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INVERTIDA
Flávia Moraes Simões – 1º Ten e professora de Matemática do CMBH
Aqui, vamos falar sobre a minha experiência na logística para implementar a sala de aula
invertida, focalizando a produção de vídeos. Vamos utilizar como base teórica para este
objetivo, o capítulo 4 do livro “Sala de aula invertida – uma metodologia ativa de
aprendizagem” de autoria de Jhonatan Bergmann e Aaron Sams (2016), professores americanos
de Química, criadores dessa metodologia.
Se por fim, decidir não produzir videoaulas para implementar a metodologia da Sala de Aula
Invertida, pense na possibilidade de produzir vídeos mais simples para, por exemplo, corrigir
exercícios, deixando-o disponível para os alunos por um período maior, sem utilizar uma aula
inteira para esse fim. Você pode pensar também na possibilidade de produzir pequenos vídeos
para abordar conhecimentos mais complexos, para que alunos com mais facilidade no conteúdo
possam aprofundar-se sem confundir os alunos que possuem mais dificuldade ou tomar o tempo
de alunos que não têm interesse no assunto.
Na maioria das vezes, quando começamos a produzir os vídeos, eles não serão tão bons. Nem na
qualidade da edição, nem na sua familiaridade com a gravação. Se você se dedicar a essa
atividade, com o tempo os vídeos vão ficando cada vez melhores. Além disso, é preciso dizer que,
no início, provavelmente, levará mais de 5 horas para se produzir um vídeo de 10 minutos. Mas,
à medida que você ganha familiaridade com os equipamentos, esse tempo se reduz a uma
proporção de 3 min de trabalho de edição para cada 1 min de vídeo. Mas esse tempo será
otimizado ano a ano, pois o material produzido pode ser aperfeiçoado e ficar disponível por um
período bem maior para os alunos.
Como produzir vídeos
Há várias maneiras de se produzir um vídeo:
I. Da maneira mais tradicional e mais pensada quando falamos de videoaulas: uma
câmera que filma um professor dando sua aula e utilizando uma TV, projetor ou
quadro, ao fundo, como recurso didático. Essa maneira eu considero mais onerosa,
pois é necessário investimento em equipamentos como câmeras, microfones,
refletores, cenários.
II. Utilizando recursos de anotações manuais em papel. Essa é uma boa opção para
quem tem pouca familiaridade com os recursos tecnológicos, pois requer pouca
intervenção. A videoaula tem que ser curta e direta. É, deste modo, uma boa
maneira para disponibilizar resumos. O maior problema é que não há correção
rápida em caso de erro nas anotações. Se errar, terá que fazer tudo de novo.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kTJ0_upUzrc
Para produzirmos esse tipo de videoaula utilizamos, primeiramente um programa para fazer a
apresentação da aula, como por exemplo, o PowerPoint. Depois, utilizamos um programa que
grava a tela do computador, nossa voz, nosso rosto, e, as anotações que fazemos, durante a
gravação, com a mesa digitalizadora. O mais utilizado para o sistema operacional Windows é o
Camtasia Studio. Para o iOS, indicamos o QuickTime Player, que já vem instalado. Por fim,
editamos a videoaula com um software para esse fim, como, novamente, o Camtasia Studio
para Windows ou o iMovie, que também já vem instalado, para iOS.
O recurso da caneta digital é muito útil para as aulas que envolvem a solução de problemas
matemáticos. A produção prévia de um monte de números, para serem projetados em uma
apresentação em PowerPoint não é um recurso tão dinâmico quanto as anotações simultâneas
com uma caneta digital, em tempo real, descrevendo nosso processo mental à medida que
explicamos a solução do problema. Outros recursos, como PIP (picture-in-picture), clipes de
vídeo, e muitos itens pós-produção, podem melhorar a qualidade dos vídeos.
1.Planejamento da aula.
Defina o(s) objetivo(s)/descritor(es) da aula e avalie como a videoaula atenderia bem ao
ensino desse tema.
Em seguida, confeccione um pequeno roteiro do vídeo contendo abertura, créditos,
abordagem do tema, desenvolvimento e exemplos. Pense se vão ser necessários outros
recursos, como gravuras ou outros vídeos. É possível colocar um vídeo importante no
meio da videoaula, como por exemplo vídeos seus ou de situações cotidianas que você
tenha capturado.
Pense também na duração da videoaula e no público-alvo. O ideal é que ela seja menor e
mais objetiva possível (eu sugeriria o máximo de 20 min). Nesse sentido, não defina
também objetivos muitos longos e, se necessário, divida os objetivos em mais vídeos
dessa sequência. Tente se limitar à um só tema, bem específico, por vídeo. Vídeos muito
longos tendem a não prender a atenção dos alunos e ficam, às vezes, sem um objetivo
claro.
Ainda, em minhas observações, pude perceber que seguir o roteiro é fundamental para
não sermos prolixos no vídeo. Se você começar a falar a mesma coisa toda hora, o aluno
pode perder o interesse. Com o tempo você perceberá que seus vídeos ficarão cada vez
melhores e dinâmicos. Não se frustre ou desista com os primeiros.
Outro conselho é que se faça uma lista de exercícios ou atividades previstas que irão
decorrer desta aula, durante esse tempo de planejamento. Às vezes esquecemos algo
importante para que o aluno desenvolva a atividade que pediremos depois. Portanto, já
planeje e faça as atividades subsequentes à videoaula nessa etapa.
Por fim, faça o documento do PowerPoint utilizando o roteiro. Deixe espaços em branco
onde quiser usar a caneta durante a aula, coloque os efeitos necessários para que a
apresentação fique mais interessante e dinâmica, e, não exagere. Muitos estímulos
costumam tirar o foco do aluno e, se depois de tudo, você achar que é preciso mais efeitos,
o editor de vídeo dispõe de algumas ferramentas que podem ser utilizadas.
2.Gravação do vídeo.
Prepare um ambiente sem ruídos, principalmente se for usar o microfone do notebook, e
com boa iluminação, caso você resolva usar sua imagem no vídeo. Treine algumas vezes
antes de gravar a primeira vez. Se errar, volte para o último ponto correto e recomece sem
a necessidade de interromper a gravação. O corte desses erros poderá ser feito durante o
trabalho de edição.
Sente-se em frente ao notebook com microfone, webcam e dispositivo de escrita e dê a
aula conforme ensaiado. Durante a gravação, pergunte aos alunos quando você achar
necessário, se há dúvidas e os peça para anotá-las.
Siga seu estilo. Caso seja um professor mais formal, dê uma aula mais formal; Caso seja
um professor mais descontraído, dê a aula mais descontraída. Não se force a ser algo que
não é. Do contrário, suas videoaulas serão muito travadas e não atingirão uma boa
qualidade.
Contudo, humor é muito bem visto pela geração atual. Uma dica para utilizar de humor,
mesmo quando não se é muito adepto a essa prática durante às aulas, é colocar alguma
situação engraçada no início do vídeo, ou de cada vídeo, de maneira contínua, dando
sequência às videoaulas. Dá um pouco mais de leveza ao vídeo. Os alunos que não
gostam, irão pular, e os que gostam vão se envolver mais com a aula.
Dê importância à sua voz e torne os vídeos mais vibrantes. Você mostra para o aluno
apenas o slide, a caneta e sua voz. Por isso, use-a da maneira mais diversificada possível.
Se souber fazer sotaques ou mudar de voz às vezes, será bem efetivo.
Evite vícios na linguagem, aqueles que a gente só percebe no fim da gravação. Eu, por
exemplo, falo muito “beleza?” no final de cada explicação. Na primeira aula que fiz,
regravei tomando o cuidado de não falar tanto assim.
Se possível, tente fazer a videoaula em parceria com algum outro professor. Conversas
são mais agradáveis que monólogos.
3.Edição do vídeo.
Talvez essa seja a parte mais demorada e a que mais influenciará na qualidade da
videoaula. Corte todas as partes desnecessárias e dos erros. Para ter ideias do que colocar
– zoom, legendas, chamadas, sons, imagens e efeitos – veja outras videoaulas e escolha
uma que você mais se identifica para imitar. Para editar, os softwares que indiquei aqui
são de fácil manuseio.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=dN7oYgKxnPo
Para escolher a trilha sonora do seu vídeo, recorra a sites de músicas livres de direitos
autorais. Há vários disponíveis na internet.
Podemos utilizar o zoom para limitar o foco do aluno na região da tela que realmente
importa para a compreensão do conteúdo naquele momento da videoaula. Exemplos de
uso são: para destacar uma calculadora usada na hora da apresentação; para a análise de
uma região de um gráfico, ilustração, mapa, entre outras necessidades da videoaula. É
uma boa ferramenta de destaque.
Já sobre a chamada, podemos dizer o seguinte:
Chamada é uma caixa de texto, uma forma ou algum outro objeto que
aparece durante algum tempo no vídeo e depois desaparece. Estudantes
consideram esse recurso muito útil porque chama sua atenção para
elementos-chave no vídeo. Também usamos essa ferramenta para
mostrar os passos da solução de um problema. Por exemplo, recorremos
a chamadas para listar o passo a passo de um processo. Identificamos
essa evolução durante a gravação, mas também a destacamos
visualmente com as chamadas.
Depois de alguns vídeos você criará sua própria maneira de editar, uma abertura
característica dos seus vídeos, de abordagem do tema e terá seu próprio estilo e, isso tudo
se torna sua marca. É nessa fase também que você insere suas gravações caso tenha feito
e queira incluir na videoaula.
Quando terminar a edição não se esqueça dos direitos autorais. Tudo que você usou, que
não foi produzido por você, tem que ser referenciado nos créditos ou durante a
apresentação. Como esse vídeo será postado, deve-se dar bastante atenção a este quesito.
4.Divulgação do vídeo.
http://ava.cmc.eb.mil.br/moodle/course/view.php?id=277
Após alguma experiência, vejo que às vezes o AVA não tem o número de acessos
desejado, o que pode acarretar o insucesso do objetivo da criação da videoaula ou até
mesmo do método da sala de aula invertida. Assim, como sugestão, acho que você pode
fazer a ponte com um aluno mais responsável, por WhatsApp, para que ele divulgue o
link do vídeo via mensagem de aplicativos para os outros alunos.
Utilizando dessas duas estratégias de divulgação, creio que todos os alunos terão a
oportunidade de assistir aos vídeos.
Referência: BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida – uma metodologia ativa
de aprendizagem. 1. ed. Rio de Janeiro: 2016.
Graduada em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal de Saõ Joaõ del-
Rei (UFSJ). Participou do Programa de Iniciação Cientif́ ica e Mestrado (PICME) sob a
responsabilidade do Programa de Pós Graduação em Matemática da UFMG (PGMAT)
como bolsista CNPq. Possui Especialização em Aplicações Complementares às Ciências
Militares, na linha de pesquisa educação com o tema educaçaõ inclusiva. Já lecionou no
Colégio Militar de Curitiba (CMC) e, atualmente, é docente no Colégio Militar de Belo
Horizonte.
Tem interesse pelo uso de novas tecnologias no ensino de Matemática e pela Metodologia
da Sala de Aula Invertida.