Você está na página 1de 15

Do impresso

i ao digitall: a histórria do Jorrnal do Brrasil1


B
BARROS, Cindhi
C Vieirra Belafontee (pós-graduanda em Comunicaçã
C ão Eleitoral e
Markketing Políttico) 2
Universsidade Fedeeral de Uberrlândia (UFU
U) / MG

SPANNE
ENBERG, Ana
A Cristinaa Menegotto e Ciênciass Sociais)3
o (doutora em
Univeersidade Fedderal da Baahia (UFBA) / BA

Resum mo: O trabalhho propõe umaa análise compmparativa dos formatos


f imprresso e online do Jornal do Brasil
(JB), a fim de invvestigar as traansformações no perfil ed ditorial do perriódico a parttir de sua traansição
definiitiva para a pllataforma digiital, que ocorr
rreu em 2010. Ao todo, foram analisadass 14 publicações do
JB, enntre impressass e digitais, bu
uscando uma aanálise compaarativa das ediições nas duass mídias. O prresente
artigoo apresenta umm resgate da história do JJB. Além disso, expõe a análise
a descriitiva, com baase nos
indicaadores de idenntidade levanttados em reviisão bibliográáfica específica e, posteriorm
rmente, apreseenta os
resultados obtidos, tecendo comp parações entree os formatos.

Palavvras-chave: Jornal
J do Braasil; Jornalism
mo Digital; Jornalismo Im
mpresso; Impprensa; Histó
ória do
Jornallismo.

Introodução
A práticca de fazeer circular informaçõ
ões remontta à Antigguidade, mas
m a
consoolidação doo jornalism
mo decorre da criação da impresssão com tiipos móveiis, no
sécullo XV, atriibuída ao ourives
o alem nnes Gutem
mão Johan mberg, emboora oficialm
mente
aquele que é connsiderado o primeiro joornal tenha surgido apeenas dois sécculos depoiis.
No B
Brasil, a im
mprensa cheegou oficiallmente com
m a transferrência da C
Corte Portug
guesa
para a colônia, em 1808. Após
A perío dos alternaados de libeerdade de eexpressão e forte
censuura, no fim do século XIX,
X com a atividade já
j fortalecid
da e disponddo de um acervo

1Trabbalho apresenttado no GT dee História do JJornalismo, in


ntegrante do 10º Encontro N Nacional de História
H
da Míídia, 2015.
2Jornalista, pós-graaduanda em Comunicação
C Eleitoral e Marketing
M Políttico pela Univversidade Estáácio de
Sá (20014/2015) e bacharel em Coomunicação S Social – Jornallismo pela Unniversidade Feederal de Uberrlândia
(UFUU/2013). E-mail: cindhibelaffonte@gmail. com
3Jornalista, professora do Cursso de Comunnicação Sociaal – Jornalism mo, da Univeersidade Fedeeral de
Uberllândia, mestree em Comuniicação e Cultuura Contempo orâneas (UFB BA/2004) e do doutora em Ciiências
Sociais (UFBA/20009). E-mail: annaspann@gm mail.com
variaado de títullos, surgiu o Jornal do Brasil (JB), em 1891.
1 Em uum contexto de
transsição de reggime político, o periódi
dico nasceu monarquistta, mas tevee de se adap
ptar à
Repúública – e a outros regim
mes, posterriormente – para se man
nter em circculação.
Ao longgo do século
o XX, outrros meios de
d comuniccação, tais ccomo o rád
dio, a
televvisão e, deppois, a internet, foram
m sendo dessenvolvidoss e ganhanddo espaço como
ferraamentas parra a difusãão de notiicias. Com a criação de novas tecnologiaas de
inforrmação e coomunicação
o, possibilitaada pelo av
vanço de técnicas e o aperfeiçoam
mento
utadores, crriou-se um novo modo de dissem
da reede mundiaal de compu minar notícias, e
conseequentemennte, de se fazer jornaalismo. Paraa aumentar o fluxo dee informações e
ofereecer notíciaas em temp
po real, prré-requisito do meio eletrônico e da socieedade
globaalizada, muuitos jornaiss têm criadoo portais naa Internet, o que implicca, naturalm
mente,
na addaptação dee seu conteú
údo, já que a proposta é veicular em
m uma plataaforma diferrente.
Nesse coontexto de convergênci
c ia digital, o JB figura com
c relevânncia, já que é um
dos m
mais antigos jornais do
o país e o prrimeiro ter um
u site jorn
nalístico, cri
riado em maaio de
19955. O perióddico também
m ganha deestaque no cenário de aumento dda influênciia das
novaas tecnologiias já que é o único joornal inteiraamente digiital do país:: em 2010, o JB
abanndonou o forrmato imprresso, tradiccionalmentee consolidad
do, e passouu a ser veiculado
apennas por meioo eletrônico.
Desse modo,
m tendo em vista a relevância do
d JB para a consolidaação da imp
prensa
nacioonal, bem como sua relevância político-so
ocial no sééculo XX, o trabalho
o que
apressentamos neeste paper4 buscou anaalisar as prin
ncipais mud
danças no pperfil editoriial do
jornaal a partir da
d mudança de formatoo, sobretudo
o, no que diz
d respeito à linguagem
meà
utilizzação de reccursos multiimidiáticos característiicos da plataaforma.
Para o desenvolvim
d mento do refferido trabaalho, foram analisadass 14 ediçõess, das
quaiss sete impressas e seete digitaiss, de 25 a 31 de ag
gosto de 20010 e de 2012,
respeectivamentee. Com o intuito
i de investigar se houve transformaç
t ção no jorn
nal, e
levanndo em connta o volum
me de notíccias de cadaa edição, a observaçãoo foi pautad
da na
distriibuição gráfica das infformações nnas capas e,
e em seguid
da, no padrrão de texto
o e na
estruutura narrativa de cada uma as mattérias. A ideeia foi exam
minar como o jornal utillizava

4
O arrtigo apresentta os resultado
os obtidos noo Trabalho de Conclusão dee Curso “O joornalismo no século
XXI: estudo de casso do Jornal do d Brasil”, aprresentada ao Curso de Com
municação Soocial: habilitaçção em
Jornallismo, da Unniversidade Federal de Ubberlândia (UF FU) em abrill de 2013, coomo requisito o para
obtenção do título de
d bacharel em m Comunicaçãão Social – Joornalismo.
textoos complem
mentares e reetrancas, boxxes, infograafias e imag
gens nos doiis suportes.

nal do Brasil: surgimeento e consoolidação


Jorn
A vinda da Corte Po
ortuguesa paara o Brasill, no início do
d século X
XIX, impulsiionou
transsformações políticas, econômicaas e sociiais do território, e possibilito
ou o
desennvolvimento da impreensa. Aindaa que no in
nício os jorrnais vivesssem todos sob
s o
tacãoo da Coroaa, que ado
otava a ceensura prév
via como procedimen
p nto elementtar, a
d volumes impressos para
instaalação das oficinas daa Imprensa Régia e a criação de
propaagação de notícias fo
oi importantte para o desenvolvim
d mento e a consolidaçãão da
imprrensa que figgura na atuaalidade.
No Brassil, o jornalismo surgiiu político e opinativo, com crítítica veemeente e
moduus operanddi artesanall. “Em seuus primórdiios, a ativiidade jornaalística era uma
iniciaativa essenccialmente in
ndividual, iindependen
nte e estava relacionadda, em term
mos de
produução, à peqquena parcella de literatoos da socied
dade” (BAR
RROS, 20133, p. 15).
Já no fim
m do século XIX, em um
m contexto de transição política e estabelecim
mento
da R
República coomo uma no
ova forma dde governo no
n país, surgiu o Jornaal do Brasil (JB).
Funddado por Roodolfo de Souza Dantaas em abril de 1891, o periódico nnasce com cunho
c
monaarquista e chega, segun
ndo Sodré, ““para enfileeirar-se entrre os grandees. Fora montado
comoo empresa, com estrutura sólida. Vinha paraa durar” (19
999, p. 257)). Originalm
mente
era ccomposto por
p oito pág
ginas de 1220 por 51 centímetros
c , com capaa em corpo 10 e
textoos distribuíddos em colu
unas de seiis centímetrros. Não dispunha de muitas imaagens,
mas era distribuído em caarroças – iinovação paara a épocaa – que peermitiam qu
ue os
exem
mplares cheggassem ao público de modo rápiido e eficazz. Ainda ant
ntes da virad
da do
sécullo, precisam
mente em 18
898, o JB innicia a publiicação de caaricaturas e,, em 1914, torna-
t
se o pprimeiro a ter
t cores em
m suas ediçõões.
Sodré (11999) defen
nde que, jáá no início, o JB com
meça a ocuppar um lug
gar de
destaaque na impprensa, com publicaçãoo de críticas literárias e resenhas seemanalmentte.

No fim do século
N s XIX, o Jornal do
d Brasil insstala oficinaas de fotografia e
galvanoplastiaa e, em 19000, volta a contar com a colaboraçãoo de Rui Baarbosa
coomo redatorr de notas. N Nesse ano, relata Sodréé (1999), suurge a Revissta da
S
Semana, mo suplementto ilustrado do jornal e, em 2 de abbril, inaugura-se a
com
eddição vesperrtina do JB, que passa a ser o primeiro jornal brrasileiro a terr duas
vanço nas teccnologias au
eddições. O av umenta a tiraagem para 500 mil exemp plares.
(B
BARROS, 20
013, p. 29).

Com o desenvolvim
d mento tecnoológico e inv
vestimento em maquinnário, o JB inicia
o sécculo XX coom o melhorr equipameento gráfico do país, e com tiragem
m de mais de 60
mil eexemplares,, conforme afirma Soddré (1999). Em 1904, o jornal coonstruiu suaa sede
próprria e adquirriu as primeeiras linotip os de impreessão em co
ores do Rio de Janeiro.. Para
se m
manter, deviddo ao alto custo
c dos innvestimento
os, a empresa abriu cap
apital e torn
nou-se
uma sociedade anônima.
a Em
m 1910, traansferiu-se para
p a nova sede, na Avvenida Centtral, e
cheggou a ter cinnco edições diárias.
Em 19566, com o ob
bjetivo de coonservar o pioneirismo
o com o quaal se consollidou,
o JB
B realizou uma
u reform
ma editorial e gráfica, que além de transforrmar o perffil do
diárioo, revolucioona a conceepção de joornalismo no
n país. Seg
gundo Mannnarino, “o jornal
j
foi reeformuladoo em todos os níveis, eem um proccesso que atingiu
a tantoo a publicaação e
seu cconteúdo gráfico
g e ed
ditorial com
mo a empreesa, seu fun
ncionamentto, o métod
do de
trabaalho e o perffil dos funcionários” (22006, p. 49)).
Depois dessa
d reform
ma, outras mudanças significativ
vas foram ssendo testadas e
ornal, tais coomo a edito
incorrporadas ao perfil do jo oria feminin
na, o Inform
me JB e a Reevista
de D
Domingo, aléém de um to
om mais levve à editoria esportiva.. Durante a década de 1960,
em qque o Braasil vivenciia o inícioo do regim
me militar, o JB busccou manterr sua
indeppendência, apoiando medidas poolítico-econ
nômicas co
om as quaiis concordaava e
criticcando as que consideraava inaproprriadas ou ab
busivas.
Durante o período,, o JB sofrreu represállias, censurras prévias,, perseguições e
prisõões de colabboradores, assim com
mo outros periódicos do
d país. Con
onforme Paiiva, à
época o jornal “edita algu
umas das pááginas maiss brilhantess e subversiivas do perríodo,
comoo as que annunciaram o AI-5, repleeta de ironias e insinuaações e a quueda de Alllende,
com forte impaccto e beleza gráfica” (22008, p. 4).
Já em 19990, apesar do agravam
mento da siituação econ
nômica do jornal, o av
vanço
tecnoológico figuura com desstaque. Em 11995, o JB foi o primeiro periódicco brasileiro
o a ter
uma página na internet, no
o que foi seeguido por diversos
d outros. Em 1ºº de setemb
bro de
20100, o JB abaandonou, deefinitivamennte, o form
mato impressso com o qqual se ergu
ueu e
consoolidou por quase
q 120 anos
a para m
migrar integrralmente parra o meio oonline e se to
ornar,
comoo anuncia o próprio slo
ogan, o prim
meiro jornal 100% digittal do Brasill.
Na nova arq
N quitetura, o JB permaneece com ino ovações: inaaugura uma seção
especializada em fotos e vídeos, e modifica
m a disposição do conteúdo em m sua
página iniciaal. [...] No suporte onlline, o volum
me de inforrmações a serem
v
veiculadas paassa a ser maaior do que o do impresso, especificcamente por causa
mato em não oferecer resttrições quannto ao espaço
d característtica do forma
da o para
arrmazenamen nto (BARRO OS, 2013, p. 38).
3

Hoje, cinnco anos deepois da traansição, o JB permanecce com divvisão de editorias


semeelhante às apresentadas
a s em 2012, quando a amostra
a foi colhida. Caabe ressaltaar que
tendoo em vista a possibilid
dade de alteeração em tempo real, inerente aoo formato on
nline,
d distribuiçção das editorias, se com
houvve uma reorgganização da mparadas ccom a amosttra.

Metoodologia
A transiçção de um jornal do ssuporte imp
presso paraa o formatoo online im
mplica,
necessariamentee, em alterrações estruuturais e quanto
q à disposição
d dda notícia. Tais
mudaanças ocorrrem porque formatos ooferecem diiferentes po
ossibilidadees de veicullação.
Tenddo em vista tais preceittos, o estudoo consideraa possível a ocorrência de alteraçõ
ões no
perfil editorial do
d Jornal do
o Brasil.
Para o seu desen
nvolvimentoo, foram realizadas
r pesquisas
p bibliográficcas e
docuumentais sobbre a histórria do jornaal. Considerando que o periódicoo é um dos mais
antiggos ainda em
m circulaçãão, com 1244 anos de existência,
e e por essa rrazão, dispõe de
e,
m inúmeros exemplaress, o estudo optou por selecionar 14 ediçõess, das
um aacervo com
quaiss sete no forrmato impreesso e as deemais, no su
uporte online.
As publiicações impressas comppreendem o período dee 25 a 31 dee agosto de 2010,
últim
ma semana em
e que o JB
B circulou no papel. As
A demais corresponde
c em às ediçõ
ões de
25 a 31 de agosto de 2012
2, o equivaalente ao tem
mpo de doiis anos apóós a transiçãão. O
espaçço de tempo entre as duas
d amostrras justificaa-se porque,, considera--se que passados
dois anos da occorrência ap
penas em fformato onlline, o periódico já ulltrapassou a fase
iniciaal de experiimentação e pode ser coonsiderado consolidado nesse supporte.

Anállise comparrativa
O estudoo buscou an
nalisar aspeectos semellhantes em cada uma das plataformas.
Nos dois formattos, optou-sse por supriimir a análise de matérrias relacionnadas à culttura e
ao esporte, tenddo em vista que são dois formaatos com co
onstrução ttextual e grráfica
especcíficas.
Importannte ressaltarr que o esttudo analiso
ou apenas matérias
m dee capa que eram
partee do cadernno principal. É importaante destacaar que, na versão
v onlinne, este trabalho
consiidera como capa o blocco de notíciias compreeendido entree o cabeçalhho das edito
orias e
a faixxa da galerria de fotos e vídeos. N
Nos últimoss meses de sua vida noo papel, o JB era
editaado em form
mato tabloid
de, com dim
mensões de 43
4 x 27 centtímetros, approximadam
mente.
Ele ccontava com
m 32 páginaas, número que variavaa conforme a edição, e era dividid
do em
três ccadernos. No
N caderno principal,
p aas editorias Cidade,
C Paíís, Sociedadde Aberta e Vida,
Saúdde&Ciência distribuíam
m-se em 166 páginas. O segundo caderno, coom oito pág
ginas,
comppunha-se daas editorias de Econom
mia, Internaacional e Esportes. Poor fim, o terrceiro
conjuunto, tambéém com oito
o páginas, erra dedicado
o ao Caderno B, suplem
mento que ab
borda
conteeúdos de cuultura, como
o música, ccinema, teatro, e compo
ortamento, além de destinar
espaçços para enttretenimento.
F
Figura 1 - Fac-símile
F da
d última caapa do exem
mplar impreesso do Jornnal do Brasiil

Foonte: Jorna
al do Brasil–– CPDOC (2012)
( – BA
ARROS, 20 13

Já no forrmato onlinee, o JB conttava – em 2012


2 – com
m dez editoriias, sendo: Capa,
C
País – que se suubdivide em
m Sociedadee Aberta e Política – Rio, Economiia, Internacional,
Espoortes, Ciênccia e Tecn
nologia – qque possui a subedito
oria Ambieental – Cu
ultura,
Coluunistas – quue possui ou
utras 12 subbeditorias – e Fotos e Vídeos.
V É ppossível obsservar
que, mesmo coom a transição, algum
mas editoriaas foram mantidas,
m ccomo Economia,
Espoortes, Internnacional e País,
P inclusiive com a subeditoria
s Sociedade Aberta, ad
dvinda
do im
mpresso. A editoria Rio,
R veio a substituir a de Cidaades e outrras, como Vida,
Saúdde&Ciência e o Cadern
no B foram ssuprimidas nesse novo formato.
Figura 2 - Capa do Jo
ornal do Braasil Online, com destaq
que nos itenss analisadoss
(331/ago/2012 2)

Fonte: Jornal do B
Brasil (2012) – BARROS
S, 2013

De modoo geral, notta-se que ass reportagen


ns analisadaas no format
ato online tinham
a meesma estrutuura narrativa daquelas observadass no formato
o impresso,, cuja construção
mbasada no lide e na técnica daa pirâmide invertida. Observa-see também que
é em q o
form
mato fazia uso
u de retrrancas e inntertítulos como recurrso para ccomplementtar as
inforrmações dass notícias prrincipais.
Entre as diferenças, pode-se re ssaltar no online
o a disp
posição em um único bloco,
b
sem distribuiçãoo em colunaas e ausênciia de imagens no corpo
o da reportaagem. Haviaa uma
editooria específfica para imagens
i e vídeos, mas
m não en
ncontrava-see, nas mattérias,
qualqquer orientaação para acessá-la.
a C
Com essa seção
s exclusiva, pode--se inferir que
q o
internnauta teria à disposiçãão uma gam
ma de opçõ
ões para vislumbrar, dee forma pleena, o
cenárrio descritoo na reportag
gem. No enntanto, essa iniciativa privava
p o leeitor de enxergar,
de um
ma só vez, a totalidade da notícia jjornalística.. Enquanto no formato impresso ele via
textoo e imagem
m lado a lad
do, a dispoosição adotaada na web
b o coloca eem contato
o com
apennas um dos elementos
e por
p vez.
Com relaação às imaagens, notaa-se que no formato im
mpresso, havvia mais dee uma
foto por páginaa. Das 41 notícias exxaminadas, localizou-se 44 imaggens e/ou artes,
enquuanto no forrmato onlin
ne, das 51 m
matérias, ap
penas nove foram encoontradas jun
nto da
diagrramação do texto (ver gráfico
g 1).

Gráffico 1 - Anáálise compaarativa das im


magens enccontradas naas reportageens dos form
matos
imppresso e online

60
51

50 44
41

40
Número dee Matérias Analisadas
30 Número dee Imagens Encontradas

20
9
10

0
Jornaal Impresso Joornal Online

Fontee: BARROS,, 2013

No textoo impresso, a narrativa ocorre em blocos de informações


i s, hierarquizadas
confo
forme sua reelevância e é complem
mentada por recursos co
omo retranccas e intertíítulos,
a fim
m de posssibilitar ao leitor um
m entendimento pleno
o da notíciia exposta. Nas
publiicações onlline, por sua vez, a análise perrmite obserrvar que aas características
textuuais e gráficcas vão de encontro às eespecificidaades do form
mato. A connstrução tex
xtual é
hieraarquizada e fundamentta-se no usoo de lide e pirâmide in
nvertida, asssemelhando
o-se à
particcularidade do impresso, o que coonfigura meera reprodu
ução de técnnicas de red
dação
imprressa e impoossibilita a exploração
e pplena dos reecursos quee a web ofere
rece.
Para Caanavilhas, “usar
“ a técnnica da pirrâmide inveertida na w
web é cercear o
webjornalismo de uma de suas potenncialidades mais intereessantes: a adoção dee uma
arquiitetura noticciosa abertaa e de livre navegação”” (2008, p. 7). Importaante ressaltaar que
o auutor defendee que o lid
de na web seja distrib
buído em uma nova lóógica de leeitura,
denoominada pirââmide deitaada. Segunddo ele, essa técnica,
t tal como a do llide, permitte que
o leittor abandonne a leitura a qualquer m
momento, sem
s compro
ometer seu eentendimen
nto do
fato, mas nesse modelo, “éé-lhe ofereciida a possib
bilidade de seguir apennas um dos eixos
de leeitura ou navvegar livrem
mente dentroo da notíciaa” (CANAV
VILHAS, 20008, p. 14).
Outro aspecto obserrvado no coonteúdo onliine foi a disstribuição dee textos extensos
na m o a utilizaçãão de links5 para relaccionar assunntos afins, o que
mesma páginna, evitando
seriaa mais aproopriado paraa a plataforrma, já quee na web prima-se
p peelo texto ráápido,
diretoo e fluido. Segundo com
c Ward (2006), a possibilidad
p de de o leiitor percorrrer os
próprrios caminhhos na web
b, aliada ao desconfortto inerente da leitura eem telas diigitais
exigee a produçãão de matérrias curtas, apenas com
m as inform
mações elem
mentares. Para
P o
autorr:

Dividir a reportagem m em blocos maximizaa o potenciaal de leiturra. As


reportagenns podem serr complexas, com várioss assuntos, âângulos e áreeas de
cobertura. Como resulltado, os leito ores irão se sentir
s atraídoos pelas difeerentes
partes da reportagem
r e por diferen
ntes razões. Quando apreesentadas em m uma
única repo ortagem pirââmide, os leiitores precisam separar a informaçãão que
não os mo otiva daquella que desejaam. Alguns não se incom modam e bu uscam
algo novo. Isso minim miza o potenccial de leiturra. Porém, see a reportageem for
segmentad da em diferenntes seções que
q podem seer localizadaas pelo leitorr (...) e
lidas sepaaradamente, sem a necesssidade de recorrer
r a ouutras seçõess, será
possível saatisfazer o ppotencial do usuário
u médio e maximiizar o potenccial de
leitura. (W
WARD, 2006,, p. 127-128))

Constatoou-se, portan
nto, na amoostra do JB online anallisada, a subb-exploraçãão das
ferraamentas de que o supo
orte dispõee, para adottar a mera reproduçãoo do que é feito
segunndo preceitoos tradicion
nais de jornaalismo paraa veículos im
mpressos.

5
Links são palavraas ou pequen nos blocos dee texto que conectam
c assu
untos semelhaantes em difeerentes
páginas na web. Foge aos interresses desse trrabalho detalh
har o conceito de tal term
minologia. Paraa mais
inform
mações ler: MIELNICZUK
M K, Luciana; PA
ALACIOS, Marcos.
M Considderações paraa um estudo sobre
s o
formaato da notícia na
n Web: o link
k como elemeento paratextu
ual. Pauta Gerral, Salvador, 2002.
De outroo lado, cab
be ressaltarr que a altteração do formato do JB modiificou
signiificativamennte o tempo
o de veicullação das notícias. Parra atender à necessidad
de da
socieedade globaalizada, ávid
da por notíccias em tem
mpo real, e considerandoo que esta é uma
funciionalidade do
d formato web, a dispponibilizaçãão de conteú
údos ocorre com frequêência,
confo
forme o surggimento dass notícias.
Além daa mudança do nome ddas editoriass, a mudança de form
matos trouxee uma
alteraação nas prrincipais tem
máticas aboordadas pelaa capa. Na versão
v imprressa, perceebe-se
um rrelativo equuilíbrio na abordagem
a das temáticcas. Os prin
ncipais assuuntos são, assim
a
comoo no onlinee, País e Cidade,
C com
m 12 e 11 ocorrênciass. Em segunndo lugar, estão
Econnomia, Espoorte, Internaacional e Caaderno B, co
om sete apaarições no úúltimo item e oito
em ccada um doss demais. As outras tem
máticas, com
mo Vida, Ciiência&Saúd
úde, Carro&
&Moto
e o caderno de Domingo
D têm
m pouca reppresentação
o no escopo analisado.

Gráficoo 2 - Editoriias que figuuram na capaa do Jornal do Brasil IImpresso

EEditoriass do Jornal do B
Brasil Im
mpressoo
1 Caderrno B
4 1 7
4 Cidadde
3 11
Econoomia

12 Esporrte
8 Internnacional
País
8 8
Vida,  Ciência, Saúd
de
Fotoleegenda
Carroo & Moto

FONT
TE: BARROS
S, 2013

Já nas edições
e em
m formato ddigital, há predominância dos teemas País, Rio,
Interrnacional e Economia,, com 23, 13, sete e seis ocorrêências, resppectivamentte. As
demaais editoriaas, de Esp
porte, Ciênncia e o Informe JB
J apareceem com menos
m
repreesentatividaade e a editoria de Cuultura não possui nen
nhum destaqque nas ed
dições
analiisadas.

Gráficco 3 - Editorrias que figuuram na cap


pa do Jorna
al do Brasil Online

Ediitorias do  Jornal do Brasil Onlline

1 2 6
13 Ciêência e Tecnologia
4
Ecoonomia

7 Espporte
Inteernacional
Paíís
23
Rioo
Infoorme JB

Fontee: BARROS,, 2013

Outra mudança
m nottória relacioona-se à altteração do nome
n de allgumas edittorias,
comoo Cidades, que passou
u a ser dennominada Rio,
R e Vida, Ciência&
&Saúde, qu
ue foi
alteraada para Ciêência e Tecnologia. O Caaderno B foi substituído por
p Cultura.

Conssiderações finais
Após as análises do
os 14 exem
mplares do Jornal do Brasil,
B é poossível con
nstatar
indíccios de alterração no peerfil do periiódico. A mudança
m de temas
t aborddados na caapa, o
que ddenota umaa diferenciaçção no destaaque dos assuntos do im
mpresso parra o online, pode
repreesentar umaa abordagem
m inédita doo jornal.
Se na versão impreessa os tem
mas apareciiam com mais
m equilíbbrio, tratand
do de
diverrsas editoriaas do perió
ódico, na weeb, havia predominânc
p cia dos assuuntos ligad
dos ao
País e ao Rio, principalm
mente com relação à política.
p Infere-se quee estas sejaam as
categgorias de maior
m interessse do públlico, tendo em vista que
q abordam
m temas facctuais
tantoo na região em
e que o jo
ornal é produuzido quantto em outrass áreas do ppaís.
Há quue se destacaar, ainda, quee a transição
o provocou, nnaturalmentee, uma
allteração na estrutura doo jornal, tantto em aspecttos editoriaiss, com a trooca de
n
nome de algu
umas seções,, como nos elementos
e grráficos e no modo de disspor o
conteúdo. Contudo, no quue se refere ao a padrão dee textos adotaado, cabe deestacar
q
que mesmo com a muudança de plataforma e o surgiimento de novas
possibilidadess de construçção narrativaa e transmisssão de inform mações, o modelo
m
teextual foi quase integralm
mente mantid do. (BARRO OS, 2013, p. 554)

No que se refere àss característticas da plaataforma dig


gital, nota-sse que o JB
B está
em cconformidaade com o que precooniza Paláccios (2003)). O autor afirma qu
ue os
princcipais elemeentos da weeb são a muultimidialidade, que é a convergênncia de form
matos
tradiccionais de mídia; a in
nteratividadee, que perm
mite ação do
d internautta como tam
mbém
produutor da notíícia; a hiperrtextualidadde, que é a conexão
c de assuntos poor meio de links,
e a personalizaçção, que perm
mite acessoo a conteúdo
os antigos mais
m facilmeente.
No casoo específico
o do Jornaal do Brasiil, verifica-se a existêência, aindaa que
incippiente, dessees elemento
os. A multim
midialidadee é represen
ntada pela sseção de Fo
otos e
Vídeeos que aparrece na pág
gina inicial e também em
e uma dass abas superriores de accesso.
Por m
meio dessa editoria, aléém do textoo, o internau
uta pode vissualizar imaagens da situ
uação
descrrita e, dessee modo, com
mplementar o entendim
mento.
No que se refere à interativvidade, o JB
B enquanto
o veículo oonline apreesenta
mecaanismos de interagir co
om o públicco e possibiilitar que esste interaja com as nottícias.
O priimeiro mecanismo desenvolvido ppelo jornal é o de ofereecer ao interrnauta, assin
nante,
a posssibilidade de tecer com
mentários aabaixo das notícias.
n Ou
uto mecanissmo foi a crriação
de páginas em redes sociaais como o Facebook e Twitter. Com
C essas contas, o JB
J se
popuulariza e attualiza periodicamentee o seu con
nteúdo, fazzendo com que os leitores
tenhaam acesso cada
c vez mais
m facilitaado às inforrmações e possam
p repllicar as nottícias,
comeentá-las, conntestá-las a qualquer teempo.
Sobre a memória, percebe-se
p ssua existênccia na plataaforma, já qque a localizzação
do coonteúdo poode ser facillitada por m
meio da ferrramenta dee busca porr palavras-cchave,
dispoonível no toopo direito da
d página, aabaixo do caabeçalho. Em
E relação à personalizzação,
há quue se considderá-la pressente, já quee o conteúd
do é disposto no site e ffica à critérrio do
internnauta seleciionar o que vai ler.
Por fim,, no que diz respeito à hipertex
xtualidade, ou
o seja, à interconexãão de
assunntos por meeio de linkss, é necessáário enfatizaar a escasseez desse reccurso. Com
m base
nas oobservaçõess, em lugar de utilizar oos links parra relacionaar conteúdoss semelhanttes ou
comuuns, o perióódico apressenta a notí cia em bloccos textuaiss, por veze s extensos. Isso,
aliaddo à falta dee exploração
o de recursoos multimídiias na matérria, como im
magens e víídeos,
dificuulta a leituura do inteernauta, po is exige um
ma imersão
o no conteeúdo para pleno
entenndimento.
Portanto, é possíveel sinalizar que, embo
ora a transição para o formato online
o
aindaa não tenhaa sido plena, no sentidoo de possibiilitar a exploração de to
todos os reccursos
multiimidiáticos oferecidoss, na amoostra obserrvada em 2012 já hhavia alterações
signiificativas naa estrutura do
d periódicoo na sua plaataforma onlline. Há tam
mbém indíciios de
transsformações no perfil, já que pela amostra ob
bservada, o destaque nno novo forrmato
descaarta algumaas das edittorias elenccadas na caapa do imp
presso. “Porr esses motivos,
acreddita-se não ser possíveel afirmar qque houve mudança effetivamentee plena no perfil
editoorial do JB, mas, sim, que esta muudança estáá em curso, tendo avannçado em alguns
a
itens, mas com outros
o aindaa mantidos”” (BARROS
S, 2013, p.54)

Refeerências

BAHHIA, Benedito Juarez. História, jjornal e téécnica: história da impprensa brasiileira.


Rio dde Janeiro: Mauad
M X, 2009,
2 5ª edi ção.

BARRROS, Cinddhi Vieira Belafonte.


B O Jornalismmo no sécu ulo XXI: esstudo de caso do
Jornaal do Brassil. 2013. 69
6 fls. Traabalho de Conclusão
C de Curso (Graduação o em
Communicação Social: habilitação em JJornalismo) – Universid
dade Federaal de Uberlâândia,
Uberrlândia, 2013.

CAN NAVILHAS, João. Webjornalism


W mo: Da pirrâmide inveertida à piirâmide deitada.
Bibliioteca Onlline de Ciências daa Comuniccação (BOCC), Univversidade Beira- B
Interrior, Covilhãã, Portugal, 2008. Dispponível em http://www.
h .bocc.ubi.ptt/pag/canavilhas-
joao--webjornalismo-piramiide-invertidda.pdf. Acesso em 20 mar.
m 2012

CPD
DOC. Jornal do Brasil
JORNNAL DO BRASIL.
B o do Jornal do Brasil, aano 120, n. 139-
Riio de Janeirro: Redação
145, 25-31 ago. 2010.
JORNNAL DO BRASIL.
B Rio
R de Janeiiro: Redaçãão do Jornaal do Brasill, ano 122,2
25-31
ago. 2012. Disponível em http://www.j
h jb.com.br/. Acesso em 25-31 ago. 2012.

MAN NNARINO,, Ana de Gusmão. Am milcar de Castro


C e a página
p neooconcreta. 2006,
147 ffls. Dissertaação (Mestrrado em Hisstória)-Ponttifícia Universidade Caatólica do Rio
R de
Janeiiro, Rio de Janeiro,
J 20006.

PAIVVA, José Ferreira. Traajetória hisstórica do Jornal


J do Brasil.
B Revvista do Núcleo
Interrdisciplinarr de Pesqu
uisas Midiááticas Interrmídia. Alaagoas, vol1 n. 2 – jan
n./jun.
20088.

SODDRÉ, Nelsonn Werneck. História d


da Imprensa no Brassil. Rio de Janeiro: Mauad,
M
19999, 4ª edição

WAR RD, Mike. Jornalismo


J o online. Trradução Mo
oisés Santos, Silvana C
Capel dos Saantos,
colabboração da tradução, Tatiana Geerasimezuk k Castellanii. São Paul
ulo: Roca, 2006.
Títullo original: Journalism online.

Você também pode gostar