Você está na página 1de 20

ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica

Tratamento Matemático de Observações

PROPAGAÇÃO DE ERROS
Seja a função z: z = a1 x1 + a2 x2
Onde as variáveis x1 e x2 têm erros ε1 e ε2
respectivamente. Então, para n determinações de x1
e x2 as equações podem ser escritas assim:

zV = a1 (x1i -ε1 ) + a2 (x2i -ε2 ) = a1 x1i + a2 x2i - (a1ε1 + a2 -ε2 )


i i i i

zV = a1 (x1ii -ε1ii ) + a2 (x2ii -ε2ii ) = a1 x1ii + a2 x2ii - (a1ε1ii + a2 -ε2ii )


zV = a1 (x1iii -ε1iii ) + a2 (x2iii -ε2iii ) = a1 x1iii + a2 x2iii - (a1ε1iii + a2 -
ε2iii )
.......
etc. [ zV = Z verdadeiro ]

Os valores de z serão:
zi = a1 x1i + a2 x2i
zii = a1 x1ii + a2 x2ii
ziii = a1 x1iii + a2 x2iii
.......
etc.

Os erros de cada função z serão:


zi - zV = a1 ε1i + a2 ε2i
zii - zV = a1 ε1ii + a2 ε2ii
ziii - zV = a1 ε1iii + a2 ε2iii
.......
etc.

onde zV é o verdadeiro valor da função z.

Aula 4 – Propagação de Erros 1 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

A soma do quadrado dos erros será:


n

∑ε
i =1
2
= (a1 ε1i + a2 ε2i)2 + (a1 ε1ii + a2 ε2ii)2 +
(a1 ε1iii + a2 ε2iii)2 + … = n σz2

Expandindo os termos, vem:

n σz2 = (a1 ε1i)2 + 2a1a2ε1iε2i + (a2 ε2i)2 + (a1 ε1ii)2 +


2a1a2ε1iiε2ii +(a2 ε2ii)2+ .......

Reagrupando os termos:

n σz2 = a12 [ (ε1i)2 + (ε1ii)2 +(ε1iii)2 +....] +


a22 [ (ε2i)2 + (ε2ii)2 +(ε2iii)2 +....] +
2a12 a22 (ε1iε2i + ε1iiε2ii + ε1iiiε2iii + .....)

Dividindo ambos os termos por n, temos:


⎛ n 2⎞ ⎛ n ⎞ ⎛ n 2⎞
⎜ ∑ ε1 ⎟ ⎜ ∑ ε 1ε 2 ⎟ ⎜ ∑ε2 ⎟
σ z2 = a12 ⎜ i =1 ⎟ + 2a1a2 ⎜ i =1 ⎟ + a 2 ⎜ i =1 ⎟
⎜ n ⎟ ⎜ n ⎟ 2⎜ n ⎟
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠
Note-se que n n n

∑ε 2
1 ∑ε 2
2 ∑ε ε 1 2
σ =2
x1
i =1
σ 2
x2 = i =1
σx x = i =1

n n 1 2
n
Onde σ x1x2 é a covariância das observações.
Se estas forem independentes, então σ x1 x2 = 0

Aula 4 – Propagação de Erros 2 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

O termo das covariâncias


Mostra a interdependência entre as variáveis (observações)

a) Se σ x x < 0 , então x1 e x2 são inversamente relacionadas.


1 2

b) Se σ x x > 0 , então x1 e x2 são directamente relacionadas.


1 2

c) Se σ x x = 0 , então x1 e x2 são independentes, i.e.,


1 2

qualquer alteração em x1 não afectará x2.

Notação de matrizes

Expressão da covariância final:


σ z2 = a12σ x2 + 2a1a 2σ x x + a 22σ x2
1 1 2 2

Em notação de matrizes:

⎡ σ x21 σx x ⎤ ⎡ a1 ⎤
Σ zz = [a1 a2 ] ⋅ ⎢ 1 2
⎥⋅⎢ ⎥
⎢⎣σ x1x2 σ x2 21 ⎥
⎦ ⎣ a2 ⎦
Se a função tiver n incógnitas:

⎡ σ x21 σxx L σ x1xn ⎤ ⎡ a1 ⎤


⎢ ⎥
L σ x2 xn ⎥ ⎢⎢ a2 ⎥⎥
1 2

⎢ σ x1x2 σ x2
Σ zz = [a1 a2 L an ] ⋅ 2

⎢ M M O M ⎥ ⎢M⎥
⎢ 2 ⎥ ⎢ ⎥
⎢⎣σ x1xn σx x
2 n
L σ xn ⎥⎦ ⎣an ⎦

Aula 4 – Propagação de Erros 3 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Se houver m funções com n incógnitas, vem:

⎡ a11 a12 L a1n ⎤ ⎡ σ x21 σx x L σ x1 xn ⎤ ⎡ a11 a 21 L a m1 ⎤


⎢a ⎢ ⎥
L a 2 n ⎥⎥ ⎢σ x1 x2 L σ x2 xn ⎥ ⎢⎢ a12 a 22 L a m 2 ⎥⎥
1 2

a 22 σ x2
Σ zz = ⎢ 21 ⋅ 2

⎢ M M O M ⎥ ⎢ M M O M ⎥ ⎢ M M O M ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣a m1 am 2 L a mn ⎦ ⎢⎣σ x1 xn σx x
2 n
L σ x2n ⎥⎦ ⎣a1n a 2 n L a mn ⎦

Esta é conhecida como a:


Lei da Propagação das Variâncias Generalizada
(LPVG)

Se as n incógnitas forem independentes, então os


elementos da covariância serão zero por definição e:

⎡ a11 a12 L a1n ⎤ ⎡σ x21 0 L 0 ⎤ ⎡ a11 a21 L am1 ⎤


⎢a ⎢ ⎥
a22 L a2 n ⎥⎥ ⎢ 0 σ 2
L 0 ⎥ ⎢⎢a12 a22 L am 2 ⎥⎥
Σ zz = ⎢ 21 ⋅ ⋅
x2

⎢ M M O M ⎥ ⎢ M M O M ⎥ ⎢ M M O M ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣am1 am 2 L amn ⎦ ⎢⎣ 0 0 L σ x2n ⎥⎦ ⎣a1n a2 n L amn ⎦

Σ zz = AΣA T

Aula 4 – Propagação de Erros 4 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

E se houver apenas uma equação (uma função)


com n incógnitas, temos:
σz = (a σ ) + (a σ ) + (a σ )
1 x1
2
2 x2
2
3 x3
2
(
+ L + a nσ x n )
2

Esta é a Lei Simplificada da Propagação das


Variâncias Generalizada (LSPVG)
Para problemas linearizados, teremos
2 2 2
⎛ ∂Z ⎞ ⎛ ∂Z ⎞ ⎛ ∂Z ⎞
σ z = ⎜⎜ σ x1 ⎟⎟ + ⎜⎜ σ x2 ⎟⎟ + L + ⎜⎜ σ xn ⎟⎟
⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x2 ⎠ ⎝ ∂xn ⎠

Seguem-se alguns exemplos de funções mais vulgares.

1. Erro padrão numa soma

Seja A: A = B1 + B2 + B3 + ..... + Bn, e Bi


observações independentes, com erros padrão SBi
Qual será o erro para o valor calculado de A ?

Resposta : S A = S B21 + S B22 + S B23 + L + S B2n


Fazendo uso da LSPVG: onde a1 = a2 =... an = 1

2. Erro padrão numa série


No caso anterior, se o erro
for sempre o mesmo, S A = SB n
3. Erro padrão duma média
y1 + y2 + L + yn
Se y=
n
Aula 4 – Propagação de Erros 5 / 20
ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

, então a1 = a2 = a3 = L = an = 1 n
Portanto: 2 2 2
⎛1 ⎞ ⎛1 ⎞ ⎛1 ⎞ nS 2 S
S y = ⎜ S y1 ⎟ + ⎜ S y2 ⎟ + L + ⎜ S yn ⎟ = =
⎝n ⎠ ⎝n ⎠ ⎝n ⎠ n2 n
Como já tinhamos verificado.

Exemplos numéricos

Volume de um tanque cilíndrico


Verificou-se que o raio de um tanque é 24,00 ± 0,05
m. A sua altura é de 36,00 ± 0,06 m. Qual o seu
volume e respectivo desvio padrão?

V = π R2 H <=> V = π 242 36 = 65144,06528 m3

O desvio padrão será (LSPVG):


∂V ∂V
= 2 π RH = πR 2

∂R ∂H
Solução
Os termos individuais serão:
∂V O volume é:
S R = (2πRH ) S R = 2π (24)(36)(0,05) = 271,43
∂R
∂V
S H = πR 2 S H = π (24) 2 (0,06) = 108,57
V = 65100 ± 300 m3
∂H
S = 271,432 + 108,57 2 = 292 m3

Aula 4 – Propagação de Erros 6 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Distância Horizontal

Qual o desvio padrão da distância horizontal H,


entre A e B, se a distância
inclinada S for 1345,67m e o
ângulo vertical for 4° 13' 56"
± 16.8"?

Presume-se um erro de
estacionamento da estação
total de 0,005m e o para o alvo de 0,01m, sendo o
erro do EDM de 5mm + 5 ppm.

Solução:
Para o cálculo do erro da distância inclinada S:
⎛ 5 × 1345,67 ⎞
2

S y = 0,0164 + ⎜ 2
⎟ + 0,005 + 0,01 =0,021m
2 2

⎝ 1000000 ⎠
H = S cos α <=> H = 1345,67 cos (4° 13' 56") = 1342

⎛ ∂H ⎞ ⎛ ∂H
2 2

S= ⎜ σS ⎟ +⎜ σα ⎟
⎝ ∂S ⎠ ⎝ ∂α ⎠

∂H
σ S = cos(α )σ S = cos (4° 13' 56") 0,021 = 0,021m
∂S

∂H σ α σ
= − S sin (α ) α = 1345,67 ×
16,8
= 0,11m
∂α ρ ρ 206264,8

σ H = 0,0212 + 0,110 2 = 0,112m H = 1342,00 ± 0,11 m

Aula 4 – Propagação de Erros 7 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Problema do ponto inacessível

Pretende-se conhecer a altitude de um ponto C de uma


chaminé.
A altitude do ponto A é 395,83 ± 0,002 m
A altitude do ponto B é 396,71 ± 0,001 m

As alturas do instrumento são respectivamente:


Em A hA = 1,60 ± 0,002 m
Em B hB = 1,58 ± 0,002 m

Distância AB = 41,59 ± 0,005 m


Ângulo IAB = 44° 12' 34" ± 8,6"
Ângulo ABI = 39° 26' 56" ± 11,3"
Ângulo v1 = 8° 12' 47" ± 4,1"
Ângulo v2 = 5° 50' 10" ± 5,1" C

Qual a altitude do ponto C


e respectivo desvio padrão ?

V1

V2
A
B

Aula 4 – Propagação de Erros 8 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

PROPAGAÇÃO DE ERROS NA
MEDIÇÃO DE ÂNGULOS
ƒ Fontes de erros
ƒ Erro no método da reiteração
ƒ Erro no método das direcções
ƒ Erro nos ângulos devidos a pontarias
ƒ Erro esperado de pontaria e leitura em estações totais
ƒ Erro em ângulos devido a montagem do alvo descentrada
ƒ Erro em ângulos devido a centragem do aparelho

Fontes de erros:
1. Leitura do limbo horizontal
erro pessoal

2. Pontaria ao alvo
erro pessoal
dependente do instrumento

3. Montagem do alvo
reduzido ao aumentar a distância

4. Estacionamento do instrumento
reduzido ao aumentar a distância

5. Nivelamento defeituoso do instrumento


maior efeito para ângulos verticais maiores

Aula 4 – Propagação de Erros 9 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Erro no método da reiteração


Quando as leituras são feitas:
1) ler o limbo ao “zerar” a direcção origem
2) ler o limbo na pontaria final

Para um ângulo medido n vezes


usando os dois lados do limbo
Erro resultante:

α 1 + α 2 + ... + α n σ 02 + σ r2
α= σα = r
n
n
σ 02 + σ r2
Os erros apenas ocorrem em αi e αn. Assim, σ α = dá-nos o erro médio.
n
r

σr é o erro de leitura, σ0 é o erro de colocar o limbo em zero e n o número de


repetições do ângulo. n deve ser um número par, sendo metade em posição
directa e as outras em inversa, para compensar erros sistemáticos
instrumentais.
Se o operador fizer as leituras e o “zero” com a mesma precisão, então:
σ 2
σ αr = r
n

Exemplo (método da reiteração)


Supondo que σr = ± 1,5” e que um ângulo é medido 6 vezes pelo método da
reiteração, qual é o erro esperado para o ângulo devido a erros de leitura ?
1,5 2
σα = ± = 0,4"
r
6

Erro no método das direcções


Quando um as leituras são feitas:
1) ler o limbo para cada pontaria
2) o ângulo é uma medida indirecta
α = leiturafrente – leituraatràs

Aula 4 – Propagação de Erros 10 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Para o ângulo lido n vezes em lados opostos do limbo:

( LF 1 − LT 1 ) + ( LF 2 − LT 2 ) + ... + ( LFn − LTn )


α médio =
n
e o erro respectivo será:
1
σα = σ F2 1 + σ T21 + σ F2 2 + σ T2 2 + ... + σ Fn
2
+ σ Tn
2
médio
n

Se σ l = σ F 1 = σ T 1 = σ F 2 = σ T 2 = ...
2 2 2 2

2 ⋅ n ⋅ σ l2 σ l 2
Então
σα = =
médio
n n
Exemplo (método das direcções)
Supondo que σr = ± 1,5” e que um ângulo é medido 6 vezes pelo método
das direcções, qual é o erro esperado para o ângulo devido a erros de
leitura ?
1,5 2
σα = ±
r
= 0,87"
6

Erro nos ângulos devidos a pontarias


Factores que afectam a amplitude do erro de pontaria:
1) qualidades ópticas do telescópio
2) dimensão do alvo
3) habilidade do operador para centragem do alvo
4) condições atmosféricas (nevoeiro, gradientes térmicos, etc.)

Análise dos erros de pontaria


Se cada ângulo implica duas pontarias, então para n medições
dum ângulo, tem-se:
1
σα = σ F2 1 + σ T21 + σ F2 2 + σ T2 2 + ... + σ Fn
2
+ σ Tn
2
p
n

Aula 4 – Propagação de Erros 11 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Se σ α p = σ F 1 = σ T 1 = σ F 2 = σ T 2 = ... = σ p , i.e., erro de


2 2 2 2

pontaria, vem:
σ p 2⋅n 2 2
σα = =σ p =σ p
p
n n n

Exemplo (erros devidos a pontarias)


Supondo que o erro esperado de pontaria dum observador é σr = ± 1,8” e que um
ângulo é medido 6 vezes pelo método das direcções, qual é o erro esperado para o
ângulo devido a erros de pontaria ?
1,8" 2
σα = ±
p
= 1,0"
6

Erro esperado de pontaria e leitura


em estações totais
Standard DIN18723
Baseado numa única direcção medida em “directa” e “inversa”:

σ pl = σ DIN 2
Então para n medições dum ângulo:
2 ⋅ σ DIN
σα pl
=
n
Exemplo (erro de pontaria e leitura em estações totais)
Supondo que o DIN18723 é de ± 5” e que um ângulo é medido 6 vezes com essa
estação total, qual é o erro esperado para o ângulo devido a erros de pontaria e leitura?
2 ⋅ 5"
σα = ±
p
= 4,1"
6

Aula 4 – Propagação de Erros 12 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Erro em ângulos devido a


montagem do alvo descentrada

NOTA: Este tipo de erro é sistemático para um único


estacionamento, mas tornar-se-á aleatório (random) para
múltiplos estacionamentos

Erro numa única direcção


σd
σt =
D em que σt é expresso em radianos.

Aula 4 – Propagação de Erros 13 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Erro num ângulo devido a montagem do alvo descentrada

⎛ σ d1 ⎞ ⎛ σ d2 ⎞
2 2

σα = ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ D1 ⎠ ⎝ D2 ⎠
t

Se σ d = σ d = σ t , então:
1 2

2 2 2 2
⎛σ ⎞ ⎛σ ⎞ ⎛ 1 ⎞ ⎛ 1 ⎞
σα = ⎜⎜ t ⎟⎟ + ⎜⎜ t ⎟⎟ ⇔ σ t ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ D1 ⎠ ⎝ D2 ⎠ ⎝ 1⎠ ⎝ 2⎠
D D
t

D1 + D2
2 2

σα = σ t
t
D1 ⋅ D2
σα t em radianos
Para obter o resultado em segundos de arco sexagesimal, multiplica-se
pelo factor ρ = 206264,8 = (180/π)*60*60 (a unidade é “/rad)

D1 + D2
2 2

σα = σ t ρ
t
D1 ⋅ D2
σα t em segundos de arco sexagesimal

NOTA: Uma vez que cada erro ocorre em cada pontaria, a sua
amplitude não pode ser reduzida por múltiplas pontarias.

Aula 4 – Propagação de Erros 14 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Exemplo (erros devidos a centragem de alvo)


Uma estação é referenciada por um alvo reflector sobre um bastão, com a precisão de
0,006 m. qual é o erro esperado para o ângulo devido a centragem de alvo, se a visada
à esquerda for de 76,2 m e à direita de 45,72 m ?

76,2 2 + 45,7 2
σ α t = 0,006 ρ⇔
76,2 ⋅ 45,7
⇔ σ α t = 32"

Erro em ângulos devido a


centragem do aparelho

Factos (erros em ângulos devido a centragem do aparelho):


• O erro afecta cada direcção
• Há duas posições em que os erros de cada direcção se cancelam (a)
• Embora sistemático em cada estação, estes erros são aleatórios para
várias estações

Erro para uma única pontaria:


α = ( P2 + ε2 ) - ( P1 + ε1 ) = ( P2 - P1 )+ ( ε2 - ε1)
α = ( P2 - P1 )+ ε

Aula 4 – Propagação de Erros 15 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Análise da propagação do erro:

Do anterior esquema, conclui-se:


ih = ip - ir
ih = iq cos(a)- sq sen(a)
Seja sq = x e iq = y, vem:
ih = y cos(a)- x sen(a)

ih y ⋅ cos(α ) − x ⋅ sen(α ) y
Então: ε 1 = D = D1 e ε 2 =
D2
1

y y ⋅ cos(α ) − x ⋅ sen(α )
ε = −
D2 D1 ou seja,

D1 ⋅ y + D2 ⋅ x ⋅ sen(α ) − D2 ⋅ y ⋅ cos(α )
ε=
D1 ⋅ D2
Aula 4 – Propagação de Erros 16 / 20
ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Análise da propagação do erro (continuação):


Aplicando a Lei Simplificada da Propagação das
Variâncias Generalizada (LSPVG), temos as seguintes
derivadas parciais:

∂ε D2 sen(α ) ∂ε D1 − D2 cos(α )
= =
∂x D1 D2 e ∂y D1D2

Uma vez que o erro é igualmente provável em x e em y ,


sendo uma distribuição bivariada:

σi
σ x =σ y =
σi
σy
σx
2

Então, pela LSPVG vem:

D
σ α2i = 1
+ D2 ⋅
2
cos2
(α ) + sen 2 2
(α [
) − 2 D1 ⋅ D2 ⋅ cos(α ) σ ]
i
2

D1 ⋅ D2
2 2
2

Tendo em conta que:


[cos2 (α ) + sen 2 (α )] = 1 e D1 2 + D2 2 ⋅ −2 D1 ⋅ D2 ⋅ cos(α ) = D3 2

D3
σα = ± σiρ
i
D1 ⋅ D2 2

Aula 4 – Propagação de Erros 17 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Exemplo (erros devidos a centragem de alvo)


Um observador estaciona um instrumento com uma precisão de 0,005 m,
para distâncias visadas para medir o ângulo subentendido de 250 m e 450
m, respectivamente. O ângulo medido é de 50º. Qual é o erro total
estimado para o ângulo devido à centragem do instrumento?

Pela lei dos cosenos, D32 = D12 + D22 − 2 D1D2 cos(α ) e substituindo, vem:

D3 = 250 2 + 150 2 − 2 × 250 × 150 × cos(50º ) = 191,81


D3
Aplicando, σ α i = ± σ i ρ e substituindo, vem:
D1 ⋅ D2 2

191,81
σ αi = ± 0,005 × 206264,8" / rad
250 ×150 × 2
σ αi = ±3,7"

Erro em ângulos devido à


não verticalidade do eixo principal
Se o nivelamento da estação não fôr perfeito, o eixo
principal não está vertical e os ângulos horizontais serão
medidos num plano não horizontal. Os erros daqui
resulatantes são maiores quando as visadas são mais
altas, e.g., em observações astronómicas. Se a inclinação
do eixo fosse constante durante uma sessão, os erros
resulatantes seriam sistemáticos. No entanto, em
operação normal, a bolha é constantemente controlada e
a inclinação e direcção desta é aleatória, sendo os erros
daí resultantes igualmente aleatórios.

Aula 4 – Propagação de Erros 18 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

Efeitos da
não verticalidade
do eixo principal

SP = D tg (ν) e PP’ = Dε

D = distância horizontal da visada


ε = erro angular (em radianos)
PP’ pode ser aproximado por um arco circular e:
PP’ = fd µ(SP)

e portanto PP’ = fd µD tg(ν)


fd é a divisão fraccional da bolha
Substituindo, temos a expressão para os erros do ângulo
devido ao não nivelamento do teodolito é: ε = fd µ tg(ν)

Aula 4 – Propagação de Erros 19 / 20


ESTIG – IPBeja – Engenharia Topográfica
Tratamento Matemático de Observações

A expressão para os erros dos ângulos devido ao não


nivelamento do teodolito, para n medições é:

[ f d µ tan (ν r )]2 + [ f d µ tan (ν f )]2


σ αl = ±
n
NOTA: Cada medição de ângulo presume visada vante e
à rectaguarda.

Exemplo (erros devidos ao desnivelamento)


Um ângulo é medido sobre uma colina onde a visda atrás é para o topo e
a da frente é para o vale. O ângulo zenital médio é 80º 95º
respectivamente atrás e á frente. O instrumento tem uma bolha com uma
sensibilidade de 30”/divisão e está nivelado dentro de 0,3 divisão. Para a
média dos ângulos obtidos por 6 repetições, qual é o efeito estimado para
o erro de nivelamento?

Solução: Os ângulos zenitais convertidos para verticais são


respectivamente de + 10º e -5º respectivamente. Então

σ αl = ±
[0,3div × 30" / div × tan (10 º )]2 + [0,3div × 30" / div × tan (− 5º )]2 =
6
= ± 0 , 7"

Este erro é geralmente pequeno para trabalhos correntes


de topografia, tendo em conta os procedimentos e
cuidados habituais. Podendo ser ignorado para quase
todos os trabalhos, excepto os de grande precisão. Em
astronomia, convem nivelar o aparelho antes de cada
medição.

Aula 4 – Propagação de Erros 20 / 20

Você também pode gostar