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Contextos, desafios e
possibilidades da
pesquisa-intervenção-pesquisa
em direitos sexuais e
reprodutivos
Crescimento Econômico
Organizadores
Tacinara Nogueira de Queiroz
Maria Betânia Lins
Cinthia Oliveira
Cidadania, Saúde
Luís Felipe Rios
[Série] Gênero, sexualidade e direitos humanos | no 4
Contextos, desafios e
possibilidades da
pesquisa-intervenção-pesquisa
em direitos sexuais e
reprodutivos
Organizadores
Tacinara Nogueira de Queiroz
Crescimento Econômico,
Maria Betânia Lins
Cinthia Oliveira
Luís Felipe Rios
Cidadania, Saúde
Recife/PE
2015
Copyrigth @ Universidade Federal de Pernambuco, 2015
Publicações Especiais do Laboratório de Estudos da Sexualidade Humana (LabESHU)
Série “Gênero, sexualidade e direitos humanos”
Editores responsáveis: Luís Felipe Rios (UFPE) e Luciana Vieira (UFPE)
Conselho editorial: Cristina Amazonas (UNICAP), Fátima Lima (UFRJ), Ivia
Maksud (IFF/Fiocruz), Jaileila de Araújo Menezes (UFPE), Karla Galvão Adrião
(UFPE), Lady Selma Albernaz (UFPE), Marion Teodósio de Quadros (UFPE), Paula
Sandrine Machado (UFRGS) e Viviane Mendonça (UFSCAR)
O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade dos autores e não representa
a posição oficial dos apoiadores do Programa Diálogos Suape.
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
É permitida a reprodução total ou parcial do texto desta publicação,
desde que citados a fonte e os respectivos autores.
Sumário
Apresentação.................................................... 5
Luís Felipe Rios, Tacinara N. de Queiroz, Maria Betânia Lins e
Cinthia Oliveira
Possibilidades
Monitoramento de projeto social: uma metodologia de
pesquisa-ação participativa.................................................... 214
Telma Low, Danielly Spósito, Flávia Lucena, Nivete Azevedo,
Maria Aparecida Araujo Santos, Jorge Lyra, Benedito Medrado,
Talita Rodrigues, Ana Carolina Cordeiro e Gabriela Cordeiro
Não parece ser por acaso que a maior parte dos agravos
à saúde e violações de direitos apresentados como carecendo
de “mitigação” pelo relatório disponibilizado pela Petrobras à
UFPE (Rebouças e Associados, 2009), e que serviu de subsídio
inicial para elaborar o plano de trabalho do Diálogos Suape,
remetia diretamente às relações de gênero e de sexualidade:
DSTs/Aids, gravidez na adolescência, violência sexual e de
gênero. Mesmo o entendimento do uso abusivo de álcool e
outras drogas, ou mais amplamente o acesso à saúde, é social-
mente marcado pelas relações de gênero.
Assim, um eixo que atravessa todos os trabalhos aqui
publicados é o de apresentarem discussões consistentes so-
bre gênero e/ou sexualidade como sistemas e/ou marcadores
sociais, organizadores da vida social e subjetiva e, por conse-
guinte, dos contextos que criam as condições para os agravos
e violações ocorrerem. Todos os textos buscam, de diferen-
tes modos, desvelar a operação dessas marcas, socialmente
constituídas, na emergência de desigualdades e situações
opressivas.
Outro compromisso dos pesquisadores e de seus textos
é o de empenharem esforços para fazer dialogar os conceitos
e leituras acadêmicos de gênero e/ou de sexualidade com os
marcos normativos dos direitos sexuais e reprodutivos – uma
nova legalidade em processo de legitimação social mais am-
pla, que busca se oferecer como alternativa para reorganizar
as práticas sociais de modo a dirimir as opressões e desigual-
dades. A partir desse eixo comum, os textos vão ler e proble-
matizar crescimento econômico, cidadania, saúde. Destaca-
mos ainda que, em diferentes níveis, todos os trabalhos desta
coletânea atualizam a perspectiva da pesquisa-intervenção-
pesquisa como situada por Adrião (2014, p. 70):
Apresentação – Luís Felipe Rios et al. • 9
2. Eixos transversais
2.3. Possibilidades
Referências
RIOS, L.F.; QUEIROZ, T.; LINS, M.B.; TEÓFILO, I. (Org.). Diálogos para o
desenvolvimento social em contextos de grandes obras: a experiência do Progra-
ma Diálogos Suape. Recife: EdUFPE, 2015.
Contextos:
grandes obras e
relações de gênero
Desenvolvimento e reprodução:
um estudo comparativo em três polos
pernambucanos1
Dayse A. dos Santos, Russell P. Scott,
Rosangela S. de Souza e Rafael de F. D. Acioly
1. Introdução
1
Trabalho inicialmente apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Popu-
lacionais, Abep, realizado em Águas de Lindoia/SP, de 19 a 23 de novembro de 2012.
2
Pesquisa APQ0149-7.03/10 financiada pelo Edital Facepe 03/2010, Estudos e Pesqui-
sas para Políticas Públicas Estaduais, Gravidez na Adolescência, Facepe/SecMulher.
Desenvolvimento e reprodução – Dayse A. dos Santos et al • 17
3
Disponível em: <http://www.pe.gov.br>.
4
Disponível em: <http://www.pe.gov.br/blog/2011/09/14/pernambuco-e-lider-nacio-
nal-na-geracao-de-empregos-com-carteira-assinada-diz-mte/>.
18 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
População População
Município Aumento %
em 2000 em 20105
Cabo de
152.977 185.025 20,95%
Santo Agostinho
Fonte: IBGE.
5
Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?uf=26&dados=1>.
Desenvolvimento e reprodução – Dayse A. dos Santos et al • 19
2. Metodologia
3. Discussão e resultados
3.1. Os cenários
6
Disponível em: <http://www.ipojuca.pe.gov.br/>.
7
Disponível em: <http://www.visiteportodegalinhas.com/>.
22 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
Fonte: Empetur.
8
Disponível em: <http://www.ipojuca.pe.gov.br/>.
9
Disponível em: <http://www.suape.pe.gov.pe>.
24 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
Valor da produção
Cultura Área (ha) Produção (t)
(R$)
10
Veja, edição 2180, 1o set. 2010.
26 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
11
Série de reportagens publicadas pelo Diário de Pernambuco de 8 a 13 de maio de 2011.
28 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
Nossa Porto de
Ponte dos
Gaibu Senhora Galinhas e
Carvalhos
do Ó Maracaípe
Nascimento no local
a jovem 26,0 42,3 44,3 15,7
Mãe 24,2 31,3 38,8 9,7
Pai 23,6 34,5 46,9 11,8
Nascimento em outro
município ou estado
a jovem 61,0 32,7 42,0 59,8
Mãe 58,6 43,7 48,0 64,5
Pai 60,6 45,3 40,8 58,8
Moradia no local
10 anos ou menos 47,1 28,8 33,3 39,2
Educação
Estuda atualmente 41,3 34,6 42,5 24,5
Segundo grau completo 49,0 51,0 19,8 33,3
Nossa Porto de
Ponte dos
Gaibu Senhora Galinhas e
Carvalhos
do Ó Maracaípe
Primeiro namoro < 14 anos 61,0 44,3 51,0 54,3
Conheceu:
na escola 20,0 25,8 16,7 20,0
na vizinhança 37,0 25,8 31,4 41,0
na igreja 3,0 14,4 4,9 4,2
em bar ou festa 8,0 11,3 19,6 16,8
Conheceu:
na escola 11,8 8,8 11,1 8,5
na vizinhança 28,9 22,5 27,2 49,3
na Igreja 7,9 17,5 4,9 5,6
em bar ou festa 15,8 26,3 23,5 14,1
12
Excluindo as que reportaram não ter relações sexuais com seus primeiros namorados.
36 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
Nossa Porto de
Ponte dos
Gaibu Senhora Galinhas e
Carvalhos do Ó Maracaípe
Idade da primeira
gravidez da mãe
<16 anos 22,2 25,3 30,3 28,6
<19 anos 54,4 51,8 61,8 55,7
Idade da jovem na
primeira relação sexual
<13 anos 2,4 2,7 5,8 9,6
<14 anos 15,3 12,0 18,6 20,5
<16 anos 45,9 37,3 48,8 61,4
Idade da jovem na
primeira gravidez
Nunca engravidou 53,3 52,4 44,3 39,2
Engravidou <16 anos 16,7 20,4 30,5 33,9
Engravidou <19 anos 60,4 65,3 74,6 79,0
Experiência de gravidez
Mais de uma vez 37,0 32,6 45,6 46,8
4. Considerações finais
Referências
2
Disponível em: <http://www.suape.pe.gov.br/institutional/institutional.php>.
48 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
Quantidade de Entrevistas
Empresa
trabalhadores realizadas
Consórcio Alusa CBM 1.259 15
3. Alguns resultados
4
Outros documentos que ajudam na problematização desse quadro são os últimos bo-
letins epidemiológicos do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério
da Saúde, que apontam as cidades da microrregião de Suape como as localidades onde
a taxa de infecção pelo HIV está mais elevada no país.
Dialogando com homens trabalhadores de Suape – Benedito Medrado et al. • 55
0,7%
(3)
0,7%
(3)
33,07% Sim
Sim
(139) Sim
Não
Não
Não
65,06% Não
Nãosabe
sabe
(271) Não
sabe
59,8%
24,7%
5,5%
3,7% 3% 2,2%
1,1%
Sim, sou separado e a Sim, meus filhos estão Sim, meus filhos Sim, outra resposta Sim, meus filhos são Não, meus filhos Não sabe/ não
Sim,dossou
guarda meus Sim,
com minhameus Sim,
mulher, moram commeus
outros/as Sim, outra Sim, meus
casados Não,
moram comigo Não sabe/
respondeu
filhos está com a mãe que vive em outra parentes
separado
dele/s filhos estão
cidade filhos resposta filhos são meus filhos não respon-
e a guarda com minha moram casados moram deu
dos meus mulher, com outros comigo
filhos está que vive parentes
com a mãe em outra
deles cidade
5
Como se trata de uma questão de opinião, essa resposta envolve os 421 trabalhadores
entrevistados, e não apenas os 271 que são pais.
Dialogando com homens trabalhadores de Suape – Benedito Medrado et al. • 61
Respostas Percentagem
Ajudar a companheira a cuidar da criança 32,8
Acompanhar parceira e criança (família) 23,5
Cuidar da criança 13,8
Ajudar a esposa em casa (atividades domésticas) 9,7
Não sabe/não respondeu 9,5
Descansar ou se divertir 3,8
Tempo desnecessário 1,9
Prejudica a relação com o trabalho 1,7
Cuidar da documentação 1,4
Trabalhar para ter renda extra 1,2
Outros 0,7
Total 100
3.4. Violência
4. Algumas considerações
Referências
LAQUEUR, T. Making sex: body and gender from the Greeks to Freud.
Cambridge, MA: Harvard University Press, 1990.
______; ______. Por uma matriz feminista de gênero para os estudos sobre
homens e masculinidades. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 16, n.
3, dez. 2008.
SCOTT, J. W. Gender and the politics of history. Nova York: Columbia Univer-
sity Press, 1988. p. 28-50. [Obra consultada: Gênero: uma categoria útil
para análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p.
71-99, 1995.]
1. Introdução
1
Este texto é um recorte da dissertação “Pião trecheiro: trabalho, sexualidade e risco no
cotidiano de homens em situação de alojamento em Suape (PE)”.
68 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
2. Metodologia
2
Questões de saúde me obrigaram a ficar afastado, durante alguns meses, das ativida-
des do campo.
Trabalho e risco na composição da identidade do “pião trecheiro” – Sirley Vieira da Silva • 69
3. Os sujeitos da pesquisa
3
Os nomes foram trocados para manter o sigilo e o anonimato dos entrevistados.
70 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
Nome Características
Toni – 48 anos, da cidade de Ca- Branco; residiu por quase dois anos em
xias/RJ – Função na obra: Encarre- um alojamento em Gaibu4; está no se-
gado de equipe. gundo casamento; pai de dois filhos já
adultos.
Miro – 46 anos, da cidade São Pardo; divide o alojamento com outros
Luís/MA – Função na obra: Encar- três trabalhadores; pai de três filhos.
regado de equipe.
Joel – 35 anos, da cidade de Gua- Branco; divide o alojamento com outros
dalupe/PI – Função na obra: Me- três companheiros; pai de uma filha.
cânico montador.
Diniz – 47 anos, carioca da ci- Preto; divide o alojamento com outros três
dade de Niterói/RJ – Função na trabalhadores; pai de quatro filhos, todos
obra: Instrutor de solda. de relacionamentos diferentes.
4
Há cerca de seis meses, conseguiu trazer a esposa para morar com ele em uma casa alu-
gada na mesma localidade, mas isso, na perspectiva da empresa, também é considerado
uma situação de alojamento.
Trabalho e risco na composição da identidade do “pião trecheiro” – Sirley Vieira da Silva • 71
6
Para mais detalhes sobre esse incêndio, acessar: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesqui-
saescolar/index.php?option=com_contenteview=articleeid=209eItemid=193>. Acesso
em: 23 ago. 2012.
Trabalho e risco na composição da identidade do “pião trecheiro” – Sirley Vieira da Silva • 73
9
Fonte: Empresas terceirizadas da Refinaria Abreu e Lima.
Trabalho e risco na composição da identidade do “pião trecheiro” – Sirley Vieira da Silva • 75
10
Essa é a forma como as pessoas que residem na região se referem aos trabalhadores.
11
Violência se espalha rapidamente pelo Litoral Sul. Jornal do Commercio, 3 dez. 2011.
Disponível em: <http://www.old.diariodepernambuco.com.br/assinantes/acesso_
dp.asp>. Acessado em: 15 set. 2012.
12
Ver a reportagem: Filhos de Suape. Diário de Pernambuco, 8-13 maio 2012.
13
Segundo informações das firmas responsáveis pela obra da refinaria.
76 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
“Pião trecheiro” é porque ele não tem estadia. […], ele está num
“trecho”. Por exemplo, ele está no Rio, aí alguém diz: “Olha,
tem uma obra pra gente lá em Manaus, quem é que vai?” […],
o fulano vai… Quer dizer, ele não se apega ao Rio de Janeiro. A
gente não se apega à cidade. […] O pião não passa muito tempo
num lugar… Porque ele vai onde tem trabalho […]. (Toni, 48
anos, da cidade de Caxias/RJ)
No trabalho temos risco. […] Por isso que se tem toda uma pre-
ocupação com profissionais para treinamento. Profissionais
Trabalho e risco na composição da identidade do “pião trecheiro” – Sirley Vieira da Silva • 83
Todo mundo sabe que tem que tomar cuidado. É exigência das
empresas que se trabalhe com segurança. […] Aqui fora e lá na
empresa também… Quer dizer… Lá tem gente que reclama, mas
tem os que tá lá pra dizer que tem que usar os EPI… […] Se o
nego não ficar em cima, tem uns que não usa, não… Aqui fora
tem a questão da violência… Do sexo… De várias coisas… Aí o
cara tem que fazer o quê?… Se prevenir! (Toni, 48 anos, da cida-
de de Caxias/RJ)
14
Equipamento de proteção individual.
15
Esse trabalhador se referia ao lugar/comunidade onde fica instalado o alojamento,
não ao local de trabalho.
84 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
Nós vivemos com o risco […] a gente encara meio… […] Assim …
É… é uma aventura!… Somos homens, temos que encarar essas
dificuldades. Só assim a gente vive nessa vida. (Gael, 33 anos, da
cidade de São Luís/MA)
[…] Por causa do costume. […] Muitos aí, acredito, também es-
tão nessa vida… Vida de pião, porque querem ter suas coisas
e porque gosta[m] de ser pião. (Diniz, 47 anos, da cidade de
Petrópolis/RJ)
9. Considerações finais
Referências
1. Introdução
2. Características do trabalho/trabalhador
temporário em grandes obras
De forma geral, algumas características são comuns em
todas as obras de base que promovem a estruturação do de-
senvolvimento econômico, conforme o modelo de avanço
tecnológico atualmente no país: essas obras de infraestrutura
envolvem a engenharia de construção civil e para serem execu-
tadas necessitam de mão de obra braçal; portanto, empregam
a força e a habilidade majoritariamente masculinas. Esses
trabalhadores “braçais” são requisitados entre segmentos po-
pulacionais de baixo poder socioeconômico e escolar que têm
menor qualificação profissional e empregos sem estabilidade.
Tal perfil favorece a aceitação do trabalho temporário, in-
cluindo a necessidade de deslocamento por médios ou gran-
des períodos, e produz uma série de relações de trabalho que
não seguem, em geral, o padrão de adequação adotado em
empresas que empregam mão de obra fixa. Por uma questão
de situação de desenvolvimento econômico e escolar brasilei-
ro, que concentra grande parte da população em situação de
trabalho sem qualificação, a concorrência para ocupação das
vagas desse tipo de trabalho braçal temporário é grande, ha-
vendo mais oferta de mão de obra do que procura.
Desse modo, a situação de trabalho, incluindo jornadas,
instalações, higiene e moradias oferecidas, é prontamente acei-
ta, embora nem sempre seja digna de organização e salubrida-
de, ficando a cargo de cada empresa sua ordenação, conforme
as legislações existentes. Por uma questão de conquistas com
relação à organização do trabalho advindas do período de in-
dustrialização do país, a legislação brasileira foca a condição
de saúde do trabalhador do ponto de vista da redução de ris-
co do corpo físico, salientando a importância de condições de
segurança e alimentação durante a jornada de trabalho. As-
pectos e peculiaridades que fogem a essa exposição corpo-tra-
96 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
1
Para ter acesso à cartilha, ver: <http://www.youblisher.com/p/134551-Guia-de-Saude-
Sexual-e-Reprodutiva-do-Homem-e-Outros-Cuidados/>.
104 • Contextos: grandes obras e relações de gênero
2
Para ter acesso ao vídeo, ver: <http://www.barong.org.br/projetos_saudedohomem_2.
html>.
Promoção da saúde sexual e reprodutiva – Regina Figueiredo et al. • 105
5. Considerações finais
3
Entre as organizações não governamentais em que atuamos mencionadas no texto,
atualmente apenas o Barong mantém atividades, concentrando a expertise dos projetos
e materiais que foram realizados em parceria anteriormente.
Promoção da saúde sexual e reprodutiva – Regina Figueiredo et al. • 111
Referências
ACSELRAD, H. Ambientalização das lutas sociais: o caso do movimento
por justiça ambiental. Estudos Avançados, v. 24, n. 68, p. 10-119, 2010.
______; ______. Relatório do projeto Despertar para a Vida. São Paulo: Ing-Ong/
CEVAM, 2009. 44 p.
LYRA, J.; MEDRADO, B.; LOPES, F. Homens também cuidam! Diálogos so-
bre direitos, saúde sexual e reprodutiva, paternidade e relações de cuidado. Recife:
Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)/Instituto PAPAI, 2007.
1
Karla Galvão Adrião contou com apoio da CAPES, por meio de uma bolsa pós douto-
ral, para a produção desse texto.
2
Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca são municípios que têm sofrido grandes mudan-
ças populacionais, sociais e econômicas em razão do desenvolvimento do Complexo de
Suape por grandes empresas como a Petrobras e pela chegada de milhares de homens
trabalhadores na zona.
3
Esse curso tinha como objetivo capacitar um grupo de jovens para a produção de roteiros
audiovisuais, captação de imagens e edição de vídeos. Tal capacitação foi planejada como
ferramenta de diálogo e de debate sobre temas relacionados com os direitos da criança e
do adolescente, a saúde sexual e reprodutiva, o uso abusivo de álcool e outras drogas e o
Diálogos sobre sexualidades – Rocio del Pilar Bravo Shuña e Karla Galvão Adrião • 117
para tudo, inclusive para saber, para ouvir e para ter relações
sexuais. Tal como Mariana (17 anos) indica:
Eu acho que se você ouve dessas coisas e tal… fala sobre isso, aí o
moço vai entender como algo normal! E aí você vai agir como se
fosse nada, né?… Mas, se você cresce e você raramente ouve falar
sobre isso, aí quando você vê um vídeo e já tem uns 17 anos, aí
vai ser mais difícil de você ter esse tipo de relação… Mas, como
você cresce ouvindo o tempo todo… E todo mundo fala e você
vê… Aí é bem mais chance de acontecer… (Mariana, 17 anos)
5
Ruan e José Mario, estagiários da “Ação Juvenil”, apoiaram a realização das rodas de
conversa.
120 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
Na escola, deve ter uma foto para entender isso! (Aldo, 16 anos)
Uma aula… (Mariana, 17 anos)
A forma como evitar engravidar, e mais! Porque muitas pesso-
as não sabem! […] Aí, na hora de praticar, vai sem saber como
colocar, aí a camisinha estoura! E tudo mais! […] (Aldo, 17
anos)
Eu acho que, quando tem uma relação sexual […] Tem o sexo
oral, sexo anal e/ou normal que é a vagina… (Aldo, 16 anos)
[…] eu tenho um amiga que é virgem da frente e de atrás não é
[…] Ela é meio virgem […]. (Kelly, 17 anos)
124 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
6
“Amasso” é um termo êmico que no grupo significa quando duas pessoas ficam juntas
e, naquele momento, muitas coisas podem acontecer, além de beijos, carícias, abraços e,
às vezes, até contatos sexuais (definição dada por Luana e Eduarda).
Diálogos sobre sexualidades – Rocio del Pilar Bravo Shuña e Karla Galvão Adrião • 125
Tem a ver também pelo corpo! Tem a ver com o corpo também!
[Aldo indicando a Eduarda] Ela não tem seios, não aparecem
muitos seios ainda, entendeu? (Aldo, 16 anos)
[…] tipo, deixar o corpo crescer, amadurecer mais, muito pron-
to também prejudica, pode deixar com deformações no corpo…
(Roberta, 18 anos)
7
“Chamego” é uma demonstração de afeto que inclui abraços e beijos. É ficar “grudadi-
nho” na(o) parceira(o) (definição dada por Luana).
126 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
uma juíza, é tanto pelo preconceito, não, sei lá, pela sociedade,
né? A ideia da sociedade que a mulher tem que ser menor do
que o homem… (Isabela, 17 anos)
E alguma vez vocês presenciaram algum problema com respei-
to à cor? (Rocio, entrevistadora)
Sim! Eu vou contar de minha prima, ela namorava, mas agora
já tá casada, né? Mas ela esteve namorando com um rapaz bem
moreninho [negro], e a família dela não queria porque era bem
clássico [fazendo referência à cor], entendeu? […] por causa da
pobreza dele também… (Kelly, 17 anos)
Mas, se ele fosse de uma classe social melhor, eles aceitariam?
(José Mario, entrevistador)
Eu acho que a família iria aceitar, mas não por causa da cor dele,
e sim porque ele tinha e ela não, entendeu? (Kelly, 17 anos).
(17 anos), Luana (17 aos) e Kelly (17 anos) afirmam ter expe-
rimentado esse vínculo como algo prazeroso, em que existe
a confiança de conversar e fazer coisas diversas, embora não
exista o compromisso da fidelidade.
E a última modalidade: o “conhecerem-se”, que Roberta
(18 anos) nos descreve como um tipo de relacionamento no
qual duas pessoas estão apreciando a possibilidade de namo-
rar ou não. Nesse processo, os parceiros podem se beijar, “dar”
um amasso, ter um chamego – são expressões sexuais que não
implicam o coito.
Como observamos, para nossas(os) interlocutoras(es)
existem duas formas de manifestar sua sociabilidade sexual:
por um lado, as práticas românticas, comprometidas, como
o namoro “sério”, advindas do ideário clássico. E, por outro,
as que acontecem na “clandestinidade”, em que suas vivências
sexuais são mais fluidas e transitórias, surgidas a partir do
contexto da contemporaneidade.
Segundo Anthonny Giddens (1993), o amor romântico
passou a ter maior presença no final do século XVIII, quan-
do as práticas sexuais, consentidas e por prazer, dentro de um
relacionamento amoroso passaram a ser importantes para o
casamento. Totalmente diferente da Idade Média, período em
que o casamento era um contrato estipulado pelos pais para
afiançar alianças econômicas entre famílias e concretizar a
descendência mediante a reprodução. Aos homens era permi-
tida a paixão nos relacionamentos extraconjugais, liberdade
que as mulheres não tinham.
Mas a propagação desse amor aparentemente “subversi-
vo”, desse amor romântico, “[…] foi um enredo engendrado
pelos homens contra as mulheres, para encher suas cabeças
com sonhos fúteis e impossíveis […]” (Giddens, 1993 p. 52).
A ideia de um amor “puro”, “eterno”, de “igualdade” sexual e
emocional só serviu para posicionar a mulher no lar, no priva-
do, e seu irremediável destino como esposa e mãe.
134 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
Referências
RUBIN, G. Pensando o sexo: notas para uma teoria radical das políticas da
sexualidade. Cadernos Pagu, n. 21, p. 1-88, 2003.
1. Introdução
2
O Plano Nacional de Educação foi aprovado a partir da Lei no 13.005, de 25 junho de 2014,
que estabelece 20 metas a serem cumpridas na área da educação em um período de
10 anos.
144 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
3
Quando falamos em heteronorma, referimo-nos a um conjunto de práticas e discursos
normativos que se materializam de forma implícita e/ou explícita e que preveem e/ou
predeterminam que a única forma de orientação sexual possível, legítima, “normal” e
aceita é a heterossexualidade. A heteronormatividade pressupõe uma suposta coerên-
cia interna e linear entre um sistema sexo-gênero-desejo (Butler, (2003). Assim, diante
desse quadro de referência, qualquer orientação sexual não heterossexual será margina-
lizada, considerada desviante, ininteligível e entendida como “anormal”. Localizar-se
como um sujeito que destoa da heteronormatividade implica um risco de estar exposto
a violências de toda ordem (física, verbal, psicológica, simbólica, de Estado etc.).
4
Segundo Rogério Junqueira (2013), o termo “homofobia” se aproxima da noção de
heterossexismo, mas não a sobrepõe. Ao considerar a centralidade das discussões de
gênero, o autor considera adequado “empregar heterossexismo ao lado de homofobia e
enfatizar que a última deriva do primeiro” (p. 495). Assim, também a partir dos ideais
regulatórios sobre a sexualidade e o gênero (que tomam a heterossexualidade como
modelo e o masculino como referência universal), o heterossexismo engloba as atitudes
de preconceito, discriminação e manifestações de ódio contra qualquer sexualidade não
heterossexual e perpetuando a ideologia de que existe um sexo superior a outro.
5
Segundo Jaqueline Gomes de Jesus (2012, p. 28) o cissexismo seria uma “ideologia,
resultante do binarismo ou dimorfismo sexual que se fundamenta na crença estereoti-
pada de que características biológicas relacionadas com o sexo são correspondentes às
características psicossociais relacionadas com o gênero. O cissexismo, no nível institu-
cional, redunda em prejuízos ao direito à autoexpressão de gênero das pessoas, criando
mecanismos legais e culturais de subordinação das pessoas cisgênero e transgênero ao
gênero que lhes foi atribuído ao nascimento. Para as pessoas trans em particular, o cis-
sexismo invisibiliza e estigmatiza suas práticas sociais”.
Políticas de equidade para a população LGBT – Daniel K. dos Santos et al. • 145
6
O termo cisgenereidade corresponde às identidades cisgêneras. Segundo Jesus (2012, p.
10), “[…] chamamos de cisgênero, ou de ‘cis’, as pessoas que se identificam com o gênero
que lhes foi atribuído quando ao nascimento”.
7
A filósofa Chantal Mouffe (2005), ao propor a ideia de “pluralismo agonístico” para
pensar um modelo de política democrática, defende que um consenso racional na esfera
política não pode ser alcançado. Nessa perspectiva, o consenso só existe “como resulta-
146 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
do temporário de uma hegemonia provisória, como estabilização do poder […] que sem-
pre acarreta alguma forma de exclusão” (p. 21). Mouffe, ao salientar a diferença entre os
termos antagonismo (luta entre inimigos) e agonismo (luta entre adversários), sugere que
na perspectiva de um “pluralismo agonístico” o objetivo da política é transformar an-
tagonismo em agonismo, tarefa essa que não elimina as contradições, os dissensos e as
paixões do campo político. Para a autora: “a tarefa primordial da política democrática
não é eliminar as paixões da esfera do público, de modo a tornar possível um consenso
racional, mas mobilizar tais paixões em prol de desígnios democráticos” (p. 21). Assim,
a confrontação agonística seria a própria condição de existência da democracia.
8
Para uma discussão sobre alguns axiomas presentes no pensamento ocidental que
mantém hierarquias sexuais e de gênero, conferir Rubin (2003).
Políticas de equidade para a população LGBT – Daniel K. dos Santos et al. • 147
9
Conferir também a Carta da Abia em repúdio à censura da campanha sobre prostitui-
ção e HIV/Aids pelo Ministério da Saúde. Disponível em: <http://www.sxpolitics.org/
pt/?p=3417#sthash.nit7qDXf.dpuf>.
Políticas de equidade para a população LGBT – Daniel K. dos Santos et al. • 153
10
Os estudos de caso foram selecionados a partir de situações emblemáticas para cada
área que tiveram alguma repercussão na mídia (tanto nas grandes mídias quanto em
mídias alternativas).
156 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
Turismo:
– Debate sobre pink money e mercados GLS.
– Afinal, turismo para quem?
– Discussão sobre mercado versus direitos humanos: é pos-
sível resolver essa tensão?
– Turismo GLS ou LGBT?
– Gay-friendly como estratégia de mercado: seria possível
les-friendly? trans-friendly?
– Debate sobre inclusão versus exclusão: o turismo é real-
mente inclusivo? Quem ele inclui e quem ele exclui?
– Quem viaja no Brasil? Quem circula na própria cidade?
– Pensar na relação entre turismo e mobilidade urbana.
– Relativizar discursos midiáticos sobre o caráter gay-frien-
dly de Florianópolis e dos destinos turísticos no Brasil em geral.
Cultura:
– Ações e políticas culturais podem promover os direitos
humanos?
– As artes (música, teatro, literatura, cinema, artes visuais)
podem ser um meio de discussão sobre diversidade sexual e
de gênero?
– Problematizar as categorias: “políticas culturais LGBT”
e “cultura LGBT”. O que querem dizer? Como aparecem nos
documentos oficiais?
– Eventos de visibilidade massiva: as Paradas do Orgulho
LGBT pelo Brasil.
– Como os(as) gestores(as) da cultura podem inserir o
tema da diversidade sexual e de gênero em suas agendas?
– Como as questões de diversidade sexual e de gênero se
integram às discussões sobre pluralidades culturais?
Esporte:
– Esporte como pedagogias do corpo, do gênero e das
sexualidades.
Políticas de equidade para a população LGBT – Daniel K. dos Santos et al. • 157
Para uma discussão mais aprofundada sobre o que tem sido chamado de “Cultura
11
5. Algumas considerações
[…] tal vez sea necesario considerar la posible manera de distinguir en-
tre «aprehender» y «reconocer» una vida. El «reconocimiento» es un
término más fuerte, un término derivado de textos hegelianos que ha
Políticas de equidade para a população LGBT – Daniel K. dos Santos et al. • 161
Referências
DE_DE_G%C3%8ANERO__CONCEITOS_E_TERMOS_-_2%C2%AA_
Edi%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2014.
RUBIN, G. Pensando o sexo: notas para uma teoria radical das políticas da
sexualidade. Cadernos Pagu, Campinas, n. 21, p. 1-88, 2003.
Chá de Damas: desafios e estratégias
para a inserção no campo-tema
prostituição
Jaileila Menezes, Karla G. Adrião, Amanda K. C. Guedes,
Ana Letícia Veras, Cristiano C. Ferreira, Douglas B. de Oliveira e
Sarana M. de S. Santos
1
Queremos expressar nossos agradecimentos às professoras Luciana Vieira e Wedna
Galindo, que estiveram à frente do trabalho do Chá de Damas entre maio de 2012 e
junho de 2013. Decerto, muito do aqui narrado e discutido tem a contribuição delas.
Também gostaríamos de agradecer a Nanci Feijo, da Associação Pernambucana de Pro-
fissionais do Sexo (APPS). O próprio capítulo mostrará o quanto sua participação no
Chá de Damas foi importante para o êxito do projeto. A Nanci dedicamos este texto.
2
Apesar das tensões em torno do termo empoderamento, optamos por utilizá-lo com-
preendendo que, ao considerarmos a polissemia que o caracteriza ao ser trazido para
o português e o deslocarmos de seu uso inicial em inglês, ele ganha configurações que
condizem com nossa proposta metodológica. Empoderar significa retomar o poder que
já existe a partir da tomada de consciência de que ele pode e deve ser acessado nas vidas
das mulheres.
3
Usaremos neste texto os termos “prostituta” e “profissional do sexo” como sinônimos,
conscientes das distinções que carregam. Para nós, o termo “prostituta” reatualiza,
a partir dos deslocamentos do que seria abjeto, para o centro do debate. A expressão
Chá de Damas – Jaileila Menezes et al. • 165
1. Pressupostos teórico-metodológicos do
trabalho de intervenção
4
A Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas (PCAP) constituiu os primeiros pas-
sos práticos do projeto Diálogos, reunindo as diversas ações que integram tal projeto
para a aplicação de questionários nos domicílios da população de 15 a 64 anos de idade
das diversas áreas dos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. As perguntas
do questionário envolviam indicadores de conhecimentos, atitudes e práticas relaciona-
das com a infecção pelo HIV e outras DSTs.
Chá de Damas – Jaileila Menezes et al. • 173
5
Gaibu é um dos bairros que compõem o município do Cabo de Santo Agostinho, e
sua praia é uma das mais famosas e movimentadas de todo o litoral pernambucano,
recebendo grande número de turistas.
174 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
6
Comumente nossas idas a campo ocorriam às quintas e sextas-feiras à noite, com che-
gada a partir das 19h.
Chá de Damas – Jaileila Menezes et al. • 177
7
O Centro das Mulheres do Cabo (CMC) é uma organização feminista, constituída
como entidade privada sem fins econômicos e organizada como associação de mulheres,
tendo como missão construir a igualdade de gênero e afirmar os direitos de cidadania
das mulheres. A ação do CMC contribuiu para interiorizar o movimento de mulheres e
feministas em Pernambuco, além de ampliar e fortalecer as organizações autônomas de
mulheres. (Disponível em: <http://www.mulheresdocabo.org.br/wordpress/?p=404>.
Acesso em: 9 ago. 2014.) O CMC integra um dos projetos vinculados ao Programa Diá-
logos em Suape e se destaca pelo uso da rádio comunitária como tecnologia fundamen-
tal para a mobilização comunitária.
Chá de Damas – Jaileila Menezes et al. • 179
8
Matéria veiculada em 22 de julho de 2013 por um jornal virtual informou sobre os as-
sassinatos de sete homossexuais em um período de pouco mais de um ano registrados
no município do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR).
Chá de Damas – Jaileila Menezes et al. • 181
10
Esse aspecto será objeto de discussão em um próximo texto da ação Chá de Damas.
186 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
4. (Re)considerações iniciais
11
No momento de escuta de suas demandas, alteramos a proposta inicial de modo a
contemplar temas como família, identidade e movimentos sociais. A experiência das
oficinas com o grupo de prostitutas será abordada em outro texto.
188 • Desafios para pesquisa-intervenção-pesquisa
Referências
1
A pesquisa foi realizada em três cidades brasileiras: Recife/PE, Campinas/SP e Floria-
nópolis/SC. Neste texto, privilegiamos as informações de Recife.
Portas entreabertas à produção de cuidados – Túlio Quirino et al. • 191
1. Contexto da pesquisa
3. Interlocutores
4. Análise
5. Discussão
Tomás: Não, só… fiquei meio frustrado porque eu, como dia-
bético, eu falei, né, fiquei… você tem que pegar a insulina, só te-
nho uma insulina em casa, um pouco, né, então, eu encontrei o
médico, ele… “Não, vá lá!”… quatro horas eu vim, mas ele só me
deu um encaminhamento pra o [cita o nome de um serviço de
saúde], né, só que eu não sei se eu chegar lá eu vou receber, como
é que vai ser… e se a que tá em casa acabar? É aquela questão, né,
então eu acho que o posto de saúde poderia fornecer, né, já que
tem um médico aqui capacitado e tal, acho que podia ficar sendo
acompanhado por ele e também receber a insulina aqui quando
realmente precisasse, não que recebesse de um e de outro!
6. Considerações finais
Referências
______; ______. Por uma matriz feminista de gênero para os estudos sobre
homens e masculinidades. Revista Estudos Feministas, v. 16, n. 3, p. 809-840,
2008.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Educação &
Realidade, v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995.
3. Alguns resultados
4. Algumas considerações
5. Considerações finais
2
Deveríamos ter subvertido a desinência de gênero neste texto desde o início, mesmo
que ferisse as regras formais da língua portuguesa e a estilística, na medida em que as
equipes de execução do projeto, bem como de monitoramento das ações, eram majori-
tariamente compostas por mulheres, com exceção apenas dos professores/coordenado-
res do Gema. Mas essa ousadia fica para as próximas reflex(ações).
Monitoramento de projeto social – Telma Low et al. • 233
Referências
LYRA, J.; MEDRADO, B.; SPÓSITO, D.; LOW, T.; CORDEIRO, A. C. S.;
CORDEIRO, G. R. S. Gênero, saúde das mulheres e violência: uma pro-
posta de monitoramento e avaliação participativa. In: 17o ENCONTRO
DA REDOR, 2012, João Pessoa. Anais digitais… João Pessoa: UFPB, 2012.
p. 1-12.
2. O aconselhamento em HIV/Aids
1
Apoia-se no conceito de intercessor de G. Deleuze.
Análise da prática do aconselhamento em HIV/Aids – Wedna C. M. Galindo • 245
2
Trata-se da tese O dispositivo do aconselhamento na resposta à Aids, defendida em janeiro
de 2013 na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) com incentivo de bolsa de
doutorado da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco
(Facepe), orientação da professora doutora Ana Lúcia Francisco (Unicap) e co-orienta-
ção do professor doutor Luís Felipe Rios (UFPE). A pesquisa foi aprovada no Comitê de
Ética da Unicap, Parecer no 034-2010. As entrevistas foram realizadas entre dezembro
de 2011 e janeiro de 2012.
246 • POSSIBILIDADES
Fragmento 1:
Aconselhadora: Você tem vida sexual ativa? Já transou alguma
vez na vida? É importante fazer [o exame] pelo menos uma vez.
Usuária (Ana3): Eu sou casada há 40 anos, minha filha, e é [com]
a mesma pessoa. Eu não tenho isso não.
Aconselhadora: Sim, eu sei que a senhora não tem, mas tem
que fazer o exame, pelo menos uma vez na vida; todo mundo
deveria fazer uma vez na vida.
3
Os nomes de usuárias são fictícios.
Análise da prática do aconselhamento em HIV/Aids – Wedna C. M. Galindo • 247
Fragmento 2:
Aconselhadora: Qual é a sua idade?
Usuária (Bruna): 17.
Aconselhadora: Já tinha feito esse exame antes? Por que veio
fazer?
Bruna: Não, nunca fiz. É que eu descobri que meu namorado é
gay, aí fiquei morrendo de medo de ter pegado Aids.
Aconselhadora: Que bom que você veio. Mas vamos conversar
melhor sobre isso. O fato de seu namorado ser gay não é um
motivo para você pegar HIV. Vocês tinham intimidade sexual
sem camisinha?
Bruna: É. Tivemos sexo sem camisinha por seis meses.
Aconselhadora: A preocupação é essa – o sexo sem camisinha.
Vamos entender o porquê…
5. Considerações finais
Referências
______. Eles não sabem o que fazem: o sublime objeto da ideologia. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1992.
Caravana da Cidadania: a psicologia
comunitária mobilizando as
comunidades para a promoção à
saúde e direitos humanos
Camila Santos, Verônica Carrazzone,
Renata E. de S. Nunes e Luís Felipe Rios
1
É importante expressar nossos agradecimentos aos professores Eniel Sabino de Olivei-
ra e Rafael Diehl, que, junto com os autores deste texto, formaram a equipe da Caravana
da Cidadania durante boa parte do percurso aqui narrado. Também queremos agrade-
cer aos gestores e profissionais dos municípios de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca.
Sem a participação deles, definitivamente não obteríamos êxito.
2
Vale ressaltar que contabilizamos as pessoas acessadas pela quantidade de material in-
formativo e insumos de prevenção (camisinhas) distribuídos. Temos inteira consciência
de que, em uma população de cerca de 285 mil pessoas, o número acima revela que uma
mesma pessoa foi acessada várias vezes pelo Programa a partir de suas diferentes frentes
de trabalho, expressas nos temas dos materiais distribuídos. É justamente essa possibi-
lidade de acessar uma mesma pessoa várias vezes que permite o êxito de um trabalho de
promoção da saúde como o aqui proposto.
258 • POSSIBILIDADES
3. Caravana da Cidadania
Referências
CARRAZZONE, V.; SANTOS, C.; QUEIROZ, T.; RIOS, L. F.; NUNES, R.;
OLIVEIRA, E. S.; DIEHL, R. Caravana da Cidadania: mobilização popu-
lacional por cidadania e saúde em Suape-PE. In: RIOS, L. F., QUEIROZ,
T.; LINS, M. B.; OLIVEIRA, C. (Org.). Diálogos para o desenvolvimento social em
contextos de grandes obras: a experiência do Programa Diálogos Suape. Recife:
EdUFPE, 2015.
Caravana da Cidadania – Camila Santos et al. • 281
Realização:
Apoio: