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PROGRAMA DE HISTÓRIA

I - História do Brasil

1. A pré-história e as origens do homem americano.

Foi no continente africano que surgiram os primeiros humanos, segundo muitos


cientistas. Nossos ancestrais deslocaram-se da África para outras regiões da Terra. Esses
deslocamentos se deram no decorrer de milhares de anos. Uma dessas regiões foi a
América. O continente americano foi provavelmente um dos últimos a ser ocupado pelo
ser humano.

Sabemos com certeza que, o povoamento da América começou muito antes da chegada
dos europeus, em 1492. A partir do século XIX, os pesquisadores se interessaram em
estudar a questão. Os arqueólogos iniciaram as primeiras escavações no território
americano em busca de evidências que pudessem esclarecer ou pelo menos dar pistas
confiáveis da origem do homem americano. Até hoje se discute muito como ocorreu
esse povoamento, isto é, como o homem chegou até aqui.

Duas teorias explicam a presença humana na América e também no Brasil: a teoria de


Bering e a teoria Transoceânica.

A Teoria de Bering: Os primeiros habitantes da América descendiam de caçadores, que


saíram da Sibéria Oriental, na Ásia. Entre 50 mil e 12 mil anos atrás, atravessaram o
estreito de Bering e alcançaram a América do Norte durante a última glaciação. Dali, os
grupos nômades e seus descendentes foram espalhando-se pelo continente americano.

Durante a última glaciação, os territórios que hoje correspondem ao Alasca e à Sibéria,


estavam unidos por um istmo de gelo, que formava uma passagem entre a Ásia e a
América. Quando a temperatura do planeta voltou a subir, esse istmo de gelo se desfez,
formando o atual estreito de Bering.

A Teoria Transoceânica: Alguns pesquisadores identificam outros caminhos


migratórios, como as ilhas Aleutas, também por passagem terrestre, ou então por uma
precária navegação iniciada nas ilhas da Polinésia.
Remadores da Polinésia teriam navegado pelo oceano Pacífico até alcançar o litoral sul-
americano. Nessa aventura que durou muitas gerações, esses grupos de navegantes pré-
históricos lançaram-se ao mar em diferentes momentos, entre 10 mil e 4 mil anos atrás.

2. Populações indígenas do Brasil: experiências antes da conquista, resistências


e acomodações à colonização.

A palavra “índios” - que utilizamos para designar os povos ameríndios - provém do fato
de Cristóvão Colombo ter acreditado que havia chegado às Índias, no 12 de outubro de
1492. A população indígena brasileira no período da chegada dos portugueses, ao
contrário do que se pensa, não era uma população muito heterogênea. Existia
diversidade, porém, encontravam-se muitas semelhanças dentre os diversos povos.

A população ameríndia dividia-se basicamente em dois grandes grupos: os tupis-


guaranis e os tapuias.

Os grupos tupis se espalhavam por praticamente toda a costa brasileira e eram


conhecidos como tupinambás, tupinajés, tupinambaras, tupiniquins - dentre outras
derivações. Eles praticavam a caça, pesca, coleta de frutas e agricultura e falavam um
tronco linguístico comum. Os guaranis viviam na bacia do Paraná-Paraguai e, mesmo
com a distância geográfica, mantinham muitas semelhanças com o grupos tupis, por
isso a origem da expressão: tupi-guarani. Na prática da agricultura, de subsistência, era
realizada a queimada - chamada pelos tupis de coivara - para derrubada das árvores e
preparação da terra. Esta prática foi absorvida pelos portugueses quando vieram
trabalhar nas plantations de açúcar. O feijão, milho e, sobretudo, a mandioca, cujos
preparos como a farinha tornara-se alimentos primordiais na colônia, eram as culturas
realizadas pelos tupis.

Na faixa do interior entre o Bahia e o Maranhão localizavam-se os chamados tapuias.


Essa palavra provém da língua tupi e significava “aquele que não é tupi”. Divididos
entre aimorés, tremebés, kariris e outros - os tapuias também são designados como
pertencentes ao grupo macro-jê, que abrange alguns povos do interior de São Paulo, por
exemplo. Desde o início da colonização, os portugueses já os chamavam de bárbaros
pelo fato de manterem características culturais diferentes dos grupos do litoral e também
pelo poder de resistência que esses grupos demonstraram à dominação portuguesa. Os
tupis eram os “conhecidos”, já os tapuias eram os “outros”. Para se ter uma ideia,
quando em 1570 a coroa portuguesa aprovou a lei que proibia a escravização indígena,
ela não valia para os tapuias. O que ocorreu foi a chamada “Guerra Justa”, conceito
cristão do período medieval - que já havia sido utilizado pelos lusos na guerras contra os
muçulmanos - mas que no período colonial foi usado na guerra contra os não-tupis. A
rivalidade era tanta que durante a presença holandesa em Pernambuco, Nassau firmou
uma aliança com os tapuias contra os luso-brasileiros.

Algumas nações indígenas, tanto dos grupos tupis-guaranis como dos tapuias, eram
antropofágicos. Alguns grupos comiam carne humana apenas por vingança, outros por a
apreciarem.

As trocas e contatos entre aldeias existiam, porém, não eram tão comuns. Troca de
mulheres, penas de tucano e pedras, bem como ocorrência de guerras entre nações
existiam no período.
Em relação a quantidade de ameríndios existentes, é muito difícil saber. Os dados
variam de 2 a 10 milhões de indivíduos, o que impossibilita uma aproximação mais
correta. Sabemos que a chegada dos europeus ao território brasileiro significou uma
catástrofe para esses grupos e uma redução significativa de seu contingente
demográfico. Outros fatores trágicos, foram o desaparecimento de alguns grupos e
afastamento de outros para regiões distantes de onde costumeiramente viviam. A
aculturação realizada pelos jesuítas e escravizadores transformou a cultura de muitos
povos. Doenças, guerras e o apresamento foram os principais fatores que levaram os
indígenas à morte.

3. O sistema colonial: organização política e administrativa.

Em dezembro de 1530, partiu de Lisboa uma esquadra que mudaria a história das terras
conquistadas pelos portugueses na América. Seu comandante era Martim Afonso de
Sousa, que, à frente de quatrocentos homens, deu início à ocupação efetiva do território
brasileiro.

A ocupação; primeiras providências: Uma das razões pelas quais o governo de Portugal
decidiu colonizar as novas terras, a partir de 1530, foi o fato de que na Europa e no
Oriente a situação não era mais tão favorável para os portugueses. Os holandeses
também haviam entrado no comércio de especiarias das Índias, concorrência que
provocava a queda nos preços dos produtos.

Assim, para os portugueses, já não compensava investir em viagens longas e custosas


para buscá-los nas Índias e vendê-los a preços pouco atraentes na Europa. Além disso,
os franceses faziam constantes incursões ao litoral das novas terras para extrair pau-
brasil. Entretanto, uma razão mais forte atraía as atenções da Coroa portuguesa para o
Novo Mundo: a notícia de que na América Espanhola havia grandes jazidas de ouro e
prata.

Martim Afonso de Sousa na colônia: Martim Afonso de Sousa recebeu do governo


português ordens para combater os navios franceses, explorar o rio da Prata (segundo
alguns, via de acesso a um reino cheio de riquezas) e criar núcleos de povoamento nas
novas terras. Para isso, dispunha de poderes tais como o de distribuir sesmarias (grandes
propriedades rurais), de nomear tabeliães e de estabelecer um sistema administrativo no
novo território.

Martim Afonso percorreu o litoral até chegar à região do rio da Prata, navegando rumo
ao norte. Aportou no litoral do atual estado de São Paulo, onde fundou a vila de São
Vicente, em janeiro de 1532, e nessa região implantou a primeira unidade produtora de
açúcar da colônia, o Engenho do Senhor Governador ou São Jorge dos Erasmos (1534).
Não muito longe de São Vicente foram fundadas, naquele mesmo período, duas outras
vilas: Santo André da Borda do Campo, por João Ramalho, e Santos, por Brás Cubas.

As estruturas de poder no início da colonização: Com o planejamento das estruturas


político-administrativas da colônia, a Coroa portuguesa buscava viabilizar o processo de
ocupação do território e criar condições para o desenvolvimento de atividades
econômicas rentáveis, de acordo com o modelo de mercantilismo europeu. Para tanto,
resolveu adotar na colônia os padrões administrativos da metrópole, aliados à
experiência portuguesa nas ilhas do Atlântico.
Em 1532, o rei dom João III decidiu aplicar na colônia da América uma divisão
administrativa que havia dado bons resultados nos Açores e na ilha da Madeira: o
sistema de capitanias hereditárias.

Quase duas décadas depois, criou-se um poder central, o govemo-geral, e, no âmbito


local, foram instituídas as câmaras municipais, semelhantes às já existentes em
Portugal.

As capitanias hereditárias: As
capitanias hereditárias do Brasil
ColonialAs capitanias hereditárias
eram enormes faixas de terra que se
limitavam a leste com o oceano
Atlântico e a oeste com a linha de
Tordesilhas. Essas terras foram
doadas pelo rei a militares,
burocratas e comerciantes
portugueses, que receberam o título
de “capitães donatários”.

Para formalizar seus direitos e


deveres, o governo português lançou
mão de dois documentos: a Carta de
Doação e o Foral.

De acordo com a Carta de Doação, o


capitão donatário detinha a posse da
capitania, mas não a sua propriedade.
Dessa forma, não podia nem vendê-
la nem dividi-la. Já o Foral dava-lhe
amplos poderes: ele podia, entre
outras coisas, fundar vilas, conceder
terras (as sesmarias) e arrecadar
impostos. Ele também podia receber
tributos sobre a produção das salinas,
as moendas de água e os engenhos,
além de monopolizar a navegação fluvial.

Cabia-lhe, ainda, a aplicação das leis em suas possessões, bem como a defesa militar da
capitania.

Com as capitanias hereditárias foi criado um sistema político-administrativo


descentralizado, ou seja, não havia um governo central. Todos os donatários
reportavam-se diretamente ao rei. Os donatários eram os responsáveis pelos custos do
processo de implantação e do funcionamento das capitanias. Dessa forma, a Coroa
portuguesa transferia para particulares o ônus da colonização. Para si, o rei reservou o
monopólio das drogas-do-sertão, que eram as especiarias da floresta Amazônica
(castanha-do-pará, cravo, guaraná, canela etc.), e uma parte dos impostos arrecadados.
O governo-geral: As capitanias não desapareceram imediatamente. Pouco a pouco,
foram retomando ao domínio da Coroa portuguesa, por confisco ou por meio do
pagamento de indenizações aos donatários. Com isso, perderam seu caráter privado,
passando à esfera pública. Entretanto, mantiveram a função de unidade administrativa
até o início do século XIX, quando transformaram-se em províncias.

A transferência das capitanias para o domínio da Coroa só foi concluída no período


entre 1752 e 1754, sob as ordens do marquês de Pombal, espécie de primeiro-ministro
de dom José I. Contudo, em 1548 o fracasso desse sistema já havia levado o governo de
Portugal a criar um órgão central para administrar a colônia: o govemo-geral.

No ano seguinte, chegou à Bahia Tomé de Sousa, o primeiro govemador-geral. Ele veio
acompanhado de aproximadamente mil pessoas, entre elas um grupo de padres jesuítas
chefiado por Manuel da Nóbrega, além de funcionários da administração, militares,
artesãos e degredados.

O governo-geral tornou-se o centro político da administração portuguesa na América.


Sua legitimidade foi estabelecida pelo Regimento de Tomé de Sousa, de 1548, que
determinava as funções administrativas, judiciais, militares e tributárias do governador-
geral. Para assessorá-lo, havia três altos funcionários: o ouvidor-mor, responsável pela
justiça; o provedor-mor, encarregado da tributação; e o capitão-mor, responsável pela
defesa.

O cargo de govemador-geral subsistiu até o século XVIII, quando foi substituído pelo
de vice-rei. Os três primeiros govemadores-gerais foram:

• Tomé de Sousa (1549-1553): durante seu governo foi fundada a cidade de São
Salvador, que se tomou sede do govemo-geral e capital da colônia. A Bahia passou a ser
a Capitania Real do Brasil. Foram estabelecidos o primeiro bispado e o primeiro colégio
da colônia. Na imagem ao lado, a representação de Tomé de Sousa desembarcando na
Terra de Santa Cruz, de autor anônimo.

• Duarte da Costa (1553-1558): enfrentou grande instabilidade política, causada, entre


outros fatores, pela invasão francesa do Rio de Janeiro (1555); entrou em atrito com o
bispo do Brasil, Pero Fernandes Sardinha, que criticava o comportamento e a violência
de seu filho, dom Álvaro da Costa. Um dos marcos de seu governo foi a fundação do
Colégio de São Paulo, em 25 de janeiro de 1554. O colégio, fundado pelos jesuítas
Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, deu origem à cidade de São Paulo.

• Mem de Sá (1558-1572): fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em


1565; juntamente com seu sobrinho, Estácio de Sá, expulsou os franceses do Rio de
Janeiro. É considerado o melhor govemador-geral do século XVI.

O poder local; as câmaras municipais: A partir de cerca de 1550, a administração das


cidades e vilas ficou nas mãos das câmaras municipais. Esses órgãos administrativos
eram formados por três ou quatro vereadores, dois juízes ordinários, um procurador, um
escrivão e um tesoureiro, eleitos pelos chamados "homens bons”. Além disso, contavam
com alguns funcionários nomeados, conhecidos como "oficiais da Câmara”. Cabia aos
membros da Câmara elaborar as leis e fiscalizar o seu cumprimento, assim como
nomear juízes, arrecadar impostos e cuidar do patrimônio público (estradas, ruas, pontes
etc.), do abastecimento e da regulamentação das profissões e do comércio.

As câmaras municipais representavam os interesses dos proprietários locais. Esse poder,


delegado pelos senhores de engenho aos vereadores (membros eleitos da Câmara), às
vezes entrava em conflito com o poder central, representado pelo govemador-geral.
Exemplo disso foi a Câmara de Olinda, na capitania de Pernambuco, que em 1710
chegou a comandar uma luta armada contra as tropas do governo porque se opunha à
elevação do Recife à condição de vila.

A partir de 1642, com a criação do Conselho Ultramarino, que detinha forte controle
político-administrativo sobre a colônia, as câmaras municipais foram pouco a pouco
perdendo seu poder.

Mudanças na organização administrativa colonial: A organização administrativa da


colônia passou por várias mudanças entre os séculos XVI e XVIII. Em 1548 foi dado o
nome de Estado do Brasil pelo governo português. Os limites territoriais do Brasil atual
não eram, nem de perto, os do período colonial. Durante anos, a Coroa ficou apenas na
exploração das faixas litorâneas e aos poucos foi ampliando as terra para o oeste. Em
1572 foram estabelecidos dois govemos-gerais: um ao norte, com capital em Salvador, e
outro ao sul, com sede no Rio de Janeiro. Seis anos depois, os governos foram
reunificados, com a capital tendo permanecido em Salvador.

Em 1621, uma nova divisão administrativa criou o Estado do Brasil, com sede em
Salvador (e a partir de 1763 no Rio de Janeiro), e o Estado do Maranhão, com capital
em São Luís (mais tarde, Estado do Maranhão e Grão-Pará, com sede em Belém). Em
1641, houve uma reorganização administrativa e a capital foi transferida para Salvador.
Em 1774, a colônia voltou a ser reunificada administrativamente.

O papel da Igreja na administração colonial: A Igreja católica foi a grande parceira da


Coroa portuguesa na tarefa de administrar a colônia. Para a instituição, os principais
objetivos da conquista e da colonização das novas terras eram difundir a fé cristã em sua
versão católica apostólica romana, bem como promover a catequese dos índios e
administrar a vida espiritual dos colonos segundo os preceitos estabelecidos pela Santa
Sé. Além de cristianizar os indígenas, buscava evitar o desregramento dos costumes
entre os colonos, combater sua tendência à poligamia com as índias e educar os filhos
desses colonos dentro dos preceitos religiosos da Igreja católica.

Para isso, os primeiros religiosos a chegar trataram de construir igrejas, capelas e


escolas, criar paróquias e dioceses. Aos poucos ia surgindo uma estrutura material e
administrativa de enorme interesse para o governo português e para a Santa Sé, que
estavam preocupados em manter um rígido controle sobre as atividades e a vida
religiosa da colônia.

4. A economia colonial: extrativismo, agricultura, pecuária, mineração e


comércio.

A economia colonial brasileira é integrada ao processo mundial de expansão do


capitalismo mercantil. Baseada no monopólio colonial - Portugal tem a exclusividade
do comércio com a colônia -, é altamente especializada e dirigida para o mercado
externo. Internamente tem caráter predatório sobre os recursos naturais. As técnicas
agrícolas utilizadas são rudimentares e provocam rápido esgotamento da terra. A
produção está centrada na grande propriedade monocultora, o latifúndio, e na utilização
de numerosa mão-de-obra escrava - primeiro dos indígenas e depois dos negros.

Escravidão: O trabalho compulsório do indígena é usado em diferentes regiões do Brasil


até meados do século XVIII. A caça ao índio é um negócio local e os ganhos obtidos
com sua venda permanecem nas mãos dos colonos, sem lucros para Portugal. Por isso, a
escravização do nativo brasileiro é gradativamente desestimulada pela metrópole e
substituída pela escravidão negra. O tráfico negreiro é um dos mais vantajosos negócios
do comércio colonial e seus lucros são canalizados para o reino.

Escravidão negra - A primeira leva de escravos negros que chega ao Brasil vem da
Guiné, na expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530. A partir de 1559, o
comércio negreiro se intensifica. A Coroa portuguesa autoriza cada senhor de engenho a
comprar até 120 escravos por ano. Sudaneses são levados para a Bahia e bantus
espalham-se pelo Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.

Tráfico de escravos - O tráfico negreiro é oficializado em 1568 pelo governador-geral


Salvador Correa de Sá. Em 1590, só em Pernambuco registra-se a entrada de 10 mil
escravos. Não há consenso entre os historiadores sobre o número de escravos trazidos
para o Brasil. Alguns, como Roberto Simonsen e Sérgio Buarque de Holanda, estimam
esse número entre 3 milhões e 3,6 milhões. Caio Prado Júnior supõe cerca de 6 milhões
e Pandiá Calógeras chega aos 13,5 milhões.

Cana de açúcar: O cultivo da cana-de-açúcar é introduzido no Brasil por Martim Afonso


de Souza, na capitania de São Vicente. Seu apogeu ocorre entre 1570 e 1650,
principalmente em Pernambuco. Fatores favoráveis explicam o sucesso do
empreendimento: experiência anterior dos portugueses nos engenhos das ilhas do
Atlântico, solo apropriado, principalmente no Nordeste, abundância de mão-de-obra
escrava e expansão do mercado consumidor na Europa. A agroindústria açucareira exige
grandes fazendas e engenhos e enormes investimentos em equipamentos e escravos.

O engenho - Os chamados engenhos de açúcar são unidades de produção completas e,


em geral, auto-suficientes. Além da casa grande, moradia da família proprietária, e da
senzala, dos escravos, alguns têm capela e escola, onde os filhos do senhor aprendem as
primeiras letras. Junto aos canaviais, uma parcela de terras é reservada para o gado e
roças de subsistência. A "casa do engenho" possui toda a maquinaria e instalações
fundamentais para a obtenção do açúcar.

Economia açucareira - Estimativa do final do século XVII indica a existência de 528


engenhos na colônia. Eles garantem a exportação anual de 37 mil caixas, cada uma com
35 arrobas de açúcar. Dessa produção, Portugal consome apenas 3 mil caixas anuais e
exporta o resto para a Europa. O monopólio português sobre o açúcar assegura lucros
consideráveis aos senhores de engenho e à Coroa. Esse monopólio acaba quando os
holandeses começam a produzir açúcar nas Antilhas, na segunda metade do século
XVII. A concorrência e os limites da capacidade de consumo na Europa provocam uma
rápida queda de preços no mercado.
Mineração: Na passagem do século XVII para o XVIII, são descobertas ricas jazidas de
ouro no centro-sul do Brasil. A Coroa portuguesa volta toda sua atenção para as terras
brasileiras. A região das minas espalha-se pelos territórios dos atuais Estados de Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso e torna-se pólo de atração de migrantes: portugueses em
busca de fortuna, aventureiros de todas as regiões do Brasil e escravos trazidos do
Nordeste. Criam-se novas vilas: Sabará, Mariana, Vila Rica de Ouro Preto, Caeté, São
João del Rey, Arraial do Tejuco (atual Diamantina) e Cuiabá.

O quinto - A Coroa portuguesa autoriza a livre exportação de ouro mediante o


pagamento de um quinto do total explorado. Para administrar e fiscalizar a atividade
mineradora, cria a Intendência das Minas, vinculada diretamente à metrópole. Toda
descoberta deve ser comunicada. Para garantir o pagamento do quinto, são criadas a
partir de 1720 as casas de fundição, que transformam o minério em barras timbradas e
quintadas. Em 1765 é instituída a derrama: o confisco dos bens dos moradores para
cobrir o valor estipulado para o quinto quando há déficit de produção.

Economia mineradora - O chamado "ciclo do ouro" traz uma grande diversificação


social para a colônia. A exploração das jazidas não exige o emprego de grandes capitais,
permite a participação de pequenos empreendedores e estimula novas relações de
trabalho, inclusive com a mão-de-obra escrava. Os escravos trabalham por tarefa e,
muitas vezes, podem ficar com uma parte do ouro descoberto. Com isso, têm a chance
de comprar sua liberdade. O período áureo dura pouco: entre 1735 e 1754, a exportação
anual gira em torno de 14.500 kg. No final do século, o volume enviado a Portugal cai
para 4.300 kg por ano, em média.

Diamantes - A exploração de diamantes toma corpo por volta de 1729, nas vilas de
Diamantina e Serra do Frio, no norte de Minas Gerais. A produção atinge grandes
volumes e chega a causar pânico no mercado joalheiro europeu, provocando a queda
nos preços das pedras. Em 1734 é instituída uma intendência para administrar as lavras.
A extração passa a ser controlada por medidas severas que incluem confisco, proibição
da entrada de forasteiros e expulsão de escravos.

Diversificação agrícola: A agricultura de subsistência e a pecuária desenvolvem-se ao


longo dos caminhos para as minas e nas proximidades das lavras. O crescimento
demográfico aumenta rapidamente os lucros dessas atividades. Sesmarias são doadas na
região a quem queira cultivá-las. Novas culturas surgem em outras áreas da colônia.

Novos produtos agrícolas - Em meados do século XVII, o algodão, o tabaco e o cacau


passam a ser produzidos em larga escala e a integrar a pauta de exportações da colônia.
A produção algodoeira desenvolve-se no Nordeste, em especial Maranhão e
Pernambuco. O tabaco é produzido principalmente na Bahia, seguida por Alagoas e Rio
de Janeiro e, ao longo do século XVII, o produto é usado como moeda de troca para
aquisição de escravos nos mercados da costa africana. O cacau é explorado inicialmente
apenas em atividade extrativista, no Pará e no Amazonas. Começa então a ser cultivado
na Bahia e no Maranhão com mão-de-obra escrava.

Introdução do café - O café é introduzido no Brasil por Francisco de Melo Palheta, em


1727, que o contrabandeia da Guiana Francesa. Durante o século XVIII, seu cultivo
limita-se ao nordeste, onde os solos não são adequados. A cafeicultura só se desenvolve
no século XIX, quando o produto começa a ser cultivado na região Sudeste.
Francisco de Melo Palheta (1670 -?) nasce em Belém do Pará e é considerado o
primeiro a introduzir o café no Brasil. Militar e sertanista, em 1727 é mandado à Guiana
Francesa e recebe duas incumbências do governador do Estado do Maranhão e Grão-
Pará, João Maia da Gama. A primeira tem caráter diplomático: o governador da Guiana,
Claude d'Orvilliers, tinha mandado arrancar um padrão com o escudo português
plantado na fronteira entre as duas colônias. A missão de Palheta seria fazer respeitar a
divisa, estabelecida pelo Tratado de Utrecht no rio Oiapoque. A segunda tarefa de
Palheta é clandestina: deveria obter mudas de café, cultivado nas Guianas desde 1719, e
trazê-las para o plantio no Pará. O sertanista cumpre suas duas incumbências. Faz os
franceses aceitarem a faixa divisória entre os dois países e traz mudas de café para o
Brasil, apesar da proibição formal do governo francês. Conta-se que ele mesmo teve um
cafezal no Pará, com mais de mil pés, para o qual pediu ao governo cem casais de
escravos.

Expansão do açúcar - A agroindústria açucareira do nordeste volta a se expandir no


século XVIII, quando as revoltas escravas nas Antilhas interrompem a produção local.
O aumento das exportações brasileiras estimula a expansão dos canaviais para o Rio de
Janeiro e São Paulo, já enriquecidos pelo comércio do ouro.

Pecuária: Fator essencial na ocupação e povoamento do interior, a pecuária se


desenvolve no vale do rio São Francisco e na região sul da colônia. As fazendas do vale
do São Francisco são latifúndios assentados em sesmarias e dedicados à produção de
couro e criação de animais de carga. Muitos proprietários arrendam as regiões mais
distantes a pequenos criadores. Não é uma atividade dirigida para a exportação e
combina o trabalho escravo com a mão-de-obra livre: mulatos, pretos forros, índios,
mestiços e brancos pobres. No sul, a criação de gado é destinada à produção do charque
para o abastecimento da região das minas.

5. A interiorização e a formação das fronteiras.

No caso do Brasil era o Tratado de Tordesilhas que separa as terras entre as duas
grandes nações. No decorrer dos séculos Portugal foi violando a linha de Tordesilhas e
expandindo o territorio brasileiro para o oeste, norte e sul. Num processo lento mais que
deu resultados, começando com Martim Afonso de Souza que promoveu uma expedição
saindo de São Vicente, as entradas e bandeiras iniciadas no século XVI e que foram
responsáveis por grandes avanços em território espanhol, a mineração do século XVII e
a Guerra do Paraguai. Essas são as principais campanhas que contribuíram para que o
território brasileiro fosse além da linha de Tordesilhas. E de certa forma culminaram
como o Tratado de Madri onde prevaleceu o Uti Possidetis (quem possui de fato, deve
possuir de direito), que deu contornos ao território brasileiro muito semelhantes aos
atuais.

Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do


Sul. Foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e
Uruguai.

O Império do Brasil, Argentina mitrista e Uruguai florista, aliados, derrotaram o


Paraguai após mais de cinco anos de lutas durante os quais o Império enviou em torno
de 150 mil homens à guerra. Cerca de 50 mil não voltaram — alguns autores[quem?]
asseveram que as mortes no caso do Brasil podem ter alcançado 60 mil se forem
incluídos civis, principalmente nas então províncias do Rio Grande do Sul e de Mato
Grosso. Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas — mais de
50% de suas tropas faleceram durante a guerra — apesar de, em números absolutos,
serem menos significativas. Já as perdas humanas sofridas pelo Paraguai são calculadas
em até 300 mil pessoas, entre civis e militares, mortos em decorrência dos combates,
das epidemias que se alastraram durante a guerra e da fome.

A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos


países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional,
ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra, no
caso do Brasil até a Segunda Guerra Mundial, e perda de praticamente 40% do território
em litígio para o Brasil e Argentina. Após a Guerra, por décadas, o Paraguai manteve-se
sob a hegemonia brasileira.

Foi o último de quatro conflitos armados internacionais, na chamada Questão do Prata,


em que o Império do Brasil lutou, no século XIX, pela supremacia sul-americana, tendo
o primeiro sido a Guerra da Cisplatina, o segundo a Guerra do Prata, e o terceiro a
Guerra do Uruguai.

6. Escravos e homens livres na Colônia.

Escravidão no Brasil: No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na


primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas
colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do
Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se
fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro
daqueles mais fracos ou velhos.

O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros.
Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil,
sendo que os corpos eram lançados ao mar.

Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos
eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo
apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas
senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas.
Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais
comum no Brasil Colônia.

Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e
rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de
engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições
e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus
rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até
desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.

As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de


engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos.
Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da
colônia.
No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após
adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida,
conseguiam tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da
sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas.

O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as
revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os
famosos quilombos. Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes
viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia
na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus
rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.

Campanha Abolicionista e a Abolição da Escravatura: A partir da metade do século


XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em
ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês aprovou a
Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de escravos, dando o poder aos ingleses
de abordarem e aprisionarem navios de países que faziam esta prática.

Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que
acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do
Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E
no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos
escravos com mais de 60 anos de idade.

Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no
Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea,
feita pela Princesa Isabel.

A vida dos negros após a abolição da escravidão: Se a lei deu a liberdade jurídica aos
escravos, a realidade foi cruel com muitos deles. Sem moradia, condições econômicas e
assistência do Estado, muitos negros passaram por dificuldades após a liberdade. Muitos
não conseguiam empregos e sofriam preconceito e discriminação racial. A grande
maioria passou a viver em habitações de péssimas condições e a sobreviver de trabalhos
informais e temporários.

7. Religião, cultura e educação na Colônia.

A igreja no Brasil Colônia: O Estado português controlava a Igreja através da Lei do


Padroado, que submetia o clero à autoridade estatal, bem como, permitia que o rei
criasse bispados, nomeasse seus bispos e arrecadasse o Dízimo. Além disso, pagava
gratificações ao clero, construía os templos e fornecia toda a infra-estrutura para o
funcionamento da Santa Inquisição, que, em Portugal e suas colônias, perseguia
principalmente os judeus e cristãos-novos (judeus convertidos ao cristianismo), pois
julgavam que estes últimos apenas fingiam ter se convertido.

Toda a ação da Igreja foi de apoio ao processo de conquista e colonização do Brasil.


Muitos grupos de sacerdotes vieram para cá, mal se deu o “descobrimento”. Merecem
destaque os carmelitas e, principalmente, os jesuítas, que eram os responsáveis pela
educação da aristocracia rural e pela catequização dos índios, feita nas Missões ou
Reduções, que visava não só o ensino do catolicismo para aquisição de novos fiéis,
como também para eliminar a cultura indígena e facilitar sua dominação. Os jesuítas
foram os que mais lutaram contra escravização dos índios, mas usavam-nos como mão-
de-obra gratuita, inclusive para a aquisição das drogas-do-sertão.

A religião praticada pela população nesse período foi marcada pelas reminiscências da
religiosidade popular européia e pelas contribuições culturais dos negros e dos índios, o
que não agradava ao clero católico. Para combater as chamadas “impurezas da fé”, eram
freqüentes as Visitações do Santo Ofício (Inquisição). Aliás, as regiões do Maranhão, de
Pernambuco, da Paraíba, do Grão-Pará e da Bahia, foram as que mais receberam as
Visitações, devido à grande presença de índios, negros, e também de judeus e cristãos-
novos, que vinham para cá com o objetivo, muitas vezes, de manterem secretamente sua
religião, o judaísmo. Apesar da violência, essas ações nunca conseguiram eliminar o
sincretismo religioso, principalmente por parte dos negros escravos.

Drogas do sertão é um termo que se refere a determinadas especiarias extraídas do


chamado sertão brasileiro na época das entradas e das bandeiras. As "drogas" eram
produtos nativos do Brasil, que não existiam na Europa e, por isso, atraíam o interesse
dos europeus que as consideravam como novas especiarias (cacau, baunilha, canela,
castanha-do-pará, cravo, guaraná, pau-cravo, urucum).

Bandeirantes é a denominação dada aos sertanistas do Brasil Colonial, que, a partir do


início do século XVI, penetraram nos sertões brasileiros em busca de riquezas minerais,
sobretudo o ouro e a prata, abundante na América espanhola, indígenas para
escravização ou extermínio de quilombos.

A maioria dos bandeirantes eram descendentes de primeira e segunda geração de


portugueses em São Paulo, sendo os capitães das bandeiras de origens europeias
variadas, havendo não só descendentes de portugueses, mas também de galegos,
castelhanos e cristãos novos. Compunham minoritariamente as tropas segmentos de
índios (escravos e aliados) e caboclos (mestiços de índio com branco), normalmente
chegando a, no máximo, vinte por cento do contingente total, e executando as tarefas
secundárias da tropa, tal qual a manutenção dos mantimentos e cuidados dos animais de
abate.

A Educação Colonial: Conforme já foi dito anteriormente, a educação estava sob o


controle da Igreja, principalmente dos jesuítas, pelo menos até o Marquês de Pombal
expulsá-los.

Marquês de Pombal foi o principal responsável pela abolição da escravidão em


Portugal, reorganizou o sistema de educação, melhorou as relações com a Espanha e
publicou um novo código penal. Além de fortalecer a marinha portuguesa e reorganizar
o exército, também como aplicação dos princípios do mercantilismo, introduziu novos
colonos nos assentamentos portugueses, fundou a Companhia das Índias Orientais e
outras companhias para negociar com o Brasil. A agricultura, o comércio e as finanças
melhoraram. Contudo, suas reformas, todas elas emolduradas dentro do conhecido
despotismo iluminista, enfrentaram uma grande oposição, especialmente dos jesuítas e
da aristocracia.

Em 1758, a vida do rei sofreu um atentado, desta forma, Pombal conseguiu implicar os
jesuítas e os nobres. Alguns destes últimos foram torturados até a morte (outros foram
executados depois de um breve julgamento, foi o caso da família Távora e do duque de
Aveiro). O envolvimento da Companhia de Jesus na Guerra Guaranítica (Rio Grande do
Sul) levou Pombal a expulsar os jesuítas de Portugal e do Brasil em 1759. Em 1770, o
rei lhe concedeu-lhe o título de marquês.

A educação era privilégio das classes ricas, pois as famílias tradicionais faziam questão
de terem um doutor (médico ou advogado) e um padre. Era usada como instrumento de
legitimação da colonização, inculcando na população idéias de obediência total ao
Estado português. É importante notar, porém, que alguns sacerdotes participaram de
rebeliões contra Portugal, mas os que o fizeram, expressavam sua opinião e não a
posição oficial dos jesuítas e da Igreja Católica. Os jesuítas impunham um padrão
educacional europeu, fora da realidade local, desvalorizando completamente os aspectos
culturais dos índios e dos negros.

Aspectos da cultura colonial: A cultura produzida no Brasil Colônia não foi fruto de
uma elite ativa, politizada e com idéias de independência em relação a Portugal. Deve-
se reconhecer, porém, que, apesar da forte repressão das autoridades portuguesas, houve
debates importantes sobre o assunto, além, é claro, dos movimentos separatistas, mas
estes últimos só ocorreram no final do período colonial.

É importante destacar que o nível cultural da América Espanhola, na qual havia


Universidades, era muito superior ao do Brasil. Segundo sociólogos, como Florestan
Fernandes e Fernando Henrique Cardoso, e historiadores, como Bóris Fausto e Marco
Antônio Villa, a presença marcante da escravidão contribuiu para dificultar um maior
diálogo cultural, limitando até a vida social da colônia portuguesa. Observemos alguns
destaques da produção cultural colonial:

Literatura: Nos séculos XVI e XVII, destacamos a chamada Literatura de Informação


ou dos Viajantes, que abordava aspectos do cotidiano dos colonos e nativos e fornecia,
em muitos casos, informações detalhadas sobre natureza, clima, alimentação, etc.
Merecem destaque:

Gregório de Matos e Guerra, conhecido como Boca do Inferno, que apesar de se inspirar
nas regras do Barroco europeu, desenvolveu idéias próprias e retratou a sociedade
brasileira colonial, principalmente com seus poemas satíricos, como Os Epílogos.

O padre Antônio Vieira foi o maior orador religioso da língua portuguesa, com seus
famosos Sermões (Sermão da Sexagésima, Sermão dos Peixes, Sermão para o Bom
Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda, etc.).

No século XVIII, destacamos o Arcadismo Mineiro, com seu bucolismo e com sua
linguagem mais simples que a do Barroco. Seus autores usavam pseudônimos, imitando
os europeus e quase todos participaram da Inconfidência Mineira: Tomás Antônio
Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama, Frei José de Santa Rita Durão,
Silva Alvarenga, etc.

Arquitetura e Escultura: Sem dúvida, o maior destaque foi Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho que projetou várias igrejas no interior de Minas Gerais, como em Vila Rica,
Sabará e Congonhas do Campo. É considerado como um dos mais importantes
escultores americanos e o maior do Brasil e trabalhava tanto com madeira, quanto com
pedra sabão. Entre suas obras destacam-se: Os Doze Profetas, no Santuário de Bom
Jesus de Matosinhos; as figuras dos passos da Paixão de Cristo; Madonas, etc. Merece
destaque também o Mestre Valentim, que projetou o Passeio Público, no Rio de Janeiro.

Música: O grande destaque foi o Padre José Maurício Nunes Garcia, no século XVIII,
que viveu em Minas Gerais e No Rio de Janeiro. Autor de mais e 400 composições,
entre as quais se destacam: Missa de Réquiem e Missa Pastoril Para A Noite de Natal.

8. Os negros no Brasil: culturas e confrontos.

A participação dos negros no Brasil Colonial aconteceu a partir do momento em que a


experiência colonial portuguesa estabeleceu a necessidade de um grande número de
trabalhadores para ocuparem, em princípio, as grandes fazendas produtoras de cana-de-
açúcar. Tendo já realizada a exploração e dominação do litoral africano, os portugueses
buscaram nos negros a mão de obra escrava para ocupar tais postos de trabalho.

Foi daí que se estabeleceu o tráfico negreiro, uma prática que atravessou séculos e
forçou diversos negros a saírem de seus locais de origem para terem seus corpos
escravizados. Além da demanda econômica, a escravidão africana foi justificada pelo
discurso religioso cristão da época, que definiu a experiência escravocrata como um tipo
de “castigo” que iria aproximar os negros do cristianismo.

Em terras brasileiras, a força de trabalho dos negros foi sistematicamente empregada


pela lógica do abuso e da violência. As longas jornadas de trabalho estabeleciam uma
condição de vida extrema, capaz de encurtar radicalmente os anos vividos pelos
escravos. Ao mesmo tempo, a força das armas e da violência transformavam os castigos
físicos em um elemento eficaz na dominação.

Durante a exploração colonial, a mão de obra negra foi amplamente utilizada em outras
atividades como na mineração e nas demais atividades agrícolas que ganharam espaço
na economia entre os séculos XVI e XIX. Mesmo destacando tais abusos, também
devemos sinalizar a contrapartida desse contexto exploratório, com a presença de várias
formas de resistência à escravidão.

As rebeliões eram realizadas a partir das articulações dos escravos e, em diversos


relatos, aparecem como uma preocupação constante dos senhores de escravo.
Paralelamente, as fugas e a formação de quilombos também se tornaram práticas que
rompiam ativamente com o universo de práticas que definia o sistema colonial. De tal
forma, vemos a presença de uma resposta a essa prática que cristalizou o abuso e a
discriminação dos negros em nossa sociedade.

Do século XV ao século XIX, a escravidão foi responsável, em todo o continente


americano, pelo trânsito de mais de 10 milhões de pessoas e pela morte de vários
indivíduos que não sobreviveram aos maus tratos vivenciados já na travessia marítima.
Ainda hoje, a escravidão deixa marcas profundas em nossa sociedade. Entre estas,
destacamos o racismo como a mais evidente.

9. Rebeliões e tentativas de emancipação.

10. O período joanino e a Independência.


11. Primeiro Reinado e Regência: organização do Estado e lutas políticas.

12. Segundo Reinado: economia, política e manifestações culturais.

14. Imigração e abolição.

15. A crise do Império e o advento da República.

16. Confrontos e aproximações entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai (séculos


XIX, XX e XXI).

17. Movimentos sociais no campo e nas cidades no período republicano.

18. Política e Cultura no Brasil República.

19. As transformações da condição feminina depois da 2a Guerra Mundial.

20. O sistema político atual.

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