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Monopoli10012107 PDF
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Rio de Janeiro
Agosto de 2014
ESTUDO DO SETOR CIMENTEIRO PRODUÇÃO E APLICAÇÃO
Examinado por:
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AGRADECIMENTOS
Em especial, gostaria de agradecer aos meus pais, sempre dedicados com esforço e
amor: sem eles nada teria sido possível.
.
Pedro Gutierrez Galhardo
Agosto de 2014
Esse trabalho se baseia no estudo do setor cimenteiro, desde a sua produção até sua
aplicação. Serão abordados temas como as matérias-primas, impactos ambientais, a
questão energética, a tecnologia, principais grupos produtores do setor e a sua
importância na engenharia civil.
Será também contemplado o estudo de caso do cimento para poços de petróleo e a sua
importância na exploração do combustível fóssil.
August/2014
This research covers the insides of the cement sector, from cement`s production to its
uses. Topics such as natural resources, environmental impacts, energetic issues,
technology, main stakeholders and cement's importance to civil engineering are
covered in this present study.
Moreover, a case study of cement on oil wells and the relevance of this substance for
oil drilling is presented.
1. INTRODUÇÃO 1
2. CIMENTO - CONTEXTUALIZAÇÃO 4
2.1. CONCEITUAÇÃO 4
2.2. HISTORIA - EVOLUÇÃO 5
2.3. COMPOSIÇÃO 9
2.3.1. CLÍNQUER 10
2.3.2. GESSO 11
2.3.3. ESCÓRIA SIDERÚRGICA 12
2.3.4. ARGILA POZOLÂNICAS 12
2.3.5. CALCÁRIO 13
2.4. TIPOS DE CIMENTO 13
2.4.1. CIMENTO PORTLAND COMUM (CP-I) 16
2.4.2. CIMENTO PORTLAND COMUM COM ADIÇÃO (CP I-S) 16
2.4.3. CIMENTO PORTLAND COMPOSTO COM ESCÓRIA (CP II-E) 16
2.4.4. CIMENTO PORTLAND COMPOSTA COMPOSTO COM POZOLANA (CP II-Z) 17
2.4.5. CIMENTO PORTLAND COMPOSTO COM POZOLANA (CP II-F) 17
2.4.6. CIMENTO PORTLAND DE ALTO-FORNO (CP III) 17
2.4.7. CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO (CP IV) 18
2.4.8. CIMENTO PORTLAND DE ALTA RESISTÊNCIA INICIAL (CP V-ARI) 18
2.4.9. CIMENTO PORTLAND RESISTENTE A SULFATOS (RS) 18
2.4.10. CIMENTO PORTLAND DE BAIXO CALOR DE HIDRATAÇÃO (BC) 19
2.4.11. CIMENTO PORTLAND BRANCO (CPB) 19
2.5. APLICAÇÃO DO CIMENTO 20
2.5.1. CONCRETO 20
2.5.2. ALVENARIA COM BLOCOS DE CONCRETO 21
2.5.3. PRÉ-FABRICADOS 21
2.5.4. EDIFICAÇÕES 22
2.5.5. ARTEFATOS 22
2.5.6. BARRAGENS 22
2.5.7. SANEAMENTO E DRENAGEM 23
2.5.8. PAVIMENTO INTERTRAVADO 23
2.6. PRODUÇÃO DE CIMENTO 24
2.6.1. EXTRAÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS 25
2.6.2. PREPARAÇÃO, TRANSPORTE, ARMAZENAGEM E PRÉ-HOMOGENEIZAÇÃO. 25
2.6.3. OBTENÇÃO DE CRU 25
2.6.4. O FORNO E A COZEDURA 26
2.6.5. MOAGEM DE CLÍNQUER E ARMAZENAGEM DE CIMENTO 27
2.6.6. EMBALAGEM E EXPEDIÇÃO 28
3. A INDÚSTRIA CIMENTEIRA 29
3.1. NO MUNDO 29
3.1.1. LAFARGE 35
3.1.2. HOLCIM 36
3.1.3. HEIDELBERGCEMENT 36
3.1.4. CEMEX 36
3.1.5. LAFARGE-HOLCIM 37
3.2. A INDÚSTRIA DE CIMENTO NO BRASIL 38
3.3. CUSTOS E PREÇOS 45
3.3.1. CUSTOS 45
3.3.2. PREÇOS 47
3.4. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO 49
3.5. MATÉRIA-PRIMA 49
3.6. IMPACTO AMBIENTAL DO SETOR 51
3.6.1. SOBRE OS RISCOS DA FABRICAÇÃO DO CIMENTO 52
3.6.2. QUESTÃO ENERGÉTICA 58
3.7. CIMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVI 62
4.1. INTRODUÇÃO 66
4.2. CONCEITUAÇÃO 66
4.3. CONTEXTO 67
4.4. PETRÓLEO NO BRASIL 68
4.5. PRÉ-SAL 70
4.6. CIMENTAÇÃO DE POÇOS 71
4.6.1. CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA 74
4.6.2. CIMENTAÇÃO SECUNDÁRIA 76
4.6.3. FATORES QUE AFETAM A CIMENTAÇÃO 79
4.7. ADIÇÕES POLIMÉRICAS 81
4.7.1. QUITINA 83
4.7.2. QUITOSANA 84
4.8. FABRICAÇÃO DE CLASSE G NO BRASIL 85
4.9. REQUISITOS DO CLASSE G 86
4.9.1. REQUISITOS GERAIS 87
5. CONCLUSÃO 91
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 93
1. INTRODUÇÃO
Desde o início dos tempos, o homem viu a necessidade de construir seus abrigos
utilizando os elementos que lhe eram oferecidos na natureza. No momento em que as
tribos se fixavam em um local, deixando de ser nômades, surgia a necessidade de
construir estruturas com maior capacidade de carga e que fossem resistentes ao tempo e
as variações climáticas. (SNIC, 2010)
Foi a partir das primeiras tentativas do domínio dessas construções que se começou a
necessidade de unir os elementos que a natureza lhe oferecia, principalmente a pedra,
numa massa que tivesse bastante coesa, sólida e consistente.
Com algumas inovações ao decorrer dos anos, foi somente no ano de 1824 que o
químico britânico Joseph Aspdin apresentou ao mundo um material construtivo que iria
mudar para sempre os rumos da construção civil: o Cimento Portland.
1
características conferem ao cimento Portland ser o segundo material mais utilizado pela
humanidade, sendo superado apenas pela água. (SOUSA, 1998)
1.2.OBJETIVOS
2
1.3.JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA
3
2. CIMENTO- CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1.CONCEITUAÇÃO
4
2.2. HISTÓRIA- EVOLUÇÃO
Hoje em dia, a engenharia vem empreendendo conquistas cada vez mais surpreendentes.
Através do emprego de vários recursos e o apuramento das técnicas, as possibilidades
de se trabalhar com formas e dimensões promovem construções arquitetônicas cada vez
mais ousadas. Contudo, para que isso fosse possível, foi primordialmente necessário que
o homem inventasse algo que pudesse romper as barreiras impostas pelas rudimentares
construções de barro e pedra.
Foi justamente pela necessidade de construções mais arrojadas que o cimento acabou se
transformando em um dos mais importantes recursos da história da engenharia.
(SOUSA, 1998)
Supõe-se que o homem primitivo, da idade da pedra, já conhecia uma forma de material
com propriedades aglomerantes. Ao acenderem fogueiras junto ás pedras de calcário e
gesso, parte das pedras descarbonava com a ação do fogo, formando um pó que,
hidratado pelo sereno da noite, convertia-se novamente em pedra. (PANZERA, 2010)
Uma das mais antigas evidências de uso do cimento aparece nas pirâmides do Antigo
Egito. Naquela época, preocupados em erguer as suntuosas pirâmides, os egípcios
desenvolveram um tipo de cimento fabricado através de uma mistura de gesso
calcinado. Entre os gregos, notamos o emprego de terras vulcânicas que também
endureciam quando misturadas à água.
No ano de 1796, outro britânico chamado James Parker desenvolveu um novo tipo de
cimento obtido pela calcinação de nódulos de calcário impuro contendo argila. Após
vários testes realizados por outras autoridades no assunto, o cimento de Parker, também
conhecido como cimento romano, foi liberado para construções. Logo que soube da
notícia, James Parker vendeu a patente de sua invenção para membros dos Wyatt, uma
tradicional família de engenheiros e arquitetos da Inglaterra.
Entretanto, foi Isaac Charles Johnson, em 1845, quem conseguiu aperfeiçoar o Cimento
Portland. Após várias observações, Johnson elevou a temperatura da queima para
1400ºC e moeu o clínquer, produto originário dessa queima, para obter um pó mais fino
e com uma qualidade superior.
6
Ainda em 1855, na França, Joseph Louis Lambot apresentou inédita e oficialmente, na
Exposição Universal de Paris, o “cimento armado”. O mais curioso é que o artefato em
cimento era um barco. O “cimento armado” foi denominado assim até a década de 20,
quando passou a ser chamado de concreto armado. (SNIC, 2010)
O primeiro a produzir cimento no Brasil, portanto, foi o engenheiro Louis Nóbrega, por
um curto período de 3 meses, no ano de 1892. A Usina Rodovalho funcionou até 1904,
produzindo o cimento “Santo Antonio”. Retornou à atividade em 1907, lançando no
mercado os produtos com as marcas “Lage”, “Torquês” e “Meia Lua”, tendo sido
definitivamente extinta em 1918. (SNIC, 2010)
7
encerrar definitivamente suas atividades em 1958.
Esta divisão histórica fica clara quando analisamos os números da época. Até 1926, o
Brasil importava de países como Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha,
Dinamarca, Bélgica e Argentina cerca de 97% do cimento que consumia. O produto
chegava ao mercado brasileiro onerado por despesas de frete, acondicionamento e
direitos alfandegários. Naquela época, a importação chegava à marca de 400 mil
toneladas anuais, enquanto que a produção local não passava de 13 mil toneladas por
ano. (SANTOS, 2011)
A indústria nacional, que já existia desde o final do século 19, encontrava grandes
dificuldades para competir com o produto importado. A primeira delas era o seu alto
custo de produção. Além disso, havia uma campanha de desmoralização do produto
brasileiro, orquestrada pelos importadores de cimento. (RIBEIRO, 2002)
8
imediatamente de 13.000 toneladas em 1926 para 54.000 em 1927, 88.000 em 1928 e
96.000 em 1929. O cimento Perus havia conquistado o mercado e superado todas as
desconfianças dos consumidores.
2.3. COMPOSIÇÃO
9
2.3.1. CLÍNQUER
10
Tabela 1: Componentes do clínquer.
Fonte: SCIENCE DIRECT, 2000
2.3.2. GESSO
11
2.3.4. ARGILA POZOLÂNICAS
As pozolanas ativadas reagem espontaneamente com CaO em fase aquosa, por conterem
elevado teor de sílica ativa SiO2. Esta característica levou ao uso de pozolanas como
ligante hidráulico complementar ao clínquer, com a característica de tornar os concretos
mais impermeáveis o que é útil na construção de barragens, por exemplo. (PANZERZA,
2010)
2.3.5. CALCÁRIO
12
especificação. O calcário também alimenta o blane do cimento, tornadono cimento com
mais volume. (COIMBRA,2006)
O mercado nacional dispõe de 8 opções, que atendem com igual desempenho aos mais
variados tipos de obras. O cimento Portland comum (CP I) é referência, por suas
características e propriedades, aos 11 tipos básicos de cimento Portland disponíveis no
mercado brasileiro.
13
Tabela 2: Composição dos Tipos de Cimento Portland
Fonte: ABNP, 2009
14
Tabela 3: Nomenclatura de cimento Portland
Fonte: ABNP, 2009
15
2.4.1. CIMENTO PORTLAND COMUM (CP-I)
O CP-I é o tipo mais básico de cimento Portland, indicado para o uso em construções
que não requeiram condições especiais e não apresentem ambientes desfavoráveis como
exposição às águas subterrâneas, esgotos, água do mar ou qualquer outro meio com
presença de sulfatos. A única adição presente no CP-I é o gesso (cerca de 3%, que
também está presente nos demais tipos de cimento Portland). O gesso atua como um
retardador de pega, evitando a reação imediata da hidratação do cimento. (NBR
5732,1991)
Os cimentos CP II são ditos compostos pois apresentam, além da sua composição básica
(clínquer+gesso), a adição de outro material. O CP II-E, contém adição de escória
granulada de alto-forno, o que lhe confere a propriedade de baixo calor de hidratação. O
CP II-E é composto de 94% a 56% de clínquer+gesso e 6% a 34% de escória, podendo
ou não ter adição de material carbonático no limite máximo de 10% em massa. O CP II-
E, é recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor
moderadamente lento. (NBR 11578,1991)
16
2.4.4 CIMENTO PORTLAND COMPOSTA COMPOSTO COM POZOLANA
(CP II-Z)
17
2.4.7. CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO (CP IV)
O cimento Portland Pozolânico contém adição de pozolana no teor que varia de 15% a
50% em massa. Este alto teor de pozolana confere ao cimento uma alta
impermeabilidade e consequentemente maior durabilidade. O concreto confeccionado
com o CP IV apresenta resistência mecânica à compressão superior ao concreto de
cimento Portland comum à longo prazo. É especialmente indicado em obras expostas
à ação de água corrente e ambientes agressivos. (NBR 5736,1991)
O CP V-ARI assim como o CP-I não contém adições (porém pode conter até 5% em
massa de material carbonático). O que o diferencia deste último é processo de dosagem
e produção do clínquer. O CP V-ARI é produzido com um clínquer de dosagem
diferenciada de calcário e argila se comparado aos demais tipos de cimento e com
moagem mais fina. Esta diferença de produção confere a este tipo de cimento uma alta
resistência inicial do concreto em suas primeiras idades, podendo atingir 26MPa de
resistência à compressão em apenas 1 dia de idade. É recomendado o seu uso, em obras
onde seja necessário a desforma rápida de peças de concreto armado. (NBR 5733,1991)
18
Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada de
alto-forno, em massa;
Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material pozolânico,
em massa;
O Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) é designado por siglas e classes
de seu tipo, acrescidas de BC. Por exemplo: CP III-32 (BC) é o Cimento Portland de
Alto-Forno com baixo calor de hidratação, determinado pela sua composição. Este tipo
de cimento tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande
massa de concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao
calor desenvolvido durante a hidratação do cimento. (NBR 13116,1994)
19
fabricação, tais como resfriamento e moagem do produto e, principalmente, utilizando o
caulim no lugar da argila. O índice de brancura deve ser maior que 78%. Adequado aos
projetos arquitetônicos mais ousados, o cimento branco oferece a possibilidade de
escolha de cores, uma vez que pode ser associado a pigmentos coloridos. (NBR 13116,
1993)
O cimento Portland é uma das substâncias mais consumidas pelo homem e isso se deve
a características que lhe são peculiares, como trabalhabilidade e moldabilidade (estado
fresco), e alta durabilidade e resistência a cargas e ao fogo (estado duro). Muito
utilizado em obras civis, o cimento pode ser empregado tanto em peças de mobiliário
urbano como em grandes barragens, em estradas ou edificações, em pontes, tubos de
concreto ou telhados. (COIMBRA, 2006). Serão listadas a seguir as aplicações mais
importantes:
2.5.1 CONCRETO
20
2.5.2. ALVENARIA COM BLOCOS DE CONCRETO
Processo construtivo dos mais tradicionais, pode ser empregado para simples vedação
ou com função estrutural em casas e edifícios de múltiplos pavimentos. Para a
construção das alvenarias, tanto de vedação quanto estruturais são utilizadas argamassas
confeccionadas com cimento e agregado miúdo. As argamassas podem ser preparadas
na obra ou já virem prontas bastando acrescentar água para sua confecção.
As argamassas mais comuns são constituídas por cimento, areia e água. Em alguns
casos, costuma-se adicionar outro material como cal, saibro, barro, caulim, e outros para
a obtenção de propriedades especiais.
2.5.3. PRÉ-FABRICADOS
Sua produção pode ser realizada tanto no canteiro de ou fora dele. De acordo com NBR
9062, que trata de “Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado”, o
elemento pré-moldado é executado fora do local de utilização definitiva da estrutura,
com controle de qualidade.
21
A análise dos elementos componentes da estrutura pré-moldada deve partir da definição
do comportamento efetivo das ligações, sob o ponto de vista dos graus de liberdade
existentes. (NBR 9062, 1986). O cimento, a água, e os agregados são dosados de acordo
com o projeto em estudo.
2.5.4 EDIFICAÇÕES
2.5.5 ARTEFATOS
Telhas, lajes, postes, mourões, dormentes e uma infinidade de itens constituem o que
chamamos de artefatos de cimento.
2.5.6 BARRAGENS
22
O concreto compactado com rolo (CCR) é a solução à base de cimento que melhor se
aplica a esse tipo de obra, seja para abastecimento, energia ou outro uso do reservatório.
Normalizados pela ABNT, os tubos de concreto para águas pluviais, esgoto sanitário e
efluentes industriais existem há mais de 100 anos e ainda são a melhor solução nessa
área.
São regidos pela NBR 8890. Esta Norma fixa os requisitos exigíveis para fabricação e
aceitação de tubos de concreto e respectivos acessórios, segundo as suas classes e
dimensões, destinados a condução de águas pluviais, esgoto sanitário e efluentes
industriais. Podem ser produzidos tubos de classes de resistências superiores às
especificadas nesta Norma. (NBR 8890, 2007)
23
2.6. PRODUÇÃO DE CIMENTO
Na Figura 2 está ilustrado o fluxo básico de produção de uma fábrica de cimento com as
suas diversas etapas detalhadas neste item.
24
2.6.1. EXTRAÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS
O arranque da pedra pode ser mecânico ou com explosivos, sendo neste caso necessário
abrir furos onde é introduzida a carga explosiva. (BASILIO, 1983)
O material, após extração, apresenta-se em blocos com dimensões que podem ir até
cerca de 1m3; é então necessário reduzir o seu tamanho a uma granulometria adequada
para posterior utilização nas fases seguintes do fabrico, operação que é feita em
britadores.
25
computadores de processo. Definida a proporção das matérias-primas, elas são
retomadas dos locais de armazenagem e transportadas para moinhos onde se produz o
chamado "cru", isto é, uma mistura finamente moída, em proporções bem definidas, do
conjunto das matérias-primas.
Nessa moagem são normalmente utilizados moinhos tubulares, de duas câmaras, com
corpos moentes (bolas metálicas de diversos diâmetros), ou moinhos verticais de mós.
Em qualquer dos casos, é necessário secar as matérias-primas; para a economia do
processo, aproveita-se, com frequência, o calor contido nos gases de escape dos fornos,
que simultaneamente fazem o transporte do cru do moinho ao silo de armazenagem.
(MILANEZ,2009)
O cru é depois cozido em fornos de tipo e dimensão que variam com a tecnologia de
cada fabricante. São constituídos por um tubo "rotativo", montado segundo uma
inclinação que pode ir de 2,5 a 5% e com uma velocidade de rotação entre 1,5 e 2,5
r.p.m., atingindo comprimentos de 85m. Interiormente são revestidos de material
refratário que confere proteção ao" tubo" e reduz as perdas térmicas. Para que se
desenvolva o processo de cozedura, ou clinquerização, é necessário atingir uma
temperatura de cerca de 1450°C. Obtém-se esta temperatura pela combustão de carvão
pulverizado, "pet-coke", fuelóleo, gás natural ou outros combustíveis secundários. O
processo de cozedura começa a partir do momento em que o cru é extraído dos silos de
armazenagem e introduzido no sistema de pré-aquecimento, onde circula em
contracorrente com os gases de escape resultantes da queima do combustível. O
transporte do material através do forno faz-se pelo movimento de rotação e pelo seu
grau de inclinação. (BASILIO, 1983)
26
primeiro com o encaminhamento da massa para a entrada dos arrefecedores e depois
através destes. Os tipos de arrefecedores mais comuns são os satélites, de grelha e de
tambor rotativo. Para facilitar o arrefecimento, é introduzido ar em contracorrente com o
clínquer, aproveitando-se este ar aquecido para a queima de combustível.
Nessa moagem podem utilizar-se moinhos verticais ou, mais comummente, moinhos
tubulares, com uma, duas ou três câmaras, funcionando em circuito aberto ou circuito
fechado. Quando em circuito fechado, utilizam-se "separadores" para rejeitar as
partículas mais grossas, que retornam ao circuito de moagem. Mais recentemente, com
o objetivo de conseguir poupanças energéticas, têm-se utilizado sistemas de
esmagamento prévio do clínquer ("roller-press"). (MILANEZ,2009)
27
Os materiais são moídos em proporções bem definidas, de acordo com o plano de
qualidade e de modo a satisfazer as normas e especificações em vigor. O cimento
produzido é normalmente transportado por via pneumática ou mecânica e armazenado
em silos ou armazéns horizontais.
O cimento produzido pode ainda seguir para uma máquina de ensacagem, sendo
depositado em palets ou constituindo pacotões plastificados. O cimento expedido na
forma de granel é transferido diretamente do silo onde está armazenado para caminhões-
cisterna, cisternas para transporte ferroviário ou para navios de transporte de cimento.
(BASILIO, 1983)
28
3. A INDÚSTRIA CIMENTEIRA
3.1 NO MUNDO
A indústria de cimento está distribuída por quase todos os países do mundo, com
atuação marcante tanto de empresas locais como de grandes grupos internacionais
integrados e com desempenho global. A indústria sistematicamente implanta novas
unidades modernas e integradas, com investimentos situando-se entorno de US$ 150
milhões/toneladas de cimento e dois a três anos para início de operação. (ROCHA,
2010)
De acordo com o estudo realizado em diversas empresas do setor, cabe considerar que o
custo de transporte é item relevante no preço final, uma vez que o cimento possui um
baixo valor unitário da tonelada de cimento. Por esse motivo, a produção é dispersa em
praticamente em todos os países, o que também pode ser explicado pela dispersão da
matéria-prima. Entretanto, cumpre analisar aspectos como proximidade ao centro
consumidor em contrapartida a ganhos de escala, que reduzem custos e permitem atingir
mercados mais distantes. (SANTOS, 2011)
29
menor custo, como a Lafarge, que possui frotas de navios, o Holcim, que mantém uma
empresa de transporte marítimo, e o Cemex, que é o maior grupo exportador mundial.
(SANTOS, 2011)
Outra estratégia das grandes multinacionais dessa indústria tem sido a diversificação
geográfica, tendo em vista que, além da escala, o mais importante é a atuação através de
grupos cada vez mais fortes. Empresas independentes com produção inferior a 20
milhões de toneladas deverão ser gradativamente absorvidas por grupos de maior porte.
30
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Total Mundial 1.156,8 1.169,6 1.243,0 1.301,4 1.375,8 1.428,0 1.484,9
Ásia 516,4 565,1 658,8 738,9 808,3 865 925,3
Europa (sem CEI) 273,5 255,1 253,8 241,0 250,2 252,7 249,8
América 166,6 164,3 167,1 173,8 187 183,4 196,9
África 55,1 55,8 55,9 58,0 57,2 60,9 63,1
CEI 137,3 122,4 100 84,0 64,9 57,4 49,7
Oceania 7,9 6,8 7,3 7,5 8,1 806,0
Principais Produtores
1. China 209,7 243,6 308,2 360,0 405,0 445,6 490,0
2. Japão 84,5 86,4 90,8 88,7 91,6 96,4 99,6
3. Estados
Unidos 71,3 66,8 70,2 73,9 78,4 75,5 80,6
4. Índia 47,3 53,6 53,7 55,8 61,5 69,6 75,6
5. Coréia do Sul 33,6 38,3 42,7 46,8 51,6 57,8 58,2
6. Turquia 25,4 27,4 30,2 32,7 31,9 34,7 37,2
7. Brasil 25,8 27,5 23,9 24,8 25,2 28,3 34,6
8. Itália 40,9 40,8 41,4 34,8 33,2 34 33,8
9. Alemanha 34,9 31,1 33,2 32,5 36,1 33,3 31,5
10. Espanha 28,7 28,0 25,0 23,9 26,7 28,5 27,8
11. México 23,8 25,1 26,9 27,6 29,8 24,2 27,7
12. Indonésia 15,8 16,5 18,6 18,9 21,9 23,3 25,1
13. França 27,0 25,8 22,6 20,5 21,1 20,7 19,5
14. CEI 137,3 122,4 100,0 50,0 37,2
15. Tailândia 18,0 18,8 22,4 26,4 31,1 35,8
16. Formosa 18,4 19,3 21,4 23,9 23,4 22,8
31
ÁSIA EUROPA CEI AMÉRICA ÁFRICA OCEANIA TOTAL
Produção 865.021 252.728 57.384 183.361 60.903 8.590 1.427.987
Consumo 861.022 228.305 57.184 183.810 64.863 9.629 1.404.813
Diferença 3.999 24.423 200 -449 -3.960 -1039 23.174
O grupo Holderbank (atual Holcim), com sede na Suíça, ocupa o primeiro lugar entre
os maiores grupos internacionais produtores de cimento. Com a produção de 62 milhões
de toneladas de cimento/ano, esse grupo obteve em 1995 cerca de US$ 6,65 bilhões em
vendas. A política empresarial do grupo é orientada para a constante busca de
oportunidades em diversos mercados via construção de novas fábricas e/ou aquisição de
fábricas existentes. A retração dos mercados europeus, somada à redução de gastos dos
governos locais, nos últimos anos, estimulou a ampliação de investimentos europeus em
diversos países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil.
32
VENDAS
GRUPO ORIGEM (bilhões U$)
Holderbank Suíça 6.64
Lafarge França 5.91
Heidelberger Alemanha 3.86
Italcementi Itália 3.20
Cemex México 3.14
Blue Circle Industries Inglaterra 2.72
Ciments Français França 2.39
CBR Bélgica 1.58
Votorantim Brasil 1.53
Dyckerhoff Luxemburgo 1.34
33
Capacity No. of
Rank Company/Group Country (Mt/yr) plants
1 Lafarge France 225 166
2 Holcim Switzerland 217 149
3 CNBM China 200 69
4 Anhui Conch China 180 34
5 HeidelbergCement Germany 118 71
6 Jidong China 100 100
7 Cemex Mexico 96 61
8 China Resources China 89 16
9 Sinoma China 87 24
10 Shanshui China 84 13
11 Italcementi Italy 74 55
12 Taiwan Cement Taiwan 70 -
13 Votorantim* Brazil 57 37
14 CRH** Ireland 56 11
15 UltraTech India 53 12
16 Huaxin China 52 51
17 Buzzi Italy 45 39
18 Eurocement Russia 40 16
19 Tianrui China 35 11
20 Jaypee*** India 34 16
34
outros produtos voltados para a construção civil, além de, em alguns casos, estender
suas atividades para o comércio e a distribuição ao consumidor final. (ROCHA, 2010)
Nota-se que nos últimos anos uma rápida ascensão da China como um grande produtor
de cimento e onde não ocorre a presença de grandes grupos multinacionais,
respondendo por cerca de 36% da produção mundial. (ROCHA, 2010)
Nos itens 3.1.1 a 3.1.5 é feita uma abordagem dos quatro principais grupos produtores
de cimento no mundo. Deixaram de serem considerados os grupos produtores de
cimento da China por se tratar de um mercado muito restrito, que embora possua uma
grande produção, não está inserido no mercado global. É feita ainda uma abordagem a
fusão das maiores produtoras de cimentos mundiais, a Lafarge e Holcim,
transformando-se na maior empresa de material de construção do mundo.
3.1.1 LAFARGE
35
3.1.2 HOLCIM
Holcim é uma empresa multinacional de origem suíça, estando hoje entre os maiores
produtoras de cimento e de concreto.
A Holcim é uma empresa multinacional que emprega 86,710 (2008)1 pessoas, com
unidades de produção em mais de 70 países. Presente nos mercados de todos os
continentes, a Holcim está mais distribuída em termos globais do que qualquer outro
grupo de materiais de construção.
3.1.3 HEIDELBERGCEMENT
3.1.4 CEMEX
36
Com o passar dos anos foi adquirindo novas companhias e assim aumentando sua
produção até chegar aos atuais 97 milhões de toneladas ao ano de cimento, atuando em
4 continentes e 66 fábricas espalhadas nesses 50 países.
Um terço de suas operações se encontra no México e tem uma forte presença nos
Estados Unidos e Espanha. Em 2005 a CEMEX compra a maior cimenteira na
Inglaterra, duplicando sua operação. Em 1999 suas ações começam a ser cotadas na
bolsa de Nova Iorque. (Site oficial da Cemex, 2014)
3.1.5 LAFARGE-HOLCIM
A fusão, porém, ainda precisa passar pelo crivo dos órgãos reguladores, e essa não deve
ser uma aprovação fácil, isso porque, segundo analistas, a nova gigante do cimento teria
posição dominante na Europa e nos Estados Unidos, o que pode ser um empecilho para
a livre concorrência. Tanto a Holcim quanto a Lafarge têm sobreposição em países
como França, Alemanha, Espanha, República Tcheca, Romênia e Sérvia, de acordo com
Elizabeth Collins, analista da Morningstar. Os analistas também têm apontado Canadá e
Brasil como outros mercados onde a nova empresa teria posição dominante.
37
Os órgãos reguladores provavelmente vão exigir de ambas a venda de algumas fábricas
e de alguns pontos de distribuição antes de aprovarem a fusão. Em 2013, a união da
Lafarge com a Tarmac, empresa do Reino Unido da Anglo American, só recebeu sinal
verde das autoridades de defesa da concorrência depois que ambas concordaram em
vender um número significativo de ativos.
O setor de cimento é uma indústria de escala de produção elevada que varia de um a 1,5
milhões de toneladas por ano. Este tipo de indústria é organizada em um mercado com
38
características de oligopólio, onde um pequeno grupo de grandes empresas opera em
todas as regiões do Brasil. O mercado é regionalizado e distribuído por todo o território
brasileiro, apresentando preços diferenciados nas regiões mais distantes, devido ao custo
de transporte.
39
Figura 3: Produção de cimento no Brasil
Fonte SNIC, 2013
40
produção de um número reduzido de multinacionais. Sem dúvida, a maior presença de
concorrentes está ligada às proporções continentais do país que possibilita a
concorrência e o destaque de algumas empresas no âmbito regional.
41
e Nordeste e no Estado de São Paulo. O grupo Lafarge, de origem francesa, se destaca
nos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Os demais concorrentes, Camargo
Corrêa, Holcim, Cimpor, Ciplan, Itambé, também se destacam, porém não a ponto de se
tornarem os maiores controladores dos mercados regionais. Apesar da competição
regional entre os concorrentes, é necessário destacar a constituição de oligopólio com
apenas um grupo - Votorantim – que detém mais de 40% do mercado. Esse grupo atua
em todas as regiões do país. (SANTOS, 2012)
42
Parcela de Mercado
Votorantim
6%
9% João Santos
Camargo Correa
11%
41,70% Ciplan
2% Itambé
3% Cimpor
8%
Holcim
14%
Lafarge
12%
Grupos Nacionais
23%
Grupos Estrangeiros
Outros Grupos
65%
43
O Grupo Votorantim possui 34 fábricas instaladas em território nacional, operando no
mercado através da Holding Votorantim Cimentos, comercializando cinco marcas
(Poty, Aratu, Itaú, Tocantins e Votoran). Cada uma dessas marcas são direcionadas a
determinadas regiões, por exemplo, a Poty é direcionada mais ao Nordeste, Itaú e
Tocantins comercializadas no Centro-Oeste e a Votoran direcionada aos mercados do
Sul e Sudeste. (SNIC, 2013)
O Grupo João Santos possui dez fábricas e com a marca Nassau atua nas regiões do
Nordeste, onde tem o maior mercado, seguido da região Norte e Sudeste. O Grupo
Camargo Correa possui __ fábricas instaladas no território nacional, operando no
mercado através da Camargo Correa Cimento, que participa do mercado brasileiro com
a marca Cauê, atua no Sudeste com cinco fábricas e uma fábrica em Mato Grosso do
Sul.
Por fim aos grupos nacionais temos o Grupo Ciplan que é uma empresa familiar de
capital nacional atuando no Distrito Federal nas unidades de negocio de cimento,
agregados, argamassa e concreto. O Grupo Itambé, com a menor participação no
mercado, é uma das principais cimenteiras do sul do Brasil, dois terços de suas ações
pertencem a famílias paranaenses enquanto que o restante pertence a Silcar, do Grupo
Votorantim. O Grupo Cimpor - presente em diversos países, com sede em Portugal,
ocupa a terceira posição no mercado brasileiro e é o principal grupo estrangeiro no país.
A empresa Cimpor Cimentos do Brasil, uma subsidiária da Cimpor, opera em vários
segmentos como mineração, comercialização e distribuição de clinquer, cimento,
concreto e argamassas. A Cimpor possui 16 unidades industriais no Brasil e 40 no
mundo. (SNIC,2013). O Grupo Holcim dispõe de cinco fábricas instaladas, operando no
mercado através da Holcim Brasil AS, subsidiaria do Grupo Holcim de origem Suíça.
Suas fábricas estão distribuídas nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito
Santo e São Paulo.
Por fim, o Grupo Lafarge, de origem francesa, atua no mercado brasileiro nos seguintes
estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Pernambuco, praticando atividades
nos setores de cimento, concreto e agregados. A Lafarge dispõe de oito unidades fabris.
44
3.3 CUSTOS E PREÇOS
A concorrência dá-se pelo preço, sendo que neste sentido, o aspecto custo de transporte
e localização é de maior relevância. (MILANEZ,2009) As indústrias que possuem
maior raio de ação em relação ao mercado consumidor apresentam vantagens
competitivas, considerando-se ainda o fato do cimento ser material perecível, perdendo
suas propriedades em cerca de 90 dias, e que necessita ser estocado e transportado em
condições restritas de umidade.
3.3.1 CUSTOS
45
Tabela 8: Custos variáveis e Fixos da produção de cimento
Fonte: Lafarge, 2014
A tabela 8 com dados recolhidos de uma empresa estrangeira com grande participação
no mercado brasileiro, apresenta uma estimativa de custos para uma fábrica de cimento
comum com capacidade de 1,2 milhões t/ano operando a 85% da capacidade (1.0
milhão toneladas por ano).
Os custos de produção da indústria variam de acordo com a vida útil da fábrica, tipo de
processo, capacidade, dentre outros. Esses custos variam de US$ 27,50/t para uma
fábrica de porte grande, a US$ 50/t para fábricas antigas que utilizam o processo úmido.
Os elementos do custo são supervisão e mão de obra, matéria prima adquirida,
combustível, eletricidade, peças e manutenção, impostos, e outros custos. Os custos de
recuperação do capital investido para uma fábrica moderna de baixo custo operacional
46
adicionam US$ 15/t aos custos operacionais. Quando os custos corporativos de
“overhead” e custos de vendas são incluídos, a indústria apresenta margens muito
apertadas, em relação aos preços recentes. Os custos de produção podem ser
classificados como fixos ou variáveis. As fábricas modernas exigem um número
significativamente menor de pessoas para operarem e manter as instalações, portanto os
custos de mão de obra e administração são essencialmente fixos.
3.3.2 PREÇOS
Nos últimos seis anos os preços médios aumentaram 16,6%, sendo que em 2008 o preço
manteve-se estável em relação ao ano anterior. A distância da fábrica até o consumidor
faz com que os custos de transporte influenciem na composição final do preço do
cimento. O preço nas regiões importadoras de cimento é, portanto, mais elevado,
situando-se acima do praticado nas regiões que dispõem de oferta adequada à sua
demanda. (REVISTA VALOR ECONÔMICO, 2014)
47
Com a crise mundial em 2008 e reflexo na economia brasileira em 2009, o governo
brasileiro tomou algumas medidas para incentivar o consumo de alguns setores,
inclusive o da construção civil. Segundo dado da FGV, alguns materiais de construção
foram beneficiados com redução do IPI, destacando o cimento como principal produto
deste setor, que teve a alíquota reduzida de 4% para zero, influindo na redução do custo
médio em 4,5%. (REVISTA VALOR ECONÔMICO, 2014)
48
3.4. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO
3.5 MATÉRIA-PRIMA
49
reservas de calcário (rochas calcárias) estão localizadas em 23 Estados e no Distrito
Federal.
MATÉRIAS-PRIMAS
Na2O N 1 a 3%
Álcalis
K2O K 0,5 a 1,5%
Vale ressaltar que para cada tipo de cimento, são adicionados determinados tipos de
aditivos e/ou subprodutos. Para tanto, dependendo de qual tipo de cimento se deseja
produzir, outras matérias primas serão necessárias e/ou utilizadas em maior quantidade.
São os seguintes tipos de cimento existentes.
50
3.6 IMPACTO AMBIENTAL DO SETOR
51
estocagem e beneficiamento de materiais, com a instalação de sistemas exaustores e de
filtros coletores de pós, além da pavimentação e da varrição das vias de circulação de
veículos. Na maioria das plantas de clinquerização, entretanto, não são instalados
equipamentos para o controle da emissão de gases de combustão, vapores de sais
metálicos ou outras substâncias perigosas originadas no processo de clinquerização.
52
De forma sintética, podemos associar os riscos às seguintes etapas da cadeia de
fabricação e uso do cimento:
5º - Utilização do cimento.
53
e dos órgãos ambientais, e aos técnicos das empresas que prestam serviços de socorro
que estão no local do acidente, aos cabineiros de pedágios e à população que, por
ventura, esteja assentada próxima à rodovia. A contaminação ambiental também é
possível.
A etapa de preparação dos resíduos e blends agrega novos riscos à cadeia de produção
de cimento: a manipulação, moagem, peneiramento, mistura e o transporte de grandes
quantidades de resíduos perigosos e de blends; a emissão de material particulado –
constituído do substrato e do resíduo em processamento – e de substâncias voláteis para
o ambiente de trabalho e para a atmosfera; a geração de efluentes líquidos – constituídos
das águas de lavagem de pisos e das águas contaminadas com resíduos; e as embalagens
de resíduos descartadas. Somam-se aos riscos de exposição aos materiais perigosos, os
riscos de acidentes devido ao derramamento de material, incêndios e explosões.
54
pesados. Os compostos formados no processo de fabricação de clínquer podem ser
emitidos para a atmosfera juntamente com o material particulado e com os gases de
combustão, ou serem incorporados ao clínquer. Na primeira situação, provocam
alterações no ambiente próximo à fábrica e impactos negativos na saúde da população,
devido à sua toxicidade e aos seus efeitos cumulativos e insidiosos, levando as pessoas
expostas ao adoecimento .
55
As estatísticas socioeconômicas mostram que o maior consumo de cimento se dá no
mercado varejista, por meio do pequeno consumidor. São milhões de pessoas,
potencializando os riscos de contaminação pelo uso do cimento que incorporou
materiais tóxicos.
56
resíduos, nas emissões atmosféricas das plantas cimenteiras e no próprio cimento, e da
disseminação dos riscos, pois, como demonstramos, a fábrica de cimento com co-
incineração de resíduos expande o alcance dos riscos, formando inúmeros cenários de
exposição dos componentes perigosos que se movimentam de um ponto a outro da
cadeia de produção e uso do cimento, com grande potencial de agravo à saúde dos
trabalhadores e da população e de comprometimento da qualidade ambiental.
57
3.6.2.QUESTÃO ENERGÉTICA
58
A Figura 9 permite observar a evolução do uso de combustíveis na indústria brasileira
do cimento em decorrência das diferentes conjunturas de abastecimento ao longo de sua
existência.
Dessa forma, os dados do BEN são preferidos por serem de fonte oficial, terem
abrangência maior e estarem alinhados com o planejamento energético do País.
59
Figura 10: Taxa de utilização de combustíveis fósseis, resíduos fósseis e biomassa
Fonte: CSI, 2011
60
preço do carvão mineral em níveis inferiores ao preço do óleo combustível, em calorias
equivalentes, como forma de ressarcir os elevados investimentos necessários à
utilização desses novos energéticos. Intensificou-se então o uso desses energéticos e da
biomassa, assim alcançando em 1985 uma taxa de substituição ao óleo combustível de
96%. (SNIC, 2012) O êxito no programa de substituição energética gerou na indústria
petrolífera brasileira um grande excedente de óleo combustível, que passou a ser, em
parte, exportado. O governo federal, então, através da Petrobras, ofereceu à indústria do
cimento a garantia do abastecimento de um novo elenco de óleos com alta viscosidade a
preços significativamente competitivos. O uso desses combustíveis foi incrementado no
setor até a metade dos anos 1990. (SNIC, 2012)
61
3.8. CIMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
O crescimento econômico deste setor oscilou bastante nas ultimas duas décadas, mas a
partir de 2005 passou a sustentar taxas significativas de crescimento do produto.
62
Figura 11: Participação do cimento nos índice nacional do custo da construção
Fonte: FGV, 2012
Esse crescimento pode ser dividido em dois períodos, o primeiro abrange os anos de
2003 até 2006, o segundo refere-se aos anos compreendidos entre 2006 e 2009. A
primeira fase possibilitou crescimento devido a mudanças institucionais no setor, a
segunda fase de crescimento foi garantida pela consolidação das mudanças
institucionais já mencionadas acrescidas da criação de programas como o PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento) e o Programa “Minha Casa Minha vida”
63
(MCMV) que deram um horizonte de maior previsibilidade aos investimentos e
permitiram às empresas, resultados mais expressivos. (SNIC,2012)
64
Figura 13: Consumo de cimento x economia
Fonte: FGV, 2011
65
4. CIMENTAÇÃO PARA POÇO DE PETRÓLEO
4.1 INTRODUÇÃO
Nesse trabalho o estudo de caso a ser abordado será o cimento para perfuração de poços
de petróleo, o cimento Classe G ou CPP (Cimento para poços petrolíferos).
O tema foi escolhido por se tratar de um tipo de cimento foco de muita atenção no
Brasil ultimamente pelo grande desenvolvimento na área petrolífera no país.
Atualmente a Petrobras é responsável por 90% de todo consumo desse tipo de cimento.
Sendo a principal consumidora, a empresa tem um controle muito rigoroso na produção
local, sendo realizado atualmente apenas pela Holcim dentro do Brasil em Cantagalo. A
Lafarge está desenvolvendo o produto também em sua fábrica de Cantagalo, estando o
produto sob fase de testes.
4.2 CONCEITUAÇÃO
O CPP constitui um tipo de cimento Portland de aplicação bastante específica, qual seja
a cimentação de poços petrolíferos. O consumo desse tipo de cimento é pouco
expressivo quando comparado ao de outros tipos de cimentos normalizados no País. O
cimento para poços petrolíferos (CPP) é regulamentado pela NBR 9831 e na sua
composição não se observam outros componentes além do clínquer e do gesso para
retardar o tempo de pega. No processo de fabricação do cimento para poços petrolífero
são tomadas precauções para garantir que o produto conserve as propriedades reológicas
(plasticidade) necessárias nas condições de pressão e temperatura elevadas presentes a
grandes profundidades, durante a aplicação nos poços petrolíferos. O CPP pode ser
identificado como sendo um cimento classe G (CPP-G).
66
4.3 CONTEXTO
67
4.4 PETRÓLEO NO BRASIL
Até 1968, os técnicos vindos de outros países foram, gradativamente, sendo substituídos
por técnicos brasileiros, que eram enviados ao exterior para se especializarem. Os
esforços eram concentrados na região da Amazônia e do Recôncavo. Quinze anos após
a criação da Petrobras, as áreas de exploração se expandiram para a acumulação de
Jequiá, na bacia de Sergipe-Alagoas, em 1957 e Carmópolis (SE), em 1963. Em 1968, a
área de exploração atingiu Guaricema (SE), o primeiro poço offshore (no mar) e Campo
de São Matheus (ES), em 1969. Essas descobertas contrariaram os resultados de um
relatório divulgado em 1961, pelo geólogo norte-americano Walter Link, contratado
pela Petrobras, que concluiu a inexistência de grandes acumulações petrolíferas nas
bacias sedimentares brasileiras. Mas Guaricema, fruto de investimentos em dados
sísmicos e sondas marítimas, injetou novos ânimos nas perspectivas de um Brasil
autossuficiente, que passaria a redirecionar suas pesquisas agora para o mar. Ao final de
1968, a indústria brasileira produzia mais de 160 mil barris por dia.
68
Em meio à crise mundial, o Brasil descobre o campo marítimo de Ubarana, na bacia de
Potiguar (ES) e o campo de Garoupa, na Bacia de Campos (RJ), em 1974, que marcaria
o início de uma segunda fase dentro da Petrobras, aquela em que a empresa se
diferenciaria pela exploração do petróleo em águas profundas e ultraprofundas. Em
função da bacia de Campos, a produção petrolífera brasileira chega aos 182 mil barris
ao dia, sendo reconhecida até os dias atuais como a mais produtiva bacia do país e uma
das maiores produtoras de petróleo de águas profundas do mundo. Os primeiros tratados
de risco são assinados em 1975, quando o país abre as portas para a entrada de
multinacionais para explorarem petróleo com a promessa de trazerem um aporte
financeiro que fosse significativo para o país. Apesar das empresas estrangeiras terem o
direito de atuar em 86,4% das bacias sedimentares (associadas à presença de jazidas de
petróleo) do país, deixando apenas o restante nas mãos da Petrobras, os contratos não
produziram e nem trouxeram o capital que prometeram.
A Lei do Petróleo, de 1997, inicia uma nova fase na indústria petrolífera brasileira.
Entre as mudanças está a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que
substituiu a Petrobras nas responsabilidades de ser o órgão executor do gerenciamento
do petróleo no país, e na nova tentativa de internacionalização do petróleo no Brasil.
Esta Lei permitiu a formação de parcerias com empresas interessadas em participar do
processo de abertura do setor, numa tentativa de trazer novos investimentos para o país.
69
4.5 PRÉ-SAL
Os primeiros resultados apontam para volumes muito expressivos. Para se ter uma ideia,
só a acumulação de Tupi, na Bacia de Santos, tem volumes recuperáveis estimados
entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo equivalente (óleo mais gás). Já o poço de Guará,
também na Bacia de Santos, tem volumes de 1,1 a 2 bilhões de barris de petróleo leve e
gás natural, com densidade em torno de 30º API.
70
Figura 15: Camada de pré-sal
Fonte: PETROBRAS, 2009
O primeiro poço de petróleo foi perfurado nos Estados Unidos – Pensilvânia- no ano de
1859. Ele foi explorado a uma região de pequena profundidade (21m), ao contrário das
escavações de hoje, que ultrapassam os 6000m. Na época, descobriu-se que a destilação
do petróleo, resultava em produtos que substituíam o querosene que era obtido a partir
do carvão e óleo de baleia que era utilizado para iluminação. Esses fatos marcaram o
início da exploração de petróleo. Até o fim do século passado a atividade de perfuração
de poço se multiplicou e novas tecnologias foram desenvolvidas, começando a ser
desenvolvido o processo rotativo de perfuração de poços cada vez mais profundos.
Hoje, centenas de novos poços são explorados e novos compostos são produzidos. Com
isso, o petróleo passou a ser imprenscidivel às facilidades e comodidades da vida
moderna (MICHAUX, 1986).
71
Os poços podem ser perfurados de três maneiras diferentes: de maneira vertical,
horizontal e horizontal como na figura 16.
72
A perfuração de um poço é realizada em diversas fases (independente de sua trajetória),
caracterizada pelos diferentes diâmetros das brocas, dos revestimentos, das zonas a
serem perfuradas e da profundidade final prevista. A primeira parte perfurada do poço
apresenta maior diâmetro e menor profundidade, é revestida com o revestimento
condutor, que tem a finalidade de sustentar sedimentos superficiais não consolidados.
Pode ser assentado por cravação, por jateamento (no mar) ou por cimentação em poço
perfurado. Em sequência desce o revestimento da superfície, que tem como finalidade
proteger os horizontes superficiais de água e prevenir desmonoramento de formações
inconsolidadas. Em seguida, após a cimentação do revestimento de superfície e a
perfuração de uma nova fase, desce o revestimento intermediário, que tem como
finalidade proteger os horizontes superficiais de água e prevenir desmonoramento de
formações inconsolidadas. Em seguida, após a cimentação do revestimento de superfície
e a perfuração de uma nova fase, desce o revestimento intermediário, que tem como
finalidade isolar e proteger zonas de alta ou baixa pressão, zonas de perda de circulação,
formações desmoronáveis e formações portadoras de fluidos corrosivos. Por último,
após a perfuração de uma nova fase, desce o revestimento de produção que tem a
finalidade de permitir a produção do poço. As fases de perfuração e seus revestimentos
estão apresentadas na figura 14. (THOMAS, 2001)
73
A cada etapa de perfuração e descida do revestimento é realizada a operação de
cimentação para fixar e isolar o revestimento da formação. No entanto, as
especificidades de cada poço e a dinâmica de exploração do petróleo condicionam os
processos de cimentação. Assim, a cimentação inicial de um poço não é exatamente
semelhante a uma correção posterior, pois as condições de injeção da pasta são
diferentes. Em função disto, a indústria de petróleo classifica a cimentação em dois
tipos gerais: a cimentação primária e a cimentação secundária. (MICHAUX, 1986).
Consiste na cimentação principal de cada coluna de revestimento logo após sua descida
do poço. Após a perfuração do poço e a descida da coluna de revestimento, o espaço
anular entre a tubulação de revestimento e as paredes do poço é preenchido com
cimento, de modo a fixar a tubulação e evitar que haja migração de fluidos entre as
diversas zonas permeáveis atravessadas pelo poço, por detrás do revestimento. (ISO
10.426-2,2003)
74
Figura 18: Processo de cimentação primária
Fonte: Nelson, 1990
4. Teste de pressão das linhas de cimentação, testadas até uma pressão superior à
máxima pressão prevista durante a operação;
75
10. Pressurização do revestimento para teste de vedação do tampão de topo;
12. Após a pega do cimento, é descida a coluna com bronca para cortar as partes
internas e acessórios e acondicionar o revestimento. Se houver prosseguimento
de perfuração, corta-se também o cimento residual entre o colar e a sapata.
a) Recimentação
É a técnica a ser utilizada quando os perfis sônicos indicam revestimento livre onde o
revestimento hidráulico está sendo exigido. A ausência de cimento em determinados
trechos pode ser decorrência de entupimento do anular, por carreamento de detritos
durante a cimentação primária ou falta de deslocamento da pasta. O processo consiste
no canhoneio do revestimento na parte superior e inferior do local afetado, circulação de
colchão espaçador e pasta de cimento entre os pontos previamente perfurados, de forma
similar a uma cimentação primária. Instala-se um “packer” no interior do revestimento
para permitir a pressurização necessária para que a pasta penetre nos pontos
76
canhoneados e preencha os espaços existentes entre o revestimento e a formação. A
figura 19 demonstra o processo.
b) Compensação de cimento
77
Figura 20: Processo de compressão de cimento ou squeeze
Fonte: Departamento de Conservação da Califórnia, 2013
c) Tamponamento
78
d) Reparo de vazamento no revestimento
Para uma boa cimentação do poço de petróleo, o cimento após seu endurecimento deve
apresentar condições de proporcionar o isolamento das formações, aderência mecânica
ao revestimento à formação, proteção do revestimento contra corrosão e cargas
dinâmicas decorrentes de operações em seu interior. No entanto, os problemas sempre
aparecem e se manifestam através de canais em torno do revestimento do espaço anular.
Embora as pastas tenham um bom desenvolvimento mecânico para poços de petróleo, o
cimento apresenta fragilidade intrínseca e baixa energia de fatura. É frequente a
ocorrência de rachaduras e fraturas na bainha cimentícia, como apresentado na figura
19. Esta fratura pode causar migração de fluidos através do espaço anular, provocando
inevitável prejuízo econômico, atraso na produção e problemas ambientais
(YOUNG,2012)
79
Figura 22: Revestimento com falha na cimentação FONTE: THOMAS, 2004
Como a formação está pressurizada, os fluidos podem fluir, seja para zonas rochosas de
menor pressão ou diretamente para a superfície. Neste momento, um trabalho para a
correção é difícil e o perigo severo à vida e ao meio ambiente já está instalado.
Para prevenir esses problemas de cimentação, deve-se utilizar pastas com densidade
apropriada, evitando assim o desbalanceamento hidrostático e a entrada de fluidos na
pasta, impedindo o fluxo de gás ascendente no anular, controle da perda de filtrado
excessiva pela pasta cimentícea, evitando entrada de gás na coluna de pasta e evitar
contração volumétrica apreciável devido ao processo de hidratação e fissuração da
bainha de cimento sob tensão, impedindo o surgimento de fraturas que permite a
migração dos fluidos. Esses problemas podem estar relacionados ao deslocamento
inadequado da pasta de cimento, pois este fluido tem comportamento não newtoniano e
necessita de uma pressão diferencial para fluir. Isso pode causar vazios que
proporcionam uma abertura para que ataques externos possam afetar a cimentação.
(YOUNG,2006)
80
4.7 ADIÇÕES POLIMÉRICAS
Nos EUA, a partir de 1950, o látex acrílico, definido como uma dispersão aniônica de
um copolímero acrílico, passou a ser estudado como modificador de argamassas e
concretos de cimento Portland com o objetivo de alterar suas propriedades mecânicas
originais. Esta modificação com os acrílicos que, de maneira geral, podem ser definidos
como uma família de resinas oriundas da polimerização do ácido acrílico, resulta em
alterações nas propriedades do concreto curado. O mecanismo pelo qual a adição destes
polímeros interagem com os principais elementos do cimento como silicatos e
aluminatos, durante a reação de hidratação, é de grande importância no estudo de sua
degradação, pois tendem a aumentar sua durabilidade.
81
biopolímeros também carregam a imagem de serem mais aceitos ambientalmente que os
sintéticos. Apesar deste ponto ser discutível, ele influencia na escolha do material
utilizado (BIEZEN, 2007). Os polímeros naturais costumam ser usados, por exemplo,
par controlar a reologia de fases aquosas, que está relacionada com a deformação e o
fluxo da matéria, envolvendo elasticidade, viscosidade e plasticidade (MICHAUX,
1986). A incorporação de polímeros naturais ao cimento confere a esses materiais
melhora, principalmente, na trabalhabilidade, durabilidade e densidade da pasta. (ISO
(10.426-2, 2203). Os polímeros podem atuar de diversas formas quando misturados ao
cimento Portland. Algumas de suas aplicações são como aceleradores de pega,
retardadores de pega, plastificantes, superplastificantes, espumantes antiespumantes,
impermeabilizantes estendedores, dispersantes. Para um bom entendimento do
mecanismo da mistura entre o cimento Portland, a água e algum tipo de polímero, deve-
se ter em mente que duas importantes e necessárias reações químicas ocorrerão: a
hidratação do cimento Portland e o processo de polimerização. Em alguns casos a
polimerização não ocorre, como é o caso de polímeros lançados na forma de pré-
polímero e/ou na forma de látex.
82
4.7.1 QUITINA
83
Figura 24: Aplicação da quitina e quitosina
Fonte: AZEVEDO, 2007
4.7.2 QUITOSANA
84
alto grau de pureza e isenta d contaminantes. No entanto, os principais fatores que
afetam a eficiência da desatilização e as características da quitosana obtida são:
85
de toneladas exploradas. Atualmente, a Indústria assume a liderança na geração de
renda, com destaque para o setor cimenteiro. (O AUTOR, 2014)
A empresa francesa Lafarge está em fase de testes para a produção do cimento na sua
fábrica também em Cantagalo. No ano de 2013, a empresa recebe o certificado de
direito de uso do selo API para a fabricação de cimentos nessa fábrica e desde então o
trabalho está sendo realizado junto com a Petrobras.
Como se trata de questão que envolve sérios riscos ambientais, a PETROBRAS tem um
enorme controle sob a produção.
86
Na NBR 9831, o CPP é definido como aglutinante hidráulico obtido pela moagem de
clínquer Portland, constituído, em sua maior parte, por silicatos de cálcio hidráulicos e
que apresenta características especiais para uso em poços de petróleo assim como
produzido. Na fabricação, a única adição permitida é a de sulfato de cálcio durante a
moagem.
Quanto à embalagem:
Os sacos de cimento devem ser fornecidos com no mínimo três folhas de papel
tipo Kraft
87
No caso de entrega a granel, a documentação que acompanha a entrega deve
conter a sigla CPP- classe especial, o nome, a marca do fabricante, o número da
batelada e a data de fabricação.
Requisitos químicos:
88
Tabela 13: Requisitos Químicos do CPP
Fonte: NBR 9831, 2006
Requisitos físicos:
89
Tabela 14: Requisitos Físicos do CPP
Fonte: NBR 9831, 2006
90
5. CONCLUSÃO
Um dos problemas observados no decorrer desse estudo é que essa indústria possui uma
limitação logística. Apesar de o sistema ferroviário ter se desenvolvido e se tornado
mais qualificado com as privatizações, esse meio ainda é muito pouco utilizado para o
91
transporte de cimento. A transposição desse problema pode representar uma redução de
custos significativa para o setor, já que o peso da logística do cimento é maior do que
em diversos outros segmentos de bens de consumo além de encarecer o produto
dependendo da localização de seus clientes e com isso perdendo força de mercado e
competitividade.
Para este trabalho foram procuradas diversos especialistas do setor. Constatou-se que no
cimento há uma contínua melhoria na inovação de produtos que permitam a evolução
das estruturas.
Por fim, cabe destacar que ao longo dos últimos quatorze anos (2000 a 2014), o preço
do cimento ao consumidor no Brasil aumentou 100%, bem menos do que o IGP (Índice
Geral de Preços). Alguns fatores colaboram para o fato, como grande concorrência do
setor, como explicado no item 3.2, o controle de preços por parte do governo como
medidas anti-inflacionárias e pelo fato de acompanhar sempre a construção civil.
92
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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