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Africa: Revista do Centro de Estudos At nos da USP 3 1980 RESUMO DE TESES 0 PAPEL DO GAS NATURAL NO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL DA ARGELIA ! Henrique Altemani de Oliveira Regularmente desde a independéncia (1962), o Estado argelino revisou suas posigdes em relagdo as sociedades estrangeiras detentoras de concessdes, engajando-se firmemente no caminho da integragfo sistemAtica de suas riquezas naturais & economia nacional. Ao contrario da maior parte dos paises produtores do Oriente Médio e da Africa, a Argélia definiu muito de- pressa uma politica econdmica coerente na qual os hidrocarbonetos tives- sem um lugar particular. Assim, 0 objetivo deste trabalho 6 mostrar as perspectivas econdmicas que se abrem a Argélia, baseadas na utilizagdo racional de suas riquezas em gas natural para o desenvolvimento rapido e harmonioso do conjunto da economia do pais. Aslinhas diretrizes desta politica sfo: 1, Prioridade a industrializagdo do pais sobre a base do gés natural considerado ao mesmo tempo como fonte de energia e como matéria-prima. Esta riqueza, colocada a disposigao da indastria em grandes quantidades © a baixo prego, estd destinada a promover: a) as indastrias de base: quimica de adubos, petroquimica de produtos intermedidrios, centrais termoelétricas, siderurgia, fabricas de cimen- to, ete, 1 Dissertagdio de Mestrado em Sociologia, Departamento de Ciéncias Sociais da Facul- dade de Filosofia, Letras e Ciéncias Humanas da Universidade de So Paulo. b) a industrializagdo derivada, fornecendo os produtos e a energia a indistria leve: plasticos, corantes, téxteis artificiais, produtos finos, ete c) © equipamento energético do pais (cletricidade, gas natural, GLP), condig&o do progresso econdmico e social 2. A ulilizagdo doméstica do equipamento energético do pais. 3. A moderizagao da agricultura 4, Acessoriamente, exportagdo para o mercado externo, na medida em que valorize os hidrocarbonetos argelinos e propicie recursos para ace- lerar o desenvolvimento econdmico. Esta tese nos convida a refletir sobre o que é fundamental numa poli- tica de desenvolvimento baseada na exploragao dos recursos em hidrocar- bonetos. E interessante analisar aquilo que caracteriza a politica de desen- volvimento da Argélia pois, como toda experiéncia, mais ainda pelo fato de sua originalidade, ela nos propicia ensinamentos validos além de suas proprias fronteiras. Para se poder aprender de forma clara a problemdtica da politica petrolifera argelina, expOe-se sucintamente no primeiro capitulo 0 confron- to existente entre os pafses exportadores e os importadores de petréleo e as companhias petroliferas. Da mesma forma, debate-se, no plano interna- cional, as diferentes posiges sobre que fim dar a renda gerada nas diversas fases da indistria petrolifera. No segundo capitulo, através do estudo dos textos entre a Argélia © sua antiga Metropole analisa-se 0 conjunto de circunstan- cias internas e externas que agiram no sentido de definir uma solugio nacio- nalista a0 problema dos hidrocarbonetos, isto ¢, analisa-se as atitudes inova- doras assumidas pela Argélia dentro do contexto energético mundial de acor- do com sua politica pragmatica de gerir 0 excedente petrolifero em bene- ficio da populagao argelina. O terceiro capitulo define a estratégia do desenvolvimento econdmico e social adotada pela Argélia. Através da interagdo entre os hidrocarbonetos gasosos e os diferentes setores econdmicos procura-se garantir a independén- cia econdmica que dé sentido a independéncia politica. Devido ao cardter recente da experiéncia argelina aqui analisada, a estratégia de desenvolvimento 6 apresentada como um projeto, como programa, sem se chegar a uma and- lise crftica dos resultados obtidos. 140 Africa: Revista do Centro de Estudos Africanos da USP 3 1980 RELACOES BRASIL-ANGOLA ATRAVES DA IMPRENSA BRASILEIRA (1930-1975) 1 Sésia G. Rabin A. pesquisa desenvolveu-se através de alguns jornais brasileiros, com destaque para “O Estado de S. Paulo”. Uma divisdo em perfodos mostra como a politica exterior sofreu realinhamentos para adaptarse 4 conjuntura internacional e a propria politica interna. Além da introdugao, em que se expe as bases intencionais da disser- tagZo, hd um panorama historico, como o paralelismo da historia colonial do Brasil e de Angola, onde transparecem as suas dependéncias métuas durante a vigeneia do “pacto colonial”. A dissertago, propriamente dita, consta de trés capitulos e anexos. © primeiro capitulo abrange os anos de 1930 a 1960, ressaltando primeiro a amizade formal entre Brasil e Portugal; em seguida, percebe-se 0 inicio da descolonizag%io apos a Segunda Guerra! Mundial, quando a cena universal desperta para a realidade das independéncias africanas. © ano de 1961 mereceu um capitulo proprio, 0 segundo, que cobre | © ano em que se iniciaram as lutas para a independéncia de Angola e 0 apoio do Brasil as teses de autodeterminagio. } © terceiro capitulo refere-se aos acontecimentos de 1962 a 1975, } com trés subdivises: de 1962 a 1964; de 1964 a 1972 e, finalmente, de 1 1972 a 1975, ano da independéncia de Angola. | 1 Dissortagdo de Mestrado em Sociologia, Departamento de Ciéneias Sociais da Fa- culdade de Filosofia, Letras ¢ Ci

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