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Qualidade de Software
Robson Braga de Andrade
Presidente da Confederação Nacional da Indústria
Rafael Lucchesi
Diretor do Departamento Nacional do SENAI
Alcantaro Corrêa
Presidente da Federação da Indústria do Estado de Santa Catarina
Qualidade de Software
Florianópolis/SC
2011
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento
do editor.
Autor Fotografias
Luciana Rita Guedes Banco de Imagens SENAI/SC
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Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB14/937 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis
G924q
Guedes, Luciana Rita
Qualidade de software / Luciana Rita Guedes. – Florianópolis : SENAI/SC,
2011.
59 p. : il. color ; 28 cm.
Inclui bibliografias.
CDU 004.41
Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe
de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu
futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em
oferecer um modelo de educação atual e de qualidade.
É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos.
Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções
colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam
com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima-
ções, tornando a aula mais interativa e atraente.
24 Unidade de estudo 3
42 Unidade de estudo 6
Requisitos de
Qualidade Modelo de
Capacitação
CMM/CMMI
25 Seção 1 - Fatores de qualida-
de de software
Seção 2 - Métricas da quali- 43 Seção 1 - Visão geral
27
dade de software 43 Seção 2 - Gerenciamento de
29 Seção 3 - Pilares da qualida- processo
de de software 44 Seção 3 - Níveis de maturi-
30 Seção 4 - Qualidade do dade
processo x qualidade do
produto
8 CURSOS TÉCNICOS SENAI
Conteúdo Formativo
Carga horária da dedicação
Competências
Conhecimentos
▪▪ Acessibilidade;
▪▪ Adaptabilidade;
▪▪ Clareza;
▪▪ Coerência;
▪▪ Compatibilidade;
▪▪ Conceito de qualidade;
▪▪ Conforto;
▪▪ Direitos autorais/propriedade intelectual;
▪▪ Ergonomia;
▪▪ Expressividade;
▪▪ Flexibilidade;
▪▪ Interatividade;
▪▪ Normas de qualidade de software;
▪▪ Obediência;
▪▪ Portabilidade;
▪▪ Qualidade de software;
▪▪ Sistemas da qualidade;
▪▪ Usabilidade.
Habilidades
QUALIDADE DE SOFTWARE 9
Atitudes
QUALIDADE DE SOFTWARE 11
Unidade de
estudo 1
Seções de estudo
Fonte: Microsoft
Mas, afinal, o que é qualidade?
O dicionário Aurélio (Ferreira,
2000) traz a seguinte definição:
É importante perceber que todos
Em uma escala de valores, qua- os conceitos relacionados à quali-
lidade é a característica que dade mencionam a importância das
permite avaliar e, consequente- medidas e dos padrões a serem
mente, aprovar, aceitar ou recu- seguidos. Isso significa que, para
sar qualquer coisa. considerar que algo tem qualida-
de, é necessário que esteja dentro
Para que algo seja avaliado e apro- dos padrões estabelecidos, o que só
vado ou não, é necessário que se é possível a partir de medidas que
tenha um padrão, um modelo a ser comprovem que isso é verdade.
seguido. A partir do modelo, para
se afirmar que outro item está de
acordo com esse padrão, é necessá-
rio medir tanto um como o outro.
Este é o princípio fundamental da
qualidade: os padrões e as medidas!
A partir dessa ideia, o conceito de
qualidade pode ser definido como:
QUALIDADE DE SOFTWARE 13
SEÇÃO 2 Início do século XX
Histórico da qualidade ▪▪ Criador da administração
científica.
Você já deve ter se perguntado: de onde vieram essas ideias de qualidade? ▪▪ Demonstrou que os métodos
Quem inventou esses princípios? de produção podem ser repetidos
As respostas para essas e outras questões você irá conferir agora! dentro de padrões estabelecidos.
Historicamente, o homem sempre almejou adquirir e consumir produ-
tos e serviços de qualidade. Afinal, quem não gosta de obter o que há
de melhor?
Antes da era da industrialização, os produtos eram essencialmente ar-
tesanais e não havia muita preocupação com padrões. Em geral, cada
produto ou serviço era único e personalizado.
No entanto, quando as indústrias começaram a se desenvolver e criar
suas linhas de montagem, a preocupação com o padrão de qualidade
começou a aflorar, pois era necessário oferecer produtos iguais a preços
iguais para muitas pessoas diferentes.
empresa.
SEÇÃO 3
Ferramentas da qualidade
Você já viu o conceito de qualidade e também um pouco do histórico
de como esse assunto se desenvolveu desde o século XX até os dias de
hoje.
Mas como será que se pode gerenciar a qualidade? Que meios são utiliza-
dos para medi-la e para conferir se o produto está adequado aos padrões
Figura 4: Philip B. Crosby desejados?
Fonte: Rollins College Ao longo dos anos, com o desenvolvimento de estudos nessa área, sur-
giram diversos meios para contribuir com o gerenciamento da qualidade,
que também são conhecidos como “ferramentas da qualidade”. Aqui
você verá algumas delas.
QUALIDADE DE SOFTWARE 15
5S
É muito provável que você já tenha ouvido falar em 5S. Atualmente,
essa ferramenta é muito utilizada pelas empresas que buscam a melhoria
da qualidade.
Segundo Silva (1994), o nome 5S tem origem em cinco palavras japo-
nesas, que representam cinco atitudes a serem realizadas para melhorar
a qualidade dos ambientes de trabalho. As palavras estão descritas na
figura a seguir.
3 SEISO Senso de limpeza Essa etapa indica que se deve manter o ambiente limpo.
Quadro 1: Programa 5S
QUALIDADE DE SOFTWARE 17
Diagrama de Causa-Efeito, ou Diagrama de Ishikawa
Quando ocorre um problema relacionado à qualidade, pode ser necessá-
rio investigar suas causas para tentar eliminá-lo ou corrigi-lo.
Uma das ferramentas que podem ser usadas para visualizar as possíveis
causas de um problema é o diagrama de causa-efeito, criado pelo japo-
nês Kaoru Ishikawa, e também conhecido como diagrama espinha de
peixe pelo seu formato de desenho.
QUALIDADE DE SOFTWARE 19
Unidade de
estudo 2
Seções de estudo
Seção 1
Engenharia de software e seus objetivos
Agora que você já estudou as principais características da qualidade apli-
cada aos produtos e aos processos industriais, verá como a qualidade de
software situa-se na grande área da engenharia de software.
Fonte: Office
QUALIDADE DE SOFTWARE 21
Seção 2
Elementos do processo de software
Conforme você viu, a engenharia de software envolve métodos, ferramen-
tas e procedimentos para o processo de desenvolvimento de software.
Aqui serão esclarecidos os significados desses três elementos, conforme
proposto por Pressman (1995).
QUALIDADE DE SOFTWARE 23
Unidade de
estudo 3
Seções de estudo
SEÇÃO 1
Fatores de qualidade de
software
Até aqui você acompanhou a evo- Mas como a qualidade pode ser avaliada?
lução da qualidade implantada pe-
las empresas, principalmente dos A resposta para essa pergunta começou a surgir com um trabalho de
pontos de vista da produção e da J. McCall, em 1977, em que foram definidos os principais fatores que
administração. A partir de agora, afetam a qualidade do software. Esses fatores foram divididos em três
o foco estará voltado à qualidade principais categorias:
de software. Será possível observar
que os conceitos até aqui apresen- ▪▪ operação do produto;
tados serão úteis também na área ▪▪ revisão do produto;
de desenvolvimento de software. ▪▪ transição do produto.
Você já estudou os elementos e as
fases que compõem o processo de A figura a seguir mostra os fatores de qualidade propostos por McCall
desenvolvimento de software. Para (1977).
iniciar, vale começar com um con-
ceito de qualidade de software defi-
nido por Pressman (1995, p.724).
QUALIDADE DE SOFTWARE 25
Na categoria Operação do produto foram definidos os seguintes fatores:
Corretitude (ou correção) Indica se o software está correto, ou seja, se ele faz aquilo que se espera dele.
Auditabilidade Mede a facilidade (ou dificuldade) em checar a conformidade com os padrões estabelecidos.
Acurácia Mede a precisão (grau de correção) dos resultados produzidos pelo software.
Grau de comunicação Mede o nível de comunicação entre os dispositivos usados no software.
Inteireza Mede o grau de implementação de uma funcionalidade.
Concisão Mede o nível de compactação dos programas (por exemplo, o tamanho dos programas).
Tolerância a erros Mede o grau de danos causados quando ocorre uma falha na execução do software.
Generalidade Mede a amplitude de componentes do software para que sejam usados em outras aplicações.
Independência de
Mede o grau de independência do software em relação ao hardware.
hardware
Instrumentação Mede o quanto o software consegue monitorar a si mesmo, detectando e tratando erros.
Independência do
Mede o grau de independência do software em relação ao sistema operacional.
software básico
Rastreabilidade Mede a capacidade de se rastrear um componente do software em relação aos seus requisitos.
Mede a facilidade de ensino (ou de aprendizado) do software para novos usuários que
Treinamento
precisem aprender a trabalhar com ele.
QUALIDADE DE SOFTWARE 27
Agora que você viu as métricas relacionadas à qualidade de software,
veja qual a relação entre elas e os fatores de qualidade. A tabela a seguir
demonstra quais métricas devem ser usadas para avaliar cada fator de
qualidade (PRESSMAN, 1995, p. 730-731):
FATORES DE QUALIDADE
Interoperabilidade
Manutenibilidade
Confiabilidade
Reusabilidade
Portabilidade
Testabilidade
Flexibilidade
Usabilidade
Corretitude
Integridade
Eficiência
Auditabilidade X X
Acurácia X
Comunicação X
Inteireza X
Concisão X X X
Consistência X X X X
Dados comuns X
MÉTRICAS DE QUALIDADE
Tolerância a erros X
Eficiência de execução X
Expansibilidade X
Generalidade X X X X
Independência de hardware X X
Instrumentação X X X
Modularidade X X X X X X X
Operabilidade X X
Segurança X
Autodocumentação X X X X X
Simplicidade X X X X
Independência do software básico X X
Rastreabilidade X
Treinamento X
Fonte: Adaptado de Pressman (1995)
Para esclarecer melhor, a tabela demonstra o que deve ser medido (mé-
trica) em cada indicador de qualidade (fator).
Por exemplo, a métrica Concisão (5ª linha da tabela) pode ser usada para
medir os fatores:
▪▪ Eficiência: quanto mais conciso for um programa (menos linhas)
mais eficiente ele tende a ser.
▪▪ Manutenibilidade: programas mais concisos podem facilitar o
entendimento e, consequentemente, a manutenção corretiva.
▪▪ Flexibilidade: programas mais concisos podem simplificar a im-
plantação de melhorias ou a adequação de suas funcionalidades.
SEÇÃO 3
Pilares da qualidade de software Você percebeu que há gran-
de semelhança entre os pila-
Nesta seção você vai conhecer a definição de garantia da qualidade de res do processo de garantia
software e como as empresas devem agir para garantir essa qualidade. da qualidade de software e o
A garantia da qualidade de software constitui-se de um conjunto de tarefas clássico ciclo PDCA? Em am-
cujos fundamentos têm relação com os estudos de qualidade ao longo bos há atividades de planeja-
mento, execução, verificação
do século XX. A figura a seguir resume o processo de garantia da qua-
e ação. Outra semelhança é
lidade de software. que ambos são cíclicos (pro-
cessos repetitivos) e contínu-
os (permanecem ao longo de
todas as etapas de produção).
Pilares da qualidade de software
Atividades, técnicas e
Atividades relativas ao Atividades, técnicas e
procedimentos para
planejamento da procedimentos com
medir e monitorar a
qualidade e à prevenção objetivo de identificar
qualidade do processo e
de defeitos. erros no software.
do produto de software.
QUALIDADE DE SOFTWARE 29
SEÇÃO 4
Qualidade do processo x qualidade do produto
É comum encontrar duas formas distintas de medir, controlar e garantir
a qualidade. Uma abordagem é a qualidade do produto, que foca o re-
sultado do processo produtivo, isto é, aquilo que é produzido. A aborda-
gem de qualidade do processo tem como foco a forma como se realiza
a produção, ou seja, o processo produtivo.
Agora que você viu que a qualidade do software pode ser avaliada tanto
com foco no processo como com foco no produto, o próximo passo é
apresentar alguns modelos de qualidade de software que se fundamentam
nessa distinção. Embarque em mais uma viagem ao mundo do conheci-
mento na próxima unidade.
QUALIDADE DE SOFTWARE 31
Unidade de
estudo 4
Seções de estudo
SEÇÃO 1
Visão geral
Lembra do que você estudou so- Você deve lembrar de ter estudado os fatores de qualidade de software
bre a diferença entre qualidade do definidos por James McCall, em 1977). Você perceberá que eles são a
produto e qualidade do processo? base para muitas normas de qualidade de software que serão apresentadas
Qualidade do produto de software a partir daqui!
foca o resultado do desenvolvi-
mento do software, ou seja, naquilo
que é produzido. Já a qualidade do
processo está relacionada ao pro-
cesso produtivo.
Nesta unidade você conhecerá
três normas ISO/IEC que aju-
dam a apurar a qualidade do pro-
duto de software.
QUALIDADE DE SOFTWARE 33
Além das características avaliadas, a norma ISO/IEC 9126 apresenta
três diferentes visões possíveis para se alcançar um software de qualidade.
São elas:
▪▪ Visão do usuário – diz respeito ao atendimento das expectativas do
usuário, para quem o software será desenvolvido. Essa visão está associa-
da às funcionalidades, ao desempenho e à facilidade de uso.
▪▪ Visão do desenvolvedor – está relacionada a medidas internas de
qualidade do software, conhecidas apenas por quem participa do proces-
so de desenvolvimento. Uma das preocupações pode ser a facilidade
para dar manutenção no software.
▪▪ Visão do gerente de desenvolvimento – diz respeito a uma visão
mais abrangente, que busca medir a qualidade geral do software em
desenvolvimento.
SEÇÃO 3
Norma ISO/IEC 14598
A norma ISO/IEC 14598 deve ser usada em conjunto com a ISO/IEC
9126 e tem como objetivo a avaliação dos produtos de software. Ela pos-
sui seis desdobramentos, confira:
Mais uma vez vale salientar que a norma ISO/IEC 12119 só faz sentido quan-
do usada em conjunto com a norma 9126, que descreve as seis principais
características que podem ser aplicadas também aos pacotes de software.
Uma nova unidade lhe convida a explorar novos conceitos. Vamos lá?
QUALIDADE DE SOFTWARE 35
Unidade de
estudo 5
Seções de estudo
SEÇÃO 1
Visão geral
Você já estudou normas de qua-
lidade relativas ao produto de sof-
tware que dão ênfase à avaliação
dos resultados obtidos ao longo
do ciclo de desenvolvimento.
Aqui você conhecerá normas
ISO de qualidade que focam no
processo de desenvolvimento do
software.
Mais adiante, você estudará alguns
modelos de qualidade também
focados no processo de desenvol-
vimento de software, mas que não
foram propostos pela ISO, e sim
por outras organizações.
SEÇÃO 2
Norma ISO/IEC 12207 Figura 12: Estrutura da norma ISO/IEC 12207
Fonte: Adaptado de Rocha (2001)
A norma ISO/IEC 12207 per-
tence à categoria de Tecnologia
da Informação e refere-se aos Agora acompanhe a descrição de cada processo.
processos de ciclo de vida de ▪▪ Processos fundamentais: refere-se ao conjunto de processos bási-
software. Vale lembrar que você cos que vão desde o início até o fim do ciclo de vida do software. Esses
já estudou as fases genéricas do processos são: aquisição, fornecimento, desenvolvimento, opera-
processo de desenvolvimento de ção e manutenção.
software como sendo: definição,
desenvolvimento e manutenção. ▪▪ Processos de apoio: refere-se ao conjunto de processos que auxi-
liam na qualidade do processo de desenvolvimento de software.
Para a norma 12207, os proces-
sos relativos ao ciclo de vida são ▪▪ Processos organizacionais: refere-se ao conjunto de processos
vistos com um nível de detalha- que devem ser usados pela empresa do ponto de vista administrativo a
mento muito maior que as fases fim de contribuir para o sucesso na busca pela garantia da qualidade no
genéricas estudadas. Além disso, desenvolvimento do software.
esses processos são divididos em
três categorias, conforme figura a
seguir.
QUALIDADE DE SOFTWARE 37
Além das categorias de processos envolvidos na norma 12207, estão
previstos também os princípios da gerência da qualidade, divididos
em três etapas básicas, veja:
Seção 3
Normas da série ISO 9000
Você já ouviu falar sobre a norma de qualidade da série ISO 9000?
QUALIDADE DE SOFTWARE 39
SEÇÃO 4
Norma ISO/IEC 15504 (SPICE)
A norma ISO/IEC 15504 originou-se de um projeto denominado SPI-
CE que é uma sigla em inglês para Software Process Improvement and Ca-
papility dEtermination, que poderia ser traduzido para português como
melhoria dos processos de software e dimensão da capacidade.
A norma ISO/IEC 15504 possui duas dimensões, conforme demonstra
a figura a seguir:
▪▪ dimensão de processos: que trata de requisitos relativos ao processo
de desenvolvimento de software;
▪▪ dimensão da capacidade: determina seis níveis de maturidade dos
processos de uma organização.
O projeto SPICE, que deu origem à norma ISO/IEC 15504, foi criado
a partir do desenvolvimento de outros projetos que previam níveis de
maturidade no processo de desenvolvimento de software, como é o caso
do CMM, que você estudará mais adiante.
A próxima unidade vem cheia de novidades. Veja o que preparamos para
você.
QUALIDADE DE SOFTWARE 41
Unidade de
estudo 6
Seções de estudo
SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
Visão geral Gerenciamento de processo
A sigla CMM origina-se de Capa- Para o modelo CMM, um processo é composto de três elementos-chave:
bility Maturity Model, que pode ser
▪▪ as pessoas que participam do planejamento, da execução e do con-
traduzido como Modelo de Capa-
trole do processo;
cidade e Maturidade. Foi idealiza-
do pelo Instituto de Engenharia ▪▪ os procedimentos e métodos que indicam como o processo deve ser
de Software da Universidade Car- realizado;
negie Mellon, nos Estados Uni- ▪▪ as ferramentas e os equipamentos que são utilizados ao longo do
dos, com o objetivo de estabele- processo.
cer um padrão de qualidade para
desenvolvimento de software.
O CMM estabelece cinco níveis
de maturidade para o processo de
desenvolvimento de software. Se-
gundo esse modelo, uma empresa
pode ser classificada pelo seu ní-
vel de maturidade e quanto maior
o nível, maior a qualidade dos re-
sultados obtidos no processo de
desenvolvimento de software.
Desde a sua criação, surgiram
várias versões do modelo CMM.
Para padronizá-lo em um só, foi
desenvolvido o modelo CMM in-
tegrado ou, simplesmente, CMMI.
O modelo CMM/CMMI nasceu
das ideias de qualidade propostas
por Shewhart, Deming e Juran,
Figura 16: Componentes de processos segundo o CMM/CMMI
como o ciclo PDCA, que você já Fonte: Adaptado de Côrtes (2001)
estudou.
QUALIDADE DE SOFTWARE 43
SEÇÃO 3
Níveis de maturidade
Conforme já foi dito, o CMM/CMMI propõe uma classificação de ma-
turidade de processo de desenvolvimento de software em cinco níveis,
que você conhecerá a seguir (CÔRTES, 2001):
▪▪ Nível 1 – inicial: indica que o processo consegue gerar um produto
no final do desenvolvimento, mas com prazos e custos mais ou menos
fora do controle.
▪▪ Nível 2 – repetível: indica que, apesar de não se ter clareza sobre
como o processo é conduzido, ainda assim há pontos de controle
intermediários com relação a prazos e custos, o que permite ações cor-
retivas que contribuem para um resultado final com grau de qualidade
satisfatório.
▪▪ Nível 3 – definido: indica que as fases do ciclo de vida utilizam os
princípios de engenharia de software, o que gera um melhor controle
tanto ao longo do desenvolvimento do software como no resultado final
obtido que passa a ter um bom nível de qualidade.
▪▪ Nível 4 – gerenciado: indica que todos os processos ao longo do
ciclo de vida são detalhadamente controlados, possibilitando total con-
trole do início ao fim do desenvolvimento do software e garantindo um
nível de qualidade de alto padrão.
▪▪ Nível 5 – otimizado: indica que a busca pela melhoria constante da
qualidade passa a ser o grande objetivo.
QUALIDADE DE SOFTWARE 45
Unidade de
estudo 7
Seções de estudo
SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
Interação humano- Recomendações para
computador interfaces com usuários
Você já estudou os diversos as- A área de IHC já produziu inúme-
pectos abordados na qualidade ras pesquisas sobre como devem
de software tanto do ponto de vista ser as interfaces com os usuários
da qualidade do produto como da gerando vários livros e incontá-
qualidade do processo de desen- veis documentos com informa-
volvimento. ções muito relevantes.
Agora o foco é um tema especí-
fico da qualidade de software que
trata da interface com o usuário.
Essa interface pode ser entendida
como o meio pelo qual o usuá-
rio se comunica com os sistemas
computacionais, ou seja, como
ele efetua as entradas e como ele Nesta unidade não será possível
recebe as saídas. Como já foi es- abordar todos os aspectos relacio-
tudado, um software de qualidade nados à IHC, mas serão aponta-
precisa ser fácil de aprender e de dos alguns princípios que podem
usar (critério Usabilidade). contribuir para a busca de uma in-
terface mais amigável e, portanto,
de melhor qualidade. No entanto, aqui você estudará
apenas alguns dos principais tó-
A área que se dedica a estu- picos relacionados a recomenda-
dar as interfaces é denomina- ções de como desenvolver essas
da Interação Humano-Com- Interfaces mal projetadas po-
interfaces.
putador (IHC). A IHC estuda a dem comprometer seriamen-
interação do ser humano com te a qualidade de um softwa- Em seu livro sobre engenharia de
os sistemas computacionais e re. Como afirma Sommerville software, Pressman (1995) sugere
por isso investiga, entre ou- (2003), “[...] uma interface algumas diretrizes para os desen-
tros assuntos, a forma como que é difícil de ser utilizada, volvedores quanto a interfaces de
o cérebro humano aprende, na melhor das hipóteses, re- sistemas computacionais. Algu-
compreende e se comporta sultará em um alto nível de mas dessas diretrizes estão sinteti-
diante de elementos visuais, erros”. zadas a seguir, acompanhe:
auditivos etc.
▪▪ Mostre somente informações
que sejam relevantes e evite ex-
cesso de dados que podem atra-
palhar ou confundir o usuário.
▪▪ Procure não passar dados em
excesso para o usuário e use for-
matos de apresentação que sejam
facilmente compreendidos, como
gráficos e diagramas.
QUALIDADE DE SOFTWARE 47
▪▪ Use nomes, cores, abreviaturas, siglas e termos que sejam consisten-
tes e compreensíveis para o usuário.
▪▪ Permita que o usuário mantenha o contexto visual caso os dados
não caibam na tela de uma só vez. Ele precisa saber que parte do todo
está visualizando (mais para cima, mais para baixo, mais para direita ou
mais para esquerda).
▪▪ Produza mensagens de erro significativas e que possam ser interpre-
tadas corretamente pelo usuário.
Princípios Descrição
Familiaridade Os termos e conceitos apresentados devem ser conhecidos pelos usu-
com usuário ários (dentro de sua capacidade de conhecimento).
SEÇÃO 3
Acessibilidade em software
O termo acessibilidade já deve ser familiar a você, pois atualmente se
ouve falar constantemente em inclusão social e nos modos para garantir
o acesso aos bens e serviços para as pessoas portadoras de necessidades
especiais.
No Brasil, várias leis já foram aprovadas com o objetivo de dar condições
a essas pessoas de serem incluídas nos diversos setores da sociedade.
QUALIDADE DE SOFTWARE 49
Unidade de
estudo 8
Seções de estudo
SEÇÃO 1
A lei do software no Brasil
No Brasil, até o ano de 1998, não existia legislação especial para proteger
os direitos autorais de quem desenvolve software. A Lei no 9.609 (BRA-
SIL, 1998) estabeleceu que os direitos dos criadores de software fossem
equivalentes aos direitos de escritores. Assim, os desenvolvedores de
programas têm direitos sobre suas “obras” por 50 anos. Durante esse
período, outros interessados podem ter acesso ao software mediante Con-
trato de Licença de Uso.
Não é obrigatório que um programador registre seu programa junto ao
Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), mas ele precisa
ter seus direitos assegurados. No entanto, é possível fazê-lo apenas para
facilitar a comprovação da autoria para o caso de disputa legal.
QUALIDADE DE SOFTWARE 51
SEÇÃO 2
Software livre
Há um movimento contrário ao que se conhece como software proprie-
tário: o Movimento do Software Livre, criado a partir do Projeto GNU
por Richard Sttalman, pesquisador do Massachussets Institute of Technology
(MIT).
Figura 20: O Projeto GNU desenvolveu uma licença que permite livre uso do sof-
tware
Fonte: Arana (2010)
QUALIDADE DE SOFTWARE 53
Finalizando
Prezado aluno,
esta unidade curricular apresentou os principais fundamentos na área de qualidade de software. Você
acompanhou o histórico da qualidade, que iniciou no “chão de fábrica” das indústrias e expande-se
até os dias atuais com a busca constante pela melhoria da qualidade em todos os setores.
Na área de desenvolvimento de software você conheceu os principais modelos de qualidade tanto
com ênfase no produto como no processo.
Além disso, você viu os principais conceitos relacionados à acessibilidade em software dentro da
grande área denominada interação humano-computador.
Finalmente, conheceu alguns princípios relacionados a direitos autorais que interessam a desenvol-
vedores.
Agora você pode aprofundar seus estudos a partir das fontes de informação sugeridas ao longo
do conteúdo e na bibliografia da unidade curricular, com o objetivo de melhorar constantemente a
qualidade dos softwares!
Sucesso!
QUALIDADE DE SOFTWARE 55
Referências
▪▪ BARTIÉ, Alexandre. Garantia da qualidade em software: adquirindo maturidade orga-
nizacional. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2002.
▪▪ CAMPOS, Vicente Falconi. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). 4. ed.
Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992.
▪▪ ROCHA, Ana Regina C.; MALDONADO, José Carlos; WEBER, Kival Chaves. Qualidade
de software: teoria e prática. São Paulo, SP: Prentice Hall, 2001.
▪▪ SILVA, João Martins da. 5S: o ambiente da qualidade. Belo Horizonte: Fundação Christiano
Ottoni, 1994.
QUALIDADE DE SOFTWARE 57
Equipe de Desenvolvimento de Recursos Didáticos
Projeto Educacional
Angela Maria Mendes
Israel Braglia
Projeto Gráfico
Daniela de Oliveira Costa
Jordana Paula Schulka
Juliana Vieira de Lima
Design Educacional
Rozangela Aparecida Valle
Diagramação
Carlos Filip Lehmkuhl Loccioni
QUALIDADE DE SOFTWARE 59