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Universidade Federal de São João del-Rei

Coordenadoria do Curso de Engenharia Elétrica


Trabalho Final de Curso

DETECÇÃO DE FALHAS EM ROLAMENTOS UTILIZANDO O


ALGORITMO FAULT FREQUENCY HIGHLIGHTING (FFH)

AUTOR: Marcos Félix Santos Castro


ORIENTADOR: Paulo C. M. Lamim Filho

São João del-Rei, 20 de dezembro de 2017


Universidade Federal de São João del-Rei
Coordenadoria do Curso de Engenharia Elétrica
Trabalho Final de Curso

DETECÇÃO DE FALHAS EM ROLAMENTOS UTILIZANDO O


ALGORITMO FAULT FREQUENCY HIGHLIGHTING (FFH)

Trabalho Final de Curso submetido ao


Departamento do Curso de Engenharia
Elétrica da Universidade Federal de São
João del-Rei, para obtenção do título de
Engenheiro Eletricista.

São João del-Rei, 20 de dezembro de 2017

2
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer ao Prof. Dr. Paulo Lamim por sua distinta orientação. O mesmo
teve grande paciência e compreensão durante toda a construção desde trabalho. Ele demostrou
sua alta capacidade de pesquisa e dom natural de ensinar, com grande humildade e simplicidade.
Agradeço pela disponibilidade do LAMET – Laboratório de Máquinas e Transformadores da
UFSJ – Universidade Federal de São João del-Rei.
Agradeço, também, ao amigo de longa data e futuro mestre, Eng. Josemar Moreira, que
sem o qual a realização desde trabalho não seria possível. O mesmo, desde já, demostra
características claras de quem será um distinto orientador das futuras gerações.

3
SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... 5

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 6

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 9

3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 9

3.1 Falhas em rolamentos ........................................................................................... 9

3.2 Frequência dos rolamentos ................................................................................. 10

3.3 Técnica do envelope ........................................................................................... 12

3.3.1 Modulação .......................................................................................................... 12

3.3.2 Demodulação ...................................................................................................... 12

3.4 Transformada de Hilbert (HT) ........................................................................... 13

3.5 Algoritmo Fault Frequency Highlighting (FFH) ............................................... 14

4 METODOLOGIA .............................................................................................................. 15

4.1 Descrição da bancada experimental ................................................................... 15

5 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ................................................................................ 17

5.1 Resultados para 50% da carga nominal.............................................................. 18

5.2 Resultados para 100% da carga nominal............................................................ 19

6 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 22

ANEXOS .................................................................................................................................. 24

ANEXO A ................................................................................................................................ 25

ANEXO B ................................................................................................................................ 29

ANEXO C ................................................................................................................................ 31

ANEXO D ................................................................................................................................ 34

4
RESUMO

Os rolamentos são elementos mecânicos essenciais para o funcionamento de motores


elétricos. Seu uso em larga escala o torna uma peça de grande valia e alvo da manutenção
preditiva. Mesmo os rolamentos fabricados segundo os altos padrões de qualidade estão sujeitos
a defeito e com a constante necessidade de se manter altos índices de disponibilidade de
equipamentos e alta produtividade de um parque industrial, várias técnicas de manutenção
preditiva vêm sido propostas e implementadas a fim de se aumentar a confiabilidade do setor
de manutenção. Dessa forma, neste trabalho, foi implementado no software MatlabTM uma nova
metodologia de processamento de sinais para detectar falhas na pista externa de um rolamento
de um motor elétrico. Uma metodologia conhecida por “Fault Frequency Highlighting” (FFH).
Os resultados da implementação foram comparados com o método clássico da transformada de
Hilbert (HT). Os resultados deste trabalho demonstram que a FFH é uma técnica eficiente e
assertiva na detecção de falhas em rolamentos, sendo capaz de eliminar as várias interferências
contidas nesse tipo de análise, o que a torna uma ferramenta alternativa de fácil implementação.

Palavras Chave
Falhas em rolamentos, processamento de sinais, algoritmo Fault Frequency Highlighting.

5
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução das falhas em um rolamento (Bezerra, 2004). ............................................ 9

Figura 2: Frequências, dimensões e ângulo de contato do rolamento (Bezerra, 2004)............ 10

Figura 3: Processo de modulação de um sinal. Fonte: Elaborada pelo autor. .......................... 12

Figura 4: Processo de demodulação de um sinal. Fonte: Elaborada pelo autor. ...................... 13

Figura 5: Procedimento adotado para a técnica do envelope (Bezerra, 2004). ........................ 14

Figura 6: Fluxograma do algoritmo FFH (Lamim Filho et al., 2016). ..................................... 15

Figura 7: Bancada de testes. ..................................................................................................... 16

Figura 8: Acelerômetro triaxial utilizado. ................................................................................ 17

Figura 9: Rolamento com o defeito inserido. ........................................................................... 17

Figura 10: Espectro da HT com 50% da carga nominal e sem defeito. ................................... 18

Figura 11: Espectro da FFH com 50% da carga nominal e sem defeito. ................................. 18

Figura 12: Espectro da HT com 50% da carga nominal e com defeito. ................................... 19

Figura 13: Espectro da FFH com 50% da carga nominal e com defeito. ................................. 19

Figura 14: Espectro da HT com 100% da carga nominal e com defeito. ................................. 20

Figura 15: Espectro da FFH com 100% da carga nominal e com defeito. ............................... 20

6
LISTA DE SÍMBOLOS

𝐷 Diâmetro da esfera;
𝑑 Diâmetro primitivo;
𝑑 Diâmetro da pista interna;
𝑑 Diâmetro da pista externa;
𝛽 Ângulo de contato;
𝑟 Raio da gaiola;
𝑟 Raio da pista interna;
𝑟 Raio da pista externa;
𝑉 Velocidade da pista externa;
𝑉 Velocidade da gaiola;
𝑉 Velocidade da pista interna;
𝑓 Frequência do defeito da pista interna;
𝑓 Frequência do defeito da pista externa;
𝑓 Frequência do defeito da gaiola;
𝑓 Frequência do defeito do elementos rolante;
𝑁 Número de elementos rolantes;

7
1 INTRODUÇÃO

O advento da manutenção preditiva é um marco importante no tratamento de falhas em


equipamentos industriais. Ela permite, dentre as várias possibilidades, a análise dos sinais de
vibração e ruídos, coletados sem a necessidade de interromper o funcionamento do
equipamento, ou máquina, para o monitoramento e detecção de falhas em componentes
internos, inclusive na sua fase inicial (Nunes, 1989).
Os rolamentos são elementos mecânicos que se fazem presentes em todos os motores
elétricos. De acordo com o estudo realizado por Bonnett e Yung (2008), dois terços das falhas
em um motor elétrico iniciam-se nos rolamentos, o que mostra a necessidade de monitoramento
e antecipação das falhas relacionadas a esses elementos.
Mesmo os rolamentos fabricados de acordo com padrões rigorosos podem gerar
vibrações devido as variações das cargas aplicadas sobre ele. Com o passar do tempo, esses
esforços sobre o elemento mecânico causam fadiga nos componentes do rolamento (Bezerra,
2004).
Com o surgimento de folgas no elemento mecânico, o nível de vibração, e também do
ruído, aumentam ao longo do tempo, o que pode levar a quebra do equipamento, ou ainda, a
parada de toda uma linha de produção (Nunes, 1989).
Ao longo dos anos, vários métodos para análise de vibração estão sendo propostos e
implementados com o objetivo de antecipar as quebras de máquinas e equipamentos. Dentre os
métodos existem técnicas no domínio do tempo e no domínio da frequência (Pederiva et al.,
2002).
Neste trabalho foram analisados os sinais de vibração para detecção do defeito na pista
externa do rolamento de um motor elétrico. As metodologias de processamento de sinais
utilizadas foram a Transformada de Hilbert (HT) e uma nova metodologia desenvolvida por
Lamim Filho et al. (2016), conhecida como “Fault Frequency Highlighting” (FFH).

8
2 OBJETIVOS

O presente trabalho tem por objetivo implementar e comparar os sinais de vibração


coletados na carcaça de um motor elétrico, em seu plano horizontal, aqui denominado eixo “X”,
com o motor a 50% e a 100% de sua carga nominal, a fim de se detectar falhas em seu
rolamento. Será utilizada a metodologia proposta por Lamim Filho et al. (2016), conhecida
como “Fault Frequency Highlighting” (FFH). O algoritmo será desenvolvido no software
MatlabTM e os resultados serão comparados com a transformada de Hilbert (HT).

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Falhas em rolamentos

As medições de sinais de vibração realizadas nas superfícies de máquinas e


equipamentos são utilizadas para diagnosticar falhas. Quando os sinais são coletados na carcaça
do motor, percebe-se uma dificuldade maior na detecção das falhas do rolamento (Nunes,
1989).
Segundo Bezerra (2004), mesmo que não ocorra erro de montagem ou de lubrificação,
os rolamentos estão sujeitos a fadiga por uso natural do elemento mecânico. Esses defeitos
começam como microfissuras que evoluem para micro trincas com a passagem dos elementos
rolantes na pista. Essas trincas aumentam gradativamente até causar a parada do equipamento.

Figura 1: Evolução das falhas em um rolamento (Bezerra, 2004).

Com a passagem do elemento rolante na trinca, pulsos periódicos são gerados e


dependendo do local do defeito, no espectro de vibrações, observa-se um aumento da amplitude
do sinal (Nunes, 1989).

9
As vibrações de baixa energia, geradas pela passagem do elemento rolante pela trinca,
propagam do rolamento para o mancal e do mancal para a estrutura. Outros defeitos contribuem
para essas vibrações, porém como maior energia, como: desalinhamento e desbalanceamentos.
Dessa forma, um sensor instalado no motor para coletar os dados de vibração relacionados aos
rolamentos, coleta dados relacionados a outras fontes de vibrações de forma a dificultar a
análise dos sinais gerados pelo rolamento (Neto & Bovi, 1999).
Segundo Nepomuceno (1999), dentre as falhas mais comuns em rolamentos é possível
destacar:
 Lubrificação inadequada;
 Montagem incorreta;
 Retentores inadequados;
 Desalinhamento;
 Passagem de corrente elétrica;
 Vibrações externas;
 Defeitos de fabricação;
 Fadiga.

3.2 Frequência dos rolamentos

O rolamento pode ser dividido em quatro elementos que possuem frequência distintas
quando são colocados em movimento. Essas frequências, chamadas de frequências naturais,
podem ser divididas em: frequência do anel externo, frequência do anel interno, frequência da
gaiola e frequência dos elementos rolantes (Araújo, 2011).

(a) Frequência do rolamento. (b) Dimensões do rolamento. (c) Ângulo de contato.


Figura 2: Frequências, dimensões e ângulo de contato do rolamento (Bezerra, 2004).

10
As frequências relacionadas aos defeitos são mostradas abaixo (Bezerra, 2014):

 Frequência natural do defeito de pista interna:

𝑁
𝑓 = |𝑓 − 𝑓 |(𝑑 + 𝐷 cos 𝛽) (1)
2𝑑

 Frequência natural do defeito de pista externa:

𝑁
𝑓 = |𝑓 − 𝑓 |(𝑑 − 𝐷 cos 𝛽) (2)
2𝑑

 Frequência natural do defeito da gaiola:

1 𝑑 − 𝐷 cos 𝛽 𝑑 + 𝐷 cos 𝛽
𝑓 = 𝑓 + 𝑓 (3)
𝑑 2 2

 Frequência natural do defeito do elemento rolante:

𝑑 𝐷 cos² 𝛽
𝑓 = 𝑓 −𝑓 1− (4)
2𝐷 𝑑

Neste trabalho os rolamentos possuem sua pista interna girante e a pista externa é fixa.
Fazendo a correção nas equações acima com a frequência característica da pista externa igual a
zero (𝑓 = 0) e tendo como base que o foco desde trabalho é defeito na pista externa, temos:

 Frequência natural do defeito de pista externa:

𝑁𝑓 𝐷 cos 𝛽
𝑓 = 1− (5)
2 𝑑

11
3.3 Técnica do envelope

Antes de apresentar o conceito da técnica de envelope faz-se necessário explicar sobre


modulação e demodulação, visando uma melhor compreensão do assunto.

3.3.1 Modulação

Existem diversos tipos de modulação dos quais podem-se destacar: modulação em


amplitude (AM), em frequência (FM) e em fase (PM). Segundo Lamim Filho (2007) para que
ocorra a modulação são necessárias duas ondas: uma onda moduladora e uma onda portadora.
Na modulação em amplitude a portadora terá sua amplitude modificada proporcionalmente ao
sinal modulante.
Na figura a seguir, tem-se um sinal sendo modulado de acordo com uma onda portadora.

(a) Sinal portador. (b) Sinal modulador. (c) Sinal modulado. (d) FFT do sinal modulado.
Figura 3: Processo de modulação de um sinal. Fonte: Elaborada pelo autor.

3.3.2 Demodulação

A demodulação é uma operação de processamentos de sinais cujo o objetivo é separar


o sinal portador do sinal modulador para se obter o envelope, sendo muito utilizado em sistemas
de comunicação e para detecção de falhas. O envelope irá conter informações importantes para
o diagnóstico de falha (Alves, 2017).

12
Como observado na letra (c) da figura anterior, após a modulação, obtém-se um sinal
modulado cujos picos encontram-se ligados por uma curva, representada pela linha tracejada,
denominada de envelope. O processo de demodulação em amplitude consiste em extrair o
envelope. Para obtenção do envelope pode ser usado um método digital clássico conhecido
como a transformada de Hilbert (Haykin, 1989).
Na figura a seguir, é possível observar o resultado da aplicação da transformada de
Hilbert no sinal modulado da figura anterior.

(a) Sinal modulado. (b) FFT da transformada de Hilbert.


Figura 4: Processo de demodulação de um sinal. Fonte: Elaborada pelo autor.

Note que a frequência em (b) é a frequência da onda moduladora.

3.4 Transformada de Hilbert (HT)


Como visto anteriormente, a transformada de Hilbert é um processo de demodulação. O
seu intuito é retirar, do sinal modulado, o sinal do defeito, que é de baixa frequência. Assim,
para cada tipo de falha, o envelope carrega as características do defeito (Bezerra, 2004).
Neste trabalho foi utilizado a HT para comparação dos resultados devido sua facilidade
de implementação e, ainda, por ser um método clássico, ou seja, já consolidado para diagnóstico
de falhas. Abaixo é possível ver o fluxograma de demodulação de um sinal.

13
Figura 5: Procedimento adotado para a técnica do envelope (Bezerra, 2004).

3.5 Algoritmo Fault Frequency Highlighting (FFH)

A seguir, tem-se uma breve descrição do algoritmo FFH a ser utilizado como ferramenta
computacional para a identificação do defeito na pista externa de um rolamento. Este baseia-se
na análise de envelope, que usa os extremos locais interpolados e análise espectral.
Para uma sequência temporal modulada x = x (𝑡 ) = x [n ] (n = 1, 2, ..., N), sendo N o
número total de amostras, a técnica FFH compreende os seguintes passos:

Passo 1: identificar os máximos e mínimos locais, max e min, respectivamente, a partir de x:


Se x [1] ≥ x [2], então x [1] é max senão x [1] é min
Se x [N] ≥ x [N-1], então x [N] é max senão x [N] é min
Se x [n + 1] > x [n] e x [n + 1] > x [n + 2], então x [n + 1] é max (n = 1,2, ..., N-2)
Se x [n + 1] < x [n] e x [n + 1] < x [n + 2], então x [n + 1] é min (n = 1,2, ..., N-2)

Passo 2: interpolar os vetores contendo os extremos locais a partir do passo 1 e obter duas novas
sequências de tempo de comprimento N: o envelope superior 𝑥 e o envelope inferior 𝑥 ;

Passo 3: calcular os espectros de 𝑋 e 𝑋 pela transformada rápida de Fourier (FFT) a partir das
sequências 𝑥 e 𝑥 , respectivamente;

Passo 4: identificar os máximos locais de cada espectro, 𝑋 e 𝑋 , e obter dois novos espectros:
Se 𝑋 [n + 1] > 𝑋 [n] e 𝑋 [n + 1] > 𝑋 [n + 2], então (𝑋 ) max [n + 1] = 𝑋 [n + 1]
Senão (𝑋 )max [n + 1] = 0 (n = 2,3, ..., (N / 2) -2)
Se 𝑋 [n + 1] > 𝑋 [n] e 𝑋 [n + 1] > 𝑋 [n + 2], então (𝑋 ) max [n + 1] = 𝑋 [n + 1]
Senão (𝑋 )max [n + 1] = 0 (n = 2,3, ..., (N / 2) -2)
(𝑋 )max [1] = 𝑋 [1], (𝑋 )max [N / 2] = 𝑋 [N / 2]
(𝑋 )max [1] = 𝑋 [1], (𝑋 )max [N / 2] = 𝑋 [N / 2]

14
Passo 5: encontrar o espectro 𝑋 :
𝑋 [n] = (𝑋 )max [n].( 𝑋 )max [N] (n = 1,2, ..., N / 2)

Os envelopes extremos superiores e inferiores de um sinal modulado apresentam uma


característica particular sendo, teoricamente, versões simétricas no que diz respeito à amplitude
em torno do eixo do tempo. Assim, pode-se dizer que os mesmos carregam as mesmas
características em termos de formas de onda e, consequentemente, a mesma frequência do
defeito (Lamim Filho et al., 2016). Na figura a seguir, tem-se o fluxograma do algoritmo da
FFH.

Figura 6: Fluxograma do algoritmo FFH (Lamim Filho et al., 2016).

O programa computacional da FFH, implementado no software Matlab, encontra-se no


anexo A deste trabalho.

4 METODOLOGIA

4.1 Descrição da bancada experimental

Os testes experimentais foram realizados no LAMET - Laboratório de Máquinas e


Transformadores da UFSJ - Universidade Federal de São João del-Rei, onde está localizada a
bancada de testes da figura abaixo. A mesma é constituída por:
 01 (um) motor de indução trifásico WEG 3 CV, 220 V, 60 Hz, 4 polos e
velocidade nominal de 1735 rpm [1];
15
 01 (um) varivolt trifásico [2];
 01 (um) motor de corrente contínua que, neste caso, trabalha como gerador [3];
 01 (um) banco de resistores que, neste trabalho, funciona como carga [4];
 01 (um) varivolt monofásico para alimentação do campo do gerador c.c. [5];
 01 (um) retificador [6];
 01 (um) transdutor de torque (Magtrol, modelo TM309/011) [7];
 01 (um) torquímetro digital para obter a velocidade do motor [8];
 01 (uma) placa de aquisição (NI PCI- 4461 da National Instruments [9];
 01 (um) acelerômetro triaxial;

A placa de aquisição possui duas entradas analógicas simultâneas de 24-bits (taxa de


amostragem máxima de 80 kHz) e duas saídas analógicas simultâneas de 24-bits (taxa de
amostragem de 204.8 kS/s) com range de entrada de ±316 mV até 42,4 V. Além disso, ela
possui filtro analógico anti-aliasing de até 92 kHz.
Para o processamento de sinais utilizou-se o software MatlabTM e para aquisição de
dados foi utilizado o software VibSoft-80, configurado para uma frequência de amostragem de
64 kHz e 262144 amostras. O filtro anti-aliasing foi configurado para o tipo passa-baixa com
frequência de corte de 32 kHz.
Nas figuras 7, 8 e 9, é possível verificar a bancada de testes utilizada, o acelerômetro
instalado no motor e o rolamento com o defeito de pista externa inserido, respectivamente.

1
3 7 9

6
5

Figura 7: Bancada de testes.

16
Figura 8: Acelerômetro triaxial utilizado.

Figura 9: Rolamento com o defeito inserido.

5 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Nesta seção do trabalho são apresentados os resultados obtidos através da aplicação da


técnica da transformada de Hilbert (HT) e do algoritmo Fault Frequency Highlighting (FFH).
Para se obter apenas a informação da frequência de falha desejada e eliminar possíveis
interferências, aplicou-se um filtro passa banda na região das altas frequências no sinal de

17
entrada, usando uma faixa de frequência de 10 kHz a 30 kHz. Esse recurso foi utilizado na
aplicação das duas metodologias, HT e FFH.

5.1 Resultados para 50% da carga nominal

Os resultados das figuras abaixo foram obtidos colocando o motor a uma velocidade de
1774 rpm. Inicialmente, na situação sem defeito e, posteriormente, na situação com defeito.
Segundo a calculadora online da SKF, cujos os resultados estão em anexo, para uma velocidade
de 1774 rpm e para o rolamento 6204-2Z, a frequência do defeito na pista externa deve aparecer
na frequência de 90,2 Hz no espectro.

Figura 10: Espectro da HT com 50% da carga nominal e sem defeito.

Figura 11: Espectro da FFH com 50% da carga nominal e sem defeito.

18
X: 90,82
Y: 0,685

X: 272,2
X: 181,6 Y: 0,344
Y: 0,315

X: 363,0
Y: 0,182

Figura 12: Espectro da HT com 50% da carga nominal e com defeito.

X: 90,58
Y: 0,422

X: 272
X: 181,2 Y: 0,136
Y: 0,103
X: 362,8
Y: 0,043

Figura 13: Espectro da FFH com 50% da carga nominal e com defeito.

5.2 Resultados para 100% da carga nominal

Os resultados das figuras abaixo foram obtidos colocando o motor a uma velocidade de
1742 rpm na situação com defeito. Segundo a calculadora online da SKF, cujos os resultados
estão em anexo, para uma velocidade de 1742 rpm e para o rolamento 6204-2Z, a frequência
do defeito na pista externa deve aparecer na frequência de 88,6 Hz no espectro.

19
X: 89,11
Y: 0,536
X: 178,0
Y: 0,382 X: 267,1
Y: 0,361

X: 356,2
Y: 0,093

Figura 14: Espectro da HT com 100% da carga nominal e com defeito.

X: 88,87
Y: 0,267

X: 177,7
Y: 0,167 X: 266,8
Y: 0,153

X: 356,0
Y: 0,014

Figura 15: Espectro da FFH com 100% da carga nominal e com defeito.

20
6 CONCLUSÕES

No mercado atual, evitar quebras e paradas de equipamentos de uma indústria é de suma


importância para que as empresas se mantenham competitivas. Os rolamentos assumem um
papel importante na prevenção de perdas de uma empresa, visto que são elementos mecânicos
utilizados em larga escala dentro de uma indústria. Dessa forma, diversos métodos de detecção
de falhas estão sendo propostos a fim de se antecipar a quebra de um determinado componente
ou equipamento. Dentre as técnicas existentes, tem-se a FFH, Fault Frequency Highlighting,
que através da interpolação dos extremos locais e da análise espectral, destaca a frequência
característica dos defeitos.
Através da coleta de sinais de vibração de um motor elétrico e da implementação
computacional do algoritmo da FFH, foi possível verificar, para situação com e sem defeito, a
eficácia do método para detecção do defeito na pista externa de um rolamento.
A FFH se mostrou uma ferramenta alternativa às técnicas tradicionais de detecção de
falhas, mesmo com as interferências características desse tipo de análise. A técnica gerou
resultados claros e assertivos no que tange ao defeito na pista externa de um rolamento. Uma
técnica de fácil implementação computacional que pode ser uma aliada na prevenção de perdas
no setor industrial.

21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Batista, F.B., Lamim Filho, P.C.M., Pederiva, R., e Silva, V.A.D. (2016). An Empirical
Demodulation for Electrical Fault Detection in Induction Motors. IEEE Transactions on
Instrumentation and Measurement, 65(3):559-569.

Bezerra, R.A.; Pederiva, R. Detecção de falhas em rolamentos por análise de


vibração. Doutorado em Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, SP, Brasil, 2004.

Nunes, M. A. C. (1989). Diagnóstico de defeitos em rolamentos pela técnica do envelope.


Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina.

Bonnett, A.H.; Yung, C. Increased efficiency versus increased reliability. IEEE Industry
Applications Magazine, v. 14, n. 1, 2008.

Haykin, S., An Introduction to Analog and Digital Communication, New York, John Wiley &
Sons, U.S.A., 1989, 652p.

Lamim Filho, P.C.M. (2007), Monitoramento “On-Line” de Motores de Indução Trifásicos,


Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas. Tese
(Doutorado).

Alves, D.A. (2017). Técnicas de detecção de falhas em barras do rotor nos motores de indução
trifásicos. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São João del Rei.

Baccarini, L.M.R. (2005). Detecção e Diagnóstico de falhas em Motores de Indução. Tese de


Doutorado, Universidade Federal de Minas Gerais.

Fujimoto, R. Y. Diagnóstico Automático de Defeitos em Rolamentos Baseado em Lógica Fuzzy,


2005, 182 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2005.

Mesquita, A. L. A., Santiago, D. F. A., Bezerra, R. A., Miranda, U. A., Dias, M., and Pederiva.
R., Detecção de Falhas em Rolamentos Usando Transformadas Tempo-Freqüência –
Comparação com Análise de Envelope, Mecânica Computacional, 2002, Vol. XXI, pp. 1938-
1954.

22
Araújo, R. S. (2011). Desgaste Prematuro e Falhas Recorrentes em Rolamentos de Motores de
Indução Alimentados por Inversores: Análise e Proposta de Solução. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Minas Gerais.

Neto, F. P. L., Bovi, H., Análise das bandas de altas frequências utilizadas na detecção de
defeitos em rolamentos. Congresso Brasileiro de Engenharia Mecânica, XV, 1999. Águas de
Lindóia, São Paulo.

Moreira, J.S., Detecção de barras quebradas em motores de indução utilizando o algoritmo


Fault Frequency Highlighting. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de São
João del-Rei.

Nepomuceno, L. X. Técnicas De Manutenção Preditiva, São Paulo, Editora Edgard Blücher,


Brasil, 1999, Cap. XI, Identificação da Origem das Vibrações Monitoração, pp. 410-498.

23
ANEXOS

24
ANEXO A

Programa Computacional

25
% Universidade Federal de São João del-Rei
% Curso de Engenharia Elétrica
% Trabalho de Conclusão de Curso
% Marcos Félix Santos Castro
% 130950086

close all
clear all
clc

%% Dados

arq = load('com_falha_X_100%.txt'); % Para carregar os arquivos

t = arq(:,1);
x = arq(:,2); % Amplitude do Sinal

L = length(x); % Length of signal


fs = 1 / (t(2) - t(1)); % Sampling frequency
ts = 1 / fs;

t = linspace(0,ts,L); % Define o intervalo de tempo a ser plotado

%% Filtro Passa-Faixa

Or = 2; % Order
Fc1 = 10000; % First Cutoff Frequency
Fc2 = 30000; % Second Cutoff Frequency

h = fdesign.bandpass('N,F3dB1,F3dB2', Or, Fc1, Fc2, fs); % Construct an FDESIGN object


and call its BUTTER method
Hd = design(h,'butter');
x = filter(Hd,x); % Sinal filtrado

%% Fault Frequency Highlighting (FFH) Algorithm %%

%% Step 1 - Local maximums and minimums

aux1 = 1;
aux2 = 1;

for i = 1:1:L-2

if x(i+1) > x(i) && x(i+1) > x(i+2) && x(i+1) >= 0
xmax(aux1) = x(i+1);
tmax(aux1) = t(i+1);
aux1 = aux1 + 1;
end

if x(i+1) < x(i) && x(i+1) < x(i+2) && x(i+1) <= 0
xmin(aux2) = x(i+1);
tmin(aux2) = t(i+1);
aux2 = aux2 + 1;
end

Programa computacional (continua).

26
%% Step 2 - Interpolation of the local maximums and minimums

xu = interp1(tmax,xmax,t,'spline'); % Interpolation
xl = interp1(tmin,xmin,t,'spline');

xu = xu - mean(xu); % Para retirar componente CC


xl = xl - mean(xl);

%% Step 3 - Spectrum Xu and Xl (FFT)

NFFT = 2^nextpow2(L); % Next power of 2 from length of L % Define a quantidade de


amostra necessárias em uma FFT

Xu = fft(xu,NFFT)/L; % Fast Fourier Transform


Xu = abs(Xu);

Xl = (fft(xl,NFFT)/L);
Xl = abs(Xl);

%% Step 4 - Local maximums and minimums of the spectrum Xu and Xl

aux1 = 1;
aux2 = 1;

f = fs *(0:L-1)/L;
L = length (f);

for i = 1:1:L-2

Xumax(1) = Xu(1);
Xlmax(1) = Xl(1);

Xumax(L/2) = Xu(L/2);
Xlmax(L/2) = Xl(L/2);

if Xu(i+1) > Xu(i) && Xu(i+1) > Xu(i+2)


Xumax(aux1) = Xu(i+1);
else
Xumax(aux1) = 0;
end
aux1 = aux1 + 1;

if Xl(i+1) > Xl(i) && Xl(i+1) > Xl(i+2)


Xlmax(aux2) = Xl(i+1);
else
Xlmax(aux2) = 0;
end
aux2 = aux2 + 1;

end

Programa computacional (continuação).

27
%% Step 5 - Spectrum Xffh - Fault Frequency Highlighting (FFH)

f = linspace(0,fs,L-2);
Xffh = Xumax.*Xlmax; % Fault Frequency Highlighting

figure (1)
plot(f,Xffh)
axis([-6 500 -0.02 0.6])
title('Spectrum by Fault Frequency Highlighting (FFH) Algorithm')
xlabel('Frequency (Hz)')
ylabel('Amplitude (m/s²)')
set(gcf,'color','w')
set(gca,'FontSize',12)
grid on

%% Hilbert Transform (HT) Algorithm %%

%% Hilbert Transform (HT)

f = linspace(0,fs,L);
ht = hilbert(x); % Hilbert Transform
aux1 = sqrt(ht.*conj(ht));
aux1 = aux1 - mean(aux1); % Retira a componente CC do sinal e desloca o eixo para 0
yht = abs(fft(aux1)/L);

figure (2)
plot(f,yht)
axis([-6 500 -0.02 0.6])
title('Spectrum by Hilbert Transform (HT) Algorithm')
xlabel('Frequency (Hz)')
ylabel('Amplitude (m/s²)')
set(gcf,'color','w')
set(gca,'FontSize',12)
grid on

Programa computacional (conclusão).

28
ANEXO B

Dados do rolamento

29
6204-2Z
SKF Explorer

Dimensions

d   20 mm

D   47 mm

B   14 mm

d1 ≈ 28.8 mm

D2 ≈ 40.59 mm

r 1,2 min. 1 mm

Abutment dimensions

da min. 25.6 mm

da max. 28.7 mm

Da max. 41.4 mm

ra max. 1 mm

Calculation data
Basic dynamic load rating C   13.5 kN

Basic static load rating C0   6.55 kN

Fatigue load limit Pu   0.28 kN

Reference speed     32000 r/min

Limiting speed     17000 r/min

Calculation factor kr   0.025  

Calculation factor f0   13  

Mass
Mass bearing     0.11 kg
ANEXO C

Resultados da calculadora da SKF para 50% da carga nominal

31
ANEXO D

Resultados da calculadora da SKF para 100% da carga nominal

34

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