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OUTRAS POSSIBILIDADES
CONSIDERING OTHER POSSIBILITIES IN THE STUDY OF CULTURAL ORGANIZATIONS
Resumo
O objetivo deste ensaio é apresentar uma proposta de análise organizacional que considere outras realidades,
não só econômicas, mas que inclua organizações isonômicas e fenonômicas. Para tal, se apoia na teoria do
Paradigma Paraeconômico de Guerreiro Ramos (1981) e na delimitação dos sistemas sociais, considerando
a lei dos requisitos adequados e as características das dimensões de tecnologia, tamanho, espaço e tempo. A
sugestão é que o quadro proposto sirva como um instrumento heurístico e que permita o raciocínio acerca
dessas outras organizações, descortinando as suas possibilidades e o seu conhecimento. A expectativa é a de
suscitar a necessidade e despertar o interesse pelo desenvolvimento de uma teoria substantiva da administração,
que abarque a entrada de todas as formas possíveis de organizações, não designando princípios formalizados
de comportamentos, apoiada em novos fundamentos epistemológicos, como a abordagem substantiva da
economia.
Abstract
The aim of this essay is to present a proposal for organizational analysis that takes into consideration other
realities, not only economic, but including isonomic and fenonomic organizations. The essay is based on the
Para-economic Paradigm developed by Guerreiro Ramos (1981) and on the delimitation of the social systems,
considering the law of requisite adequacy, and the characteristics of the dimensions technology, size, space
and time. It is suggested that this proposal works as a heuristic instrument that allows reflecting about these
other organizations, opening up possibilities and knowledge. The author seeks to promote the interest for the
development of a substantive theory of administration, which includes all possible forms of organizations,
without designating formalized principles of behaviors and based on new epistemological foundations such as
those used for the substantive approach of economy.
Para tal, é preciso efetuar a ampliação do presente, a qual fenonomias e isolado. A anomia é definida como
reflete a necessidade de se aproveitar a oportunidade sendo uma situação de restrição na qual a vida social
única de se proceder a uma transformação específica e pessoal se desvanece, nessa condição os indivíduos
referente ao que presente pode oferecer, ou seja, o vivem nas bordas do sistema social. A horda são as
carpe diem. O que não está sendo visto hoje, esquecido coletividades humanas sem normas, em que falta nos
pela ciência, pode significar uma oportunidade única membros o senso de ordem social. A economia se
perdida em relação ao futuro, por isso, voltar-se ao refere a um sistema organizacional altamente ordenado,
presente, a partir de sua ampliação, torna-se relevante constituído para a produção de bens e/ou prestação
(SANTOS, 2002). de serviços. A isonomia é uma organização em que
seus membros são iguais. A fenonomia é um sistema
Essa perspectiva atenderia em parte à necessidade social que ocorre esporadicamente ou de forma mais
de se fortalecer a relação entre a ciência e a virtude, ou menos estável, é conduzido por indivíduo ou por
com o uso do conhecimento dito ordinário ou um pequeno grupo, prevalecendo o máximo de opção
vulgar que insiste em não ser reconhecido pelos pessoal com uma reduzida subordinação a prescrições
modelos dominantes, e que pode ser criado e usado operacionais formais. O isolado é aquele indivíduo que
tanto para dar sentido as nossas vidas, como para possui extremo compromisso com uma norma que lhe
proporcionar o efetivo emprego do conhecimento é particularíssima (HEIDEMANN; SALM, 2009).
científico acumulado para enriquecer nossas vidas,
num contributo positivo para a felicidade das pessoas A partir da delimitação dos sistemas sociais, Ramos
(SANTOS, 2002). (1981) expõe as características das dimensões de
tecnologia, tamanho, cognição, espaço e tempo para
Dentro desse contexto, o objetivo deste ensaio é cada um dos enclaves, de forma prática, de maneira
apresentar uma proposta de quadro de análise para o que estas possam ser utilizadas como um ponto de
estudo de organizações culturais que considere essas partida para a análise e o planejamento, sob uma
outras realidades, ampliando o presente, apoiada na perspectiva heurística.
proposta de Guerreiro Ramos (1981) da delimitação
dos sistemas sociais e na lei dos requisitos adequados. Em cada um dos enclaves se observaria a predominância
de algumas características dessas dimensões, as quais
estariam associadas à consecução dos seus objetivos.
Nas organizações isonômicas e fenonômicas, por
Paradigma Paraeconômico e Lei dos exemplo, prevaleceriam características relacionadas
a aspectos que privilegiariam a participação nas
Requisitos Adequados decisões, a proximidade social, a atualização pessoal a
partir do convívio, o interesse coletivo em detrimento
O Paradigma Paraeconômico de Guerreiro Ramos do individual e proporções de participantes adequadas
(1981) é uma proposta do autor na direção de se as suas metas (RAMOS, 1981).
superar a unidimensionalização que tem prevalecido
na sociedade, em que a economia de mercado passou Já nas economias baseadas no mercado, prevaleceriam
a ser central na ordenação da vida das pessoas. características funcionais, relacionadas a decisões mais
do tipo top-down, com alguma ou nenhuma participação
Como ponto central, o modelo multidimensional das pessoas nas decisões, grandes proporções ou
possui a delimitação organizacional, envolvendo a preocupação em ver o crescimento como algo linear a
visão de uma sociedade que é composta de diferentes ser perseguido, sendo caracterizadas pelo emprego de
enclaves, com o homem atuando em diferentes normas, regulamentos e controle nas suas atividades,
atividades substantivas integrativas entre si. O modelo espaços sócio-afastadores que não privilegiam o
multidimensional pressupõe que o mercado é um contato pessoal, predominando o conhecimento
enclave social legítimo e necessário, porém limitado e técnico e o tempo serial, linear ou sequencial, sobre
regulado (RAMOS, 1981). outras formas (RAMOS, 1981).
Como categorias delimitadoras do paradigma Apesar de serem cinco as dimensões apresentadas por
paraeconômico, Ramos (1981) apresenta os seguintes Ramos (1981), nesta proposta optou-se por considerar
enclaves: anomia, horda, economia, isonomias,
somente as dimensões de tecnologia, tamanho, tecnologia a tal ponto que ela acabou por determinar o
espaço e tempo, descartando-se a cognição, pois essa aparecimento de um novo tipo de mente e pensamento,
dimensão envolve uma complexidade que justificaria que avança na direção da regulamentação deliberada
um trabalho único a seu respeito, tendo em vista o e da manipulação inteligente das relações entre os
que até então já foi produzido nas diferentes ciências, objetos. Não se pode, no entanto, esquecer aquelas
uma vez que envolve a sociologia do saber, conforme coisas e práticas que podem centrar e orientar a vida
apontado por Gurvitch (1969). humana. A tecnologia deve estar condicionada às
práticas focais, as quais são experiências que constituem
fins em si mesmas, tanto para as pessoas como para
comunidades (RAMOS, 1983; BORGMANN, 1984
Dimensões da Lei dos Requisitos Adequados apud CUPANI, 2013).
A tecnologia é uma realidade polifacetada, que Algumas considerações sobre tecnologia precisam ser
não se refere somente a objetos e seus conjuntos, feitas, já que o termo é empregado com diferentes
mas também diz respeito a sistemas, processos, sentidos, refletindo a diversidade de orientações nos
modos de proceder, assim como a uma mentalidade estudos organizacionais e as divergentes abordagens
cujo conjunto carrega consigo certa ambiguidade, que têm sido desenvolvidas para medir essa dimensão
resultado de uma valoração positiva ou negativa para (PERROW, 1986; SCOTT, 1998; VOLBERDA, 1998).
seus efeitos (CUPANI, 2013).
Woodward (1977), pioneira nos estudos, definiu a
Atualmente o termo tecnologia é um atributo tecnologia considerando os sistemas de produção
essencial do pensamento funcional e unidimensional, utilizados nas empresas, o que resultou nas categorias
ou seja, do pensamento na fase da planificação, em de produção em unidades, em massa e em processos,
que se descobre que a essência da tecnologia não é classificação esta que passou a ser aceita pela grande
tecnológica, mas sim resultado da ascensão de uma maioria dos pesquisadores, mas que foi considerada
mentalidade humana totalmente técnica, incompatível limitada por outros autores (PERROW, 1986; SCOTT,
com a concepção fatalista de destino social. “O 1998; VOLBERDA, 1998).
social tanto quanto o natural e o material se tornam,
para o homem, objeto de manipulação tecnológica” Volberda (1998) propôs o emprego de uma abordagem
(RAMOS, 1983, p. 76). mais ampla para a tecnologia, em que esta significa
os meios pelos quais e a configuração na qual uma
Observa-se uma preferência geral, irrefletida, por organização transforma inputs em outputs. O conceito
coisas e formas de agir que são eficientes e rápidas, empregado por ele permite verificar como certas
que economizam tempo e esforço, junto a uma tecnologias inibem ou facilitam a flexibilidade, sendo
constante preocupação em se controlar o futuro que a tecnologia se refere ao hardware (como máquinas
e à adoção de uma postura baseada na crescente e equipamentos) e ao software (conhecimento, técnicas
propensão das pessoas de se programarem para aquilo e habilidades) que são empregados na transformação
que se propõem a fazer, revelando uma atitude e uma de recursos materiais ou informacionais em vários
mentalidade tecnológica (CUPANI, 2013). tipos de produtos (bens ou serviços), bem como à
configuração adotada nos processos com relação ao
Essa mentalidade resulta de uma ampliação da hardware e ao software.
Neste contexto, a relação entre tecnologia e socialmente, se não uma realidade construída. Além
flexibilidade não se trata somente dos imperativos disso, a conexão estratégica entre a tecnologia e a
relacionados às mudanças do ambiente no qual a estrutura pode ainda se dar em função do poder
organização está inserida e que são considerados exercido por algum grupo sobre a organização,
como condicionantes para esta nova estratégia, mas conforme defendido pelos teoristas da estratégia
inclui também uma nova forma de pensar sobre contingencial. Isso decorre da divisão do trabalho e
organizações e administração, numa perspectiva que dos diferentes contatos exercidos pelos participantes
se afastaria do modelo burocrático, formal, até então da organização com outras pessoas, dentro e fora da
predominante nas organizações (VOLBERDA, 1998; organização, que podem criar perspectivas e interesses
DELLAGNELO, 2000). divergentes, assim como gerar novas fontes de poder
que podem ser utilizadas para atingir esses interesses
Conforme Volberda (1998), a racionalidade (SCOTT, 1998).
organizacional própria da moderna perspectiva de
gerenciamento contrasta com a visão de organização As organizações devem então ser observadas não
baseada na racionalidade substantiva, na qual as como espaços constituídos por atores unificados,
pessoas são encorajadas tanto a determinar se o mas como combinações resultantes de vários grupos
que elas estão fazendo é apropriado como também de interesses que se movem para dentro e para fora
a efetuar os ajustes que se fazem necessários. A da organização, para cima e para baixo na escala de
racionalidade substancial implica que os participantes poder relativo, moldando a estrutura da organização
da organização possuam a habilidade para perceber (SCOTT, 1998).
ou experimentar a realidade como um todo, com
coerência e significado, dando sentido para as suas Nesse sentido, Cupani (2013) chama atenção para o
ações dentro da organização. fato de que a tecnologia é uma forma de poder, não um
mero instrumento neutro, encarnando em si valores
Outra contribuição se dá a partir de Scott (1998), o antidemocráticos, originários de uma vinculação com o
qual chama atenção para o fato de que a definição capitalismo e revelado numa cultura de administradores
de tecnologia tem sido utilizada referenciando-se ao (managers), que vê o mundo através de uma lente
trabalho realizado por uma organização, podendo ser baseada no controle, eficiência (medida pelo proveito
reduzida a tal pondo de incluir somente o hardware, atingido) e recursos, com o predomínio de uma
ou seja, os equipamentos, máquinas e instrumentos racionalidade instrumental. Portanto é necessária certa
individuais usados na atividade produtiva. Porém precaução ao se tratar da flexibilidade considerando-
há de se ter em conta o fato de que existe uma se a tecnologia, já que um aumento de tal parâmetro
perspectiva mais ampla, que inclui as habilidades e − levando-se em conta a adoção de tecnologias que
o conhecimento dos trabalhadores na realização do facilitem a sua ocorrência − pode se dar não em virtude
trabalho, bem como as características dos objetos que de uma maior ampliação de ações baseadas em uma
estão sofrendo a ação dos trabalhadores. perspectiva emancipadora resultante da predominância
de uma racionalidade substantiva, mas sim como uma
Além desse aspecto, a tecnologia organizacional, ação deliberada, instrumentalizada, com determinadas
apesar de ser um elemento interno, está conectada intenções políticas, consagrando relações de poder,
com o seu ambiente externo, sendo este uma fonte de fomentando ou impedindo determinadas formas
técnicas de trabalho e ferramentas empregadas pela de vida social. Dispositivos tecnológicos podem ser
organização. Muitas organizações não inventam por si direcionados de tal forma a produzirem resultados que
sós as suas tecnologias, mas as importam do ambiente, são considerados positivos somente para alguns grupos
algo que pode ser visto na perspectiva dos teóricos sociais, em detrimento dos demais.
institucionalistas como um processo isomórfico
(SCOTT, 1998; DIMAGGIO; POWELL, 2005). Por fim, cabe ressaltar que as abordagens sobre
tecnologia tiveram, predominantemente, as suas
Há de se considerar ainda que outras variáveis podem características expostas a partir de organizações
estar envolvidas na seleção e relação da tecnologia, manufatureiras clássicas. Porém existe um arranjo
como a estrutura, políticas organizacionais e arranjos organizacional mais elaborado e intricado que lida
institucionais. Nessa visão, a tecnologia é moldada com altos graus de complexidade e incertezas em
sistemas produtivos, cujo caminho para gerenciar considerar limites mínimos ou máximos com relação
grandes tarefas complexas não se apoia em estruturas ao seu tamanho. Todavia não existe nenhuma norma
robustas e complexas, mas sim em executantes mais que determine, com precisão, antecipadamente, o
qualificados e flexíveis, em que a resposta é mais limite de tamanho de um cenário, constituindo-se um
efetiva quando o trabalho é incerto ou quando o problema concreto a ser resolvido através de uma
trabalho não envolve altos níveis de interdependência investigação ad hoc, dentro do próprio contexto. No
entre os trabalhadores (SCOTT, 1998). entanto há premissas que auxiliam nessa delimitação,
uma delas se refere ao fato de que as relações diretas
Nessas organizações as atividades essenciais podem tendem a declinar na mesma proporção em que ocorre
ser executadas através de dois tipos gerais de arranjos. o aumento de tamanho, além de que um grande número
O primeiro é denominado por Scott (1998) como de indivíduos, quando agrupados numa multidão,
organização profissional autonomous. Nele as atividades desenvolvem uma quase irresistível inclinação para o
são delegadas para um grupo de empregados despotismo (RAMOS, 1981; ARENDT, 1997).
profissionais que definem e implementam os
objetivos organizacionais, estabelecendo qual será o No atual ambiente cultural, o pressuposto que se
desempenho padrão esperado e como as metas serão destaca acerca do tamanho das organizações é o que
mantidas. Os próprios profissionais se organizam para enaltece o imperativo de que se deva sempre crescer,
assumir as responsabilidades da organização. revelando a necessidade de sua revisão. Os cenários
sociais para consecução de seus objetivos e o ótimo
O segundo tipo, denominado por Scott (1998) de emprego de seus recursos não necessariamente
organização profissional heteronomous, é aquele em que em resultam, de forma inevitável, em um aumento de
seu arranjo os funcionários profissionais são claramente tamanho. A perspectiva que povoa o imaginário
subordinados a uma estrutura administrativa e o coletivo acerca das organizações, de que “quanto
montante de autonomia permitida a eles é relativamente maior melhor”, normalmente “conduz a falsas
pequena. Os empregados nessa configuração estão relações pessoais, à síndrome da lei de Parkinson1, à
sujeitos aos controles administrativos e sua autonomia desnecessária redundância e, finalmente, a sistemas
é claramente circunscrita, estando sujeitos à supervisão sociais de desperdício, de limitada capacidade de auto
rotineira, ao contrário de seus pares autonomous, que sustentação” (RAMOS, 1981, p. 158). É preciso pensar
possuem autonomia. cenários sociais que perdurem (RAMOS, 1981).
As organizações de profissionais autonomous, Cada cenário social possui seu limite concreto de
diferentemente das de heteronomous, assumem variadas tamanho, algo acima ou abaixo desse limite ocasiona
formas, dependendo, de maneira particular, do grau uma perda na capacidade de se atingir de forma eficaz
de interdependência entre os executantes individuais as suas metas, bem como de se obter o consenso
e os grupos executantes. Um dos pontos fortes deste mínimo necessário entre os seus membros para a sua
profissional de “pleno-direito” é que ele é considerado própria preservação. Cada atividade possui uma escala
capaz de tomar decisões, de controlar seu desempenho que é mais apropriada para consecução dos seus
independentemente, incluindo a coordenação do objetivos. Por exemplo, conforme é mais enérgica
trabalho com outros, se assim for requerido (SCOTT, e íntima a atividade, menor deve ser o número de
1998). pessoas que dela podem participar e maior terá de
ser o número de arranjos de relacionamento a serem
estabelecidos. Os cenários considerados mais amplos
se tornam inapropriados naqueles espaços em que é
b. Tamanho fundamental que haja relações interpessoais diretas
para que seus objetivos sejam atingidos (RAMOS,
Um cenário social, para atender e corresponder de 1981; SCHUMACHER, 1983).
forma eficaz às necessidades de seus membros, deve
1
A lei de Parkinson se refere à expansão do trabalho até que ele preencha todo o tempo disponível para a sua realização, resultado de
observações realizadas por Cyril Northcore Parkinson no serviço civil britânico.
O que se pode asseverar é que grandes tamanhos quantidade de participantes em uma assembleia,
são frequentemente relacionados com organizações como aponta Dahl (2001). Apesar de considerar que
que operam em economias convencionais. Não em organizações ainda seria possível se pensar em
existe uma regra geral para se determinar o tamanho modelos que não exijam a eleição de representantes
das economias, porém se considera que economias para a deliberação, há de se ter conta, por exemplo, o
isonômicas, por exemplo, que envolvem cooperativas tempo exigido para que cada participante se manifeste.
e organizações que possuem administração e Em uma conta simples, Dahal (2001) expõe que se
propriedades coletivas, são espaços em que se forem, por exemplo, 100 participantes a se manifestar
prescrevem tamanhos moderados. Há casos de e cada um utilizar 10 minutos para expor o seu ponto
economias, no entanto, em que para serem bem- de vista, seriam necessários dois dias de oito horas de
sucedidas na competição do mercado é necessário que reunião − não que seja impossível, porém não é nada
elas adotem grandes proporções, com o emprego da fácil de se conseguir.
divisão do trabalho, a impessoalidade e a especialização;
desta forma, o grande tamanho se torna um requisito Nesse mesmo sentido, Hall (2004) destaca, através
essencial para as economias convencionais. Portanto, de pesquisas relacionadas ao impacto do tamanho
o grande tamanho é recomendado, ao se considerar os organizacional sobre os indivíduos, que em
seus méritos (RAMOS, 1981). grandes comunidades os indivíduos não conhecem
nem interagem com a maioria daqueles com que
No caso das isonomias, estas tipicamente se entram em contato, apesar de manterem relações
caracterizam por possuir proporções moderadas, primárias com uma série de pessoas dentro e fora da
com rígida intolerância para desvios de tamanho para organização. Talvez não haja diferenças na quantidade
além de um determinado limite. São cenários cuja de relacionamentos realizados por uma pessoa, seja
perspectiva está pautada na atualização pessoal, a qual, em organizações pequenas ou grandes, já que estes
em um processo balanceado com a satisfação social, dependem de cada pessoa e não do tamanho da
respeita o direito dos outros indivíduos de também organização, porém é certo que haverá uma proporção
fazê-lo. Nesse processo balanceado, pressupõe-se que menor de relacionamentos francos e calorosos
sejam empregados o debate racional e o julgamento conforme sua quantidade aumenta. O que difere é o
ético-valorativo das ações. Desta forma, as pessoas fato de que ao se analisar, por exemplo, a participação
só conseguem ser elas mesmas em pequenos grupos dos membros de organizações voluntárias, de
abrangentes (RAMOS, 1981; SCHUMACHER, 1983). diferentes proporções, verifica-se que existe menor
participação em organizações maiores.
Já as fenonomias se referem ao menor tipo concebível
de cenário, podendo mesmo ser composta por uma só O tamanho também pode influenciar a estrutura das
pessoa, sendo talvez o número de cinco membros o organizações, como, por exemplo, no aumento do
máximo de tamanho para uma fenonomia, sob o risco número de cargos administrativos, apesar de alguns
de não sobreviver além disso. Nelas prevalece o máximo autores questionarem essa premissa, destacando que
de opção pessoal com uma reduzida subordinação a nem sempre se observa essa relação (TERRIEN;
prescrições operacionais formais. Sobre essa questão, MILLS, 1976; HALL, 2004).
assevera Schumacher (1983) que quanto maior for a
organização, maior será a necessidade de ordem; não que Com relação à participação, conforme postula
se prescreva a total ausência de normas, já que esta iria Ramos (1981) e Dahl (2001), talvez as tecnologias de
na direção da horda e da anomia, mas nas fenonomias comunicação venham a auxiliar na superação dessas
elas são mínimas. Há de se considerar que para ocorrer barreiras à participação, integrando as pessoas em
a consecução de qualquer trabalho é necessária a comunidades de interesse, porém é preciso considerar
observância de normas operacionais, portanto se as dificuldades de se conciliar diferentes perspectivas
preconiza a prescrição de normas contra a sua total em larga escala.
ausência (RAMOS, 1981; SCHUMACHER, 1983).
Outra questão com relação ao tamanho das organizações
É preciso considerar também que, em organizações se refere à influência destas sobre o moral das pessoas.
com grandes tamanhos, a deliberação de todos se As pesquisas têm demonstrado que organizações
torna tanto mais demorada conforme aumenta a maiores levam seus membros ao estresse e a um moral
O sistema de mercado nos últimos séculos se expandiu O espaço de certa forma afeta e possui a capacidade
de tal forma que se tornou o principal ordenador da de moldar a vida das pessoas, os espaços que são
vida pessoal e comunitária, ocupando os diferentes dados para viver aos indivíduos podem de alguma
espaços reservados aos sistemas sociais. Isso é visível maneira alimentar ou dificultar o desenvolvimento
quando se observa, por exemplo, a arquitetura das psíquico deles dentro da sua singularidade como
cidades contemporâneas, a qual reflete as exigências pessoas. O espaço pode ser um ambiente que facilite
do mercado (RAMOS, 1981). ou restrinja a descarga de tensões. O seu correto
tratamento é uma forma de se estimular a atmosfera
O que ocorre é o constante aumento da artificialização psicológica apropriada para os objetivos específicos
do meio ambiente. A esfera natural é de forma de um determinado sistema social (RAMOS, 1981).
crescente e constante substituída por uma esfera
técnica; os objetos culturais na atualidade tendem a se Os estudos realizados sobre o espaço têm se limitado,
tornar cada vez mais técnicos e específicos, produzidos sobretudo, a questões relacionadas aos processos
e localizados para melhor responder aos objetivos de produção e distribuição de bens e à prestação de
serviços. Porém existem implicâncias com relação Na produção do espaço social existe a coadunação
ao espaço que vão além dos propósitos econômicos de três aspectos: a prática espacial, que envolve a
e que são esquecidas tanto por leigos como também produção, reprodução, os lugares especificados e
por arquitetos e especialistas em organizações, conjuntos espaciais próprios a cada formação social; as
que supostamente deveriam ser os que melhor as representações do espaço, ou espaço concebido, aquele
compreendem na sua totalidade (RAMOS, 1981). dos cientistas, dos planificadores e dos urbanistas,
entre outros, que identifica o vivido e percebido, e
Nas isonomias e fenonomias e suas formas mistas, o que é o espaço dominante em uma sociedade; e os
espaço desempenha um papel especial para seu bom espaços de representações, que são portadores de
funcionamento, questões como solidão, privacidade, símbolos clandestinos e subterrâneos da vida social.
reserva, intimidade, anonimidade, território pessoal Esses três aspectos desenvolvem uma relação dialética
e órbita individual são e devem ser consideradas. entre si, ou seja, envolvendo o percebido, o concebido
A expectativa é que prevaleçam espaços sócio- e o vivido (LEFEBVRE, 1991).
aproximadores, que teoricamente promovem relações
de primeiro grau, que são características dessas Lefebvre (1991) defende que a utilização do conceito
organizações (HALL, 2005; RAMOS, 1981). dessas práticas, representações da produção, pode
servir como instrumento (operatório) para análise de
Já nas economias os espaços sócio-afastadores parecem espaços, assim como das sociedades que os geraram e
prevalecer, apesar de os sócio-aproximadores também deles se apoderaram, pois daí decorreria uma história
se mostrarem como sendo necessários, mesmo nesse do espaço que não obrigatoriamente coincide com as
enclave. Porém no sistema de mercado os cidadãos periodizações admitidas, mas que, tendo em vista a
são condicionados a uma percepção e uso do espaço passagem de um modo de produção a outro e as suas
em que a perspectiva adotada é a técnica, a qual define influências, permitiria tal análise.
o seu comportamento (RAMOS, 1981).
Lefebvre (1991) identifica então quatro tipos de
A organização do espaço pode ser pensada como espaços, os quais representariam a periodização de
um continuum, em que em uma das suas extremidades diferentes processos produtivos, a saber: o espaço
estariam aqueles espaços que não fazem uso de absoluto, o histórico, o abstrato e o diferencial.
nenhuma organização, que estão em uma confusão
permanente, ocupados por pessoas que não efetuam O espaço absoluto se refere a fragmentos da natureza,
uma classificação das atividades e artefatos de acordo locais escolhidos com base nas suas qualidades
com um plano espacial uniforme, coerente e previsível. intrínsecas (cavernas ou cumes, fonte ou rio), mas
Na outra extremidade da escala, estaria a linha de que cuja consagração, por fim, acaba por esvaziá-
montagem, com uma organização precisa dos objetos los de muitas dessas características e particularidades
tanto no tempo como no espaço (HALL, 2005). naturais, sendo o espaço-natureza povoado por forças
políticas. De maneira típica, a arquitetura acaba por
Considerando esse continumm, cada cenário social subtrair da natureza os lugares e os transfere para a
possui as suas exigências no que se refere ao espaço esfera política por meio de uma mediação simbólica
e que são inerentes a ele. Não existe, porém, uma (LEFEBVRE, 1991).
dicotomia do tipo bom – ruim. “O que é realmente
desejável é que exista flexibilidade e congruência A partir desse espaço ocorre a emersão de outro,
entre projeto e função para que haja uma variedade relativizado e histórico, que traz consigo a plenitude
de espaços e as pessoas possam se envolver ou não, invisível do espaço político que se instaurou no
como exijam a ocasião e a disposição de espírito” vazio de um espaço natural subtraído da natureza.
(HALL, 2005, p. 138). A historicidade quebra para sempre a naturalidade e
instaura sobre as suas ruínas o espaço de acumulação
Essa preocupação está associada às representações (de toda riquezas e recursos: os conhecimentos, as
do espaço (o concebido), que são as relações de técnicas, o dinheiro, os objetos preciosos, as obras
produção e a ordem que por ela é imposta e que estão de arte e os símbolos). No transcorrer desse período,
vinculadas aos conhecimentos, aos signos, aos códigos a atividade produtiva, a mão de obra, deixa de se
e às relações frontais (LEFEBVRE, 1991). confundir com a reprodução que perpetua a vida
social, ela se torna independente desse processo, para surgir, motivo pelo qual recebe essa denominação
ficando presa à abstração, o trabalho social se torna (LEFEBVRE, 1991).
abstrato, o espaço abstrato (LEFEBVRE, 1991).
O espaço diferencial reúne aquilo que o abstrato
O espaço abstrato funciona “objetalmente” como um separa, as funções, os elementos e os momentos
conjunto de coisas/signos e suas relações formais: da prática social. Ele colocaria um fim naquelas
vidro e pedra, concreto e aço, ângulos e curvas, cheio localizações que rompem tanto com a unidade do
e vazio. Esse espaço, que tem por característica ser corpo (individual e social) como com o corpus das
formal e quantificado, nega as diferenças, sejam elas necessidades humanas e o corpus do conhecimento.
provenientes da natureza ou do tempo (histórico), ou De forma contrária ao abstrato, discerniria aquilo que
ainda aquelas que se originam do corpo, como a idade, é confundido, por exemplo, as relações sociais com as
gêneros e etnias. A significância desse conjunto remete relações familiares (LEFEBVRE, 1991).
a uma espécie de sobressignificação, que escapa aos
sentidos, ao funcionamento do capitalismo, o qual é
ao mesmo tempo evidente e dissimulado. As formas
dominantes de espaço, dos centros de poder e riqueza, d. Tempo
se esforçam para moldar os espaços que dominam
(ou seja, os espaços periféricos), fazendo uso, muitas O tempo é uma categoria básica da existência
vezes, de meios violentos para reduzir os obstáculos humana, penetra nos conceitos básicos da análise
e resistências que porventura venha a encontrar organizacional, porém costuma ser negligenciado ou
(LEFEBVRE, 1991). raramente ter seu sentido discutido. A mensuração da
sua passagem se dá de diversas maneiras, segundos,
O espaço abstrato é uma produção do capitalismo minutos, horas, dias, meses anos, décadas, séculos e
e do neocapitalismo, o qual contém o mundo da eras, como se tudo estivesse assentado em uma única
mercadoria, sua lógica e as suas estratégias em escala escala temporal objetiva. As diferentes sociedades (ou
mundial, juntamente com o poder do dinheiro e do subgrupos) cultivam os sentidos de tempo de maneiras
Estado político (LEFEBVRE, 1991). bem distintas, as quais são criadas necessariamente
por meio de práticas e processos materiais que
O espaço abstrato possui um funcionamento reproduzem a vida social. Cada forma distinta de
extremamente complexo, que implica uma passividade, produção ou formação social envolve um agregado
um silêncio dos usuários, assim como um pacto de não particular de práticas e conceitos do tempo (HALL,
agressão, um quase contrato de não violência. Nele, 1990; BUTLER, 1995; HARVEY, 2012).
em determinados lugares, são valorizados alguns tipos
de relações, considerando-se aspectos “proxêmicos”, Nas sociedades modernas vários sentidos de tempo
não havendo lutas para ocupar os espaços. As pessoas se entrecruzam. As rotinas e os movimentos cíclicos
assumem uma disposição socialmente condicionada transmitem certa sensação de segurança às pessoas,
na qual as regras e normas de operações são peculiares em um mundo cujo impulso geral do progresso
a determinados sistemas episódicos, que passam a ser parece indicar sempre para frente e para o alto. A
consideradas como regras e normas de conduta para ordenação simbólica que é dada ao tempo propicia
todos de um modo em geral. (LEFEBVRE, 1991; uma estrutura para a experiência, a partir da qual se
RAMOS, 1981; HALL, 2005). aprende quem ou o que se é em uma sociedade. No
século XX, o tempo se organizou de acordo com o
Apesar do pessimismo resultante, o espaço abstrato desenvolvimento das sociedades industriais e das
possui contradições específicas, as quais são em cidades, permitindo o emprego do tempo linear do
grande parte derivadas de outras antigas contradições, relógio, o controle de forma disciplinar das relações
oriundas do tempo histórico, que são agravadas ou de trabalho (TONELLI, 2008; HARVEY, 2012).
atenuadas e que eventualmente podem conduzir esse
espaço ao seu fim. Como consequência, o espaço O tempo do trabalho, no entanto, passou não
abstrato engendra um novo espaço, denominado só a controlar e regular as atividades dentro das
diferencial, o qual, de forma contrária ao abstrato, organizações, mas extrapolou o seu espaço e avançou
necessita de um processo de acentuação das diferenças sobre as demais relações humanas, ou seja, para os
demais enclaves da vida humana. O tempo do trabalho de experiência temporal, cuja qualidade e ritmo estão
passou a regular a vida de maneira generalizada. O diretamente relacionados à intensidade com que o
movimento de pessoas e mercadorias passou a ser indivíduo anseia por criatividade e autoesclarecimento.
regulado por ele, seja dentro ou fora das cidades, em É o impulso temporal das fenonomias. A sua
uma espécie de sincronização da vida (RAMOS, 1981; ocorrência normalmente é relacionada com informes
TOFFLER, 1998; TONELLI, 2008). de progressos marcantes obtidos por pessoas criativas
(RAMOS, 1981).
Porém, o tempo nas organizações formais não é o
mesmo daquele característico nos sistemas sociais, em O tempo errante é caracterizado por possuir uma
que prevalecem a intimidade e a intensa reciprocidade direção inconsistente, as pessoas que o vivenciam
pessoal. Nesse sentido, Ramos (1981) propõe uma possuem uma experiência imprecisa de sua agenda
tipologia diferenciada para o tempo, constituída pelas existencial, se é que é possível julgar a existência
seguintes categorias: tempo serial, linear ou sequencial; de alguma espécie de agenda. O tempo errante se
tempo convival; tempo de salto – leap time; e tempo relaciona a pessoas anômicas ou quase anômicas
errante. (RAMOS, 1981).
Nas economias prevalece o tempo serial, o qual não Nos estudos organizacionais, o tempo tem sido
satisfaz as necessidades humanas que se referem a basicamente abordado sob a perspectiva dos
atividades cujo tempo não possa ser estabelecido em sistemas econômicos, sendo tratado como uma
termos de séries. A sociedade centrada no mercado, mercadoria ou ainda como um aspecto da linearidade
considerando a sua orientação temporal, serializa do comportamento organizacional. Essa visão do
o tempo dos seus membros de tal forma que estes tempo, no entanto, não reflete a realidade observável
passam a ter dificuldade em se engajar em outras atualmente nas organizações. Diante das diferentes
atividades que requeiram outro tipo de orientação contingências a que as organizações são defrontadas
temporal (RAMOS, 1981). no seu dia a dia, surgem peculiaridades que interferem
nessa harmonia temporal. As atividades do mundo
Nas isonomias o que prevalece é o espaço para o do trabalho nem sempre se referem a um ritmo
exercício da convivência, o requisito temporal exigido é imposto por máquinas, mas envolvem também outras
o da experiência de tempo, em que o indivíduo desfruta possibilidades de processos e de trabalho (RAMOS,
dos ganhos que obtém com seus relacionamentos, 1981; HASSARD, 2009).
ganho este que não é medido quantitativamente,
mas sim a partir de uma gratificação profunda por Isso gera novas lógicas dentro das organizações,
ter se libertado das pressões que impedem a sua como novas formas organizacionais, formas flexíveis,
autorrealização pessoal, portanto é o espaço do tempo em que os controles dos tempos não são tão finitos e
convival (RAMOS, 1981). determinados da maneira que a perspectiva racional
imagina, podendo ocorrer também que os grupos
Esse tempo convival é catártico, a experiência de trabalho construam os seus próprios sistemas
individual encoraja a interagir com os outros sem o de mensuração do tempo, não seguindo prescrições
uso de máscaras, fachadas, e vice-versa. A experiência impostas (HASSARD, 2009).
se revela libertadora, proporcionando o relaxamento,
as pessoas tendem a ter mais confiança nas outras Essa mesma diferenciação é observável nas duas
pessoas e a expressar seus sentimentos mais profundos formas contrastantes de lidar com o tempo descritas
com autenticidade. Os outros não são objetos, mas por Hall (2005), o monocrônico e o policrônico. O
sim pessoas, a aceitação e a estima se dão pelo o que monocrônico é associado aos grupos com baixo
as pessoas são, independentemente das suas posições envolvimento pessoal, que procuram compartimentar
empresariais ou status no ambiente competitivo do o tempo. Eles fazem a programação de uma atividade
mercado. O tempo serial é esquecido quando os para cada momento e ficam desorientados se tiverem
indivíduos estão envolvidos na experiência do tempo de lidar com várias coisas de uma só vez. As pessoas
convival (RAMOS, 1981). policrônicas, por sua vez, talvez por se envolverem
muito mais umas com as outras, tendem a manter
O tempo de salto se refere a um tipo muito pessoal diversas atividades em andamento ao mesmo tempo,
como malabaristas, acumulando várias tarefas de Butler (1995) propõe então quatro clusters para
forma simultânea (HALL, 2005). significar as experiências do tempo: relógio, orgânico,
estratégico e espasmódico. Essas variáveis abrem
Tendo-se em conta as organizações isonômicas e a possibilidade de se efetuar uma comparação das
fenonômicas e as categorias de tempo convival e de experiências de tempo.
salto (leap time), é possível inferir que nesses sistemas
sociais a expectativa é a de identificar características de O tempo do relógio é aquele associado ao ritmo do
tempo que se aproximam da forma policrônica, que balanço de um pêndulo, mecânico, rígido, inflexível
privilegia o contato pessoal e a interação, características e pré-determinado. Nesse tempo a ênfase está na
desses espaços. sincronização das atividades em uma ordem imóvel
e pré-determinada. As experiências do passado são
Nas isonomias, por exemplo, o enclave é propício transpostas para o futuro, sendo os eventos futuros
para o exercício da convivência, “(...) e o seu previstos a partir do conhecimento codificado
principal requisito temporal é uma experiência de do passado. É o tempo que pode ser associado às
tempo em que aquilo que o indivíduo ganha em seus burocracias (BUTLER, 1995).
relacionamentos com as outras pessoas não é medido
quantitativamente, mas representa uma gratificação O tempo orgânico é aquele que é percebido como um
profunda (...)” (RAMOS, 1981, p. 169). processo de crescimento natural pelo qual as ideias
e ações se desenvolvem, por meio de consensos e
Nas fenonomias, o tempo de salto se caracteriza congruências sobre os futuros possíveis. O passado
por ser uma experiência temporal, pessoal, em que a é relativamente não codificado e ligado de forma
qualidade e o ritmo revelam o desejo do indivíduo pela indeterminada aos futuros possíveis. A unidade do
criatividade e o autoesclarecimento. É visto como um tempo orgânico tende a refletir o ciclo de crescimento
momento muito importante na vida de uma pessoa natural, tendo como medida o fato de as ideias e ações
criativa e perscrutadora, seja de maneira isolada ou estarem prontas, independentemente do relógio. Esse
na companhia de outras pessoas que também estejam é o tempo das organizações coletivas (BUTLER,
sintonizadas com o mesmo tipo de indagação, ou seja, 1995).
que compartilhem as mesmas ideias, ponto que revela
a necessidade de interação entre elas (RAMOS, 1981). O tempo estratégico se refere àquele que é percebido
como dependente das ações de outras pessoas, cujas
Nas economias, por sua vez, a perspectiva é a de visões de futuros possíveis não são congruentes com
que predomine o tempo serial ou monocrônico, as nossas, mas que têm o poder de afetar o nosso
característicos de espaços em que prevalece a futuro. O passado é codificado dentro de um conjunto
naturalização da quantificação do tempo, tornando- homogêneo de regras. Esse é o tempo experimentado
se algo rotineiro e que define uma ordem lógica em jogos, mercados e política, em que o movimento
cronológica para a execução das atividades. Esse é seguido por um contramovimento, executado por
tempo é considerado um bem escasso, limitado, parte de uma oposição, e pelo movimento seguinte
tendo o seu valor realçado. É uma mercadoria que de aguardar o movimento contrário. Esse é o tempo
pode ser empregada para se obter dinheiro, ou que o experimentado em situações nas quais as pessoas
dinheiro pode comprar. O tempo deve ser investido interagem e os participantes tornam-se “jogadores”
de forma a render dinheiro algum tempo depois, e que precisam pensar estrategicamente para fazer
não para a autorrealização pessoal (RAMOS, 1981; suas escolhas de ação, dependendo das escolhas
HASSARD, 2009). que os outros jogadores irão realizar. É o tempo das
organizações estratégicas ou de jogos (BUTLER,
A mensuração do tempo organizacional, no entanto, 1995).
não pode estar adstrita somente à medição fornecida
pelo relógio ou outro tipo de cronômetro, pois O tempo espasmódico é aquele percebido como
conforme Butler (1995) o tempo está ligado a eventos, elástico, que se torce e retorce como um peixe fora
e o ritmo desses eventos não necessariamente coincide d’água, moldando as mentes à medida que ocorre.
com o tempo do relógio. Essa experiência de tempo se encaixa em uma visão
heterogênea e codificada do passado e com uma visão
de futuro sobre a qual os participantes têm dificuldade em concordar (incongruência). As escolhas conectando
problemas e soluções tendem a ocorrer de forma aleatória em uma escala de tempo que parece ter pouca
relação com o tempo do relógio. Esse é o tempo das organizações do tipo espasmódicas ou “garbage-can”
(BUTLER, 1995).
Quadro de análise
Para a análise das organizações, conforme o objetivo deste ensaio, é apresentada uma proposta de quadro
de análise que permite o estudo de organizações, incluindo-se aquelas consideradas como ausências, ou seja,
organizações que muitas vezes fazem uso de conhecimentos ditos ordinários ou vulgares, os quais insistentemente
não são reconhecidos pelo modelo da razão indolente. Para tal, faz-se uso das características esboçadas por
Ramos (1981), com o aporte teórico de outros autores, como Hall (1990); Gurvitch (1969); Scott (1998); Ramos
(1983); Lefebvre (1991); Butler (1995); Volberda (1998); Dellagnelo e Machado da Silva (2000); Hall (2004);
Santos (2008); e Cupani (2013).
O quadro de análise foi elaborado considerando-se somente três enclaves, desconsiderando-se a horda, a
anomia e o isolado, pois para que ocorra a consecução de qualquer trabalho é necessária a observância de
normas operacionais, fator ausente nessas dimensões (RAMOS, 1981).
Enclave
Economia Isonomia Fenonomia
Dimensões
• Flexibilidade adotada em • Flexibilidade espontânea • Flexibilidade espontânea
função do mercado
• Autonomous • Autonomous
• Heteronomous
Tecnologia • Realização humana • Realização humana
• Eficiência
• Deliberada • Deliberada
• Dominação, controle, exercício
do poder
• Proporções moderadas, • Menor tipo concebível
• Grande tamanho, requisito
com rígida intolerância para de cenário social, pode se
viável para economias
desvios de tamanho além compor de uma só pessoa.
convencionais que competem
Tamanho do determinado Limite em torno de cinco
no mercado
pessoas
• Pessoas como indivíduos
• Pessoas como categorias
• Pessoas como indivíduos
• Sócio-aproximador • Sócio-aproximador
• Sócio-afastador
• Diferencial • Diferencial
Espaço • Abstrato
• Teatro da ação, domínio da • Teatro da ação, domínio da
• Conteúdo racionalizado
liberdade liberdade
• Tempo serial, linear ou • Tempo convival • Tempo de salto
sequencial
• Policrônico • Policrônico
Tempo
• Monocrônico
• Orgânico • Orgânico
• Relógio
Cabe ressaltar que essas características, como Portanto os estudos dessas organizações não podem
salientado por Ramos (1981) quando da apresentação ser restritos somente a uma visão baseada no
do paradigma paraeconômico, são modelos ideais, mainstream, é preciso se considerar outras realidades,
não se esperando encontrá-las de forma pura, mas como as ausências, ou seja, organizações que muitas
sim combinadas de diferentes maneiras, em maior vezes fazem uso de conhecimentos ditos ordinários
ou menor grau nos sistemas sociais. A proposta ou vulgares, os quais insistentemente não são
aqui apresentada para análise das organizações tem reconhecidos pelo modelo da razão indolente, mas
objetivos heurísticos, não se pressupondo que sejam que podem ser criados e usados tanto para dar sentido
caracterizadas como definitivas, certas ou erradas, ou as nossas vidas como para proporcionar o efetivo
ainda algo a ser buscado; ou seja, o propósito é servir emprego do conhecimento científico acumulado, num
como instrumento para o raciocínio acerca dessas contributo positivo para a felicidade das pessoas e sua
organizações e suas práticas, conhecê-las, como autorrealização (SANTOS, 2002; RAMOS, 1981).
salienta Ramos (1981, 1983).
Estas organizações, como as isonomias e fenonomias,
diferentemente daquelas centradas unicamente no
mercado, possuem características que privilegiam
Considerações finais outros aspectos da vida humana associada, como “a
boa vida”, a partir de uma multiplicidade de cenários,
Este ensaio teve por objetivo apresentar uma proposta o que é um dos requisitos para a autorrealização
de análise organizacional voltada às organizações pessoal (RAMOS, 1981, grifo do autor). Elas podem,
culturais, cuja gestão se revela como sendo um ainda, ser associadas a outras formas de se organizar,
grande guarda-chuva que abriga uma variada gama alternativas, ou seja, são organizações que não fazem
de atividades, com uma grande diversidade de lógicas, uso de modelos extremamente burocráticos ou que
práticas e padrões de organizações (SUMMERTON; estejam pautados em uma racionalidade puramente
KAY; HUTCHINS, 2006). A própria definição instrumental ou funcionalista, adotando práticas
de cultura baseada nas dimensões antropológica e estritamente gerencialistas ou fazendo uso de
sociológica já expõe as diferenças envoltas nessas novas práticas sob o manto de um pensar baseado
organizações. A primeira considera a cultura a partir unicamente no modelo dominante, aproximando-se
das interações entre os indivíduos, que organizam daquilo definido por Paula (2002) como harmonias
suas formas de pensar e sentir, construindo os seus administrativas.
valores, manejando suas identidades e diferenças,
e estabelecendo as suas rotinas, o que gera um Por isso, o quadro de análise reúne em seu interior
conjunto de atitudes, crenças, costumes e práticas que as características relacionadas às dimensões de
são comuns para o grupo, ou ainda compartilhadas tecnologia, tamanho e tempo que estejam associadas
por estes (BOTELHO, 2001; THROSBY, 2003). aos objetivos dessas organizações, ou seja, em que
Já a dimensão sociológica não é constituída através tanto o agir quanto as decisões e escolhas sejam
do cotidiano dos indivíduos, ela é resultado de uma feitas não em função de estimativas utilitárias de
produção elaborada, especializada, seu objetivo é o de consequências, que até podem ocorrer por acidente,
revelar e construir determinados sentidos e atingir a mas sim considerando que as causas finais, e não
um público específico, fazendo uso de certos meios somente as eficientes, influenciam o mundo em geral
característicos de expressão. Para a concretização (RAMOS, 1981).
desse intento, é necessário o emprego de um conjunto
de fatores que possibilitem ao indivíduo tanto o Nesse sentido o estudo dessas organizações e a
desenvolvimento e o aperfeiçoamento de seus talentos sua compreensão, a partir de elementos de análise
como também a disponibilidade de canais que lhe que estejam alinhados as suas características, se
propicie a oportunidade de expressá-los (BOTELHO, tornam relevantes, pois caminhariam na direção de
2001). As organizações culturais podem atuar, então, proporcionar subsídios para o desenvolvimento de
tanto dentro dessas dimensões como, ainda, transitar elementos emancipadores na sociedade, em uma
entre elas de acordo com os objetivos pretendidos em visão contrária à perspectiva unidimensional que
determinado momento. tem predominado, em que o mercado, como aponta
Ramos (1981), se tornou central na orientação da vida
das pessoas. É preciso desvelar essas práticas, expô-las possíveis de organizações, não designando princípios
e assimilá-las. formalizados de comportamentos, apenas as funções
específicas de certas relações sociais, função esta
A expectativa é que o quadro de análise possa que seria seu próprio conteúdo, a própria substância
contribuir para o estudo dessas organizações e na dessas relações (GODELIER, 1976).
compreensão de suas práticas, muito das quais se
baseiam em aspectos relacionados à dádiva e doação, Conforme Polanyi, Arensberg e Pearson (1976), a teoria
que, ao contrário da simples venda de uma mercadoria, substantiva da economia, diferentemente da formal,
possuem a expectativa da criação de laços afetivos e o é caracterizada como um processo institucionalizado
estabelecimento de um relacionamento entre aqueles de interação entre o homem e o meio, em que o
que estão envolvidos, de modo contrário à simples homem, de maneira continuada, é dotado dos meios
venda de uma mercadoria (HYDE, 2010). materiais para satisfazer suas necessidades. Ela deriva
da dependência entre o homem, a natureza e os seus
Conforme Maus (2003), em sociedades baseadas nos semelhantes para conseguir seu sustento (POLANYI;
princípios da dádiva e doação, prevalecem motivos de ARENSBERG; PEARSON, 1976).
vidas e de ação baseados na alegria do doar em público;
no prazer do dispêndio artístico generoso; no prazer O significado substantivo não implica a eleição nem
da hospitalidade e da festa privada e pública; na honra. a escassez de recursos, diferentemente do significado
O desprendimento e a solidariedade corporativa não formal, que implica uma série de normas que regem
são vistos, nessas sociedades, como palavras vãs nem a eleição entre os usos alternativos de meios escassos.
tampouco contrariam as necessidades do trabalho, Na abordagem substantiva o sustento do homem não
há o predomínio de uma vida social normal, sem o tem por que implicar a necessidade de eleições, e se
prevalecimento único do utilitarismo. Os sujeitos agem estas existem não tem por que estarem determinadas
considerando a si mesmos, os subgrupos e a sociedade, pelo efeito limitador de uma escassez dos recursos.
defendendo seus interesses tanto pessoalmente como Na realidade algumas das condições físicas e sociais
em grupo, em um sistema de prestações totais. mais importantes de sobrevivência podem estar
disponíveis, sem maiores limitações (POLANYI,
Além disso, é preciso entender melhor a relação ARENSBERG e PEARSON, 1976).
dessas organizações com o mercado, e as tensões que
podem se originar de tal aproximação. Considera- O que ocorre atualmente, no entanto, é que a concepção
se a importância de se ir além da pura lamentação corrente do econômico funde os dois significados, de
pelo eventual triunfo da lógica do mercado sob subsistência e de escassez, sem suficiente consciência
o mundo vivido, em uma visão maniqueísta, que dos perigos que tal fusão envolve para a clareza de
desconsidera a existência simultânea dos diferentes pensamento, o que leva todos a pensarem que para
enclaves. É necessário um aprofundamento acerca sobreviver é preciso disputar recursos (POLANYI,
do relacionamento entre as dimensões comerciais ARENSBERG e PEARSON, 1976).
e artísticas, entre as organizações isonômicas
e fenonômicas e o mercado. O desafio é pelo Outro ponto de apoio para o desenvolvimento dessa
desenvolvimento de uma teoria organizacional que teoria estaria no próprio Ramos (1981), que expõe a
aborde o relacionamento entre essas diferentes necessidade da conceptualização de uma abordagem
dimensões, comerciais e artísticas, de tal forma que substantiva da organização e da reformulação das
seja possível conciliar a possibilidade de que essas teorias organizacionais sobre novos fundamentos
organizações possam se desenvolver sem ter as suas epistemológicos. Nessa proposta, como diretrizes,
características substantivas ameaçadas pelo espaço Ramos (1981) destaca que o homem possui diferentes
econômico (VIZEU, 2009; SOUZA; CARRIERI, tipos de necessidades, requerendo múltiplos cenários
2011). sociais; que o sistema de mercado só consegue
atender parcialmente às necessidades humanas,
Essa teoria, arriscando possibilidades, deveria ir à sendo condicionado a imperativos econômicos; que
mesma direção da teoria econômica substantiva diferentes cenários organizacionais pressupõem
proposta por Polanyi e citado por Godelier (1976), diferentes categorias de tempo e espaço vital; que
sendo capaz de abarcar a entrada de todas as formas a diferentes cenários sociais pertencem diferentes
sistemas cognitivos; e que são necessários diferentes London, vol. 16/6, p. 925-950, Nov. 1995.
enclaves para atender aos diferentes cenários sociais.
CUPANI, A. Filosofia da tecnologia: um convite.
Portanto, é preciso desvelar essas outras possibilidades, 2ª ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2013.
de tal forma que organizações mais próximas a outros
enclaves sociais que não o econômico não sejam vistas DAHAL, R. A. Sobre a democracia. Brasília:
como “pontos fora da curva”, implicando a eleição Editora Universidade de Brasília, 2001.
de receitas que objetivam adequá-las à realidade
esperada. É preciso compreendê-las e, principalmente, DELLAGNELO, E. H. L. Novas formas
aprender com esses conhecimentos, os quais muitas organizacionais: ruptura com o modelo
vezes são ocultados pela prática hegemônica. Para tal, burocrático? 2000. 192 f. Tese (Doutorado em
Ramos (1983) recomenda o emprego de uma atitude Engenharia de Produção e Sistemas) − Curso
metódica, que não admita a existência na realidade de Pós-Graduação em Engenharia de Produção,
social de objetos sem pressupostos, demandando uma Universidade Federal de Santa Catarina,
noção de mundo que considera que os objetos em Florianópolis, 2000.
parte são constituídos pela perspectiva em que estão
inseridos. DELLAGNELO, E. H. L.; MACHADO-DA-
SILVA, C. Novas Formas Organizacionais: onde se
Considerando-se essas possibilidades, como estudos a encontram as evidências empíricas de ruptura com o
serem realizados com o emprego do quadro de análise modelo burocrático de organizações? Organizações
proposto, sugere-se a análise entre organizações e Sociedade O&S, v. 7, n. 19, 2000.
que compõem os diferentes enclaves, como forma
de compreender seus pressupostos subjacentes; a DIMAGGIO, P. J.; POWELL, W. W. A gaiola
análise da congruência entre objetivos e práticas, de ferro revisitada: isomorfismo institucional e
considerando seus fins; a análise das interferências dos racionalidade coletiva nos campos organizacionais.
diferentes enclaves sobre as organizações; o estudo das Revista de Administração de Empresas - RAE,
modificações sofridas pelas dimensões ao longo dos São Paulo, v. 45, nº 2, abr./jun. 2005.
tempos, considerando os aspectos de cada enclave; e
a análise dos enclaves predominantes nos diferentes GODELIER, M. Presentación. In: POLANYI, K.;
setores organizacionais, entre outros. Acredita-se ARENSBERG, C. M.; PEARSON, H. W. Comercio
serem estas propostas iniciais para empregabilidade y mercado en los imperios antiguos. Barcelona:
do quadro de análise, havendo outras possibilidades a Editorial labor, S.A., 1976. p. 9-37.
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