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I - História do Brasil
Sabemos com certeza que, o povoamento da América começou muito antes da chegada
dos europeus, em 1492. A partir do século XIX, os pesquisadores se interessaram em
estudar a questão. Os arqueólogos iniciaram as primeiras escavações no território
americano em busca de evidências que pudessem esclarecer ou pelo menos dar pistas
confiáveis da origem do homem americano. Até hoje se discute muito como ocorreu
esse povoamento, isto é, como o homem chegou até aqui.
A palavra “índios” - que utilizamos para designar os povos ameríndios - provém do fato
de Cristóvão Colombo ter acreditado que havia chegado às Índias, no 12 de outubro de
1492. A população indígena brasileira no período da chegada dos portugueses, ao
contrário do que se pensa, não era uma população muito heterogênea. Existia
diversidade, porém, encontravam-se muitas semelhanças dentre os diversos povos.
Algumas nações indígenas, tanto dos grupos tupis-guaranis como dos tapuias, eram
antropofágicos. Alguns grupos comiam carne humana apenas por vingança, outros por a
apreciarem.
As trocas e contatos entre aldeias existiam, porém, não eram tão comuns. Troca de
mulheres, penas de tucano e pedras, bem como ocorrência de guerras entre nações
existiam no período.
Em relação a quantidade de ameríndios existentes, é muito difícil saber. Os dados
variam de 2 a 10 milhões de indivíduos, o que impossibilita uma aproximação mais
correta. Sabemos que a chegada dos europeus ao território brasileiro significou uma
catástrofe para esses grupos e uma redução significativa de seu contingente
demográfico. Outros fatores trágicos, foram o desaparecimento de alguns grupos e
afastamento de outros para regiões distantes de onde costumeiramente viviam. A
aculturação realizada pelos jesuítas e escravizadores transformou a cultura de muitos
povos. Doenças, guerras e o apresamento foram os principais fatores que levaram os
indígenas à morte.
Em dezembro de 1530, partiu de Lisboa uma esquadra que mudaria a história das terras
conquistadas pelos portugueses na América. Seu comandante era Martim Afonso de
Sousa, que, à frente de quatrocentos homens, deu início à ocupação efetiva do território
brasileiro.
A ocupação; primeiras providências: Uma das razões pelas quais o governo de Portugal
decidiu colonizar as novas terras, a partir de 1530, foi o fato de que na Europa e no
Oriente a situação não era mais tão favorável para os portugueses. Os holandeses
também haviam entrado no comércio de especiarias das Índias, concorrência que
provocava a queda nos preços dos produtos.
Martim Afonso percorreu o litoral até chegar à região do rio da Prata, navegando rumo
ao norte. Aportou no litoral do atual estado de São Paulo, onde fundou a vila de São
Vicente, em janeiro de 1532, e nessa região implantou a primeira unidade produtora de
açúcar da colônia, o Engenho do Senhor Governador ou São Jorge dos Erasmos (1534).
Não muito longe de São Vicente foram fundadas, naquele mesmo período, duas outras
vilas: Santo André da Borda do Campo, por João Ramalho, e Santos, por Brás Cubas.
As capitanias hereditárias: As
capitanias hereditárias do Brasil
ColonialAs capitanias hereditárias
eram enormes faixas de terra que se
limitavam a leste com o oceano
Atlântico e a oeste com a linha de
Tordesilhas. Essas terras foram
doadas pelo rei a militares,
burocratas e comerciantes
portugueses, que receberam o título
de “capitães donatários”.
Cabia-lhe, ainda, a aplicação das leis em suas possessões, bem como a defesa militar da
capitania.
No ano seguinte, chegou à Bahia Tomé de Sousa, o primeiro govemador-geral. Ele veio
acompanhado de aproximadamente mil pessoas, entre elas um grupo de padres jesuítas
chefiado por Manuel da Nóbrega, além de funcionários da administração, militares,
artesãos e degredados.
O cargo de govemador-geral subsistiu até o século XVIII, quando foi substituído pelo
de vice-rei. Os três primeiros govemadores-gerais foram:
• Tomé de Sousa (1549-1553): durante seu governo foi fundada a cidade de São
Salvador, que se tomou sede do govemo-geral e capital da colônia. A Bahia passou a ser
a Capitania Real do Brasil. Foram estabelecidos o primeiro bispado e o primeiro colégio
da colônia. Na imagem ao lado, a representação de Tomé de Sousa desembarcando na
Terra de Santa Cruz, de autor anônimo.
A partir de 1642, com a criação do Conselho Ultramarino, que detinha forte controle
político-administrativo sobre a colônia, as câmaras municipais foram pouco a pouco
perdendo seu poder.
Em 1621, uma nova divisão administrativa criou o Estado do Brasil, com sede em
Salvador (e a partir de 1763 no Rio de Janeiro), e o Estado do Maranhão, com capital
em São Luís (mais tarde, Estado do Maranhão e Grão-Pará, com sede em Belém). Em
1641, houve uma reorganização administrativa e a capital foi transferida para Salvador.
Em 1774, a colônia voltou a ser reunificada administrativamente.
Escravidão negra - A primeira leva de escravos negros que chega ao Brasil vem da
Guiné, na expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530. A partir de 1559, o
comércio negreiro se intensifica. A Coroa portuguesa autoriza cada senhor de engenho a
comprar até 120 escravos por ano. Sudaneses são levados para a Bahia e bantus
espalham-se pelo Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
Diamantes - A exploração de diamantes toma corpo por volta de 1729, nas vilas de
Diamantina e Serra do Frio, no norte de Minas Gerais. A produção atinge grandes
volumes e chega a causar pânico no mercado joalheiro europeu, provocando a queda
nos preços das pedras. Em 1734 é instituída uma intendência para administrar as lavras.
A extração passa a ser controlada por medidas severas que incluem confisco, proibição
da entrada de forasteiros e expulsão de escravos.
No caso do Brasil era o Tratado de Tordesilhas que separa as terras entre as duas
grandes nações. No decorrer dos séculos Portugal foi violando a linha de Tordesilhas e
expandindo o territorio brasileiro para o oeste, norte e sul. Num processo lento mais que
deu resultados, começando com Martim Afonso de Souza que promoveu uma expedição
saindo de São Vicente, as entradas e bandeiras iniciadas no século XVI e que foram
responsáveis por grandes avanços em território espanhol, a mineração do século XVII e
a Guerra do Paraguai. Essas são as principais campanhas que contribuíram para que o
território brasileiro fosse além da linha de Tordesilhas. E de certa forma culminaram
como o Tratado de Madri onde prevaleceu o Uti Possidetis (quem possui de fato, deve
possuir de direito), que deu contornos ao território brasileiro muito semelhantes aos
atuais.
O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros.
Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil,
sendo que os corpos eram lançados ao mar.
Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos
eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo
apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas
senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas.
Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais
comum no Brasil Colônia.
Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e
rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de
engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições
e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus
rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até
desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.
O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as
revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os
famosos quilombos. Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes
viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia
na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus
rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.
Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que
acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do
Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E
no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos
escravos com mais de 60 anos de idade.
Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no
Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea,
feita pela Princesa Isabel.
A vida dos negros após a abolição da escravidão: Se a lei deu a liberdade jurídica aos
escravos, a realidade foi cruel com muitos deles. Sem moradia, condições econômicas e
assistência do Estado, muitos negros passaram por dificuldades após a liberdade. Muitos
não conseguiam empregos e sofriam preconceito e discriminação racial. A grande
maioria passou a viver em habitações de péssimas condições e a sobreviver de trabalhos
informais e temporários.
A religião praticada pela população nesse período foi marcada pelas reminiscências da
religiosidade popular européia e pelas contribuições culturais dos negros e dos índios, o
que não agradava ao clero católico. Para combater as chamadas “impurezas da fé”, eram
freqüentes as Visitações do Santo Ofício (Inquisição). Aliás, as regiões do Maranhão, de
Pernambuco, da Paraíba, do Grão-Pará e da Bahia, foram as que mais receberam as
Visitações, devido à grande presença de índios, negros, e também de judeus e cristãos-
novos, que vinham para cá com o objetivo, muitas vezes, de manterem secretamente sua
religião, o judaísmo. Apesar da violência, essas ações nunca conseguiram eliminar o
sincretismo religioso, principalmente por parte dos negros escravos.
Em 1758, a vida do rei sofreu um atentado, desta forma, Pombal conseguiu implicar os
jesuítas e os nobres. Alguns destes últimos foram torturados até a morte (outros foram
executados depois de um breve julgamento, foi o caso da família Távora e do duque de
Aveiro). O envolvimento da Companhia de Jesus na Guerra Guaranítica (Rio Grande do
Sul) levou Pombal a expulsar os jesuítas de Portugal e do Brasil em 1759. Em 1770, o
rei lhe concedeu-lhe o título de marquês.
A educação era privilégio das classes ricas, pois as famílias tradicionais faziam questão
de terem um doutor (médico ou advogado) e um padre. Era usada como instrumento de
legitimação da colonização, inculcando na população idéias de obediência total ao
Estado português. É importante notar, porém, que alguns sacerdotes participaram de
rebeliões contra Portugal, mas os que o fizeram, expressavam sua opinião e não a
posição oficial dos jesuítas e da Igreja Católica. Os jesuítas impunham um padrão
educacional europeu, fora da realidade local, desvalorizando completamente os aspectos
culturais dos índios e dos negros.
Aspectos da cultura colonial: A cultura produzida no Brasil Colônia não foi fruto de
uma elite ativa, politizada e com idéias de independência em relação a Portugal. Deve-
se reconhecer, porém, que, apesar da forte repressão das autoridades portuguesas, houve
debates importantes sobre o assunto, além, é claro, dos movimentos separatistas, mas
estes últimos só ocorreram no final do período colonial.
Gregório de Matos e Guerra, conhecido como Boca do Inferno, que apesar de se inspirar
nas regras do Barroco europeu, desenvolveu idéias próprias e retratou a sociedade
brasileira colonial, principalmente com seus poemas satíricos, como Os Epílogos.
O padre Antônio Vieira foi o maior orador religioso da língua portuguesa, com seus
famosos Sermões (Sermão da Sexagésima, Sermão dos Peixes, Sermão para o Bom
Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda, etc.).
No século XVIII, destacamos o Arcadismo Mineiro, com seu bucolismo e com sua
linguagem mais simples que a do Barroco. Seus autores usavam pseudônimos, imitando
os europeus e quase todos participaram da Inconfidência Mineira: Tomás Antônio
Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama, Frei José de Santa Rita Durão,
Silva Alvarenga, etc.
Arquitetura e Escultura: Sem dúvida, o maior destaque foi Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho que projetou várias igrejas no interior de Minas Gerais, como em Vila Rica,
Sabará e Congonhas do Campo. É considerado como um dos mais importantes
escultores americanos e o maior do Brasil e trabalhava tanto com madeira, quanto com
pedra sabão. Entre suas obras destacam-se: Os Doze Profetas, no Santuário de Bom
Jesus de Matosinhos; as figuras dos passos da Paixão de Cristo; Madonas, etc. Merece
destaque também o Mestre Valentim, que projetou o Passeio Público, no Rio de Janeiro.
Música: O grande destaque foi o Padre José Maurício Nunes Garcia, no século XVIII,
que viveu em Minas Gerais e No Rio de Janeiro. Autor de mais e 400 composições,
entre as quais se destacam: Missa de Réquiem e Missa Pastoril Para A Noite de Natal.
Foi daí que se estabeleceu o tráfico negreiro, uma prática que atravessou séculos e
forçou diversos negros a saírem de seus locais de origem para terem seus corpos
escravizados. Além da demanda econômica, a escravidão africana foi justificada pelo
discurso religioso cristão da época, que definiu a experiência escravocrata como um tipo
de “castigo” que iria aproximar os negros do cristianismo.
Durante a exploração colonial, a mão de obra negra foi amplamente utilizada em outras
atividades como na mineração e nas demais atividades agrícolas que ganharam espaço
na economia entre os séculos XVI e XIX. Mesmo destacando tais abusos, também
devemos sinalizar a contrapartida desse contexto exploratório, com a presença de várias
formas de resistência à escravidão.