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150.1 A FILOSOEIA NAF Wi PSICOLOGIA 20 | L| Humanistica dialogs com Foucault, Deleuze, ‘Adorno e Heidegger lugdo a vida intelectual, Jo20 Batista Liban 2. Norma lingua, Naren Bape 3. Aindlst db otra Eis de plc ren Habermas scape taliccbdebeciedadpendti ce Sociologia da comunicagao, Philippe Breton, Serge Proulk. AO i i - JOAO LEITE FERREIRA NETO E ‘ JACQUELINE DE OLIVEIRA MOREIRA 8, Verdade c | tenes) 8. Joven em epoe pbs nd nsideragbes so i gre Mien Vvendt, Ana Paula Repolés Torres. . U.F.M.G, - BIBLIOTECA UNIVERSITARIA sod UNA Dion Fa Db Nip Hedge 212631607 ib ete Fen Ngan sce ci or Ho BANMRUG EDTA TOUT ‘Sumario Pref dl on Lame FRRneIRa Ne Jacquriive pe OuvetRa Mower ‘Caauos Ranerro Daavis [A vocasio filos6fica da Psicologia Rot ipteses incias Joao Lerre Fraazina Neto provocagdes para a Psicologia. : Tan. C. FRacae Passos 61 SOBRE DELEUZE £ A PSICOLOGIA.. Sobre criticas e invengbes: breve discussio acer. ‘das ideias de Gilles Deleuze na Psicologia no Br RRowensa Canvatito ROMAGNOL BEDICOES LOYOLA Sic Paulo Bra 2016 entre a Psicologia vo pe SOBRE ADORNO E A PSICOLOGIA. Theodor W. Adorno ea Ps ‘TLW.Adorno ea Pcl n notas partie Aspectos da questo SOBRE OS AUTORES..., Prefacio Joao Leite Ferreira Neto! Jacqueline de Oliveira Moreira* Carlos Roberto Drawin’ scimento cientifico e académico da Psicologia nto -os pensadores prognosticaram sua impos vez que nio haveria espago epistemologico dispontvel entre Fi se ocupava com a estratura ¢ funcionamento do corpo hn Jogia, que se ocupava com a estrutura ¢ funcionamento da sociedade hu- ‘A mente — ou alma, palavra constitutiva da etimologia do ter icologia” — nao parecia adequada tuar na exterioridade espacial, equisito imprescindivel da objet -com um dos mais célebres tratados sa tulado pela tradigao como Sobre o ps ro pabiaterzaioaclerade apésa Revolt Industrial o roblemas — como a reorganizagao do sistema es sda contri de stems nals ade de aval de wn ‘ovo entendimento sobre as patologias decortentes dos novos onde transporte ¢ da vide agteda ds cidades — que impunham a a ono io deposi eimatvam nat ede iegne into extremamente complexo de condigdes,simulteneamente de pensamento, A fra a A fragmentagio de pers de Pe pectivas tebricas e priticas n: £6 pocem xequ 2 unidade do campo das psicolagias como oui ure 4 eum misad de qustonamenen Nese coneney d 1 texto, de seu desenvolvimer pos nto como os dss de hoje busou a contribuigao de outrasdisciplins cient Porte de ideas relexdesproveientes da Filosofia ies oe a Psicologia nao se pode contas, portanto, lecimento de uma estabilidade paradigm eee mesmo em uma drea n Por exemplo, a Psicologi oua Psicandlise.A persisténcia dessa si dimer a lessa situacdo ea constatacai de mats cokegas por iso estimalou um geapo de potecones ae rofessores do da PUC de Minas Gerais a jue ndo ocorre nem 'es do Programa, fil6sofo, docente de Programa de Pés-G) tiveram. quisa luagdo em Filosofia. leia de organizar um curso sobre os ee is mento, pouco a ensinar sobre o tema, mas mt deslocou-se do planejamento de uma disciplina para o envolvimento com Logo nas primeiras reunioes percebemos que tinhamos, naquele mo- \compreender.A conversa a pergunta © 0 desenho de um caminho para investigé-la. A pergunta cera: como psicélogos brasileiros langam mao de autores ¢ conceitos filo- séficos? O passo seguinte foi conhecermos parte da producao recente em Psicologia que dialoga com a Filosofia, mediados pela Scientific Electronic Library Online (SciE1O). Em abril de 2014, com 0 descritor “Psicologia” associado a “Filosofia’, encontramos 441 entradas. Posteriormente, reali- zamos combinagoes de descritores utilizando “Psicologia” com o nome de 22 filésofos de reconhecida relevancia. Co tado de nossa pesquisa preliminar verficamos que Foucault apareceu com destaque, ocupando ‘© primeiro lugar com 89 entradas, seguido por Delewze com 32, Adorno ‘com 26, Heidegger com 13 e pela Teoria Critica com 9 entradas. Como passo seguinte decidimos prosseguir nosso estudo abordando © filésofo mais utilizado, Michel Foucault, ¢ elaboramos um primeiro trabalho, ainda nao public: lado Usos de Foucault nos estudos ypés percurso inicial, percebemos que novos avangos, no dariam outros colaboradores. Tal intuito nos direcionou para a produ- Go desta coletinea, A Filosofia na Paicologia ~ Didloges com Foucault, Deleuze, Adorno e Heidegger, contendo, além das nossas, contribuigoes wva dois objetivos. O primeiro leitos com os quatro filésofos ‘ais utilizados, com 0 apoio de estudiosos brasileiras dedicados a in- -vestigar tas fildsofos. Assim, convidamos docentes de outros Programas de Pés-Graduagio como da Universidade de Sao Paulo, da PUC de Sao inense ete.além dos colegas da PUC Minas que nao participaram de nosso grupo de pesquisa. segundo obj iar uma interrogagao critica acerca dos ti pos de uso da Filosofia ‘Assim, constatamos, por exemplo, ‘que 0 uso da obra de Michel Foucault parece se espaldar no forte apelo a suscitar um posicionamento etitico e politico pritico dos seus tex ‘em nossa area profissional e em nossas pesquisas, sobretudo nas insti oi ibém percebemos a ten- lada em citagbes de © dilogo critico, plural 'idarmos outros os desjamos também pos tara disemine. adas e enriquecedor: avalagd critica do uso que temonftodos een en nossa atuacao, como py ‘80 de conversas mais a ‘ionem a to dos filsofos mais proximos de adensar¢ imento. A aposta desse percurso ainda desdabramentos tedricose novasadesies ‘iraet Studio, como d acolhimento e. Elaboramos o convit sui mnvite aos colegas com o um texto que aborde.o uso da pa adh explragio de algum on- iculagaio com a Psi Corte que for jlgaco mais apropriado”: Cada a Pare ibrta see diego crat 0 proprio desenbo dessa aproximagao, ‘rawin ¢ Jacqueline Moreira trabalharann o tema da relaco fia com base em quatre pontos. No pri texto propoe sucinta regress oe egressd0 a um tempo anterior propoe-se "de mancia ps aideiade si oo 0 ‘comm ¢ pecaliares em cada um dees. Em co1 para exportagao’ em diferentes paises, sempre foi apreendido com base em uma fiexdo politica plaralsta de suas contribuignes, endo que, nos Estados Uni- dose na Argentina, essa recepeio politica extravasou o ambiente ac \do-se a lutas sociais em outros espagos, Desde esses estudos dialoga-se com a recepgao brasileira, Essa posstii muitos aspectos em comum com a 6 itucional com varios pontos anglo-saxdesestudados, bem como sua apropria rsitirio, Contudo, pondera ‘autor, a avaliagao do itantes do esforgo paciente: _aexposigdo direta das crengas que por vezes desloca 0 pesquisador de suas convi los6fico de Michel Foucault, ndo acentuar algumas contribuicdes que provogu ogi. Enfatiza como sua obra abala a concepsao esses 10, tio marcante na tradigio da cultura ocident ienta a dimensio critica da produgdo foucaultiana, discorrendo sobre seus nse gencaligicos,além de seus estudos sobre os sua morte prematttza interrompeu suas pesquisastenham sua obra se interessam ‘um pensamento com! o continuadas por ou idades de exploragao € aponta a dupla entrada de Deleuze ¢ Guattari 1,ede outro pela brasileira Enquanto na recepsao carioca ha forte di lilogo se dé com a Filosofia. A autora en- tende que as clemento estim buigdes de Del agentes sociais que apostam abrindo-nos a processual da Sociedade, ‘entre’ como espaco de criagao. teed er lade da vida e do conhecimento”. aictoeeee to, Eduardo Passos br " vas” entre Psicologia Sinead oases em nos fecundidade tropical as referéncias da Psicologia aos autores da Teoria C i especialmente, Adorno, Horkheimer ¢ Benjamin. spemareen te ict 35 “ainda lt (© capitulo de Ari Fernando Maia focaliza a célebte obra de Adorno, eee Minima Moralia, como importante contribuigio para a critica da Psico- ‘vasto campo de teorias, éenicas € praticas logia compreendida como u sicas, de modo especial Psicanslise, para, {que x orientam por meio de epistemolog ddesvelar como as fraturas da subjetividade refletem o universal alienado, Bia no contemporineo tem os desafios de um es a“adaptagio violenta a uma ordem contcaditéria”¢ sistema de domi- tempo wt6picoc intempestiva Pacranebc eraso-temPO 20 mesmo fF nagio de um mundo totalmente administrado, Adorno € um filésofo dbslocanossaciencneprofeste daca nan merada pela instabidade | esencil pra nos ajadar a superar 0 individ to.ea pensar convocando-nosa operarno devir Nesercogn en eortopéico, a dialética entre individu e cultura, particular «universal sidecases Netto pesameno de Dele José Newton Garcia de Araijo nos oferece uma feflexdo sobre are- sui potencia intercessora, que pode, paradowalmente “nn nn eo lagdo da Psicologia com Heidegger. © autor trabalha trés conceitos fun- ‘mesmo como se livra de usn habito” et damentais na obra Ser e tempo do filésofo alemao, a saber, temporalida- de, euidado e angst, que se apzesentam como basilares no campo da 1 que Araujo aponta para «0 possivel equivoco na interpretasio da Psicologia dita fenomenol6gica efou existencal da obra de Ser etemapa, porque “muitos leitores desco- ca desta obra ¢ a inter- le rar-nos de ‘Theodor W. Adorno ea Ps 10 ‘sicologia: algumas ne de José Leon Crochik. No text: praersemipienid sobre Adorno, a gual nos Permi sualizar sua relagdo coma ar © autor inicia com uma breve bi lca 0 fésofo no seu cd sa a soci oe aborda, nheceram a orientagao propriamente 0 Senses ienlgen Osta de pretaram numa perspectiva estritamente antropolégica ou énti Se Adorno na crag de um metodo trabalha, ainda, os seminarios de “Zolikon” ¢ reflete sobre @ polémico Provenientes da Filosofia, da Psicandlise ¢ das Citndas sae cengejamento de Heidegger com o navismo, ponderando que, apesar do Buida,o autor discute a apropri 'ncias Sociais. Em se- horror em tal ligagao, a obra do fildsofo representa profunda indagago de Theod acerca da riqueza e das contradigoes inerentes 3 existéncia humana. tal pensamento produz maior influ Cristine Monteiro Mattar toma como ponte de partida de sua expo- enfa sigao a distingao proposta por Michel Foucault de duas vias tomadas pelo pensamento filos6fico. Uma, consagrada pela tradiglo, €a da metafisica ea outra, da experimentaga situado 0 pensamento hei- deggeriano. Nos Semindrias cou a tendéncia eo podem acces 40 poclem gerar erros de interpretaca orasio de Adorno pela Psicologia Brasileira pode indi. * da Psicologia para trabalh: : ra trabalhar determinados temas ¢ bodes rasa a 7 de trabalhos de Psicologia Social no 2 oat ie decompress formas de violencia. Por fim, Crochik 9 een. mind Oa rochik apresenta um panorama ‘ou ser-no-mundo. O Dasein nao pode ser objetivado nem explicado por 2 tuma rede de conexdes causais, por isso, esse modo de compreensio do cxistir humano exige uma visio radicalmente diferente da espacialida~ de, da temporalidade c da causalidade. A relevancia desse novo modo de compreensao do ser do homem para a Psicologia é inegavel. No entanto, dlever-se-iam distinguie duas diferentes acepgdes de Daseinanalyse.A pri- imeira se refered analitica existencial como ontologia fundamental e diz respeito estritamente & Filosofia, A segunda se refere & “comprovaciio € descrisao de fendmenos que se mostram factwalmente, em cada caso.em tum determinado Dasein existente. Nesse sentido, interessa& Psicologia”, Estabelecica a diferenciagao dos dominios da Filosofia e da Psicolo, autora mostra algumas im de compreender a existe a em sta singularidade. capitulo escrito por Jodo A, Mac Dowell aborda a quest#o da Etica «em Sere tempo de Martin Heidegger. © filésofo rejeita as éticas tradicio- nis por sua orientagdo metafisca e por ndo responderem 3 interpretacao «existencial do ser humano por ele proposta. im Carta sobre humanism, © fil6sofo afirma que Ser e tempo contém uma &ti ria que bus- da pergunta Proposta em sua ontologia fundamental; “quem é voce, Essa pergunta do pode ser respondida abstratamente, mas implica uma ab solutamente singular e irrepetivet’, pois o existente humano (Dasein) é abertura para “diferentes possibilidades de ser” ¢ existe como “liberdade ‘que se projeta diante de alternativas féticas”. A decisio fundamental con- sistiria em assumir ou nao a prdpria liberdade, porém nao é uma decisto solitaria, mas de um ser que existe originariamente no mundo e com os outros. A ética origindria 6 uma ontologia existencial da liherdade, que a exigéncia incontornavel de ser huma- no para a liberdade, uma vez que a “escolha verdadeiramente livre" s6.0 € porque ultrapassa “qualquer determinagao objet Referéncia FERREIRA NETO, JL. et al. Usos de Foucault nos esiudos de Psicologia no Brasil M (@ inédito, Belo Horizonte: PUC Minas, 2016. A vocacao filoséfica da Psicologia Carlos Roberto Drawin' Jacqueline de Oliveira Moreira’ campo de forgas que possibilita 0 surgimento de uma discilin mt ltifatorial, como se observa na Oeriie é sempre complexo € multifato ae senci Yao obstante, ado da Psicologia como ciéncia positiva. Nao ol i iniedateroeehitrcos da nea etparam na data inure par sen natimento: a fundsgdo, em 1879, na Universidade de Lepr, Uo primero laboratério de psicologia experimental por ina Mtb lem ser considerados Vilhelm Wunddt (1832-1920). A data eo luger p es Sian da emt deste ten uae jortante, a formagao de uma varios anos e obteve, como fruto mais importante, cum vnidad internacional de pesqusedores reinadosem compet rots ltr dogma vole tla du Fahad ost "on 100,com.br. MG ples dada PUC Minas peiclog chica ME ANPEPE, boas de Prose samp des meds sce a‘cigncia da alma” especiica,com base em um projetotebrico suficientemente amploem sua série classficatéria fandamentagd,claboracio conceituale metodoldgiea (ARA0}0, 2009), Nenhuma ciéncia surge diretamente da observagao e experigacia 7 oe conduridas em uma espécie de vécuo cultural;ao contean iencia com mais de cem anos, sem, etaraas sganham significado com base no paradigme de um co tude, a Psicologia jamais conseguiu escapar da alo head ee e ipos, formando um quadro referencial mais ou menos crise epistemoldgica cronica a impedir sua estabili 388 ‘pimurab ued «sao de uma comunidade de pesquisadores é con. Houlahaavs Para a circulacto dos conceitos e métodos que proveem a uma diversidade de teabalhos, resultados em portanto, 0 falso alibi da juven- losofia pelas diversas correntes € égico ¢ ocasional do recurso a eS ‘cod 1s do campo supostamente unitério da ciéncia psicologica? Ou, para além da ret6rica,a ambigua presenga da Filosofia na Pcloga bes revelaria um drama tedrico mais profundo, um mal-estar inerente proprio fazer e dizer dos psicdlogos? um movimento mais a afses, possibi € consistente, que se espraiou por diversos fando a implantagao da nova ciencia Todavia, desde o a Psicologia, a data Pode-se ergumentar, por outro lado, que 0 recurso a Filosofia ndo dos da forga simbs- ses de uma ciéncia em constante con z se restringe aos impasses supine Seber ne evo espaco cientitic da ‘mesma; nao se circunscreve apenas a fungao negativa de lar dif academia ¢ sua suposta emancipagio da Filosofia. Esse squema, quase sim convensdo, demarca um “antes” e um “depois” do estabelecimento Ge um saber em seu estatuto positivo, isto & de sett objeto es- Pecifico ¢ pelo metodo adequado para abordé-l, Se tal proc for bem-sucedido, citncia recentemente admitda na gre da legitimni- dade epistemol6gica pode ser claraimente citcunscrita ene contraposigo a reflexio flosolica voltada para questbes prévias, ou de fundammentsc tendente a especulagdes sem comprovacoes empiricas sdonado ou passaria a ser utilizado nao & tanto © minucioso estudo das condigdes histricas de pos- za de cetta concepgio hegeménica idade que aqui nos interessa, mas a problemétice filoséfica subj stas recorrem a filésofos Gente #0 emergir de um discurso que visa legitimar a Psicologia como lum saber auténomo e deci uldades episterolopicas talverinsuperdveis, Malgrado todas.as a tagbes filoséficas, a Psicologia se implantou no mundo arere ; fissio regulamentada, além de ter cessou de se expandir enquanto proisio ee obtido notavel éxito em sua influéncia Sa iee Seu si mal 4casso em se adequar aos cinones cientificos, ndo Even tiated 3s inerentes a uma para 0 outro lado do problema, ots ite seu pretenso obj com a forma metodoligica requerida pela ica. Nao seria 0 caso, entao, de aban ¢ adotar outro mais adequado? Ou, ao faz Bla se arriscaria a perder sua “alma’, palavea cons do termo, cunhado para defi Hegel (1770-1831, Marx (1818-189), ees fate ndo apenas per inna sue pies pegs mas amen par bre um spo ertco delgitimagio alternativo no sa determinads Aprnrnn mas até mesmo ao conjunto da epistemologia. Ou seja a legi ‘ologia esse tipo de estudo na época moderna, ” «statuto de cientificidade, mas também de seu significado. antropologico (Drawn, 2008), ee Aificuldade de esses problemas se apresentarem em uma sintese alvez seja intransponivel e certamente extra ‘nosso texto é severamente ico, ético pola nosso objetivo, pois pelo tempo disponivel, seja pela " tative de ofereceralgum subsii Para a discussio, entretanto, desdobramos nussa exposigio ein quatro. momentos. No primero, faremos uma brevissima regressio pata empo anterior & fun i nae (Eiope anterior a fundagso da Psicologia como cienca pretensamente a no final do século XIX. No segundo, focalizaremos o contexte filos6fico do nascimento da P: psbcinien ‘sicologia sem o intuito de faite a i le reconstrui-lo diphicamentesmas apenas com o objetivo de delinearo pano de fundo a dseussdo filos6ficaem torno dos problemas a serem enfrentadas pela ova ciéncia e dos impasses dai it ciéncia ¢ dos impasses dai decorrentes, No terceio faremos uma a brevissima incursao em alguns debates contemporaneos acer. procs mesmos problems ¢impasses No quarto momento, por fi, mopar maneira quase alusiva una reflextoantropolégica sob ‘ideia de subjetividade, considerando-a como rel corms mo relevante para pensarmos © miicleo conceitual das cigncias psicol6gicas. aot Como discutido, o estabelecimento de uma disciplina cientifica Pende da formagio de uma comunidade de pesquisadores capazde aver sical em seu interior os resitado empties de sas pes ane como 0s conceitos ¢ métodos que the dio sustentacio, Essa comumica, S40 interna permite tanto o zeconhecimento reciproco dos membros da comunidade quanto sua identificagao externa. Compreende-se, entio, Pare emanelpaso da Filosofia tem corrclagao com a diferen. re uma disciplina e as outras, sobretudo, as que lhe so m Préximas como, no a0, a Fsologi; ou sei ttoneona lo eh ‘ia visa estabelecer sua inserséo e construcao faecal global dos saberes de identidade no sistema 8 ‘© conhecimento humano, por sua estrutura judicativa e expan- sio por sinteses, reveste-se de forma sistemstica, Certamente a nogdo dle “sistema” nao pode ser aplicada indiscriminadamente ¢ em sentido loséfico estrito, seu uso deve se limitar ao estabelecimento da metafi- sica como um corpo doutrinario dotado de rigoroso travamento ligico, lisse portentoso projeto de sistema foi tencionado pelo jesutta espanhol rancisco Suarez (1548-1617) com a publicagao em 1597 de suas Dispri- tationes Metaphysicae (Mona, 1981), Portanto, a ideia de sistema como conjunto auténomo e logicamente consistente de proposigoes metafisicas somente surgiu no pensamento moderno como reagao a crise da teoria scoléstica do conhecimento iniciada no século XILl e agravada na Ida- dle Média tardia, com a contestac2o nominalista 8 articulagao analégica 1° Filosofia e Teologia. A ideia de sistema ea contestagao nominalista wcorreram como efeito no interior da Filosofia da crescente rejeigo da nnciclopédia aristotélica dos saberes, que até entao gozava de maxima wutoridade (Vaz, 2002; CouRTINE, 1990). {A sintese do real proposta por Aristételes nao estabelecia uma cadcia dedutiva entre as proposigoes, formando uma ordem de raroes com base ‘em um tinico principio a priorie, por isso mesmo, nao poderia ser con- siderada estritamente como um sistema, Sem uma estrutura rigidamen- te dedutiva, nao era, porém, um amontoado de saberes disperses, mas ‘uma articulagao entre diversos tipos de conhecimento, como as ciéncias jericas, incluindo a Fisica e a Filosofia Primeira, as praticas, incluinde a i ncluindo as Artes e o que poderfamos hhamar de técnicas em geral. Essas diferentes cigncias constitutam um feixe anal6gico, pois, embora preservada a autonomia de seus prinespios regionais e de seus procedimentos especificos, focal ontolégico representado pela teoria aristot ia. Af nal de contas, a amarragio analigica de todos esses diferentes saberes refietia, na limitagio da mente humana, a ordenago da totalidade das coisas que compunham 0 cosmos (Brien, 1998). Nesse quadro, o estudo do ser humano era distribuido cigncias eo seu tratado de Psicologia, consagrado pela tradigao sob o titulo de De anima (Peri psyches), integrava-se intimamente aos seus tratados de Biologia ¢ Fisica, preservando a abertura da inteligencia humana para _ASBEsGADRUMORCADARICINNGH nde projeto de restaurasio do conhecimento, antes da consolidaca0 0 capacitava a pensar tudo, Es tese de saberes relativamente inde- endentes era iluminada pelos principio metafisicos fundamentais, max estava também fortemente eteleolégica da natureza proporcionada pela fisica aristotélica, A ideia central é a da i (Systeme de lan erspectiva de uma ontologia monista e, por isso, por nio estar isolado 4 oresacteduscolsn gods nfm deve comers ohomememvez ff (ccionio mem6ra imagnssd) gue ofeeceo ements isco pare de uma ciéncia especifica do homer lassificagao das ciéncias; enquanto a Fisica, em abordagem, eae eaiea dda Revolugdo Cientfica do século XVII induziu a contraposicao & ce ee ‘otélica — que propunha uma imagem hierarquica, qualitativa ¢ te- paz de prescrever o lu a vago, masa ser octpado no ca sae a Teol6gica da natureza—,comumaconcepiohomogénea,quantitativae ff ciencias humanas 1975) Para obtr 9 sel da eid rmecaniciste da natureza bem estranha a experiencia do homemnomun- ff imensa sabedoria xe moral acumuade Agia, ade do. Assim, a Revolucao Cientifica foi responsével por desatar ond que ‘Média e Renascimento deveria se submeter aos cortes € gist Prop a tegrava esses saberes no mais consistente edificio cientifico na tradigao cionados pela navalha metodolégica afiada pela Fisica oan ines telectual do ocidente. Os estu ’s foram impulsionados na busca de final do século XVIIIe no: decurso do século XIX, esses lugares ic iets seo lum novo sistema dos saberes, pois, como j mencionado, oconhecimeme scritos pelo fisicalismo poderiam ser simultaneamente ocupados iste na construgao de “ses sempre mais abrangentes. ma dos saberes estaria completo. H Sea nova fisica matemitice galileana assestou o golpe de morte n Ss enciclopédia aristotélica, entao a reconstrugao do sistema do saber no da natureza ¢ do conjunto de todas as ciéncis Poderia ter outtro ponto de partida a mesma fisica. Por conse- ra feita a partir dos dias de hoje poderiamos atribuir tal zutordade 20 ‘Buinte, todos os outros saberes deveriam ser ordenados com base na maior iunfo da tecnologia dela derivada, mas essa bem pode ser uma as Proximidade ou distancia em relagio a Fisica. Proximidade e distancia . As investigagdes de Alexandre Koyré mostra como - estruturavam um espaco epister ‘no qual os conhecimentos po- | com o surgimento de um novo quadto concept deriam ocupar seus devidos lugares e nel te ee eS re A fiangdo ideal e normati ‘sons, cores, texturas e crengas, foi sendo desqualificada e substituida por les percebemos como a Psicologia fornece uma teoria das faculdades como modelo das vest Em um: retrospes ‘encia 6 foi as cientificas, dat uma ealdaderecnstruida combs em cinones strtamenterac i¢0 para o tempo ‘ematemiticos. A realidade desvelada pela ciéncia ndo é mais aquela ime- © desdobramento das disciplinas em um 2 nema Cientffiea cor «esquema de sucessdo temporal, Por iso,0 estudo do ser humano, sempre tour de force, designado por um estudioso da Revolugio| presente na reflexao filos6fica, passa a ocuparo ‘que vai da Fisica — passando por Qui ia— até as ciéncias htumanas ¢ a Psicologia. Esse pressuposto é encontrado nas tentativas de classficasao dos saberes, presenciadas desde Francis Bacon, com De We et augrnentis scientiaru ado em 1623 como parte do uma extrema matematizagio da natureza (géomeétrisation @ outrance). sével entraram em colapso, fazendo com que as crengas: rariein se afuundassem na desorientagao. Por isso, houve a necessidade de uma a | 20 va cones dla realidade, uma nova ontologia cujocritério de certeza epousar na matemética ou, mais especificamente,na geometria, a ciencia do espaco,¢ toda realidade passa a se compor de objetos fsicos, de objetos localizveis e determinaveis no espago. Af reside a autoridade ‘ontoldgica do fisicalismo (Kovns, 1966; Jontaxp, 1981; Joxtanp, 2006) ‘Anatureza como objeto da ciéncia ndo émais o que nos dado, aquilo Vivido pornés espontaneamente como algo recebido,vindo de fora, mas € 4 natureza correlativa a sua reconstrucdo matemitica A Fisica, como ciéncia de base, ¢ abstrata porque distanted no pode. mos viver um objeto matemético, embora nossa experiéncia nos imecitamenteaexstnciextema do uno acuteneninerce do mundo psiquico. Ambos sao dados imediatos, mas a natureza, co objeto da Fisica, ndo 0 é, embora enquanto objeto seja necessaianene te correlativa a um sujcito. Qual sujeito? A quem se deve correl necessariamente 0 objeto dit ci confitsio do mundo, da vida, ser designado como sujeito epistémico ou transcendent c cance de possdaced odo conhecinentcienhen arenes Ser, Por conse objeto desse mesmo conhe centfen, As «iéncias podem estudar 0 corpo humano — fez.com sucesso —, mas nao sua subj A realidade composta exchusiv um mundo gem mente, ¢ esse seria o limite intransponivel desse tipo de entficdade tomadahegemOnica por seu extraordinsvo triunfo social mn Fite visto nfo anto com deficiencies como from tiva tragada entre o pais do conhecimento verd conhecimento verdadei a tive aaa iro ¢ o pats da ilusao cap 'disao da razo. Para além dela nao deveriamos passar. Kant bem es hd ciéncia se houver aplicagdo da matemadtica,e 6 ha apli- Eide da matematice dentro da forma espago-temporal da sensibildade re fect da mente, o aso da Picologia, seria una céncia poss ainda que a mente seja para cada um de nds um dado im | (Drawn, 1995). Hai 2 ‘Como se tornaria efetivo 0 estudo do homem, 0 tiltimo a surgir his- icamente no desdobramento sucessivo das disciplinas previsto pelo inodelo ideal do fisicalismo? Em meados do século XIX o sistema das ciéncias poderia ser encerrado com uma classificagio completa. A sua «expressio acabada encontra-se na ideia de otdem como nogao matricial do Curso de filosofia positiva (1830-1842) de Augusto Comte. Nele, 2 or- denacio histérica mostra como o espirito humano vai apreendendo a realidade em uma sucessio de conquistas,estendendo-se da cigneia mais eral e mais distante da experiencia humana para a mais complexa e mais, pprGxima da experiéncia humana. Concluide 0 processo de apreensio da realidade, pode-se, ent, apresentar 0 conjunto dos conhecimentos em stia forma dogmitica, isto é, em sua ordem fechada segundo o critério dla abstragio, Esse critério € extraido da Fisica e permite deixar de lado plinas puramente descritivas, como a Zoologiae a Mineralogia, para focalizar apenas as ciéncias verdadeiramente fundamentais, que traba- Tham com gencralidades integradoras de um grande conjunto de fatos € 10 se perdem no exame de sua particularidade concreta. A abstragao é condicio essencial da objetividade, s6 alcangivel quando 0 observador «sti suficientemente distante do observado, de modo a apreendé-Io na idade. As disciplines fundamentais que alcangaram Astronomia, a Fisica, a rma da univers esse patamar de generalidade seriam, portant Quimica, a Fisiologia ea Fisica Social ou Soci sarece o lugar destinado a investigagio objetiva do ser humano: de um lado, teriamos a Fisiologia investigando 0 corpo humano, come saber integrado ao campo das ciéncias bioligicas ¢, de outro, abse-se a pers- pectiva do estudo cientifico da sociedade pela Fisica Social ou Sociologia. Nao ha espago epistémico intermedisrio entre o corpo ea sociedade, no qual poderia ser situada a Psicologia, como ciéncia do psiquismo, pois incapaz de responder ao principio de abstragao como requisito basco de objetividader nela, observador e observado estao tio préximos que se confundem (Savrucct, 1986; VeRstar, 1974). Esse vazio epistémico, essa auséncia de lugar, constituiu o charado “veto positivista” ao estabelecimento cientifico da Psicologia, sua hist6- esforgo para superar tal interdigdo e encontrar uma ia metodolégica para a aporia do objeto impossivel de se do: foi seu esforso incessante desde a tentativa de obter uma introspec~ $0 controlada até a revolugao behaviorista e 0 abandono da referéncia ‘mentalista, Nao obstante, malgrado todas as objecoes, a Psicologia nko somente foi “fundada” — estabelecida como um recorte epistemolégico rate reconhecide —, mas se desenvolveu com razoavel 108 150 ano: Apesar das teorias associacionistas dos ingleses ¢ escoceses, basea- «das na observacio empirica das atividades correntes da consciénci zna Alemanha que a Psicologia se aficm refutar a objecéo kantiana. J cessor de Kant na cétedra de Konigsherg, publicou em 1815 um Tratado de psicologia e, em 1824-1825, a Psicologia como ciéncia novamente fun- dada sobre a experiéncia, a metafisica e as mateméticas. Em suas obras, © filésofo procurou demonstrar a possibilidade de traduzir a m tiada experiéncia psicolégi lo mesmo modo que as forgas fisicas podem ser medidas e calculadas, também as represe diferentes e se compdem, ora no eq forte sobre a mais fraca. A esperanga de se alcansar um célculo das representages no qual basear uma psicologia matemitica empolgaria muit maes eminen sensorial e, tacto apriorista e matemét convergia com as cas ¢ fisiologicas, como as de Johannes Miller (180 a elaboragao de uma teoria da espe-

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