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A Inflagaio: Conceito, Teorias e Andlise do Caso Brasileiro Este capitulo destina-se a andlise da inflagao. Apés a fixacao de seu conceito € 0 estudo de seus indicadores usuais, examinare ‘mos as principais teorias que explicam fendmeno da inflagao. Subseqiientemente, trataremos das relagdes existentes entre a infla a0, 0 desemprego e 0 crescimento econémico, relacionando, ain. da, as p flacionarios. Por fim, trataremos da inflacao no Bras Nncipais conseqiiéncias socioecondmicas dos processos in istGria recente, suas possiveis causas, suas conseqiiéncias © as das pelo governo, em diferentes 6pocas, para bloquear e oliticas empreg ndéncia hist6rica a alta de precos. 6.1 Conceito e Indicadores da Inflacio 6.1.1 © CONCEITO DE INFLAGAO O conceito de inflagao, diferentemente do que ocorre coma discussio de suas icilmente assimilavel. Em virtude de suas causas € efeitos, é pouca controvertido € temiveis conseqiténcias politicas, sociais e econémicas, a inflacdo tornou-se um as- sunto ao amplamente debatido que seu conceito é, hoje, conhecido pela maior Parte das pessoas instruidas, Reduzindo-o & sua mais simples expressio, dizemos tratar-se, essencialmente, de um fendmeno que se traduz por uma elevagdo do ni el geral de precos: A INFLAGAO: CONCEITO, TEORIAS E ANALISE DO CASO BRASILEIRO 303 En 20 € passivel de observa- s complementares, destinadas ora amplamente aceito, esse conceito de intl revelar, com maior rigor, a esséncia, an ‘rios. Assim, partindo desse — dos processos inflacio: conceito basico, cabem as seguintes observacdes pertinentes: Iguns aspectos especiai gere a idéia de incha 1. A natureza do fendmeno. A palavra inflacao s\ a que geralmente se recorre para dar uma idéia apro a0. Uma analog! ximada desse fendmeno €a de um balio inflado: aparentemente, torna- se maior quanto mais cheio de ar, nao obstante a matéria em si, de que é consti .eca intrinsecamente inalterada, Recorrendo 2 essa analogia, cabe e larecer, no caso da inflagao, qual o elemento que provoca a “inchacio dos pregos". Para Harberger! “a contrapartida da a moeda Assim, analogicamente: sem injeco de ar nao se inflara o ba >. “Nenhuma economi: rimentou uma inflacio significativa sem um aumento em sua q) jeco monetaria nao se tera inflac: moeda e nenhuma teoria da inflagao que ia que uma inflagao significativa de precos possa ocorrer sem um, tent aumento correspondente na quantidade de moeda Colocada a questio nestes termos, ha que aceitar a idéia de que a in flacéio é, essencialmente, um fendmeno de natureza monetaria. Obvia m induza idéia de que no € possivel falar de inflacio em uma economia em que prevalece 0 escambo, seja em virtude seja porque nao ha precos fixados em te auséncia de moeda, monetitios. Mesmo no caso de uma economia que se utilize habitual- mente de uma simples unidade de conta, como ocorre nos sistemas mercadorias, é dificil caracterizar e tipificar fendmeno (0 do nivel de precos de todos os demais produtos, relativ mente & moeda-mercadoria, pode significar um processo de produgio menos oneroso da moeda-mercadoria ou um aumento de custos na nda uma m oifi- maior parte das demais categorias de prod cagio dos hibitos e preferéncias da comunidade — todos fer amonetdrios". Conclusivamente, no se podem caracterizar processos HARBERGER, Amokd C. Uma visio moderna do fendmeno da inflagio, Revista Brasileira de Economia, v. Rio de Janeito, jan./mat, 197 Harberger pondera que isto ndo significa que a expansio monetiria seja a causa final de todas.as inflagoes ~ mas apenas que € um ingrediente basico. Mesmo quando outras forgas causais So dlagnosticadis, send observado um aumento na quantidade de moeds, como uma regio essencial 3. GBORGESCU-ROFGEN, Nicholas. © impasse da inflacao esirutunil € 0 desenvolvimento equ Beomomta, v. 26, 083, Rio de Fancito, jun /set. 1972. brado, Revista Brasileira 304 ECONOMIA MONETARIA inflaci forma 2. Amag cionar qualgn caracte téncia mente de 14,8 foi de de 0,10 inflacic de preg 1e part Intuitiva que recc magnity € 243% cinco dé 3. A dimen conceit tislaz 3 e« Pecto, ca periodo, SHAPIRO, Ealwatd nflacionarios tipicos em economias nao monetarizadas, pelo menos da forma como tais processos so atualmente conhecidos e explicados 2. Amagnitude da taxa de elevacao dos precos. Um segundo aspect qual uma taxa de expansio geral dos precos realmente caracteriza um proceso infla cionario. Se nos limitarmos liz respeito a determinagao da magnitude a partir d conceito adotado, rosamente ier variacdo para mais do nivel de pregos seria suficiente para quale caracterizar uma inflacao. Ha, todavia, autores que s6 admitem a exis- téncia de um processo inflacionsrio tipico a partir d vacao dos precos, ao lon dada taxa de ele sual 10 de determinado periodo de tempo. E mente citado 0 caso da economia dos Estados Unidos, no periodo d 1957 a 1967, quando os indices acusaram um crescimento dos precos de 14,8, cumulativamente, nos onze anos considerados: a méclia anual foi de 1,26%, equivalente, para o periodo todo, a uma variacio mensal de 0,104%. Neste caso, seria correto falar na existéncia de um processo inflacionirio (pico? Ou teria havido apenas uma insi de precos atribuivel a fatores nao inflac nificante variacho narios? No caso, parece cor reto admitir que houve, quando muito, um sopro de alta. A variacho rado nao teria média dos pregos durante o prolongado period consi sido suficientemente expressiva para caracterizar 0 que correntemente se entende por inflagio. Daf por que ha autores ~ Shapiro, por exem plo~que, embora reconhecendo as ambigit aces que esse tipo de cri ério pode gerar, preferem conceituar a inflagio como uma elevacac nos niveis dos pregos. Relativamente ao conceito bisico de que partimos, a Ginica diferenga esta na incorporagio do adjetivo apre cidvel, como sindnimo de co iderdvel ou de suficientemente grande Intuitivamente, a adicao desse adjetivo parece aceitivel, Todavia, hi jue reconhecer que, em termos mais rigorosos, é dificil determinar a rir da qual es magnitude minima da taxa de elevaclo dos precos a pat lari ento caracterizado um processo tipico de inflacio. Um intervalo razovel é de 0,15 a 0,20% a0 més, respectivamente equivalentes a 1,81 10 ano ~ t 2 s observadas nos 25 paises da OCDE nas tiltimas A dimensdo do fator tempo. Outro problema que transparece nc conceito adotado diz. respeito & dimensao do periodo de tempo que sa- tisfaz, ligao fundamental de a expansio geral de precos poder se considerada persistente, continuada ou prolongada, Quanto a este as- pecto, cabe indagar se dada elevagio de precos, durante um curto le ser considerada como inflagio. Nao havendo continui- periodo, pi dade do fendmeno, as alteracdes verificadas no nivel geral dos p SHAPIRO, Edward. Analise macro¢ A INFLAGAO: CONCEITO, TEORIAS E ANALISE DO CASO BRASILEIRO 305 talvez possam ser atribufdas a fatores nao Upicamente inflaciondrios, tinua mas a oscilacdes reais cle mercado. Somente na hipstese de persistira | ne tendéncia altista, por periodos prolongados de tempo, € que se carac on teriza, de forma mais nitida, um caso tipico de inflagao, sobretudo se | — nao forem constatadas ocorréncias reais que justifiquem © movimente i continuado dos precos. Resta, todavia, também neste caso, o problema oat dda determinagao do periodo de tempo que deve sertomado paraade- | hs finigdo do processo. Na falta de critérios mais rigorosos, dos quais resul | os taria a escolha de dado periodo, a pritica tem sido acumular indices nay mensais, no sentido de que se possa ter sempre uma estimativa perma- | Pe nente das mudancas no nivel geral dos precos em perfodos prolonga 6. Osfa dos. A partir da magnitude e do comportamento do indice acumulado é pecto que, entio, se definira a existéncia ou nao de processos inflacionarios refere Uipicos. nature tamer, 4, Ocardter dindmico do proceso. Laidler ¢ Parkin’ chamam a aten ae co para um outro importante aspecto da inflacio, ao frisar que esta aa nao se refere a uma sitiacdo estatica de pregos altos, mas a dinamico de precos crescentes. Neste sentido, a inflaga do de desequilibrio, cuja atenuacio, ou agravamento, dependera de ritmo e da tendéncia do préprio processo. Aliis, a dinimica de proces press 08 inflaciondrios mais agudlos é, geralmente, de tal complexidade que dlos pe suas causas € conseqiiéncias, na maior parte dos casos, Sao dlificeis de em me determinar e podem mesmo confundir-se. Mais que isto, hd casos em concei que as proprias consequiencias do fendmeno passam a attiar como cau rentes sas reflexivas, conduzindo nao apenas a caracterizacao das mais varia- ae das ¢ tmpuras® formas de inflago, mas também & ocorrencia de esp d rais inflaciondrias nao convergentes, cujo controle é, em geral, ba: Yanan dificil idetdet rem no 5. Aabrangéncia do fenémeno. 4 inflacio, tal como é usualmente com quanto ceituada, caracteriza-se como um fendmeno macroecondmico, por coma quanto se refere a uma considerivel e persistente elevacio geral do gros su precos. O que desejamos agora realear € que a clevacio inflacionaria de sido ige Drecos mio se limita a um S6 produto ou a uma dacla fragto dos bens € tecotac servicos que resultam do esforco social de produgaio, mas a uma alta s6dios generalizada, abrangente, que envolve praticamente 0s precos de to- historic dos os fatores e produtos. Esta alta € evidenciada pela elevacio con- ede 18 conside S02 pa 5. LAIDLER, D. E,W, PARKIN, J. M. Inflation: a survey. Stureys of Applied Economies, The Royal to pelo! Econom Society & The Socal Science Research Council, v.2, London : MacMilan, 197; one 6. Nexpressio inflacdo pura é geralmente empregaca para designae os processosinlacinsros Ss BERGER. Op. cit, item 2,"O que € 4 inflagio,p. 70-71 lados a | 306 ECONOMIA MONETARIA tinuada de indices ferentes gre ativos, resultantes da média ponderaca das di: as de variacao dos pregos. A propésito, cabe assinalar que embora os precos dos bens e servi ‘0s transacionados nao s tem rigorosamente na mesma proporcio, o inclice agregativo ¢ geral de precos € aceito como uma indicacio do movimento inflacionario havido na economia. A aceitagio do indice estd implicita em sua utili zagio para converter diferentes séries de valores nominais em unidades de valor constante, ind ndentemente de qual seja a composicao dos produtos das series nominais corrigidas. Os fatores ex6genos ¢ os mecanismos repressores. Um tihimo as- Pecto diretamente envolvido no conceito basico de inflacao € 0 que refere 2 influéncia exerci la sobre os precos px 2 natureza nao monetiria. As variagdes dos precos, em mercados supe tamente livres, po jem decorrer de causas acidentais dificilmente carac teriziveis como pertencentes ao quaclro tipico da casualidade inflacio- natia. Supondo a possibilidade da correta identificagao desses casos cabe indagar se os indicadores da inflagio deveriam incorpori-los ou nao/Se, por exemplo, estiverem em funcionamento m pressores da inflacao, cle que so exemplos os controles diretos exerci dos pelo governo, devem os indicadores considerar os precos v em mercados negros ou os est sntes tabelecidos em listas oficiais? Enfim, 0 ‘onceito basico refere-se d inflagdoaberta ov rentes formas de inflacao reprimida? range também as dife- Por sua complexidade ¢ por implicagdes, no hi uma resposta definiti va para estas questdes, No entanto, em virtude sobretudo da dificulda. (erizarem-se corretamente os fatores exdgenos que interfe- rem no movimento dos pregos, a pritica corrente tem sido evitar, tanto quanto possivel, manipulacdes destinadas a excluir oscilagdes tidas como acidentais; de outro lado, na hipotese de existirem mercados ne- gros surgidos em decorré: ia de mecanismos repressores, a pritica tem sido ignori-los, considerando para fins de calculo os precos oficialmen te cotados. Esta tem sido a pritica adotada no Brasil, em diferentes epi- s6dios de controle centralizado ou de tabelamento de precos. Os casos hist6ricos", até hoje objeto de controvérsias e criticas, foram os de 1973 e de 1986. Em 1973, sob criticas bem fundamentadas, 0 governo des: considerou precos de mercado e calculou as variagdes oficiais da infla- <0 a partir de precos tabelados. Em 1986, com o congelamento impos to pelo Plano Cruzado, generalizou-se em grande ntimero de mercados a pritica do agio, observando-se em muitos casos precos agiados dutas vezes superiores 40s tabelados. Os indices oficiais da inflacao, todavia desconsideraram os pregos efetivamente praticados, tendo sido calcu lados a partir do tabelamento oficial As seis questoes que acabam de ser levantadas justificam-se pela tentativa de submeter 0 conceito bisico (a inflacdo é uma elevacdo geral do nivel de precos! uma abordagem teérica mais rigorosa, necessaria tanto para a apreciag’o dos méto- dos empregados na medi¢ao da inflagao, como para o aprofundamento de suas di ferentes teorias explicativas. Cor cial, enriquecendo-o ¢ aproximando-o tanto quanto possivel de siderando esas questoes, julgamos pertinente modificar © conceito ini- na definigao mais rigorosa de inflacao. Assim, a inflacio pode ser conceituada como um fendme macroeconémico, dinmico ¢ de natureza monetéria, caracterizado por uma elevacao aprecidvel e persistente do nivel geral dos precos Na hipotese de nao se verificarem mecanismos repressores, a inflaglo € con: siderada aberta; caso contririo, diz-se tr e de inflagio reprimida? Quanto & velocidade com que os precos aumentam e com que se deteriora o valor da moeda usam-se expressdes adjetivadas, como sopro inflaciondrio, inflacdo rastejante, in flacdo acelerada (ou, dependendo da intensidade, galopante e desenfreada) ¢ hiperinflacdo. 6.1.2 OS INDICADORES DA INFLACAO Como assinalamos no t6pico anterior, a inflagao 6 caracterizada por uma alta IF apreciavel ¢ persistente dos pregos. Ademais, para caracterizar-se como tipica mente inflacionaria, a alta precisa ser generalizada, alcancando nao apena conjunto restrito, mas todos os grupos, categorias e classes de fatores de produgac e de bens e servigos finais normalmente transacionados na economia. Em virtude do cariter generalizado da alta de precos, a construgao de indices indicadores da inflacho geralmente apresenta intimeras dificuldades conceituais ¢ operacionais. De forma geral, o cileulo de ntime os-indices agrey vos, seja qual for a natureza do fendmeno que se deseja medir, ja se reveste, por si s6, de certa lexidade. No caso especifico da medi¢ao do processo inflacionario, as difi- m-se naturalmente maiores, dada a abrangéncia do fends culdades torn Os indicadores obtidos refletirio com maior ou menor exatidao a magnitude da evolucio dos pregos, 3 medica que seu cilculo houver sido fundamentado em um ntimero maior ou menor de fatores e de produtos, devidamente ponderados 1 importincia relativa na com base et onomia considerada. Obviamente, o in dicador seria perfeito se resultasse da verificaglo dos movimentos dos precos de to- dos 08 fatores ¢ produtos transacionados na economia, rigorosamente ponderados Por sua exata participagao na geracio da renda e do produto nacionais, Sobre a cliferenga essencial entre a inflazio aberta e reprimiida, ver BRONFENBRENNER, M. IOLZMAN, FD, Survey of inflation theory. American Econiom Review, p. 593-661, sept. 1963, 308 ECONOMIA MONETARIA Embora teor tos € praticam, obtém sao ind te es dade sempre seri Proposito, cabe ol Varios tipos de er Q Erros mudan valor n Q Erros quanto tativida dados « O Erroa nentes ¢ data-ba: mogene Cabe ainda ol varios, cada qual ot indices sao calculad implica conhecim © Quadro 6.11 dores da inflacio: 0 de precos por atacac nominado indice do indicadores sao bem ha uma considerivel o segundo se refer 0s. Dai por que os ¥ rentes indicadores di do em termos acum. outros, As diferencas o| so tanto mais expres ces do custo de vida, dem apresentar difet BiDes. Como esse ind, ses de baixa renda, “r lo Brasil. As diferen: consumo e de género vida, diferentes para ¢ ICV vilido para o Bras Embora teoricamente possa ser concebida, a obtencao de indicadores perfek tos é praticamente impossivel do ponto de vista operacional. O que na verdade se ‘obtém sio indices construidos a partir de quadros amostrais, cuja aderéncia 3 reali- dade sempre seri objeto de reparos téenicos e de controvérsias conceituais. A Propésito, cabe observar que a grande maioria dos indices de precos incorre em ios tipos de erros, tais como: Q Eros de formula. A soma das variacdes devidas aos precos mais as mudangas derivadas das quantidades nao sio iguais as alteragdes do valor monetiio registradas pelos componentes das séries temporais OD Erros de amostragem. Além de a amostra ser passivel de eros Quanto a seu tamanho em relacio ao universo € quanto a sua represen~ tatividade, podem também ocorrer erros quando do levantamento dos dados amostrais, QO Erro de bomogeneidade. entes clos indices sofrem alteragdes quanto a suas particip intrinsecas. A necessidade de alteragaio da Com o passar do tempo, os itens compo- vas e sus caracteristi data-base ¢ da estrutura dos itens considerados podem também deso. mogeneizar as séries temporais, Cabe ainda observar que nao ha apenas um indicador da inflag edrios, cada qual obtido com base em diferentes critétios de ¢ indices sio calculados para fins especificos e determinados. Sua correta utilizacao implica 0 conhecimento dos critérios que conduziram a suas estimativas © Quadro 6.1 resume os critérios de calculo a utilizacio de diferentes indica- dores da inflacao: 0 deflator implicito do PIB; 0 indice geval de precos, IGP; 0 indice de precos por atacado, IPA; ¢ 0 indice de precos ao consumidor, IPC, também de- nominado indice do custo de vida, ICV. Quanto a seus graus de agregagio, esses indicadores sao bem diferentes, Como 0 quadro mostra, do deflator do PIB 20 IPC ha uma consideriivel distincia. O primeiro ¢ de natureza mais agregativa, enquanto ‘o segundo se refere a um agrupamento menor e bastante especifico de bens e serv ¢08. Dai por que os valores dos indices de pregos referentes a cada um desses life rentes indicadores dificilmente coincidirao, embora possam apresentar-se, sobretu do em termos acumulados para periodos mais longos, bastante préximos uns dos As diferencas observadas entre as magnitudes desses diferentes indicadores nto menor for seu grau de agregaco, Assim, os indi- ces do custo de vida, em uma mesma economia ¢ para igual period de tempo, po- Jem apresentar diferencas bem acentuadas, quando calculados para diferentes re ai dor é calculaclo a panir dos orcamentos familiares das ses de baixa -gi20 continental, como € 0 caso do Brasil. As diferencas climiticas, de graus de desenvolvitnento, de habitos de la determinam estruturas de necessidack cde falar em um ICV valido para o Brasil como um todo, e sim para regides com mesmas caractcristi so tanto mais expressivas qu Como esse indi nda, “nao € vilido para uma vasta 1 vida, diferentes para cada regio do pais. Nesse sentido, no se p: AINFLAGAO: CONCEITO, TEORIAS E ANAUSE DO CASO BRASILEIRO 309 cas ecolégicas, econdmicas e sociais. Assim, um indice do custo de vida construido > industrializada do sul do pais nao tera nenhum significado se aplicadc ‘aracteristicas to diferentes ‘exemplo, a0 Nordeste ou 2 regio amazénica, com daquela’ QUADRO 6.1 Indicadores usuais da inflacdo no Brasil: critérios de tilizagao Incense (Critériow de céleulo ‘lize ] Detar | Indice obtid pela agropaeio pended dos inion do varia dos | Célevo da varagao real do piers do Pie | prego cleiado parace detente setoresda economia. No.casodo | IB dos penpals agrege Brest, esta da media ponderada dos soguetes Incas: agicutra, | dos macroeconémcos que ‘om pose 182; nusina, 5.8: come, 2.83; anspor @comuni. | compbem as Contas Naci engiee, 07. a Trice gral nie resutanie da cia pnderada de indoas mais eapcicos do | Dethigao da ovelunao goral (a pregos | varagdo de pregos No caso do Bresl,o1GP,conceande taponbide- | do propos na economia oo 1G?) | entema, eta ca méda pandora dos indcos de pregos por aia- | pais. Pardmetro para cone: ‘ado, com peso 8.0, cvslo de vidanoFU,80ecuste daconsiugao- | Glo da sires tempoais, para Tncce de | Indice restante da mica ponderada dellorentes nies de vare- | Defngto da evolgto dos proves por | clo prego ros mercado nacadstas, Geralment, come no caso | pregosne alacado (anes dos ‘tacade, | So Brac engaba indices de pregs de bens de consume (axaveise | proautes chagarem a0 con- | (WPA) | no curv). de bone de produpdo (natiras-pimas, mguinas ve | Sumidor). Pardmetro pare Gales e eaipamentos), de precios agrcalas (segundo as ererts | core¢do de valores referen ‘fstnadetenstormaga).A ponderag geraimenie fata sogundo a | tos ramos consierados. lmportnea dos grupos de podutos consierados na economia do ai. | Trace do | incceesutarte da mca de indces relatos de progosdeierentes | Partrivindicadr dos ele procosae | categoras do bene e seg, ponderados sogundo a paripacao de | tos da infiaco no oreo consumidor | cada categoria na despeen otal de consumo de ura unidae faar | famiar de clerenesestrtos PO) ro, Goramente, @ conetuido com base nos orcamertos famaa- | sociosconimicns.Parimeio fesdns losses de enda media oubaba, Em vitude dos eric ara | asics para negocios do ou calcio, ue valida restinge'se a ego em quo olf 8 pas- | coregdo do salrce, ‘ea dos orgamenis fame. Para exemplificar, a Tabela 6.1 mostra as diferengas entre os valores obtidos nos anos de 1980-1997, a partir de diferentes indicadores da inflacao na economia brasileira, Como se nota, nao obstante préximos, cada um dos quatro indicadores acgoes prOximas no acumulado de longo prazo, mas relacionados apresenta v ‘com significativas assimetrias ano a ano, Mesmo indices dle estruturas metodolégi- te proximas, como IPC-IVC, levantados por diferentes instituicdes, regis- 10 de 1997, comprova essa cas bi tram diferencas més a més, A Tabela 6.2, referente ao at ida, Sao Palo: Atlas, 1978. Ver FONSECA, J. S., MARTINS, G. A., TOLEDO, G.L. Bstatistica ap! especialmente o Capitulo 5, item 8. Alguns indices especiais, p. 253 ss. 310 PCONOMIA MONETARIA TABELA 6.1 Bn tid Anos 4980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 i988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 Fontes: Centro de ¢ TABELA 6.2 Bras, custo Me 8 Janeiro Fevereiro (a Aba Maio ino Julho ‘Agosto Setembro Sutubro Novembro Dezembro ariagao anual y07" 1996 1905 TABELA 6.1 Brasil. Indicadores usuais da inflagdo, Comparagdo dos valores ob- tidos para o periodo 1980-1997. ‘Anos | Deflatordo PIB | __IGP-DI PADI 1980 92,1 1102 1214 1981 1005 og a's 1962 101.0 907 or7 1983 1315 210 2360 1984 2017 2303 1985 2435 2357 1988 {492 6 1987 2062 4072 1988 6280 1.9500 1980 1304.4 17488 1990 25956 11449) 1991 a1 arr 1992 988) z 4.1840 1993 2.087:0 270818 216393 1904 23123 3098, 857.8 1995 749 as oa 1998 ita 93 81 1997 73. 75 738 Fontes: Centro le Contas Nacionais — DGS/IBRE/FGV (para deflator do PIB). Boletim do Bane entra do Brasile Boletin Confuntural do 1PEA = Instituto de Pesquisa Econdmica Apli cada (para 08 clemais indices), TABELA 6.2 Brasil. indices de variagdo dos precos ao consumidor (IPC) ou do custo de vida calculados no Brasil por trés diferentes instituigoes uses Variagées mensais (%) ees INPCIBGE | IPCFIPE | ICV DIESE Janeiro og 1,23 2a2 Fevereiro 0.45, oor a6 Marco 168 021 00 Abril 0,60 Ol 103, Maio on 3 ~o0t Junho 0,35 O89 Julho 0,18 oss Agosto - 0103, = 038 Setembro 0,10 ont ‘Outubro oi29 one Novembro 015 oat Dezembro os7 O18 Variagao anual 1997 4,98 ot 1996 92 13,20 1995 21,98 46,20 Fontes: IBGE, Fundagao Instituto de Pesquisas Eeondmicas da USP € Departamento Incersingical le Estudos Econdmicos e Estatistica. Bol ssa (mimeo) ABELA 6.3 IPC-FIPE, 1997. Assi grupos de produtos wrias nas variagdes anuais dos precos, por variacdes dos pre Por grupos d Para uma variacas ef Pesos na Variacao we prepondera: eae construgao acumulada 77h ee Soe ene nae IPC INDICE GERAL 100,00 482 evidenciam nao st 4. COMPETITIVOS 26,86 047 Jos, como a infl ‘Alimentos in natura 4.63, 10.48 todos esses aspea ‘Alimentos semi-elaborados 9,30 4,22 derada de diferent ‘Alimentagao fora do domicto 361 049 dutos que foram Mobilario 474 3.38 7 Vestuario 588 288 A Figura 6.1 Calgados 2138 =949 Pos € categorias de Outros o77 0,18 cas io decorente os resicluais de pe 2. ADMINISTRADOS 21,27 1247 continuada do vale Sorvigos piblicos 285 17,30 cilmente deixari de Manutengao do veiculo 516 9,00 tividade repassado: Transportes 67 11.28 demanda agrepads Corres, telefone, cartérios 0.97 2.54 governo; (e) difere Outros 0,12 ~ 29,92 mudangas em pre 3, OLIGOPOLISTA 31,08 ae iat ‘Alimentos industrializados 1327 pap cals decorrent Atgos de limpeza a2 palizacao. Eletroclatrénicos 181 Imagem e som 1107 Outros artigos de residencia 413 Velculo: aquisi¢ao, estacionamento, seguro 219 6.2 As princi Fumo e bebidas 485, Higione o beleza 2.03, Apés termos cc Romédios 188 a0 cilculo e seus in Outros 1163 deste capitulo. Trata pelos economistas f 4. SERVICOS 19,39 F ists G Servigos residenciais 343 As teorias da in Aluguel 6.97 veis. Os principais Sanvicos pessoais ot ter-relacionam. Dific Senvigos mécioos 2,90 Shapiro,’ isto “resul Educagao 3.95 dos 0s tipos de inflac Outros 1138 tes da inflacao diferi Janeiro, jan. 198 com outras nacoes entre os paises, emu Outea observacao relevante diz respeito as variagdes dos precos dos diferen- Mee tes grupos de produtos que compdem um indice. A Tabela 6.3 mostra este outro as be lOeexaminail pecto. No cilculo do Indice de Precos ao Consumidor, IPC, da Fipe/USP, as 9. SHAPIRO, Edward. variagdes dos precos, considerando-se o perfodo de vas, por grupos de produtos. E alt ano, sao bastante expressi 1 varidncia em relacdo ao indice geral. Em 1997, para uma variactio média de 4,82%, os precos de setores competitivos e setores em que preponderam estruturas oligopolistas variaram, respectivamente, 0,47% € 1,77%, situando-se abaixo do indice geral. Os pregos administrados ¢ os de servigos registraram variacdes superiores, respectivamente, de 12,47 € 8,32%. Estes dados evidenciam nao s6 as expressivas variages entre os grupos de produtos considera- dos, como a influéncia das estruturas de mercado do compo todos esses aspectos ficam ocultos pelo indice geral - uma indicagao média por derada de diferentes comportamentos € de diferentes trajet6rias dos grupos de pro- dutos que foram selecionados para a construcio do indice mento dos precos. E A Figura 6.1 mostra a dispersio entre as variagdes anuais dos pregos, por Pos € categorias de produtos em relagio ao indice geral, Essas variacoes asin cas sto decorrentes de ajustes na estrutura dos precos relativos. E um dos fendme- nos residuais de perfodos prolongados de inflacio acelerada. Com a estabilizacao contintada do valor da moeda e dos precos, a dispersio tende a diminuir. Mas dif cilmente deixar de existir sinalizando: (a) choques de oferta; (b) ganhos de produ tividade repassados aos consumidores; (c) mudangas nas estruturs da oferta e da demanda agregadas; (c!) graus de sensibilidade dos pregos as politicas de ajuste do governo; (c) diferentes elasticidade-preco e elasticidade-renda dos produtos; () mudangas em processos tecnol6gicos que impactam precos de bens e servicos in termediarios e finais; e (g) muclangas estruturais em cadeias de suprim: entos, muitas das quais decorrentes da internacionalizacao do processo produtivo devida a glo- bs 6.2 As principais Teorias da Inflagio Apés termos conceituado a inflago ¢ examinado alguns aspectos referentes ao calculo e seus indicadores, estamos em condigdes de focalizar 0 tema central deste capitulo, Trata-se da exposigio € andlise das prin s desenvolvidas pelos economistas para explicar as causas dos p! pais teor pcessos inflacionarios, As teorias da inflagio sao numerosas, embora no sejam mutuamente elimina- veis. Os principais ramos das teorias da inflacaic ralmente se superpoem € se in- te relacionam. Dificilmente a aceitagio de um conduz.a eliminacao de outro. Par: Shapiro,” isto “resulta de que nao ha uma tnica teoria que seja capaz de explicar to- dos 0s tipos de inflacao que ocorrem nos varios paises ao longo da historia. As fon- tes da inflagao diferiram em decorréncia dos mais variados fatores: gra de desen- volvimento, organizagao e poder dos sindicatos dos trabalhadores, estratura dominantes do mercado ¢ graus de abertura da economia quanto As sua s relacdes com outras nagdes. Ademais, as diferencas estruturais e institucionais que existem entre os paises, em uma mesma época, F xem ser encontradas em um mesmo pais se este for examinado em épocas diferentes. Com o passar do tempo, suirgem novas 9. SHAPIRO, Edward. Op. ct. Capitulo 23, item Definicdo de inflagio, p. 663-664. AINFLAGAO; CONCEITO, TEORIAS f ANSLISE DO CASO BRASILEIRO 313 estruturas € instituigées, influindo nos tipos de inflagao que possam ocorrer. Dai 1ura te6rica sobre a inflagio é bastante volumosa. Isto nao obstante, por que a litera devido ao cariter dinimico dos movimentos inflacionarios e 4 multiplicidade causas que neles interferem, sao ainda bem poucas as conclusdes definitivas' (@) IPC Indes Geral (6) Compottivos (6) Administrados gop FIGURA 6.1 IPC-FIPE, Indice de Precos ao Consumidor. Dispersdto das variacées anuais, por grupos ¢ categorias de produtos, em relagdo ao indice geral, Dados de 1997. No entanto, a despeito da diversidade das teorias da inflagio, € possivel classificd-las segundo os tipos predominantes das causas que do origem aos pro cessos inflacionatios, As causas predominantes, em suas formas puras, sio basica mente 1. excesso de demanda agregada em relagio a oferta agregada 2. expansio dos custos componentes da oferta agreg: 10. Cabe observar que nem todos os modelos explicativos dla inflago de custos consideram todos os componentes da oferta agregada, Os derivados de Keynes consideram apenas os custos tt mio de-obra. Nesses modelos, fitores como o estoque de capital ea tecnologia ou custos comoa taxa de juros ou a estrutura de precos de matérias-primas nao sao levados em conta As presses de inflagao, respe tos. Alem desses Pulsionadas tant rente, hi ainda ¢ demanda e do: flacdo, segundo a geralmente relacic desequilibrios ass abordagem inerci td ntes econ alta ¢ esta abordagem, f sada no presente Procurandoe: guir, separadamen relevantes de suas 62.1 AINFLAGA Uma das ps Princi ralizadas dos precos em relagao a capac De forma mais elevacio das quantic © apts a adquirir ac ponder uma expansa excesso de moeda ¢ Cabe esclarecer cado e © comportam manda agregada ead mente representadas, horizontal, é mareade funcao da demanda a Pansao real do quan, dos precos, mantidos positiv mente inclinac ssiva inelasti Facto ao aparelho dep A prog As pressoes resultantes dessas duas causas primérias dao o1 n a dois tipos de inflacao, respectivamente denominados inflagdo dedemandae inf (cao de cus- »s. Além desses tipos puros de inflacio, podem ainda ocor ‘des mistas, im- pulsionadas tanto por excesso de demanda quanto por custos em expansio, Final mente, hi ainda outras teorias nao alinhadas com as exposigGes convencionais da demanda ¢ dos custos. Entre estas, destacam-se as teorias estruturalistas da in: flacdo, segundo as quais as pressdes inflacionarias resultam de causas estruturais, geralmente relacionadas com estados de subdesenvolvimento econdmico ou com desequilibrios associados ao crescimento acelerado. E, mais recentemente, a abordagem inercialista, que explica a inflacao a pati de forcas de realimentacio (de que ¢ exemplo a indexacio generalizada da economia) ¢ de expectativias dos gentes econmiicos quanto ao comportamento ascensional dos precos. Pelas ex pectativas de alta ¢ pelos mecanismos de realimentaciio, estabelecem-se, segundo esta abordagem, forcas inerciais que reproduzem automaticamente a inflagio pas- sada no presente Procurando enfatizar as diferengas basicas existentes entre elas, veremos a se- lamente, cada um destes tipos de inflagao, destacando os aspectos levantes de suas explicagdes tedricas. 6.2.1 AINFLACAO DE DEMANDA Uma das princip: ralizadas dos precos re is explicacdes tedricas da inflaglo sustenta que as altas gene altam basi da ‘amente de um excesso de demanda ag em rela yadda da economia io & capacidade de oferta De forma mais simples, diz-se que a inflagio de demand é impulsionada pela elevacio das quantidades de bens e servicos que os consumidores estio dispostos © apto: ponder uma a adquirir aos niveis de pregos existentes. Se a essa elevacio nao cores- pansdo equivalente da oferta agregada, os precos tendem a er pres, sionados para cima, a taxas consideradas como inflacionéirias, Em suma, existe um excesso de moeda em relacao aos bens € servigos disponiveis. ¢ esclarecer, antes de tratarmos do fendmeno inflaciondrio em si, o signifi cado eo comportamento de duas importantes fungdes a que recorremos: a da de mand ada ea da oferta agregada, Na Figura 6.2 mente representadas. O nivel geral de precos, P, é marcado no eixo vertical, no ssas fungdes esto conjunta horizontal, é marcado o quantum, Q, da capacidade de produciio da economia. A funcio da demanda agregada, DA, é negativamente inclinada, condicionando a ex: Pansio real do quantum da demanda a modificacées para menos no nivel geral dlos pregos, mantidos inalteraclos outros fatores. A funcao da oferta agregada, OA, é positivamente inclinada, tormando-se totalmente inelistica a partir de certo ponto, A progressiva inelasticidade da funcio OA 6 téoricamente atribuivel 4 incorpo Facdo ao aparelho de producao da economia de recursos produtivos menos eficien S INFLACAO: CONCETTO, TEORIAS F ANALISE DO CASO BRASILEIRO 345, tes, especialmente mao-de-obra (nico fator variével nos modelos macroeconémi- cos de tradicao keynesiana), 2 medida que a expansao persistente da demanda ‘operar em posigdes prOximas de suas fronteiras maxi- fem elevadas taxas de desemprego, € de supor-se carta elevagio do quantum da agregada levar o sistema a mas de producao. Quando e que a clevacao da demanda agregada apenas prov produgio (indicado no eixo horizontal por Q), sem induzit os pregos (indicados no eixo vertical por P) 2 alta inflaciondria. M: semprego, as variagoes em Q serio acompanhadas por variacdes em P. A de uma série de fatores. “Primeiramente, quando a pri sas sio forcadas a contratar trabalhadores menos produtivos ¢ ha necessidade de precos maiores f ‘mao-de-obra. Em segundo lugar, os indices sal que as firmas percebem que, para nao quallificados € conseguir trabalhadores qualificados, estes Gitimos devem ser Jiminando-se gradativamente 0 de: ico conjunta de Pe Q ocorre, como esclarece Gordon,"! em virtude Juco real cresce, as empre- vara que possa ser coberto o custo dessa perda de produtividade da is tendem a aumentar 4 medida vitar © custo mais elevado dos trabalhadores trazidos de outras empresas sob a atracto de indices salariais mais altos. Em terceiro lugar, algumas empresas possuem forca de mercado, isto é, uma falta de concor rentes mais eficazes, e podem elevar a margem de lucro quando a procura por se produtos for elevad Essa fase inicial de ainda no segmento de baixo plenno emprego! da funcao OA, € denominada, na te xpansio de Pe Q, como mostra a Fi Q a 6.2, por ocorrer minologia keynesiana, de semi-inflac@o. A inflacdo verdadeira, ainda segundc essa terminologia, s6 ocorrera a partir do instante em que apenas os precos se movimentarem para cima, dados os continuados deslocamentos onto de pleno emprego. ositivos da funcao DA, jd acima do p A partir desses esclarecimentos fundamentais, reunimos condigdes para tratar ainda segundo padroes convencionais, do fenémeno inflacionario atribuivel 2 ele- Lacéo da demanda agregada. Vejamos, inicialmente, algumas causas que podem conduzir & expansao continuada dessa demanda A clevacio da demanda agregada pode ter origem em varios fatores. As andl ses do tipo Hicks-Hansen explicam as variacOes da demanda agregada quer por mudancas na funcio 1S (provocadas por variiveis como impostos, subsidios ou gastos do governo em custeio ou investimento), quer por variagdes na fungao LM moe- (provocadas por variaveis como quantidade ou velocidade de circulacao da), Assim, uma reduciio de impostos, que provoque expansao da renda disponivel Robert J. Macroeconomics. Boston: Little, Brown and Co., 1978, Capitulo 8: Determi oyment, item 8.2, P. 2 11. GORDC nants of inflation and unemp sso ¢ de A. P. Lerner. Indica urna situago em que 2 economia caminha para posigoes uso, Nessa situagio, pode ainda 12. Aexy bem prdximas de sua curva de possibilidades miiximas de pre «insignificance a pargs do instante em ‘corte significativo desemprego voluntirio, que se to 316 ECONOMIA MONETARIA © aumento day > pelo gov dos gastos publ Portamento sox expandindo-se entio entesour, Pansio da ofert: Portia, essa exy vocando press istica a curv Infiagao | verdadeira | Sem infiaga FIGURA 6.2 Oqi aex, cion gun, Se analisarmo: ser agrupados seg circunscrevem 20s. setor monetatio. As, tanto em um como originarem e dos fat © aumento da demanda, pode ser um desses fatores, Outro fator pode ser a utili- zacao pelo governo de fundos até entao esterilizados, para a expansao autonoma dos gastos puiblicos. Pode também atuar no mesmo set portamento social, uma bai tido, por mudanga do com- ‘a na preferéncia pela liquidez de agentes privados, expandindo-se a utilizaco para transagdes de fundos privados disponiveis, até enti entesourados ou retidos por simples precaucao. Pode ainda ocorrer uma ex pansiio da oferta monetiria nominal, acionada por diversos fatores; ainda que tem. onaria, essa expansao pode converter-se em ampliacao da demanda nominal, pro- vo fas, na hipétese de ja se encontrar em sua regio indo pressdes inflacic inelistica a curva de oferta agregada da economia Nive! Ponto inicial do dos, pleno emprego pregos Regido proxima do leno emprego P. Into | verdadeira | |p i semi-| * infagao |, FIGURA 6.2 Oquantum da produgdo eo nivel dos precos expandem-se concom- tantemente até o ponto de pleno emprego. Dai em diante, persistindo a expansio da demanda agregada, ocorrertio agudas pressées infla ciondrias. No primeiro caso, temos uma “semi iflacdo”: no se- gundo, na terminologia keynesiana, uma “inflacdo verdadeira Se analis hos a natureza desses diferentes fatores, notamos que eles podem ser agrupados segundo os setores em que se manifestam, Sintetizando, ha os que se circunscrevem ao setor real da economia, enquanto outros ocorrem no iimbito do Setor monetdrio, Assim, as pressdes inflaciondrias de demanda podem ter origem tanto em um como em outro setor. Dependendo do setor em que as pressd originarem e dos fatores que as prove rem, a inflacio poder ter maior ou menor A INFLACAO: CONCETTO, TEORIAS E ANAUISE DO CASO BRASILEIRO 317 pacidade de propagagio. Quanto A magnitude das taxas de elevagio dos precos, dependerdo obviamente da expanstio da demanda agregada € das subseqiientes medidas para controki-la, que venham a ser adotadas pelas autoridades econdmi A Figura 6.3 resume casos tipicos de inflacio de demanda origindrios de dife- rentes fontes, Partimos ali de uma situacio inicial dada pelo cruzamento, no ponto de pleno emprego, Yj. da funcio de demanda agregada D4y com a funcio OA da oferta agregadla, produzindo um nivel geral de precos igual a Py. Como ja fo ram atingidas, nesse ponto, as condi¢des do pleno emprego, reveladas pela inelas- egada, quaisquer elevacdes na fungio demanda agre ovocando apenas a expansio ce ticidade da funcao oferta a es inflacionarias, p juer variagoes positivas na oferta global de ber da resultario em press nivel geral de precos, sem qua FIGURA 6.3 Inflacao origindria de diferentes fontes. Em (a), sob a hipatese de ser provocada por uma baixa na preferéncia pela liquidez de agentes privados pode autoliquidar-se. Em (b), sob a bipstese de ser provo: cada por expansdo autonome persistente de gastos piiblicos, fen a exercer uma forte e duradoura elevacdo dos precos, principal- ss foram financiados por emissao de moeda. mente se 03 gas! admitimos a hipdtese de elevacio da demanda ag a liquidez de agentes privados, da qual resultar No grifico (a vida a uma baixa na preferéncia aativacao de saldos monetirios até ento ociosos. Como nao hi mais condi¢ées correspondida la oferta os bens € servigos disponiveis, jor elevacao real para que as presses da demanda sejan agregada, o resultado sera a expansio dos precos ¢ A media que ad posipoes Das tala pelo estoque | indefinidamente. : Ji no grifico gada ser provocad Pressoes inflaciona de certo momento, | Pansio dla oferta nr correndo 2 ativaca Paragao com situag Passa a recorrer ae das por novos com assinala Ackley,'3 ¢ Programas gover mente em nacdes s FIGURA 6.4 Inflagé Em (a baixa.s agrega, 13. ACKLEY, Gardner. Tec inflagio A medida que a demanda se desloca indo sucessivamente as posigdes DA, € DAz, os precos reagirio, deslocando-se inflacio: ariamente para os niveis P; © P, Esse tipo especifico de pressio inflacionaria pode autoliquidar se, uma vez que, nao havendo expansio da oferta monetatia, a pressio sera limi tada pelo estoque de moeds existente e pela volta a pref ncia pela liquidez ante rior. Se esse estoque cle moeda nfo aumentar, a inflagio nao poder prop: indefinidamente. Ji no grifico (b), construido sob a hipétese de a expansio da demanda ag gada ser provocada por aumento aut6nomo e persistente de gastos publicos, as presses inflaciondrias poderio ser mais fortes e duradouras, sobretudo se, a artir de certo momento, os gastos governamentais passarem a ser financiados por ex pansao da oferta monetiria. Evident Le, Enquanto o setor publico estiver re- correndo 2 ativagio de saldos ociosos, as presses sero menos intensas, em com paraco com situacdes m: iscriticas, em que, operando deficitariamente, o governo ses inflacionsrias serdo estimula ‘or monet assinala Ackley,!? essa situacio € bastante comum quando sio implement passa a recorrer a emissdes. Neste caso, as pre das por noves componentes localizados no set fo da economia. Como ‘programas governamentais de macicos investimentos em capital social, principal. mente em nagdes subdesenvolvidas 4 procura de rapido crescimento econémico’ FIGURA 6.4 Inflagdo de Em (a), expande-se a oferta monetaria nominal, provocando uma baixa na taxa de juros de mercado. Em (b), expande-se a demanda demanda origindria no setor monetdrio da economia. agregada pelo excesso de saldos aplicados em consumo e pela exci- tacdo dos investimentos, provocando a elevagao dos pregos 13. ACKLEY, Gardner. Teoria macroeconémica. Sa0 Paulo; Pioneira, 1969, v, 2. Capitulo XVI, tem A. inflagio de procurs, p. 148 86 AFi ura 64 reproduz um caso tipico de inflacio de demanda originatia no se tor monetério da economia, Pressupde-se, também, que o sistema esteja operando com plena capacidade. Dada a funcio de demanda agregada DAp, que intercepta afuncdo de oferta agregada OA no ponto em que esta se torna inekistica, a econo- mia registra um nivel inicial de precos de Ps, permanecendo nessa situagao de equilibrio até que nao ocorram modificagdes no nivel da demanda agregada. les Partindo dessa situacao inicial, suponhamos, entio, que as autor jas a aumentar a oferta de moeda, quer em razio de deficit monetarias sejam forca o financidvel por outros meios, quer em decorréncia de ou: emple nbio, motivadas pelo ingresso de divisas externas con do governo central n necessidade de emissoes de papel-moeda para tros fatores, como, por € operagdes macicas de ci versiveis. Em casos semelhantes, ocorrerio deslocamentos positivos, no setor monetitio, da curva LM, com provaveis quedas da taxa de juros de mercado, aso 0 representada no grafico, lado afuncao IS se mantenha inalterada. Esta éa situa (a); deslocanda njunto. LM da posicao inicial dada por LM para as novas posigoes decorrentes das emissoes, LM, € LM, a taxa de juros baixara sucessiva: mentos posi mente de i para h © i, Como conseqiiéncia imediata dos desto tivos do conjunto LM, a renda monetaria expandir-se-4 para Yi ¢ Yq, posicdes >, dado por You. Se fico, jf entdo sob a ara DA, € Daz, que impulsionard para cima o nivel de ue se situam além do nivel de renda real de pleno empre} como no lado (b) do gr la agregada, de Dy transportarmos esses movimentos, forma de expansiio nominal da dem: havera uma natural pressio inflacion precos da economia, da posi¢ao inieial de equilibrio dada por P) para as novas posicdes inflacionarias, P, € Ps. O aumento dos precos, por sua vez, reduz a inicial de pleno quantidade real da moeda, trazendo a fungio. LM para a situ emprego, Os casos tipicos de inflacdo de demanda podem ainda ser considerados sob a utilizando o modelo tradi- 6ptica do modelo keynesiano simples. Na Figu cional de determinagio do equilibrio da renda e do emprego, mostraremos a ocorréncia de um biato inflaciondrio, provocado pela expansio da demanda le pleno emprego, dado por Ye. No grafico, lado (a), 0 brio. A demanda agregada, Dao, resultante da soma acima do ponto sistema encontra-se em equi gregados do consumo, @, do investimento, 1h, dos gastos governamen- epta a linha referencial de 4 dos fluxo: tais, Gp, € das exportagdes liquidas (Xp — Mp), inter gada se torna perfeita: exatamente no ponto em que, por suposi mente inelistica, No lado (b) do grifico, supomos que 08 gastos governamentais sofrem um aumento auténomo, representado por AG, 0 qual se adiciona a manda agregada inicial, Dp. Neste caso, a expansao da renda, de Ype para Yi, $e apenas nominal. O componente Q nao se expandird, uma vez que a economia, an- tes do acréscimo dos gastos governamentais, j4 estava operando em situacio de pleno emprego. Expandir-se-d apenas o componente P, gerando pressoes infla~ cionarias. A injegio dos gastos ptiblicos nao provocara qualquer acréscimo no pro- duto e na renda n magnitude sera da FIGURA 6.5 Exp doy gore 62.2 AINFLAG, O desenvolvi cente que as & correntes da teoria jue os baseados e1 entes da oferta ag servacao leiga, par de custo tem consti lesde a aurora dos 14, A hipstese que de 15. HOLZMAN, FD. duto e na renda reais, mas apenas uma expansio do nivel geral de precos, cuja agnitude seri dada pelo hiato inflaciondrio AB. Hiato inflacionario Crh4 Quix FIGURA 6.5 Explicacdo keynesiana da inflagao de demanda. Em (a), a de~ manda agregada intercepia a reta de 4° ao pleno emprege 10 ponto corresponde Em (b), surge um hiato inflacioi corréncia de incremento nos gastos piiblicos ndirio, em de- . crescimento da venda e da demanda serdo apenas nominais, expandindo-se o nivel geral dos precos. 6.2.2. AINFLACAO DE CUSTOS O desenvolvimento, acad mico, das teorias da inflacdo de custos é mais re cente que as explicacdes fundamentadas na demanda excessiva. Os modelos de correntes da teoria quantitativa e das explicagdes tipo keynesiano sii antigos que os baseados em argumentos relacionados com a expansio dos custos compo nentes da oferta agregada. Estas observacées, de certa forma, contrastam com a ¢ servacio leiga, para qual, como registram Bronfenbrenner e Holzman," “a inflagac de custo tem constiturdo uma explicagao instintiva para aumentos gerais de precos, desde a aurora do sistem > leigo, nao ha movimento inflacionaric 14. A hipétese que desenvolvemos fundamentou-se no deslocamento da fungao dos gastos pili cos. Evidentemente, poderiam ser assumidas outras hipsteses, igualmente valida, isoladas ou em conjunto, baseadas nos deslocamentos dos demas flaxos agregados do consumo, do invest mento e das exportagées liquidas. Cabe apenas ponderar que o efeito da propagicio, as ci caldades de dissipagio ¢ a magnitude dos processos inflaciondrios, em aca caso, nao sao neces 15. HOLZMAN, F. D., BRONFENBRENNER, M. Op. cit, Ver item The origens of in dores, especuladores ¢ agambarcadlores ou ainda pressionam para obter ganhos acima da produ que nao seja atribuivel a aproveita a operirios e camponeses qu tividade de seu trabalho € viver acima de suas reais possibil O tratamento teérico da fnflagao de custos — embora se reconheca que a per qualquer inflacao dependam, em diltima instancia, da ‘causa iniciais do processo se sisténcia e a propagacio d expansio do suprimento monetirio~ admite que a ada, |cujos deslocamentos resultam de-mu- 's ou da tentativa de aumentar os encontram no ambito da ‘oferta agre; dangas nos saldrios, nos custos de matérias-prima izaremos 16 de custos conduzida por ele nso dos custos de matérias-primas (de lucros. Inicialmente, foc: salariais.! Depois, a conduzida pela expa producio interna ott importadas) e pela elevagao dos lucros, A inflagio de custos oF ntos reais das taxas salariais pressupde que estas, em virtude de pressdes sindicais (social e politicamente am: in paradas), incorpotem reajustamentos superiores & eventual expansao dos indices, los de aumet Deriores a estimativa dos acrés: tos reais Su istencia de presses que resultem do custo de vida, adicions cimos da produtividade da mio-de-ol clevacdes salariais desse tipo €, em geral, decorrente cle negociagdes coleti (os organizados € poderosos. E evidente que, na base desse ntra a suposicao de que as elevagdes generalizadas de custos de aos precos de mercado da oferta duzidas por sir gumento, se enc produg’o se incorporem, como regra global Nao havendo uma ampla e poderosa rede de sindicatos operantes, cabe ob- a inteiramente a hipotese de pressOes inflacionirias de cus. ma organizagao sindical de as press6es por aumentos condicoes que fa- servar que no se aff tos induzidas por sairios. Ainda que exista apenas u derao ser desencade: alto poder de negociagio, p salariais que se generalizario, desde que se verifiquem pré cao dos resultados da negociagio coletiva inicial. O impacto in- io somente da voregam a prop: flacionario dessas pressdes sobre os precos dependera, neste caso, io inicial, mas também da rapidez e da expansio da taxa resultante da negoci forma como esta itd propagar-se nas indUstrias livres de pressdes sindicais diretas € organiz; de 70, os sindicatos de trabalha. No Brasil, por exemplo, no final da décad metaltirgica teriam assumido, em virtude de sua ot dores na indistri izacio e de seu poder, o papel d Ademais, existia um clima social ¢ politico favoravel as reivindicacdes dos trabalha zentes propulsores de elevacdes reais das taxas salariais. dores, gradativamente formado desde o inicio da década, quando se constataram pioras na estrutura de distribuiga0 da renda no pats, 16. A-explicagio que desenvolveremos sobre este tipo de inflagdo nao €acdequada para um modelo keynesiano de equilibrio estitico. Skmplesmente, tratar-se inflagao Como obser debate quanto as ar é que ele te de entao existent. de politica econé1 am, na hipétese ¢ organizadas, elev tros fatores que ni inflacao."* 0 surg cas da regiio do? rios em novas bas gacdo de suas prc Em casos ¢o aqui discutir ques! corre do hiato for que © poder sindi este hiato € susten larios; mas, se os n diez em todo o sis A Figura 6.6 t umentos salariais dos coletivos A medida qu pansao dos custos tos, a funcao de of diregao de OA, O: hipotese de a ecor inflacionatio menc dugao, recuand zacao das possibili tain de nao estares aos procos vigen maior for a eleva agregada, Em term funcao da oferta aj dos acréscimos de « SILVA, Adroaldlo ivre-doceneia) Sio Paulo. Sio Pau e840, P. BB 58 18. Adiante discutirem Como observa A. Moura da Silva,!” “qualquer que tenha sido o resultado do debate quanto as causas da concentra¢ao de renda no periodo, o que ni negar é que ele terminou por ¢ristalizar na sociedade um forte anseic provocar uma melhoria no perfil distributivo da renda pessoal no pais”. A ansieda de entio existente levou o proprio governo central a adotar, como medida explicita de politica econdmica, o controle centralizado da politica salarial, da qual resultati- am, na hipétese de se formarem lidera organizacias, clevagées das taxas salariais que entio itiam, no €aso, somar-se a ou- tos fatores que na época eram apontados como causadores do recrudescimento da inflacao."* O surgimento dessa lideranga, ainda que restrita as industrias metaldrgi cas da regito do ABC, foi capaz rios em novas bases, como também de exercer vigorosa inf gacio de suas propostas, sentido de ngas sinclicais capazes de exercer pressdes 0 86 de conduvir negociacées coletivas de sali éncia quanto 4 Em casos como este, a generalizagio dos salarios mais altos ~ nao cabendo aqui discutir questoes relacionadas a justica social inerente a esses processos — de ‘orte do hiato formado entre os ganhos dos trabalhadores das indistrias em que ocorreu a expansiio inicial das que © poder sindical nao estava orgar este hiato € sustentado, atuard como uma restricao ao impacto inf s resultados dos acordos coletivos iniciais se propagarem com rapi dez em todo o sistema industrial, o impacto seguramente sera inevitavel, as salariais e aqueles pertencentes a indiistrias em izado em bases mais s6lidas. A medida que cionario dos sa A Figura 6.6 mostra como e por que ocorre a inflas umentos salariais acima ustos provocada por Ds ganhos de produtividade, induzidos por nov dos coletives desencadeados por sindicatos organizados e poderosos. A medida que os empregadores puderem transferit aos consumicores a ex- ulizadamente mais al- pansio dos custos de produgao decorrentes de sakirios tos, a funeao de oferta ada, Od, deslocar-se-d cle sua posigio inicial, Oo, na direcio de OA). Os precos, que se encontravam em P), deslocar-se-Ao para Pn hipotese de a economia manter-se a pleno emprego; caso contririo, com impacto inflacionario menor, indicado por Pj, ocorrerd uma reducaio do quantum da pro- ntea mobil dugao, recuando o emprego para ¥j, em nivel inferior a0 correspond zagio das possibilidades maximas de produgio, Ye. Todos es tam de ndo estarem os produtores dispostos « manter 0 mesmo quantum de of aos precos vigentes anies da expanséo real dos salarios; em decorréncia, quanto maior for a elevacao do nivel dos pregos, tanto maior seri o nivel real da oferta ‘gregadia. Em termos dinamicos, se persistir a ten. funcao da oferta agregada continuars dos acréscimos de custos aos pregos dos produtos. De OA), a oferta global poder ies MOvimentos re elevacio dos salirios, a deslocando-se em virtude da ineorporacko SILVA, Adroaldo Mout Alivre-océnesa) ~ Facul s F da, Emp rego no curto prazo: uma visto pos-keynesiana. Tess ia, Administrigho © Contabilidade da Univers A-USP, 1978, Item IIL. A se para O42, expandindo-se o nivel geral de precos para umentar € a economia continue operand a pleno emprego. P,, casoademan- deslocs da agregada volt FIGURA 6.6 Inflacao pura de custos (ou pura de oferta). O processo inflacionairio origina-se de deslocamentos da funcdo de oferta agregada. Estes po- dem resultar de diferentes causas: expansao dos salrios ou elevacac do lucro. Cabe observar que a hipstese de a economia continuar operando a pleno em: prego, sem desajustamentos de curto prazo, em situacées sob fortes presses sindli- naior parte no “a mais provavel”, pek cais para salirios mais altos, nao é admitida dos te6ricos da inflagao. Harberler,"? por exemplo, assinala que os sindicatos e ou tros monopélios elevam os niveis naturais do desemprego, fator que pode amorte 19, HARBERLER, Gottfried, A inflagto como fenémeno munclial. In: MEISELMAN, D. 1, LAFFER, A a inflagao, Rio B. (Orgs.). O fendmeno mi Janeiro : Zahar, 19 cer as presses manda nominal também fora de devida i atuacio porque, como @ presses politica mitirmos que qu om nivel politicas elevacio inflaci¢ ‘magnitudi estrutura ¢ Flo tias responsiiveis lista ou oligopolis ganhos de produ que idas em mer admitem ser mais perfeitas de merc proprias empresa turas mais compe feréncia imediata negociados co dicatos clos trabal pronunciadas Alem de ser vinda result pacao na estrutur tipo de inflagio de curva de oferta tard de precos, Indepe: a curva de oferta a nivel de pleno emg Precos, apés decoi custos devida a es Essa varianté ima estru 20. MORTON, W. A.1 1950. KUHN, A. M Jan, 1959, cer as pressdes inflac nrias, comparativamente & hipotese de expansio da de- minal com a economia operando a pleno emprego. No entanto, no ¢ também fora de propdsito admitir que a elevagio do nivel natural do desem prego devid manda ne A atuacao dos sindicatos de trabalhadores, pode ser apenas temporiria, Inte Porque, como Harberler observa, “as agdes sindicais freqlientemente exercem Pressdes politicas muito fortes e irresistiveis, de tal forma que nao seria exagero ad mitirmos que quando os sindicatos forcam o indice natural do desemprego para uum nivel que a sociedade modema nao pode tolerar, esta exige a aplicacie de Politicas fiscais @ monetarias de expansio, com reflexos nao despreziveis sobre a clevaga > inflacioniria dos precos' A magnitude desse tipo de inflacao e a dinmica de sua propagacio depende res da economia. Se as indtis- tive lista ou oligopolista, 0 efeito inflacionario dos acréscimos salariais que excedam os ganhos de produtividade seré mais ripido, comparativamente com situacdes em 10 da estrutura de mercado das indiistrias domi trias responsiveis por maior volume de empregc em situagdo monopo: que as indiistrias que absorvem a maior parcela da forca ativa de trabalho estiverem inseridas em mercados mais competitivos. Ha autores, como Morton e Kuhn,2" que acdmitem ser mais favordveis aos sindicatos de trabalhad as de mercaclo, Nas estruturas monopolistas, cujos precos sito fixados pelas Proprias empresas, as pressOes sindicais terao menor resistencia do que nas estru- turas mais competitivas. Nestas tiltimas, em virtude da maior dificuldadee para trans feréncia imediata dos custos acrescicos, os aumentos das taxas salariais tendem a ser negociados com mais rigor, além do que, apés negociacdes favoriveis aos sin- dicatos dos trabalhadores, as perdas de emprego tendem a ser, neste caso, mais pronunciadas, lariais, a inflacao de custos Alem de ser explicada pela variacao de taxas pode ainda resultar de acréscimos nos Pagio na estrutura de custos das principais inclistrias da economia, Este segundo recos de matérias-primas de alta partici tipo de inflagzio de custos exprime-se também por meio da mudanca de posieaio da curva de ofe jada: partindo de dada situago inicial, os produtores $6 es. tardo dispostos a manter o mesmo quantum de oferta agregada a niveis mats altos de precos. Independentemente do que possa acontecer com a demanda agregad: a curva de oferta agregada movimenta-se para cima, de tal forma que, mantido o nivel de pleno emprego, o aumento do lucro implicari a elevagio do nivel geral de io para que a expansao dos Precos, apés decorrido o intervalo de tempo necessi custos devida a esse aumento indutor se estenda a toda a economia. Essa variante da inflagio de custos pressupde para a indiistria de onde se originou uma estrutura de mercado imperfeitamente competitiva, oligopolista ou 20. MORTON, W. A. Trade unionis ull employment and inflation. American Economic Review = 1950. KUHN, A. Marker structure and Wage-push inflation. Industrial Labor Relations Ret A INFLAGAO: CONCETTO, TEORIAS F ANALISE DO CASO URASILEIRO 325 monopolista. Mantidos inalterados outros fatores, o aumento do lucro s6 ¢ factivel partindo de indtistrias monopolistas que decickim auferir maiores lucros, ainda que essa decisio implique redugio do quantum de sua produc’ > e, por reflexo, uma queda nos niveis gerais de emprego da economia. E também admissivel em estrutu polistas sob conluio, que se organizem sob a forma de trustes ou cartéis, com 0 intuito deliberado de aumentar a taxa de lucro em relaglo a seus custos ios de producio. Na estruturas oligopolistas, inexistindo estes tipos de acordos, torna-se mais dificil a manipulagao do lucro devido ao receio, observavel em cada empresa, de que as rivais na adotem politica de pregos semelhante. E, no extremo caracterizado pela concorréncia perfeita, a modificacao do lucro, quando o é explicavel por agdes deliberadas dos produtores, mas por fatores ge ralmente fora de seu controle direto, Generalizando, pode-se dizer que a concorréncia é um obsticulo ii ocorrénc de inflacao de custos originaria da alteracao para mais lucro. Um de seus mais im- portantes pré-requisitos € a existéncia de estruturas de mercado imperfeit mente aqui, como exemplo, a inflago mundial resul- ‘eguidas majoragdes do custo do petréleo.*! O cartel da Opep estipulou deliberadamente mudangas no lucro da indtstria de ext paises em que, além da alta d competitivas. Seria ocioso lembra acdo de petrleo, E nos pendéncia de importacdes dessa matéria-prima oferta de seus derivados est sob 0 monopdlio (caso do Brasil), os reflexos infla- cionérios da elevacao internacional dla cotacao do leo foram certamente mais ex pressivos do que naqueles em que, além da maior dependéncia do suprimento ex- temo, a oferta de derivados se encontra sob estruturas nao menopolistas. nos niveis rerais de emprego. A Figura 6.7 revela claramente que o desemprego € 0 resultado inevitével do controle dos pregos em economias submetidas a processos infla- jonarios com origem em custos expandidos. Suponhamos o nivel inicial de equilibrio 4, resultante da intersegao da fungao de oferta gregacla Og € da funk agregada DAy, com a economia operando em nivel de pleno em- prego, Yip. Se he ida de dema cas na estrutura de custos, que forcem a oferta agre > nivel geral de ada para a posiclo OA), ha trés possibilidades bisicas em relacio a pregos 1, Expansao para 0 ponto D, caso governo esteja comprometido con metas de manuteng’o do plen prego. Note-se que, neste caso, a in. flagao ser dada pela distincia P,P) (resultante da expansio dos cust componentes da oferta agregada) mais PP; (resultante da politica de manutengio do pleno emprego). Para a andlise desse exemplo a luz dos modelos keynesianos convencionais da inlacio, de lembear que o prego das matérias-pri a demanda agreguda, A modificigto da taxa de lucro exerce efeitos sobre a oer 326 FCONOMIA MONETARIA Inflagao tuada re poliicas tengo d ‘emprege Inflagao | de expar ccustos cc tes da of ada, FIGURA 6.7 Ain tipo tran flac 2. Expansi Note-se social ir do nive 3. Desloct objetivo demand recessiv Inflagao mais acen- tuada resultante de politicas de manu- tengo do pleno cemprego. Inflacdo resultante de expansio dos custos componen: tes da oferta agre- gada. AN Queda mais acen- Queda do empre- tuada do emprego / —_\ go e da produgao, da producdo, re resultante da ex- sultante de polt- pans dos custos cas de contencéo Componentes da dos progos. oferta agregada IGURA 6.7 A inflacdo de custos implica decisoes politicas quanto.a manutengao dos nfvets iniciais de precos e de emprego. Apos desencadeado esse tipo de inflacao, 0 cc trariamente, a manutencao do pleno emprego excita o processo in. trole dos pregos induz a desemprego; con- flacio 2. Expansio para o ponto B, caso nao se adotem medidas de politica ada, ccondmica tendentes a modificar a posicio da demanda agreg distancia PyP), bem Note-se que, neste caso, a inflagio sera dada pel inferior 2 observada no caso anterior. Em compensagio, note-se 6 custo social inerente a essa possibilidade, representado pelo deslocamento do nivel geral do emprego da posicdo Ye para a posicao Y 3. Deslocamento na direcio do ponto C, caso o governo esteja mais em- penhado em manter o nivel geral de precos do que comprometido com objetivos de manutengao do pleno emprego. Neste caso, a fungio da demanda agregada recuard para a posi¢ao Daz, com nitidos reflexos recessivos, representados pelo recuo do emprego para o nivel ¥s Com 0 objetivo de situar claramente as quest0es relacionadas causa dos pro- cessos inflaciondrios, preocupamo-nos em diferen tanto as suas formas pur- ras, 0s tipos fundamentais de inflagio, dando a impressto de que se excluem do debate tedrico quaisquer formas impuras, resultantes da interagdo das forcas que evam os niveis nominais da den ancia agregada e das pressGes sindicais ou acoes deliberadas de produtores que provocam movimentos para cima da fungao da ofer- da Na rea provocadas pela expansio excessiva da demanda das induzidas por custos de pro- le, entretanto, € muito dificil dissoc nflacionarias lar as pressd dugao expandidos. Os processos verdadeiramente inflacionarios, caracterizados P porelevacdes considerdveis € persistentes clo nivel geral dos p: mentos causais dos dois ramos até aqui considerados — demanda e custos, Tanto as- .c0S, contém ele (0 verdadeira, embora a diferencia sim que, no decurso prolongado de uma infla: clo demanda/custos seja util para a orientacao da politica econdmica, é bastante di- ficil, do ponto de vista da economia positiva separar esses dois conjuntos de causas pu dimensionar 0 peso com que cada um influencia 0 processo inflaciondrio, Assim, entre os economistas, ha consenso em admitir que a inflagao nao pode ser explicada — seja para finalidades nom mnicas ~ em termos da dicotomia simplista demand on custos. Admite. se que 0s processos inflacionarios continuos nao podem coexistir com a repressao da oferta m ivas, seja no campo tedrico de discu: netiria © com o controle recessive la demanda agregada, Ou os dois ramos potencializam-se mutuamente ou 2 inflagio dissipa-se ap6s um intervalo de tempo relativamente curto. Embora os modelos keynesianos convencionais, estati cos e de equilibrio dificultem a explicagio teérica da interagao demanda-custos, atribuira inflacio apenas a expansio de custos geralmente nao condiz com a rea idade; de igual forma, a atribui 0 dos processos inflacionarios persistentes ape 1 € considerada como meia verdade, “A moed: motriz. dos processos inflaciondrios; é 0 combusti- nasa expansio da oferta monet em si mesma no pode ser fore: vel da inflagio, mas nao o veiculo, A oferta interna de moeda baseia-se primarias de moeda nual, cujos aumentos ou diminuicdes nao podem ocorrer dissociadamente de outros fatores. Nestas condicdes, as causas de uma in facio contida estio por tris dos aumentos na oferta monet 2.¢ na demanda no- minal. Descobrir o que se esconde atriis desse Fator é descobriras foreas que na rea- lidade provocaram o aumento geral do nivel de precos. Reconhecer como vilidas essas observagdes é um primeiro passo pa brea inflacao. O controle lissipar muitas discusses tericas So- oferta de moeda é um caminho 6bvio para sustar um Processo inflacionatio para sustar, mas nao para cterar. A cura implica também 1 eliminagao da causa verdadeira do proceso, que pode estar situado no campo ECONOMIA MONETAR dos custos compor mais provavel, em Como exemp caso de uma econ ocorre uma intens: de mas colheitas. I agricolas na compe de vida, nao dem pressdes para elev: da demanda agrega concomitante da of do sejam reajustad pregos relativos da priagllo da renda Machlup,? a forca« turas dos precos rek ciente para promot conseqiientemente lifiquem, os pre teram em termos ge Assim, embo de dea peculati 0, parece t modelos, se aplicaa identificagao das cat concretas. Isto porqu © generalizacdo decorréncia, nao for oferta dificilmente p comitantemente rea mente, terd um peric Em sintese, pare ‘um intrincado proce: lidade concreta, Tan 22. McCORMICK, B.J.et agregada ¢ inflago, 23. SCHULTZE, Charles mittee, Congresso de ACHLUP, Fritz, Out cessiva, SHAPIRO, # dos custos componentes da oferta agregada ou no campo da demanda ou, 0 que € mais provavel, em ambos os campos. Como exemplo de forma impura ou hibrida de inflacio pode ser citado 0 caso de uma econom em que, como fator causal de desequilibrio inflacionério, ocorre uma intensa € geral elevacdo dos precos dos produtos agricola, decorrentes >dutos do custe de mas colheitas. Em conseqiéncia da alta participagao dos precos dos p agricolas na composi¢ao dos custos industriais e na formacao dos indice de vida, nao demor 4 para que se formem, sob as hipsteses ja conhecidas, pressdes para elevagdes nominais dos salirios, Dai decorreri a expansio nominal da demanda agregadla, que, por sua vez, somente se sustentarii se houver expansio concomitante da oferta monetiria Apenas sob a remota hipstese de que os salarios ni ados e de que a ofet 0 sejam re: ta de moeda nao se expanda, o proceso inf oniirio dissipar-se-a, modificando-se temporariamente apenas a estrutura dos prec: relativos da economia e, conseqiientemente, a propria estrutura de apro: Todavia, como mostram estudos de Schultze’ e de priagio da renda soci Machlup, turas dos precos relativos & na apropriacao da renda te ciente para promover aumentes generali ' a forca das resistncias sociais as modificacées de curto prazo nas estrt adem a ser poderosas 0 sty ados de todas os precos, expandindlo-se conseqtientemente os indices indicadores da inflacao. Antes que tats estruturas se ‘modifiquem, os precos de todos os fatores e de todos os bens ¢ ns & que se al: Assim, embora sejam teoricamente Uiteis as distingdes entre as inflagdes puras demanda ¢ de custos, visando 2 construgaio de modelos peculativo, parece haver consenso quanto & negacao da utilidade desses mesmos modelos, se aplicados em swas formas puras, como alternativas exclusivas para a identificagao das causas dos aumentos gerais e persiste le precos em situacoes concretas. Isto porque, de um lado, um processo inflacionatio iniciado com um ex cesso generalizado de demanda nao persistir’ por muito tempo se os custos, em decorréncia, no forem reajustados, oferta dificilmente perdurari sem que os niveis da demanda agregada sejam con comitantemente reajustados. Qualquer uma das duas causas, atuando isolada outro lado, um processo iniciado na area da mente, teri um periodo curto de vida se a outra nao se manifestai Em sintese, pi nos licito admitir que as. inflagdes bibridas, resultantes de um intrincado processo de interagdo demanda-custos, sio as que persistem na rea lidade concreta. Tanto assim que, em um periodo mais prolongado de inflacao, McCORMICK, B.J. etal. Jntroducdo a economia. Rio de Janeino : Zahar, 1976, Capitulo 36: Oferta agregada € inflaglo, p. 23. SCHULTZE, Charles. Recent inflation ithe United States. Study Paper N, 1, Joint Economic Com. 3s Estados Unidos, 1956 4, MACHLUP, Fritz, Qutea visio da inflagao alin cessiva, SHAPIRO, E. (Org.). Macn noma: letras selecionadas. S20 Paulo: Atlas, 1979. p A INFLACAO, CONCTITO, TEORIAS F ANALISE DO CASO BRASILEIRO 329 torna-se dificil identificar as origens do processo, tal a interdependéncia que se ob- servari entre as causas primirias conhecidas. 6.2.4 AABORDAGEM ESTRUTURALISTA Nao obstante contenha muitos elementos das teorias tradicionais da inflacao, uma abordagem considerada alternativa foi desenvolvida pelos pesquisadores da Comisstio Econémica Para a América Latina (Cepal) nos iiltimos anos da década de ativa de explicara inflacdo cronica que vinba ten 50 e nos primeiros da de 60, irea desde a década de 30, Dadas as particularidades de onsiderados estruturais, caracteristicos dos paises latino- assolando os paises uma série de problemas pal colocaram em dtivida a eficacia de medidas orto, doxas, de inspiragdo monetdria, destinad inflac adas pelo Fundo Monetirio Internacional. Os malogros das am a sustentacao A con- americanos, os estudos da Ce combate d o nesses paises, politicas de estabilizagao preconizadas pelo FMI até de psticos estruturalistas da Cepal zeral_ precor trovérsia levantada pelos diagns Em sua formulagao original, os estruturalistas consideraram que a inflacio se apsia em fatores estruturais bisicos, de raizes mais profundas que as de fatores u casuais. Os fatores estruturais relacionam-se essencial meramente circunstanciais ielasticidad 1 oferta de produtos agricolas, como de mente com a alega quilibrio cronico no ¢ com a rigidez dos orcamentos piiblicos. omércio exterior, com a distribuicdo desigual da renda ¢ Grunw, lacionam-se fortemente 25 mostra que esses fatores estruturais corre coma oferta inekistica de bens e servicos, tipica dos paises que adotam politicas de- libs cao do desenvolvimento e da urbanizagio. Nesses paises, 3 trutui las de acele es. da oferta global no se ajusta com facilidade as mudancas que se operam ura global, Ha uma rigidez particularmente pronunciada na falta de flexibilidade da nos padrdes cla pro infra-estrutura da economia, a qual, por sua vez, induz un producio, especialmente na agricultura, em que quaisquer mudangas estruturais So dificultadas pela organizagio social existente. Integra-se a esse quadro a baixa recursos de produgio, em especial a oferta de trabalho, além do Jas induistrias modemas, favorecido cionais. A todos esses fatores mobilidude desenvolvimento oligopolista ou monopoli pela atuagio protegida das empresas multin: adicionam-se as disparidades estruturais quanto & repartigao da renda pessoal ¢ & conseqiiente estrutura da demanda agre 25. GRUNWALD, Joseph. Esabilidade de pregose desenvolvimento, segundo Escola Fstruturalista In: HIRSCHMAN, A. ©. (coord), Monetarismo us. estruturalismo wim estudo sobre a América Latina, Rio de Janeiro : idador, 1967. p, 107-138, Nessa mesma coletinea, ver também CAMPOS, Roberto de Oliveira. Duas opinides sobre a inflagao na América Latina, p. 81 € 92; ¢ FELIX, David. Uma alternativa para a controveérsia entre monetarismo ¢ estruturalismo, p. 93-106, 330, FCONOMIA MONETARIA Partindo des em termos menos demanda seguintes: Inelas baniza popul las. Os alimen de pro de urt press precos control efetiva Deseq. ciment alta pat ‘olvim dos bet sas ext Como politica dex n daquilo portacd bens, cc tros ber portago vas clas rior imp de subst sos dirig condute Partindo desses pontos, explicagio estruturalista da inflacio apresenta-se em termos menos convencionais, dando maior énfase estrutura da oferta do quea demands agregada. As bases em que se apdiam os tedricos do estruturalismo sito as seguintes: 1. Inelasticidade da oferta de produtos agricolas.O aumento da ur- ° banizacio tem como conseqtiéncia o fato de crescentes parcelas da fa populacio dependerem da oferta comercializada de produtos agrico- fe las. Os novos habitantes que se transferiam para as cidadles obtinham os 2 alimentos de que necessitavam diretamente nas dreas rurais em que le viviam. Como a estrutura de propriedade da terra e como os métodos > de produgao rural nao se modificam com a mesma rapidez. do processo > de urbanizacao, os custos da alimentagio alteram-se para mais, Por , Presses ou interesses politicos, 0 governo passa, entio, a controlar os as Precos dos produtos primairios. Pela rigidez estrutural do sistema, esse controle tende muito mais a desestimular a oferta do que a controlar efetivamente as presses inflaciondrias ja instaladas na economia xe 2. Desequilibrio crénico no comércio exterior. As politicas de cres- es cimento acelerado esbarram com © desequilibrio estrutural das trar tL sagdes externas, dado que a elasticidade-renda das importacoes & mais j e alta para as nagdes emergentes do que para as industrialmente mais adi- e antadas, Os paises desenvolvidos apresentam baixa elasticidade-renda Para a importago de produtos primarios, enquanto as dreas em desen- te Volvimento apresentam, em geral, alta elasticidade para a importacto es dos bens duriveis produzidos pelas nacdes industriais. Surgem, entao, : Presses inflacionarias decorrentes do ingresso compensatorio de divi if xternas, destinadas a financiar o déficit das transagdes correntes, a comrecao desse desequilibrio estrutural conduz a adogao de lb Politicas de substituicao de importagoes, criam-se outros tipos de ti is gidez na economia. Em primeiro lugar, porque a proxlugao no pais a daquilo que era importado nem sempre reduz a dependéncia das in Acdes, tomando-se necessiria a importacdo de outras classes de k bens, como matérias-primas industriais, maquina equipamentos e ou- tros bens de capital; a relacdo custos/beneficios da substituicto de im Portagdes no se mostra tao favoravel ois ha casos em que essas no- classes de importagao sensibilizam mais a economia do que a ante rior importacdo de produtos finais, Em se gundo lugar, porque politica dle substituigio exige a adocio de medidas protecionist sos dirigida: , em certos ca de produtividade os necessariamente altos. Em terceiro lugar, porque se estabe lecem novas indastrias oligopolistas ou monopolist ; condutoras de altas inflaci a industrias ineficientes, de baixos nive ede pre 5, que podem ser rias de precos, sempre que a expansao do A INFLACAO: CONGEITO, TEORIAS E ANALIS# DO CASO BRASILEIRO 331 seu lucro resultar em mudangas na estrutura de precos relatives da fort 3. Distribuigao desigual da renda. A distribuicho rigida ¢ extrema. ban mente desigual da renda pessoal é outro obstaculo a estabilidacle dos dug precos nos paises em desenvolvimento. Quanto a este fator estrutural ent as pressdes inflaciondrias decorrem da luta dos diversos grupos sociais var pela manutengio de sua participacao na renda nacional. Excitados pe nin las mudancas que se observam nos padroes de consumo, os gi renda pressionam pari assalariados de baix: - Adotando a ampliagao de sua cap cidade aquisitiva. Se obtém éxito, instalam-se press6es inflaciondrias de seus seguidores custo, que se manifestario t2o logo a expansio da massa salarial impli- estes preconizac reducao do lucto das inckistrias dominantes. Com o lucro reduzido, nica dos paises esas inchistrias'clevardo.os) precos e:precipinardo‘umna Bakeairid ef salariais automa prego. O novo patamar de pregos tende, ento, a perpetuar-se ou Cos passaram as mesmo a aleancar posigdes mais altas, caso 0 governo aumente a oferta nao atuantes sol de moeda para restabelecer o nivel afetado do emprego urbano. Nestas A politica condigdes, segundo a explicacao estruturalista, enquanto nao for rom- ‘mas de base (ad pida a rigidez estrutural da reparticao da renda, persistirio ¢ tenderao a ‘40 dos obsticul propagar-se pressGes inflaciondrias atribuiveis a esse fator te no setor prim 4. Rigidez dos orcamentos puiblicos. A rigidez dos orcamentos pili financiamento d cos completa o quadro da explicagio estruturalista da inflagao. Nos desenvolvimente Da as buigto da renda cura da paul paises em processo de crescimento acelerado, 0 governo ¢ leva sumir crescentes responsabilidades quanto & implantagao de um dee sélida infra-estrutura de apoio as indiistrias modemas que se instalam clusio de produt O proceso de industrializacao e de urbanizacao obriga 0 govemo a in- vestimentos macigos na infra-estrutura produtiva e urbana. Mas, como 6: um mercado que permita a colocacao de titulos do 5 A ABORL nao existe, em governo para financiamento nao inflaciondrio, surge a neces: Jade de Aabordager moeda como solucao para o impasse que se cria. Como se | ria mais ampla da sabe, nos instantes iniciais da transigio para a industrializacio da momento paradig economia, ha graves obstaculos institucionais a expansio das receitas marcado pelos publicas. De forma geral, mais de wés quartos dos gastos ptiblicos con- América Latina, d sistem em despesas correntes com pagamento de pessoal ¢ Celso Furtado 19 manutengo da méquina administrativa, Nao havendo condigoes para conceitos basicas mentos por meio de emissées. Como, em virtude de problemas empregou sempre juridico-administrativos, além dos de ordem social, o emprego no setor analisara inflacso, publico urbano nem sempre pode ser reduzido significativament sdes para o finan . dores com 0 seu ¢ avolumam-se as pres amento inflacionario dos gastos piiblicos acrescidos. Tais pressdes nao se perpetuario se os investi- mentos piblicos vierem a ser sumariamente reduzidos. No entanto, hi 26, PEREIRA, Luiz Be -m sas. bli sti- He sti hi fortes razdes estruturais para que es custos sociais da interrupea banizagao e de it Ultima hipotese no ocorra: os o dos ji desencadeados processos de ustrilizagdo passam a atuar como obsticulos a ducao das inversdes puiblicas. A inflacao, ainda que crdnica, torna-se ento, uma alternativa mais bem absorvida pela sociedade, comparati yamente is que impliquem redugdo do emprego e enriquecimento d Animo desenvolvin Sista, Adotando as hipsteses dk seus seguidores passaram 2 Se quadro estrutural, os economist divergir dos técnicos do FMI, quanto 3 estes preconizaclas para solucionar, via controle da ofert nica dos paises latino-americanos. A contengao dor salariais automiticos cos passaram tas da Cepal e medidas por fa monetiria, a inflactio crO- dito, 0 bloqueio dos reajustes reducio do financiamento inflaciondtio dos gastos publi 4 ser vistos como medidas aplicadas sobre os efeitos da inflagao, mas nao atuantes sobre suas verdadeiras caus A politica truturalista cristalizou-se na proposi¢ao de u ‘mas de base (administrativa na série de refor gratia e fiscal, entre outras) como forma de elimina- io dos obsticulos institucionais 4 maior flexibilidade da producAo, particu te no setor primétio, combi wada com a ampliacao da carga tributaria direta para ¢ financiamento dos investimentos publ licos necessatios 4 manutencao do clima de desenvolvimento, com a atuagao firme do governo para buicao da renda pess tura da pauta de melhorar o perfil da dlstri- ral e co a concessio de incentivos para a mudanea da estru. Portacocs clo pais, esperando-se como resposta a pro; essiva in- clusao de produtos nao tradicionais. 6.2.5 A ABORDAGEM INERCIALISTA \ abordagem da inflagao inercial, segundo Bresser Pereira,26“faz parte da tec ria mais ampla da inflacdo estrutural. Na verdade, pode set considerado o terceiro momento paridigmtico do desenvolvimento dessa teoria. O prim iro moment marcado pelos trabalhos dos economistas da pal (Comissio Econémica Para a América Latina, das Nagdes Unidas), particularmente de Oswaldo Sunkel (1958), Celso Furtaclo (1959), Anibal Pinto (1973), fillio G. Olive! 2 (1964), introduz dois conceitos basicos: 1) os pontos de estranguiamento na oferta, provocande a eleva a0 setorial dos precos; 2) os efeitos propagadores da inflacio, generalizando a cle vaca inicial dos precos para o resto da economia. Mario Henrique Simonsen, que empregou sempre uma abordagem eclética ~ monetarista e estruturalista ~ par analisar a inflagao, fez um ¥t contribuicio pontual para a teoria dos efeitos propaga. dores com 0 seu conceito de realimentacdo inflacionaria (1970)" 26, PEREIRA, Luiz Bresser.Inlagao iner ale plano cruzadlo, Revista de Beonomta Politica, v. 6,3 jub/set. 15 Ainda segundo 0 mesmo autor, “o segundo momento paradigmético da teoria da inflacao inercial ocorre com a publicacio do livro de Ignacio Rangel, A inflagdo brasileira (1963). O cariter endégeno da oferta cle moeda, a inflagao como meca- nismo de defesa da propria economia diante cla cr6nica insuficiéncia de demanda e oconceito de inflacio administrada ou oligopolistica sio as principais idéias desen- volviclas por Rangel. O terceiro momento paradigmético da teoria da inflacao estru tural ocorre no inicio dos anos 80, no Brasil, Temos entao alguns trabalhos, acialmente das formulas de indexacio de sakirios, onde se pode an- ia da inflacao inercial: André Lara Resende (1979), André Lara Resende e Francisco Lopes (1980), Francisco Lopes © Edmar Bacha (1981), Pérsio Arida (2982). A idéia da inflacao auténoma ou inercial ganha corpo com os trabalhos de Luiz Bresser Pereira (1981), Adroalco Moura da Silva (1981) e Edmar Bacha (1982) os quais jé comeca a se definir a idléia de que a inflacao presente é a mera repro- dugao da inflagao passada, € o resultado da indexacio formal e informal da econo- mia e mais amplamente do conflito distributivo. Joseph R. Ramos (1977), no Chile, tever embora apeganclo-se excessivamente ao problema das expectativas inflacionarias jaz uma contribuicio pioneira importante para a teoria da inflaciio inercial. Ott Eckstein, nos Estados Unidos, com seu conceito de core inflation (1981), faz uma oria da inflago inercial. Esta teoria, entretanto, $6 alcancaré pleno desenvolvimento com os trabalhos de Moura da Silva (1983), Bresser Pereira (1983) e Lara Resende ¢ Pérsio Arida (1984) contribuicao importante para at ada por Bresser Pereira rekicionadl 20 desenvolvimento te6rico da inflacio iner eproduzido: SUNKEL, Oswaldo, La inflacién 27. Abiblio inclu, pela ordem em que aparece no te chilens: un enfoque heterodoxo, £1 Trimestre Econsmico, ¥, 25, n° 4, 1958; FURTADO, Celso, ‘ormacdo econdmica do Brasil Rio de Janeiro : Fundo de Cultura, 1959: PINTO, Anibal. Infla: fn: races estruturales. México : Fondo de Cultura, 1973; OLIVEIRA, Ji G. Lain americano. In: SUNKEL, O. et ‘al. Inflacion y estructura tural y el estructuralismo latin ‘a. Buenos Aires: Paidds, 1967; SIMONSEN, M. H. Jnflasto: graduatismo vs tratamento de choguee, Rio de Janeiro : Anpec, 1970; RESENDE, André Lara, Incompatibilidace distibutiva inflacto estrutural. VII Encontro Nacional de Beonomfa, Auibaia: Anpec, 1979; RESENDE, A glo inflacioniria, VI Encontro Nactonal de LOPES, Francisco, Sobre as causas dla recente ace Economia. Nova Feiburgo: Anpec, 1980; LOPES, F., BACHA, Eclmar. nfl policy: Rio de Janeiro : PUC, 1981; ARIDA, Pérsio. Reajuste salarale inflagao; Pesquisa e apitalismo de estado (ea ex set ard mento Econémico, v.12, 2, ago. 1982; PEREIRA, LB. Intl de Economia Politica, v. 1, n® 2, ab. /jun., 1981; SILVA, A noma Politica, perigncia brasileira recente) Ke Moura da. Inflagio: reflexes 4 margem da experiéncia brasileira, Revista de v. 1, ne 3, jul/set, 1981; BACHA, E 1982; RAMOS, Joseph R, Inflacion persistente, iflacién reprimidla y hiperestagflacion. Cuadernos de Eonomia, 9° 43, PUC-Chile, dic. 1977; ECKSTEIN, Oto. Core inflation, Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1981; SILVA, A. M. Regras de reajuste de pregos € sallris e a inérciainflactonsia, Estudos Econdmicos, v.12, 82, maio/ago. 1983; PEREIRA, LB uroducdo a macrocconontia: uma perspectica bn Rio de Janeiro : Campy sancionadores da inflacio. X Encontro Nactonal de es aceleradores, mantenedore /omia. Belém : Anpec, 1983: RESENDE, A. 1, ARIDA, P. dnertal » PUG, 1984 (inimeo), Fe form in Brazil. Rio de Jar lation and monetary re~ 334 ECONOMIA MONETARIA Na constr: ‘aram por inteiro de oferta sio ge dores da inflacac tram subj Os fatores. quais a inflaciot expandidos via | Posto de que “nai momento esté for mos, 2 inflagao p taco automatica mentagio deriva dexagao de prece maticamente a in reco monetdiria que se alimentan pregos. Na verdav grande medida di passada mas tamb expectativas com: cilitado pela estru magao’. Dos fatores a abordagem inercie So inflacionario, 4 flacdo torna-se ine lecem seu valor cial €o de que ore cada no periodo pi dada a extensao dc minado contrato d temple o pleno rea siio do periodo: mperfeita contra mais curto for o pe rato, A taxa de infl: 28. LAGO, Luiz Arun de Janeito : Paz-e 29. ARIDA, Pérsioetal cial e reformat mor Na construgao de sua abordagem, os te6ricos da inflagao inercial nao descar- taram por inteito os enfoques de demanda e de ¢ stos. Os choques de demanda ou de oferta sto geralmente caracterizados nesta abordagem como fatores acelera dores dla inflacao, diferenciando-se dos fatores mantenedores, aos quais se encon- ram subjacentes os componentes inerciais ou de perpetuagio da inflagao passada. Os fatores aceleradores associam-se as concepedes ortodoxas, segundo as Quais a inflacio tem origem, por um lado, no desequilibrio dos orcamentos pili 05 € na sua cobertura via emissao primaria de moeda e, por outro lado, em custos expandidos via lucros ou salirios. J4 0s fatores mantenedores partem do presst Posto de que “nio se deve perder de vista o fato de que a taxa de inflacio em dado Momento esta fortemente relacionada a taxa de inflago no pasado, Em outtos ter. ‘mos, a inflaclo possui um elevado componente de auto-sustentacaio ou realimen- taco automitica. Ao contritio do que As vezes se supde, este elemento de reali mentagio deriva nao apenas da existencia de um amplo sistema formal de in- dexacao de precos, salirios e ativos financeiros, cuja tendéncia é reproduzir auto maticamente a inflagio passada, mas também de mecanismos informais de cor- reco Monetiria, que independem da existéncia de regras gerais de indexacdo € que se alimentam também de previsdes quanto a0 comportamento futuro dos Precos. Na verdade, a tendéncia da taxa de inflagio depende, como se sabe, em grande medida das expectativas de inflacao, que refletem nao apenas a inflacio 20 comportamento futuro dos pregos. Estas ativas comandam a remarcacao continua de pregos, processo que se vé fa passada mas também previsdes quant expec cilitado pela estrutura oligopolista de diversos segmentos «la industria de transfor- Dos fatores assinalados, a generalizad: sbordag 50 inflaciondrio. A forca desse fator & assim registrada por Pérsio Avida:2? “A in- flacao torna-se inercial quando os contratos tém cliusulas de indexacao que resta \dexagao da economia n inercialista, um dos principais ingredientes da manutengao do proces. constitui, na belecem seu valor apés intervalos fixos de tempo. O ponto central da inflacdo ine cial €0 de que o reajuste do valor nominal do (os em 100% da inflacao veri cada no periodo prévio nao garante a meta de um valor real consti inte, Isto porque, Jada a extensiio do periodo entre os dois reajustes, o valor real médio de um deter minado contrato depende da taxa de inflaglo vigente mesmo que 0 contrato con- temple o pleno reajuste das perdas devidas a inflacio passada. A menos que a ex tensio do periodo seja minima, cldusulas de indexacao de 100% so uma cobertura mperfeita contra a inflacio. Para um periodo de indexagio determinado, quante ais curto for o periodo entre os reajustes, mais elevado sera o valor real do con trato. A taxa de inflagio e 4 extensio do periodo de indexagio sao duas dimensé La >, Luiz Aranha Corréa do, etal, O combate a inflagda no Brasil: uma politica akemativa. Rio Janeiro : Paz e Terra, 1984. Ver Cap. Il, “Inflagho e Politica Antinflaciondia", p. 23-34 29. ARIDA, Pérsioet al. mflagdo zero. Rio de Janeiro : Pax Terra, 1986, Ver Capitulo I “Inflagao iner cial € reforma monetaria’, p. 934, A INFLACAO: CONCEITO, TEORIAS F ANALISE DO CASO BRASILEIRO 335 cruciais dos contratos com cliusulas de 100% de indexacio nos processos de in- A econo- flacao inercial. Estas duas dimens6es, contudo, nao sao independent mia brasileira nao constitui excecio a regea de que grandes aceleragdes da inflacio Jevam a uma reducio no prazo normal dos contratos. Considerados os custos de cenvolvidos na reestruturagao dos contratos, menores acelera translaga coes da in Aacio nio sto compensadas por redugdes no periodo de indexacao. Mas as perdas Jo tornam inevitvel a reformulacao le causadas por maiores aceleracdes da infl gal dos contratos. Quanto mais elevada for a taxa de inflacao corrente, menor ten dera a ser 0 periodo de indexacio. O retarco no ajuste clo periodo de indexacio é uma dadiva ambigua. Do ponto de vista dos choques de oferta, € certamente de- sejavel, porque numa economia cada por um choque de oferta ocorre através das variagdes na taxa de inflagio. Se indexada a mudanga nos precos relatives provo: co da inflag2o reduzindo a 2s agentes respondem rapidamente a qualquer acelera extensio do periodo de indexaglo, uma pequena variac4o nos precos relatives maitica da taxa de inflacao. Do ponto de vista da inércia, do € um infortinio. Isto porque é leva a uma aceleragao dr porém, 0 retardo no ajuste do periodo de index: » periodo de indexagao que comanda a memdria do sistema econdmicc neralizada e c em, a indexacao nos inerciais de manutengio da inflacao dificilmente sto controlaveis pelos in: Para os te6ricos da abordag {ros mecanis: mentos tradicionais da politica monetaria. Segundo os inercialistas, & baixa s expectativas que reproduzem inflagdo passada. Dai, as divergencias entre as correntes de demanda-custos € undamentadas em fatores estruturais e inerciais, quanto aos mecanismos de esta bilizagao dos precos. “Se a inflagao é inercial, se nao decorre do excesso de de manda, mas da capacidade dos agentes econémicos de repassar automaticamente os aumentos de custos para os precos, de 1 inflacdo pas sada, a solugao natural para quebrar esse produzir no prese passe € controle administrative de precos. E essa solueao tora-se ainda mais natural quando sabemos que essa capa- cidade de reproduzir automaticamente a inflagio passada no presente torna-se tanto maior na nto maior for © patamar de inflacao, mas també quanto mais oligopolizados ¢ estatizaclos forem os mercados de bens e servicos ¢ de trabalho.” Os criticos dessa abordagem por nderam que, nao obstante os instrumentos heterodoxos recomendadlos pelos inercialistas (como congelamentos de precos € alta jores mantenedores cla in. extinglo dos mecanismos de indexagio via decretos) possani eficdcia de curto prazo, na reme » dos chamadbos / flacao, a médio prazo © processo inflacionario podera recrudescer, caso n concomitantemente adotadas medidas ortodoxas que atuem sobre os chamados aises latino-americanos (in fatores aceleradores. Nos anos 80, quando em varios 30. PEREIRA, Luiz Bresser. Pkino cruzado e inflagao inercil. Revista de Econo 336 ECONOMIA MONETARIA clusive no Brasil herdico de inflag neiras erradas di blema monetirio la como purame: taxas estratosféri mento. Monetaris le razao em seu razdes da outra. ¢ sociais que consiy dade 6.2.6 OBSERVA Apés termos guintes observac 1, Nenhy lagdes oferta 2. A acell ples cc menos ral des: explica 3. Parece politica propric ccabam Mas, ton 4 comp, de form 31. SIMONSEN, Mati clusive no Brasil) a heterodoxia estruturalista-inercial foi adotada como tratamento herdico de inflacdes aceleradas e recorrentes, Simonsen” observou: “Hi duas ma- neiras erradas de enfrentar a inflacio. A primeira € traté-la como um simples prc blema monetirio e fiscal, ignorando o sistema cle index cao. A segunda € classifi la como puramente inercial, quando déficits puiblicos, lém de elevar os juros a ratosféricas, exigem vigorosa expansio monetiiria para o seu financia mento, Monetaristas ¢ fiscalistas, de um lado, ¢ inercialistas do outro, estao cheios de ru io em seus argumentos. E preciso, apenas, que cada parte reconheca as razdes da outra. O que talvez seja o ponto de partida pa 1. construcao de pactos sociais que consigam abater a inflagio com um minimo de sacrificios para dac 6.2.6 OBSERVAGOES FINAIS Apés termos abordado as viirias explicagdes te6ricas da inflagao, cabem as s: 1, Nenhuma das teorias expostas nega de forma explicita que a inflacic seja um fendmeno monetirio. Parece haver consen: flagdes dificilmente se perpetuam se nao houver ums expansto da oferta de moeda, seja qual for sua causa. A aceitacao desta conclusdo nao implica que se deva ad c da inflagio, uma Gnica linha de mpreensio do complexo fendme exposicao tedrica, Na realidade, as ori ples como pode parecer 4 ns da inflacdo nao sao tao sim: primeira vista. A fatores casuais classicos e fa cilmente reconheciveis podem sobrepor-se outros menos evidentes © nenos superficiais. A pressdes dle demanda agregada excessiva p sobrepor-se fatores que resultam de mu ral dessa mesma demanda. A pressdes de custos podem sot ANGAS, Na Composicao estruty explicagdes nao facilmente refuriveis que tentam enxergar as razoes sociais e politicas dessas mesmas pressoes Parece que a complexidade das explicagdes, dos diagndsticos ¢ das politicas decorrentes talvez possa ser atribuida 4 complexidade do Proprio fendmeno ca inflacio. Esta é a razao pela qual as teorias que acabamos de expor nao sejam mutuamente elimindveis. Vistas isolada > passem de meias-verdades. Conjunto, servem como pontos de apoio para o exame e compreensio da realidade concreta. E esta dificilmente é explicavel de forma simplista mente © cada uma de per si, tal Mas, tomadas e ONSEN, Mario Henrique. A inflagao brasileira: lgdes € perspectivas. Revista de Economia Poliica, v.5, ° 4, out./dez. 1985, Como adiante veremos, 10 analisarmos em termos concretos a inflacao no Brasil e as politicas de combate adotadas pelas autoridades econémicas, as princi- pais medidas aplicadas pelo governo variaram enormemente em diferentes épocas e situagdes. A inflagdes diagnosticadas como predominantemente de demanda, sucederam-se surtos diagnosticados como de custos. E também nao faltaram diag- nos 50 1 estruturalista, notadamente 1 4 Cepal. Nos anos 70, as acdes do governo pautav: primeira metade dos anos 80, pre orretivas de nature: nésticos e propost: € 60, sob influencia d m-se, pre- dominantemente, por diagnosticos de custos. dominaram os ajustes com base em demanda-custos; na segunda metade, reinaram 1s propostas heterodoxo-inercialistas. Por fim, no inicio dos anos 90, retor rgumentos € as politicas ortodoxas. No Brasil, a reforma monetaria de 1994, de ens ortodoxas nat que resultou a criagdo do real, significou o retorno de aborda; condugo da politica antiinflacionatria 6.3 A Inflagio, o Emprego e 0 Crescimento Em complemento as teorias da inflagio que acabamos de expor, ¢ antes de analisarmos 0 caso brasileiro, veremos agora as possiveis relacdes entre a inflacao, 0 nivel do desemprego € 0 crescimento econémico. 6.3.1 A CURVA DE PHILLIPS O estudo das relacdes existentes entre as taxas de inflagio € o nivel do em prego sempre foi um dos aspectos mais importantes da teoria macroeconomic: Isto porque os objetivos basicos de manutencao do pleno emprego e de controle das press6es inflacionirias somen em condicdes especiais e transit6: mostraram-se facilmente conciliaveis. De forma geral, a procura persistente do 0 sempre acabava por conduzir $s nominais da pleno empre; aumentos aper renda, sem a elevagio do. quantum da producto; inversamente, estabilizagio dos precos 4 curto prizo conflitam com os objetivos de manutencao s tentativas de da economia em niveis operacionais proximos do pleno emprego. > exame dla relagio histérica en- 5 no nivel geral de precos. O Deve-se ao econ tte as taxas de desemprego e as variagdes observ: trabalho original de Phillips, baseadoem um século, examinou aé relacGes entre a alteragao nomina sta inglés A. W. Phillips* los que cobriram um periodo de quase dos salarios e o nivel do desemprego no Reino Unido. Posteriormente, surgiram novas versoes em tomo Iho. Mas a maior parte delas confirmou a conclusao fund: in- PHILLIPS, A. W. The relation between unemployment and the rate of change in money wage rates in the United Kingdom, 1862-19: 338 SONOMIA MONETARIA vestigagao pione niveis de emprey balho original de tagao empirica 5 cacao da versio autores tentaran tentes, Taxa de inflagao FIGURA 6.8 cur taxas lagac erage Essa relacio or Sou a ser teoricament Produz uma dessas ¢ prego é m vestigacao pioneira quanto dexisténcia de uma relagdo inversa nao linearentreos niveis de emprego e as taxas de inflacdo. A propésito, cabe esclarecer que o ta balho original de Philips € o do tipo ad hoc, & medida cdo empirica sem 0 necessario supe cagio da vers que verificou uma consta- € te6rico, $6 algum tempo apés a publi 20 de seu trabalho € que Lipsey, Tobin, Phe , Friedman e outros uutores fentaram encaixar sua constataglo dentro das teorias econdmicas exis. tentes, Taxa de inflagao PR, ‘Taxa de desemprego FIGURA 6.8 A curva de Phillips de curto prazo, H.y, mostra ocomportamento das taxas de inflacao e de desemprego, surgindo lacao inversa nao | isténcia de uma re rear entre elas. O ponto U, indica a taxa de de- semprego natural, cuja modificagdo, a curto prazo, implica al leragdo da taxa de inflacao, Essa relago originalmente descoberta entre taxas de emprego e inflacio pa 6.8 1 ais divulgada. A taxa de desem Prego é marcada no eixo horizontal ea de inflacao na vertical. A curva corta 0 eixo SoU a ser teoricamente descrita pelas chamad urvas de Phillips. A Figura produz uma dessas curvas, segundo sua versio m A INFLAGAO: CONCEITO, TEORIAS E ANALISE DO CASO BRASILEIRO 339 horizontal no ponto correspondente a0 desemprego natural da economia, con- ceitualmente semelhante ao desemprego friccional da terminologia clissica ramo superior da curva, 2 esquerda do ponto Uj, € geralmente dado como menos eldstico que o ramo inferior. Tal caracteristica decorre de que as tentativas de redu cdo do desemprego para nfveis inferiores a Uy provocam acentuadas elevacoes da axa de inflacao, dada a rigidez cada vez mais acentuada da capacidade de produ- anteriores, -conomia; aliis, como vimos em t6pico: gidez, pode tornar-se Wo acentuada que quaisquer medidas que tencionem reduzir ainda mais as 8 ja insignificantes de desemprego somente terao o efeito de expandir os niveis dos precos. Em seu ramo inferior, 2 direita do ponto Up, a curva é rela vamente mais s para bs em resposta a deliberadas redugdes provocadas no nivel geral de emprego da eco- clistica, mostrando que os niveis de precos nao sao facilmente flexiv noma, Essas relagdes nto lineares so tipicamente observiiveis a curto prazo, Antes que se verifiquem ajustamentos nas expectativas de emprego e de precos, uma re dugao do desemprego de Ui para U; sera obtida ao custo de uma elevagao d de inflagao de 0 para P). De outro lado, uma redugio da taxa de inflagao de 0 para Py (det para Uy Lum lacdo) teri como custo socia ampliacao da taxa de desemprego de U A prazos mais dilatados, as relagOes entre as taxas de inflagao e de desempre- g0 slo passiveis de reajustamentos ou acomodacdes, decorrentes da modificacao das expectativas criadas por medidas que visem reduzir as pressdes inflacionérias ou elevar os niveis globais de emprego. A longo prazo, como mostrou Friedman, i curva de Phillips tende para a vertical, em decorréncia de reajustamentos que se observam nas expectativas. A Figura 6.9 mostra como se procedem esses reajusta- mentos. Suponhamos que as relacoes entre as as de inflacao e de desemprego sejam as descritas pela curva Hc), encontranclo-se a economia na posicao inicial de equilibrio dada pela interseccao dessa curva com 0 eixo horizontal: a taxa de de semprego natural é de Uf € as expectativas reinantes sao de que a taxa de inflacao seri 0. Se forem adotadas medidas para que a taxa de desemprego seja reduzida para Uj, a economia deslocar-se-4 transitoriamente na direcio do ponto A. Subse- qiientemente, & medida que a taxa dos saliirios cresce tanto quanto o nivel geral dos to B, tendendo a retornar a sa economia movimentar-se-i na diregao do pon posicao inicial de desemprego natural, a uma taxa efetiva de infla p feriores a Uj, novamente haverd deslocames © superior dada r P,. Se o governo persistir na politica de reducio do desemprego para niveis in 105 transit6rios na ditec’o do ponto C mas, t20 logo sejam revistas as expectativas ¢ reajustados os salirios, o desemprego retornard a seu nivel natural, na diregao do ponto D, sem que a taxa efetiva de infla- a0 recue do ponto P,, para o qual ji se havia expandido antes da nova acomod do verificada Taxi oe inflagac Eo FIGURA 69 Alc des u dug Py) ean Eimponante: sistente de redugac camento dla econg prego de U para U natural. Mas, tio lo a0 nivel U, Cabe a vas para cima, em baixo, fato stigeridc inferior da curva ¢ gradualistasde con Taxa de inflagéo PB TTaxa de desemprego ee ee sh Sie FIGURA 69. A longoprazo, a relagdo entre as laxas de inflagaoc de desemprego descrita pela linba vertical Hy. Dada a taxa natural de de semprego, U), suas alteragdes tendem a ser transitérias, de curto prazo. A re: ducdo para U; tmplicard a expansdo dos precos, de 0 para P, ou de P; para Ps; masa prazo mais longo, o desemprego tenderé a vokara iclal, embora a taxas inflaciondrias mais altas. O sua posigao in jvas de reduucdo da inflacao; os pregos ‘mesmo ocorrera com as tent Fecttam sob o custo transit6rio de um desempreyo maior, até que as expectativas sejam novamente reajustadas. E importante observar também o que ocorria na hipdtese de uma politica per sistente de reducio da taxa de inflacio. Momentaneamente, por exemplo, o desle camento da economia de D para F produziria um aumento da taxa de desem prego de Ug zendlo que o sistema operasse com um desempn natural. Mas, t2o logo as expect a0 nivel Uj, Cabe apenas observar, neste caso, que o reajustamento das expectati cima, em geral, se processa mais rapidamente que o reajustamento para le elasticidade nos ramos superior e vas fossem revistas, a economia voltaria a operat vas para fato sugerido pelas proprias diferencas va de Phillips. Dai por que inflacao, cujos custos sociais (aumento do desemprego, bai inferior da cu graduatistascde combate autores que preconizam politicas AINFLAGAO: CONCEITO, TEORIAS & ANALISE DO CASO BRASILEIRO 342 reducao da producto ¢ queda no ritmo de crescimento) geralmente sto menores em comparacio com os resul ntes de tratamentos de ch Ainda no plano te6rico, cabe finalmente notar que a seqiéncia das acomo: Jacoes descritas (quer sob a hipotese de politicas que objetivem a reducio do de- semprego, quer solv hipotese de politicas que objetivem a redugao das taxas efeti vas de inflagio) é traduzida pela linha vertical H,, aceita como uma derivagio da de Phillips a longo prazo. E em torno dessa linha que se estabelece 0 cha- mado citcuito de Phillips, indicado na Figura 6.10, Trata-se de uma rotacao que, a longo prazo, conduz & economia a operar em pontos situados ao longo da linha Hy, ainda que os niveis de precos se modifiquem, sob o impacto de politicas de controle da inflagao. de ‘ inflagao A, a, r “Taxa de desemprego He M, | FIGURA 6.10 O circuit de Phillips. A longo prazo, apés deslocamentos delibera rovocados por medidas de politica econdmica, as expec- idem a ser revistas, seja quanto a inflacdo ou ao emiprego, damente tativas te reconduzindo a taxa de desemprego a sua posicao natural. As implicacdes da andlise de Phillips, tanto do ponto de vista tedrico, como para a conducao normativa da economia, sto sem dtivida relevantes. Testes empiri- cos, resultantes de estudos recente: lidade das relagdes descri tas, em diferente estudo feito poi economia brasil jetoria da curva econdmicas de mento da prodv pectativas um f ‘uma politica at taxa de crescime inflacao cresce nao atinge nivei das dificuldades Facil e indolor te mais doloroso e baixos 63.2 AINFLA As observa ntre a infl geralmente suse tos complement Cabe inicia nada de miltip da bierarquia bver grau de correlag que se apropriar peculativas. Noe las para produz para adiitir qui inflagao podem Gordon* efetivamente — ente ~ p nados com a mel eficiente € coma vidades de subs 3. CONTAD 34. GORDON, Robs tas, em diferentes épocas ¢ para diferentes economias. Resultados empiricos de um estudo feito por Contador’ revelaram claramente a aderéneia de séries reais da ra, sobre inflacdo e desemprego no periodo de 1947/1973, 3 tra- jetoria da curva de Phillips. Mostraram ainda, no caso do Brasil, que as politicas econdmicas de reducao da inflagio tém envolvido perdas transit6rias no cresc mento da producio 1 pectat economia brasil I. Além disso, evidenciaram que, sendo a formacao de ex- as um processo d emorado a geragio de tensdes inflacionarias tem sido litica atraente para reduzir momentaneamente o desemprego € elevar a taxa de crescimento do produto real”. Tomaram claro também que “a estratégia de inflacao crescente permanece relativamente indolor enquanto i taxa de inflacao nao atinge niveis julgaclos politicamente insuportaveis”. Dai em diante, em vitude mixo, “quanto mais las dificuldades inerentes & reversio das expectativas para b facil e indolor tenha sido a mais doloroso e impopula lesemprego As custas de inflagao crescente ‘amento para retornar a inflacao a niveis mais "AO E O CRESCIMENTO ECONOMICO, As observagdes que desenvolver sugeriram a existencia de rela- Ges entte a inflacho e 0 crescimento econémico, No entanto, devido ao interesse geralmente suscitado por esta questo, julgamos pertinente destacar alguns aspec tos complementares € especificos. Cabe inicialmente assinalar que a inflagao acentuada geralmente € acomy nhada ce miiplas conseqiiéncias nocivas, entre as quais se destacam a da bierarquia salarial, 0 desinteresse por aplicagdes produtivas e, sobretudo, a destruigao crescente subversdo da ordem econémica, esta Ultima devida ao affouxamento do grau de correlagao entre 0 esforco produtivo e o entiquecimento de novas classes ropriam de riquezas acumuladas por meio de atividades meramente es- Noentanto, enquanto as taxas de inflacao nao séio suficientemente al. las para produzir esses outros efeitos perniciosos, parece baver suficientes razbes para admitir que, em economias ainda nao desenvolvidas, as taxas moderadas de peculativa inflagdo podem conciliar-se com taxas aprecidvets de cresctmento econémico. Gordon* sugere que, havendo condicées para que a oferta global se expanda mente — por exemplo, pelo aumento dos investimentos produtivos, combi- nados com a melhoria da produtivi ade resultante da absorcao dle tecnologia mais eficiente e com a mobilizacao de forca de trabalho até eto subempregada em ati- vidades de subsisténcia — os acréscimos levemente inflaciondrios da demanda 38. CONTADOR, Ckiudio Roberto, Crescimento econém > e ocombate inflagio. Revista Brasilet- rade Economia, v.1, n° 1, Rio de Janeito, jan./mar. 1977, Este estudo de Contador tr também excelente exposicio teérica sobre a curva de Phillips, 34. GORDON, Robert J. Op. cit. Apéndice a0 Capitulo 10; “Inflation ancl economic growth, p. 300 A INFLAGAO: CONCEITO, TEORIAS E ANALISE DO CASO BRASILEIRO 343,

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