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F-107 Física para Biologia

Radiação
Prof. Dr. Edmilson Manganote
Introdução
• O que vamos discutir?
– Tipos e características das radiações
– Teoria dos quanta
– Dualidade onda-partícula
– Microscópio eletrônico
– Radioisótopos e Radiofármacos
– Aplicações
– Efeitos Biológicos e Proteção Radiológica

A radiação é a propagação de energia sob várias formas, sendo dividida


geralmente em dois grupos: Radiação Corpuscular e Radiação Eletromagnética
RADIAÇÃO CORPUSCULAR

É constituída de um feixe de partículas elementares, ou núcleos atômicos,


tais como: elétrons, prótons, neutrons, deuterons, partículas alfa, etc.

1 2
Energia Cinética
v << c K  mv
2
RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA

São constituídas de campos elétricos e magnéticos oscilantes e se


propagam com velocidade constante c no vácuo. Exemplos: Ondas de rádio,
luz visível, raios infravermelhos, raios ultra-violetas, raios X, raios gama, etc.

f  
λ: comprimento de onda
f: frequência
v: velocidade da onda
Teoria dos Quanta
• Max Planck (1901)
• Albert Einstein (1905)
A radiação eletromagnética é emitida e se propaga
descontinuamente em pequenos pulsos de energia,
chamados pacotes de energia, quanta ou fótons.
(Caráter Corpuscular)

O que são Fótons?  Sem carga e Massa de Repouso nula

Todos os fótons, numa dada


freqüência, possuem a mesma energia
E  hf
hc
E
h é a constante de Planck e vale
6,63 1034 j  s

Dualidade Onda-Partícula
• Louis de Broglie (1924)
A matéria possui características ondulatórias
e corpusculares...

h
mv 

λ é o comprimento de onda de de Broglie

Unidade de Energia 1eV  1,6 10 19 J


eletron-volt
1MeV  106 eV
Aplicação – Microscopia
A capacidade de resolução dos microscópios ópticos é limitada pelos
efeitos da difração da luz (visível 0,4 a 0,7μm)

Microscópio de Hooke,
de uma gravura de seu livro “Micrographia”

O microscópio eletrônico supera essa dificuldade,


pois os comprimentos de onda associados aos
elétrons são muito menores que o da luz visível
Microscópio Eletrônico
O funcionamento do microscópio
eletrônico se baseia nas propriedades
ondulatórias do elétron !!

São possíveis aumento de 350.000 vezes !!


Cápsulas de musgo (escala 16:1)

Cápsulas de musgo seco liberam seus esporos. Os musgos estão entre os mais
antigos vegetais do planeta. Essa imagem é a maior já tirada com ajuda de um
microscópio eletrônico. O original mede 1,5 por 2,5 metros. (© Martin Oeggerli)
Bactérias intestinais E. coli (escala 57'800:1)

As bactérias Escherichia Coli medem cerca de um milésimo de milímetro. Pela facilidade


de cultura, elas são utilizadas freqüentemente na pesquisa científica. (© Martin Oeggerli)
Superfície de uma pteridófita aquática (escala 130:1)

O tamanho dos folíolos das pteridófitas aquáticas não ultrapassa meio centímetro. Sua
superfície é coberta de uma grande quantidade de asperidades que expelem a água e
deixam a planta insubmergível. (© Martin Oeggerli)
Tipos de Radiação

• Radiação Alfa
– São núcleos de átomos de Hélio (2p + 2n)
– Perdem 33eV por ionização
– A distância que uma partícula percorre até
parar é chamada alcance. Aumentando-se a
energia, aumenta-se o alcance.
– O alcance diminui se a densidade do meio
aumentar
Como são produzidas as partículas Alfa?

A desintegração Alfa segue o modelo:

Exemplo:

A energia das partículas Alfa tem um caráter discreto, ou seja valores


próprios para cada decaimento. Por exemplo:

Neste caso 77% das partículas são emitidas com 4,2 MeV, 23% com 4,15 MeV
e 0,23% com 4,04 MeV.
Tipos de Radiação

• Radiação Beta
– São elétrons (e-) e pósitrons (e+), que são
muito mais penetrantes que as partículas alfa
– A radiação beta, ao passar por um meio
material, também perde energia ionizando os
átomos que encontra no caminho. Para
blindar a radiação beta pode-se usar plástico
ou alumínio.
Como são produzidas as partículas Beta?

A desintegração Beta segue o modelo:

Exemplo:

Alguns radioisótopos de interesse biológico são:


Tabela 1: Alcance das partículas alfa e beta no ar, no tecido humano
e no Alumínio (OKUNO, E. 1982)

Energia (MeV) Alcance (cm)


Partículas alfa Ar Tecido Humano Alumínio
1,0 0,55 0,33  10 2 0,32  10 3
2,0 1,04 0,63  10 2 0,61  10 3
3,0 1,67 1,00  10 2 0,98  10 3
4,0 2,58 1,55  10 2 0,50  10 3
5,0 3,50 2,10  10 2 2,06  10 3

Partículas beta Ar Tecido Humano Alumínio


0,01 0,23 0,27  10 3
0,1 12,0 1,51  10 2 4,3  10 3
0,5 150,0 0,18 5,9 x10 2
1,0 420,0 0,50 0,15
2,0 840,0 1,00 0,34
3,0 1260,0 1,50 0,56
Tipos de Radiação

• Neutrons
– São partículas sem carga e não produzem ionização
diretamente, mas o fazem indiretamente, transferindo
energia para outras partículas carregadas que, por
sua vez, podem produzir ionização
– Os neutrons percorrem grandes distâncias através da
matéria, antes de interagir com um núcleo dos
átomos que compõe o meio
– São muito penetrantes, podem ser blindados com
materiais ricos em hidrogênio como parafina ou água
Tipos de Radiação
• Radiação Gama

– São ondas eletromagnéticas extremamente penetrantes,


produzidas por elementos radioativos ou em processos
subatômicos como a produção de pares. Por causa de
sua alta energia são muito mais penetrantes do que as
partículas Alfa ou Beta.

– Interagem com a matéria pelo efeito fotoelétrico, pelo


efeito Compton ou pela produção de pares (e o que
acontece?)

– Pode perder toda ou quase toda energia em uma única


interação. Tudo o que se pode prever é a distância em
que ela tem 50% de chance de interagir. Essa distância se
chama semi-redutora.
Efeito Fotoelétrico

Espalhamento Compton

Produção e Aniquilação
de Pares
Tipos de Radiação

• Raios X
– São ondas eletromagnéticas, exatamente
como os raios gama, diferindo apenas quanto
à origem. Os gamas se originam dentro do
núcleo atômico, enquanto que os Raios X têm
origem fora do núcleo, na desexcitação dos
elétrons
Tabela 2: Camadas semi-redutoras no tecido humano e
no chumbo para os raios X e gama (OKUNO, E. 1982).

Energia (MeV) Camada Semi-redutora (cm)


Raios X ou gama Tecido humano Chumbo

0,01 0,13 4,5  10 4


0,05 3,24 0,8  10 2
0,1 4,15 1,1  10 2
0,5 7,23 0,38
1,0 9,91 0,86
5,0 23,1 1,44
Aplicações das Radiações
Radiografias
Análise de Materiais
O XPS (X-Rays Photoelectron Spectroscopy - Espectroscopia Fotoelétrica de Raio-X).
Também conhecido como ESCA ( Electron Spectroscopy for Chemical Analysis -
Espectroscopia Elétrica para Análise Química). É uma técnica de análise de superfícies
usada para obter informações sobre as superfícies de materiais sólidos, condutores ou
isolantes.
Um pouco de história...
• 1895 – Os raios X são
descobertos por Wilhelm
Conrad Rontgen
• Nos 15 anos seguintes
muito trabalho foi feito na
sua utilização para o
exame de corpos
Um pouco de história...
• 1920 – Por volta deste ano se iniciaram os
estudos relativos à aplicação dos raios X
na inspeção de materiais
• Aplicações atuais
– Ensaios não-destrutivos
– Radiologia diagnóstica e terapia
– Pesquisas científicas
Os radioisótopos
• São isótopos instáveis dos elementos
• Podem ser usados como traçadores na
diagnose ou como fontes de energia na terapia
• Traçadores
– Possuem comportamento químico idêntico ao de
isótopos estáveis do mesmo elemento
– Apresentam emissão espontânea de radiação que
pode ser detectada, indicando assim sua posição e
quantidade
Os radioisótopos
• Fontes de energia

– Encontram aplicações por serem detectáveis após


absorção ou espalhamento pela matéria, ou por
quebrarem moléculas e ionizarem átomos formando
íons, iniciando assim reações químicas ou biológicas

– São, portanto, utilizados para destruir tecidos,


especialmente os cancerosos, ou para suprimir alguma
função orgânica
Raios-x digital por técnica de dupla
energia. Baseia-se na subtração de
duas imagens digitais obtidas com
raios-x de diferentes composições
espectrais, explorando as diferenças
entre os números atômicos dos ossos
e dos tecidos moles. No modo one-
shot, a separação das energias é feita
com o uso de filtros; no modo two-shot
são obtidas duas imagens com
kilovoltagens diferentes. A imagem
resultante é a subtração ponderada
das imagens, onde o parâmetro de
ponderação pode ser variado de modo
a produzir imagens em que
predominam tecidos moles ou ossos.
Tubo ou ampola de raios X. Nesta
ampola, utilizada para diagóstico médico,
elétrons produzidos no catodo (1) são
acelerados até o anodo (alvo) (2) por
diferenças de potencial de dezenas de
milhares de volts. Ao atingi-lo são
bruscamente desacelerados, produzindo
os raios X. Um invólucro de vidro (3)
mantém o vácuo no interior da ampola,
evitando descargas elétricas entre o
anodo e o catodo e minimizando o
espalhamento dos elétrons por outras
moléculas na sua trajetória até o anodo.
O rotor (4) gira o anodo-alvo em até
10.000 rotações por minuto para evitar o
superaquecimento.
Planejamento de radioterapia. Distribuição de dose de radiação superposta a corte
tomográfico da região abdominal de um paciente. Um tratamento radioterápico é planejado
por um físico-médico que utiliza aplicativos computacionais especializados no cálculo da
distribuição da dose de radiação a ser depositada em um paciente. O planejamento é feito a
partir da definição, pelo médico, dos contornos da lesão e de outras estruturas que devem
ser preservadas. No planejamento ao lado foram utilizados dois campos laterais e dois
frontais. No cruzamento dos quatro feixes a dose é máxima.
Braquiterapia de alta taxa de dose. Também conhecida como HDR, de high dose rate, é
uma modalidade de radioterapia em que fontes radioativas de alta intensidade são
introduzidas temporariamente em cavidades do paciente. Para evitar a exposição dos
trabalhadores o tratamento pode ser feito com equipamentos robotizados. O
posicionamento dos cateteres e das fontes é verificado através de um sofisticado processo
de controle de qualidade. Após a verificação, o paciente é deixado só na sala e o robô
acionado a distância por um computador, levando as fontes até os locais pré-determinados.
Implante permanente de sementes
radioativas. Uma das maneiras de se
combater o câncer de próstata é espalhar
por todo o seu volume pequenas sementes
radioativas. As sementes são cápsulas
cilíndricas de titânio com cerca de 5 mm de
comprimento e 1 mm de diâmetro. Dentro
delas há um substrato (grafite, prata, resina)
sobre a superfície do qual é adsorvido o
radioisótopo, por exemplo o iodo-125. Este
radioisótopo tem uma meia vida de cerca de
60 dias e decai por captura eletrônica, em
que o núcleo "captura" um elétron da
eletrosfera, transformando-se no telúrio-125.
O decaimento é sucedido pela emissão de
raios gama do núcleo residual e de raios x e
elétrons da eletrosfera, que tem que se
reorganizar para adaptar-se ao novo núcleo.
Os elétrons são absorvidos pela cápsula de
titânio, mas os raios x e os raios gama, com
cerca de 30 keV, a atravessam e depositam
sua energia nos tecidos da próstata do
paciente.
Gerador de Tecnécio. O 99mTc (tecnécio-99
metaestável) é um emissor gama com meia
vida de 6 horas amplamente utilizado em
procedimentos de Medicina Nuclear. É
produzido pelo decaimento do 99Mo

(molibdênio-99), que tem uma meia-vida de


66 horas. O gerador de tecnécio consiste em
um recipiente com pequenas esferas de
alumina sobre as quais o 99Mo (molibdênio-
99), produzido em um reator nuclear, liga-se
firmemente. Quando decai em tecnécio este,
por ser quimicamente diferente, desliga-se da
alumina, e pode ser "lavado" do recipiente por
uma solução salina. A foto ao lado mostra a
coluna de alumina no centro de uma espessa
blindagem para a radiação. Acima, à
esquerda, o local onde é conectado o frasco
da solução salina; à direita, o local onde é
colocado o frasco evacuado que "suga" a
solução, fazendo-a passar pela coluna de
alumina.
Aplicações na Industria
• Radiografias (Raio X) e
Gamagrafias (γ)
– Ensaios não-destrutivos para
detectar descontinuidades e
heterogeneidades da matéria
– Na inspeção radiográfica, a
radiação penetrante, raio X ou
gama, atravessa o espécime em
ensaio. Uma parte é absorvida pelo
espécime e a restante vai
impressionar um filme fotográfico,
onde se pode visualizar a estrutura
do corpo de prova ou parte dela
Principais fontes radioativas utilizadas:

* Quase sem utilidade no momento, má qualidade da imagem


** Recente na industria, muito boa qualidade da imagem
Aplicações na Industria
• Medida de espessura ou de níveis de materiais
– Baseia-se no fato de que o material, colocado entre a
fonte de radiação e o detector, absorve ou espalha
radiação. A radiação que atravessa o material e
atinge o detector pode dar informação sobre
espessura e a densidade do material
– Vantagens:
• Não ser necessário o contato mecânico com o material a ser
medido
• A medida pode ser feita continuamente e à longa distância
Aplicações na Industria
• Medida de vazamentos
– Radioisótopos usados como traçadores
oferecem um método simples, seguro e de
baixo custo para detectar vazamento de
líquidos
– Uma pequena quantidade de material
radioativo é adicionada ao fluxo. Qualquer
vazamento pode ser detectado mesmo que
seja invisível
Aplicações na Industria
• Pesquisa sobre desgaste de motores
– Materiais radioativos são usados como
traçadores na fabricação de motores. A
análise do óleo lubrificante poderá fornecer
informação sobre o grau de desgaste do
motor
Aplicações na Industria
• Conservação de alimentos
– Evitar que certas raízes ou tubérculos brotem
durante o armazenamento
– Eliminar insetos dos grãos antes do
armazenamento
– Preservar alimentos, inibindo ou destruindo
bactérias e outros microrganismos

Existem, entretanto, problemas como mudança no sabor, na cor e na


textura, dependendo do alimento.
Aplicações na Industria
• Esterilização de materiais cirúrgicos
– Método tradicional: aquecimento do
material entre 150ºC e 170ºC
– Radiações suficientemente energéticas
podem destruir as bactérias
– Vantagens:
• Sem aplicação de calor
• Esterilizar materiais já embalados
– Desvantagens:
• Mudança na estrutura de alguns plásticos,
tornando-os quebradiços
Radiofármacos

Radiofármacos são isótopos de elementos


radioativos utilizados com a finalidade de
diagnóstico, terapia e pesquisa.

Possuem diversas aplicações:

a) Diagnóstico e
acompanhamento terapêutico
no combate ao câncer;
b) Avaliações neurológicas e
cardiológicas;
c) Análise de disfunções
cérebro-vasculares;
d) Estudo do metabolismo
cerebral nas doenças de
Parkinson, Alzheimer e
Tourettes.
Aplicações na Agricultura
• Benefícios do uso de radioisótopos:
– Criação de novas variedades de plantas, com
características melhoradas
• Aumento das mutações genéticas
– Maior conhecimento do metabolismo vegetal
e animal
• Utilizando radioisótopos como traçadores
– Controle ou eliminação de insetos
• Irradiação de machos até a esterilização
Outras aplicações
• Análise por ativação com nêutrons
– É uma técnica na qual a amostra é irradiada com
nêutrons, a fim de tornar radioativos seus elementos
constituintes.
– Como cada radioisótopo emite um espectro de
radiação característico, é possível, por esse meio,
identificar e medir os elementos presentes na
amostra
– Vantagens:
• A análise é não destrutiva
• Para alguns elementos consegue-se uma sensibilidade
muito maior que a obtida pela análise química
Outras aplicações
• Estudo de poluição do ar
– Esta análise vem sendo feita através do método PIXE
(Particle Induced X-ray Emission)
– A amostra de ar coletada é irradiada com prótons ou
alfas
– Estes arrancam os elétrons das camadas mais internas
dos elementos constituintes da amostra. Quando os
elétrons das camadas mais externas passam a ocupar
os lugares vazios deixados pelos elétrons arrancados,
raios X característicos são emitidos com energia
específica para cada elemento, identificando-os.
Outras aplicações
• Coloração de cristais por radiação
– A radiação provoca danos nos cristais, criando o que
se chama de centros de cor, que podem mudar ou
intensificar a cor dos cristais
– Gemologia – é uma especialidade da geologia que
estuda o caráter físico e químico dos materiais de
valores gemológicos, sejam esses de origem
inorgânica ou origem orgânica e que se prestam a
adorno pessoal ou decoração de ambiente.
Turmalina
Quartzo
Diamante

Esmeralda Bruta

Marfim Pérolas Âmbar


Rubi bruto
Outras aplicações
• Datação por meio da radiação
– Método do Carbono-14
• Idade de materiais orgânicos de centenas até dezenas de
milhares de anos
• Os organismos vivos absorvem carbono (sendo que para
cada 1012 átomos de 12C existe apenas um átomo de 14C)
direta (ar) ou indiretamente (alimentos)
• Quando morre a quantidade de 12C se mantém constante
enquanto o 14C vai se desintegrando sem ser substituído
• Medindo-se a radioatividade presente no material podemos
inferir a razão 12C para 14C e, consequentemente, inferir sua
idade
Outras aplicações
• Datação por Termo-luminescência
– Esse método baseia-se no fato de que muitos cristais
podem armazenar energia proveniente da radiação.
Quando o cristal é aquecido esta energia é liberada
na forma de luz.
– Medindo-se a intensidade desta luz, a quantidade de
radiação acumulada pode ser determinada.
– Idade = (Radiação Acumulada)/(Radiação Anual)
Efeitos Biológicos e
Proteção Radiológica
Tendo em vista os danos biológicos causados nos seres
vivos pela exposição à radiação tornou-se necessário
estabelecer meios de proteção aos que trabalham com
radiação à população em geral
Em 26 de Abril de 1986, explodiu um reator da central de Chernobyl
que libertou uma imensa nuvem radioativa contaminando pessoas,
animais e o meio ambiente de uma vasta extensão da Europa.
Introdução
• ICRP – International Commission on
Radiological Protection
– http://www.icrp.org/
• ICRU – International Commission on
Radiation Units and Measurements
– http://www.icru.org/
• CNEN – Comissão Nacional de Energia
Nuclear
– http://www.cnen.gov.br/
Unidades de Radiação
• Exposição (X)
– Os raios X ou gama, ao interagir com os átomos de
um meio, produzem elétron ou pares e+e-. A
exposição X é uma grandeza física definida para
esses raios, tendo o ar como meio de interação.
Soma das cargas elétricas de todos os
Q íons de um mesmo, produzidos no ar,

X
m quando todos os e+e-, num elemento de
volume de ar cuja massa é Δm, são
completamente freados

C4
Unidade de Exposição: 1R  2,58 10
kg
Unidades de Radiação
• Dose Absorvida (D)
– As mudanças químicas e biológicas que ocorrem, por exemplo,
no tecido exposto à radiação X, dependem da energia
absorvida pelo mesmo. A Dose Absorvida será:
Energia absorvida da radiação
E
D
m Pela massa m do absorvedor

erg 2 J
ICRU – 1950 a 1975 1rad  100  10
Radiation Absorbed Dose g kg
Unidades:
J
ICRU – após 1975 - Gray 1Gy  1  100rad
kg
Unidades de Radiação
• Dose Equivalente (H)
– Os efeitos químicos e biológicos que ocorrem num meio exposto à radiação
dependem não só da energia absorvida pelo meio, mas também do tipo de
radiação incidente e da distribuição da energia absorvida.

H  DQ N
Fator de Qualidade (Q) leva em conta que a radiação que produz maior número de
ionização no tecido, por unidade de comprimento, causa maior dano biológico.

Fator de Modificação (N) é o produto de todos os outros fatores de modificação


especificados pela ICRP relacionados com a ionização no meio em análise

Até 1975, roentgen equivalent men (rem) 1rem  1rad  Q  N


A partir de 1975
1sievert  1gray  Q  N
Para fótons Q=N=1 1Sv  1Gy  100rem
H E  WT  HT
Faixa de energia dos fótons para o processo de atenuação dominante

Faixa de energia dos fótons Processo de atenuação dominante (em tecido humano)
até 50 KeV Fotoelétrico
60 - 90 KeV Fotoelétrico + Compton
200 KeV a 2 MeV Compton
5 MeV a 10 MeV Compton + Produção de Pares
acima de 50 MeV Produção de Pares

Deposição de energia por unidade de massa, em diversos meios

Ar ( mGy) Água ( mGy) Músculo ( mGy) Gordura ( mGy) Osso ( mGy)


10 KeV 8,76 9,13 9,21 5,42 49,51
30 KeV 8,76 8,88 9,21 6,12 60,98
50 KeV 8,76 9,03 9,32 6,59 49,93
100 KeV 8,76 9,59 9, 58 9,17 17,28
200 KeV 8,76 9,73 9,65 9,70 9,85
1 MeV 8,76 9,75 9,66 9,76 9,03
1,25 MeV 8,76 9,74 9,65 9,76 9,02
10 MeV 8,76 9,46 9,35 9,12 9, 93
Efeitos Biológicos
• Células: Somáticas e Germinativas
• Mecanismo: Ionização e excitação dos átomos,
resultante da troca de energia entre a radiação
e a matéria
• Características
– Especificidade
– Tempo de Latência
– Reversibilidade
– Transmissibilidade
– Dose Limiar
– Radiosensibilidade
Efeitos Biológicos
Efeitos Estocásticos Efeitos Determinísticos

Efeitos Somáticos Efeitos Hereditários


O tempo para aparição de um dano biológico depende
fundamentalmente da Taxa de exposição e da Dose
acumulada.
Os efeitos biológicos das radiações
ionizantes são uma sequência de eventos
que ocorrem em nível celular

O dano biológico primeiro se manifesta


na célula

Em organismos mais complexos,


multicelulares, dependendo do tipo de
célula lesada os efeitos poderão ser
transmitidos para maiores níveis de
organização
Observa-se que mamíferos respondem de
forma diferente a uma irradiação de corpo
inteiro:

•A criança e o velho são muito mais sensíveis


que o jovem adulto
•A mulher em geral parece ter maior
tolerância a radiação que o homem
•A resposta a uma mesma dose de radiação
pode ter um período de latência diferente
entre dois indivíduos da mesma espécie
O mecanismo de dano E
Mecanismo Indireto exitação
1014 células
ionização
H2O ----H + OH
Mecanismo Direto

DNA alvo 105 genes

DNA 10-6 mutações / gene / divisão celular


lesado

reparo correto não reparo reparo errôneo

DNA DNA
mutado
restaurado
morte
célula celular
célula mutada
normal viável
apoptose
célula célula
somática germinativa

Catarata Diminuição da longevidade Doenças hereditárias


Malformações Envelhecimento precoce (transmissíveis)
Síndromes da Indução do câncer
radiação

efeitos determinísticos efeitos estocásticos


Evolução da Radiolesão

•Estágio Físico
Ocorre a interação radiação – matéria surgindo átomos e
moléculas excitadas e ionizadas: 10-17 seg
•Estágio Químico

Reações entre produtos formados com moléculas vizinhas:


fração de segundos até horas
•Estágio Biológico
Em consequência dos anteriores morte celular e mutação:
horas até anos

A importância tanto da ionização e excitação quanto da formação de


radicais livres e peróxido de hidrogênio está no fato destes agentes
quebrarem o equilíbrio celular. Tal equilíbrio é gerido por uma “Mecânica
Enzimática” que sustenta as funções vitais da célula;

A radiação produz então, efeitos biológicos a partir de dois mecanismos


básicos: Diretamente por dissociação de moléculas através de sua
excitação e ionização, ou indiretamente pela produção de radicais livres e
peróxido de hidrogênio na água dos fluidos corpóreos.
Efeitos da radiação Ionizante

Agudos Sindrome Aguda da


Radiação: SAR Efeitos - PR

Somáticos
Não
estocásticos
•Congênitos ou teratogênicos
(microencefalia)
Efeitos Tardios
•Não malignos: Catarata
(tipo celular) •Malignos: cancer

Estocásticos

Genéticos ou
hereditários
Do ponto de vista da característica dose/resposta:

Estocásticos (probabilísticos)

Efeito

•Limiar de dose

Não Estocásticos •Magnitude do dano aumenta com a dose

•Existe um relacionamento causal claro


RELAÇÕES DE UNIDADES

DL50/30 (seres humanos): 4 Gy = 400 rad = 4 Sv (para radiação eletromagnética)

1 mSv = 0,1 rem = 0,1 rad = 0,1 cGy (para radiação eletromagnética)

Antiga Nova Símbolo Relação

Dose rad gray Gy 1 rad = 1cGy

Dose rem sievert Sv 1 rem = 0,01 Sv


equivalente
Atividade Ci bequerel Bq 1 Ci = 3,7 x 1010
Bq
DL50 dose letal para 50% dos integrantes
da população exposta de corpo inteiro

100

Valores típicos de DL50(30)


% Letalidade

75
para exposição total de
animais a radiação X ou gama

50 Organismo DL50(30) (Gy)


Cão 3,5
Porco da Índia 4
25 Homem 2,5 - 4,5
Camundongo 5,5
Macaco 6
Rato 7,5
2,5 5,0 7,5 10,0 Coelho 8
Galinha 6
DL 50 (30) Peixe dourado 23
Sapo 7
Dose (Gy) Tartaruga 15

Típico gráfico para determinação da DL50(30) para


ratos expostos a irradiação de corpo inteiro por raios X
Efeitos agudos da Radiação
Depois de um limiar de dose:
SAR

- Síndrome do sistema Hematopoiético (SSH)


Dose 2Gy (200 rads): depressão da medula óssea
Morte de 1 a 2 meses após a irradiação – LD50/30 4-6 Gy Sintomas comuns
- Síndrome do sistema Gastro-intestinal (SSG) •Nausea e vômito
Dose 10Gy (1000 rads): descamação do epitélio intestinal •Febre e fadiga
Morte em 1 ou 2 semans após a irradiação •Alterações no
- Síndrome do sistema Nervoso Central (SSN) sangue
Dose 20Gy (2000 rads): danos no tecido neural.
Morte em minutos ou horas após a irradiação

Efeitos tardios: podem ser observados devido a uma única exposição ou a


exposições contínuas ou crônicas de “baixa intensidade”
Limites Máximos Permissíveis
• CNEN e ICRP recomendam limites
diferentes para trabalhadores e público
em geral
• Nível de segurança  Número de
acidentes de trabalho com morte não é
superior a 1:10000
• Limites
– Trabalhadores: 50mSv
– Público em geral: 5mSv
*LAMA – Limite Anual Máximo Admissível
Precauções
• Limitar riscos e prevenir acidentes
• Exposição interna – via respiratória,
digestiva, transcutânea ou traumática
– Usar máscaras
– Não pipetar com a boca. Não colocar os
dedos na boca, etc.
– Utilizar luvas e roupas especiais. Ex: o trítio
pode ser absorvido peloa organismo através
da pele
Precauções
• Exposição externa – três fatores devem ser levados em
conta para diminuir o risco devido a essas exposições:
temp t, distância d de permanência relativos a fonte de
radiação e blindagens apropriadas

kt
X 2 K é uma constante

d
Esta relação não vale para partículas alfa e beta pois deve se levar em conta
a atenuação que ocorre no ar. A exposição decrescerá com a distância com
uma potência maior do que 2.
Instrução de Detecção Radiológica
http://www.ciadqbn.ensino.eb.br/
Detectores Geiger-Muller

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