O presente trabalho objetivou identificar as expressões da violência obstétrica
presentes no contexto social e de saúde das mulheres em privação de liberdade do Centro de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão, no Estado da Paraíba. Partiu-se do entendimento de que essa violência é uma expressão da violência de gênero. Nesse processo, foram realizadas discussões acerca dos direitos e políticas públicas direcionadas a saúde da mulher em privação de liberdade, de modo a fazer o contraponto com suas vivências ao longo da gestação e enquanto mulher que está em situação de reclusão. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa social aplicada que foi operacionalizada através da coleta e análise de dados empíricos junto aos sujeitos da pesquisa, qual seja: mulheres grávidas e/ou que tiveram filhos nos últimos dois anos. Participaram, voluntariamente, 10 (dez) mulheres. Os resultados revelaram que as mulheres em privação de liberdade sofreram algum tipo de violência obstétrica e que por razão da condição de pobreza, fragilização e/ou rompimento dos vínculos familiares, falta de escolaridade e de conhecimento acerca dos seus direitos, tornam-se um segmento da sociedade mais vulneráveis a vivenciar esse tipo de violação de direitos. Em termos conclusivos, se aponta a necessidade de políticas públicas direcionadas mais diretamente para o enfrentamento de tal violência, no ambiente prisional, de modo a possibilitar, sobretudo, a disseminação do conhecimento sobre as questões de gênero e sobre os direitos da mulher em privação de liberdade. Palavras-chave: Gênero, Saúde sexual e reprodutiva, Violência contra a mulher. Violência obstétrica.