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Aprendendo a costurar

Nicole de Araújo Sacramento Jardim

Introdução

Sempre gostei de atividades manuais e artísticas. Aos 3 anos minha mãe me levou a uma
academia de ballet, e de lá não mais sai. Estudei ballet durante quase 16 anos, atividade essa que é a
grande paixão da minha vida. Dançar para mim é algo que vai muito além da atividade física.
Quando estou dançando eu sinto uma felicidade e prazer que talvez não sinta em nenhuma outra
atividade. O ballet foi porta de entrada para diversas outras atividades, como o jazz, o sapateado,
que acabei dando aulas durante um tempo, e o teatro. Sempre gostei de teatro, de ser filmada, de
ficar em cima do palco. Fazia questão de participar das peças do colégio e sempre que possível me
candidatava para grupos que necessitavam de “atores”. Mas uma atividade só não era suficiente.
Quando criança, nos fins de semana, minha mãe ficava quase louca para arrumar atividades
que enchessem meu tempo livre: era pintura a dedo, livrinhos para colorir, aula de desenho, croche,
tricô. Sempre fui uma pessoa agitada, que não consegue ficar parada. Junto com a escola, vinham
pelo menos três atividades extra-curriculares, entre elas: ballet, jazz, sapateado, catequese, natação.
pintura, aula de desenho, teatro, fisioterapia, fonoaudióloga, dentista, médico, psicóloga. Essas
últimas atividades são devido ao fato de eu ter tido alguns problemas de saúde que necessitaram de
um tratamento longo, porém, já resolvido.
Essa necessidade de preencher meu tempo sempre foi algo que gostei, apesar de
constantemente ouvir que crianças não deveriam fazer muitas coisas. Porém, pelo fato de conseguir
praticar diversas atividades e me dedicar a todas, percebi que possuía um potencial alto, e isso de
certa forma aguçou o meu lado perfeccionista, e conseguir fazer tudo a que me propunha
inconscientemente se tornou uma espécie de desafio. É claro que não tenho sucesso em tudo, porém
nesses casos, eu não desisto de tentar. Se depois de muito tentar eu não conseguir sucesso, eu
desisto e aceito a derrota. Porém, sozinha, eu nunca conseguiria fazer tudo que eu sempre fiz, e é aí
que entra uma peça fundamental para tudo que sou hoje: minha mãe.
Minha mãe, Telma, é meu grande exemplo de determinação e força de vontade. Sempre
conseguiu o que quis, desde passar em primeiro lugar no vestibular que prestou escondida de seus
pais, até conseguir casar com o homem que amava, apesar dele morar a 3302 quilômetros de
distância. Minha mãe também sempre gostou de atividades manuais, e aprendeu quase tudo que
sabe com sua mãe – também minha incentivadora – na sua infância. Foi ela nunca me deixou
desistir de todas as coisas que queria fazer, como sempre não mediu esforços para me ensinar tudo
que pedia. Sem ela talvez eu não fosse nem metade do que sou, e analisando agora, acredito que eu
seja uma pequena cópia da minha mãe – com muito orgulho.
O gosto por roupas vem da minha infância também: adorava confeccionar roupinhas paras
minhas bonecas, principalmente as Barbies. Para isso eu cortava peças de roupas velhas, e sempre
que ia em uma costureira com minha mãe pegava os tecidos jogados no chão. Minha mãe
costumava me ajudar nos modelos mais difíceis, mas nunca demonstrei falta de afinidade com a
agulha e linha.
Fui crescendo e as bonecas foram sendo deixadas de lado. Consumista que sou, comecei a
querer ter todas as roupas que via nas vitrines, e como não posso ter todas, por motivos óbvios,
comecei a querer confeccioná-las por mim mesma. Dessa maneira poderia ter modelos exclusivos e
por um preço muito menor. Porém a falta de tempo, principalmente depois que entrei na
Universidade, sempre me fazia adiar o projeto.
No quarto semestre da faculdade de Comunicação Social – com habilitação em Midialogia –
na Unicamp, durante a disciplina de Educação e Tecnologia, foi proposto aos alunos que
desenvolvessem um projeto de aprendizagem, onde poderiam aprender algo sempre almejado
através de tecnologias e sem o auxílio constante de um professor. No início dessa disciplina, foram
estudadas as preferências de aprendizado que uma pessoa pode ter, e após alguns testes cheguei a
algumas conclusões, que foram importantes para a escolha do conteúdo que desenvolveria.
Certamente sou do tipo reflexiva e sensata, pois eu raciocino bastante antes de tomar decisões,
raramente ajo por impulso. Isso é muito importante na costura, já que depois que o pano é cortado
não há volta. Nos quesito sequencial/global e visual/verbal não cheguei a nenhuma conclusão
definitiva, pois essas características variam de acordo com a situação a ser aprendida, porém nas
atividades manuais eu tendo a ser mais visual, pois não gosto muito de escrever, e como já disse,
sempre fui boa em atividades manuais artísticas.
Juntando então o útil ao agradável, essa foi a oportunidade perfeita para aprender o que
sempre quis: a arte de costurar!

Objetivo e Metologia

Meu objetivo durante esse projeto foi o de aprender a costurar alguma peça de fácil
confecção, no caso, foi escolhida uma calça. Também como objetivos, porém específicos, pretendia
aprender as seguintes etapas do processo :
– Escolher o modelo ideal e o pano adequado.
– Comprar o tecido e os outros materiais necessários para a confecção.
– O corte do molde e do tecido.
– A montagem da roupa e a finalização.
Compondo o projeto, também pretendia aprender a escrever o relatório final, reunindo todas
as informações coletadas com as leituras feitas na disciplina.
Para o aprendizado da costura, pesquisei em dois sites da Internet. Utilizei o site da máquina
de costura Singer ( http://www.singer.com.br ) e o site de relacionamentos Orkut, na comunidade
“Costurar é um ato de amor”. Utilizei também a revista Manequim, da Editora Abril (edição
562/setembro 2006).
Como eu não tenho máquina de costura, consegui usar emprestada a máquina de costura da
avó de uma amiga de classe, a Eleonora (Lola), e para isso tive que ir até São Paulo. Como nunca
tinha mexido em uma máquina de costura, portanto nunca tinha costurado nada na vida, a Dona
Geny, avó de Lola, foi minha guia em algumas coisas e também solucionou diversas dúvidas. Para
documentar o processo, contei com a ajuda de colegas de classe que passavam pela sala para tirar as
fotos, assim como com a Lola e Dona Geny.
Para cada cada objetivo específico utilizei uma fonte de pesquisa, da seguinte maneira:
– Para escolher o modelo ideal e o pano adequado: utilizei a revista Manequim.
– Para comprar o tecido e os outros materiais necessários para a confecção: Segui as instruções da
revista e o auxílio da vendedora de tecidos da loja em que fui.
– Para o corte do molde e do tecido: segui as instruções da revista.
– Para a montagem da roupa e a finalização: Pesquisei instruções no site da Singer, na
comunidade do Orkut, na revista Manequim, e ainda contei com a ajuda de Dona Geny.

Resultado

● A escolha do modelo

Quando fui escolher o modelo descobri que nem tudo é tão fácil como parece. Todas as
peças que escolhia necessitavam de golas, mangas, pregas ou zíperes, e foi minha mãe que me
alertou do fato de que talvez eu não conseguiria aprender tais coisas em tão curto tempo, ou que
talvez elas saíssem mal feitas.
Como fiquei sem idéias de um modelo para confeccionar, comprei a revista Manequim em
uma banca da minha cidade. A escolha da revista foi somente porque já tinha ouvido falar sobre ela,
e porque folheando-a achei que encontraria a maioria das informações que precisava nela. Também
comprei a revista pois não tem como pegar um molde para um modelo pela Internet (pelo menos eu
não achei nenhum lugar que ensinava a desenhar ou tinha disponibilizado para impressão) A revista
contêm informações muito úteis para o processo de confecção da peça, como dicas bem específicas
para o modelo que escolhi. Ao folheá-la descobri que a revista indica o nível de dificuldade dos
modelos propostos, classificados da seguinte maneira:

*É muito fácil ** Fácil *** Requer prática **** Requer muita prática

Como não tinha prática nenhuma, optei por escolher modelos com uma ou duas estrelas no
máximo. O modelo escolhido então foi uma calça ( modelo 412 na revista ) de duas estrelas bem
soltinha, com pernas e boca largas e uma faixa amarrada na cintura. Sempre quis ter uma calça
dessas, portanto, resolvi unir o útil ao agradável. O modelo porém está numa reportagem chamada
“Mamãe na moda”, quem ensina a fazer peças para grávidas. Mesmo não estando grávida, resolvi
tentar fazer esse modelo mesmo, e optei pelo tamanho P ( pois tinha PP, M e G também).

Revista utilizada e caderno de moldes

● A compra do tecido e outros materiais

Com a revista na mão e a idéia na cabeça, fui até a loja de tecidos. A revista indicava
viscolycra como o tecido ideal, porém não tinha nenhum desse tipo para vender. A vendedora então
me indicou o suplex, que é um tecido que também tem elasticidade e que, por ser pesado, daria um
caimento bonito. Escolhi um tecido estampado branco e preto, que não era nem de longe o tecido
que eu queria, mas infelizmente não tinham muitas opções. Seguindo a metragem da revista,
comprei 1,50m de suplex para a calça. A revista indicava para a faixa o mesmo tecido da calça,
porém como eu queria de uma outra cor, acabei comprando 30cm de liganete preta (não comprei
suplex também porque achei que ficaria muito pesado).
Fui depois a um armarinho para comprar elástico de 2,5cm para a cintura. Pedi 1,10m de
elástico para a vendedora (seguindo as instruções da revista), e ela me perguntou para onde seria.
Quando disse que seria para a cintura de uma calça ela me explicou que 1,10m seria muito, já que
eu nunca teria 1,10m de cintura. Na hora eu fiquei confusa, já que não tinha onde consultar a
medida exata, daí a vendedora me explicou que para comprar elástico é só medi-lo sem esticar.
Então passei o elástico na cintura sem esticá-lo e comprei, dando 70cm.
A agulha e linha comprei em São Paulo, junto com a Dona Geny. Nem a revista nem
nenhum site indicavam o tipo de linha certa para costurar suplex (existem linhas que podem se
romper quando o tecido tem elasticidade), então pedi auxílio para a vendedora que me vendeu uma
linha preta que serve para qualquer tecido. Também não achei indicações sobre a agulha em
nenhum lugar, e nesse caso foi a Dona Geny que me indicou a agulha de ponta redonda, que não
desfia o tecido.

● O corte do molde

Quando vi a folha de moldes da revista achei que ia ter muita dificuldade para conseguir
identificar o meu molde, porém seguindo as instruções foi bem simples. As instruções vinham
escritas, e do lado tinha um desenho também. As instruções estavam tão detalhadas que mesmo sem
o desenho acredito que conseguiria cortar sem dificuldades. Primeiro deve-se procurar o número da
peça escolhida no canto da folha, e percorrer com o dedo até encontrar o mesmo número no centro.
A partir daí deve-se seguir a linha do seu molde ( cada tamanho de um molde tem um tipo de linha,
a minha no caso era “_ ___ _ ___ _ ___ _” ) e ir passando uma caneta de cor forte por cima.
Também anotava as indicações para futura montagem, como “frente”, “costas”. Cada modelo que
marcava eu conferia na revista para ver se estava igual e depois colocava papel de seda em cima
para tirar cópia. Recortei o contorno e acabei ficando com quatro partes, porque cada perna da calça
era cortada ao meio ( na folha de moldes não cabe o comprimento de uma calça, então eles a
dividem). Emendei as partes e acabei ficando com o molde das duas peças em papel de seda.
Depois, copiei esses moldes para o papel kraft, que é mais grosso que o papel de seda. O
molde definitivo deve ser em papel kraft porque fica mais fácil de cortar o tecido, já que o papel de
seda rasga fácil. Recortei e fiquei com o molde definitivo das pernas e da faixa.
Penso que nessa etapa do aprendizado minhas preferências imagéticas visuais foram
realçadas, pois eu achei mais fácil cortar o molde após analisar as figuras. Somente o texto
explicativo não foi suficiente.

Marcando a folha de moldes.

Tirando o molde no papel de seda.


Molde em papel de seda pronto. Passando o molde para o papel kraft.

Molde da calça e faixa em papel kraft.

● O corte do tecido

Com os moldes prontos foi a hora de cortar o tecido. Para isso, eu segui as instruções da
revista mais uma vez. Nesse caso somente as instruções escritas não seriam suficientes para eu
aprender a cortar o tecido. O desenho que eles sugerem para o plano de corte foi essencial para eu
entender como cortar o molde sem desperdiçar tecido. Porém, antes, a revista indicava que deveria
ser feito um teste na elasticidade do pano. O modelo que eu escolhi era para um tecido com 60% de
alongamento. As indicações para o teste vinham com teste e desenho, e eu consegui entender
direitinho. Primeiro pede que dobre o tecido no sentido do alongamento e marque um trecho de
10cm. Depois deve-se segurar a ponta do tecido (na marca de 10cm) e esticá-lo. Mede-se então a
diferença. No meu caso eu medi 16 cm, havendo um aumento de 6 cm, ou seja, 60%. Isso quer dizer
que o meu tecido tem 60% de alongamento, exatamente o que eu precisava para o meu modelo. Eu
não sabia que tinha que fazer esse teste de elasticidade e acabei comprando o tecido antes. Por sorte
deu a medida exata, mas se desse diferente eu iria perder o tecido que comprei ou teria que escolher
outro modelo.
Teste do alongamento do tecido. Antes com 10cm e depois com 16cm, ou seja, 60% de alongamento.

Feito isso, coloquei o molde de papel sobre o tecido virado ao avesso e dobrado ao meio. A
revista indica então que vá contornando o molde com giz de alfaiate, porém pela falta de tal, fui
usando canetinha de colorir. Na hora não pensei que a canetinha podia marcar o outro lado do pano
(que é branco), mas por sorte não aconteceu nada.
Eu fui fazendo dois contornos: um rente ao molde (que é onde iria passar a costura) e outro
distante 3cm (para que eu pudesse passar na máquina depois). A revista indica que faça somente o
contorno já com a sobra, porém como eu não tinha prática preferi fazer primeiro o original e depois
outro.

Marcação do contorno original Marcação do contorço com 3cm de distância.


do molde no tecido.

A revista também indicava que se cortasse primeiro um tecido provisório, para que se
confirmasse o tamanho e o modelo antes de cortar no tecido definitivo, porém eu não tinha esse
tecido provisório para cortar. Resolvi arriscar e cortar direto no tecido certo, porém, conferi umas
três vezes antes de começar a cortar, já que se alguma coisa desse errado eu não teria mais calça.
Com tudo marcado, era hora de cortar. A revista indica que se prenda o tecido com alfinete
(já que ele está dobrado ao meio) e corte os dois lados de uma vez só. Esse realmente é o método
mais rápido e fácil para quem tem prática, porém como nunca tinha cortado nada e não tinha
alfinetes resolvi cortar cada lado do pano de cada vez. Da primeira marcação saiu a perna direita da
calça.
Depois, repeti todo o processo na outra metade do pano, porém invertendo o molde para que
saísse a perna esquerda (e não outra perna direita). Deu tudo certo, porém a revista não explicou
essa outra maneira de cortar, eu acabei deduzindo por observação e experimento (eu colocava o
papel no corpo e imaginava se iria ficar certo no tecido). Nesse momento do projeto acredito que
minha habilidade global de aprendizado ficou em evidência, assim como minha característica de ser
reflexiva e sensata, já que eu tive que raciocinar bastante antes de dar qualquer passo, pois se eu
tivesse cortado sem atenção talvez teria dado tudo errado: eu ficaria com uma calça com duas
pernas direitas.
Mais uma vez as figuras foram muito importantes nesse processo. Somente lendo as
instruções do meu modelo eu não consegui entender perfeitamente a maneira que deveria proceder.
Aprendi muito mais fácil utilizando as figuras ilustrativas.

Cortando o tecido. Tecido cortado.

● A montagem da calça e o resultado final

Com o tecido cortado, fui para São Paulo com a Lola, onde eu iria costurar na máquina.
Porém, antes da viagem, como não sabia mexer na máquina ainda resolvi pesquisar
informações na Internet. Após a pesquisa, constatei que não existem muitos sites especializados de
costura. Existem muitos que tratam de moda e tendências, mas quase nenhum especializado em
ensinar a costurar. O mais completo e confiável que encontrei foi o site da Singer, que contem dicas
e idéias, ensina a fazer alguns procedimentos básicos de costura, e ainda ensina a mexer na
máquina de costura.
Como um único site era pouco, pois não queria somente uma opinião sobre alguns assuntos,
e não encontrava outros sites confiáveis, resolvi apelar para um site de relacionamentos, o Orkut.
Pesquisando nas comunidades existentes, descobri que existem diversas abordando o assunto
costura. A maioria funciona como uma espécie de fórum, onde elas publicam as perguntas e alguém
que sabe responde. “Eu amo costurar”, “Eu queria saber costurar” e “Costurar é um ato de amor”
são alguns exemplos, sendo que essa última foi a que mais me chamou a atenção. Ela pertence a
usuária Arlette, uma senhora que aparentemente gosta , além de costurar, de gatos e bolos. A
descrição da comunidade é a seguinte: “A Singer tinha razão quando montou sua campanha
publicitária em cima dessa frase (“costurar é um ato de amor”). Costurar é mesmo um ato de amor.
Essa comunidade é para todos e todas que adoram costurar e fazer todo tipo de roupinhas lindas e
coisas para a casa. E, naturalmente, é também o lugar das iniciantes que ainda não sabem costurar e
buscam dicas e conselhos.” Após ler a descrição acreditei que seria um bom lugar para aprender.
Porém essa comunidade só me ajudou com os tópicos já explicados lá, pois também eu não postei
nenhuma dúvida específica para que os usuários me ajudassem. Acredito também que a Dona
Arlette não tenha muito tempo para responder às perguntas de todo mundo. Eu mandei um recado
para ela perguntando sobre como ela cuida da comunidade e onde ela adquire o material postado lá,
e recebi uma resposta um tanto quanto vaga: “Todos colaboram para a comunidade”.
No site da Singer, eu dei uma lida rápida no manual da máquina, já que geralmente não
tenho paciência para ler manuais, e geralmente vou direto no assunto que desejo saber. Também
acessei uma sessão chamada “Aprenda a costurar”, com algumas dicas bem básicas e essenciais.
Na parte “Formação do ponto” eu entendi como o ponto se formava através de uma animação muito
interessante. Através dessa animação também eu entendi para que servia a carretilha, que eu só
havia lido no manual. Também aprendi a fazer a costura reta, a fazer um franzido e a prender um
elástico. Eu acabei lendo todos os outros tópicos do site, de como pregar um botão, fazer uma casa,
um chuleado, costura zigue-zague, bainha invisível e pregar zíper, apesar de saber que nada disso
seria necessário para a calça. Acredito que nessa etapa de aprendizado, no quesito visual/verbal, fui
mais visual do que verbal, pois todas as instruções que tinham figuras foram mais fáceis de entender
do que as sem figuras. Com isso, confirmando que nas atividades manuais sou mais visual do que
verbal.

Animação que explica como é a formação do ponto.

Na comunidade do Orkut, acabei achando um link interessante sobre como pregar elásticos.
Tive então que comparar os 3 métodos que eu tinha para escolher o melhor.
A revista mandava prender o elástico com uma costura no avesso da borda do acabamento
superior (depois da calça costurada). Depois mandava virar o acabamento e o elástico sobre o
avesso e prender com pespontos de enfeite. O site da Singer mandava tirar a medida da área onde o
elástico seria aplicado e dividir o valor por 4. Depois, calcular 3/4 da medida e cortar o elástico. Daí
dividir a área em 4 partes iguais e marcar as extremidades com um alfinete. Dividir o elástico
também em 4 partes e marcar, prender as marcas do elástico nas marcas da peça com alfinetes,
costurar, esticando um pouco o tecido para que o elástico fique bem distribuído, cortar os excessos
de tecido e dobrar o elástico para dentro da peça. Para finalizar arrebatar com a costura ziguezague
comum. A comunidade mandava dobrar o tecido (da largura do elástico) e costurar, porém deixando
uma pequena parte aberta. Depois, colocar o elástico dentro, do tamanho da medida. Para finalizar,
é só unir o elástico costurado as duas bordas e terminar de costurar a dobra do tecido. Quando eu li
as três definições eu decidi colocar o elástico da maneira que eu li no Orkut. Porém não sabia como
seria exatamente na hora.
Em São Paulo, o primeiro passo foi preparar a máquina. Apesar de ter lido o manual e as
dicas do site, na hora eu não sabia muito bem como mexer nas peças, e não tinha um manual em
mãos para ler. Pedi então a ajuda da Dona Geni, que me explicou como colocar a linha na máquina,
na carretinha, e a colocar a agulha. Assim fiz.

Dona Geni me explicando sobre o Colocando a linha na agulha.


funcionamento da máquina.

Depois de preparada a máquina, peguei uns retalhos do tecido e treinei a costura reta, que
seria usada em toda a calça. Na hora que vi que já estava dominando a velocidade do pedal com o
movimento da mão parti para a costura definitiva.
Primeiro, eu prendi as costuras que pretendia fazer com alfinetes. Depois, fui seguindo os
passos da revista. Primeiro uni as peças da frente e das costas, separadamente, com uma costura
pelo centro. Eu passava a costura na linha que fiz com a canetinha na hora do corte. Depois fechei
as laterais e as entrepernas, unindo frente e costas. A essa altura a calça já estava estruturada.

Prendendo o tecido com alfinetes Preparando para costurar

Costurando

Fiz uma primeira prova e constatei que a calça tinha ficado muito grande, provavelmente
porque o modelo era para grávidas. Procurei na revista e não achei nenhuma explicação de como
diminuir a calça, com isso contei com a ajuda da Dona Geni mais uma vez. Primeiro ela mediu com
alfinites todas as sobras (com a calça vestida). Depois ela me explicou que eu deveria passar uma
segunda costura na calça, nas laterais e no gancho. Fui então para a máquina e fiz como ela sugeriu.
Provei a calça mais uma vez, e ela ainda estava um pouco grande. Dona Geni mediu o que
estava sobrando e repeti o procedimento. Na terceira prova a calça estava ajustada e certinha. Se
não fosse a Dona Geni talvez não conseguiria diminuir a calça sozinha, pois na hora não tinha
computador para consultar, e também não tinha contado com essa possibilidade antes.
Com a calça ajustada, era a hora de pregar o elástico. Pedi a sugestão da Dona Geni sobre a
opção que havia escolhido, e ela me disse que essa seria a maneira mais fácil, e assim foi feito.
Com o elástico pregado, coloquei a faixa preta na cintura. Para isso, segui as instruções que
vi no site da Singer, pois eu queria que ela ficasse franzida. Primeiro peguei as duas faixas de tecido
e uni com costura reta. Depois selecionei o comprimento de ponto máximo, no caso dessa máquina
o seletor devia ser posicionado no número 5. Costurei então a faixa na lateral esquerda da calça,
mas sem fazer arremates nem no início nem no final da costura. Segurei o tecido então e, delicada-
mente, puxei a linha, franzindo o tecido. Com o tecido franzido eu passei mais umas três costuras,
para que ficasse bem firme.
Nesse ponto, a calça estava praticamente pronta. Nessa etapa da montagem, minha
habilidade seqüencial ficou em evidência, pois só no fim eu consegui entender o processo da
montagem e tirar minhas próprias conclusões.
Experimentei novamente a calça, e a Dona Geni marcou a bainha para mim. Recortei o
excesso, e pronto. A calça estava pronta.

Produto final – a calça


Conclusão

Com certeza meus objetivos iniciais foram concretizados. Minha calça ficou linda no corpo
e já recebi vários elogios. Acredito até que superei minhas expectativas, pois achava que seria mais
difícil e que precisaria de mais ajuda do que precisei.
Acredito que essa atividade foi muito boa também para que eu definisse as minhas preferên-
cias de aprendizagem. Antes, somente com os testes, eu não consegui definir, mas com as ativida-
des acabei concluindo minhas preferências, que são visuais imagéticas.
Também não foi possível desenvolver esse projeto somente com o uso das tecnologias,
como foi proposto. Ainda não existe muita coisa disponível sobre o assunto, ou pelo menos fontes
confiáveis. Acredito que o Orkut foi uma grande surpresa, pois não esperava encontrar tanto mate-
rial e tanta gente disposta a ajudar. Penso que para aprender a costurar de verdade ainda é necessária
a ajuda presencial de alguém que já entenda, pois podem acontecer muitos obstáculos durante o pro-
cesso, e não é possível prever tudo.
Agora acredito que irei continuar costurando pequenas peças e tentarei aprender coisas no-
vas. Minha mãe gostou tanto da calça que disse que assim que der irá comprar uma máquina de cos-
tura para mim. Assim poderei continuar aprendendo e colocar em prática minhas próprias idéias.

Referências Bibliográficas

<http://www.singer.com.br> Acesso em: agosto/2006


<http://www.orkut.com.br> Acesso em: agosto/2006
<http://www.ufrgs.br/faced/setores/biblioteca/referencias.html> Acesso em: 6 novembro 2006.

MANEQUIM. Vestidos da Estação. São Paulo: Editora Abril, setembro de 2006. nº 562, pág. 75.

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