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UNESP/FUNEP/EECB
NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE
CITROS
Bibliografia
CDU 634.3
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ................................................................... 1
1. INTRODUÇÃO
Dentre os fatores de produção, a adubação mineral é
o meio maior, mais rápido e mais barato para se aumentar a
produtividade dos pomares de citros. A adubação, em termos
muito simples, pode ser definida conforme a seguinte
expressão:
(1)
Engº Agrº, Professor Titular do Departamento de Ciência do Solo.
ESALQ/USP. Caixa Postal 09 - Piracicaba, SP. CEP 13.418-900. E-mail:
gcvitti@carpa.ciagri.usp.br
(2)
Engº Agrº M.S. Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro,
CP.49, 14710-000 - SP.
1
Assim para o nitrogênio, considerando uma exportação
de cerca de 80g/caixa de laranja, tem-se de fornecer
aproximadamente 150g/caixa de 40,8kg.
Do exposto acima, tem-se que, além de conhecer as
exigências nutricionais dos citros, bem como a fertilidade do
solo, o primeiro passo é diminuir as perdas de fertilizantes
através de adoções de práticas de conservação do solo e de
melhoria do ambiente radicular, principalmente pela correção
do solo.
O quê?
Quanto?
Quando?
Como?
2
2.2. Quantidades (Quanto?)
Parte N P K Ca Mg
------------------- g --------------------
Raízes 33 2 20 50 2
Tronco e ramos lignificados 157 3 39 307 6
Ramos não lignificados 10 0,5 4 44 2
Folhas 102 3 18 260 18
Frutos 156 12 188 100 16
Total 457 19 267 760 42
Parte B Cu Fe Mn Zn
------------------ mg -----------------
Raízes 36 237 9700 450 128
Tronco e ramos lignificados 153 145 3379 205 96
Ramos não lignificados 13 15 160 15 28
Folhas 169 30 843 206 68
Frutos 117 117 592 155 122
Total 487 544 14674 1030 442
3
Analisando esses dados, observa-se, em termos de extra-
ção, que o Ca é o elemento mais exigido, seguido pelo N e K.
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Na Tabela 2, são apresentadas as quantidades de
nutrientes exportadas por uma caixa de laranja, em função
da variedade.
Analisando os dados da Tabela 2 tem-se que, em termos
de macronutrientes primários, uma caixa exporta em média:
Períodos N P K
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Em termos práticos pode-se optar pelo fornecimento
dos três nutrientes em conjunto através do uso de fórmulas
N-P2O5-K2O em 3 (pomar em produção, variedades precoces,
ano de baixa precipitação) ou 4 parcelamentos (pomar em
formação, variedades tardias, anos de precipitação excessiva)
ou, ainda, fornecer todo o P2O5 no primeiro parcelamento.
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3. AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO
O segundo parâmetro para definição da adubação é
dimensionar a fertilidade do solo, a qual baseia-se
principalmente em três métodos: diagnose visual, diagnose
foliar e análise química do solo, devendo os três serem
utilizados simultaneamente.
N P S B
K Cl Zn Ca
Na Mg Cu
Mn
Fe
Mo
Elementos Sintomas
Nitrogênio Amarelecimento uniforme, queda das folhas mais
velhas e morte descendente dos ramos (die back)
Fósforo Separação dos gomos dos frutos, bronzeamento
e desfolha intensa das folhas mais velhas
Potássio Frutos menores, casca mais fina e menor
resistência ao transporte, armazenamento, pragas,
doenças e ao clima
Cálcio Afeta principalmente o desenvolvimento do
sistema radicular
Magnésio Clorose das folhas mais velhas com um “V”
invertido verde
Boro Folhas mais novas com nervuras salientes, folhas
assimétricas e com falta de tecido, frutos pequenos,
duros e secos com albedo espesso
Manganês Folhas novas sem brilho, com clorose entre as
nervuras, não sendo o tamanho da mesma afetado
Zinco Folhas novas menores, lanceoladas com clorose
internerval, queda prematura e internódios curtos
Cobre Seca da ponta dos ramos e queda prematura dos
frutos
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Na Foto 1 encontram-se apresentados sintomas de
deficiência de magnésio (Mg) em Pêra. Na Foto 2 é possível
observar sintomas de deficiência de zinco (Zn), sendo que a
Foto 3 mostra uma provável deficiência de cobre (Cu) em
Westin e a foto 4, sintomas de toxidez de boro (B) em Ponkan
pela aplicação do elemento na cova de plantio.
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Assim, a falta de elementos móveis provoca,
inicialmente, sintomas de deficiência em partes mais velhas,
enquanto que os de elementos menos móveis, em partes
mais novas da planta.
Na Tabela 6 é apresentado resumo prático dos sintomas
visuais de deficiência dos nutrientes em citros.
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Foto 3. Planta de Westin, apresentando provável sintoma de
deficiência de cobre.
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Coletam-se 4 folhas por árvore, uma em cada quadrante,
à meia altura da planta. De cada talhão, homogêneo quanto
a solo, planta e manejo, retirar amostras de pelo menos 25
árvores, as quais, após misturadas, irão formar a amostra
composta representativa do talhão.
Na Tabela 7 são apresentadas as faixas de interpretação
de teores de nutrientes em folhas coletadas segundo os
critérios citados.
(1)
Esta é a nova representação, pelo SI. Os resultados em g/kg são 10
vezes maiores que os expressos em porcentagem (%). Os valores
expressos em ppm e em mg/kg são numericamente iguais.
(2)
Para a variedade de laranja Westin, os teores adequados de Cu sugeridos
são 10-20mg/kg.
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3.3 Análise Química do Solo
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3.3.2. Interpretação dos Resultados
(1)
Manter, no mínimo, 10% da CTC com Mg e 40% com Ca
(2)
Esta é a nova representação, pelo SI. Os resultados expressos em mmolc
dm-3 (mmol de carga por decímetro cúbico). São 10 vezes maiores do
que os expressos em meq/100cm3, usados anteriormente.
Classes de S B Cu Mn Zn
teores
------------------------ mg/dm3 -------------------------
Baixo < 10 < 0,60 < 2,0 < 3,0 < 2,0
Médio 10-20 0,60-1,2 2,0-5,0 3,0-6,0 2,0-5,0
Alto > 20 > 1,2 > 5,0 > 6,0 > 5,0
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4. MANEJO QUÍMICO DO SOLO
4.1. Calagem
onde:
NC = necessidade da calagem expressa em t ha-1 para a
profundidade de 0-20cm.
CTC = capacidade de troca catiônica do solo, em mmolc dm -3
V1 = saturação por bases do solo
V2 = saturação em bases desejadas para citros (60-70%)
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário
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É importante na escolha do tipo de calcário atentar
para a relação Ca/Mg do mesmo visando atender os valores
mínimos dos mesmos na CTC, conforme rodapé da Tabela
8. Além disso, procurar direcionar a aplicação do calcário
em faixa (faixa adubada), conforme amplamente discutido
em VITTI et al. (1996).
4.2. Gessagem
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Foto 5. Abertura de trincheira para avaliação do sistema radicular.
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O plantio dos adubos verdes deve ser feito a partir dos
meados de outubro, semeando-se linhas espaçadas de 0,5 m,
sendo fundamental para o sucesso dessa prática o número de
sementes/m e a quantidade/ha, conforme Tabela 10.
Crotalaria juncea 25 30
Feijão guandu 20 a 25 60
Lab lab 10 a 12 55
Feijão-de-porco 3a4 100
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Foto 7. Plantio do lab lab em linha, em semeadura mecânica,
após uso de glifosato.
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4.4. Adubação Orgânica
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Tabela 12. Sugestões para adubação orgânica em citros.
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Tabela 13. Recomendação de calcário e adubo para o sulco de
plantio. (GPACC, 1994).
Produtos P 2O 5 Ca Mg S Zn
total ---------------- % ----------------
Produtos B Cu Mn Mo SiO 2
--------------------------------------- % --------------------------------------
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dos nutrientes B, Zn, Ca e Mg, também apresenta efeito
corretivo de acidez de solo. Por outro lado, quando do uso
do multifosfato magnesiano, também levar em consideração
para a recomendação da dose do mesmo o teor de P do
solo, acrescentando junto com o mesmo as doses de calcário
já citadas.
K trocável, mmolc/dm3
<0,8 0,8-1,5 1,6-3,0 >3,0
-------------------- K2O (g/planta) --------------------
20 0 0 0
80 60 0 0
150 100 50 0
200 140 70 0
300 210 100 0
(1) Para a variedade de laranja Valência, reduzir em 20% as doses de potássio.
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4.5.3. Adubação de Produção
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Tabela 16. Recomendações de adubação para laranjas(1) e lima ácida Taiti em produção, em função da
análise do solo e das folhas. As doses foram calculadas para máximo lucro por área, baseando-
se no preço de U$ 3.00 por caixa de 40,8kg(1) (GPACC, 1994).
(1)
Quando a variedade for Valência, reduzir 20% as doses de potássio.
(2)
Quando o teor de N nas folhas for superior a 30 g/kg, reduzir sua dose em 1/3 da recomendada quando o N nas
folhas estiver entre 28 e 30 g/kg.
(3)
Quando o teor de K nas folhas for superior a 19 g/kg, reduzir a adubação potássica suprimindo o K do último
parcelamento.
25
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Tabela 17. Recomendações de adubação para limões e tangerinas, em função da análise do solo e das
plantas. As doses foram calculadas para máximo lucro por área com preço a 3 dólares por caixa
de 40,8 kg (GPACC, 1994).
(1)
Quando o teor de N nas folhas for superior a 30 g/kg, reduzir sua dose a 1/3 da recomendada quando o N nas folhas estiver entre
28 e 30 g/kg. (2). Quando o teor de K nas folhas for superior a 19 g/kg, reduzir a adubação potássica suprimindo o K do último
parcelamento. (3). Limões Siciliano, Eureka, Feminello e outros.
As fontes mais tradicionais para a aplicação foliar dos
micronutrientes são na forma de sais, estando a
recomendação oficial do GPACC (1994) apresentada na
Tabela 18.
% g
Sulfato de zinco 0,30 (1) 300
Sulfato de manganês 0,20 200
Ácido bórico 0,10 100
Uréia 0,50 500
Cloreto de potássio 0,25 250
(1)
Em laranja Pêra, ou em outras variedades, quando houver constatação de
deficiência aguda de zinco, a concentração de sulfato de zinco na solução
deverá ser aumentada para 0,5%, isto é, 500g para 100 litros de água.
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mesmo no solo. Além da qualidade dos sais, o sucesso da
aplicação foliar depende também de outros fatores, como
compatibilidade de produtos e de nutrientes, tempo de
absorção dos mesmos pelas folhas, isto é, problemas de
lavagens pela ocorrência de precipitação após a aplicação, e
fatores relacionados com uma boa aplicação sobre a planta.
Podem também ser utilizados como fontes de
micronutrientes, produtos quelatizados, principalmente para
Zn e Mn, os quais, desde que oriundos de um bom quelato,
têm vantagens na economia da dose, bem como diminuem
riscos de incompatibilidade no interior do tanque de
pulverização.
Nas Fotos 8, 9 e 10 estão apresentados, respectivamente,
pomares de Murcote (Brotas, SP), Natal (Bariri, SP) e Valência
(Araraquara, SP), adotando-se técnicas adequadas de manejo.
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Foto 9. Pomar de Natal em Bariri-SP.
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5. TRABALHOS DA E.E.C.B EM NUTRIÇÃO
E ADUBAÇÃO DOS CITROS
6. LITERATURA CITADA
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MARCHAL, J., LACOEUILHE, J.J. Bilan mineral mandarinier
Wilking. Influence de la production e de l’état végétatif
de l’arbre sue la composition minérale. Fruits. n.24. 1969.
p.299-318.
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