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MINISTÉRIOS DO

POVO DE DEUS
Novas condições eclesiais
“A Igreja é como uma ‘família’, a filha da mãe
Maria. A Igreja, de fato, não é uma instituição
fechada em si mesma ou uma associação
privada, uma ONG, nem mesmo se deve
restringir ao clero ou ao Vaticano…”
Papa Francisco
Audiência de 18.06.2014
Antes do Concílio
Vaticano II, a Igreja
Papa era a “sociedade
Cardeais
Arcebispos perfeita”, constituída
Bispos pela HIERÁRQUIA
Monsenhores
Cônegos
Sacerdotes
Diáconos
Sub-diáconos....

POVO como objeto da ação da Igreja


Visão jurídica, triunfalista e clerical
reduz a Igreja à Hierarquia.
A
desqualificação
religiosa dos
leigos

Os “leigos” não são, não sabem


e não podem!
O Papa Pio X afirma: "A Igreja é, por essência, uma
sociedade desigual, ou seja, que compreende duas
categorias de pessoas: os pastores e o rebanho; os
que ocupam um posto nos diferentes graus da
hierarquia e a multidão dos fiéis. E estas categorias
são de tal modo distintas uma da outra que só no
corpo pastoral (ou seja, a hierarquia) reside o direito
e a autoridade necessárias à promoção e direção de
todos os membros para o fim da sociedade.
Quanto à multidão,
não tem outro direito
senão o de se deixar
conduzir e, qual
rebanho manso,
seguir os seus
pastores".
(Vehementer, 1906)
Pio XII afirma:
“Pela vontade de
Cristo, os
cristãos estão
distribuídos em
duas ordens, a
dos clérigos e a
dos leigos”.
(Encíclica Sinarum Gentes,
1955)

A Igreja era uma Sociedade de desiguais, hierarquizada, onde


o poder escorria diretamente de Deus para o topo da pirâmide.
Com o Concílio
Vaticano II a Igreja
é POVO DE
DEUS que nasce
da comunhão
Trinitária

Povo de Deus
são todos os
batizados
Frente à Igreja
clerical, o
Vaticano II
introduz o
conceito bíblico
de Povo de
Deus, povo de
batizados
(LG 12)
Com a noção de Povo
de Deus, a Igreja é a
comunidade dos
batizados.
Todos fazem parte do
povo sacerdotal,
profético e real, o que
inclui os cristãos de
outras Igrejas.
“A noção de povo de Deus, com
efeito, exprime a profunda
unidade, a comum dignidade e
a fundamental habilitação de
todos os membros da Igreja à
participação na vida da Igreja e
à corresponsabilidade na
missão. Antes e além de toda e
qualquer diferenciação
carismática e ministerial, está a
condição cristã, que é comum a
todos os membros da Igreja”
(CNBB, Doc 62, 70)
Tudo vivido
em
profunda
comunhão e
efetiva
participação
de todos,
com
cidadania
eclesial.
A comunhão é
a dimensão
invisível,
interior do
povo de Deus,
e este é a
expressão
visível,
exterior e
histórica da
comunhão.
Igreja, como Povo de Deus, é
"colegial/sinodal“ (caminhar juntos) e tudo
nela deve ser realizado na comunhão e
na participação de todos.
É preciso superar o binômio:
Hierarquia - Laicato
pelo binômio:
Comunidade - Carismas e Ministérios
Conceber a
comunidade eclesial
como célula de Igreja
e “lugar” de
experiência viva de fé
e fraternidade
evangélica, e de sua
missão no mundo e
situar os ministérios
dentro dela.
Pai
Filho Espírito

PALAVRA E GRAÇA E
SACRAMENTOS CARISMAS

Comunidade Eclesial –
Povo de Deus MISSÃO
MINISTROS FIÉIS
Fica mais
transparente a
igualdade
fundamental de todos
os membros da
Igreja, vivendo na
corresponsabilidade
e na diversidade de
serviços e tarefas.
Antes de se falar em diferenciações
carismáticas e ministeriais, é preciso
afirmar a igualdade fundamental
do povo eleito de Deus:

“Um só Senhor,

uma só fé,

um só batismo.”
(Ef 4,5)
Comum a
dignidade dos
membros;
Comum a graça
de filhos;
Comum a vocação
à perfeição. (LG 32)

Uma só a salvação;
Uma só a esperança
e indivisa a caridade.
Não há, pois, em Cristo e na Igreja,
nenhuma desigualdade em vista de raça ou
nação, condição social ou sexo, porquanto
‘não há judeu ou grego, não há servo ou
livre, não há homem ou mulher, porque
todos vós sois um em Cristo Jesus’ (Gl 3,28; Cl 3,11)
“O Senhor Jesus, a quem o Pai santificou e enviou ao
mundo, faz todo o seu Corpo Místico participar da
unção do Espírito pela qual Ele foi ungido. Pois n’Ele
os fiéis todos se tornam um sacerdócio santo e régio...
Não existe membro que não tenha parte na missão de
todo o Corpo”
(PO 2).
Processo de estancamento e até de retrocesso
a. “longo inverno eclesial”
b. “noite escura”
c. “freio e retirada eclesial”
d. “involução”
e. sonho de uma “nova cristandade”
f. “volta à grande disciplina”eclesiástica
Processo de crescente clericalização, de
carreirismo eclesiástico e de discriminação
das mulheres nos lugares de
responsabilidade eclesial.
Abandono do conceito bíblico do
"Povo de Deus"

Volta ao
esquema
triunfalista,
clerical e
jurisdicista de
antes do
Concílio
Na concepção de alguns poucos o ministério
volta a adquirir uma roupagem cultual-litúrgica,
perdendo a dimensão profética e pastoral.
Questionar os
fundamentos
cristológicos
e
eclesiológicos
de alguns que
centram a
compreensão
ministerial
nos aspectos
litúrgicos-
cultuais.
A renúncia do Papa Bento XVI foi a expressão
da falência de um modelo eclesial
Francisco “despertou esperanças de um novo
começo para a Igreja, tal como aconteceu após
o Vaticano II”
(Cardel Walter Kasper)
Retoma com força a
eclesiologia do Povo de Deus
Com o Papa Francisco, ressurge o
protagonismo de todos os batizados
“Em virtude do Batismo recebido, cada membro do
povo de Deus tornou-se discípulo missionário.
Cada um dos batizados, independentemente da
própria função na Igreja e do grau de instrução da
sua fé, é um sujeito ativo de evangelização, e
seria inapropriado pensar em um esquema de
evangelização realizado por agentes qualificados
enquanto o resto do povo fiel seria apenas receptor
das suas ações. A nova evangelização deve
implicar um novo protagonismo de cada um dos
batizados”
(EG 120).
O mesmo Espírito que dá unidade, cria
diversidade no povo de Deus a serviço do Reino.

A Igreja, atenta às indicações do Espírito


Santo, em função de suas necessidades
internas e dos desafios da missão no
mundo, vai se estruturando e organizando.
(CNBB, Doc. 62,80)
O Concílio Vaticano II
tornou legítima a
aplicação do termo
“ministério” também aos
ofícios realizados pelos
cristãos leigos e leigas.

O Concílio situou os
ministérios em relação
e função do povo, no
povo e para o povo de
Deus.
Na Igreja definida
como
povo de Deus, o
sujeito é o povo de
batizados, todo ele
animado pelo
Espírito, aonde
existem distintos
carismas e
ministérios.
A unidade da
Igreja
acontece no
interior de
uma
diversidade
de rostos,
carismas,
funções e
ministérios.
Diversidade que potencializa a missão da
Igreja realizada por todos os seus membros,
em liberdade, responsabilidade e criatividade.
Ministério é,
fundamentalmente,
um carisma que
assume a forma de
serviço à
comunidade e à
sua missão no
mundo e na Igreja,
e que é como tal
acolhido e
reconhecido pela
Igreja.
Os ministérios acontecem em vários
modos e graus:
1. Ministérios ordenados: o carisma é
reconhecido e instituído mediante o
sacramento da Ordem (Ministério da unidade):
Bispos, Presbíteros e Diáconos;
2. Ministérios
não-ordenados,
dos cristãos
leigos e leigas,
fundamentados
no sacramento
do Batismo,
Confirmação e
Matrimônio (CfL 23):
reconhecidos,
confiados e
instituídos.
Os Bispos dizem:
“Reconhecemos a
importância de abrir aos
leigos e leigas ‘espaços
de participação, confiar-
lhes ministérios e
responsabilidades em
uma Igreja onde todos
vivam de maneira
responsável seu
compromisso cristão’”
(Dap 211 – citado Estudos da CNBB 107, nº 126)
DUAS LEITURAS OBRIGATÓRIAS!

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