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desigualdade, diferenge e reconhecimento Organizadores Josefa Salete Barbosa Cavalcant SS) ov a) Desafios para uma sociologia do futuro Josefa Salete Barbosa Cavalcanti Silke Weber Tom Dwyer A discussao sobre desigualdade, tema fundante da sociologia, remete ao idea- rio iluminista da igualdade social, base de discursos de cidadaos portadores de direi- tos e responsabilidades éticas inalienaveis e de demandas inerentes ao exercicio da democracia. Na contemporaneidade, essa tematica é ampliada mediante o encon- tro com o tema do reconhecimento na diferenga. De um direito a igualdade, o debate busca compreender a diferenca, a alteridade que nao pode ser reduzida a denominadores comuns. Essa busca por reconhecimento, no entanto, nao se so- brepde a questo da igualdade, constituindo desafio o dialogo entre dois principios de reconhecimento nem sempre compativeis entre si, impondo-se pensar a ques- tao da pluralidade e, ao mesmo tempo, a da igualdade na diferenga. Esse desafio foi enfrentado sob Angulos diversos por cientistas sociais convi- dados a discutir a tematica da igualdade, diferenca e reconhecimento no XIll Con- gresso Brasileiro de Sociologia, realizado em Recife, Pernambuco, em meados de 2007. As contribuigées para o debate, reunidas neste livro, pretendem tornar-se referéncia para aprofundar a compreensao da heterogeneidade, uma das marcas do mundo da globalizacao. Michel Wieviorka, presidente da Associagao Internacional de Sociologia, comparece ao debate anotando que a questao das diferencas, a partir de 1980, deixou de ser localizada para tornar-se global. Para tanto, retraga os principais elementos orientadores das andlises realizadas e considera importante distin para uma socilogia do futuro, _ problema interno de um espago social, como mplo, ou se vem de fora. Traz altona‘o autor a tensao a hecimento de minorias especificas, para destacar tees das identidades culeurais no espaco publico. Do ponto de vista das Ciéncias sociais, considera que a emergéncia do paradigma da producao Como critica ao da reprodugao teria promovido avangos, tanto na compreensao das dife. rengas culturais, como na reflexao politica e institucional. Chama atencio pars acontraposi¢ao identidade coletiva e individualismo, dissociagao entre o cul. tural e o social, distingao entre condigdes de progresso cultural, julgamento de valor, definigao de politicas e avatares do multiculturalismo. da da convivéncia com as diferengas, Wievorka pro- Rejeitando uma visao unifica poe distinguir “as diferengas de entre as diferengas” esbogando © que denomina de uma tipologia para entender o “que as atores podem esperar ou desejar como trata- mento politico”. Examina, entao, a identidade cultural e a coletiva: sob a légica da reprodugao em que ganha relevoa preservacao da identidade dos atores implicados; soba légica da produgao ou invengao em que “atores aceitam inserir-se, num espago democratico”; do nomadismo caracterizado pela mobilidade permanente, pela “des- territorializagio” dos atores, tipica do mundo contempordneo; das didsporas que se contrapéem ao nomadismo pela estabilidade de alguns membros de grupos nas socie- dades de acolhimento e da mestigagem ou processo que produz identidades culturais efémeras, passiveis, no entanto, de desenvolverem processos de inovacao. O texto é finalizado com a referéncia “aos sujeitos sem ancoragem’’, os que “procuram escapar a toda atribuicao identitaria”, e com um alerta sobre o dbice que constitui 0 individualismo para a representacao politica. Conclui, destacando que “as identidades s4o miltiplas”, mas perpassadas pela busca continua de um discurso politico coerente. Arelacio entre diferencas e processos democraticos é abordada por Maria Stela Grossi Porto, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia, a partir do conceito de representacao social desenvolvido por Moscovici. Argumenta no texto a idéia de que a reivindicacao da diferenga visa, “em ultima instancia, ainser- Ao social, cultural, simbélica, econémica” no todo social, ou melhor, visa elimi- nacao da diferenga, ou ainda, que a afirmacao identitaria objetivaria igualdade. Definindo diferenca pela presenca de um “outro”, de um alter “que nao 6s pelha a nao ser o seu avesso, sua negacao”, a autora arrola um conjunto de per guntas passiveis de dar conta de situagdes concretas. Por outra parte, faz uma répida incursao sobre a categoria igualdade, nas contribuigdes dos fundadores 495 ciencias iene ee Durkheim e Weber, apontando a pene Saleen awa la sae ainda, que a diversidade, marca tir 8 estes an pene Par analitico da igualdade, pensada, entretanto, 3 P 9 Pectiva de superacao futura das diferengas. 8 _Desofios guir se a diferenga constitu! racismo, por exe! integragao e recon

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