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PRECIPITAÇÃO
24
4.2. Classificação da Precipitação
As chuvas podem ser classificadas basicamente em três tipos conforme:
a) Precipitações Frontais ou ciclônicas.
Resultam da ascensão do ar quente sobre o ar frio na zona de contato entre duas massas de ar
com características diferentes. Quando a massa de ar frio se move em direção a massa de ar quente
a frente é conhecida como “frente fria”, e ao contrário é dita “frente quente”. Em Santa Catarina as
frentes frias assumem grande importância na distribuição das chuvas durante o ano todo.
As precipitações frontais se caracterizam por ser chuvas de intensidades médias porém com
longa duração, abrangendo grandes áreas e podendo assim causar inundações em grandes bacias.
b) Precipitações Orográficas.
Chuvas causadas pelo resfriamento da massa de ar úmido que ao encontrar uma barreira de
montanhas é forçada a se elevar. São chuvas de intensidade variável e grande duração, abrangem
áreas relativamente pequenas e caracterizam-se por serem freqüentes. Em Santa Catarina as chuvas
orográficas determinam os maiores totais pluviométricos próximo a Serra do Mar.
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c) Precipitações Convectivas.
São chuvas causadas pelo aquecimento inundações em grandes áreas como verificado
desigual da superfície terrestre provocando uma nas grandes enchentes que atingiram o Estado de
elevação brusca da massa de ar à grandes Santa Catarina na década de 80.
altitudes. São características das tempestades ou
trovoadas, ocorrendo com maior freqüência nos
meses de verão.
Essas chuvas são em geral de curta
duração e alta intensidade, abrangendo áreas
relativamente pequenas, causando portanto,
alagamento em pequenas bacias hidrográficas.
Muitas vezes ocorrem eventos
associados que podem ser responsáveis por
fenômenos que determinam a ocorrência de
precipitações extremas com a conseqüência de Figura 3. Representação de chuvas convectivas.
26
4.4. Medidas de Precipitação.
Os principais instrumentos utilizados para medir a chuva são o pluviômetro e o pluviógrafo.
Os pluviômetros são aparelhos mais simples que acumulam a água da chuva no interior de
um recipiente. A altura pluviométrica é dada pela relação entre o volume de água coletado e a área
da superfície do pluviômetro, isto é:
V
h 10
A
onde: h = altura pluviométrica (mm);V = volume coletado no pluviômetro (cm3); A = área do
pluviômetros (cm2).
Existem provetas calibradas para a medição da quantidade de precipitação diretamente em
milímetros. Os pluviômetros normalmente são observados uma ou duas vezes por dia, não
fornecendo o valor da duração da chuva, somente a altura pluviométrica.
(a) (b)
Figura 4. Pluviômetro (a) e Pluviógrafo (b).
27
4. 5. Análise de dados de Precipitação.
Os dados de precipitação podem ser obtidos junto aos órgãos que tem as estações
meteorológicas. No Brasil pode-se obter dados junto ao Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),
Agência Nacional de Águas (ANA) e vários órgãos estaduais.
1 Ym Ym Ym
X y X1 X2 X 3
3 Xm1 Xm 2 Xm 3
28
Tabela 2: Dados de Precipitação total do mês de janeiro (mm)
Forquilhinha
Ararangua
Urussanga
Sombrio
Meleiro
Timbé
Içara
1
7
Ano
77 177,2 291,8 255,0 399,2 256,3
78 183,2 151,9 164,1 144,6 150,2 38,9 120,9
79 37,3 18,8 54,1 90,7 43,2 204,4 7,0
80 87,6 166,1 132,7 65,8 98,0 128,2 85,6
81 155,5 64,6 182,6 86,4 186,6 71,6 53,4
82 65,2 70,6 84,2 124,0 89,5 320,8 68,2
83 118,8 177,5 259,8 144,0 308,3 293,7 166,8
84 205,7 235,3 190,5 231,0 310,0 88,8 176,0
85 95,7 97,2 202,6 46,2 149,3 119,0 49,2
86 38,6 186,0 97,3 50,4 135,5 234,3
87 196,6 245,6 204,4 305,6 182,4 211,2
88 203,0 325,8 178,1 243,6 309,8 292,4 229,3
89 183,5 273,4 51,4 150,8 301,8 177,2 309,2
90 169,6 207,0 183,5 106,0 241,0 155,4 208,4
91 153,0 128,0 128,5 102,2 200,1 115,2 105,1
92 122,6 146,6 27,7 170,4 187,0 333,0 164,9
93 300,0 173,2 158,3 208,2 379,0 94,5 254,8
94 60,8 52,6 83,6 116,2 337,9 100,3
95 123,0 300,6 52,3 371,0 418,3 235,1
96 273,7 336,0 308,6 268,1 414,7 328,7 388,0
97 223,4 192,5 199,8 161,5 300,7 199,5 196,6
98 93,1 192,0 122,3 269,3 243,5 160,4
Média 148,5 183,3 159,3 147,8 232,6 210,4 162,1
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4.5.2. Precipitação média numa área.
Quando se está trabalhando com uma área relativamente grande, onde há informações de
diversos postos pluviométricos, pode-se calcular a precipitação média na bacia de diversas formas
como:
a) Média Aritmética:
Neste método a precipitação média na bacia é dada por:
n
Pi
i 1
P
n
onde P = precipitação média na bacia; Pi = precipitação no posto i; n = número de postos
pluviométricos na bacia.
Este método pode ser utilizado em áreas com uma boa cobertura de postos pluviométricos,
distribuídos uniformemente na bacia, sob pequena influência orográfica.
b) Método de Thiessen
Neste método a precipitação média é calculada pela média ponderada, sendo o fator de
ponderação a área de influência de cada posto. Para determinar a área de influência do posto unem-
se os postos vizinhos com linhas retas, e no ponto médio de cada reta são traçadas linhas
perpendiculares. Essas perpendiculares são prolongadas até encontrarem com outra perpendicular
ou até o divisor da bacia. A área delimitada pelas perpendiculares é a área de influência do posto,
usada como fator de ponderação.
A precipitação média será dada por:
n
PAi 1
i i
P1 A1 P2 A2 ..... Pn An
P
A i A1 A2 .... An
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c) Método das isoietas
Neste método são traçadas as isoietas (linhas com mesma quantidade de precipitação) na
bacia, sendo que a precipitação média na bacia é dada pela media ponderada conforme:
n
Pm A
i 1
i i
Pm1 A1 Pm2 A2 ..... Pmn An
P
A i A1 A2 .... An
Este método permite ao analista com base em outras informações (como o efeito orográfico)
da área aplicar essas informações na delimitação da área.
12.198,75
P 84,6mm
144,2
Exercício 2. Com base nos dados de precipitação da tabela 1, calcule a precipitação média para o
mês de janeiro na bacia do Rio Araranguá pelo método da média aritmética e pelo método de
Thiessen.
31
Posto A (cm²) A(km2)
1 13,4 605,6
2 20,8 939,1
3 21,3 961,0
4 5,9 267,7
5 29,5 1334,0
6 14,1 636,3
7 6,1 276,5
Total 111,1 5020
32
4.5.3. Análise de Frequência de Chuvas Intensas.
Nos trabalhos hidrológicos em geral não interessa somente o conhecimento das máximas
precipitações observadas nas séries históricas, mas, principalmente prever , com base nos dados
observados e valendo-se dos princípios de probabilidade, quais as máximas precipitações que
possam vir a ocorrer numa certa localidade, com determinada freqüência (Villela e Mattos, 1975).
A precipitação mais intensa é a menos freqüente. Quanto maior for a chuva de projeto,
maior o custo do projeto e, conseqüentemente, menor o risco de a obra falhar. Entretanto, há um
certo ponto em que os custos de seguridade do projeto ultrapassam os benefícios de redução de
danos possíveis. Por isso, a escolha de determinado período de retorno é uma questão de otimização
entre os fatores econômicos e de segurança da obra (Kessler e Raad, 1978).
Considera-se como chuvas intensas o conjunto de chuvas cuja intensidade ultrapasse um
valor pré-estabelecido para uma dada aplicação. A duração destas é bastante variável e a área
atingida pelas mesmas pode variar de poucos quilômetros (chuvas convectivas) até milhares de
quilômetros quadrados, como ocorre com as chuvas frontais (Garcez, 1976). Na tabela 5 estão
apresentados os limites para a consideração de chuvas intensas conforme dois autores. Val (1985)
em observações efetuadas durante seis anos nos Estados Unidos observou ainda que essas chuvas
representaram 37 % do total das precipitações, contribuindo com 73 a 80 % das perdas de solo.
Tabela 3. Intensidades mínimas de chuva (mm/h) para serem consideradas como chuvas Intensas .
Duração Autor
(minutos) Wilken (1978) Val (1985)
05 120,0 75
10 72,0
15 60,0 35
20 51,0
30 40,0 25
45 40,6
60 25,0 20
90 18,7
120 15,0
180 11,0
240 8,7
34
4.5.3.2. Risco
A definição do período de retorno presume que se assume um risco de ocorrer, em um ano
qualquer, um fenômeno maior que a chuva de projeto adotada. Esse risco pode ser calculado como:
N
1
J 1 1
T
sendo: J = índice de risco, variando entre 0 e 1 ( 0 e 100 %)
T = período de retorno (anos);
N = número de anos considerado.
Com essa equação pode-se estabelecer o risco assumido para projetos com período de retorno T
durante diferentes períodos, conforme tabela 5.
Observe que existe um risco de 40,95 % de que ocorra, nos próximos 5 anos, uma
precipitação superior a aquela projetada com período de retorno de 10 anos.
Definindo-se o risco assumido pode-se calcular o período de retorno de um evento como:
1
T
1 1 J
1N
Exemplificando, para um sistema de drenagem projetado para 10 anos com risco assumido de 20 %
o período de retorno a ser adotado deve ser de 45,3 anos.
35
4.5.3.3. Série de dados
A freqüência das chuvas pode ser calculada pela análise de uma série de dados observados.
Série total: Para a análise de chuvas os dados podem ser considerados na sua totalidade, o que
constitui uma série total
Série parcial: é a série formada pelos valores os superiores a um certo limite inferior
Série de máximas anuais: é a série formada somente pelos máximos de cada ano.
Para estudo de chuvas intensas pode-se empregar a série parcial ou série de máxims anauis ( Kessler
e Raad, 1978 Villela e Mattos, 1975). A série anual consiste somente de um evento para cada ano e
tem como desvantagem o fato de desconsiderar os segundos, terceiros, etc., maiores eventos de
um dado ano qualquer que podem ser superiores a um evento máximo de outro ano. A série parcial
considera todos os valores acima de uma certa magnitude. O menor valor é selecionado de forma
que pelo menos um evento de cada ano seja incluído na série parcial.
A freqüência (F) de um evento que é observado m vezes num período de n anos pode ser
m
calculada como sendo: F
n
Na hidrologia é comum utilizar o termo Tempo de Recorrência ou Período de Retorno
(T) como sendo o intervalo médio em anos em que um determinado evento pode ocorrer ou ser
1
superado, dado pelo inverso da freqüência, isto é: T
F
Este é um termo probabilístico e não contém inferências sobre a periodicidade. O intervalo
de recorrência de uma série anual e parcial tem significados diferentes. Para a série anual o
intervalo de recorrência significa o número médio de anos entre a ocorrência de um evento de dada
magnitude como a máxima anual. Na série parcial o intervalo de recorrência não implica no
máximo anual.
A decisão de usar a série anual ou parcial depende do uso que se dá a análise de frequência.
Para estruturas como, por exemplo, de proteção contra erosão, que são sensíveis não só ao pico
como a sucessivos altos valores, a análise a partir de séries parciais parece ser mais conveniente. Já
nos projetos em que e considera somente a condição mais crítica deve se usar a série de máxima
anual. Para fins práticos, o uso das séries parcial ou de máximas anual não difere muito, exceto
para pequenos períodos de retorno. Kessler e Raad (1978) apresentaram uma relação teórica entre
os períodos de retorno das séries parcial e anual
1
Tp
ln Ta ln(Ta 1)
Tp = intervalo de recorrência para a série parcial; Ta = intervalo de recorrência para a série anual
36
Para valores de Tp acima de 3 esta relação aproxima-se de
Ta = Tp – 0,5
Para períodos de retorno superiores a 5 anos não há diferença significativa se a análise é
feita com a série de máximas anual ou parcial como pode ser visualizado na figura 5.
A estimativa da freqüência das chuvas pode ser feita empregando o método empírico ou um
método estatístico.
200,0
150,0
100,0
50,0
0,0
1 10 100
37
Tabela 6. Série de precipitação máxima observada no posto pluviométrico de Chapecó,SC.
m n 1
Precipitação Precipitação F T
Ano Máxima anual ordenada m n 1 m
1974 95,8 200,9 1 0,0370 27,00
1975 82,0 149,2 2 0,0741 13,50
1976 72,1 148,9 3 0,1111 9,00
1977 122,6 141,0 4 0,1481 6,75
1978 68,6 130,3 5 0,1852 5,40
1979 101,1 122,6 6 0,2222 4,50
1980 69,1 116,6 7 0,2593 3,86
1981 73,3 113,0 8 0,2963 3,38
1982 84,1 107,1 9 0,3333 3,00
1983 200,9 103,3 10 0,3704 2,70
1984 67,2 101,1 11 0,4074 2,45
1985 69,2 95,8 12 0,4444 2,25
1986 149,2 92,4 13 0,4815 2,08
1987 88,0 91,6 14 0,5185 1,93
1988 116,6 88,0 15 0,5556 1,80
1989 70,6 84,1 16 0,5926 1,69
1990 148,9 82,6 17 0,6296 1,59
1991 107,1 82,0 18 0,6667 1,50
1992 103,3 73,3 19 0,7037 1,42
1993 70,4 72,1 20 0,7407 1,35
1994 141,0 70,6 21 0,7778 1,29
1995 82,6 70,4 22 0,8148 1,23
1996 113,0 69,2 23 0,8519 1,17
1997 91,6 69,1 24 0,8889 1,13
1998 92,4 68,6 25 0,9259 1,08
1999 130,3 67,2 26 0,9630 1,04
300
Precipitação máxima (mm)
250
200
150
100
50
0
1 10 100
Período de Retorno T (Anos)
38
4.5.3.5. Método Estatístico.
Existem várias distribuições probabilísticas que podem ser usadas no estudo de chuvas
intensas como a distribuição Log-Normal, distribuição Pearson, Log-Pearson e a distribuição de
Extremos tipo I, também chamada de Distribuição de Gumbel.
Para chuvas intensas existem vários trabalhos mostrando que a distribuição de Gumbel se
ajusta bem e por isso tem sido largamente empregada. Para a sua aplicação é indispensável ter uma
série de máximos valores anuais.
Pela distribuição de Gumbel-Chow a precipitação extrema (XT) com período de retorno T
S
pode ser estimada pela equação: X T x (Y Yn )
Sn
( Xi x) 2
2) Calcular o desvio padrão dos valores observados; S 32,85 mm
N 1
39
Tabela 7. Precipitação máxima diária estimada pelo método de Gumbel para Chapecó, SC.
Período de Probabilidade Probabilidade Variável Precipitação Erro padrão
Retorno T P[Xx] P[Xx] Reduzida Y estimada (mm) (mm)
2 0,5000 0,5000 0,3665 95,5 5,9
5 0,2000 0,8000 1,4999 129,4 10,9
10 0,1000 0,9000 2,2504 151,9 15,1
20 0,0500 0,9500 2,9702 173,5 19,3
25 0,0400 0,9600 3,1985 180,3 20,7
50 0,0200 0,9800 3,9019 201,4 24,9
100 0,0100 0,9900 4,6001 222,3 29,1
500 0,0020 0,9980 6,2136 270,7 38,9
1000 0,00010 0,9990 9,2103 360,5 57,2
Tabela 8. Média (Yn)e desvio padrão (Sn) da variável reduzida para diferentes valores do tamanho
da amostra (N)
N Yn Sn N Yn Sn N Yn Sn
10 0,4952 0,9496 40 0,5436 1,1413 70 0,5548 1,1854
11 0,4996 0,9676 41 0,5442 1,1436 71 0,5550 1,1863
12 0,5035 0,9833 42 0,5448 1,1458 72 0,5552 1,1872
13 0,5070 0,9971 43 0,5453 1,1479 73 0,5555 1,1881
14 0,5100 1,0095 44 0,5458 1,1499 74 0,5557 1,1890
15 0,5128 1,0206 45 0,5463 1,1518 75 0,5559 1,1898
16 0,5154 1,0306 46 0,5468 1,1537 76 0,5561 1,1907
17 0,5177 1,0397 47 0,5472 1,1555 77 0,5563 1,1915
18 0,5198 1,0481 48 0,5477 1,1573 78 0,5565 1,1923
19 0,5217 1,0557 49 0,5481 1,1590 79 0,5567 1,1931
20 0,5236 1,0628 50 0,5485 1,1607 80 0,5569 1,1938
21 0,5252 1,0694 51 0,5489 1,1623 81 0,5571 1,1946
22 0,5268 1,0755 52 0,5493 1,1638 82 0,5573 1,1953
23 0,5282 1,0812 53 0,5497 1,1653 83 0,5574 1,1960
24 0,5296 1,0865 54 0,5501 1,1668 84 0,5576 1,1967
25 0,5309 1,0914 55 0,5504 1,1682 85 0,5578 1,1974
26 0,5321 1,0961 56 0,5508 1,1695 86 0,5580 1,1981
27 0,5332 1,1005 57 0,5511 1,1709 87 0,5581 1,1988
28 0,5343 1,1047 58 0,5515 1,1722 88 0,5583 1,1995
29 0,5353 1,1086 59 0,5518 1,1734 89 0,5584 1,2001
30 0,5362 1,1124 60 0,5521 1,1747 90 0,5586 1,2007
31 0,5371 1,1159 61 0,5524 1,1759 91 0,5588 1,2014
32 0,5380 1,1193 62 0,5527 1,1770 92 0,5589 1,2020
33 0,5388 1,1225 63 0,5530 1,1782 93 0,5591 1,2026
34 0,5396 1,1256 64 0,5532 1,1793 94 0,5592 1,2032
35 0,5403 1,1285 65 0,5535 1,1803 95 0,5593 1,2037
36 0,5411 1,1313 66 0,5538 1,1814 96 0,5595 1,2043
37 0,5417 1,1339 67 0,5540 1,1824 97 0,5596 1,2049
38 0,5424 1,1365 68 0,5543 1,1834 98 0,5598 1,2054
39 0,5430 1,1390 69 0,5545 1,1844 99 0,5599 1,2060
100 0,5600 1,2065
40
4.5.3.6. Intervalo de confiança
Os parâmetros da distribuição estatística ajustada são estimativas dos parâmetros da
população, baseados em uma amostra de tamanho limitado e portanto estão sujeitos a incertezas.
Para cada valor de chuva estimado pode-se determinar o intervalo de confiança entre os quais a
precipitação estimada se manterá. Na figura 6 estão representados os valores estimados de
precipitação bem como o intervalo de confiança de 90 % dos valores de precipitação máxima. Para
o período de retorno de 100 anos o valor estimado é de 222,3 mm, no entanto há 5% de
probabilidade desse valor ser superior a 270,1 mm e 5 % de probabilidade desse valor ser inferior a
174,5 mm.
Observa-se que o intervalo de confiança aumenta com o período de retorno e, portanto maior a
incerteza no valor estimado (Figura 6). Também é estatisticamente comprovado que quanto maior a
amostra, menor é a incerteza nos parâmetros estimados.
X X (97,5 %) X(2,5 %)
500,0
Precipitação (mm)
400,0
300,0
200,0
100,0
0,0
1 10 100 1000 10000
Período de Retorno T (anos)
41
4.6. Relação Intensidade-Duração-Frequência
Analisando os dados de precipitação observa-se que quanto maior a duração da chuva,
menor é a sua intensidade. Também se observa que os maiores valores de intensidade são menos
freqüentes. Estas relações podem ser traduzidas por curvas de Intensidade-Duração com
determinada freqüência visualizadas na figura abaixo:
T=5 T = 10 T = 20 T = 50 T = 100
200
180
160
Intensidade (mm/h)
140
120
100
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Duração (min)
Essas relações podem ser expressas por equações genéricas que relacionam os três aspectos
da chuva, Intensidade-Duração-Frequencia, do tipo:
KT m
i
t b n
em que: i = intensidade média máxima da chuva, em mm/h;
T = Período de retorno, em anos;
t = duração da chuva, em minutos;
K, m, b, n parâmetros da equação determinados para cada local.
Alguns exemplos de equações de chuvas intensas para diferentes cidades brasileiras são
apresentados na tabela 9
42
Tabela 9. Parâmetros da equação de chuvas intensas para algumas cidades brasileiras.
Cidade K m b n Autor
Porto Alegre, RS 509,8 0,196 10 0,72 Diaz (1987)
43
Tabela 10. Pluviogramas analisados.
Cidade Período de dados
Campos Novos 1988 a 1998
Chapecó 1976 a 1998
Florianópolis 1986 a 1998
Itá 1982 a 1997
Lages 1969 a 1993
Laguna 1970 a 1982
São Joaquim 1971 a 1986
Urussanga 1981 a 1994
Tabela 11. Coeficientes das equações de chuvas intensas estabelecidos a partir dos dados dos
pluviogramas (i dado em mm/h, t dado em minutos).
Cidade para t 120 minutos 120 < t < 480 min 480 t 1440 min
44
4.7. Relações entre precipitações de diferentes durações
45
tenha iniciado antes da observação e terminado após a leitura do pluviômetro, será dividida em
duas chuvas. Neste caso precipitação máxima em 24 horas é superior a máxima em um dia.
Estudos feitos com base em séries anuais de dados pluviométricos e pluviográficos,
observados simultaneamente em São Paulo, mostraram que a média das chuvas de um dia e de
dois dias pode ser considerada como estimativa bastante representativa da chuva de 24 horas de
freqüência correspondente (Cetesb, 1986). Também mostraram que as alturas pluviométricas das
chuvas máximas de 24 horas e de um dia guardam uma relação quase constante e independente do
período de retorno, cujo valore é de 1,14, que coincide com o valor adotado pelo U.S. Weather
Bureau para a mesma relação, que é de 1,13 (Cetesb 1986, Kessler e Raad 1978).
Uma vez obtida a intensidade média máxima em 24 horas corrige-se o valor para a duração
desejada multiplicando os valores pelos respectivos coeficientes. Para facilitar a interpolação dessas
relações para durações diferentes daquelas recomendadas pela Cetesb, pode obter a relação para
uma duração qualquer com relação a precipitação de um dia diretamente das figuras 9 e 10.
Para exemplificar consideremos o caso em que se deseja estimar a precipitação máxima
esperada com período de retorno de 10 anos e duração de 45 minutos para Chapecó. Sendo a
precipitação com duração de 1 dia e período de retorno de 10 anos de 162,9 mm, obtém-se da
figura 9 a relação 0,42 , assim a precipitação máxima esperada com duração de 45 minutos é de
162,9 x 0,42 = 68,4 mm, o que corresponde a intensidade de 91,2 mm/h.
0,55
0,50
0,45
Relação (Pd/P1dia)
0,40
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Duração (min)
46
1,20
Relação (P d/P1dia) 1,10
1,00
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Duração (h)
47
100
Percentagem da chuva pontual (%)
24 horas
90
6 horas
80 3 horas
70 1 hora
30 minutos
60
50
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
2
Área (km )
Figura 11. Curvas de relação entre a chuva pontual e a chuva em uma dada área.
48
Quando não existem informações da variação temporal das chuvas no local pode-se utilizar
distribuições temporais obtidos em estudos de outras regiões com clima semelhante, utilizando um
dos seguintes métodos:
Exercício: Elaborar a distribuição temporal de chuvas intensas para Urussanga (SC) considerando:
Duração da chuva: 2 horas
Intervalo 15 minutos;
Período de retorno 20 anos.
49
4.10.3. Curvas de variação temporal
100
90
80
70
% da precipitação
60
50
Tipo I
40
Tipo II
30 Tipo III
20 Tipo IV
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% da duração da chuva
50
Exercício 1) Com os dados de precipitação máxima anual de Capinzal da tabela 2 abaixo pede-se:
a) Calcular a precipitação máxima diária esperada com período de retorno de 5 anos pelo
método empírico.
b) Calcular a precipitação máxima diária esperada com período de retorno de 10 anos pelo
método empírico.
c) Calcular as precipitações máximas esperadas com período de retorno de 20 e 50 anos pela
distribuição de Gumbel.
Exercício 2. Calcule a altura a intensidade esperada da chuva com período de retorno de 50 anos e
duração de:
a) 5 minutos; f) 40 minutos;
b) 10 minutos; g) 1 hora;
c) 20 minutos; h) 2 horas;
d) 25 minutos; i) 10 horas.
e) 30 minutos
Exercício 3. Faça um gráfico com os dados de intensidade de chuva x duração da questão anterior.
Exercício 4. Com a equação de chuvas intensas abaixo faça o hietograma da chuva período de
retorno de 20 anos, duração de 2 horas de duração em intervalos de 15 minutos pelos métodos:
a) Bureau of Reclamation
b) Curvas de variação temporal tipo II
6691,6 T 0,161
i
t 27,31,161
51