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Universidade Federal de Ouro Preto

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas


Departamento de Física

Efeito Doppler

Ouro Preto, 04 de novembro de 2009


Efeito Doppler
Quando uma fonte sonora ou seu receptor estão se movendo
ocorre uma alteração aparente na frequência percebida do som que é
denominada Efeito Doppler.
Suponhamos que uma fonte A emite 100 ondas por segundo. Um
observador O perceberá a passagem de 100 ondas a cada segundo.
Entretanto, se o observador se move na direção da fonte A, o número
de ondas que ele encontra a cada segundo aumenta
proporcionalmente à sua velocidade e a frequência aparente será
dada por:

onde ƒA é a frequência da fonte, vo a velocidade do observador, e v a


velocidade do som. Assim a frequência aparentemente aumenta
enquanto o observador se move em direção à fonte. Quando o
observador passa pela fonte A, a frequência cai abruptamente, já que
a ele passa a se afastar da fonte (nesse caso, vo deve ser subtraida
de v).

O mesmo efeito ocorre se a fonte estiver em movimento, como


no caso de uma ambulância que passa com a sirene ligada por um
observador. A figura abaixo mostra que as ondas produzidas se
assemelham a esferas cujos centros se deslocam na direção do
movimento da fonte.

Neste caso a frequência aparente será:

Hoje o efeito Doppler é largamente utilizado em instrumentos de


medição, como os sonares dos submarinos , na medição de distâncias
e na prospecção geológica, mas não ficou limitado aos fenômenos
acústicos, os radares usam o mesmo efeito sobre as ondas
eletromagnéticas para detetar obstáculos.
Na luz, este efeito é difícil de ser observado. Em primeiro lugar
porque a velocidade da luz é muito grande, c = 299 790 km/s no
vácuo, ou arredondando, 300 000 km/s! Em segundo, porque quando
a fonte de luz se aproxima, segundo a teoria da relatividade de Albert
Einsten, a velocidade da luz não se altera. Um terceiro problema é a
janela óptica. Enquanto alguns comprimentos de onda se deslocam
para fora da janela óptica de um lado, outros entram pelo outro lado,
e ela permanece do mesmo tamanho. É como se observássemos uma
longa régua que passa em frente de uma janela. Se não tivermos
uma referencia da origem, não saberemos quanto ela se deslocou.
Para medir seu deslocamento somos obrigados a traçar uma
referencia sobre a parte visível.
Felizmente esta referência existe na luz! São as raias de
Fraunhofer. Descobertas em 1802 por Willian H. Wollaston, um físico
inglês, foram estudadas e definidas por Joseph von Fraunhofer (1787-
1826) como linhas de absorção características de cada elemento
químico. Quando um elétron do átomo de um determinado elemento
muda de nível, ele emite ou absorve energia em um comprimento de
onda específico para esta mudança, criando raias negras (de
absorção) ou brilhantes (de emissão) sobre o espectro da luz que está
sendo analisada. Fraunhofer conseguiu identificar 526 destas linhas.
Na astronomia, o efeito Doppler foi notado em 1924, quando
Edwin Hubble resolveu analisar o espectro das galáxias distantes. A
primeira descoberta foi que as estrelas de outras galáxias eram
formadas pelos mesmos elementos já conhecidos, já que as raias
encontradas eram as mesmas, só que suas raias estavam deslocadas
para o lado vermelho da janela óptica. Quanto mais distantes as
galáxias, maior este deslocamento. Em algumas das galáxias mais
próximas o desvio era para o azul! A única explicação plausível era a
velocidade de afastamento da galáxias. Quando o deslocamento era
para o azul (blueshift), indicava uma aproximação. O deslocamento
para o vermelho (redshift) é definido como z, e é expresso em
percentuais da velocidade da luz c. Assim um z = 0,2 significa um
afastamento com 20% da velocidade da luz, ou sejam 60 000 km/s.
Hoje conhecemos quasars que têm um z = 4, isto é, o deslocamento
para o vermelho é de 400%! Usando as fórmulas relativísticas,
calculamos que se afastam de nós com velocidades próximas à da
luz!
Com o trabalho de Hubble surgiu a teoria do universo em
expansão, que veio solidificar vários modelos matemáticos do
universo, inclusive o idealizado por Albert Einsten, tornando
desnecessária uma constante que ele havia criativamente introduzido
em suas fórmulas.

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