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A independência constitui um processo complexo e tumultuoso, e se faz

uma questão ainda não resolvida.

Colonialismo e absolutismo se articulam, na medida em que a


colonização do novo mundo se deu através do financiamento dos Estados
Absolutistas em formação na Europa. A formação dos absolutismos e a
expansão ultramarina são formas de superar o feudalismo.

A colonização vai adquirindo um caráter mercantilista, se tornando uma


ferramenta para o acumulo de riquezas, tendendo ao escravismo e atendendo
a metrópole através do comércio exclusivo.

Ao promover o acumulo de capital, possibilita-se a emergência da


revolução industrial, que se mostra incompatível com o comércio exclusivo,
escravidão e domínio político. Daí inicia-se a crise do antigo sistema colonial.

Portugal estando em declínio desde o século XVII, percebe que manter a


colônia era essencial para sua manutenção enquanto estado europeu. Mas na
medida em que o sistema se desenvolve, ele é afetado por dois lados, pela
indústria nascente e pelo pensamento liberal resultante do iluminismo. O
mesmo pensamento ilustrado que propõe reformas na metrópole, vem a causar
tensões e insurreições na colônia, muito influenciada pelos acontecimentos
franceses.

Portugal encontrava-se divido, tinha medo de aliar-se a Inglaterra e


padecer no continente nas mãos do temido exército frances, e ao mesmo
tempo, tinha medo de unir-se a França e sofre nas mãos da marinha inglesa.
Com a vinda da corte para a colônia, a abertura dos portos a Inglaterra fez
surgir à proposta de um novo império, que também contava com o interesse
dos grandes proprietários de terra. Esses fatores, somados a criação das
primeiras escolas superiores, dos departamentos de administração e da
organização das forças armadas, levou o Brasil a adquirir o status de Reino
Unido.

O ano de 1820 é decisivo no processo de independência do Brasil.


Quando as noticias dessa revolução chegaram ao Brasil, a agitação foi
retomada nos principais centros urbanos.
Correntes de opinião se delinearam e formaram três posições distintas,
são elas: Partido Português (formado por pessoas ligadas a dinastia
Bragança). Partido Brasileiro (Elite composta por comerciantes e donos de
terra). Liberais Radicais (Grupo formado por pessoas que queriam a
independência, mas não de forma brusca). O senhorio rural buscou aliados no
setor comercial e conseguiu o equilíbrio entre as tendências liberais e
monárquicas por meio de uma monarquia constitucional.

Em véspera de independência, não se podia negar que na época, o


Brasil era a potência em mais vigoroso crescimento, e que existia uma
hegemonia inglesa nos negócios do Brasil.

A imprensa teve papel importante no processo de independência,


porque expressava a posição de seus integrantes, que eram ligados à
maçonaria.

A radicalização das Cortes atingiu seu ápice coma retirada dos


deputados brasileiros. Aumentava-se a pressão junto ao príncipe regente para
que desobedecesse as ordens de Lisboa. O fracasso da monarquia dual
defendida pelo partido brasileiro começava a pressupor uma separação.

É nesse contexto que surge José Bonifácio, um dos maiores


articuladores da independência. Ele era conservador e ficava ao lado dos
aristocráticos. A independência deu a vitória a Bonifácio e o Partido Brasileiro,
conservador, monarquista e constitucionalista. O grupo maçônico, composto
por senhores rurais e comerciantes exportadores, passou a controlar a
maquina do estado. Uma nova nobreza vais se estratificar e no pós-
independência, a luta política passaria para dentro da Assembleia.

Com a abdicação de D. Pedro I, vencera a aristocracia agrária, e


encerra-se o processo de independência política do Brasil. A oligarquia rural
percebeu que no período regencial, poderia imprimir nos aparelhos do Estado
Brasileiro a sua fisionomia, de forma duradoura.

O ideal liberal foi o pano de fundo para a independência. Nas linhas do


desenvolvimento da crise do Antigo Sistema Colonial, três alternativas
polarizaram os horizontes ideológicos no Brasil: A revolução repúblicanista
(que estimulou as consciências revolucionares em ocasiões significativas). A
reforma liberalizante (centrada no reaquecimento liberal da ordem monárquica).
E o revolucionário emancipacionista.

A resultante geral do processo ideológico de independência coincidiu


com a linha liberal reformista, ao menos até a carta outorgada em 1824, com
moldes de uma monarquia constitucional.

O movimento foi ambíguo, pois rompeu com a dominação colonial, mas


ocorreu contra uma revolução liberal (metropolitana). Foi liberal pois suas
lideranças foram obrigadas a mobilizar essa ideologia para justificar essa
separação com a metrópole. O aproveitamento dessa ideologia, entretanto, foi
conservador, por manter a escravidão e a dominação do senhoriato. Contudo,
o movimento foi nacionalista, pois criou uma nação e com isso, conseguiu
manter-se na posição dominante e assumir o poder político.

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