Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Teoria de Campo Lewin - Itgt PDF
Teoria de Campo Lewin - Itgt PDF
Hall e Lindzey afirmam ainda que os conceitos da teoria de campo foram aplicados por Lewin a uma
ampla variedade de fenômenos psicológicos e sociológicos, que incluem o comportamento infantil, a
adolescência, a deficiência mental, problemas dos grupos de minoria, diferenças caracterológicas dos povos
e dinâmica de grupo. À semelhança de muitos outros teóricos da personalidade, Lewin não era um
pensador fechado em uma torre de marfim, com as costas voltadas para os problemas da sociedade.
Homem de espírito humanitário e democrático procurou diretamente solução para alguns problemas do
mundo atual.
Yontef (1998) levanta o seguinte questionamento:
“Por que necessitamos de uma Teoria de Campo? Por que os terapeutas precisam estudar algo tão
abstrato quanto a teoria de campo? A Gestalt-terapia tende a atrair terapeutas que ficam à vontade com
nossa ênfase na experiência concreta factual, na expressão direta das emoções, e assim por diante. Por
que não enfocar apenas a experiência sensorial do aqui-e-agora, adicionar um pouco de experiência clínica
e deixar por isso mesmo?”
Segundo ele, a teoria e a prática da Gestalt-terapia estão construídas sobre a importância de
adquirir consciência do nosso processo de awareness. O processo de nosso pensamento é um aspecto
importante. Nós o tratamos em terapia e precisamos tratá-lo também em nossas teorizações e
ensinamentos. Perls, Hefferline e Goodman (1951) discutem a necessidade de interação entre a maneira de
pensar e a de estar inserido no mundo. O que alguém pensa a respeito do mundo, incluindo sua orientação
filosófica em parte, é uma função do caráter e viceversa; o caráter é, em parte, uma função da nossa
maneira de pensar. A teoria de campo indica o processo pelo qual pensamos.
A teoria de campo auxilia a focar o que é importante e essencial, e o que é periférico nas nossas
ações. Pode ser útil identificar as trivialidades que reduzem a intensidade da preparação para as diferentes
maneiras de fazermos e estudarmos as coisas. A teoria de campo pode fornecer orientação e
posicionamento, por exemplo, na avaliação e na assimilação de idéias, metodologias e novas tecnologias. A
teoria de campo pode não apenas suprir orientação intelectual para nossas pesquisas e terapias, como
também prover um referencial para se comunicar.
A teoria de campo é uma parte vital da teoria da Gestalt-terapia, sobre a qual a metodologia da
Gestalt-terapia é construída; um Gestalt-terapeuta que deseja uma compreensão abrangente de sua
abordagem escolhida precisa estudar teoria de campo. Alguns dos conceitos centrais da Gestalt-terapia são
difíceis ou impossíveis de entender, sem a atitude teórica de campo. Talvez seja possível levar a prática de
Gestalt-terapia apenas com um estudo superficial da teoria de campo, mas é certamente necessária uma
compreensão mais profunda para realizar trabalho teórico, de ensino ou treinamento. Qualquer pessoa que
ensine ou escreva sobre teoria da gestalt necessita de um entendimento detalhado da teoria de campo.
O ponto de vista da teoria de campo da Gestalt-terapia poderia auxiliar a resolver muitos assuntos
da psicologia que estão sem solução por estarem baseados em dicotomias lógicas, pensamento
mecanicista e modelos causais simplistas. Enquanto tais modelos funcionam para certos tipos de
exploração e dentro de certos parâmetros, tais como os da física newtoniana, que funcionam com precisão
dentro dos parâmetros de sua operação, eles não respondem pela amplitude de variação das situações e
dados, seja na física ou na psicologia.
A teoria de campo capacita a Gestalt-terapia a manter o foco na pessoa, como agente ativo, ter
sempre em mente as complexidades das relações de campo no presente, e das mudanças que,
inevitavelmente, ocorrem com o passar do tempo e os diferentes contextos e maneiras pelas quais as
pessoas constroem os seus sef(ves). O conceito de self requer elaboração e desenvolvimento adicionais,
que ultrapassam o escopo deste artigo.
Há muitos conceitos dinâmicos na Gestalt-terapia que podem ser adequadamente entendidos em
termos de teoria de campo. Alguns deles são: campo organismo/ambiente; fronteira; suporte: figura/fundo;
relação dialógica; construção fenomenológica de uma percepção, e assim por diante.
Assim, neste capítulo, introduziremos uma noção geral de teoria de campo, focalizando nossa
atenção sobre a teoria de Lewin a respeito da estrutura da personalidade, destacando a importância do
meio psicológico, pois a pessoa e seu meio são regiões interdependentes do espaço vital, bem como
algumas características dinâmicas deste campo. Esta explanação será realizada sob a perspectiva de
alguns renomados autores, a saber, Hall e Lindzey, Gary M. Yontef e Jorge P. Ribeiro.
ESTRUTURA DA PERSONALIDADE
O primeiro passo para a definição da pessoa como um conceito estrutural ( Lewin apud Hall e
Lindzey, 1973) consiste em representá-la como entidade à parte de tudo. Isso pode ser feito de duas
maneiras: pela definição do dicionário e pela representação espacial da pessoa. Lewin optou pela segunda,
porque as representações espaciais podem ser tratadas matematicamente, o que não é possível com as
definições verbais. Desde o princípio, portanto, Lewin procura matematizar seus conceitos. Segundo Lewin
as representações matemáticas requerem formulação precisa, ao passo que as definições verbais podem
ser inexatas e ambíguas, e isso constitui importante vantagem desse tipo de estratégia científica. As
representações matemáticas tornam possível a divulgação de informações importantes. Não nos
esqueçamos de que o tipo de matemática empregado por Lewin não é aquele que conhecemos. A
matemática de Lewin não é métrica quanto ao caráter, e descreve as relações espaciais em termos não
euclidianos. É essencialmente um tipo de matemática para descrever interconexões e intercomunicações
das regiões espaciais, sem referência a grandeza ou forma.
O isolamento da pessoa do resto do universo se obtém pelo desenho de uma figura fechada. Os
limites da figura definem os limites da entidade conhecida como a pessoa. Tudo o que cai dentro dos limites
é P (pessoa); o que fica fora é não-P. O único aspecto significativo da figura 1 (pessoa) é que ela descreve
uma área completamente delimitada e que cai dentro de uma área maior. Não faz qualquer diferença se a
figura desenhada é um círculo, um quadrado, um triângulo ou octógono, ou uma forma irregular, contanto
que seja fechada.
Lewin sustenta que a estrutura da pessoa é heterogênea, e não homogênea, que ela é subdividida
em partes separadas, porém interdependentes e intercomunicantes: a região perceptomotora e região
intrapessoal (que se subdivide em células periféricas e centrais).
Segue-se daí que duas propriedades da pessoa são determinadas pelo desenho de um círculo em
uma folha de papel. Essas propriedades são (1) Diferenciação, separação do resto do mundo, por meio de
um limite contínuo; (2) Relação parte-todo, inclusão em uma área maior. A pessoa é representada como ser
distinto, e como parte de uma totalidade maior.
P
NÃO -P NÃO -P
Fig. 1
NÃO-PSICOLÓGICO
M NÃO-PSICOLÓGICO
M
(P + M = ESPAÇO VITAL V)
Fig. 2
Embora este simples exercício de desenhar figuras possa parecer sem conseqüência, ele é
absolutamente indispensável para a compreensão e a apreciação da teoria de Lewin. É essencial, sustenta
Lewin, começar com um quadro completo da realidade psicológica, quadro da maior validade geral, e
depois prosseguir, passo a passo, destacando, nesse panorama, os pormenores pelos quais se possa
chegar a uma compreensão precisa da situação psicológica concreta. Alega Lewin que, sendo inexato o
quadro geral da realidade psicológica, será incorreto o quadro mais pormenorizado.
O círculo dentro da elipse não é mera ilustração ou plano de ensino; é uma representação fiel dos
mais gerais conceitos estruturais da teoria de Lewin, isto é, da pessoa, do meio e do espaço vital. O círculo
na elipse é um mapa, ou uma representação conceptual da realidade e, como todo mapa, sua função é
guiar o interessado por um caminho desconhecido, familiarizando-o com novos fatos sobre a realidade.
Portanto, principais conceitos estruturais abordados são: o espaço vital, que compreende uma
pessoa circundada por um meio psicológico. A pessoa diferencia-se em região percepto-motora e região
intrapessoal. A região intrapessoal divide-se em células periféricas e células centrais. O meio psicológico
também se divide em regiões. O espaço vital é circundado pelo invólucro externo que é parte do meio
objetivo, ou não psicológico.
As regiões da pessoa e do meio estão separadas por delimitações, que possuem a propriedade da
permeabilidade. As regiões do espaço vital estão interligadas, de sorte que, um fato em uma região pode
influenciar um fato em outra região. Quando isso acontece, temos uma ocorrência. O grau de interligação,
ou a extensão da influência entre regiões é determinado pela resistência das delimitações, pelo número de
regiões intervenientes e pelas qualidades de superfície das regiões.
Diz-se que as regiões do meio estão conectadas quando a pessoa pode realizar uma locomoção
entre elas. Diz-se que as regiões da pessoa estão conectadas quando podem comunicar-se entre si.
Lewin representa (define) os conceitos precedentes em termos espaciais, a fim de que possam ser
manejados por um ramo da matemática, chamado topologia. A topologia trata das relações espaciais. Não
se interessa pelo tamanho ou pela forma, nem pelas grandezas, distâncias, e outras características
convencionais do espaço. A topologia envolve relações espaciais, tais como “ser incluído em”, “parte-todo”,
“conectados-desconectados”. Lewin chama, por isso, de psicologia topológica, essa parte do seu sistema.
Yontef afirma, então, que a teoria de campo é uma abordagem para estudar algo, e “campo” é um
instrumento básico nesta abordagem. Qualquer coisa pode ser estudada por uma perspectiva de campo —
eventos, objetos, organismos ou sistemas. O que faz uma abordagem teórica, de campo é que sua filosofia
e sua metodologia aderem a certos princípios.
Isso não significa que haja uma teoria de campo verdadeira ou “correta”. Há muitas teorias de
campo diferentes e igualmente válidas, e não há nenhuma reivindicação válida para qualquer das versões
da teoria de campo de ser o caminho.
O campo é definido fenomenologicamente. A amplitude e a natureza exatas do campo e os
métodos usados variam dependendo do investigador e do que está sendo estudado. O campo pode ser tão
pequeno e rápido quanto partículas subatômicas, ou tão grande quanto o universo. As forças, em alguns
campos, podem ser observadas com os cinco sentidos humanos; em outros, não. O campo pode ser físico,
tangível ou intangível. Na Gestalt-terapia estudamos as pessoas em seus campos organismo/ambiente. O
ambiente do campo organisino/ambiente pode ser uma escola, um comércio, uma família, um casal, um
grupo de treinamento, um indivíduo em seu espaço vital etc.
Mais algumas características da teoria de campo estão listadas abaixo para orientar o leitor (Yontef,
1998):
Características do campo:
1. um campo é uma teia sistemática de relacionamentos;
2. um campo é contínuo no espaço e no tempo;
3. tudo é de um campo;
4. os fenômenos são determinados pelo campo todo;
5. o campo é uma fatalidade unitária: tudo no campo afeta todo o resto.
Características do Campo
Defino campo como: “Uma totalidade de forças mutuamente influenciáveis que, em conjunto
formam uma fatalidade interativa unificada” (Yontef, 1998, p. 185).
A abordagem de campo é holística. O Princípio da Capacidade de se Relacionar de Lewin, afirma
que um evento é sempre o resultado de uma interação entre dois ou mais fatos. Cada fenômeno é estudado
no contexto de uma complexa teia de forças inter-relacionadas. qtie se reúnem no tempo e no espaço,
formam uma fatalidade unificada chamada campo e mudam dinamicamente com o tempo. “Em psicologia, o
campo é usado para enfatizar a complexa totalidade de influências interdependentes, nas quais um
organismo funciona; a constelação de fatores independentes, que respondem por um evento psicológico”
Rua 1.128 nº 165 St. Marista CEP: 74.175-130 Goiânia - GO
Telefax: (062)3941-9798 / e-mail: itgt@itgt.com.br Site: http://www.itgt.com.br
INSTITUTO DE TREINAMENTO E PESQUISA 6
EM GESTALT TERAPIA DE GOIÂNIA-ITGT
A teia de qualquer fenômeno natural é uma fatalidade organizada integrada. Existe diferenciação
entre o que está fora e o que está dentro de uma teia de relacionamentos. Existe uma organização dinâmica
na teia de relacionamentos. As estrelas estão em relacionamento gravitacional e o sistema é organizado e
integrado. O estado de organização da teia muda no tempo, algumas vezes desintegrando (entropia), outras
transformando-se em Gestalten melhores (prägnantz).
Os psicólogos da gestalt deram muita importância ao fato de, nas relações de campo, a
organização do campo ser inerente, e não devido a um “arranjo especial”. A organização natural do campo
é como um rio encontrando o seu curso natural, pela interação com outras forças da natureza, em oposição
a caminhos concretos, sendo adicionadas à água, para forçar a água na direção de caminhos rígidos pré -
determinados. Quando há problemas ou disfunções na organização do campo, as soluções também estão
presentes nas dinâmicas do campo.
Uma boa teoria esclarece a estrutura inerente do campo. A teoria, em si, é um campo, e uma boa
teoria é desenvolvida, buscando as forças naturais que lhe são inerentes e que revelam insight da estrutura
inerente do campo de estudo, em vez de somar arbitrariamente fatores explanatórios ou utilizar dados que
não têm relacionamento inerente com a teoria.
Os campos são sempre compostos por fatores múltiplos, com inter-relações complexas, múltiplas e
diferenciadas. Em teoria de campo, uma teia de relacionamentos é sempre determinada por uma
multiplicidade de variáveis determinantes, com uma organização sistêmica inerente do todo, que é vital para
a compreensão do fenômeno em estudo. Inevitavelmente existem fatores contextuais cruciais que são parte
inerente do pensar em termos de campo, uma vez que estão contidos na lógica aristotélica ou no
pensamento newtoniano.
“Campo”e “forças” têm conotação de dinâmica, de movimento e de energia (Mesiak e Sexton apud
Yontef, 1998). Este deriva, literalmente (em física), e, por analogia (em psicologia), do estudo de campos
eletromagnéticos e do tratamento do tempo na teoria de relatividade. Usando-se a abordagem de campo
pensa-se em sobreviver, movimentar, mudar a interação energética no tempo. As forças do campo são
totais, e se desenvolvem no tempo.
“Campo: Algo que existe no espaço e no tempo, em oposição a uma partícula que existe apenas em
um ponto no tempo” (Hawking apud Yontef, 1998). O campo está ocupando o lugar que foi dos pontos ma-
teriais na física newtoniana (Einstein apud Yontef, 1998).
Lewin aponta que na psicologia “Como na física, o agrupamento de eventos e objetos em [...]
dicotomias lógicas está sendo substituído pelo agrupamento com a ajuda de conceitos seriados, que
permitem variação contínua, devido, em parte, simplesmente a maior experiência e ao reconhecimento de
que etapas de transição estão sempre presentes. De certa maneira o campo vê o mundo como um
continuum (Einstein apud Yontef, 1998) em vez de dicotomias.
Até a introdução do conceito de campo, no século XIX, a descrição da natureza era em termos de
coisas,
[...] independentes, perceptíveis, pedaços distinguíveis de matéria, cada um num determinado lugar,
num determinado tempo, e movendo-se à custa de sua ‘energia própria” ou sob a influência que cada
um exerce sobre o outro. O conceito de campo, por outro lado, afirmava que a mais fundamental des-
crição do mundo material deveria, ao contrário, ser definida em termos de continuidade - da mesma
maneira que se percebe a distribuição das ondas na superfície de águas turbulentas. (Sachs apud
Yontef, 1998)
Sob a lente da teoria de campo, o movimento substitui a estática, os eventos substituem as coisas, a
continuidade substitui a descontinuidade.
3 - Tudo é de-um-Campo
[...] objetos não são independentes de forças físicas mas adquirem sua qualidade de objeto, do
organismo que reage a elas [...] (English & English apud Yontef, 1998)
Lewin: O comportamento é uma função do campo, do qual ele é parte; uma análise de campo
começa com situações como um todo. Experienciar também é uma função do campo do qual ele é parte.
Todos os movimentos de qualquer parte são determinados pelo campo todo. “[...] as propriedades de
fenômenos relacionados são ‘derivadas por’ ou ‘dependentes do’ campo total dos quais eles são, àquele
tempo, uma parte” (English & English apud Yontef, 1998). O campo organismo/ambiente determina a
pessoa. Obviamente, esta é uma das maneiras de expressar o princípio da Psicologia da Gestalt de que o
todo determina as partes. Segundo Yontef, Parlett o denominou de: O Princípio da Organização: O
“significado deriva de olhar para a situação total, a totalidade dos fatos coexistentes” (1990).
O progresso de um paciente é uma função do campo todo. Não é determinado apenas pela força e
determinação do paciente, mas pela habilidade do terapeuta, pela relação entre o terapeuta e o paciente,
pelos fatores de organização dos provedores (clínica, hospital, seguros etc.), pela família e pelos amigos
que fazem parte do espaço vital do paciente, e assim por diante.
A propriedade essencial de um campo é seu aspecto dinâmico. Num campo dinâmico existe
interação entre todas as suas partes, de maneira que, como Kurt Lewin afirma, “o estado de qualquer parte
desse campo depende de todas as outras” (Misiak e Sexton apud Yontef, 1998). Num campo de energia,
todas as partes se inter-relacionam, e uma alteração em qualquer parte do campo ondula através do campo.
Este é um dos aspectos necessários para usar a palavra “campo”. De fato: “Num nível superficial, o leitor
pode considerar que a teoria de campo significa uma ênfase sobre a inter-relatividade de uma situação
presente, sobre a totalidade de influências que determinam esse comportamento” (English & English apud
Yontef, 1998).
A totalidade unificada pode e precisa ser diferenciada em partes para poder ser dinamicamente
entendida. Ela é uma unidade sistêmica, sem adição de elementos.
Talvez um exemplo mais claro, em psicologia, seja a família. Quando algo acontece com um membro
de uma família, de algum modo, todos são afetados. Quando uma pessoa na família muda, todos são
afetados. Com freqüência, a família como um todo tem uma necessidade que está incorporada em um
membro da família, por exemplo, o paciente estigmatizado. Todos na família são afetados por isso. Se o
paciente estigmatizado mudasse e não apresentasse mais a patologia da família, o sistema mudaria; por
exemplo, um outro membro da família pode começar a apresentar a patologia.
Do ponto de vista da teoria de campo, nenhum campo pode ser definido separadamente do tempo,
espaço e awareness (inclusive os modos de observação e medidas) do observador. Nada é absoluto e não
existe esta coisa de “objetivo”.
Yontef observa que: 1) “A forma como uma pessoa vê, depende em parte de como essa pessoa
olha”; 2) O observador afeta o objeto de seu estudo”. Lynne Jacobs acrescenta: “O observado afeta também
o observador, pois existem as observações do observado, da observação, do observador!!!” (Comunicação
pessoal, agosto, 1991); 3) “Ninguém consegue ver tudo. A pessoa só pode ter clareza sobre a posição de
observação que está sendo usada para descrever quais aspectos do fenômeno”. Esta é uma visão pós-
moderna, que nega as simples presunções newtonianas a respeito de estar separado da natureza e ser
capaz de medi-la objetivamente.
O que olhamos, como olhamos e o contexto de nossa observação determinam o que observamos.
Nos primórdios da física moderna acreditava-se que alguns fenômenos ocorriam em ondas, outros, em
partículas. Na física pós-moderna foi descoberto que o mesmo fenômeno pode ser visto como onda ou
partícula, dependendo do modo de observação. Isto aborreceu bastante algumas das maiores mentes da
física. Parece que a realidade não é objetiva nem absoluta.
7 - O princípio da contemporaneidade
O princípio da contemporaneidade de Lewin afirma que qualquer coisa que tenha um efeito está
presente no aqui-e-agora ou, em outras palavras, somente fatos presentes podem produzir comportamento
e experiência. A ênfase no aqui-e-agora tem sido uma parte tão realçada da Gestalt-terapia, que é familiar a
todos os Gestalt-terapeutas.
Na teoria da Gestalt-terapia, a contemporaneidade é definida em termos da fenomenologia de uma
pessoa, no aqui-e-agora experienciados. Desde o início, a teoria da Gestaft-terapia enfatizou o aqui-e-agora
como o ponto central do fluxo de tempo, do passado para o futuro. O “agora” não é considerado estático ou
absoluto. A awareness é um evento sensorial, que ocorre aqui-e-agora, mas inclui recordar e antecipar.
Com freqüência, diz-se que a Gestalt-terapia é uma terapia de processo. Assim, processo é um
aspecto central e necessário da teoria de campo. Mas o que é processo?
Tudo e todos se movem e vêm a ser. Na orientação de um processo, tudo é energia (movimento,
ação); tudo é estruturado pelas forças dinâmicas do campo e se move pelo tempo e pelo espaço. Assim
como o campo trata o fenômeno como uma totalidade contínua e não como partículas discretas, considera o
campo como em movimento, em vez de estático.
Na teoria de campo da Gestalt-terapia, tudo é considerado energia, e o movimento de um campo
(nossa área: o campo organismo/ambiente). Tudo é ação e está no processo de vir a ser, no processo de
evoluir e transformar. E disso que trata nossa tradução de substantivos em verbos. Qualquer fenômeno
pode ser considerado do ponto de vista de processo. Na Gestalt-terapia, para tratar de teoria há uma
preferência por linguagem de processo, descrevendo fenômenos clínicos em termos de processo e usando
intervenções que enfatizam o desenvolvimento no tempo e espaço (expressar emoções em vez de apenas
falar sobre elas, usar intervenções com movimento, experimentando fazer algo diferente, fé no
desenvolvimento, que é parte da teoria paradoxal da mudança, e asssim por diante).
A orientação processual confia no que emerge, na gestalt emergente, em vez de confiar em
conceitos estáticos, fixos.
Insight é uma formação de padrão do campo perceptual. de uma maneira tal que as relações
significativas se tornam aparentes; é uma formação de gestalt na qual os fatores relevantes se encaixam em
relação ao todo” (Heidbreder apud Yontef, 1998).
Insight é uma forma de awareness, na qual ocorre uma percepção da estrutura do todo. O ponto
crucial da discussão da organização do campo é que este é o objetivo do trabalho de awareness - ter
awareness de como este campo é organizado. O campo tem estrutura. O insight está integralmente ligado
ao conhecimento dessa estrutura.
O insight psicológico é sentir também o significado, a intenção emocional da organização do campo
organismo/ambiente. Isto inclui a pessoa conhecer suas próprias emoções, necessidades, motivações,
comportamentos, mas, em princípio, não é olhar para dentro de si; é conhecer o self e o outro, incluindo o
campo inteiro. O insight compreende perceber o processo de awareness e a estrutura de caráter próprios,
que inclui a identificação das Gestalten fixas, transferidas de campos com outros tempos e espaços, em vez
de as recém-percebidas no campo atual.
O insight no universo psicológico inclui saber as coisas pelas quais a pessoa é responsável, aceitar
a sua própria parte no campo e saber que foi uma opção. É conhecer o efeito das próprias escolhas. É
também saber as coisas pelas quais não se é responsável, repudiar o que não é seu, e saber o que não foi
escolhido. O insight, em psicoterapia, não é somente awareness casual, mas uma compreensão sentida e
precisa da organização do campo que é relevante para as temáticas interpessoais e caracterológicas do
paciente.
O insight exige que primeiro as manifestações fenotípicas ou contexto-específicas sejam
fenomenologicamente clarificadas, e as invariáveis genotípicas sejam identificadas. Isso significa tomar
aquilo que aparece primeiro em sua awareness e relacioná-lo a uma compreensão mais geral do que é
invariável na situação. Isso significa também, que o que parece ser invariável num contexto particular está
relacionado com invariáveis em situações e contextos.
Lewin afirma que a abordagem de campo, a abordagem do que chamamos de ciência pós-
moderna, é um método construtivo concreto. Ela exige, de maneira inflexível, uma compreensão individual
de cada caso. É necessário que compreendamos exatamente como as forças do campo se formam juntas.
Resumo
“A teoria de campo é uma atitude que permeia a Gestalt-terapia. Ela é o ímã que atrai a bússola da
Gestalt-terapia. A teoria de campo e a visão do mundo científico que integra os diversos frutos das várias
fontes da Gestalt-terapia. A teoria de campo torna possíveis os conceitos de organização dinâmica, tais
como fronteira de contato, self como processo etc. Ela é o cimento cognitivo que mantém unido o sistema
da Gestalt-terapia.
Existem muitas teorias de campo, e não há maneira absoluta de dizer que uma é melhor do que a
outra. Tudo, na teoria de campo, refere-se a tempo, espaço e awareness fenomenológica do observador.
A teoria de campo é um arcabouço para o estudo de qualquer evento, experiência, objeto,
organismo ou sistema. Ela enfatiza a totalidade das forças, que, cm conjunto, formam uma totalidade
integrada, e determina as partes do campo. As pessoas e os eventos existem apenas como sendo “de-um-
campo” e o significado é alcançado somente pelas relações no campo. Só os fatos presentes no campo têm
influência no campo.
Na abordagem de campo da Gestalt-terapia tudo é visto como em termos de mover-se e vir a ser.
Nada é estático. Somente algumas coisas se movimentam e mudam vagarosamente em relação a outros
Rua 1.128 nº 165 St. Marista CEP: 74.175-130 Goiânia - GO
Telefax: (062)3941-9798 / e-mail: itgt@itgt.com.br Site: http://www.itgt.com.br
INSTITUTO DE TREINAMENTO E PESQUISA 11
EM GESTALT TERAPIA DE GOIÂNIA-ITGT
BIBLIOGRAFIA: