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ESTÁTICA DE CABOS

Considere um cabo de comprimento l suspenso num vão L com catenária


mostrando uma flecha f. São admitidos força de tração no cabo igual a T e carregamento
distribuído igual a p, como indicado na figura 1.

y (x)
x
f y

Figura 1

Uma maneira simples de se equacionar esse problema mecânico é admitir que a


posição geométrica do cabo na posição de equilíbrio possa ser aproximada por uma
parábola do segundo grau,

y( x ) = ax 2 + bx + c

Tal aproximação é bem razoável para o problema até a relação flecha/vão f/L<1/10.

dy p
y' = V
dx T

H
dl

H+dH
dx

V+dV

Figura 2.

Destacando-se um elemento infinitesimal de cabo dl com projeção horizontal dx


indicado acima, as equações de equilíbrio fornecem,

∑F x = 0 ⇒ − H + ( H + dH _) = o
e
∑F y = 0 ⇒ V − ( V + dV ) − pdx = o

que dá
H = cte

dV dx = − p

A direção do cabo em x é dada por dy dx que também pode ser dada pela direção
do vetor da força normal T. Assim.

dy dx = V / H

sendo T = H 2 + V 2

Considerando-se p(x)=p uma função constante e integrando-se a relação diferencial


dV dx = − p obtém-se

V = − px + C1

Sabendo-se que dy dx = V / H encontra-se a força vertical V

dy 1
= ( − px + C1 )
dx H

Integrando-se vem

1
y( x ) = ( − px 2 / 2 + C1 x + C 2 )
H

Para o caso simples de cabo com apoios no mesmo nível pode-se escrever

Y(x=0)= 0 Portanto, C2 =0
Y(x=L)= 0 Portanto, C 1 = Lp / 2

A parábola é, portanto, dada por

px
y( x ) = (L− x)
2H

Para o ponto central x = L / 2 tem-se

pL2
y( L / 2 ) = f =
8H

Assim, a força vertical é dada por


dy
V( x ) = H = p( L / 2 − x )
dx

Seu valor máximo é no apoio

Vmax = V ( 0 ) = pL / 2

e o seu valor mínio é zero em x=L/2

Vmin = V ( L / 2 ) = 0

Pode-se também relacionar o valor do comprimento do cabo com a força horizontal.


Sabendo-se que a variação do comprimento do cabo em dx é dada por (ver Figura 3)

dl
dy
y'
dx

Figura 3
dl = dx 2 + dy 2 ou

2
 dy 
dl = 1 +   dx
 dx 

Substituindo-se dy/dx o comprimento do cabo é dado por

L 2
 p 
l=∫ 1+  ( l − 2 x )  dx
0  2H 

Integrando-se aproximadamente a expressão acima, tem-se:

 p 2 L2 
l =  1 + 
 24 H 2 

Substituindo-se o valor de H em função da flecha tem-se

 8 f2
l =  1 + 
 3 L2 
Catenária

Um cabo sujeito ao peso próprio tem o equacionamento de sua posição de equilíbrio


como segue (Figura 4).
y

f
H qL
ch
q 2H H
q

Figura 4

Para o peso distribuído na direção do cabo como indicado as equações de equilíbrio


ficam (Figura 5):
V
H

H+dH
q

V+dV

Figura 5.

∑F x = 0 ⇒ − H + ( H + dH _) = o
e
∑F y = 0 ⇒ V − ( V + dV ) − qds = o

Portanto:

H = cte

dV dx = − q ds dx

com

ds = dy 2 + dx 2 = 1 + (dy dx ) dx
2
Portanto

dV
= −q 1 + (dy dx ) dx
2

dx

d2y q
1 + (dy dx )
2
2
=−
dx H

Considerando-se o sistema de coordenadas dado na figura, onde y(0)=H/q e


y(L/2)=H/q+f, resolve-se a equação obtendo-se:

H  qx 
y= cosh 
q H

H
y( 0 ) =
q

H  qL 
y( L / 2 ) = cosh 
q  2H 

Portanto a flecha é dada por

H   qL  
f = cosh 2 H  − 1
q    

O comprimento do cabo é obtido integrando-se ds dá

L 2
 dy  2H  qL 
l = ∫ 1 +   dx = senh 
0  dx  q  2H 
Exemplo: Cabo parabólico com carga distribuída (Figura 6).
39,8 kN/m

200 m

Figura 6
Dados:
L=200m
l =201m
P=39,8kN/m

Pede-se: H, Vmax, Tmax, f.

 p 2 L2 
Da expressão l =  1 +  escreve-se
 24 H 2 

 39 ,8 2 200 2 
201 =  1 + 
 24 H 2 

que resolvendo-se dá: H=22.978kN

pL 39 ,8 x 200
Vmax = V ( 0 ) = = = 3.980 kN
2 2

T = H 2 + V 2 = T = 22.978 2 + 3.980 2 = 23.320 kN

e a flecha é

pL2 39 ,8 x 200 2
y( L / 2 ) = f = = = 8 ,66 m
8H 8 x 22.978
Cabos com geometria composta por trechos retos: Cargas concentradas

Caso de uma carga (Figura 7)

P f
α1 α2
L1 L2

Figura 7

Dados do problema:

Comprimento do cabo l ; posição da carga: L1 + L2 = L

Flecha: f

Forças nos dois trechos do cabo: N1 e N2.

Equações de equilíbrio para o Nó (Figura 8).

N2
N1 P
α2
α1
Figura 8

− N 1 cos( α 1 ) + N 2 cos( α 2 ) = 0

N 1 sen( α 1 ) + N 2 sen( α 2 ) − P = 0

Compatibilidade geométrica

l = L21 + f 2
+ L22 + f 2

Portanto, temos sempre um sistema de três equações que dá a solução do problema.


Exemplo

Dados L=200m, l = 204 m , L1 = 150 m , L2 = 50 m

Pedem-se f, N1 e N2.

Resolver por tentativas a equação

l = L21 + f 2
+ L22 + f 2

tentativa f l
1 0 200
2 10 201,3
3 15 202,9
4 17 203,8
5 18 204,2
6 17,5 203,99
7 17,2 204,00

Portanto f=17,52m aproximadamente.

tan( α 1 ) = 17 ,52 / 150


tan( α 2 ) = 17 ,52 / 50

α 1 = 0 ,1163 α 2 = 0 ,3370

P cos( α 2 ) P cos( α 1 )
N1 = = 2 ,15 P N2 = = 2 ,27 P
sen( α 1 + α 2 ) sen( α 1 + α 2 )

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