Você está na página 1de 3

Consolidação das Contas Públicas Exigidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal

A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece as normas de gestão de finanças públicas. A


Prestação de contas deve mostrar o desempenho da arrecadação em relação á previsão. Reiterando
os mandamentos contidos na Portaria nº 447, de 13 setembro de 2002, da Secretaria do Tesouro
Nacional esta norma e de caráter impositivo, sendo, portanto, de observação obrigatória por parte dos
municípios, já que impõe a necessidade de consolidação das contas públicas exigidas pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. Dessa forma , caso não tenha sido contabilizada a arrecadação ocorrida
dentro do exercício de 2004 e 2005 de receitas cuja titularidade pertence aos municípios, em relação
ás quais o órgão arrecadador atua como agente centralizador , os municípios deverão providenciar o
reconhecimento de tais receitas naquele exercício e efetuar os ajustes correspondentes às
respectivas parcelas financeiramente entregues a estes nos meses de janeiro de 2005 e 2006 –
ICMS/Estado , FPM , Transferências de recursos do FUNDEF. Transferência do SUS e Outras da
União.Para tanto, deverão ser incluídas no Plano de Contas dos Municípios contas apropriadas para
escrituração contábil dos eventos correspondentes.
As respostas a estas questões são encontradas na Portaria nº 447, de 13/09/02 da STN,
publicada no DOU de 18/09/02, que define conceitos, regras e procedimentos contábeis para registro
de transferências intergovernamentais , no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
com vistas á consolidação das contas públicas nacionais, em respeito ao quanto disposto no artigo 50
§ 2º da Lei Complementar Federal nº 101, de 4 de maio 2.000.
Dizem textualmente os artigos 2º e 3º da Portaria nº 447/2002, que :
“Art. 2º - Os órgãos e entidades transferidoras de recursos para outro ente da Federação deverão
informar a cada beneficiário de transferência o valor das despesas liquidadas, independentemente da
efetivação do respectivo pagamento , incluindo as inscritas em Restos a Pagar, bem como os
eventuais cancelamentos”.
“Art 3º - O beneficiário de transferência intergovernamental, com base na informação recebida,
deverá proceder á compatibilização do valor da sua receita registrada com o da despesa informada
pelo órgão ou entidade transferidor, observando o roteiro contábil contido no quadro anexo” ·
A Secretaria do Tesouro Nacional emitiu 3 (três) notas técnicas de números 917/04 ; nº
102/05 e nº 150/05.Segundo a Nota Técnica nº 917/2004 opina que o registro dos recursos a receber
de convênios que ainda não foram repassados ao município deve ser efetuado observando o disposto
na Portaria STN nº 447/02 da seguinte forma :
D: Recursos a Receber por transferências (AF)
C: Receita Orçamentária
A nota técnica nº 102/05 opina com a relação á natureza da transferência em foco, o ente que
arrecada receitas de propriedade de outros entes, as inclui em seu orçamento e, para não evidenciar
superávit indevido utilizando-se de recursos de outro ente, inscreve em despesas de restos a pagar
para entregar os recursos correspondentes ao ente proprietário, sobre essa circunstância, a Portaria
STN nº 471/04, instituiu a 4ª edição do Manual de Elaboração do Relatório de Gestão Fiscal, que
prevê a existência de valores orçamentários ainda não recebidos na data de encerramento do
exercício, mas investidos de liquidez e certeza, conforme o detalhamento do Anexo V, que
transcrevemos :
“Disponibilidade Financeira – Essa linha apresenta o valor total, em 31 de dezembro, de caixa,
bancos (detalhados em contas especificas) aplicações financeiras e Outras Disponibilidades
Financeiras, com exceção das disponibilidades do Regime Previdenciário que serão demonstradas
destacadamente. Os recursos legalmente vinculados á finalidade especifica serão utilizados
exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação .” .
Desta forma, depreende-se que, mesmo imbuído de uma defasagem temporal entre a
arrecadação da receita orçamentária para consolidar o efetivo ingresso do recurso financeiro na conta
bancária do proprietário da receita, a transferência constitucional mantém suas características
contábeis , tendo seu tratamento previsto no Manual de Elaboração do Relatório de Gestão Fiscal,
amplamente disponibilizado por este Órgão Central de Contabilidade.
A nota técnica nº 150/2005 apresenta que o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais de
Sobrestar a aplicação da Portaria STN nº 447/02, porque o tribunal não aceita a portaria por ir de
encontro a Lei nº 4.320/64 que dispõe que as receitas são por regime de caixa a consulta se deu para
adequação aos regimes de caixa e competência, e a aplicação destes recursos na educação, pois há
uma instrução por parte desse Tribunal de Conta onde determinam quais são valores aplicados na
Educação, despesas realizadas e ainda as disponibilidades de caixa. Uma vez que as prefeituras que
não tem disponibilidade de caixa em 31/12 não podem considerar na apuração dos 25% mas como
temos o registro da receita devemos considerar como origem de recurso. Sob este prisma o
município não alcançaria os 25% previstos em lei.
A orientação do Coordenador Geral de Contabilidade Contador ISALTINO ALVES DA CRUZ,
da STN , que a Portaria STN nº 447/02 que deverá ter o registro no Ativo financeiro e os documentos
comprobatórios da transferência correspondente com data estabelecida em lei, poderá ser
considerado como disponibilidade para fins de limites legais. Com relação aos recursos aplicados na
educação, devem ser consideradas como despesas ás efetivamente realizadas, assim entendidas, as
despesas liquidadas e aquelas que no encerramento do exercício, estiverem apenas empenhadas,
terão que ser inscritas em restos a pagar, conforme estabelecido na 4ª edição do Relatório Resumido
da Execução Orçamentária, aprovada pela Portaria STN nº 471 de 31/08/04.
A contabilização desses recursos como receita orçamentária do exercício de 2004 e 2005 irá
amenizar dificuldades vivenciadas por diversos Municípios, devendo proporcionar um aporte
financeiro aos gestores que ora deixaram, considerando-se que os valores equivalentes aos depósitos
das primeiras parcelas de janeiro, cobrirá eventuais empenhos de despesas sem disponibilidade
financeira, o que infringiria a LRF.Lembramos no entanto que, ocasionaram uma alteração na base de
cálculo da Receita Considerada para fins do cumprimento das obrigações constitucionais, podendo vir
o chefe do poder executivo ser penalizado por não atingir os percentuais estabelecidos, pois os fatos
de a receita estar efetivamente ampliada com as contas recebidas em 2005 e 2006 implicaram que as
obrigações constitucionais de aplicação de despesas exigirão a alocação de recursos em maior
monta. Vê-se, portanto, que pela sua natureza, são receitas que recaem na base de cálculo.Quando
os índices referentes á Saúde, Educação e FUNDEF forem alcançados em percentuais pouco além do
mínimo legalmente exigido, a contabilização do ingresso dessa receita em 2004 e 2005, provocaram
um impacto negativo nos percentuais já encontrados, posto que a elevação da base de calculo exigiria
a correspondente realização de despesas afins ás respectivas ações, o que não seria mais possível,
atentando-se, ainda, para o fato de que as despesas inscritas em Restos a Pagar não serão
computadas para esse efeito.Em obediência ao principio da simetria, próprio dos regimes federativos
de Estado, o mesmo entendimento deverá ser extensivo ao ICMS, como transferência estadual, em
não tendo o Estado do Mato Grosso do Sul adotado a sistemática de informar a cada beneficiário a
expectativa dessa receita, bimestralmente, tampouco a sua forma de contabilização, caberá aos
municípios, por intermédio de seus representantes, a iniciativa de solicitar á Secretaria de Estado de
Receita e Controle que lhes informe, mediante documento hábil e formal, valor da parcela do ICMS
correspondente á ultima semana do mês de dezembro, depositada em janeiro de 2005 e 2006, se foi
contabilizada pelo Estado , para que procedam as respectivas contabilização com base na informação
recebida,.principalmente porque a Portaria tem por objetivo a consolidação das contas públicas
nacionais.
O balanço deve registrar tudo o que aconteceu em termos de gestão de uma entidade em
dado momento, dar informação é um dos Princípios Fundamentais da Contabilidade e diz que as
demonstrações contábeis devem revelar, a que de direito, todos os fatos que possam influir,
significadamente na sua interpretação e a composição do orçamento deverá ser obrigatória por fonte
de recursos para melhor transparência, principalmente os recursos vinculados e outras fontes.
Para finalizarmos este artigo de opinião, que tem como objetivo de discutir a nova realidade
diante da Portaria do STN nº 447/02.,verificamos que ate o mês de fevereiro de 2006 não
encontramos nenhuma consulta publicada neste tribunal de contas de posição de sobrestar a
aplicação da portaria acima citada por ir de encontro a Lei nº 4.320/64 que dispõe que as receitas são
por Regime de Caixa, com isso entendemos que a Portaria foi aceita neste tribunal como na maioria
dos Tribunais de Contas dos Estados e Municípios , e no Tribunal de Contas da União.

Antonio Elias das Neves Ferreira de Morais


Auditor de Controle Externo/ Contador TCE-MS

Você também pode gostar