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MOTORES CC
SANTA MARIA
1. VISÃO GERAL DOS MOTORES ELÉTRICOS
O motor elétrico é uma máquina que transforma energia elétrica em energia
mecânica, usualmente disponibilizada em um eixo de rotação, como ilustra a Figura 1.
2.1. Estator
c) Pólos: Os pólos são compostos pelo núcleo e pela sapata polar. Para
máquinas de pequeno porte (até 50 kW), o núcleo e a sapata polar são feitos juntos pela
superposição de lâminas de aço silício, para diminui as perdas no ferro. Para máquinas
de maior porte, o núcleo dos pólos é maciço de ferro fundido e a sapata polar é feita
com lâminas de aço silício. Estes têm por funções criar um elevado campo magnético e
suportar as bobinas do enrolamento indutor, e devem apresentar reduzidas perdas
1
Perdas no núcleo magnético, comumente chamadas de perdas no ferro, originadas da variação de
densidades de fluxo magnético.
magnéticas, e elevada permeabilidade magnética. A sapata polar é curvada, e é mais
larga que o núcleo polar, para espalhar o fluxo mais uniformemente.
2.2. Rotor
Rolamentos
3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A conversão eletromecânica de energia de, praticamente, todas as máquinas
elétricas girantes, depende de dois princípios básicos do eletromagnetismo, que estão
intimamente relacionados, chamados: (1) indução eletromagnética e (2) força
eletromagnética. Os princípios básicos desses dois fenômenos serão descritos a seguir.
3.1. Lei de Faraday da indutância eletromagnética
e B l v (V) (0)
onde: B é a densidade de fluxo em Tesla (T),
l é o comprimento da porção ativa do condutor que concatena o fluxo em m,
v é a velocidade relativa entre o condutor e o campo em m/s.
Exemplo 1:
Um condutor singelo, de 2 m, é movido por uma força mecânica em um campo magnético
uniforme de 0,5 T, cobrindo uma distância de 5 m/s. Calcule:
a) A fem induzida quando o movimento é perpendicular ao campo magnético;
b) A fem induzida quando o movimento ocorre em um ângulo de 60º com relação ao campo
magnético.
Solução:
a) e B l v sen e 0,5T 2m 5m/s sen 90o e = 5V
(a) (b)
Figura 3. Regra da mão direita, de Fleming, para o sentido da fem induzida (corrente convencional).
Usando o polegar para representar o movimento do condutor, o indicador para
representar o sentido do campo magnético, e o dedo médio para representar a fem
induzida, pode-se verificar o sentido da fem induzida da Figura 3(b), que é oposta à da
Figura 3(a) devido ao fato de se ter invertido o sentido do movimento.
“Em todos os casos de indução eletromagnética, uma fem induzida fará com
que a corrente circule em um circuito fechado, num sentido tal que seu efeito magnético
se oponha à variação que a produziu.”
Solução:
a) F B I l sen F 0, 25T 0,5A 1m sen 90o F = 0,125N
De forma similar ao discutido na seção 3.3, o sentido da força também pode ser
verificado através da análise das linhas de força. Nessa figura, o sentido da corrente gera
um campo magnético no sentido horário, provocando uma força de atração ascendente.
Exemplo 3:
A armadura de um motor tem uma resistência de 0,25 ohm e, quando ligada a um barramento
CC de 125 V, solicita do mesmo uma corrente de 60 A. Calcule a fcem gerada na armadura do motor.
Solução:
Ec Va I a Ra 125 60 A 0, 25 110 V
Esse exemplo indica que é possível calcular a fcem gerada em um motor a
partir de medidas externas: tensão aplicada nos terminais da armadura, corrente da
armadura e resistência da armadura.
ZPI a
T (N.m) (0)
2a
onde: Z é o número de condutores ativos na superfície da armadura, cada um
produzindo um torque médio útil,
P é o número de pólos,
a é o número de caminhos em paralelo na armadura,
é o fluxo por pólo concatenando os condutores (Wb), e
Ia é a corrente total que penetra na armadura (A).
Para qualquer máquina CC, contudo, o número de caminhos, pólos e
condutores na armadura são constantes e, portanto, a equação para o torque
eletromagnético desenvolvido para uma dada armadura é normalmente escrito apenas
em função de suas possíveis variáveis como:
T k I a (N.m) (0)
sendo:
ZP
k . (0)
2a
Lembre que o torque eletromagnético se opõe à rotação em um gerador e
auxilia (atua no mesmo sentido) a rotação em um motor. Como o torque é função do
fluxo e da corrente da armadura, o mesmo independe da velocidade do motor ou do
gerador. Porém, será visto posteriormente que a velocidade do motor depende do torque.
Outro fator importante é que o torque desenvolvido na armadura, obtido a partir
da equação (0), é menor que o torque disponível no eixo do motor, devido às perdas
rotacionais que consomem uma porção do torque desenvolvido durante a ação motora.
Exemplo 4:
Um motor CC de 12 pólos contém 144 bobinas com 10 espiras cada, e 2 caminhos em paralelo.
Calcule o torque eletromagnético desenvolvido na armadura quando o fluxo por pólos é igual a 0,05 Wb e
a corrente da armadura é 2,88 A.
Solução:
O número de condutores é dado por: Z = 2 x 144 bobinas x 10 espiras Z = 2880 condutores.
Logo,
2880 12 0,05Wb 2,88A
T T = 396 N.m
2 2
Exemplo 5:
Um gerador CC de 8 pólos, 25 kW, 120 V, tem 64 bobinas com 10 espiras cada, e também
apresenta 16 caminhos em paralelo. Calcule o torque resistente desse gerador para carga nominal quando
o fluxo por pólo é igual a 1/320 Wb.
Solução:
O número de condutores é dado por: Z = 2 x 64 bobinas x 10 espiras Z = 1280 condutores.
A corrente da armadura para carga nominal é: Ia = 25000W/120V Ia = 208,33A.
Logo,
1280 8 208,33
T T = 66,3 N.m
2 16 320
Va Ec
Ia . (0)
Ra
É evidente que a fcem não pode nunca igualar a tensão aplicada através dos
terminais da armadura, porque o sentido no qual ocorre o fluxo inicial da corrente
determina o sentido da rotação e, por outro lado, cria a fcem. Portanto, a fcem, assim
como a resistência da armadura é um fator limitante à circulação da corrente Ia. A
natureza da fcem na limitação da corrente pode ser melhor compreendida pelo exemplo
a seguir, que também inclui a queda de tensão nas escovas, BD, como fator de limitação.
Exemplo 6:
Um motor CC possuindo uma resistência de armadura de 0,25 e uma queda de tensão nas
escovas de 3V, recebe uma tensão aplicada de 120V através dos terminais da armadura. Calcule a corrente
da armadura quando:
a) A velocidade produz uma fcem de 110V para uma dada carga.
b) Existe queda de velocidade e a fcem tem o valor de 105V.
c) Calcule a variação percentual na fcem e na corrente da armadura.
Solução:
Va Ec BD 120 110 3
a) I a Ia = 28A
Ra 0, 25
120 105 3
b) I a Ia = 48A
0, 25
110 105
c) % Ec 100 %Ec = 4,53%
110
28 48
%Ia 100 %Ia = 71,5%
28
Va Ec BD
Ia . (0)
Ra Rs
Exemplo 7:
Um motor CC de 120V possui uma resistência de armadura de 0,2 e uma queda de tensão
nas escovas de 2V. A corrente nominal a plena carga é de 75A. Calcule os vários tapes da resistência de
partida para limitar a corrente para:
a) Uma carga 150% do valor nominal na partida.
b) Uma fcem com 25% do valor da tensão Va com uma corrente de 150% do valor nominal.
c) Uma fcem com 50% do valor da tensão da armadura, com Ipart = 1,5 In.
d) Calcule a fcem a plena carga, sem resistência de partida.
Solução:
Da equação (0) obtém-se:
Va Ec BD
Rs Ra
Ia
120 2
a) Rs 0, 2 Rs = 0,85
1,5 75
120 30 2
b) Rs 0, 2 Rs = 0,582
1,5 75
120 60 2
c) Rs 0, 2 Rs = 0,316
1, 5 75
Pelet Ec I a Va I a I a2 Ra . (0)
Considerando uma conversão eletromagnética ideal, a potência mecânica
desenvolvida na armadura é igual a potência elétrica, ou seja:
Ec k (V) (0)
onde: é o fluxo por pólo concatenando os condutores (Wb),
é a velocidade da máquina, expressa em rad/s e novamente:
ZP
k . (0)
2a
Contudo, na prática é comum expressar a velocidade do motor em rotações por
minuto (rpm) ao invés de radianos por segundo. A conversão da velocidade em rotações
por minuto (N) para radianos por segundo () é:
2
N. (0)
60
Então, é possível expressar a fcem com a velocidade em rpm:
ZP
k' . (0)
60a
Mas, por outro lado, a fcem do motor, incluindo a queda de tensão nas escovas,
BD, também pode ser obtida a partir de medidas externas:
Ec Va I a Ra BD (0)
Va I a Ra BD
N (0)
k '
Essa equação pode ser chamada de equação fundamental da velocidade do
motor CC, pois permite predizer rapidamente o desempenho de um motor CC. Por
exemplo, se o fluxo polar é enfraquecido consideravelmente, o motor tende a disparar.
Do mesmo modo, se a corrente e o fluxo são mantidos constantes, a velocidade do
motor irá aumentar quando a tensão aplicada na armadura é aumentada. Finalmente, se
o fluxo polar e a tensão aplicada nos terminais da armadura permanecem fixos, e a
corrente da armadura aumenta por acréscimo de carga, a velocidade do motor cairá em
uma mesma proporção devido ao decréscimo da fcem.
Exemplo 7:
Um motor CC, 120V, possui uma resistência do circuito da armadura de 0,2 e uma corrente
da armadura de 38A a plena carga.A queda de tensão nas escovas é de 3V e a velocidade a plena carga é
1800 rpm. Calcule:
a) A velocidade na situação de meia carga.
b) A velocidade com uma sobrecarga de 125%.
Solução:
a) A fcem em plena carga é: Ec Va I a Ra BD 120 38 0, 2 3 Ec = 109,4V
Então, da equação (0) pode-se obter que:
109, 4V
k '
1800rpm
b) Para 1, 25 da carga:
Ia = 1,25.38A Ia = 47,5A
Ec 120 47,5 0, 2 3 Ec = 107,5V
Então,
107,5V
N 1800rpm N5/4 = 1765 rpm
109, 4V
Exemplo 8:
O motor CC do exemplo anterior é carregado com uma corrente de armadura de 63,6A, mas, a
fim de produzir o torque necessário, o fluxo polar é aumentado em 12%. Calcule a velocidade do motor:
Solução:
Ec Va I a Ra BD 120 63,6 0, 2 3 Ec = 104,3V
Agora, o fluxo por pólo foi aumentado em 12%, portanto:
109, 4V
k ' 1,12
1800rpm
Assim:
104, 3V
N 1800rpm N = 1535 rpm
109, 4V 1,12
De outra forma, a velocidade pode ser obtida através de uma regra de três composta, isto é:
104, 3V 1
N 1800rpm N = 1535 rpm
109, 4V 1,12
Uma vez que o torque é definido como uma força tendendo a produzir rotação,
com a redução do fluxo haverá redução do torque (0) e, conseqüentemente, da
velocidade angular. Por outro lado, de acordo com (0), a redução do fluxo polar implica
em um aumento na velocidade. Existe uma contradição entre essas equações?
A resposta é NÃO! É possível resolver essa contradição quando se reduz o fluxo:
1. O fluxo polar é reduzido pelo decréscimo da corrente de campo.
2. A fcem, Eccai instantaneamente (0) (a velocidade permanece constante
como resultado da inércia da armadura grande e pesada).
3. O decréscimo em Ec , provoca um aumento na corrente da armadura Ia.
4. Uma pequena redução no fluxo polar produz um grande aumento na
corrente de armadura.
5. Na equação (0), o pequeno decréscimo do fluxo é contrabalançado pelo
grande incremento na corrente de armadura.
6. Logo, a redução no fluxo aumenta o torque e, conseqüentemente, produz
um aumento na velocidade.
4.6. Métodos de controle da velocidade de motores CC
Figura 10. Limitações de (a) torque (conjugado) e (b) potência dos métodos combinados de controle
de velocidade por tensão de armadura e por reostato de campo.
5. TIPOS DE MOTORES CC
Além dos motores com ímas permanentes, existem normalmente quatro tipos
básicos de motores CC, que são normalmente chamados de: motor com excitação
independente, motor série, motor derivação ou shunt, e motor composto. As diferenças
entre estes tipos surgem da maneira pela qual é produzida a excitação do enrolamento
de campo polar.
Quando os enrolamentos de campo polar são ligados a uma fonte de tensão
contínua separada, que é independente da tensão da armadura do gerador, este é
denominado de motor com excitação independente. Esse motor apresenta as mesmas
características de funcionamento de um motor shunt, que será descrito com maiores
detalhes a seguir. Porém, tem pouca aplicação por necessitar de duas fontes de tensão CC.
Entretanto, uma vez que a corrente de campo necessária para produzir o fluxo
polar é uma fração muito pequena da corrente nominal da armadura, pode-se empregar a
mesma fonte de tensão que alimenta o circuito da armadura para fornecer energia para
os enrolamentos de campo. Os outros três tipos de motores utilizam este princípio e
serão descritos a partir de agora.
Va Ec I a Ra (0)
I Ia I f (0)
Va
If . (0)
Rf
Como a corrente no circuito do campo shunt é essencialmente constante para
um valor estabelecido para o reostato de campo e o fluxo é também essencialmente
constante. Aumentando-se a carga mecânica, a velocidade diminui, causando uma
diminuição na fcem e um aumento na corrente da armadura. Então, se a corrente da
armadura aumenta diretamente com a aplicação da carga mecânica, de acordo com (0),
o torque para o motor shunt varia linearmente com o aumento da carga.
Por outro lado, a velocidade do motor shunt pode ser expressa em função da equação básica da
velocidade:
Ec V I R
N k a a a (0)
k ' f f
Quando uma carga mecânica é aplicada ao eixo do motor, a fcem decresce e a
velocidade cai proporcionalmente. Mas, como a fcem desde operação a vazio até a
plena carga sofre uma variação de 20% (de 0,95Va a 0,75Va), a velocidade do motor é
essencialmente constante.
Nos motores série, a corrente que circula pelo campo é a mesma que circula
pela armadura, como ilustrado na figura abaixo. Logo, o enrolamento de campo é
formado por poucas espiras de fio grosso para produzir o fluxo polar.
Va Ec I a Ra R f (0)
I Ia I f . (0)
Como a corrente da armadura Ia e a corrente de campo If são as mesmas, o
fluxo polar é, em todo instante, proporcional à corrente de armadura. Então, de acordo
com (0), a equação para o torque do motor série torna-se T = k’’.Ia2. Logo, a relação
entre o torque do motor série e a corrente de carga é exponencial. Para cargas
extremamente leves (baixos valores de Ia), o torque do motor série é menor que o torque
do motor shunt, porque desenvolve menor fluxo. Para uma mesma corrente na armadura
a plena carga, contudo, o seu torque é maior.
Por outro lado, a equação da velocidade, (0), modificada para o motor série é:
Va I a Ra R f
N (0)
k
onde Va é a tensão aplicada aos terminais do motor; e, como o fluxo produzido pelo campo série é
proporcional apenas à corrente da armadura, a velocidade pode ser dada por
Va I a Ra R f
N K' (0)
Ia
Essa equação nos dá uma indicação da característica carga-velocidade de um
motor série. Se uma carga mecânica relativamente pequena é aplicada ao eixo da
armadura de um motor série, a corrente da armadura Ia é pequena, fazendo com que o
numerador da equação (0) seja grande e o denominador pequeno, resultando numa
velocidade excessivamente elevada. Por esta razão, o motor série é sempre operado
acoplado ou engrenado com uma carga, como guindastes, elevadores ou serviço de tração
em CC nos trens. A velocidade excessiva para um motor série ocorre com correntes
reduzidas na armadura, que não são capazes de abrir um fusível ou um disjuntor,
desligando, deste modo, a armadura da rede. Portanto, deve-se usar um outro processo
para a proteção contra o disparo do motor. Os motores série são usualmente equipados
com chaves centrífugas, que são dispositivos sensíveis à força centrípeta e que são
fechadas em operação normal e se abrem a velocidades 150% acima do valor nominal.
Com o aumento da carga, o numerador da equação (0) diminui e o
denominador aumenta, e a velocidade cai rapidamente.
Ec
N K (0)
f s
Ao comparar essa equação com a velocidade do motor shunt, (0), verifica-se
que, com o aumento da carga e da corrente da armadura, o fluxo produzido pelo campo
série também aumenta, enquanto que a fcem diminui. Assim, o denominador da equação
(0) cresce enquanto que o numerador decresce proporcionalmente mais do que no motor
shunt. O resultado é que a velocidade do motor composto cumulativo cairá numa razão
mais elevada do que a velocidade do motor shunt com a aplicação da carga.
Por fim, para um motor composto diferencial, a equação (0) pode ser modificada levemente para
mostrar a oposição causada pela tensão gerada pelo campo série, de modo que a velocidade será:
Ec Va I a Ra Rs
N K K (0)
f s f s
(a) (b)
Figura 14. Comparação das características (a) torque-carga e (b) velocidade carga para uma dada
máquina CC.
N No
regulação% . (0)
N
Ao analisar a Figura 14(b) percebe-se que o motor shunt apresenta a menor
regulação percentual de velocidade, ou seja, apresenta a menor variação da velocidade
com a corrente da armadura. Portanto, os motores shunt são empregados com maior
freqüência para acionar cargas constantemente variáveis. Porém, como apresentam um
pequeno torque de partida não podem ser empregados para arrancar com cargas pesadas.
Como no motor série a corrente da armadura também circula pelo enrolamento
de campo e essa apresenta um elevado valor na partida, o torque de partida de um motor
série é muito elevado. Assim, este tipo de motor é utilizado com cargas muito pesadas,
como na tração elétrica (locomotivas e ônibus elétricos), guindastes, etc. Porém,
conforme já foi mencionado anteriormente, motores série não podem trabalhar sem carga
e sua regulação de velocidade é extremamente pobre.
Por fim, os motores compostos, particularmente o motor composto cumulativo,
são utilizados em elevadores, tração elétrica e outras aplicações que exigem um grande
torque de partida, sem que a velocidade do motor varie significativamente como ocorre
com o motor série.
6. BIBLIOGRAFIA
Irving L. Kosow, Máquinas Elétricas e Transformadores, 14ª edição, Ed. Globo, 2000.