água que devemos admitir na sarjeta.
Existem locais que devido a travessia de pedestres ou a existência de edifício público que
se deva manter a altura da água baixa. Pode acontecer também que com a subida da água
as linhas das pistas fiquem escondidas aumentando o perigo de desastres.
A velocidade da água e a altura da água levam riscos para veículos, pessoas adultas e
crianças. As pessoas podem escorregar e serem levadas pelas enxurradas causando danos
físicos inclusive a própria perda da vida do pedestre.
A escolha do período de retorno e da altura do nível de água bem como do risco que pode
ser assumido devem ser levados em contas pelo projetista quando dimensionar os bueiros
e as tubulações que irão levar adiante e com segurança as águas pluviais.

3.1 Período de retorno

Em microdrenagem é comum adotar-se períodos de retorno de 25 anos e em


macrodrenagem de 100anos.
Deve-se salientar que mesmo em microdrenagem quando adota-se período de retorno de
25 anos, poderá haver trechos ou ruas em uma cidade em que terá que adotar Tr=50anos.

3.2 Altura de água na sarjeta

No Brasil adotam-se uma altura de 0,13m/ 0,10m comumente e é difícil na prática de se


estabelecer um padrão.
A abertura máxima em uma boca de lobo deve ser de 0,15m.
4 GALERIAS DE ÁGUAS PLUVIAIS NO BRASIL

As galerias pluviais são projetadas como condutos livres para funcionamento a seção
plena para a vazão do projeto. A velocidade depende do material a ser usado.
A velocidade mínima para tubos de concreto deverá ser de 0,65m/s e a máxima de 5,0m/s.
O recobrimento mínimo é de 1,00 m.
Os diâmetros das tubulações comerciais padronizados são é: 0,30m (concreto simples,
não é armado Classe PS-1 da ABNT NBR 8890/2003); 0,40m (pode ser armado); 0,50m
(tubo com armadura Classe PA-2 da NBR 8890/2003); 0,60m (tubo com armadura)
0,80m (tubo com armadura); 1,00m (tubo com armadura); 1,20m (tubo com armadura);
1,50m. (tubo com armadura); Acima de 1,50m usarmos aduelas de concreto.
Existem tubos com junta rígida ou junta elástica. Os tubos comumente usados conforme
a profundidade e a especificação da obra são das Classes: PA-1, PA-2, PA-3, PA-4 e PS-
1
Os comprimentos dos tubos normalmente são de 1,00m, mas podem ser de 1,50m.
Acima do diâmetro de 1,50m usam-se aduelas de concreto padronizadas pela norma da
ABNT NBR 15396. A largura e altura das aduelas variam de 1,00m até 4,0m sendo a
junta de encaixe tipo macho-fêmea.

5 FÓRMULA DE MANNING PARA SEÇÃO CIRCULAR PLENA

𝟐 𝟏
𝐐 = (𝒏−𝟏 ) × 𝑨 × 𝑹𝟑 × 𝑺𝟐
Q= vazão (m³/s);
A= área molhada da seção (m²)
R= raio hidráulico (m);
S= declividade (m/m).

Para seção circular plena R=D/4 temos:

𝟏 𝟐 𝟏
𝑽= × 𝟎, 𝟑𝟗𝟕 × 𝑫𝟑 × 𝑺𝟐
𝒏
𝟏 𝟖 𝟏
𝑸= × 𝟎, 𝟑𝟏𝟐 × 𝑫𝟑 × 𝑺𝟐
𝒏
𝟏 𝟑
𝑫 = [(𝑸 × 𝒏)/ (𝟎, 𝟑𝟏𝟐 × 𝑺𝟐 )]
𝟖
Sendo:
V= velocidade (m/s);
R= raio hidráulico (m);
S= declividade (m/m);
n= coeficiente de rugosidade de Manning;
D= diâmetro do tubo (m);
Q= vazão (m³/s).
6 SARGETÕES

Nos cruzamentos, serão instalados sarjetões necessários, para orientar o sentido de


escoamento superficial das águas. Tal procedimento permite o desvio do excesso de vazão
em determinada rua para outra com capacidade de escoamento superficial ociosa, de
forma a minimizar a quantidade de galerias.

Figura 1- Seções de uma rua.

7 BOCAS DE LOBO

Deverão ser localizadas de maneira a não permitir que o escoamento superficial fique
indefinido, com a criação de zonas mortas. A boca de lobo de concreto típica tem 1,00 de
comprimento com 0,30m de altura e 0,15m de espessura. A abertura começa com 0,10m
e atinge cerca de 0,20m em forma de arco.

Serão consideradas até quatro bocas de lobo em série com capacidade máxima de 50 L/s
cada uma. A locação das bocas de lobo oferece as seguintes recomendações:

a) serão locadas em ambos os lados da rua, quando a saturação da sarjeta o requerer ou


quando forem ultrapassadas as suas capacidades de engolimento;
b) serão locadas nos pontos baixos da quadra;
c) recomenda-se adotar um espaçamento máximo de 60m entre as bocas de lobo, caso
não seja analisada a capacidade de escoamento da sarjeta;
d) a melhor solução para a instalação de bocas de lobo é em pontos afastados a montante
de cada faixa de cruzamento usada pelos pedestres, juntos às esquinas;
e) não é conveniente a sua localização junto ao vértice de ângulo de interseção das sarjetas
de duas ruas convergentes pelos seguintes motivos: os pedestres para cruzarem uma rua,
teriam que saltar a torrente num trecho de máxima vazão superficial; as torrentes
convergentes pelas diferentes sarjetas teriam como resultante um escoamento de
velocidade em sentido contrário ao da afluência para o interior da boca de lobo.

Figura 2- Boca de Lobo.

Uma boca de lobo tem geralmente a largura da guia que é de 1,00m. A outra dimensão
perpendicular a rua é de 0,60m e a profundidade é sempre maior que 0,60m sendo na
maioria dos casos 0,80m ou 1,00m.
As bocas de lobo são construídas em alvenaria de tijolos ou de bloco de concreto
estrutural.

8 POÇOS DE VISITA

O poço de visita tem a função primordial de permitir o acesso às canalizações para efeito
de limpeza e inspeção, de modo que se possam mantê-las em bom estado de
funcionamento.
Deverão atender as mudanças de direção, de diâmetro e de declividade, a coleta das águas
das bocas de lobo, ao entroncamento das diversas galerias (máximo de 4, sendo 3 entradas
e uma saída). Quando a diferença de nível entre o tubo afluente e efluente for superior a
0,70m, o poço de visita será denominado de quebra.
9 CAIXAS DE LIGAÇÃO E TUBOS DE LIGAÇÃO

O lançamento de águas pluviais diretamente na sarjeta é feito muitas vezes em pequenas


propriedades. Algumas cidades americanas adotam que quando o volume for maior que
60L/s que é a capacidade de uma boca de lobo, o lançamento tem que ser feito através de
ligação de águas pluviais ligada diretamente à rede de águas pluviais públicas. No Brasil
não há critério definido e aceito por todos.
A tubulação de ligação da boca de lobo com a galeria de água pluvial é calculada como
se fosse um bueiro. Supõe-se então que o bueiro está afogado na entrada e na saída que é
a pior situação.

9.1 Caixas de ligação

São caixas que recebem os tubos de ligação onde estão as bocas de lobo. São caixas
mortas onde o poço de visita não é visitável. Possuem uma tampa de concreto que pode
ser retirada após o rompimento da pavimentação e escavação.
O objetivo de se fazer as caixas de ligação é a economia no poço de visita, mas a tendência
da mesma é de não ser mais executada e sim um poço de visita.

10 MUROS DE TESTA

Serão construídos no final das galerias, quando estas atingirem os canais a serem
projetados. Aliás, as cotas das galerias que atingirão o muro de testa, deverão ser
verificadas quando os canais forem projetados.

11 SEÇÃO PLENA

A águas pluviais serão calculadas para a seção plena embora a vazão máxima seja a 93%
do diâmetro da secção.
Em canais conforme recomendação da FHWA, 1996 deve se deixar no mínimo 0,15m de
borda livre.
A EPUSP usa 85% da seção plena para dimensionamento de galerias de águas pluviais,
conforme Microdrenagem, Drenagem Urbana de 10/outubro/ 2000.
Algumas cidades do Estado de São Paulo adotam y/D=0,67, igual a instalações prediais
de águas pluviais.
Adota-se para dimensionamento y=0,80D.
12 LOCALIZAÇÃO DAS GALERIAS

A galeria deverá ocupar o meio da rua. O recobrimento mínimo é de 1,00 m. Deve-se


possibilitar a ligação das canalizações de escoamento (recobrimento mínimo de 0,60m)
das bocas de lobo.

12.1 DIMENSIONAMENTO DAS GALERIAS

As galerias serão projetadas sempre que possível em tubos circulares de concreto, com
diâmetro mínimo de 0,60m e máximo de 1,50m dimensionados pela fórmula de Manning
com n=0,0135 ou outro a escolher.

12.2 DECLIVIDADE MÍNIMA DAS GALERIAS

A declividade mínima aconselhável é de 0,5% (0,005m/m) para tubos maiores que


200mm e 1% para tubos menores que 200mm. O Clark County adota 0,25% como a
declividade mínima de uma galeria de águas pluviais. É recomendável que se use a
declividade mínima de 1% (0,001m/m).

12.3 VELOCIDADE NAS GALERIAS

Para as condições de vazão de dimensionamento, as velocidades mínimas deverão ser de


0,60m/s e a máxima de 5,00m/s.. Eventualmente poderá ser usado o limite de 6 m/s,
havendo sempre uma das seguintes justificativas:
- Ruas bastantes íngremes, sendo que a inserção de outros poços de visita, elevará
sensivelmente o custo global do sistema a ser implantado;
- Necessidade de drenar a água pluvial de ruas sem saída, até outras, em cotas mais baixas;
- não obstante, as vazões sejam inferiores as especificadas, as velocidades ultrapassarão
um pouco o valor limite, devido as características intrínsecas dos tubos de seções
circulares.
13 LÂMINAS D’ÁGUA E DEGRAUS

Quando houver aumento de diâmetro de um trecho de galeria para outro, a geratriz


inferior interno do tubo de saída do poço de visita, deverá ser rebaixada a uma altura igual
a diferença entre os diâmetros do tubo maior (saída do PV) e do menor (entrada do PV),
sendo que este desnível não deverá ser maior que 1,50 m, entretanto a Associação
Brasileira dos Fabricantes de tubo de concreto recomenda que o degrau seja no máximo
de 1,20m.

14 VELOCIDADE NA SARGETA

De modo geral a velocidade máxima nas sarjetas é de 3,5m/s podendo chegar até 4,0m/s.
Paulo Sampaio Wilken recomendava o máximo de 3,00m/s. Observa-se que a velocidade
na galeria de concreto é maior que a velocidade na sarjeta.

15 RECOBRIMENTO MÍNIMO

Deverá ser previsto um recobrimento mínimo de 1,00m para as tubulações.


Recobrimentos inferiores eventualmente poderão ocorrer quando houver interferências
com trechos da rede de esgotos, porque na hipótese de se passar abaixo dessas linhas, as
galerias à jusante do ponto seriam excessivamente aprofundadas.

16 PROFUNDIDADE MÁXIMA

Procura-se evitar ao máximo profundidade superior a 4,50m para as galerias.


Eventualmente, em cruzamentos com trechos da rede de esgotos ou em trechos curtos nos
terrenos de elevadas declividades, serão projetadas galerias com profundidade superiores
a esta.

17 TUBULAÇÕES

Os tubos das galerias serão circulares de concreto deverão obedecer a NBR 8890/ 2003
da ABNT para Tubos de concreto de seção circular para águas pluviais e esgotos
sanitários- requisitos e métodos de ensaio. O comprimento pode ser de 1,00m ou 1,50m.
Os tubos Classe PS-1 são de concreto simples e os tubos Classe PA-2 são de concreto
armado.
As larguras das valas dependem da profundidade da mesma.
18 TEMPO DE CONCENTRAÇÃO E VAZÕES DE PROJETO

O tempo de concentração em bacias urbanas é determinado pela soma dos tempos de


concentração dos diferentes trechos. O tempo de concentração de uma determinada seção
é composto por duas parcelas:

𝒕𝒄𝒊 = 𝒕𝒄 × (𝒊 − 𝟏) + 𝒕𝒑𝒊

Sendo:
tc (i-1)=tempo de concentração do trecho anterior;
tpi= tempo de concentração do trecho i.

19 SARGETAS

A sarjeta padrão de concreto tem 1,00m de comprimento, vão livre de 0,80m, altura de
0,30m, largura de 0,15m e altura livre de 0,15m.
Em ruas com menor declividade usa-se somente a entrada de água com a sarjeta, mas em
ruas com maiores declividades é comum se usar também as grelhas ou grades.
Por segurança em ruas com mais declividades são feitas no mínimo bocas de lobo duplas
para garantir o engolimento das águas pluviais.
Nas sarjetas a velocidade máxima deve ser menor que 3 m/s e a velocidade mínima devem
ser maiores que 0,5 m/s (EPUSP, Drenagem Urbana).
As larguras da sarjeta normalmente adotadas são: 0,30 m; 0,40m; 0,45m; 0,50m; 0,60m;
0,90m; 1,00m.
A capacidade de condução da rua ou da sarjeta pode ser calculada a partir de duas
hipóteses:
a) a água escoando por toda a calha da rua;
b) a água escoando só pelas sarjetas.
20 LIMITAÇÕES TÉCNICAS EM PROJETO DE MICRODRENAGEM

21 TEMPO DE ENTRADA

É comum para o tempo de entrada adotar-se 10min em áreas rurais e urbanas.


Akan, 1993 recomenda para áreas de grande densidade populacional adotar tempo de
entrada de 5min, sendo que noutras regiões de 10min a 15min. Para áreas planas com ruas
largas espaçadas uma das outras, recomenda adotar tempo de entrada de 20min até 30min
conforme ASCE, 1970.

22 VAZÃO ESPECÍFICA EM UMA SARGETA

Com o tempo de entrada mínimo de 10min e com a equação da intensidade de chuva e


admitindo-se uma certa profundidade dos terrenos teremos uma vazão específica em uma
sarjeta em L/s x m.
𝟏. 𝟕𝟒𝟕, 𝟗 × 𝑻𝒓𝟎,𝟏𝟖𝟏
𝑰=
(𝒕 + 𝟏𝟓)𝟎,𝟖𝟗
Fórmula da intensidade de chuva devido a Paulo Sampaio Wilken, com Tr= 25anos e
t=tc=10min, sendo:
I= intensidade média da chuva em mm/h;
Tr = período de retorno em anos;
t=duração da chuva em minutos.
23 ELEMENTOS GEOMÉTRICOS

23.1 NÚMERO DE FROUDE

O número de Froude é a relação entre a força da inércia e a força da gravidade no


escoamento. É um número adimensional e muito importante e é através dele que vimos
quando o regime é crítico, rápido ou lento. Se o número de Froude for igual a igual a 1
temos o escoamento crítico e caso seja maior que 1 temos o escoamento rápido e se for
menor que 1 temos o escoamento lento.
𝒗
𝑭=
√𝒈 × 𝒚
Sendo:
F= número de Froude (adimensional)
g= aceleração da gravidade= 9,81m/s²
y= altura da lâmina de água (m)
Deve ser evitado número de Froude entre 0,80 e 1,2 pois haverá muita instabilidade de
nível. Isto é importante em canais, mas não muito importante em galerias de águas
pluviais.

23.2 RELAÇÕES GEOMÉTRICAS DA SEÇÃO CIRCULAR

Até o diâmetro de 2,0m geralmente é usado tubos de concreto de seção circular.

Figura 3- seção circular


Figura 4-Vazão máxima em seção circular que se dá quando y=0,938D

Figura 5-Velocidade máxima em seção circular que se dá quando y=0,81D


O ângulo central 𝜃 (em radianos) do setor circular, pode ser obtido pela seguinte
expressão conforme Chaudhry,1993 p.95:
𝟐𝒚 𝒚
𝜽 = 𝟐𝒂𝒓𝒄 𝐜𝐨𝐬 (𝟏 − ) 𝒐𝒖 𝜽 = 𝟐 𝐜𝐨𝐬 −𝟏 (𝟏 − 𝟐 ( ))
𝑫 𝑫
Sendo:
𝜃 = ângulo central em radianos (rad)
y= altura da lâmina de água (m)
D= diâmetro da tubulação (m)

Conforme Chaudhry,1993 p.10 temos:

A área molhada “A”:


𝜽 − 𝐬𝐢𝐧 𝜽
𝑨 = 𝑫2 ×
𝟖

O perímetro molhado ”P”:


𝜽𝑫
𝑷=
𝟐

O raio hidráulico “R”:


(𝑫⁄𝟒) × (𝟏 − 𝐬𝐢𝐧 𝜽)
𝑹=
𝜽

A corda “b” correspondente a altura molhada é dado por:


𝜽
𝒃 = 𝑫 𝐬𝐢𝐧
𝟐

Conforme Mendonça,1984 Revista DAE SP temos:


 Usando a fórmula de Manning e tirando-se o valor de 𝜽 usando as relações
acima obtemos para o regime uniforme a fórmula para obter o ângulo central 𝜽.
 Observar que o ângulo central 𝜽 aparece nos dois lados da equação, não
havendo possibilidade de se tornar a equação numa forma explícita.
 Daí a necessidade de resolvê-la por processo iterativo, como o Método de
Newton-Raphson. O ângulo central 𝜽 está entre 1,50 rad. ≤ 𝜽 ≤ 4,43 rad. que
corresponde 0,15≤y/D≤ 0,80.

𝟏 𝟎,𝟔
𝟐,𝟐𝟔
𝜽 = 𝐬𝐢𝐧 𝜽 + 𝟐 (𝒏𝑸⁄𝑰𝟐 ) × 𝑫−𝟏,𝟔 × 𝜽𝟎,𝟒

Sendo:
𝜽 = ângulo central em radianos (rad)
y= altura da lâmina de água (m)
D= diâmetro da tubulação (m)
n= rugosidade de Manning (adimensional)
Q= vazão (m3/s)
I= declividade (m/m)

Como se pode ver na equação acima está na formula implícita, sendo impossível de se
separar o ângulo central 𝜽. Usam-se para isto alguns métodos de cálculo: Método de
tentativa e erros, Método da bissecção, Método de Newton-Raphson e Método das
Aproximações Sucessivas.

24 Resultado e discussão

Diante da base teórica esse artigo propõe analisar um projeto já elaborado e


verificar a qualidade e eficiência dos componentes hidráulicos utilizados em projeto.
Diante dos memoriais de cálculo de drenagem (anexo 1) utilizado no projeto em
analise, foi necessário o uso de “degraus hidráulicos” para aliviar a velocidade das
precipitações, as quais utilizando a inclinação natural do terreno excedeu o limite de 5
m/s.
Em projeto foi acrescido 3 poços de visita dos trechos 1.3 ao 1.6 (figura 6 ), os
quais formaram o degrau hidráulico necessário para o projeto estar de acordo com as
normas vigentes.

Figura 6 – Corte Degrau Hidráulico

Analisando o projeto proposto, pode-se confirmar que o elemento hidráulico


utilizado será eficiente e está obedecendo as normas que prevê um desnível máximo de
1,2 metros (figura 7)
Os critérios de segurança para efeito de inspeção de rotina foram considerados,
respeitando limite máximo de 4 metros, evitando assim o uso de equipamento de ar e
aparato de segurança mais oneroso nas visitas de rotina.
Figura 7 – Detalhamento Degrau Hidráulico

25 Conclusão

Os critérios para elementos hidráulicos de drenagem urbana são minuciosos,


afim de manter a eficiência do projeto hidráulico ao longo do tempo estimado de uso.
Pode se afirmar que a observância dessas normas e elaboração correta dos
cálculos para dimensionamento são os pontos cruciais para o bom funcionamento e
eficiência do projeto.
26 Anexos
26.1 Anexo I
26.1.1 Memorial de Cálculo de Drenagem

1-) Cálculo Intensidade de Chuva


1744,9 ∗𝑇 0,181
I=
(𝑇𝑐+15)0,89

Onde:
I=Intensidade de chuva em mm/h
T=Tempo de Retorno em anos
Tc= Tempo de concentração em minutos

Dados do Projeto:

Tc = 15 Minutos
T= 10 Anos

I= 2,14

2-) Vazão de contribuição das Áreas da Bacia 1


Q = 0,167*C*I*A

Onde:
C = Coeficiente de escoamento (RunOff)
I = Intensidade de Chuva em mm/min
A=Área da Bacia em Hectáres

Dados: C
Para área impermeávél = 0,7
Para área permeávél = 0,35

Área Bacias de contribuição:

A1 = 0,8491
A2 = 0,4588
A3 = 0,3578
A4 = 0,9071
A5 = 0,8965
A6 = 0,3602
A13 = 0,1951
Vazão das Bacias de Contribuição

Qc1 = 0,212205
Qc2 = 0,057331
Qc3 = 0,04471
Qc4 = 0,2267
Qc5 = 0,224051
Qc6 = 0,09002
Qc13 = 0,048759

3-) Cálculo Capacidade Hidráulica da Sarjeta


ℎ ℎ∗𝐿 𝐴𝑚
L= Pm=L+h Am= RH=
𝑖 2 𝑃𝑚

Onde:
L = Comprimento de lâmina d'água
i = Inclinação da rua
Pm = Perímetro Molhado
h= Altura da lâmina d'água
Am = Área Molhada

Dados do
Projeto:

h= 0,13
i= 3%

L= 4,33
Pm = 4,46
Am = 0,28
RH = 0,06

4) Calculo Vazão da Sarjeta


1
V= *𝑅𝐻2/3 *√𝑖 Q = V*A
𝜂

Onde :
V= Velocidade
η = Coeficiente de rugosidade da sarjeta
Q = Vazão
A = Área Molhada
5-) Câlculo diâmetro dos Trechos
0,375
𝐷 = (𝜂 ∗ 𝑄𝑐 ∗ 𝑖 −1/2 )

Sendo:

D = Diâmetro do Trecho
η = Coeficiente de rugosidade
Qc = Vazão de Contribuição
i = Inclinação do trecho

Cota Terreno
Trecho Extenção Montante Jusante
1.1 58,55 863,564 862,215
1.2 23,53 862,215 861,495
1.3 30,72 861,495 860,19
1.4 71,3 860,19 848,764
1.5 9,55 848,764 848,5

Diâmetro dos Trechos


Cota Coletor
Ø Ø
Trecho η Qc Extenção Montante Jusante i calculado Projeto
1.1 0,013 0,31 58,55 862,064 860,715 0,023 0,39 0,6
1.2 0,013 0,59 23,53 860,715 859,995 0,031 0,47 0,6
1.3 0,013 0,86 30,72 859,995 858,69 0,042 0,51 0,6
1.4 0,013 0,90 71,3 856,19 847,264 0,125 0,42 0,6
1.5 0,013 0,90 9,55 847,264 847 0,028 0,56 0,6

6-) Cálculo Velocidade da Galeria


1
V= *𝑅𝐻2/3 *√𝑖 RH = 0,2895*D
𝜂

Onde :
V= Velocidade
η = Coeficiente de rugosidade da sarjeta
RH = Raio Hidraulico
D = Diâmetro da galeria
Velocidade da galeria
Trecho RH i η Velocidade Obs.:
1.1 0,1737 0,023 0,013 3,634955109
1.2 0,1737 0,031 0,013 4,189013995
1.3 0,1737 0,042 0,013 4,935727527
1.4 0,1737 0,125 0,013 8,473058463 * 8,47 > 5,0 m/s, Portanto não atende
1.5 0,1737 0,028 0,013 3,981592451

Recálculo da Rede

Cota Terreno
Trecho Extenção Montante Jusante
1.1 58,55 863,564 862,215
1.2 23,53 862,215 861,495
1.3 30,72 861,495 860,19
1.4 17,825 860,19 857,33
1.5 17,825 857,33 854,48
1.6 17,825 854,48 851,62
1.7 17,825 851,62 848,76
1.8 9,55 848,764 848,5

Diâmetro dos Trechos


Cota
Ø Ø
Trecho η Qc Extenção Montante Jusante i calculado Projeto
1.1 0,013 0,31 58,55 862,064 860,715 0,023 0,39 0,6
1.2 0,013 0,59 23,53 860,715 859,995 0,031 0,47 0,6
1.3 0,013 0,86 30,72 859,995 858,69 0,042 0,51 0,6
1.4 0,013 0,90 17,825 856,44 855,69 0,042 0,52 0,6
1.5 0,013 0,90 17,825 853,33 852,58 0,042 0,52 0,6
1.6 0,013 0,90 17,825 850,48 849,74 0,042 0,52 0,6
1.7 0,013 0,90 17,825 847,97 847,26 0,040 0,52 0,6
1.8 0,013 0,90 9,55 847,26 847 0,027 0,56 0,6
Cálculo Velocidade da Galeria - Recalculada
Trecho RH i η Velocidade Obs.:
1.1 0,1737 0,023 0,013 3,634955109
1.2 0,1737 0,031 0,013 4,189013995
1.3 0,1737 0,042 0,013 4,935727527
1.4 0,1737 0,042 0,013 4,912158697
1.5 0,1737 0,042 0,013 4,912158697
1.6 0,1737 0,042 0,013 4,879301079
1.7 0,1737 0,040 0,013 4,779373066
1.8 0,1737 0,027 0,013 3,951313742

26.2 Anexo II

26.2.1 Planta do projeto

Anexo III

1. Planta do corte – Degrau Hidráulico


27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livro Cálculos Hidrológicos e Hidráulicos, capítulo 5- Microdrenagem. Disponível


em: <http://pliniotomaz.com.br/livros-digitais/ >. Acesso em: 15 de maio de 2018.

AZEVEDO NETTO, José Martiniano; Manual de Hidráulica|por| J.M. de Azevedo


Netto |e|Guillermo Acosta Alvares, 7ª ed. Atualizada e ampliada. São Paulo, Edgard
Blücher,1973, 1977, 1982.

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