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MARILYN STRATHERN Parentesco, direito , eo inesperado Parentes sao sempre uma surpresa —— Tradugio Zagatto Pat g@ editora unesp Marilyn na Cambridge 1012 Edicora Unesp Sumario (owxtt) 3242-7171 tL) 32424 Pyrte L— Origens divididas >: Origens divididas.3 Os dois corpos da erianga. 5 ferramenta 10 ins divididlas 15 Jo 1 ~Parentes sio sempre uma surpresat nologia em uma era de individualismo. 25 na cra de individualismo . 26 Acrescentando debate. 29 aceresses compartilhados ¢ individuais. 35 recombinantes . 4 Pensando sobre parentes. 50 ule 2— A cir iahecimento isolado. 73 impliciea . 69 lagdes em todo. © parentesco desvelado . gr Aviso. 99 8.79 Capfculo 3 — Propriedades emergentes . 105 1.107 Origens m Unna analogia 119 Ips Prole em propriedade 125 Informagio em conhec Relagdes ens IIL. ise Parentesco & vor Af ages. 144 weRtO. 151 informacional.. 160 Parte II -A aritmética da posse Introdusio: A emética da posse . 179 Concepsio por intengio 182 Deixar 0 “conhecimento” de um lado, 184 Aatitmética da posse 191 Capitulo 4 —A patente ¢ o Malanggan . 201 Apresentando 0 corpo . 202 Encantamento, 206 ‘Oretotno & Nova Inlanda = 1. 210 Pater indo a tecnologia . 219 retomno a Nova Irlanda — 2. 230 Capitulo 5 — Perdendo (a vantagem em relagio a) os FEgUrSOs ii Tags Jectuais . 24s Os renmos de urs acordo . 248 Trad nodeenidade 253 VI H2s7 Posse sobre 0 corpo. 260 Pessoas totais: coisas. 266 agentes 278 Descontextualizagio 287 Recursos inelectuais. 293 Capitulo 6 — Origens divididas e a aritmétiea da posse. 297 1.297 Tl 304 Cont as pessoas: Muri 304 Mundos andlogos 308 Contando ancestrais: Omie 312 quem faz 318 Propaganda imagens 323 WL. 327 Produtos intelect Quem poss Posse de pessoas? Origens singulares e mleiplas 341 Matemiéticas aplicadas. 345 IV. 35t Referénciss bibliogesficas 357 indice ndstico. 381 {ndice remissivo 387 Vil Preféicio Anteopélogos usam relacionamentos para desvelar relacio~ hamentos. O artificio est no ceme da antropologia social, ¢ sv antropélogos também 0 encontram no cere do parentesco Fate liveo, fnbora no seja mais um do género, nio teria sido ppossfvel sem a onda de escritos antropolégicos feitos sob \ cubrica de “novos estudos de parentesco”, Eu gostaria de creseemtar.uma nota de rodapé sobre o papel que apelos & | relacionalidag) ocupam nos estudos antropoldgicos da vida sociale augerir por que deveriamos aos interessar por cles Uisses apelos sto feitos a um fenémeno tanto dependente (de certos modos de conhecimenta) quanto onipresente (na s0- cledade humana). Uma das mais dh douras questdes merodoldgicas da nuzopologia & como mantec, na mesma visio, © que io clarameate construtos culturais ¢ histéricos ¢ o que 40, evidenterience, ceguralidades sobre a exist@ncia social? O aque consiste em especificar um sem diminuir 0 outro, Se cate texto é ums centativa disse, por sua propria natureza © presente trabalho deve ser incomplete, precisamente deviclo IX Marilyn Straihern as citcunstancias especificas que tém sugerido 0 parentesco como um intrigante campo de investigagio. Oca (“constr6i") 0 exercicio, adas nos hoves GERIAOE de parenzesco) Eseuclos sob essa rubriea enfocam a Tais circunstancias especificas sio sumat eva veflexiva de construtos analiticos ¢, tureza rel de construt ito frequen- yi kemente, os modos como as pessoas lidam umas com as outeas sob o regime das novas tecnologia, com o estimulo 3 reflex Vidade nativa que isso traz; as pessoas passam a fazer novos tipos de conexao entre sua vida e © mundo onde vivern, Muito clo que se segue seria familiar @ essas preocupag6es, especial- mente na primeira parce, A Parte Labora contextos nos qu: as novas tecnologias médicas levan am questées para famylias eparentes. Esses contextos toenam-se, aa Parte Il, um contea~ Ponto para anlises comparativas, Os ensaios, entio, partem de mater amplamei presentes nos Fstados Unidos ¢ no Reino Unido (e, no primeito capitulo. na Austrdlia bran Preparando o terreno para falar sobre a Melanésia, a Amazdnia « (brevemence) a Austrilia aborigene, Sio descrigdes das con- sequéncias da relacionaicae tanto em termas de dados co cm Sia oiganizagio; virios dos ensaios sentido, dispondo do termo de maneira semelhante a0 uso d feito grande parte da escrita antropoldgica idade’ strato atr nentos-{€ sublinhada de modo convene amo um valor + €pekceptivel pelo direito. Perpassando esses ensaios comentitio sobre modo come ojpensamento juridico mo- | dernista a0 mesmo tempo eria uma abertura parae desencor predisposicdes no que diz eespeito ao pensar em termos d xX Aceves Paella, Tieite 0 iusperado 1s. Parte | apresenta 0 direito euroamericano em sua Parce I mostra introdugio de categorias legaisem asa elas —em alguns casos, em nome panga; €M OULTOS, Con nalitico por parte do dor. De um modo ou de outro, nao se deve negligen jnagio ea ingenuidade dos advogados 20 lidar com novas estes, Conceitos desenvolvidos em nome da propriedade da cigncia enquanto produto nologia tornou- radedi 1s pata a sociedade resolver; a bio {na qual a soctedade responde (NOWOTNY: 200th) en stas, in ceressa pelas pautas dos espec pesquisa, Evident a bi os peritos no n pessoas que ou ce advogadas. E isso no apenas porque a dos indivicuos a ponco dle as pessoas terem que is também devide Aguile q ses diffe sa. O que emergitt como 0 (20 menos no Reino Us sz. com ila ee 3 Marilyn Sirasbers com o Relatério Warnock, em 1985 [WARNOCK, 1985]}, qual seja, a questio dos limites ¢ de onde estabelecé-los, per- rmanece presente. Em um registco menor, se 08 euroamericanos nfo fazem a pergunca (em que tipo de pessoas estamos nos transforma, do?) sobre a humanidade, entzo poderiam perguntar sobre a sociedade; que consequéncias as decisdes das pessoas tém para o tipo de sociedade na qual gostariam de viver? Aqui, interesses individuais emergem como questdes contenciosis. Técnicas que foram calorosamente recebidas pata resolver problemas de potenciais familias nucleares podem ser vistas como suspeitas se tém como resultado final mais familias com pais solceiros ‘ou maes solteiras. Nio obstante o desejo de ter um bebé ser considerado completamente natural, 0 desejo de ter um filho de um jeito especifico ou para um propésito especifico pode ser visto negativamente, como um exemplo de egofsime paren- tal E improvavel que consideragbes sobre as consequéncins pasta a Humanidade ow paraa Sociedade estejam, pata os mais envolvidos, entre as tarcfis mais diffceis; no entanto, dissemi sados pelo fervor da imprensa que coloca constantemente os casos sob 08 olhos do piblico, para todas as outras pessoas € sim, dificil pasar no fendmeno © ano de 2002 trouxe a histéria de umm casal surdo que intencionalmente teve um bebé surdo para corresponder & sua prépria condigio; foi o segundo bebé do casal, quando 0 8 Procedimentos no Reino Unida pars obtensio. consentimenro da mulher para uso de seu tecido fetal (para pesquiss, pds umn aborto) cexplicitamente precaviam a mulher de fazer qualquer declarasio de como ela preferiria que 0 reside Fosse utilizado (ver Nuffield, 2000, p 9 32 Parente, dveto «0 inesperado primeito tiaha quatro anos de idade. Isso aconteceu por meio de doagio de esperma nio foi preciso envolver nenhuma biotecnologia”, mas a histéria cabe petfeiramente no género de parentalidade de pessoas do mesmo sexo, porque ambas as stérias sobre “manipulagio genética", Também era sobre sarcciras cram mulheres. “Bebés, modelacos para secem sur dos” [Babics, deaf by dsign) foi uma manchere na qual ecoava 0 debate sobre bebés modelados, criados pela nova genética (T be Australian, 16 de abril de 2002).° “Ser surdo [de nascenga] Eapenas um modo de vida. Nés nos sentimentas complecas como pessoas suirdas ¢ queremos compartilhar os aspectos maravilhosos da comunidade sur.” Ao comentat essas palavras, de una delas, o reporter do The Australian observou que as mes modificaram a surdezs de defi- ciéncia para diferenga cultural, Sua decisto, portanto, destacava ha auténoma. © que foi planejada pelo casal enigma da ese como peeleigha era, para 0s outtos, um projeto de deficigncia Perceb-se que 0 projeto de perfeigio, para o casal, nfo era se roproduzie ~ 0 que dependeria de caprichos da recombina- gio genética, mas, sim, eriar crianges que replicassem sua caracteristica detioa compartilhada: a surdez. Bra essa a nica caracteristica que queriam ver em seu filho ou filha. las de- 9 Un tema central nas discussies gerais sobre téeniens de reprodugho assistida que acompanhou os argumentos austealianos sobre pes quisis com célubss-tronco em 2001. O monitoramento de docngs nplo, por meio de diagndstice a em rica Savutesc, nética de o deficitncia, por © pré-implancasio 6 outro cena. © especial m 19 de junho de 2002, comentav que tentrevistodo pelo Th Age muitos genes nfo tm nada a ver cam as doengas~e, 0 entanto, sA0 as doengas gue Frequentemente justficam © avanga nas pesqpisas ginicas. 33 clararam sentir que poderiam cuidat com mais compreensio de uma crianga surda do que de uma crianga com audicéo normal O casal foi retratado como eg ta por no pensar Aomesmo tempo que elas destacavam o senso de pertencimento edo compartilhar vinculados a ser membro da “comunidade surda”, o jornal destacava o fato de que os surdos sio excluidos da sociedai rian convencional. “Mais cedo ou mais tarde, essas ctiangas terdo que encarar o mundo da audicio”, observava 6 jornalista que descreveu o imenso sistema técnico que as ampa- rava eas auxiliava na comunicagio (por telefone, por exemplo) Interesses em comum ao mesmo tempo uniam e dividiam, ea sociedade convencional tem interesse suficiente nessas criancas pata manifestar julgamentos fortemente av tivos das decisses parentais. O caso, ocorrido em Maryland (Estados Unidos), foi re~ Jacado na imprensa australiana tanto quanto 0 foi ao redor do mundo. A questio levantada para o pablico — como pensar a decisio das mies? — &, parentemente, oniptesente. Embora esses tipos de questdes sejam debatidos tendo em mente questies locais, e muito embora os regimes regulat6rios sejam diferentes, elas repercutem em tons parecidos. Os dilemas panhando a tecnologia, isco 6, os debates afloram de formas surpreendencemente similares em contextos Afirmo isso tendo em mente o trabalho de Bonaccorso (2000) 10 Discussses piblicas sobie maternidade de substitaigio nos anos mitico. O Reino Unido dist Estados Unidos no que concer embora tenha sido comeing “nB9 bret 0 Sudo dy [> dejo de 2003] 34 Paeneeo, ditto «0 inesperado ques, baseado em seu estudo sobre entativas de casais de criar ‘lias por meio de reproducao assistida, chegou 4 mesma jo nel 4 sobre as priticas italianas. Procedimentos de big m diferir, mas © modo como os valores sio ponderados € dem a favorecer certos tipos de arranjos familiares parece masenso geral sobre as causas nutito Familiar, no meio de um cor anto da congratulagio como da perturbagio, ; Ora, o empenho do casal surdo pode conduzir 3 oposigéo olha individual e os valores péblicos mais comuns. Contudo, prefiro formulas da seguince maneira vemos uma ineeracio entre o que sio, na verdade, dois conjuntos de valores, pdblicos — os quais, por sua vez, podem ser harmoniosos ou dis- sonantes. De um lado, a autonomia ¢ 0 individualismo por cla promovido; de outro, o altr r Ambos os valores inscrevem-se nas reagdes mbos podem tomar rumos positives ou negativos: smo ¢ 0s interesses em comum. piblicas 3 biotec- nologi Interesses compartilhados e individuais [A titulo de exemplo, enfoco brevemente questdes concer- nentes 4 composicéo genética, O imaginério ocidental (euroa- mericano) rotineicamente representa a individualidade por Gxouumespe : 1 hl anor fa pre de ua perssenteconfiguasio Senna pan capil 6)-Nio eos plara "scram ee devas dict sb med con cue so efade de cles nga do Ou os dade soca acm éties para quem o pagamento das doadoras no.) termos da capacidede de s colocar-se sob ums aogio mais ampla de sensi 35 Marlyn Stratbern meio dos coxpos tinicos e singulares das pessoas, ressonante na compreensao dos modelos genéticas anicos. Ninguém tem a mesma exata combinagao de genes, 3 excecSo de gémeos idénticos. A percepgio da individualidade e 0 valor do indivi- a combinagio de genes é repetida & exaustdo ~ uma descoberta ismo caminham juntos, ¢ a relevincia da singularidade da do século XX tao facilmente absorta em nogdes preexistentes sobre individualidade que é, dentre outras coisas, a possi dade de comprometer essa singularidade que faz da clonagem algo tio ameagador.® A singulacidade corporal é tanto um signo quanto um sfim- bolo euroamericano de autonomia e respeito pela pessoa como individuo (para uma discussio recente, ver Davies e Naffine, 2001; James e Palmer, 2002). Realmente, a propria dade do corpo & 0 sujeito de direito. Por conseguinte, do atual questionamento sobre as células-tronco embrionérias evoca uma angdstia anterior sobre pesquisas com embrides Paradoxalmente, a biotecnologia, que, sob os olhos de alguns, destréi seres individuais, também se tora o mesmo veiculo 12 Mas no se dove exagerar 4 ido (HGAC, 1998), sabre qusstdes envolvendo gem, enflticos 80% disseram “aio” idaia de que a criagfo de um clone de um ser humana seria etic encrevistados fcatam dividi to 20 caso, Em uma consulea, no Reino, lo nente aceieivel. Os mesos nce da questto “Acé que posto pessoa pode ter dieitoa uma idenridade genética individual 41% pensam ter esse direto, enquanco 50% levantatam a questo do caso de gémeos idgnticos argumentando que a identidade€ sempre mais do que ge (2002, p44) india, com ef fo contexto é, obviaments, importante). Savill sobre como 0 observagée legs genstipo distintivo de um feo confere-Iheindividualidade me cle estando no verre da me 36 ce dirs €0 isperado por meio do qual a propria “individualidade” das caracteris- ticas embrionSrias se evidencia, E & o carter intervencionista da biotecnologia que nos leva a formular obrigacdes: como racar os ousros.”” Aqui, o embrido pode ser retcatado como um membro frigil e vulnerivel da espécie que precisa de protegio especial A individualidade da composicio de uma pessoa também tornada uma qualificagio interessante. O fato de o diagndstico genético oferecera possibilidade de alguém ser capaz de dar sentidoao seu el por meio de seu peefil de provivel satde, com proprio genoma tem,20 mesmo tempo, estimulado um aumento lade — o que se herda dos outros ~ na transmissio de doengas, Nio obstante, é0 que ests 20 paciente, 0 do incezesse no papel da hereditar rewnido em seu genoma individual que import que pode ser visto tanco como positive quanto como negativo.O Capitulo 3 aborda o impulso das pessoas em procurar parentes para além de suas familias nucleares a fim de recuperar informa Ges sobre si mesmos e suas perspectivas médicas. Também h& evidéncias, majoritariamente dos Estados Unidos (DOLGIN, 2000; FINKLER, 2000), que wgerem que algumas pessoas BG genético, & pessoal pelos comportamentos ¢ até "a perda do individualismo”, anunciado pelo filésofo social Fukayama (The Australien, 27 de maio de 2002). A biotecnologia nas faz pensar mais acerca dessas ‘Ses, conquanco nio se deve despreair quem despreza outros (como no conteapor 0 de que haverd um declinio na sesponsebilidade 9 pesquissdor que,a propésite de um debate sobze a paventeacio de material genético humano, refe seeocupagbes iecelerantes” (apud Ne se de mancita a menosprezar a 98, p55). 37 Me Pavonero, dicts ¢ 0 inasperadle ito de solidariedade € formagio Oce famo. ge penas para ob de cles." Isso ¢ria ” esse tipo de ido um pouco de I ss de come, nds tados coy possibi F resumido da seguinte m: mnilias genée humano bisico, embo mesmo geno} deo sjos membres s dom gue nos dis ni de set corpos que ados — desprovides — 10. O individ) exses lagos yenécicos podem see desart de lagos soci opa sobre oo odidae os da pesquil Jassos intenesses comuns pelos Por outro lado, & claro, os genes nio sio de modo algam médica. (HGC, 2002, p.38) © que v a mesma ga (DNA) que, co todas por visbes dade piblica cont | por poucos. zee declaracées sobre 4 jedade se torna nanos. A nocio de interesses comuns, no entanto, come, levantar questSes de posse de um tipo de quase propriedade."? cas de uma humanidade comum j alg acerca de quem deveria usufruir de seus frutos: quais deficita- Isto 6, ainda que as caracter possat ser levadas a produzie recursos, competigio cias devem ser cracadas, quem deve ter acesso 3 formacio produzids, quem deve se bencficiar do desenvclvimento dos produtos farmac@uticos, Iambéin fica mis evidente o que esti imp incluso em um nfvel (sodos nds temos [mais ox menos] © 10 no modelo de humanidade comum, que um senso de mesmo genoma) corresponde a uma exelusio em outro (outras espécies ficam de fora), Agora, 0 © da hereditariedade diz respeito a pessoas lidando com as consequéncias da descoberta de conexdes gené 4 ificagoes abstratas para um compostamento ético. Apesar dessas dife- nto © caso da her: ca \ga remont renga, sugiro que ambos impulsionam atitades amplamente familiaves ns " do Ocidente (eu- roamericano). Frente a isso, nada poderia parecer mais distante do que uma rede de parentes na qual as Lagos sao traradas de adas fa apenas as menores unidades se unem para formar Familias modo lias genéticas), em que res), €0 corpo inclusivo dos seres humanos forma uma 17 Eo pertenciments z é pertencimento comecaa parecer uma capécie de recurso, Ass pode-se refers terme "propriedade” em inglés, como em “propriedade comum ci hhamanidade”, Para um argumento mais explicitamente favor: riedde” [propemisavon], por exermplo, de recursos lo 6). Helmreich (2002) faz um seressante comentirio cobve a nagia de: recurso de exploragio, Parents trite «0 isperad dade" em um nfvel fundamental no qual nao se deve in- terferin Nao obstante, mude um pouco a perspecti es ‘0 a comunidade da humanicade ~ sob esse ponto de vista, fa exclusiva aparece como um indisfduo em grande ene incernamente nfo diferenciada— surge como uma siva em grande escala. Quer nio contem os patentes préximos ~ como no caso dos avés em Washington —, quer a provegio 10s com Outros se estenda apenas & nogio do que compartilham seres humanos, a Familia cuida de si mesma, fluéncias que a biorecnologia exerce sobre aima- sginacio dir respeito ao seu poder de incervi ema realidades que jf descmpenham um papel no mado como as pessoas pensam si mosmas. Hereditariedade ou heranga, em assuntos humanos, em contextos mais estreitos ou mais amplos, pode-se pensar em genes. F as imagens-limice da “familia” fazem seu trabel intio espectfico € al- cduas vezes. Ao mesmo tempo, éss° im jvo. Ha muitas outras coisas que sabemos sobre camente se famflias, Poreanto, nfo presumamos o que elas so; recuemos uma segunda vez. para retornarmos 3 famnflia comum com & gual jé nos encontramos Familias recombinantes Eis uma surpresa. Os avés em Washington que peticiona~ ram por direitos de visitagio descobriram que os eribu BA Declaragto! sobre « Diversidade C ade da 1m di humanistade”. Quando esse lugar 0 2001, refere=se3 "us gio Universal do G idade fundamental 1997), acrescenta-se: de todos os membros da fa efertncia’ fami yn Strathern acribuem um peso diferente 3 familia nuclear. Mas © que era ssa familia nuclear?" Quando da primeira audiéneia, a mie jé estava casada pela segunda vez. O lar onde as meninas entio ‘iviam inclufaa mie, seu novo marido— que logo as adotou— um filho do novo casamento, trés criangas de um casamento anterior da mie e duas eriangas do antigo casamento do atual marido: a0 todo, uma prole de oito criangas, embora nenhum dos casais tenha tido mais do que dues ou teés junto. Com efei- 0, Simpson, um ancropélogo britinico, 20 observar arranjos similares no Reino Unido, faz 0 trocadilho de que as conste- is “difusas” do resultantes produzem familias muito impson (1994; 1998) estava comentando sobre ndmeno que aparece em muitos arranjos posteriores a0 divér- n fe- na Gra-Bretanha, Nao parece haver, de imediato, nada de desfavordvel nesses arranjos familiares artanjos semelhantes podem ser encontrados em diversas épocas e lugares, como no exemplo francés, dado por Segalen (2001, p.262-3), de 19 Valea pena observar ine a decisio judicial ~ a deliberagio que primeico julgou o « pasar mais t de qualidade com os peticionados [os avés], desde que 0 tempo seja balanceado com o tempo passado com a familia nucleze P criangis. A corte entende reresses das criancas filhos de seu padrsseo” (spud Dolgin, 2002, p.375, ineluindo os colchet )-A Supeema Corte dos Pstados Unidos, com suas préprias razSes para valorar a familia nuclesr (eelacionada & autoridade da nie sobce as criangas) corte em ) No ori fel estadual favorecera uma far Pareneso,dictoe 9 iesperado dlivércios consecutivos em trés geracbes—coma excegio de no se encaixarem no modelo de “famflia” que temos considerado. Eles nio sio mais restritos nem mi amplos; nfo possuem fronteiras claras. Antes, unidades originérias de ourras famflias se unitam para formar uma nova. A surpresa reside em ver 0 que acontece: a dissolugio leva, frequentemente, 4 recombinagio (cf Bell, 2001, p.386). (O pano de fundo é bastante familiar. A Gri-Bretanha possui 2 com mais de a taxa mais alta de divércios em toda a Europa; metade dos casais divorciados em 1990 tendo um filho ou filha de até dezesscis anos, o indice pode ag. ter atingido tum nivel de estabilidade — com, no entanto, um configuragZo particular, Apesat dos rompimentes, tanto a familia como casamento continuam populares (um em cada trés casamentos m recasamento) (SIMPSON, 1998, p.viii). Esse mesmo cenério também ocorre na Austrélia (grosso modo, um tergo Dez de todos os cesamentos consiste em um recasamento) 21 As imagens de Simpson aqui vém de UK. Mavetge and Diver Stavsier 1990, 1994, 1997, 1998 ¢ Sodal Trends 1994. Sobre a déeada 1990- 2000: aim di divorciando até 2 anos apés 0 c2 de 2001 aponta que mais de um tem filhos de um casamento a cio para cada dois casamentos; muitas pessoas se {intimeros per “Também relaraese 0 22 De acorde com © Sun Herald de Sydney (23 de janeiro de 2000 as estaristicas vm de Anstralia Now, a 5 Bureau of Statistics), Hewsebold and Fi Australie, 1998 B Maris Stratos milias australianas” Herald (Sydney, 23 de janeiro de 2000) anunciow ma série de estatisticas referentes aos anos de 1996 a 1998, Ss que voce nio sabia sobre as como o com a incengio de se preender 20 mostrar quio tradicionais persistem 05 arranjos familiares australianos ¢, a0 mesmo Fempo, quio propensos a mudancas eles so. As mudancas concentram-se, por exemplo, na diregio do aumento das tax de divéreio (40% de vodos casamentos apés os 30 anos, bei tando a taxa de 50% do Reino Unido) e no aumento da idade em que as mulheres viram mies; nio obs inte, a tradigio é evidente no fato de que a maioria das criangas nasce com seus Pais casacos (70%) e que mais de 70% das criangas menores de dezeito anos que moram com as pais vivem em uma fam nuclear (mamie, papai as filhas ¢ os filhos que eles tiverar juntos). No entanto, um senso de mudanca é inrroduzido pela projec de que 309 las criangas com menos de quatro anos solteiro ou mie solteira até estario vivendo em familias de 5 dos quais a maioria so fami de mies solteiras). O tradicional ¢ o nao tradicional existem lado a lado. Nio é novidade observar que o valor attibuidl a casamentos ¢ familias ese or do que nunca; como eles sio compostos le certa forma correspondente « essa € citada por 1002, p34): 2 proporgio de cr égicos” nos 25 Uma imagi comparagio prop: ogrifica, e mpouco deseja superestimar essas imagens, Uma ampla variagio tas priticas des pessoas, nto em termos de extensio como de porcentagem, encontra-se ao lado de avaliagdes e questionamentos ares sobre a natureza da vids familiar e as eendéncias +4 Pesenteso rita. insperads icra histéria. Na Austrdlia, uma alta proporgio de crianges «com 0 pai ¢ a mie “biclégicos”, mas também hé muitas vivem com apenas um dos dois, quer numa familia de soltciro ou mie solteira, quer numa familia recomposta, composta” 0 termo que Segalen (2001, p.259) que, como no caso em Washington, sio formadas das famslias anteriores. O alto indice de 3 0 compimento ivércios atualmente traz & tona essas familias recompostas ¢ 1s torna visiveis. “O divércio € ponto no qual o cas 4 oficialmente dissolvido, mas € também 0 ponto em que princfpios, pressupostos [e] valores (...] acerca do casamento. dda famflia e da parentalidade tornam-se explicitos” (SIMP- SON, 1998, p.27). Com efeito, Simpson sugere que a nov dade é até que ponto essas recamposigies passam a fazer parte ntos podem se dissolver ¢ nento do tecido da sociedade, Os casa muitos lamentariam 0 indice que a dissolugio atingiu, mas Familias se ree assim dizer, hé uma no relacionamentos. 1s ordinérias esto indicadores . Ela se Inseridos nessas c do que também € interessante sobre a biotecnolo; dos ards na Franca, Ey doe: Stee ce py dude anpac crucial a arranjos geralmente fluidos, mo tempo que © avd rset rd sep de tees sol Seu iton potion Uns em ets oe : termina em divércio. Quando: mies solt ora peng nitos na Fe sepatida ou divoriada 45 Marilyn Strthera tomou parte do tecido social: “A TRA [eccnologia de repro- clustoassiscidal] é atualmente, parte integrance da sociedade”, para citar uma observagio proveniente da Aust (CUMMINS, 2002). O que tememergido furtivamente é um indo n0 qual, por exemplo, ideia de repor partes perdidas de corpos — ou mesmo os corpos de pessoas falecidas — aio ¢std muito distance do conhecimento de técnicas de transplan- tes de Srgios ou de pedidos reivindicando © material repro- dutivo de um cénjuge falecido, Procedimencos de concepcio assistida que oferecem um remédio para pessoas apazes de conceber fillhos também encorajam outtas pessoas a org carreiras com a expectativa de Obviamente nessa rea (da concepsio a quando ma paternidade tarda ambros de uma fai precisam tomar decis6es que dizem respeito a outro membro, por ex a vida no nase plo, sobre prolongar nento ou na morte ~,a biotecnologia tomou- ¢ um fator no modo como as pessoas lidam com suas vidas, El acre centa seu préptio campo de recombinacdes a0 necessério pata conceber fithos, E é, parcialmenee, + © quanro as aplicagdes da biotecnologia interferiram, por s vez, na formagio de familias, que nos deu familias recompostas. De sua perspectiva francesa, Segalen escreve {Aoadotar] novas disposigaes jar icas que refle as novas utitudes diante do casamenta ¢ também ecoam o desenvolvi- mento das biotecnologias desde os anos 1970, 08 juristas desar- wm casamtento e fliagio (a relagZo reconhecida de sucessio entre pais filhos] . Mais criangas [ de uma presenca paterna, embora 0 pai [no seja 0 que parece] © pai, de acordo com 0 Cédigo Napolednico, foi o hon 46 Parenteso, dicta e inesperede seus genes, dou seu nome e, cotidianamente, eriouw 0 que de 1 em sua casa, Essestr8s componentes de filiagdo foram dis- sociados nas familias recomposcas. (SEGALEN, 2001, p.259 Os juristas podem rer dissociado casamento efiliaglo, mas, smas, a tecnologia repro- conforme as pessoas dizem a Jo e concepgio. Se voce olhar para a dutiva jé dissociow fi familia nuclear comum, voce pode muito bem descobric que 0 genitores foram ajudados por um doador O que acontece, entio, em familias legalmente recompostas por meio de divér- cio eadagio também acontece na parentalidade biotecnoldgi os na medida em que os componentes férteis para lonstituie uma crianga podem ser retirados de diversas fontes, dedi Podemos supor que familias compostas por outr SOS COrpos. lias, com filhas ou filhos j4 concebidos, se distintas das familias que procuram aumentar por tro. Mas ambos os dloacio de gemetas ou da fertilizagio cipos de recomposigio podem apacecer de maneira combinada, essa combinagio Novamente, 0 divércio ou ago tor se visivel, © em seguida aos rompimentos ouvimos muito sobre a disputa do diteito de dispor das embrides congelados, por exemplo.” Esse é 0 momento em que as combinagdes devem outtas ditctos, come 0 de heranga de 25 (E colocam problemas pa propriedade,) Este tipo de comentario fo! hnotoriamente, em relagio 3 mater ce-se que, em seu relaro, fo 3 fragmentag 2 recomposigio. foi uma ago de di- a Marilyn Stott aso, em Rhode Island, que envoly 1s do mesmo sexo que ti ~cénjuges cequereu diteito de visita em rel nascida de sua parcei a por meio d ar (DOLGIN, 2002, p.402-4). O que pco de tipo agio artificial que nga durance 0s 4 ro anos em que istados 08 p . seu pedido acerca da ascendéncia tenha sido d ado, Nesse caso, a autoridade da “mide biolégiea” da c teve ques com os interesses da oucra pare que relvindicava direitos 4 cop. se na apelagio e Paenteso,dircite¢ 0 insperado nada se nfo recombinantes. Seria ssas familias nao smentar referente so cel -se de uma nogio ¢ senvoh ar complexo,a saber, que as téen de DNA cram, o menos no inicio, descritas como permissivas gSes genéticas de organismos muito agbes ge % . 2002, p.320). A habilidade dos DNAs di € recombina: ates) bidlogos de “elivar [10 data de 1973 (REISER, 2002, p.7) m termo apropriado para as formas as desenvolvem;** sua for har parces ou de ido, mas de corta mowgiclas erm aim fo de tal modo que os el neepeio, embora o DNA de um bebé separadamente, e podem idencific 2004, 9.267-9) sabre 6 4 rodegio dos organismos, iste & organisimes gue c que amp 29 E outros parentes préi genética, Q uso de test Marilyn Strtbers sociais da concepgio, como acontece rotineiramente quando 0 anonimato da doacio separa os doadores de seu ato reprodu- tivo.) Quando utilize ‘ecombinante”, portanto, é no sentido dle que, a0 separas os diferentes componentes da maternidade ¢ dla paternidacde, escé-se, a0 mesmo tempo, unindo-os de mados diferentes, tanto em procedimentos de concepgio quarto em praticas de educagio e criagio [rearing] e, novamente, em com- binagdes de ambos Pensando sobre parentes Hé muito m: aconcecendo além da “fragmentagio" da so- desenvol nento de ecnologia recombi dos anos 1970 (REISER, 2002, p.7). Eles sabem que no se deve “culpar” a cecnologia em mas muitas pessoas incor ao pensam fizeram afl novo fmpeto a fragmentagfo social nos moldes do egoismo. to de que as novas técni De alguma maneira, as esperangas e os medos se alinham, de sofo, teria uma abordagem “ireaciona sobre os genes [The Age, 19 de jumho de 2002.) Uma desceig dos valores deter o pode ser lontrada, por cexemplo, em Nel aremesco, dscito¢ o iesperade snodo que esperancas umn tanto quanto utilicérias — como de co na medicina ou melhora nos tratamentos ~ sio dirigi- jade ow mesmo danos \s contta os medos de danos & soci yanidade, 1: \estmas como eriaturas a como as pessoas pensam sobre si ticas. Q gumas aplicagdes da biotecnologia es cerpessoais jf vernadas complexas pelos tipos de decisio que pessoas comuns, com ou sem a ajuda do colocat 2 complexidade de arena de relagées tempo todo. [Aqui reside a capacidade dos parentes de nos surpreender: Divétcios aumentam: a familia continua popular. Como isso pode acontecer? Embora familias especificas se desfagam + geralmente duram. Poderiamos até dizer que a ki © coxpo, na medida ‘mas o parentesco permanece. 0 fato de que, na cultura euroameric sfo evidentes, pode manter-se como em que suas front integrada. Conexdes entre pesso: simbolo da pes realmente, pensadas como estando fora do corpe, por todos os tipos de comunicasio e formas de associagio. E no sec0, no entanto, que os ocidentais pensam as conexdes pos.” De fato, se eles utilizam © corpo para pensar Te i, proms eons temo atric comes i sctados uns aos outros s¢m pode abranger as dis nos dixércios, nos segundos (Ferceitos, quartos..) nos arcanjos de ieagio, bern concepgio assistida, 32 Assim como as priticas de parencesco Marilyn Steatora a unicidade do individuo, também 0 fazem para falar sobre 0 modo como as pessoas conectam-se umas As outras — nio por meio do que compartilham de modo geral, como tratarfamos cla humanidade enquanto familia, mas, sim, pot meio do que foi transmitido de maneiras espectficas. Encifo elas tragam conexdes especificas (genealogias) ¢ a rede thes diz quio intimamente relacionadas elas so (graus de conectividade) © conhecimento moderna da genética endossa esse modo de pensart os genes fazem cada individuo tinico ¢ os conectam 4 muitos outros individuos préximes — assim como a inconté- veis mais distantes © DNA recombinante, isto & 0 DNA em sua catacteris- tica de segmentos separiveis ¢ rearranjéveis, € um convite 3 intervengfo humana, Ha uma tendéncia, quando se pensa em genes, em enfatizar a conevio, seja ela restrita (o individuo Gnico como produto da familia nuclear) ou ampla (toda a humanidade). Além disso, o DNA recombinance nos convi- da a considerar as desconexies, a habilidade de epanhae coisas sepatadas ¢ torné-las partes potenciais de novas constelagdes “Os genes nao sio nds”, de acordo com o especialisea em ética Jolian Savulescu, conforme relatado em The Age (19 de junho de 2002). Ele acrescentou que nfo somas a soma de nossos qusisquer biosecnologias preocupadas com reproduc incluindo * sransmissio genética. Algumas implicagies yerais pats diteico por entender “a inrerconect lade dos corpas sia ofesecidas por Herring (2002, p.44). Ele escreve sobre a deagio de drgios "como uuma reverberagdo da interdependéncia Comparar com o retrato de Maclneyre (1999), para quem 2 inter. depencléncia desenvalve-se por meio de selacionamentos com outros expectficos Parantesc,dieito 0 inespevad nes @ 05 genes nao determina quem somos, Sugiro que isso seja verdadeiro em um sentido muito profundo que mi- inetizaria as possibilidades proporcionadas aos genes pela bio- tecnologia, se eles jé no as civerem antecipado. O conbecimento comm acerea da genética oferece uma escolha; pode nfo haver escolha quanto ao reconhecimento do parentesco constitufdo na propria conesio genética (cf. Strathern, 1999b), mas as pessoas podem ow no escabelecer relacionamentos acivos a partir dessas conexdes. Elas podem decidir ignorar potenciais conexdes. Ento, novas conexSes podem ou nio vingar: pes- soas podem desapareces completamente da vida de alguém, ou nunca parecer deixé-ls, Ao valorizar ou desvalorizar seus relacionamentos, 08 parentes tornam-se, portanto, cientes do modo como esti conectados ¢ desconectados (cf. Edwards € Strathern, 2000; Franklin, 2003). As familias recombinantes .am isso muico mais visivel, mostrando como a apenas to) exclusio de alguns lagos leva 3 feitura de outros, ou como os arranjos domésticos ofteecem indmeras permuttagSes em graus de desconexio. Entio as pessoxs jé expressam diversos modos de pensar sobre si mesmas: nio apenas como elementos iselados, se parados uns dos outros, ou como membros de coletividades ou geupos, mas também enguanto seres que valorizam suas conexdes com outios, que — quando as coisas esto indo bem — conseguem administrar o fao de sere, ao mesmo tempo, au- tOnomos ¢ relacionais,"* As relagies sociais de parentesco, po- demos dizer, poem em marcha esse processo cle administragio. manutengio de sj como invickivel ow ma afirmacio de direitos, mas, 53 Marilyn Strathon Como lidar com ovinculo e« a farnflia e, 20 mesmo tempo, desvincular-se dela é ciedade ocidencal ( ocid m tema central pata o parentesco na so- uroamericana). Os regimes de parentesco aidela de c ser independente, no apenas enquanto um “membro da soc is levam ao extrem rama c nga para dade”, mas nbéin como independente ce Familia e parences. nar isso: os Mas, em. ite com o alto investimento que fazem na lingiagem e Nio € preciso ser nenhurn especialista para a e © sabem na manei como ager no imaginério de individuos ou grupos, eles precisam de covas formas de contar para si mesmos as complexidades e ambig dades dos relacionamentos. Em decorréncia de tudo isso, hé dois resultados p modo como os euroamericanos implemencam seus valores. O ptimeiro é evidence em familias recombi tes e nas oportuni- des para novas conexdes. O divéccio teordena 0 Caso se deixe de 0 sio reformadas ir para as unidades que ce dirija-se 0 olhar ao rastro dos relacionamentos, encontram= “se nterconectadas de novas manciras. Os divéecios 625, isto 6, crlangas que wivem as di conectadas por meio da dissolusio do casamento de seus pais: para ae partes. De fato, o ¢ desconenio; nto Jo se nig houesse diferenciagia (cf MacIntyre, 1996 34 Se Parents, dista 0 insperado sos de familia de uma maineiraacritiea, as possibilida- vas inerentes parencesco pa estudo do divércio ¢ ssoais obscurecem-se [.~]. O expressio cultural do parentesco, x0 invés de um problem demonstra a especificidade dos padres (..] [e] fornece aexpectaciva om 2 fa io rlacions identais de organi ocalizar de maneira distints os padrées de parentesco euroa- ds, (SIMPSON, le 1994, p.832) los em perspectiva ca Assim, Simpson faz a positiva sugest#o de que devemos mesmos. Fica tratar essas conexdcs como fendmenos em s fazem isso quande valoram seus claro que as pessoas relacionamentos, (© segunelo resultado pata 0 modo como os euroamericanos 3s desconexdes, Além implementam seus valores diz, © que dizer do modo de deslox como os noves relacion © parentesco das f ‘mentos, como a continua ativacio dos os sociais, podem ser deslocados do parentesco no sentido pessoas col difecentes, pritien, Flas desenham as from jodes, como os dadas de Simpson evidenciam. ra o Supreme Tribunal dos Estados como parte dan 1 Os estatutos de ¥ jento de que os avés so parte nforme citados em Dol fis da crianga” (argu 2, p.389). A familia, argamencaria Per wzea como "um conjunto de entes 55 Marilys Strathern da conexio genética? As novas “familias genéticas”, por s frequentemente bascades na informagio médica compartillada pelos parentes, nfo trariam novas dimensdes ao indivi G parentesco ismo worrel eréncia do paciente)? Destocar relacionamentos do evidensement doacio de material fércil € sempre a alternativa apés um divéecio clio, As; nposigdo de Segalen (2001 260) pode de fato agregar a redes familiares preexistentes de tal modo que, digain sep opa entem um nadus vivendi —embor: I6gico co padrasto coexistam a0 menos na Franga, essa tendéncia exista especialmente em familias de classe médi com renda x mente alta. m outros setores da sociedade, a recombinagio pode também apagar unides prévias, geral- ‘mente apagar lacos com o antigo pai em casos em que 6 novo pai adota as criangas e dia elas seu sobrenome. E isso pode sonduzir a diversas manciras de ver as novas unidades, Um mplo briténico (SIMPSON, 1994, p.834-5 a considerar a perspectiva dos avés: 0s pais do maride dizem ter seis netos/netas, iangas nites — cratadas igualmente, 1m apenas os filhos (frutos de dois casamentos) de sua peépria fil mas os pais da esposa mi ‘Vimos que tanto a universal “familia humana” generalizada ma que provavelmence chama para reagBes diferentes entre parceitos; em a »de-uma “expansio coptcolada dos elacios s das permutagées’, enquanto em outros hi com a desordem da sohtepasigao de Parente, eo mesperado a ou de outra manei ssimesna de “nuclear”, de recomps Esses valores de excl porificam nogées de exclu 1yem coda adiferenga entee familias que defendem fronteiras € antes (por as que enfatizam os relacionamentos tecombi issim dizer) e, em decorténcia disso, vivem a ideia de si mesmos mo sobrepostos a eutros. Nas primeiras, quando os parentes coxcluem-se uns aos outros, um cor lodocirculode como 0s desafortunados avés em Washington ‘outro conjun xcluis, por conseguinte,& externalizar (os av6s, ent, tiveram £0, dle renegociar 0 acesso a0 interior). Nas segunclas, enc excluis define as condig6es sob as quais as familias se sobrepoem, sequence. Se incemna a rede de relagbes s nem rompimento de casais por meio de recombinagio."® descritas s30 artanjos sistente como modelo de repro inglés (STRATHERN, 1992 a paral partir de pessons coma.se aes Marilyn Strattera genes ¢ seu ambiente ao bebe e seus provedores de cuidado, * passando pelos parentes de alguém e sew efreulo de amizades — e cada c binagao cartega consigo uma identidade cuja dis- tingio é feita por meio das relagées da pessoa com o mundo. © que a biorecnologia acrescenta ~ espre das eé nente por meio cas de reproducao assistida — € a chance de ler dis- tintas identidades soci 10 proprio processo da concep (como por meio de doagio de gametas, cujas fontes sociais tém proliferado).'” Contudo, em um certo sentido, nogées de parentesco nativas (curoamericanas) jé fazem das pessoas combinagies de outras pessoas. Nio se trata de perder uina idencidade, mas de especifics- 0 fato de io mundo ser parte de ourea pessoa é tido camo algo que conserva a indivi. dualidade de cada recombinagio. indindo naturcza ¢ nae Espero que a seja grata a0 que passa pata 18-13", disse a mie de um bebé de FLV ag dade (Thy Agr, 24 de julho de 2002 combé rento era muito mais invasive do que pec de de leralas pe oo Ebrae tet amas 8 a idee substiuisto ede doador de espennn, speraede drat abe seique tenho apens una mec un pa” Co caal que ey Morning Hon, 11 de muta de 1999). 0 risca nesse «, prevalece de tal forma sat sobre origens, 58 Parents, dita «0 iesperade danga de regis- Isso é menos uma conclusio do que uma esponsabilidade; 1. Ser parte de outros carrega sua prép odo como nés (usudrios da bioteenologia) com sido influenciado pela tecnologia, & ‘incvitavelmente, inconclusivo, O segundo diz respeito a mu- sivamente, implementam cas na prética clfnica que, co ma resposta a questdes priblicas. 10 Are Persons Propesty?, as australianas Dav screvem sobre auto- rsip] a especifico que um fendmeno completamente Em seu li inistas ¢ do direito, rnomia com referéncia a nogdes de “posse de si” [self-0 sobre 0 prol comume cotidiano, od: wlher grdvich, apre mulher gravide ¢ 0 fero so uma dnica pessoa j soa éa mulher” (2001, p.84). A reagio contritia, como todos sabemos, adicara singularidade do feto, a ponto de reivin- nto uma pessoe com direitos préprios (SAVILL, Nas dicé-lo eng 2002, p50). Mas a otas, 0s Fatos da repro jeve continu, palaveas dasa as nogées de individualismo na ais essas visOes se bast ‘As complexidades dessa situacio agravam-se com as interven gBes tecnoldgicas que produzem embri6es fora do corpo. Re- propriedade, a biotecnologia tem fornecido novos mods de conceitualiza individualidade do feto*” Se alguma vez jf precisamos de novos rambém das pee- (2002, p.65) lo Karpin (1994, pal). Ve sca referéncia # uma abservasio americana sobre a criagi 59 Marilyy § as pessoas como partes de pessoas, por con- er grdvida €u n caso paradigmitico. Tal observagao nao énenhuma novidade, Ao re fdica", Sa sgat. Quando os rAmaic (2002)*" observa qui préximo a izes de tcibunais supeciotes isaram decidir sobre a culpab bre um feto motto device mie, os oradores referiram-se abertamente da ferd luz que sepatagio embriolégica e feral. 1380, por sui asio incisiva de que, nfo obstance, hav sustentasio dep. da mie, As palaveas a seguir sio atvibud Mas o relacion, 0 Feto eram dois orga s vivend 2. pa) 0 organismo com dois aspe: Esse ponto de visti no foi deslocar a doutrina de que o Feta nao possui personalidade ju- cepsdes dos médicos sobre o Fto como p49). ince separade da 2, com fronteiras corporsis discret dade corpSrea de todos os seres hu dame 0 eto» a Vso, see um pessoa (DAVIES; NAFFINE, 2001, p91) 60 spared Airito m ser humano omia total ¢ jem teemos corporais), Esse ponte ocorridas no I, sista também despreza o graut das mudang po materno durante a gravi : dependence do feto para a conc Ivimento. Este lez, ¢ como este se torna, em sett dessa trje- wo estado, > pontoem deK fern come um “nexo inadora suges de que nds conceituamos 0 corpo io trata de que isso estaria a ceiva que consider ingio. O valer ges” é que ela corna obsoleta des yma nog aes n distingio, separagao ou KARPIN, 1994, p46) de sujeito « relagie a outros. na discon aragies. No mesmo volu Bute emer distingBes © Se (SAVILL, 2 também NAFFINE, 2002, p82}. Ks tara aad do bebe, o fevof is 61 ‘Marilyn Siatbern (2002, p.168) recorre a Espinosa para sua compreensio de que 08 indivfduos nfo sto “tomos” ou “ménadas", mas, sim, feitos de “parces” aque estdo em constante permuta corre si [...]: [Assi nutengio do indivéduo exige troca, lata ¢ cooperagio com outros indivicuos, os quais sio, também, feitos de partes A ontologia ético-politica de Espinosa, ela destaca, “facilita © entendimento da diferenga como elemento que possibilica a identidade « relagde de intordependénca come possiblitando autone~ mia” (2002, p. 69, grifos meus). A biotecnologia introduziu, no dorinio da administeaio do corpo, tipos de separagées, cortes ¢ combinagSes que sempre caracrerizaram relagSes entre pessoas Nio obstante, permanece o fato de que os euroamericanos nem sempre falam sobre relagdes de maneira clara. Alguns de seus principais dilemas brotam daquelas areas nas quais © vocabulitio para 0s interesses em jogo esté esgotado.** Sugiro que certos aspectos da biotecnologia, como recombi- rages penéticas, oferecem novos modes de pensar arranjos sociais ¢, ainda, as prdprias incervengSes da biotcenologia. Franklin (2003) fornece um fascinante telato sobre pessoas fazendo uso dos discursos da genética conforme lhes convém a0 lidar com relagSes de parentesco. Assim sendo, a vietude reside menos na novidade desses discursos e mais em sua ca- +8. Hi momentos de exgotarnento dentro da propria bioteenol 2 propria bioteenologia. Fox Keller (2000, p.72) aponta para o préprio terme "gene” como um impedimenco para a explanacfo da genética, 62 Parents, direite0 inesperade pacidade de trazer as pessoas de volta ao gue eas jé saben. Elas 4 “sabem" que mie ¢ feto so, a0 mesmo tempo, separiveis « partes um do outso; © que falca € uma linguagem adequaca pars esse tipo de relacio. Isso limita o modo como as respon sabilidades so conceitualizadas. E como se os euroamericanos pudessem apemss falar de cada am como fundido no oucro ou compleramente exterior a ele, uma unidade completa ou uma exclustio de um em relagdo aos interesses do outro, No entanto (para colocar os tezmos de Espinosa em outro registro), a base pata sua interdependéncia é justamenste sua separabilidade, Se 1 separagio literal € a peecondigio para a recombinagio nos casos das familias, ent3o, no caso da mae e do feto, a separagio éinerente a qualquer relacionamento entre eles. Eu repetiria que as pessoas jd sabem disso. Mas uma razo pataaescassez de idiomas relacionais éa sobredeceeminagio de outros idiomas. Porque quando se trata de legislagio e litigio, tum relacionamento no é (c no pode ser) um sujeito juridico no direito ocidental (euroamericano). Esse é um problema com 0 qual temos de conviver: Dessa forma, os argumencos permanccem fascinantes, porém inconclusivos, “Fi Se pressupr ig, Sov (2002, p67 tein poise elacionieae some se Fosse uma pessn disins, Mas seprtimos de um rlasionamente, exit de entidsdes, nada é pressu= pono sobreadindmicac inceragio,astraetria de desemvolment bh as assimerrias. Podenis dizer que © que hi de to importante pars of eutroumericanos ¢m um nascimnento aio é apenrs o fio de tions nova pessoa cornar-se vistalmente apacente, mas, sim separagio corporal), uma nora relagio, Em outros concertos culeu~ ruis, a separagio corporal pode ser postergeda por meio de diverse imodos de identificagio pas-natal entre mie c bebé, © as selagies se desdobeam de ovtzas maneitas. ‘Marlyn Sorethern Outros problemas aparecem, e as consequéncias de como as pessoas tomam decisdes tém efeitos evidentes nas conclusdes que elas elaboram, Criangas nascidas de gametas doados ~ c, dada a natureza dos procedimentos, 6 mais provivel que o doador do esperma, e naa doadora do évulo, tenha sido completamente separado dos resultados da concepcio—encontram-se em posigao de ter que decidir sobre procurar ou nfo sua paternidade genética Aos membros do Donor Conception Support Group [Grupo de Apoio aos Doadlores para Concepsio] de Sydney sto att butdas falas como "Bles apenas querem saber quem sio. Eles no querem substituir seus pais” (Sydney Morning Herald, 20 de novembro de 2001). Alguns doadores nao compartilham desse desejo, ¢ 0 mesmo artigo continua: “Eu preferitia que les simplesmente dissessem ‘obrigado’, aproveitassem suas ics ¢ seus pais e seguissem sua vida", disse um doador que ameagou entrar com uma agio judicial se fosse identificado, Uma mie pode tomar essa decisio em nome de seit filho, como no caso de um doador de esperma que foi a Vara de Famflia em Melbourne para tentar acesso a um menino de dois anos ce idade; & Vaca alegou-se que nao esrava se negando um rela- cionamento & crianga, apenas negava-se a “um relacionamento parental ative” (Sun Herald, Sydney, 27 de janeiro de 2002). ‘Seguem-se outtas decisdes, como um elfnica de fertilizagao in vitro tentando elimina: doagSes anénimas de seus procedimen- 45 8 elisica (Sydney FIV) aparece em ambas as hiseSrias. De cada mil ciclos de FIV realizados anuslmence por essa clinica, 0 jornal obserra que apenas cerca de vinte ecorrem com esperma doado: _quase todos acontecem com esperma de doadores conhecides 64 arentec, divcit 0 inesperade tans por causa dos problemas éticos que traziam & tons, “Atual- inexte, a elfnica aconselha os clientes a pedir a um amigo ou a sim parente que providencie o esperma’, disse ama enfermeica «edgy Morning Herald, 29 de novembro de 2001) “Qua um parente”! Uma surpresa final, envio, incentivada jor parentes, nesse caso por parentes que — como amigas — estio disposcos a doar paca parentes conhecidos. Lembremos todos 08 debates anteriores sobse a exigéncia de anonimidade pea proteger a familia nuclear, preservando-a tanto de inteu- sos estranhos quanto da sombra do ineesto: 6 efrculo parece ter se fechado. Aparentemente, aquele problema é deixado de ado e outro roma seu lugar: o do patentesco preexistence* Evidentemente, isso no ocorre sem complicagées. Edwards (1999; 2000) oferece um relato, um cos poucos relatos com- pletamente etnogrificos, sobre 0 modo como a familia inglesa julga esses assuntos. Thompson (2001, p.174) descreve uma clinica de fertilidade na Califéenia onde amigos e parentes envolvem-se na doagio de gametas, ¢ onde “certas bases da diferenciagia de parentesco sio postas em primeiro plano e recriadas, enquanto outras sie minimizadas”, Embora possa ocorrer de os aspirantes a genitores revelarem-se, “por meio de cadeias de descendéncia intactas, como os pais verdadeitos” meu foco recai nas separagaes e recombinagdes que tornam isso possivel. Em um dos casos, por exemplo, 2 mie de substitui Gio que pediu para gestar os Srulos ¢ 0 esperma de um casal 46 Tnversamence, podemos esperar que a ancnimidade do dosdor também Fam 20 criar tipos especiais de conexd jo come um seréscimo de conceitos sua af seu Tagan nuclear cuja integridade tem de sex presereads, « (ver Kontad, 1988) Marilyn Stathers e do marido. Isso no foi considerado incesto. No entanto, chegou perto, ¢ a irmi zombava da sorte de ela cer as trompas de Faldpio laqueadas, porqu isso garanciria que nenhum de seus préprios évulos encontraria 0 esperma q poderia acidentalmente ser transportado junto com o embrifo. Outro caso mencionado por Thompson (2001, p.187) €0 tipo de empreendimento conjunto que gaphou proeminénci: no comego das priticas de fertilizagio iw vitro, a saber, macs € filhas tum 6valo que foi judando umas as outras. Nesse caso, a filha forneceu ser seu padrasto ajudot material genético do pai da filha (0 ex-r foi mencionado. Nesse caso, a filha dispas-se 2 ajudar a mie stava de pensar nos embrides disp dos, que nto foram usados e que, fora do corpo de sua mae, permaneceram 0 criagio d N mesma com seu padrasto entanto, mporta quio dolorese, casual, comado como dado ou quanto esforco se preciso, os parentes pro- vavelmente conseguem lidar com o complexe trabalho de ne- gociar proximi smo dessa parte da procri aquela outra parte Seri isso porque, a despeito do que acontece em outras esfe- ras de sua ntesco os ensinou a estarem aptos para lidar com dois tipos de relago a0 mesmo tempo— nio apenas conexées, mas também desconexde Agradecimentos Sincero agradecimento ao Julius Stone Institute ¢ a He Irving e A Faculdade de Direito da Universidade de Sydney 66 Prentesco, diet eo ine pela oportunidade de participar na série 2002 da Macqu Bank Lecture, Biotechnologies: Between Expert Knowledges and Public ilues. © Gender Relations Centre [Centro de Relagdes de Ge- nto de Anctopologia na Research School nero] © Departs ind Asia of Paci Studies [Escola de Pesquisa de Estudos sobrea Asia eo Pacifico] , Australian National University, Can m discuss6es 1 berra, também meus an ies, propicia aprofundadas; um caloroso egradecimento pessoal a Marg Jolly © Marl: Mosko, Permanego grata aos outros autores de prov s do que imagino is reconceitualiza~ des de Sar 2001b; 2003). Janet Dolgin mais uma vezi ne uma base, bem como Alain Portage. O estudo de Monica Bonaccorso mostrou-se muito informativo, e Maria c mente a me familiarizar co: sdou-me excepcion uestes atuais na Aust Capitulo 2 A ciéncia implicita Em 2003, 0 G: P fo. Teatava-se de da sociedade. da sociedade canto q) Programas como “Ciéncia e Sociedade em pédei istas € publica da cién, Understan and Saciety).’* A chamada é para um if Seen] a0 conceito de ricia e sociedade [5 4 implicada na edade: um Ao pensar sobre o gue €a sociedade, ia pode prestar contas & soc sociedade se Hi, aqui, gorerno da Reino Unido em 2003, foi Instituto Fede Paremasc,diveitoe»inespevado pois antropdlogos frequentemente alegam que grande parte do conhecimenta esr ineruscada em hibitos ¢ priticas que ° licito. Sean na alegagio fosse feita 8 citacia ocidental (euroame ana) em sua sociedade de origem, onde dever-se-ia procurar por uma ciéncia técita — ou incrustada? Sup sociedade, entio onde ado que a ciéneia esceja cla esta? © que eu preciso tornar expl ito para encontrar exem- 1s do seu emby nto? Apresentarei determinadss priticas rei que os euroamericanos jé n de forma a combinar conhecimentos “cientificos”, mas nem sempre reconhecem que 0 fazem nesses termos €, nesse ntido, as préticas apenas sio cifncia, sécita ox implici renas chamam a éados nha atensio. A pi nda pectence a unta parte da vida social que esta vida que as pe frequentemente consideram ordinétias, conforme explanarei de ser misterio: ; de faro, partes de me refiro? uunhou “a aucoconscié mudar undo crengas (e os modos de asseguri-las) sobre o natural”, quando as pessoas sentiram-se propondo “mudan- nto da realidade cas novas ¢ muito importantes no con ise do parentesco ene Me picalistas, 7 Marilyn Straten © conhecimento legiti- atural e nas pr 10" (SHAPIN, 1996, p.5) gue ainda estio muito presentes, ou (melhor dizendo) que cas que assegi nstitufram-se modos de pensar nerosas outras tevolugSes que m 20 mesmo tempo -ivel ¢ para sempre mutével. Pode- -se ter i yenos acuraco, mas esse senso de époce mais ou perfodo precedente &, no minimo, um ponto de partida para nos perguntarmos sobre os habitos implicitos do pensamento auifice, “O mundo cientifico € (...] aquele que verificamos” (BA- CHELARD apud OSBORNE, 1998). Para os propésitos deste liveo, tomo ‘tncia” como corcespondente nto ap. a um tipo de conhecimento, tampouco — embora isso te mais acuricia histér =a varios tipos. Em vez disso, como- 4 como permitindo um pensamenco geminado, relacionado, embora divergente—amparado em, dentre outras coisas, dois modos de verificas informacio. A divergénc! oe descoberta é 0 que ests em jogo. Pode-se e isso como a diferenga entre ver Steses estabel por meio de noves inscrumencos de cor a forga do vapor compeimido separagio entre cimente ci sertigo do julgamento moral que esse co nto decleeadamente desint RB uso, dirio #0 inesp ow uina téenica que usa o comportamento das enzimas para c verificar 0 que novas ob- decern onhece (ci smos, até entio A linhs que as se- 6 direico transforma esse duplo pode ser cénue, m: para pode ser cénue, tnina distingio crucial. No campo dos dircitos de propriedade considera essa distingéo como oriunda da cién- intelecti odos de se relacionar com os cia e atribuia cigncia diferentes sultados De + forma, tal divergéncia permite que as as aparegam ¢ st jam coproducidas junto com as cr idade da existéncia concon si mesmas, crlando a poss de diferentes tipos de conhecimento. com o efeito Fractal; a mesma divergén~ Esse duplo rab: Ia. Assim, cada elemento qualquer es pode see eepetic de um par pode se bifurcar, isto é, tornar-se ele mesmo a 1c detentha nesse processo, ele possibilita par. Ainda que jeulagio da narrativa que segue. Conhecimento isolado Em A ilba do dia ai (1995), has habieadas por pessoas que vivem de acordo spécie de herdi de Beo veleja por em ama das ilhas, as pessoas extio sempre ajoelhadas, encarando as lagoas, pois sustentam legnis adotam seus pr6prios esses pontos sio levantad Marilyn Strat habitantes ex tem apy nas eng) 1 manterem vivos uns aos outros, falam cada serem capazes de distinguir d uma verdade subjacente ao apuro dessas pessoas que pode ser relevance para essantemente, esforgando-se para tor storia ca pal s dos outros. Esse m teoria com vida; nfo obstante, co antropélogo social. Eco tem de colocar seus personagens em. ilhas diferentes porqu falar de s préprias de mancira menos eenz.” caso contritio, eles poderiam ouvir as respectivas teorias ¢ passar a Sustentar as suas, Um espeticulo que a nova genética trouxe para 0 palco central € a percepgio de que 0 conhecim pessoas prestrmem que os cientistas est o trabalho sobre 0 genoma humano. Pelo contratio, essa tem ial 1 sido uma érea pi qual se consid jetos da cigacia e da sociedade) .O que é interessante € a proe- minéncia dada a0 conhecimento em si, Nao é apenas a imple- ieagio pars um fendmeno ou leis, Parents, dieitoe 9 inesperado noma humano (isto é de enquanto tal quando este deriva do. dos produtos do conheci nto genético na pessoa) idquirislo para prop como informacio a respeito de uma série de questdes sobre esse p m questao, © problems é que muitas delas também poderiam sor de grande interesse para cerceiros. Sab esse ponto de vista, ic conhecimento genético é frequentemente considerado como simuleaneamente dorado de promessa e de perigo. Na sequéncia do documento de discussio, 0 relatério da Camissio de Genética Humana do Reino L nido (CGH, frea. Ao que pode ser conhe- cimento para 0 indi se certa distincia enguanto “dado genético pessoal”, isto é, informagie sobre outros individuos que & propria a cles. Algumas questes que que € aceitivel quando isso incluiinformaczo sobre comporigdo genética. Eim pidamente suas recomendages, 0 telatério da CGH é agio pessos de si igsa introdutdria — de que a info no nada informagao privada — para o argumento de que € privad: -ompletada por “Th fea e Cuidado Pr aéoestudod idades g a medicamentos e suas aplicazdes. (A lem resp: de produtos envalve o teste ge is si0 encarados na revel ia de infor- 5 Marilyn Stratbern Oconhecimento g ético pode levar a8 pessoas a am relacio especifico entre si. Assim, ps spomos o seguinte conceito de solidariedade genética ¢ altrutsmo, que visa promover 0 bem come (2002, p.13, grifo no original) Tal interesse em relacionamentos no deve ser tomado de antemio como verdadeiro, mas, sim, ser assinalado como um valor claro a se considerar. Assim, como explica o relatério da CGH, embora muitos dos prinefpios aos quais o relatério adere se preocupem com a salvaguarda dos individuos, portante [...] ex 0 individuo como membro da sociedad (2002, 2.8).? Observeo imperative de rontecer esse fato da so- ciedade. O reconhecimento, assim, produz um preceito moral que, por sua vez, tor estranho problema. A sociedade & concretizada como “comunidade” ¢ entio — ecoando termos em uma forma pacticularmente especifica, a fam Nio vivemos nossa vida no isolemento, mas, nas. Devemos considerar dade. (2002, 2.10) bros de comunidades, grandes ¢ pe: O problema é evidente: como equilibrar o fato de que com- partilhar informagGes pode levar a melhores resultados médi cos com as expectativas de um individuo no que diz respeito 9) Seguido de uma qualificacio: “com um inceresse compartidhade pelo Drogresso médico ¢ subjugasie das doengas”.A biologia molecular desenvolveu-se a0 lado desse debate entre sociedade e ciéneia 76 Peronesco,dirvte eo inesperado 3 sua privacidade? © equilibrio é especialmente delicado no A que concerne as relagSes com outros membros da famitia informacio que um membro da familia tem pode ser impor- tante para outros, ¢ a “teia de eesponsabilidades morais” que caracteriza tais relagSes corna-se um exemplo de uma questio mais inceresses sociais € © ponto crucial € que © conhecimento que 6 pessoal para ‘uma pessoa pode também ser informagio potencialmente pessoal para outra, de modo que a revelagio poderia ajudar terceitos. Apesar do emaranhado de relagies, as dificuldades sio criadas pelas convengdes sobre como lidar com informa- gdes desse tipo. Assim, se a informacio pessoal é considerada privada, descobrir a composigio genética de outra pessoa totna-se invasio de privacidade; se testes para distirbios genéticos cornam-se semelhantes a pesquises ou citar invasivas, entio a preocupagio € que se intervenha quando 0 ussio do materi n (2000), discutida no Capitulo T. A ironia de fait mora diminuida pelo ralmente estejam em segundo plano em relagko a0 espeito pelas pessoas {..] [enquanto seres humanos), quais 0 contritio € verdade, Nesses casos, 0 interesse social — ou © bem eomum — pode pesar mais do que 0 inceresse individ ser relegados a segundo pl e alguns direitos do individuo podem ‘© Genoma Humano ¢ os Direitos Humanos, da Unesco, 1 em 1997 (endossa smbleia Geral da ONU em 1998) Mari be paciente nfo é a pesso (2002, 4.54). O “consentim de certa forma ampliado para moa” que é per tica” do caso. EB irénico que o que comegou comoun herediitias ~posi rentesco —tenha se modificado e se tornado um tipo. co s6 poderia ser construido das sobre membros da fan de conexdes fam 0 a0 cerne da ques ques nformagies sobre ade esto contidas no préprio genoma do individuo. © relarério da CGH detém-se em de andlise familiar, ém paca ve car a importa genética compartilhads com um parente” (2002, 4.54). Hia questio rel berem sobre st na caract ada de se os individ $30 iam oferecer seu (FINKLER, 2000) conhecimenco para informar os 0: Lo pedximo capi " Os parentes, de fonte de infor 0 sobre conexdes gt ificas (conforme inferidas a partir de inhas de descendéncia), passam a set ser informados. aqueles que precisa Tais questdes tornaram-se as preoctipag no eset nio ético ete, atribufmos ao conhecimento. Posso 102, 080 a teoria de antropéloga social para desen ponto? Evident ee, a antropologia 76 uas ceorias nfo so imunes ros outro: ades insulares, mi s est elucidar sumam como tema arquetfpico da etnografi assumem que as das nao 30 mais ilhadas do que 0 sio as pessoas. Relagdes em todo lugar Talvez nfo seja mesmo nei ada aos olhos do LE (1998) é especi poder questio sobre dda antropologia social enau relacbes sociais estabelecidas na vizinhonga das obras d GELL, 1998, p.26). Um pronune calvez para o adedis wor (1998, p.tl huma suerpresa as “celacdes” apresentat outros exemplos. No titi] em nos 1oalguém entende a po neo a pratica da arte” € te, mas complet sistemas socisis de vaeios tipos 1 questio de Fornecer contextos pi sobre parentesco no Capi- entanto, ar uma resposta io biisica n lugar 2 uma antropologia da arce? El as teorias antropoldgicas, ¢ todas ecem teotias das relasies sociais, isto é, das interagdes a teoria das nento extraordinatio, GEL, 1998, pF sobre 2 dizend enprecat cos de arte Ele co para um antropélogo social, exatamente o efeico almejado por Gell, Relacionamentos oferecem um contexto “relacional” que responde pela produgio ¢ pela circulagio de arte, isto &, uma teoria das relagées, Mas como its efor Onde poder Relagdes sao, ao mesmo temps «dos atropélagos? 0s cbter uma visto relacional? po de pesquisa da sua problemética e, sob os olhos anteopolog’ probl . A actisagio € que parece impossivel ver para além delas (WEINER, 1993; MOUTU, 2003). Mas por que cionalidade? A a antropologia social constitui-se por sua r do? Uma dessas necessi quais necessidades ddes aparent a “relagio da ciénci estd resp ce foi posta em seu caminho p. Introd dois aspectos. posta co Discutivelmente, a primeira social do século XIX. O desabr: foi possibilitado pela ciéne resposta es dac natural ¢, ao mesmo tempo, trouxe cor propria ideia de ciéncia poderia ser incorporada ao estudo da sociedade por meio de alguns protocolos e mécodos. Métodos igo 0 auroconhecimento de q| estatisticos eram um deles. Aqui, Moore (1996, p.1L) amp! as observagées de Fouc ng ropa entre os séculos XVI e XVII, c. Se a nogio da arte de govern: nto meio de administrar as ides emergiu na Eu- sse intervalo temporal que a familia (bem como o patriarcado) eng) ir, na estatistica enquanco ciéncia do Estado. ovidade alguma em observar que os mévodos estatisticos atuais deseavolveram-se em reagio 3 abertura do 80 alu is inumerdveis que: agio (STRATHERN, 1991), mas, apesar disso, acredi reflete uma abordagem cientifica. Hi a io da influéncia da “ciéncia” nesse tema. hneceras populagSes que controla, O ponte ce Paremesco,d para intervengio burocratica ~ depois dos com administradores — ¢ as necessidades do administ yperado € que ela repousa na suposicéo de que conhe- 10 é gerado ao se juntar distintas informagies e ento écodo naturalist aus das relagt a por correlagées entre entidades foi o resultado."* dados, prefere ados sio enten modo como as pessoas poderia dlireto eexp 4 Dumont, esti DESCOMBES, 2000, p-40). Deseombes enfoca o papel de uma hes retrata a consequéncia pata a ci@ncia soc o trabalho cientifico consist m as outras. A procura r eles. (2000, p39) lementos individuais do. ser pensadas como a comoas conexdes (SCHLECKER; HIRSCH, 2001, p.71). Isso con- Bes acerca da definigio da unidade de pertanto, estudo de relagies significativas 1a social €estudar uma forma de Marilyn Strathern ‘A cortelagio pode ser encarada como um significative passo } frente na busca por relagdes causais, Demonstrarrelagbes causais— cuja verificagio se dé por meio da predigio do resultado —éourea caracteristica distintiva do método cientifico. Nio obstante, a cigncia —e isso tornou-se particularmente verdad no que diz respeito 8 riéncia social ~ nia precisa dessa abordagem pata te- conhecera forca da correlacio. Ji € um feito por si sé demonstrar que dados de diferentes dominios encaixam-se entre si. Agora, independentemente das crengas pessoais dos pro- fissionais, o mundo material e apreensivel do século XVIE tornou-se concebivel como um sistema autoverificavel (daf atrativo dos mecanismos autorreguladares e do moto-conti- uo — por exemplo, Crook, 2004). Se ele funcionava sem que alguém tivesse de procurar por uma causa ulterior, s6 poderia funcionar de acorco com seus préprios termos. A ideia de en= tidades existindo sob seus préptios termos foi replicada nos elementos que compunham 0 mundo natural —ou sacial — isto & 08 elementos entre os quais buscavam-se conexdes. Se uma meta era colocada entre dados de diferentes dominios, entao 4 prépria independéncia desses domfnios entre si toxnava-se pretrequisito para deserminar @ covariagio ou a correlagfo: isso JORGENSEN, 1979). As relagBes evidenciavamese na medida em que os elementos em setornouo “problema de Galton” ( rclagio seriam, caso contrério, auténomos, Em suma, elemen= tos aparentemente Gnicos no munde pederiam ser explicados pelo modo come impactaram-se mutuamente ou conectaram- -se uns a0s outros de maneira variada, € 0 que a ciéncia deter minava e descrevia seriam as relagées entre eles.'* Realmente, TY Avaligito zevelou o relacionamento entte homem ¢ Deus. A citnci inventou, com muita esforgo, uum vniverso sutorreferente. (Sou 82 Basenesco,direto #0 inesperado um nao se explicava por nada além do outro e vice-versa, € © conhecimento vinha de nada menos do que a demonstragio de inter-relacionamentos. Podemos encarar o esforgo para demonstrar conexdes a0 telacionar fatos até entio nfo relacionados como algo que envolve a criagdo ou a invengio de novos tipos de relagdes, novos sistemas de classificacfo, por assim dizer, que ligam fe~ némenos jf conhecides de outras mancitas. Tais instrumentos de deserigio transformam conexdes hipotéticas em conexdes tenis, estaveis (LAW, 1994). No entanto, + aparentemente independences umas das outras (inventar as re- lacionar entidades ages que as conectaram) 686 metade da empreicada cientifica A outta mecade tem a ver com descobris, desvelar zelagbes j& existentes. No que diz respeito a elucidar a sociedade, talvez a preeminéncia das ciéncias soc s nessa esfera (da descoberta) signifique que associagdes entre esse aspecto das cigncias da natuceza ¢ o desenvalvimento das ciéncias sociais tenderam continuar implictas. Essa & a segunda parte da resposta, Ziman (2000, p.5, grifo no original) observa que bé nuitos mocios de conkecimento: “O que faz que um modo ospecifico seja o cientifico?”. Fle resume a velha resposta na expresso “naturalismo episcemolégico”. A cigneia é um sis tema complex, com virios elementos em interagio, sendo ela [rita as discusses com Alan Suachern nesse ponto, 0 que nio 0 Faz tesponsdvel por minha interpreragio delss.) Fara (2008, p.20- 21) desereve addr do rival de Linew que “vontava descobrie a planca or ncusou Lineu de eseolber al de Deus para 0 universo ¢ Finventar] um projeto arbiteizio, em vez daquele divinamente or denado”. (Evidentemente, seu sistema de clissificagio tornou-se, em seguida, uma taxonomin embasads por descobertas posterior. 83 Marilyn Strathem mesma um modelo de tais inter-relagdes. Embora ele espere mm novo modelo (nko epistemol6gico, talvez possivel- mente “do mundo e da vida’ para os presentes propésitos satisfaco-me em elucidar aspectos do velhio, Com isso, refiro~ -me 3 cigncia que expressa um mundo compreendido em seus prprios termos, Se relacionat fatos até ent3o nao relacionados envolve a invengio de noves tipos de relagio, entio mostrar ou € parte de tudo 0 mais, jé prev desvelar como cada fato al ou passivel de definisio por meio da coeréneia interna das relagdes jd existentes, soa mais como descoberta, Aoui metade da empreitada cientifica, entio, é especifi- car 0s elementos codefinidores em um sistema internamence coerente que fornecerd uma descrigio de todo elemento como parte do préprio sistema —como alguém pode (literalmence imaginar a tabela periédica ou 0 modelo do DNA -, criando, portanto, a nogte de “ordenamento” de tipos. © conhecimento vird do fato de se especificar o que pertence eo que nio per tence ao sistema, © sistema implica seus préprios cinones de verificagio. A citncia aqui consiste em um circuit de sinais inteligiveis que se reforgams mutuamente — um modo de per: ceber seu campo, do qual os cientistas da século XIX estavam particularmente cientes (BEER, 1996). Isso no significa que © circuito seja englobante de tudo e todos (“Os paradigmas cientificos nunca so epistemologicamente completos ou tes” —ZIMAN, 2000, p.198),mas significa que as defi- nigdes so indissocigveis umas das outras. Néutrons, elétrons. pésitrons — esses rermos devem se susteatar mutuamente. 15 E distingses entre clementas que particigam da construio um AW, 1994) por ou do outro sia estimuladas 2s distingSes, ay Baronesca dnc ¢o tesperads Sistemas de classificagio apatecem sob uma nova chave: aio como inyengio dos cientistas, ma ichidas as uma vez pi lacunas, como meios para se descobrir o que se sabe existir: mas ainda nfo foi revelado. ois bem, essa & por assim dizet, uma abordagem do mundo com a qual as ciéncias sociais se familiarizariam ( fe ecoa a crie tica politico-ccondmica a economistas cléssicos). Ela vem de uma critica A primeira visio, que, cransladada para a érbiee da vida social, enxergava a sociedade como ligagdes entre indivi. seriam inclependences idades que, de outra form tumas das outras, A exitica é que a compreensio das relagies socinis como existentes encre individuos seria uma miscura de ogicas. Por definigio, individuos exclucm relagécs, Relages 36 podem evistir entre rata ~ elementos da relagio, Em vez cle as relagdes serem vistas como canexées entre coisas, aqui as visas jé esto em relagio, isto é, coimplicadas umas nas outras. © concraste Foi posto em pritica com grande forga na an Lropologia social entre funcionalistas estrururais ¢ estrutura- spe nformigio cient da a estviea de Barey (2001, p.171-2): "A produgto da ica envolve um duplo movimento, De a producto do conhecimenta é um ato criative. A realidade nto € neramence refletida nas formas de informagio on conhi Ly & criacivamente traballiada e nela cviativamente se acua novimento dentro do movimento] [..]. Segundo, para um neve objeco de informagie [..] ser produzido, ele deve se sustentar € slat Isso depende necessariamence nfo apenas das técnicas e dos! proced tos cientfficas, mas também de negociagSes polfcicas njo transaacional dos recursos ¢ dos Marilye Siratbera liscas em meados do século XX." Por um lado, supunharse que a alianga, como encontrada nas relagées estabelecidas por meio de casamentos, repousaria nas 1exGes que as pessoas ctiariam entre grupos sociais autGnomos definidos por erité- rios independentes, como consanguinidede ou descendéncia Por outeo lado, objetava-se, a possibilidade de tais conexdes jé estaria implicada na prépria definisio de grupos come doado- seceptores de espasa uns dos outros. Ao invés de serem criadas no esforco de fazer conexdes, suas relagdes coimp| das so vistas como increntes ao medo como as entidades sio classificadas, uma precondigie de sua existéncia fo obstante, o que parecia Sbvio para os estudiosos da sociedade poderia ser ilusério como objeto de anélise. Como retificar tal coimplicaggo? A relacionalidade como precondi- gio to: ria 20 se tentar atribu ase a qualquer estado mental preexistente ow a caracter icas coletivas das pessoas combes (2000), ass ‘Winch (1958), de que o meatal ¢ social sfo “dois lados da e sociedades. Di do a proposta de mesma moeda”, vé a precedéncia dessa proposta nos esforgos de Durkheim de elucidar representagies coletivas: Nio se pode mais perguncar se tal ou tal forma de represen. paso ou de causa tagdo (por exemple, 0 conceito de pertence a uma consciéncia individual ow a uma conscién coletiva, Mas € possfvel pergumtar em qual mundo social as pessoas podem formar tal conctito.E, enti, inverter a questio: 16 Edmund Leach (1976) setomouparte desse debate em seu contraste suposigbes ffe-Brown © as de Lé 86 Purennsco, dreto £0 inesperadte que conceitos alguém deve possuir para tal relagio social se es- tabelecer? (DESCOMBES, 2000, p.39) Je conclai com o exemplo da propriedade.!” © conceito postula uma relagio social entre possuidores endo possuiclores, Nesse sentido, 2 ideia de propriedade & uma “representagio coletiva”, uma vee que a ideia e a relagio social que ela encarna so dependentes uma da outra. © ponto mais geral ase destacar do argumento € que relagdes existem “internamente”, enquanto Bt que relag elementos de um sistema jé descrito pelas relagbes que o consti- twem: & nesse sentido dumentiano, holista (auto-organizado). ‘A precondicio da relacionalidade torna-se muito Sbvia (au- tocvidente) em uma esfera, encontrada em um quinhio pouco usual da antropologia, Radcliffe-Brown ¢ os est nalistas — que, segundo seus erfticos, falharam em compreender os delineamentos dos grupos de descendéncia ou de elementos miticos ~ notar brilhantemente a preponderincia das relagdes ras anilises de terminologias de parentesco. Foi nesse contexto que antropdlogos sociais insistiram em “pessoa” (20 invés de ndividuo”) como termo analitico, pois a pessoa jé era um elemento de um relacionamento social, j4 era uma relate, ama fungio do ato de relacionar. Realmente, era possivel falar em sis- 17 Seguindo o trabalho de Gilbert (1989), ele usa, ancerio: o exemplo de um jogo de duplas de cénis: nfo se pode confundir npGem os adversérios com o agente os agentes indi coletive social As agBes social stento, 9 exemplo nfo no quil todos 0$ jogadores, nfo apenas as duplas, sma busca comum que os define como partes desse code, Marilyn Stratbern se compunham uma “unidade complexa’ sais gencricamente, de uma estrutura, que constitufa “um atranjo de pessoas em relacionamentos controlados ou delinidos insticucionalmente, como o relacionamento entre rei e stidito, ou” — segue-se, rapidamente, a analogia a0 parentesco — “entre marido e esposa” (RADCLIFFE-BROWN, 1952, p.53, 11) De maneita paradigmitiea, ser am pai oa uma mie impl nea. Aqui esté a evidéncia da coimp! n estado de defi relacioname ro coma caglo: entidades em As relagdes sobre as quais escrevo existem em sistemas de conhecimento desenvolvidos pela ci éncia, Ea disse que a rela- ga permanece a problemética e o problema da antropol elucidasio toma cam hos divergentes. A com) plicita com a ciéncia foi possfvel gracas 3 suposigio posi- tivisca de um mundo feito por entidades discretas, entr quiais haveria conexdes a fazer. Ao mesmo tempo, o tipo de sistema fechado que as te ologias de parentesco sugeri- aos antropélogos, a matriz da definigio miitua de termos evoca uma coimplicados entre gio — que continua fortemente implicita ~com 0 seguido conjunto de suposigoes cientificas, no qual relagdes esperavam set descobertas. Mas © que o observador euroamericano (incluindo 0 antropélogo) imagina que seja produzido por tais exercicios relacionais? Viveiros de Castro tecupera um contemporiineo de Durkheim, Tarde que questo “O que é a sociedade? De nosso pontode sob formas vista, ela pode ser definida como a posse recfprox secalegie, 1893, (Traduzido or Eduardo Viveiros de ho apés.a leitura do que se tomnou 0 e; em comunicagio pessoal, 2002.) Castro, que me confiou o tr 88 arenteic, dicta inesperads cextremamente va n”. Asentidades no sio nada mais, nada menos do que a soma toral de suas posses adas, de rodos por cada reciprocas, [sso pode acontecer por meio da busca por conexao ou da descoberta de um estado prévio de relacionalidade. De qualquer modo, quero incorporar essa suposigio aos insights do préprio Vive moder onversio de questies ontoldgicas em questdes epis- temolégicas” (1999, p.S79). Ele escreve que os antropélogos euroamericanos “insistem em pensar que, para explicar uma on- os de Castro, de que a marca da filoso! sista €a tologia no ocidental, deve-se derivé-ta de (ou reduzi-la a) uma epistemologia” (1999, p.S79, grifos omitidos), isto é, de uma preocupagio com representacées, com como as pessoas tornam as coisas conhecidas para si mesmas. Um exemp dncia de Radeliffe-Brow base da ciéncia éa classificagio sistémica”. A classil (1952, p.7) coma preendida como uma questio epistemoldgica para o observador (como alguém organiza a pata oinformante (comoalguém enten 0 fervor epistem Se alguém pergunte 0 que estimu uma resposta poderia ser encontrada na méquina de moto- -continuo, a fertamenta criada pela ciéncia a partir do duplo da “relacdo”.” Seus dois tipos de relagio so simultaneamente homem ea natureza, « possi jot ¢ [+] a melhor maneira de orgenizar (QUTRAM, 1995, p.50, 48) 69 Marilyn Stathers sobre criar conexde ntre coisas) e sobre a coimplicagao prévia de tudo com tudo (as coisas 4 conectadas). Essas as visbes divergences (se é que estdo relacionadas) da telacio e, portanto, dos modos de relacionar ),capazes de convocar sélidas posi- Bes teérieas,sio potenciais fonces de rftces uma da outta, © positivismo desenvolve-se junto com sua ctitica.2° Ambos sio consequncias ~ quer manifestamente, quer nfo — do pen mento cientifico na medida em que calocam 0 “conhecimento’ na linha de frente do esforco relacional e podem imaginar dife- rentes maneiras de abordi-lo. ‘Mas o que esté parcialmente explicito, parcialmeace implici- tono que diz respeito as preocupagdes da disciplina ancropo- Logica € completamence implicito quando se trata da segunda arena, um segmento da ida comum”, sobre a qual tracareicon- sideragoes. Quis sugerir modos como o pensamento cientifico std incrusrado no pensamento euroamericano sem necessaria- mente ser reconhecido como cientifico. Si le (0 peasamento cientffico) esté rente implicico na nogdo divergente de relagdo aqui esbosada, onde mu podemas encontré-Lo? 20 Um exemplo da debate que parece seguir esses contornos, que obviamente aio tenho incengto de julgat, foi telatado por I (2001, p.249-5 Dia resperto a visdes conflicantes sabre as leis 081 confrontou-se com a da maioria por Deus; Espino: al causa do movimento, mes 40 mesmo tempo, o considero como inere! cnkeannnees bee dtseagu tan tper nllate seeanion ean eotngnnionge oie ee de pressoes contritias. “ 90 sei once oseae O parentesco desvelado Deixe-me lembri-los da questio: por que uma abordagem relational? Esbocei, muito rapidamente, algo sobre a naturcza provocadora da questo para o modo como os antropslogos sociais empenham-se em sua disciplina. A disciplina nao € © ) da “sociedade" em tipo de represencante ( que a maioria das pessoas pensaria em primeiro lugar, e pro- ‘meti outro campo onde encontrarfamos a cigncia jf “na” socie~ dade, Nao obstance, tem sido ttl iniciar com o conhecimento académico porque as preocupagées que dominam 0 segundo campo nao sio tio diferentes. Refiro-me a0 que a CGH con- cretizou, no Reino Unido, como microcomunidade, embora enfatizando menos a familia e mais 0 parentesco. Refiro-mea como as pessoas pensam em seus parentes ¢ como inveragem com eles. euros no mundo cotidiano no Dado seu cariter ba mericanos vivem, 0 parentesco é um candidato inesperado somente como 0 sio 0s objetos de arte de Gell; se os objetos de arte no estio onde se espera encontrar relagées sociais, © parentesco nao esté onde se esperaria encontrar ciéncia Estarfamos procurando por uma nogio de relagio especifica, divergente, Inspiro-me aqui em um exercicio anterior, e peco perdio por reftatar 0 pensamento euroamericano pot meio do parentesco inglés. Por um lado,aindividi > parentesca ingles, isto 6, de um relacio dade das pessoas € 0 primeito fato to (entre pat ceiros de procriagao) aasce uma Ginica entidade de uma ordem, completamence diferente, cuja idlentidade é apenas parcial- mente afetada por relagées de parentesco. O parentesco (entre 1 Marilyn Sivatbern outros conjuntos de relagSes sociais) é, portanto, entendido como algo que diz sespeito a0 dividuo e, a0 mesmo tempo, estdacima dele, Os papéis de parentesco evocam a parte relacio~ nal do individuo (STRATHERN, 1992a, p.14, 78). A lingua “ des- sas relagdes. As conotagdes do termo fornecem ao parentesco inglesa coopta o termo “conexio” [connecting] para tra inglés seu molde sentimental — a relacionalidade predicada na absorgio da diferenga pela comunalidade e comunhio [together- ness] (VIVEIROS DE CASTRO, 1999, p.S80) —e post: 0s contatos como conexGes entee individuos discretos. Mas, ™ por outro lado, onde alguém encontraria © anélogo a relacé j coimplicadas umas nas outras? Vimos que os termos de parentesco forneceram & antropo- logia social britanica um modelo de elementos mutuamente codefinidos, coimplicados. Esses sistemas de parentesco es- cavam sendo estudados em partes do mundo, na maioria dos casos de fora da rbita da revolugio cientifica. A ciéncia estava longe de ter inventado parentes rectprocos que se definem mu- cuamente! Ne mntanto, talvez seus hibitos de pensamento, seus smodos de conbecer,tenham estimulado o pensamento divergente ue permitiu aos antropélogos desvelar o fendmeno em outros lugares. Trata-se, de modo perverso, da casacteristica de siste mas de parentesco nio euroamericanos frequentemente muito mais bem desenvalvida terminologicamente do que 0 é, diga- és. O inglés tem reciprocos conceituais, como pai/ Tho/filha, mas, com excegio de “irmia" e “irma (para pessors do mesmo sexo) e “primo/prima” [rom cos reciprocos terminolégicos. Pelo contritio, acontece. Sugiro que um andlogo is coimplicagies encontradas em classificagdes de parentesco em outros lugares emerge 92 Parentesc, diveto ¢0 iusperado sam campo que, aparentemente, em nada relaciona-se com parentesco ~ aquele que 0s nativos chamam de dase. Nada é to simples, claro, ¢ a classe social (no sentido native) existe nfo apenas como um anexo 20 parentesco, mas cambém como un dorninio divergente, se é que relacionado, da nesmas. © modo como a classe agio e do pensamento em éconsiderada ow trarada replica o mesmo contraste entre dois tipos de clagSes que impalsionam aaquisigio ea vlidasio do conhecimento. Vimos isso em funcionamento nos sistemas de classificacto.”” Ento, embora a classificagio de parentesco dagio antropoldgica de modelos natives) parega set 0 (nae Jagar onde os antropdlogos tradicionais perceberam 2 relacio- agi, em outtas esferas nalidade como uma questio de coiny 21 Umaco ideias inglesas sobre relagées de parentesco sto .entos, no relacionados 20 ante aplicagio da conexio merogréfica myplaneacional, ver Franklin, 2003; para so merogeica (também de Steathern, 19928). (Fu anos. rico pre A ante esclarecimento concernence 3 pratica ctr 9s, ape OUTRAM, 1995. p-48,grifo no 0 18 (2000, 1-120, notas omits grifos meus) “Algo como asstema de Line tomou-se necessério no século XYIL pare ms escals mundial de novos lacais para espécies biclSgicas 3 mbora projetada sobre descrigées de des mensursveis espe jut aos natuesliscas identificar os sujeitos fos outros ¢, assim, eroxne ordem 2 ficas, esse sistema as observagtes ialogia Martyn Steerbem —como naquelas em que os antropdlogos comparam “socieda~ des” ~a classificacio poderia assumir 0 carster de conexio entee entidades discretas, individuais, exemplificando a criatividade do autor na andlise.** Essa € também minha hipétese sobre a classe. Imagino se € po: el perceber antecedentes do inicio da época moderna no modo como a classe combinou-se com © parentesco. Em primeiro lugar, conexdes: a classe reforga 2 visio positi- vista do parentesco como uma rede de relagdes, As metforas, aq q acontecia no século XVII em termos de formagio de paren- sio as de associagZo, como teias de conexio através das is os individuos movimentam-se, Nio estou ciente do que tesco, Mas, em paralelo com 1¢ aprendemos sobre as socie~ dades do século XVII com relagio 3 validagio do conhecimento (SHAPIN, 1996, p.133),** 0 século XVI 23 E, realmente, essa caracter(stiea eambém apareceu aa abordagem da antropologia social sobre as els n : = cages de parentesco, como, quando funcionalistas estraturais foram censurados per, afinal de idades discretas. Ne verdade, eles simples essa ideia — como 0 &t aos relacionamentos entre afins © consan incos. Leach (1976) ris em comparar condenou a obsessio dos funcionalistas est sociedades enquanto unsdades 6, p-127, arifos omitidos) cbsevs que, nos séeulos XVI tornamse évidos consumidoxes de lade". Fara (2003, p.57-8) recorda uma das inten idades que transpassava os circulos cientifico,literatio, stico na Londres do século XVI, oF Pu 0 inusperedo eco de parentes (em relagio) atestando o status de sua associagio um como outro = literalmente, a “sociedade” que mancinham HANDLER; SEGAL, 1990). Na verdade, o modo como os fatos cientificos eram julgados, o que se reivindicava e 0 que carregava autoridade, localizava-se, em parte, nas conexGes pessoais do cientista (SHAPIN, 1994).’* Nao havia um molde de parentesco especifico dos esforgos para se estabel cedimentos de verificagdo da informagio cientifica ¢, portanto, de como “conhecé-la”, mas havia suposigGes sobre a qualidade fa com claras nuangas de classe: quem era do gentleman da ci admissivel como conhecido social e cujo trabalho, por conse- guinte, tinha credibilidade. © século XVII foi, assim, omomento-em que, fora daesfera dos tribunais, as classes médias desenvolveram suas préprias ar o que era socialmente admissfvel. Quem para vert contava como “um contaro” [eonneaion]? Aqueles que hoje 0 ls chamaria de “parentes” Fre ncemente referia-se como contatos. Essa foi também a épaca em que uma distingio crucial surpiu entre contatos ea familia (HANDLER; SEGAL, 1990, p.32)-Handler e Segal argumentam que tal distingo caprurou ido—e0 distingio entre o que ett feito pelo homem— ou constr ctiados, in- aque era natural, Contes, por mn lado, eram muta venttados naquele sentido, tornados socialmente conhecidos por meio de esteatégias de reconhecimento. O naturel, por outro lado, cera passivel de acontrado na cexteza dos lagos de sa Tp Subse a observagio coma empreitada coletiva, ver o relato do lo cometa de 1664 pelo pais (SHAPIN, 1994, p.268): é um indicador do conhecimento , pode apacecer des critica o cratamento de Rad a separabilidade que con sistemas conceicualmente islados", Leach 1976. p.15) io enfives objetos reais”, um argu iodo como coramos 6 ico para © § uma questo de conre pe pela natureza” (1976, p.19), 96 Perens, ito inesperade As pes- AITTERAUER; SIEDER, 1977, p.7-10 pass tanto as relagdes por elas criadas. icagdes: sugiro que a classe social A classe foreceu ama segund lac ¢ a0 sistema; era englobanee, holista. E trabalhava com um significado diferente de fami especialmente como o ws dealguém, C. principal detes de de lasse, a fami n dizer, a contra rede de conexdes entre individuos. A classe fixava as pessoas. Porquanto as classes eram fixa tes; tudo dividuos que se movimentavan sobre 0 comportamento, estilo, sor alguém desvelava a classe a que o indir de desvelar sua Familia. Certamente, no que cor nédia, o modo como as pessoas viviam suas vidas enq embros de u média. Ao mesmo, a fan sstava-se natur “p prépria classe, Houve, wando se est: sive, por tempo, uma ideologia que tragou paralclos com 0 modo « as populagies se dividem naturalmente (classes percebidas nas nacurais (HANDLER; SEGAL, 1990, DER, 197, pul 32; MITTERAUER; SIE- 7 Statbe Essa dimensio relacional foi um fendmeno de que os atores envolvidos estiveram intensamente cientes, a saber, posigao relativa das classes ¢ de gradientes intraclasses com refinados detalhes de discrin ca da posigto ocupada por alguém em relagio a outras classes ¢ izante. Muitas atividades de classe Asua pray exigiam 0 correconhecimento, isto é, protocolos indicando com quem alguém se havia preparado para se associat e, como se dizia & época, as possibilidades de ascensdo € queda dos individuos. No entanto, as relagdes entre classes eram tidas como dadas. Hé pontos aqui que interessam ao pensamento contempo- vineo sobre o parentesco, como 0 consagrado impasse entre 6 individualismo e seus criticos, Previsivelmente, as quest&es diverge. Por qu objeto de exortagio (um co: relacionalidade €, tio desajeitadamente, nte tema para (re)inven- cio)? Por que ela nio pressuposta (apenas a espera de ser descoberta)? Por que os euroamericanos precisam dizer a si mesos — ¢ vimnos a Comissio de Genética Humana fazendo exatamente isso — que eles deveriam reconbecer quio relacio- 1ados eles esto? Finalmente, apesar das semefhangas entre sistemas de parentesco euroasidticos ¢ em toda a Euro, cortelacionados com todos os tipos de valores concetnentes ropriedade, agricultura e dat em diante, hé um forte senti- ap mento de que as sociedades do Norte europe e da América \s ramificagdes possuam comunalidades do Norte e s Talvez possamos consteuir 0 parentesco como acentuad: sm caso em que, hi muito tempo, a cién sociedade, ¢ a sociedade, na ciéncia, A ciéncia no apareceu no mar como uma lla. Modos de conceitualizar suas descrigiex¢ erento, ineperada exigéncias foram nergindo por meio de empréstimos de tros dominios da vida (ZIMAN, 2000). Certamente, sabemos que ose: lucionistas do século XIX olhavam para as conexdes. entte individuos (genealagias) para falar sobre as conexdes (lassificagSes) entre coisas e criacuras no humanas (BEER. 1983). Havia um sentido segundo o qual o parentesco supria condigdes prévias p Pode certos modas de pensamento cientifico artiscar dizer que sea ciéncia, por sua vez, inspirou-se no parentesco, ela também 0 modificou? Quando Viveiros de Castro fala do deslocamento da onto- logia pela epistemelogia, faz uma declaragio mais comparativa do que histérica. Quero acrescentar que, quaisquer que sejam 93 fundamentos episcemolégicos da histéria da Europa, vernos, hoje, um tipo especifico de epistemolog: idade em combinagdes—oriundos de mais do que uma dinica ese a possi conhecis sntos ~ antitéticos, fonte. E, com isso, aparecem diferentes modos de verificar conexGes entre pessoas. Na organizagio desse conhecimento, ‘08 curoamericanos possuem, digamos assim, um sistema cien~ ico ce parentesco. Aviso ada compardvel Revolugio Cientifica.” Shapin ir essa frase e, cerminara de prof > referinse a seu tra- ho de mes! rescenta, “e este € um | iss0" (1996). Nio havia evento, no s cestivesse sob essa rubrics (a frase foi cunhada, aparentemence, ro sobre lo VIL, que no 99 Marilyn Strath tnos anos 1930)2* nenhum corpo integrado de conhecimento ‘citncia” que pudesse ser agrupado e designado coma i ainda mais fundamencalmente, se alguém se atentar a0 que as pessoas realmente faziam ou diziam, a ciéncia no passava de uma ampla gama de pensamentos e priticas com trajet6- rias locais préprias, no contexto de um piblico genérico que cra amplamente ignorante, indiferente ou cético, Ao mesmo tempo, fica claro que os precursores dos cientistas trabalhavam de uma maneira que tinha efeitos desproporcionais em relagio 20 que acontecin na época, ganharam Forga desde entio € so de grande relevincia para 0 presente. Um antropélogo pode formular de maneira diferenve: sex capaz de ver de perto 0 que parece extremamente visivel de longe é ama questo de incomensutabilidade de escala Pois hf uma questo referente a como validar meu angu- mento, Tenhe especulado sobre feadmenos sobre os quais ao posse produzir quase nenhuma evidéncia do tipo com que estTo acostumados a lidar os antropélogos: fatos observados em campo, 0 permanente caso etnogrifico, Nao estao em questo, neste celato, as simplificagdes, mas, sim, saber que tipo de material seria qualificado o suficiente pata eatifieé-lo Pode ser impossivel enconerar dletalhes histSricos suficientes 28 Embora a nogio de musanga radicil estivease emergindo entio. Shapin (1996, p.3) escreve: “O inicio de uma ideia de revolugio tna cigneia data dos escritos dos filésofos iluminiscas do século XVII que gostavam de se recratar[..] como radicais”, conquanto jf houveste especialistas no século XVI que “idencificavam asi musi como "moderos” em oposigio aos “antigos” modos de pensamey to e pritica” (1996, p.5, grifes no original). Ver Qusram (1995, pas-9), 100 Posentesc, dirctoe0 inesperado da ordem apropriada para fundamentar o que estou sugerinds: sobre as catacteristicas do céleulo de parentesco curoameri- cano e a imaginagio cientifica, ou mesmo sobre a validade do curoamericano com configuragio cultural enquanto tal. Na medida em que individuo e pessoa sio fendmenos pertencentes a discintas ordens de descricdo, poderfamos também afirmar que, ao reunir diferentes ideias sobre relagies, eles existem em diferentes escalas. Concomitantemente, os dados sio de uma escala diferente da dos modelos que venho descrevendo. Fis 0 quebra-cabega castico: 0s pés parecem tocar a terra, nas amplic-os bastante ¢ voo® encontrar convolugées ¢ den= teaghes na superficie que se repetem nas ampliagdes até que parega que nada mais esté tocando coisa alguma. A descrisio de tum organismo é relegada a segundo plano em vista das caracte~ risticas moleculares de seu genoma. O que caracteriza uma po- pulagio nio necessariamence caracterizaré um individuo que a compae, e assim por diante. Essas sto maximas ntigas, €0 s30 também na antropologia. Nem 2 sociedade de Durkheim nem 4 estrutura de Lévi-Strauss poderiam ser vistas no especifico. Todo o argumento de O suiidio, conforme Durkheim expe sua cdescoberta, era que a8 526es individunis no eram formas dimi~ nutas de sazées coletivas: o ponto de distincio entre modelos estatisticos e mecdnicos, que Lévi-Strauss inventou, era que um modelo no poderia ser refutado por material gerado por outro. Hi um outro modo de como 0 antropélogo pode formular ixso diferentemence, e este comentirio vem de Hirsch (coma nicagio pessoal, 2003)..As pessoas sé podem agir no mundo onde habicam, mas o fmpeto para a a¢io inelui dimensdes ima inndas desea, situagGes centro de sew alcance aparente e, por saisto, culsuralmente vigveis. A formagio discussiva de Foucaule 1972, pA 91-2, “o conjunto total de celagées”, “um campo tot Marilyn Sratbora de viabilidade. © Capitulo 3 desenvolve este ponto. Por ora, mesmo suipondo que nada de minha especulagio permanega ou que 0s mundos imaginaveis nio sejam plausiveis 0 suficiente, as questdes sobre o compromisso da anteopologia com as tela~ Ges ¢ os diferences modes como os parentes classificam suas conexdes nao desaparecerdo tio facilmente; também vém a tona rnovamente no Capitulo 3. Para este, um breve comentétio acet- ca do papel do conhecimento em uma faceta contemporinea conclusio. do cdleulo de parentesco fornece Voltar ao caso do inicio, sobre a informagio genttica, é reconhecer a impossibilidade de existir outra tecnologia mais des. fortemente baseada no conhecimento do que © teste par cobrir conexdes genéticas. Franklin observai aque € “concebivel” sobre o teste da amniocentese, ou o rastrea- mento genécico para cancer de mama,” ou testes de paternidade, ido na concep gio de parentesco como hibrido de ind dao e sociedade, de faros natu is culcurais, O dilema de “o que fazer de nossos genes” deriva da pressuposigio de que cles 10s ‘zemn quem somos, inicialmente. (2003, p.74, grifo no original; nota de rodapé adicionada por mim) © que também esté incutido na concepcio de parentesco, proponho, é 0 duplo legado do conbecimento cientifico. Pode mos, agora, precisar melhor essa conerzo. Fla jd esté implicada no que eu disse sobre a dependéncia do conhecimento cient 29 Aqui, ela se inspira em duas investigagSes etmogriticas de antro- pélogos estadunidenses, eespeceivamente, Rapp (1999) e Finkler (2000), a cujes tiabalhos pioneitos presto meu reconhecimeato, Poventsc, dicta eo inesperade fico em dois modos de conccher as relagdes (0 constcuido € 0 dado, conexdes e coimplicacdes) e, segue-se dai, dois modos de xalidar 0 conhecimento (como invencio ¢ como descoberta) Tilver. nao seja nada surpreendente que os etronmericanos vejam o parentesco como o lugar por exceléncia da relacionali- dade e, entre antropdloges, cai como uma luva intrigar-se sobre 0 sistemas de parentesco de outros povos. Ao menos até onde diz respeito ao parentesco inglés, as relagdes sie increntes ’ tein deconexses que as pessoas fazem, suas redes individuais; pois & af que veer muito do que esta aberto 3 invengio, 3 identificagio no sentido do reconhecimento ativo.*° As familias recombi- nantes do Capitulo 1 deliberadamence forjam relagdes entre clementos outrora componentes de outras familias. Ao mesmo tempo, as relagées também so inerentes aa reconhecimento (no sentido de desvelamento) de capacidades dadas, lacos caracteristicas que jd conectam as pessoas umas 4s outras; esas rwlagies, que sio passiveis apenas de descoberta, sio baseadas na demonstracao de relacionamentos existentes.! Uma clinica (o podcria chamar amigos ¢ parentes para ajudar na doagio de 0 Finalmente, assi.a saciedade & feita ctis¢a, no sentido positivist 0.2 sociedade difere de todos o¢ sistomas coustan Consequencen Temente produzidos pelos antropélogos enquanco cantrupontas nos 4s pessoas aparentemente nfo tém escolha na que diz respeito asa quem se assaciam. (O “pai” eutosmericano pode set reo. nhecido em distintos tecrenos, sob exigéncin, convencionalmente, de nnstituigdes sociais como o dirsite para fitar seus dererminantes Desta Forma, a woreza difere de cosas os sistemas que os antropélogos cons- 1 O que fornece a elas sa assim chamada ni que formese mu chamada naruree: lantemente produzem como contripantos nos quais © parencesce ico” € aparentemente inventado, (A mile e si icamente no proprio process de dar 8 luz uma criansa iva convencioralmente, ca det Je matureza, criada axio~ 103 sugerisse obrigacSes preexis- rentes, mesmo que o caso transforme parentes velhos em novos. Ambos 0s casos tomam 0 conhecimento, se posso formulac dessa maneira, como formativo do Hi muito mais a ser dito acerca do papel do co na formagio do pare nento tesco euroamericano, Altamente rele- questo de como nocSes sobre biologia e genética ~ um tipo de absorgio explicita, se- cuncléria da ciéncia “na” sociedade — provavelmente sobrepdem vance para 0 momento presente & absorgSes muito mais antigas ¢ de vérios pos, recuperive apenas enquanto dimensdes imp! tas ou técitas das pratices de conhecimento. © genoma esté disponivel para descoberta, formagdes pessoais derivacas disso fazem as pessoas recorrerem As pressas a seus parentes ¢ contatos, bem ec direito, aa esperanga de q) a regu : m deve estar informado, Caso nentagio poss: has questées acerca de q io, novas regulamentagées devem ser inventadas, Isso ocorre com a inflexso que j percebemos: se alguém autoriza aadener outra pesso culo de conhy dos, esta pessoa passa para o efreulo dos autorizadas a se familiariza informagio genética sobre esse alguém. Agradecimentos Agradego a James Weiner ¢ Andrew Mouta po que pr bém ao agradego. Sob o Strathern s. isa Ser pergunt de "Living scien, foi apresentada em 2003 nas reunies ASA Decennial, em Manchester, organizada sob . Sou grata a Jeanette Edwards, Penny Harvey e Peter Wade por seu generoso convite, 104 vo Capitulo 3 Propriedades emergentes , Artes es que ‘ptcutaram, Esta parte da ida do Osgord English ra “antropol nte gravitam em diregio adebates, blicas eacé mesmo liigios, momentos marcantes na a euleural. I Ses 0 porque to interessantes quanto as pos ndidas podem ser os recursos culturais mobilizados pelas ss ~gorias € as imagens convocadas a use a servign da persuasio|Um estado de cosusincomum toy \ ' cursos éum interesse pelas imp! Marilyn Stratbern comma-se familiar; ou uma situagio torna-se vivida por meio de nia analogia com outta; a conviegio pode eepousar no apelo a combinagées de ideias que podem ser evocacas velhas ou nov ou conjuradas, Evidensemente, 0 que é dito no calor do debate tende a ser uma era pouco confiivel esse respeito pode tors em outros aspectos|Se p: gens, alegorias © analogias devem, ao menos, eréncia empobrecica do que 2s pessoas pon- sm momentos menos cartegados. Nao obst se um g te, am gui fascinante menos com o intuit de persuadi, tivas, comumicar © possivel, ¢ 0 interesse antropologico ps messes ne de dito ou feito para o que os outros dizem ou fazer. F esse mundo \sBes possiveis a pat potencialmente realizavel que os antropSlogos abs- ura, Fissa nao é uma visto idealista; antes, abre os estudos empiricos as potencialidades que as pessoas constroem © tempo todo para si me formam suas ago as (¢ para os outros) ¢, assim, aos sunlos po: no mundo presente Ao for .or novas propriedsdes a ides mas também — e muito fveis qui sguagem em prol do debate, as pesso, elhos conceites. Embora as arenas sy ‘equentemente — inace podem info sejarn apenas ample crutinio, o debate ¢ o litfgio cém, ao menos, a virtude de serem ar para a minha exposicdo, embora eu os apcesente com certa cautela,! Entsetanto, seh uma questio latente para mim, logislagio britinica sobre embriologia e fertilizagio [EDWARDS 106 Pareneso, diets « inesperado ela é sobre as propriedades emergentes ¢ as novas 10 que vieram do mundo angléfono modeme, em seu fica que também, amateriais h t6ricos, sem 1, contd, de lidar com eles como uma historiadora o faria, A questio & 0 que fez to, dorar as inglesa, nesse momen- [relation] e “parente™ [relavive ch propriedade do parentesco, isto é, parentesco por sangue ¢ casamento? Eu nio a responda, mas espero mostrar por que pode set interessunte fazer essa pergunta [As razdies comegam e terminam no presente. Eu intercalo quiestoes histdricas com questées atuais, Esse caminho de vém mimetiza, de cerca forma, 0 modo como o parentesco, sob suas diversas Facetas, aparece e desaparece como recurso pata se pensar sobre outras coisas. 1 Origens rvlriplas Inspiro-mee um antropélogo ¢ advogido que acompanha como a familia tem aparecido nos debates jurfdicos dos EUA apropeingio da oy sespeito & intensidade com mutotia dos materinis 208 ‘Mavilys Strathers preocupansse, simulcaneamente, com valores tradicionais ¢ com novas regras que reflitam mudangas nas convengées, As familias construidas pelo dieeito podem tanto ser “comuni= dades holisticas e solidsvias” quanto ser compreendicas como “colegdes de individuos aucénomes fazendo suas peSprias selegdes, livres paca escolher relacionamentos por meio de negociagzo e barganha” (DOLGIN, 2000, p.5-43). Dolgin inicia seu argumento com a opinigo de um advogado que, em nome de seus clientes, enfatizara o amor que eles sentiriam por qualquer crianga nascida para cles, evocando am quadro moral tradicional.® Ao mesmo tempo, os pais pretendences faziam um antincio ofertando U$50.000,00 por gametas femininos (évulos) selecionados por conta de caracteristicas (aguarda- dlas) especificadas em cetalhes. Pode-se obter no mercado os elementos necessirios para se criar uma erianga; depois disso, no entanto, uma vez que um bebe € parte da familia, valores de mercado nio devem mais irromper ¢ os relacionamentos devem seguir 0 curso esperado. Thlvez devamos simplesmente yer ambas as dimensdes em paralelo: uma nova localizagio para zescolha individual também é uma localizagio para a expresso de valores pevsistentes de solidariedtide familias. O angincie, dliga-se de passagem, obreve muitas respostas Dolgin escreve sobre determinagbes de parentalidade em que telacionamentos complicados por doasio de gametas © maternidade de substituicio levam a dispuras. Embora seja possivel tragar um caminho por entre processos judiciais que 2 Dolgin satiliza familie rosivional come abrevisgia pars aquil qoe emergias durante o: primeitos anos ds revolugio industrial, vina familia “consteufda como a aytitese cultural dos dominios de co- mérsio produzido pela induseeializagio" (2000, p.524) 106 Parentesco,disto eo insperalo mostrem 0 valor dado pelos americanas aos lagos genéticos (DOLGIN, 1990}, é igualmente possivel mostrar até que ponto 0 fato ¢ a qualidade do relacionamento sio conside- rados fandamentais. Conhece-se a posigio dos tribunais de dlenegar evidéncias de patemnidade “bioldgica” e zelar apenas por relacionamentos familiares, Um homem que descobriat ndo ser o pai bioldgica e tentou compet lagos com seu Filho foi rescituido ao rela snamento que ele jé havia estabelecido: se um “laco pai-filho” foi formado, encio “o relacionamento ainda existe para o dircivo" (2000, p.53.1).* ‘Mas o que cvia uma telagior| Embora seja possfvel deduvic o fato de umn relacionamento a partiz do comportamento entre pais efilhos apés omascimento, decisses juridicas também enfa~ tizama possibilidade de deverminagies pré-natais voltadas para co nascimento, porém abstraidas do processo de nascimento. As reivindicagdes nfo se basciam na biologia nem no comporta- ‘mento, mas, sim, cm una condigio mental: a intengio dos pais, Dolgin descreve deralhadamente um caso lerado em 1998 a0 Tiibunal de Recursos da Califérnia.* Uma c embriio criado por doadores andnimos ¢ gestado, em troca de aga nascera de un S remuneragfo, por uma mie de substituigio; ocasal original, Lax nee John Buzzanca, divorciou-se, ¢ Luanne solicitou o status + Nesse exso, o iba indeferin a solicizagto de teste sanguinco out as considleracées sobre cvddénctas de PNA; cle baseourse em fates sobre o relacionamento. © process de um pai com reivindicagies de direitos parentais pode ser confrontado com o angumento de 1 a habilidade de stabelecer usm Ine com a mie da eriangy DOLGIN, 2000, ».53) 1 tow the M, snct Dolgin por ter me enviado a que ama relagia Farviliar adequada precisa ine age of fbe A, and Esanae H. Busganca: sow muito grata a avagio da Tribal de Recursos ‘hy Califérnia, 10 de marge de 1998, 109 Marilyn Strathors parental, sob 0 argumento de que ela e seu ex-marido seriam os pais leg otencial (0 casal divorciado, a mie de substituigio ¢ do évulo ¢ 0 doador do e pais em imeira inst ascendéncia.’ O tribunal de recursos anulon engio seria suficiente: nca aps a mite de substi Jorma erianga bi 72 Cal. Rpte 2elem 282). No a foram declarados 0s pais legitimos, ©2 na decisia test, dieito «0 inesperado Eo direito que valida a relagao,}julgando © que pode ser considerado como tal, mas € intengio dos pais que di raz30, a essa decisio © reconhecimento 4 inte com a énfase |guém que tom: idcologia de fa- idade aurénoma, | considerando] ] ‘em formes até entio reservados para a vida no mercado” (DOLGIN, 2000, p.542).Ao 0 que estabelecce parentalidades legais estabelece tam- mpo, é declarado, o telacionamento mente econdmicas, consequeneias — esp ido divorciado tentava evitar ter de sse aso, dado que om ircar com pensbes para a crianga, O Estado tem seus proprios belecer a patcrnidade precisamente porque 0 reta tesponsabilidades; independentemente ade €criada, a erianga a deve ser responsi jos argumentos est fo se desenrolande -eenente 20 lugar do mercado na stctarem respon les, Toma-se como dado o papel da tecnologia médica £0 pessoas (BRAZIER er al. 2000, imenta os interesses das pessoas em se vincular edesv nologia nio mule nimero de requerentes ou as bases nas quais as reivindicagdes eitas se nie fosse pelo modo como as pessoas se dlas novas oportanidades. de Peridicos Mé das a centenas de periddicos de lingua inglesa, es JCMJE, na sigh! agora a exigt todo (no apenas pela tare desempenhou) 0, p.23, grifos no origi -se de uma reagto a mma ¢f Parentesco, diate € 0 wey autore esrarem cientes de que scus nomes foram aproprindos. Una série de casos de fraude que questionaram como a responsabilidade estaria dist incemtivou 0 debate (1998, p.7 fndo, 0 rei 10 05 "contexts de repletos de capital” (1998, p.6) as} cada vez maiores, colaborativos & — conduziu a ume explosio da nomeagio auroral. U de quantidace de nomes s36 fos cu. csnjumter Na autori fica, Segundo se a norma, Ser nomeado craz consigo, {escrigio de Biagioli o mesmo tempo, crédito e compromisso; aqucles cujas reputa ide estio também declarando Ao sos ¢ assim que as diretrizes do ICMJE esforcam-se para Ses podem Tucrar coma public ponsabilidade no que concerne a0 contetido intelectut fortalecer 0 conceita de autoria: eng) esponsabilidade que exige dos individuos clam publicamente a projecos espeetficas, No ¢ ros de to, as pessoas tém objetato esponder uns pelos outros, Lima carta dirigid 1997 invas ‘os auténomos de Dolgi fo que quase poderia ser a fami Se, em am ges nio sto cides como responsiveis pelas ages um do 0, por qae deverfames presumir que colaboradores cient caso sejam?" (apud BIAGIOLT, 1998, p. Queros ressaltam 1 de protestar cont 1997) < ver sobre situacSes is nas quiais os mesmos dliseintos fins 13 ntos preexistentes. De fato, no outro extremo, # organizacio adotou um modelo de nao escolha: todas as Ses vindas do laboratézio tém u lista padrio que osnomes de cada um que conteiby paras empecitada como um todo. © que Biagioli cessalea,crtio, sd0 ito dist na. L lores divergentes, nio ntos dos dois modelos aruais de fi doa lado com um {assim como a familia trasdicion dade entre todos os envolvides na Pois nem todos os « com divisio, por exemaplo, entre colaboradores e responsive colaboragio Lovage poss zados a 20 Payentesea, dreita€ 9 inesperade fangées, disponiveis para o acesso do leito enquanto controles de auditoria estivessem em tros garanciriam q ento,) Um dos peri funcion: cos britinicos, B sh Medical Jo na proposta, também comprometeu-se ressado nessa recer a posse dos direitos autorais s(s de Educagio Superior de Times, 28 de jancico de 2000). Os atuais métodos eletrdnicos de produsio e distribuigio sig, m1 que autores podem buscar quer modo, podem ter um interesse independente propostas do Reino Unido, « licenga de publicasio” ou pedigor espe Iho? €as coadisdes lve 3 condi Druck yn Stathers > Os direitos x jentos entre um tr ito aucozal do direivo moe is prote- n certos relaciona 10.0 diteita de ser idenci toral tem sido freque propostas mais recente: ou ciemitico, eng modo, adivisio e direitos econé © ror, ea editora 10s permanec desloc outro | pare hos é uma ardilosa via de mo dupla Pareresc,drate eo ineperade Entretanto, Biagioli ndo afirma isso com relagdo & pro- priedade incelectual.’” Pelo contritio, as reivindicagdes de watoria ci 0s direitos (por clade inte: I, Na esc FE tre direitos de propriedade \gos por meio da ficcto ico, Autores de trabalhos: o-co do 17 Ali de p CTASSY; DAMBRINE que diz ry scheo” (SHERMAN; BENTLY, % le cnquante processo.) (A ne chamay a atengio pata isso.) 11g Marion Stoatiern cientificos buscam modos de reivindicar 9 crédito por seu crabalho, que s6 pode vir do dominio piiblico; atribuigdes de originalidade ou ganho monetario poderizm desviar a arengio de tais reivindicagbes ¢ impedir sua verificagio. © crédito literdrio € outro assyento: se, aqui, a eriatividade individual & central, essa mesma nogio de criativ resultado de lucas hiscéricas sobre a propsriedide intelectual, nas quais (ele opina) “o enfoque no autor individual como decentor de direitos de propriedade deturpou a longa cadeia de ago humana que produziu um trabalho literério” (BIAGIOLI, 1998, p.11).! Talvez, contado, existam cadeias de distribuicio tanto quanto de produgio, Talvez, ao menos para os produtores licersios, figura emergence do nore detentor de direitos autorais mancerd duay dimensdes em paralelo: uma nova localizagio para a originalidade individual rorna-se, ao mestro tempo, 18 Autores jos podem, 10s, uma visto coletiva, embora uma comunicide que abranja tanto © pibblico quanto seus coleges escrizoces. O primeito parigrata de Minuci de Declaragio do Reino Unido (9.18) comega coms “Au totes académicos comunicam ¢ comparcidhas ideias, informasio, hecimente c resultados de estudoe pesquisa por todos os meios de expressio disponfveis e de todas as forinas, Bles eeconhecem que tes desse processo de comunicasio académnice inclu ceditores académicos,editoras © espec' aio", Uma seas em apoesen teorézagio mais radical e bem trabalhadh da navoria muiltipls & d= monatrada nos textos pos-modernos, sempre um eecido composto [POF CUEIOs texts, como nos lembra, por exemplo, Coombe (1998 P.284). Rose (1994, pws) observa que wn dos estimulos para sua pesquisa histérica sobre a nogio de individu eviador, na qual bnasein-se a ideia de coporight, foi sun experincia com a inddstria do entretenimento, onde quase codo 9 trabalho &, aa mesmo cempo, estereoripade ¢ corporativo 118 Paventeico,dicto #0 inesperado ma localizagio para um novo senso de comunidade. Pense no conhecimento € nas habilidades elecrSnicas com as quais © autor-cmpreendedor pede, entio, abrie redes originais de cesso a seus producos."* Eu deveriacomentar sobre ese salto de wins arena a outa — clos processes parentais } autqria cientifica, Em each uma, 0s debates giram em torno das implicagSes de multiplicidade. Ainda assim, os ecos entre ambas parecem adventicios, riviais, um efeito fagaz de frascologia, Evidentemente, nfo poderfa- mos sustentar suficientemente uma analogia a ponto de conse- uit pensar de maneira dil sobre a primeiva (a parentalidade) 1 cm cermos da segunda (auicoria)? Os paralelos em poten: nessa justapasicio podem, portanto, ser interessantes por uma linica exzdo: porgue com eles ver A cabega a possibilidade jé percebida, uma ocasifo quando alguém proferiu, de fato, cone ses desse tipo, O que en apresentei ni é, enfim, uma analogia nuito elaborada, mas, sim, 08 tipos de matéria-prima a partir los quais sio feitas as analogias e as possibilidades culturais ue elas contém. Minha analogia de faz de conta prepara 0 sveno para outea que nada tem de fingimenco, Uma analogia Dor tris da apelagio de Buzzanca estava um caso muito ionado, teazido a0 Suptemo Tribunal da Colifrnia em ma: [3.4.] "O enquadcainento jusidice wvaliado para se i justo entre as necessidades dos criadores, A Minuca de Declaracko: (c pallicagao eam uma ea da eletrdnica deve se estabeleoer ain tos e ustsirios”; [1.3.] “especialmence as 10s doeencores de cir wowssidades da cormunidace usutéria dove ser levadas em conea 119 Marlys Stoners 1993. Uma das jutzas, ao discordar, analisou 0 argumento decisivo do tribunal: baseado em uma comparagio velada entee cual. E wduzia a0 erro (¢ criacividade reproctiva e intel: pds a analogia para descarté-l Ao, cls o voltou a na audidneia do caso Buzzane mo bsti- tuigio em nome de Crispina Calvert e seu marido; 0 embriao veio dos gametas de cada u n. Na disputa que se segui mulher reivindicou maternidade (1 JOS cicos, bioldgicos e natu. por meio do parto; outra, por meio dos gene is”. Esse fos Calvert eram os pais “ge m fator cruci naturais” foi determinado por de procs dos Calvert] que Fez A maioria objerou rise 1900a, p.165), ses506 95). Derek M Baste, dito #0 éreperads como aqures gue 0 conceberam. (Supreme Tribunal da C 1993, p85 1 P2d em 795, gif m Eis 0 trocad: ho aq se as que concebem o conceito m ioxo por f is que ‘deram infcio’ dct cf. Morgan, 1994, p.392).# Uma vez que a cus pais pretendente fo fassem os esforgos a scido n eveu outro comentaris 30 significa que estes era .1 primeira, ou o motor prineipal, da relacio de procria- ". A juiza Kennard, por discordar, seguiu essa formulagio: encou quea logis jot do conceito é frequentemente stificar protegio de propriedade intelectual olvida par Com ess coma aaiio ~ dentre seis — para nfo concor. visto majoritdtia de que a intengio deveeia see 0 fator decisi- a Kennard expds, assim, essas frases como metade de ra metade veio di ssonalidade ou seu eu [sf]. A maioria conch ou invengio € protegida como propriedade jou 0 conceit”, também se deveria conside nga como pertencence ao criador do conceito da upcemo Tribunal da Califérnia, 1993, p.851 P2d 796). No entanto, a jutza arg ‘ m prob nessa compara ade: g mercado com 08 direitos de proprie ante de cangies ou invengdes, os direitos sobre podem ser vendidos em consignagio dos disponiveis livremente; m pode ter ngw . propriedade de qualquer tipo (( relectual ou qualquer outre sobre uma crianga p s de mais nada, “que crian sio propricdades. Mas a comparagio no € & também com os tipos dec crianga e entre aqueles que criaram o conceito ¢ sua sealiz [TL], por exemplo) entre ideia e expressto.”" Se o paralelo € islagio moderns caso eve de re (MORGAN, 1 994), fo a0 modo ree Parents, dren £9 busperads agio", nko pode ser a ideia estem nv a patentengio de de uma crianga que esté sendo _ sim, de sua corporificagao em um dominio publico ; ssI0 5 entreranto, caso se trace de wma expres novo resultado: da ideia, como uma cangio soy particu entio a reivinelicagio s6 poderia ser < dinieas da psopri estavam presentes na intengio dos pais ¢ o que, em ¢ setia preciso Jas qualquer caso, havia de copisvel de propriedade inte ges vagas sobre a criatividade em pascera, Ninda que vagas, 38 is do nascimen médica aparega como 4 dldvidas categ6ric o valor sem so eng i ontestado: aterial das coisas, (Isso foi vigorosamente jaa Kennard, que salientou que, nio Fosse a gestagio de \ca nko existitia.) £m terceito lugar, ¢acima entre ctiatividade repro- fo farode quea como veremos—tirada d 1988 do Reine Unido) opi&sel (ARNOL 123 Marily Stotbere E de interesse do antropéloge a possibilidade de a analogia ser articalada, © fato de ela ter sido descarcada com argumen- tos considerdveis nie representou nenhuuma caltinia 3 criati« Vidade dos jufzes em sugeric o paralelo. Este tinha potencial, er culturalmente plausivel. As pessoas esto culeuralmente em casa quando podem salear de um dominio da experiéncia 9 outro sem sentir quédeixaram o sentido para crs. O que conecta os dois dominios, nesse caso ~criatividade reprodutiva je inceleccual.—, é uma visio completamente calcada no senso [ somum (embora nfo inconteste) sobw os criadores dis coisas reivindicarcm beneficios ou terem responsabilidades atributdas Lasil o idioma dos direitos de propriedade intelectual enfasiza a “naturalidide” de uma identific © entreo concebido caquele que concebe. Outta conexdo 0 alerta contra identificages obtusas com posse econdmica quanda hé pessoas em jogo. A ideia de possuir uma ctianga coma peopriedade parece ir contra © senso comum, mas nfo é, em minha opinio, contra um senso culruiral; o alerta permanece. Nio é tirado da cartola; algo que merece nossa atengio esté seado sustentado aqui, Velhos padrées emergem de novas convergénci, a0 que parece mais, © nio menos, estimulados pelo ritmo da mudinga. H4 apenas um padrao no percurse: simalrancamerte, os anglfonos considram posse flar sobre prticas relacionadas afer parenteseeeprtcas relaicnadas a fazer conbecimentd. Assim como na comparagio entre esposos e colaboradores sientificas, podee-se-ia supor que as relagées de parentesco fossem, invatiavelmente, a fonte da linguagem figuraciva para a produgio de conhecimento —enio 0 contrério, Note-se, por exemple, como o termo “pacernidade” se deslocou para 0 uso regular na designagio de um dos novos direitos morais que 12g Parents, dircte« o iesperade 11 ke propricdade intclectual inglesa rezonhece (protegio da ficagio entre autor e craballyo). Entretanto, dei espago as siniges da juiza Kennard precisamente por causa da directo de 1 analogia. Bla aficmou que os argumentos apresentados em Lavor das reivindicagSes parentais eram devivades de arguinentos lumiliares a protegio de autoria por parte da lei, Novamente, isso nto foi tirado do nada; essa direcio, por mais inesperada ste seja, tom sua propria histéria, Recuperei um material jé muito discutide para evidenciar a densidade dessa origem. Outro paleo deve ser montado, ¢ este sees o paleo para minha questio histérica. at Prole em propriedade Se nio se ests atento 30 modo como as expressbes idiomiticas parecer e desaparecem, uma olladela sipida para erés sugere que a paternidade ea um trope ha muito estabelecide, A verdade que apenas recenremente ela foi incorposada as leis de direitos f fascinance considerar seu objetivo outorais inglesas. E, porranto, fas 10 exato momento tm que os direitos autorais nos teabalhos literdtios escavam se tornando uma arena de debate, isto & a Inglaterra do século XVII (ver Coombe, 1998, p.219-20}." FE ep vere tinseence enone odes WE XVI apangen primi por vendre de Ineo e depois por Cocrivten en rapes a um crescene pabliceleeado 3 possi Iie de gerade vendn pla ec vin un ova egine de desenvalvimenc ao long do sco XVI, ent que o dito autoral, na Inglatee 12s Maryn Steathee Quande Dai livro € propriedade do a Defoe protescou of, é Filho de s ut cérebro” (apud ROSE, 1993, p.39). Rose sugere que ele voleando a metifor e XVII: “A figura [de perioda moderno & ap ho". Atribuir impor estat ro ‘ogenitor € spectro aos dizeitos de propriedade modernos, no entanto, secia metéfora de seu contexto, Defoe nao esté falando de uma priedade per mas queixando-se de piracaria por impressdes desautorizadas, que ele c roubo par de criangas. Ele esté rgumei undo pela proceso do interesse do escritor om vender seu ho plo) por ui remuneragiia propriada, remunerado,a propriedade passe a0 a expectativa do reconhecimento. XVI ¢ XVII, Rose con sr, dire ¢ 6 snerpertde tude do + de proprie~ m a nagio de rs die, a metifora da paternicade € consonante coma emergéncia do patriaecal, preo- © com o principio dinistico de (ROSE, 1993, p39) cup: qu Nogées de p parentalidade tm sefoventes bastan- divers0s. que retinem tanto valores econdn Direitos de propriedade sociedade liberal prope roprie= se podia ganhar 0 sustento:"* 20 estava sed empo, uma nova nog] a, ooo ama propriedade imob w cal pro podetia refevie-se nfo apenas ao frin), mas wt ftalo espec eras pessos. Rose (1995, Marly Strath is cambén m livro como um corpo fisico, apenas entidade mais abstrat composigio como um texto, s ideias em desenvoly enro so politico em geral ~ p ricos liberais do século XVII, p: politicos, 4 a base dos direitos a prope 0 de que gerar conferia diteitos er GORDANOVA, 1995, p.375) "mast SEE. 1994, p49 1995, p37) 126 Barents, dito ieperade io coma forma, a expresso idioms a espe descendén sco, com sua & her de vista} referéncia ao trabalho como prole ¢ a visio vivida da patetnidade desy serva qh a prole por notdvel mples Mas dé uma dica sobre 0 que mais jente observa qe > dificuldades retéricas estarin acontecendo, 10s ers espacos esos srodos” (1995, p. mu Stratbers jedade hd, como vimos, novos modos de conectar escritores a seus Emergindo em novos modos de pensar sobre pro} escritost o proprietario emergente nio cra o vendedor de livros, mas 0 aucor,¢0 liveo emergence ago era o volume, Como na citagio de Blackstone (apud ROSE, 1993, p.89), em defesa do argumento de que duplicatas do trabalho de um 8 0 LENCO, autor nfo o rornam menos original em sua concepeia: “Agora, a identidade de uma composigio litersria consiste inteira- mente no sentimento e na linguagen 5 mesmas concepgaes, revestidas das mesmas palavras, devem necessariamente ser a mesma composicio” (dos Conuntéries, de Blackstone, 1765 69, grifos suprimidos). Entao havia a reivindicagao de © direivo do autor baseava-se no fato de cle ter eriado, ndo apenas descoberto ou lavrado sua terea (ROSE, 1993, p.56-7, 116). Poderia ser possfvel cinamente, 2 espreita da aterna enquanto figura de linguagem, estivessem , paul progenitura novas possibilidades nas ideias de concepgio ¢ criagio? Mas outras possibilidades ealver, oferecessem bases diferentes para identificar 0 autor com seu crabs ho, ia estabelecido conoragées duplas, ao mesmo tempo procriativas e incelec- ‘Concepgio” (¢ “criagio”, a época) ‘ivel tro- tuais, que pe disso € 0 te cadilho trazide para o caso da maternidade de substitu Sabemos que, ao final do século XVII, a perspectiva havia se exigido como a forma especifica na qual autores (litersrios) eles deve receber sccompensas]” (1997 Guidelines for Assesses goes am ‘Mundial de Povas I Toronto, Canad) Parente, drsito 0 inesperndo pressavam ideias pertencentes a eles, e essa forma era a marca cidade de seus trabalhos,"*“Woodmansee (1994. p.36-7) 10 essa niogio do século XVIII, de a inspiragio do ‘or partir de si mesmo, substic XVI e XVII, do escritor enquanto veiculo inspirado por acbes Recapitular esse rela- perspectivas dos séce vsteriores — ¢ as, quer di namento em uma expressio idiomética pai-filho ~o eseritor no progenitor de seu livro, como Deus fora o progenitor do indo (GILBERT; GUBAR, 1979 apud ROSE, 1993, p28) satia a percepgio de dependéncia do escritor. Seria preciso essas imagens excessivamente vividas da dependéncia desa- ada da scessem? A criatividade aucoral escaria mais bem se} idilha nos relacionamentos? $6 me testa especular.** Talvez a concretude da imagem pai- » estivesse parcialmente no tipo ou qualidade da relagao, prossuposta. Aqueles que fixziam uso da imagem aparente- co tence era dist Se eu escrovesse que ldo ¢ formade (de moda que © © “corpo") que esta seado confiscado, oF ctevisticas externas da Olservesse que utilize tate aqui de uma maneit : es ate, por exemplo, nas mnios be, 1998, p.284), strtbufdo um valor thes (1977: 198 cz de mo icagio pessoal) ressaltou a evalucio dos sal6es literiries na jn do sfeulo XVI a espécie de "se cum ahandono da primeira, espe 0, Paes 0 jovem leteado, ntes a inteleccuais encontea- 131 Marilyn Serarkem mente descjavam reivindicar 0 tipo de possessividade que os pais nova retdrica de cancepgio e eriagio permiisse 2 sntiam em relagio a seus filhos;** seria poss que uma uém, em contraposigéo, assumir a perspectiva da crianca? O texto do autor incorporaria entio seu genio, e é isso que 0 tornari conforme Woodmansee (1994) descreve, um trabalho tinico. © genio cepousa no estilo ¢ na expressio. Eis a perspectiva da criang: supérfluo: o herdeiro onipotente pode criar seu préprio mun- do.'7 Se hé orgulho em dizer que por assim dizer, na medida em que o pai se torna suém criacd trabalhos até entio inexistentes, entio 0 autor tampouco deseja a existéncia conhecimento desinteressad [.] s6 pode acorter como re da 36 A possessvidade repouse, ger. de, um sense de “pestensa” ent igio da auroridade parenesl” (1987, p.20) ideotidade ou sims fills ¢, 3 époea, jaadas do debate que arg de, Alguas das filésofos do século XVII discucidos es (1997) disting bjete de conhes cer, que expe 1 mente a “ines ssoctagio natural da crianga com seus genitores: do pai para a mie JORDANOVA, 1995, p.373, 379) sevalor 3 inovaggo. Wood 994. p38 forth, de 1815, no que concerne 20 originalidade, tom a tarefa de o ito 0 inesperado original quanto seu trabalho." ww6s disso, © relacionamento entre cor e texto poderia maginado como de correspondéncia, um tipo de geracio geracional ou, conforme as mies do norte de Londres ja Inteodugio: Parte a refletir, como podem nos imps itual onde s sbes no apenas de si, mas do mundo co balho se hospeda. De qualquer modo, a evidéncia de iclen- ade aucoral repousaria no na linhagem ou na geacalogi numa matriz infor Ly sim, wcional (como se pode dizer os dias de je) na qi abalho codifica informagSes e sett proclutor Se o interesse antropolégico pelos recursos culturais é ente um interesse pelas possibilidades de que os ditos ou os das pessoas susteatem o que os outros dizem ou fazem, hg apenas um universo especifico de coisas que alguém pode e no pede fazer. Nesse aniverso, aio fazer conexdes ser to estimulante quanto faz@-las. Realocagio, desloca ergincia concomitante da nogao de que o trabalho poderia ser ido como desvelamento da personalidad do autor, Coo 219). assim, pode generalizar ~ come a comentarista citado p fea Kennard ~ que as leis de di rincorporificay wis autores individuais". A perspe: idicle diseta do observader, su 0 aucoral da personalidade dinica de tem de pei iléncia com é est sendo observado. A criatividade 6 fixada na evidéacia do abalho cesuleante, 133 Ma Strahorn dos outros — tudo isso pode capacita pessoas agem (BATTAGLIA, 1995; 1999). Podemos ver arentesco inadequada como contextos nos q dono de uma metifora de parte de um nexo de ideias ¢ conceitos que vinculam parentesco ¢ conhecimento, ¢ no artado dale, Alguém poderia sugerie gue a metéfora da paternidade foi na verdade deslocada em pro! de novas nogées de criavividade, poderosas na medida em que as ressonancias com o parentesco poderiam ser mantidas 3 discfincia? Porque se “concepgio" e “criagio” retém ecos de parentesco, elas aparentemente deslocama ideia de um relacio- om evidéncias mais imediatas, mas, 20 namento interpess mesmo tempo, mais abstratas, de conesio: © préprio tra informa as pessoas sobre seu autor. Teria 9 criagio se tornado ima espécie de procriagio sem parentalidade? Se assim for, seria consonante nijo apenas coma emengente originalidade do autor, mas também com a emergente singularidade do texto literétio. Informagao emt conbscimento Como sabemos, 0 que acontecia com 0 texto nio foi exata- q men aconteceu com autores impressos para indicar as pessoas responséveis pelo contetido caso fossem provades sediciosos ou libelos (cf. Biagioli, 1998, p.3)- Realmente, Defoe apelara & complemen- taridade entre punigio e recompensa (ROSE, 1993, p.38): se ele estava sujeito a ataques pelo que foi mal julgado, cambém deveria colher os beneficios do que fora bem executado. a sendo A responsabilidade, naquela época, era ¢ ¢ iio sio dirigidas 3 portante na escrita cientifica. Quet 134 Boventeso, dire 0 inerperade ade apresentagio, mas 4 qualidade da informagio sobre 0 ido. que & comunicada: isso é 0 que precisa ser verificado. ‘A autoria cientifica esté implicada em um tipo de produto textual definida pela responsabilidade ceivindicada por seu nteddo. Aqui, seu valor estava — e esté — em como ele pode anter perance outros tipos de informacio sobre o mundo; «autor é, aa verdade, abstraido dele nesse sentido.” Contudo, 0 autor abstraido do texto torna-se con etamen= presente em outros lugares; ele ou ela torna-se um dentie grupo de autores. Pois a autoria cientifica é, h4 tempos, ade plural, uma sitaagio que Foucault originalmente iu a0 desenvé o do método cientifico. Se ha oje 06 tipos de nomes associados a um artigo cientifico, se- alos de citagdes de outros autores de outros artigos, tudo »& parte de um processo informacional; a presenga de varios mes nfo dilui a autor im, a fortalece, como ress em parte, possivelmente, 20 posicionar o autor dentro a arena de relagdes sociais.*” » © face nfo é na visio do autor os ade da a por comparacio com mento, evidence as na qu informagio que essa visio produ, verif Hume (1748) jowcras informas! uringe i cin ean da evidéne precisamence em abservar que a conju =e vsiveis &a conjuncura na qual o testemunho orna-se ssa [modéstia] 6 ume das vireudes fimdadoras do mundo mo- indo prsticn, que mera opiniso [.-]” (1997, p-24) Marilyn Straten Ao escrever sobre os problemas de confianga engendrados no personagem coletivo di producio de conhecimento em- pitico, Shapin (1994, p.359) observa que “o conhecimento fico € produzido por ¢ em uma rede de atores” (grifos omitidos). Ble refere-se ao século XVII. A pergunta sobre como a verificabilidade era apurada, ele responde que “o conhe- ;mento sobre as pessoas era constitutivamente implicado no conhecimento das coisas” (1994, p.302). O que contava como conhecimento dependia do q as pessoas estavam dispostas a ates €0 valor de seus testemunhos, por sua vez, assentava-se no tipo de pessoas que elas eram: © que era entendido de mode geral sobre os gent 1 rotineiro e esperado nas suas rel: fo para padroniz trabalho dos 1 As pessoas eram homens (ef. Haraway, 1997, p27). Shapi os diferentes ciposcde testemunhos que os hornens pern dl vespeita is convencie: cevidenciadas pela confiangs — necess crede 5s j8 existentes (por exem colaboradares para a produsio do 136 Parenter, direito 6 insperads es sociais dener 1. (SHAPIN, 1994, p.123) da nova pritien experiment Textos que circulavam com u igualdade entre 9 presumid vs, tendo de ser to bem-sucedidos quanto os outros, tam- cieculavam entre pessoas que poderiam responder amas, Las outras. A responsabilidade tinha de ser uma questio cial; as relagtes vineulavam as pessoas nas quais se podia con- Foratn as telagées que transformaram uma mulciplicidade pessoas em uma arena social de autoridade.” As relagdes também escavam fazendo algo mais. Foram elas \- produzicam conhecimento a pactir de informagio." Se os nntos de informagio, as categorias em cijos termos era possivel deserever 0 mundo, fossem confrontados entre si, nos, todos of pi is" (SHADIN, 1994, p.123). (Iss0 nie si um de sce pessoalmente conhecides, apenas que todos m posigio de serem considerados confisyeis.) De outro tempo 2 que todos nvia, de tempos © lugares distantes, © eransforms iente pablice’ Strath camente, uma elago er entendido como formacio passiuel de ser responsabilizada, foi pelo fato de see relacional que ele torne de ser responsabilizado, Aqui, cetornamos 8 nog: eadz no Capitulo 2, de que o coneeito de “relagio” ¢ seu par “con 0” posdem ter permitido otipode investigagio secu ada pel nista de que om Ast ndo (da natureza) std aberto a es. acividade de ges so produzidas por meio da props enrendimento, quando este tem de ser produzido de dentro isto é, de dentro do ambiro da ment dlivindades g das im referén do as coisas no mundo s6 podem sere n outeas coisas no mesmo plano terreno." O que v io de Jes [1] inteoduzem cada sScodo e regularidade” (HUME, 1748. ara que a men precurande o prinefpio de sua seu proprio dese: sento" (1970, 138 Prreneso, dicta 0 inesperado outros faros, contanco que as conexdes poss adores do século XVII de Shapin ndo conexdes em todos os lugares, sempre wr sustentadas. E 0s pesq 0s fatos pudessem ser sustencados ‘mitam-me genctalizas, por um momento, de uma pers- (do tipo a. Poder ywetiva que comega com 10s reco vgéncia entre dois ifico: cr rita stmesmo, se duplicar o 0” (1970, p25-6). Pi ados ade récnica na exttica los exemplos 1992) por meio da repli quanto Firos we ser demonstra e dos experimentos. Tanco cones « (LATOUR, 1986) 139 Marilyn Steatbern disciplina derivada do Iluminismo e da revalueao cientifica, produzir conhecimento para fins de descrisio ¢ anslise per~ manece um contexto cont gente para clas, Mas em que consiste, nesse contexto, essas caracteristicas gerais das relagées conceituais? Alguém denomina “conhe- cimento” um frag into de informagio ao se tornar ciente dde seu contexto ou alicetce, isto €, de como ele sustents um relacionamento cam outros fragmentos de informagéo; em suma, adquire-se conhecimento por meio de conhecimenta Como resi Jado, ele (0 conkecimento) também pode sempre aparecer como um termo intermediirio de conexio; € 0 que sabemos sobre isso 0 que sabemos sobre aquilo que nos faz elementos. Teco comentirios sobre duas propriedades significativas de relagées conceituais sob esse ponte de vista.” ‘A nga de relaco pode ser aplicade # qualyuer nfvel de comtso; eis sua primeira propriedade, Portanto, pode-se, aparentemente, alqu 6 fato da relagio ctia instincias de conexio de mado a também fazer conexée a0 descrever fendmenos, ugar Po produzir inecincias de si mesma, Fm qualquer nfvel ou ord demonstrar um relacionamento~seja por semelhanga, causa e feito ou contiguidade ~ reforga 0 entendimento de que, por meio de praticas relacionais ~ class ise, compara- ‘ho —, relagdes podem ser demonstradas. Poderiamos chamar a telagio de construto autossimilar ou auto-organizador, uma figura cujo poder organizativo mio é afetado pela escala, Sem esse poderoso dispositivo, ndo seria possivel, por exemplo, 47 Outram (1995, p.53) cita de Con ‘De nenhuma maneira as ideias nos permitem cophecer os aventesco, direito 0 insperado « propriedades partir de velhas, nem. pouce, ir que vel 's XVII ¢ XVIIL: talvez a capacidade de criar relagdes, «cituais estivesse ela mesmo sendo “conceitualizada” (For propriedaces emerjam de novas. Para voltar ado conceitos sobre conceitos), sob a pressio da pesquisa istemética sobre préticas de produgao de conhecimento.* RelagSes conceituais tém da propriedade, bas te distinta: las eigem entros clr relacdes entre o qué? Isso torna complexas suas fungoes idades além de si ate na relagio da cién- | conesio, pois a relagio sempre evoca & nesma, sejam — como vimos detis cig — essas entidades aparentemente preesistentes ( relagto iamente tornadas existentes acionamento (¢, portanto, existem dentro dele)” Nao cas de propriedade, Considere 0 i izou 0 conccite de relagdes J, Em courts diccito comani gual a propriedade se assentava sobre uma coisa aserdividide enere aqueles que ar oi como indivi ls entre as pessoas, 0 feixe de Lagos sociais inito” (1998, p.113. 1 citando Legal Values i fam, os legisladores feuidiis "s re as pessoas : feis ace quase © grifos omitidoss 1986, p.339-40). Ele Water Sect, de Stein € Shand, ¢ afirme que relagBes concernentes 9 uma cols jos absteatos, ¢ ptences, copsdes como Formas ce propriedade (1998, pt 1 Marilyn Strattern bém, apenas se percebem as relacdes entre coisas, mas Pereebem-se coisas como relages.® Ainda, na medida em gue 2s “coisas” (08 termos que contém ou que sto ligados pela relagio) sio rotineiramente conc podemos (segundo Wagner capa ares quer dlissimilares a si mes 86) denominar a telagio como d dade secundésia de organizar elementos um tropo com 0° Consequente- imente, a selagio como modelo de fendmenos complexos tem o Poder de unit ordens ou niveis de conhecimento heterogéneos Enquanto, ao mesmo tempo, conservamese suas diferencas Ela permi ue © conhecimento cancreto ¢ 0 abstrato si simultaneamente manipulados. Isso cortebora as inscrighes bi- dimensionais de Latour (1986), os diagramas, mapas etabelas possi dizer que configuracio que eles contés 1998, p.£04-5). Mas a nocio 's contém relagbes dentro 8 filosofia (ier Locke, 169¢ doméstico pode ser feito com wente falar de uma rlagzo entre © tom. Bouquet (1993, p.17; les dass pos sagucses sobre a teorizagio antropolégica b ‘nto ha separigio, como pode haver no inglés, da] e consengies (of tre pessoa [priva 3s], Em portugues, aparencemente, sos € sistema e, portanto, tampouce do outta, nesse sentido, Ainda ass clagto de identidade reconhece 08 tetmos (p Privado} separados de sua Fuso. nia se pode contra relacioné-los ow 42 Per 0, direito 0 inesperado tempos possibilicam aos cientistas sobrepor imagens rentes escalas ¢ origens. Realmente, a0 funcionar como logia Fanciona, como alguns dizem,* as relagées con- \quinario da explicagao. Ninguém pode so parte do mag uma relagdo sem mencionar seus efeitos O préprio conceito (relagio), assim, participa do modo escrigdes das pessoas acerca de 6 t rei thay no chlo. Contudo, e igualmente, as relagoes conceit » expressamos o que sabemos dele, Portanto, as préprias es podem aparecer, 20 mesmo tempo, concretas e abstra- as podem produzir um sentido de conhecimento, incor- » ou corporificado, da informagio que, de outra forma, sbsteafdo do concexto ¢ flutuaiam por af sem peso. Ou podem parecer etéreas e sem corpo, conexdes hipotéticas nddo sobre fates brutos ¢ realidades de informagio alicer- » mais do que uma parte do tipo de relacto da antropo- UExtrafda da vida social em geral, tanto das observades ciplina sobre a sociedade quanto dp seus interesses nas as conexdes ul s com as s-oquea etnografia impulsiona para o primeio plano so #808 tipos de interagdes. A relagio da antropologia também «0 que convencionow-se chamar de lagos cerpessoais, logia. Pod dispositive que funciona pace fazer Fxse € 0 sentido forte pelo ¢ eja Introdugie: Parte I), em conteaste com o senti egundo 0 qual todos os conceitos tém efeito como ve 10 “a relagfo” como um inicagio, 143 Marilyn Sirathern 4 primeira vista, as relagbes conceituais de producto de conhecimento discutidas aqui podem parecer distanves da arena de relagbes sociais como as eacenadas nos vérios tipos de fami que também apateceram neste capitulo. Teria o simplesmente conjurado outro jogo de palaveas (rchgaes ao ‘esmo Eempo conceituais eintexpessons), to terrivel quanto © duplo sentido de “concebe Nao se, como promecido, eu conseguir articular questio histética de maneira apropriada Relagées em relagées ideia do que relagdes concei ram," ou como algu is outtora conora- diferencia o século XVII do XVI sob esse aspect, Portanto, no stou certa de quando ou de em qual meio social localizar essa questo. Porém, é mais ou a parte ocupada pelo tito de relagio no desvelamenco das compreensies acerca te naturezado conhecimento. Coma eno, iso passonaser aparentemente, relacéo, em inglés, de diversas ratzes do la cado 40 parentesro? Porqu {uma combinasao, uma narrativa, referén~ 8 @ algo ou comparacéo— passaraa ser aplicada a lagos, nos los XVI e XVII, fo: meles de sangue ou de casamento, 53 Da perspectiva de certos filésofos do século egumentou-se que seria XVI, por exem n equivoca I divorciads da emogdo ou da urgencis em ‘a visio de que as emogies estio Para uma concepgio de cor 1007, p. do a Paraniic, dirito eo ineperado do perentesco. Embora uma definigio de 1502 do Diettonary para parentesco [kin] sugira que minha iio seja exagerada, chamo a atengio para o fato de que e [relat até meados do século XVII —o0 mesmo é verdade para o ve] (o substantive) nao se aplicava a parentes mas- ho relacionar [rate] em contraste com 0 excesso de usos, nos lacionar e XV, para relagio, parente [relative] ¢ no sentido de conexées I6gicas ou conceituais. Iisses no foram os tinicos casos; varios termos referentes ‘ticas de conhecimento, por um lado, e priticas de pa fesco, por outro, estavam, aparentemente, em constante tidanga.* Em muitos casos, tratava-se de adicionar novas ;priedades as antigas, de modo que os tetmos existentes ad- iram duplos sentidos. As digressdes sobre direitos autorais ages cientfficas j4 sugerem bre a vetifica grupos, os quais menciono nessa discussie. Um grupo refere-se A propagacao, e o candidato mais velho latos, conceito [eon i 6 0 termo conerber [« pio [conception]. Criar descendentes e format uma wtive) © Sus Cor agem (metéforas ou comparagSes em celagfo um ao outro), a explicita (quando seus dominios embora por meio de anal 9 sie compatados) possam assim tornat-se. Note-se que lero (parente ce [Hasbip] € urn terma cor m parentela [kag] 5 mesmo tempo una sea © concernente a q 5). Fago uso deco Igica [lgie} para 0 segundo grupo ac igos, mas parentesco [kinship], 20 por descendéneia nto [dnewladge] em ver. di 145

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