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Montagem e imagem 1
Walter Benjamin e a teoria das redes
Antonio Rafele 2
RESUMO
Por meio de um minucioso estudo das obras Passagens e Origem do drama trágico alemão de Walter Benjamin,
este artigo destaca um retículo terminológico (representação, consciência, fragmento, montagem, imagem,
tempo, alegoria) em que o filósofo alemão mostra ser um precursor em comparação com as reflexões recentes e
relevantes sobre os modos de conhecimento em rede.
Palavras-chave:
Representação; Imagem; Experiência; Alegoria; Montagem
REPRESENTAÇÃO E IMAGEM
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São Paulo | nº 13 | jul-dez | 2016 | ISSN: 2177-4273
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recorrentes e obsessivas que a reflexão encontrou no seu mesmo ritmo. A imagem ajustada,
ou está prestes a surgir, nas dobras da reflexão, sem, todavia, coincidir exclusivamente com
essas, sendo antes uma descontinuidade temporal que, por salto, oferece uma visão orgânica
do todo.
EXPERIÊNCIA E IMAGEM
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sujeito a dois planos midiáticos diferentes, o real e a linguagem, criando uma paradoxal
confusão onde o nível abstrato parece adquirir tal autonomia de se fazer crer que eventos
coincidem ou até mesmo existam na articulação virtual dos signos. Precisamente por causa de
uma tensão objetiva aplicada a isso que é profundamente subjetivo (o fenômeno existe
enquanto forma apenas quando se torna um modo de ser do Eu), essa postura leva tão distante
o fenômeno a favorecer as ligações entre entidades ou dados que são gerados em uma tábula
abstrata de conceitos, em vez da seleção de partes significativas e essenciais e, portanto,
reconhecíveis em precisos momentos da vida cotidiana. O resultado, disfarçado de uma
presenta solidez da reflexão, é, porém, a perda de qualquer contato autêntico, concreto, entre o
real e o conhecimento. Em uma grade brilhante e vazia de signos, dissolve-se todos os
esforços de chegar e "acender" o "fusível explosivo" colocado nos fenômenos, todas as
oportunidades de evocar (e este é, finalmente, a propósito do conhecimento) a forma que estes
mesmos fenômenos tomados de forma individual, nas dobras de seu próprio corpo ou agir.
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A VISÃO ALEGÓRICA
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evidente aos olhos do Eu. A ser posto no centro da cena é exatamente o caminho, que é o
conjunto de relações que surgiram ao longo da marcha de reflexão, incluindo as minúcias do
qual o percurso é constituído. Para serem compreendidas e claras, as várias passagens exigem
do leitor um esforço, esse exercício imaginativo, para ser colocado no mesmo ponto de vista e
na situação em que essas reflexões e minúcias começaram, tornando quase uma sobreposição
entre leitor e autor.
O estudo das redes, seja em suas dimensões sociais (A. L. Barabasi, M. Callon, B.
Latour) seja em seus formatos digitais (B. Wellmann, P. Levy, M. Castells) tem optado por
privilegiar a dimenão agregativa e social por meio do estudo de seus dinamismos em suas
diversas modalidades: observação, interpretação, cartografia, rastreamentos, monitoramentos.
Diferencia-se de tais perspectivas o recente estudo de Massimo Di Felice sobre as ecologias e
as formas não sociais das interações nas redes digitais, onde, como em uma sala circular de
espelhos, coexistem tanto os caracteres do assunto investigado quanto os signos e as minúcias
da reflexão. Apresento aqui alguns trechos:
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configuração da vida, uma forma de habitar estendido ao plano material até o psicológico
(estilo de vida, percepção, opinião, sentidos); o desdobrar de uma temporalidade quase
instantâneo no qual ocorrem, mais uma vez por salto, as reatualizações entre presente e
pedaços do passado em uma relação que inclui e se esgota o sentido último das inovações
comunicativas. Em outras palavras, o tempo e a forma da inovação possuem um alto poder de
transfiguração;
c) o conceito de dependência. Este tercerio conceito indica as ligações profundas
entre o conceito do habitar e aqueles dos vícios e hábitos, fazendo, portanto, prevalecer a
concreta e recíproca estratificação, para além de qualquer distinção, entre o humano e a
natureza, humano e não-humano.
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