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Corpos Finitos
viii
Sumário
Prefácio vii
2 Extensões de Corpos 13
2.1 Elementos Algébricos e Transcendentes . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 Um pouco de Álgebra Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3 Raízes de Polinômios 29
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2 O Corpo de Raízes de um Polinômio . . . . . . . . . . . . . . 35
3.3 Extensões Separáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4 Corpos Finitos 51
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.2 Grupos Cíclicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.3 A Função de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.4 O Grupo Multiplicativo de um Corpos . . . . . . . . . . . . . . 67
4.5 Subcorpos de um Corpo Finito . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.6 Apêndice: O Grupo das Unidade de Zm . . . . . . . . . . . . 78
SUMÁRIO
Notações 157
x
1
Para o produto:
(ab)c = a(bc).
a (b + c) = ab + ac,
(a + b) c = ac + bc.
2
CORPOS FINITOS
3
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À TEORIA DE CORPOS
4
CORPOS FINITOS
Exercícios
1. Provar que, num corpo F vale a propriedade cancelativa: sa a, b, c são
elementos de F, c 6= 0 e ac = bc então a = b.
5
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À TEORIA DE CORPOS
13. Seja F um corpo que tem n elementos. Provar que para todo elemento α ∈ F
tem-se que αn−1 = 1.
6
CORPOS FINITOS
(i) x ± y ∈ K;
(ii) xy ∈ K;
(iii) x−1 ∈ K,
7
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À TEORIA DE CORPOS
{z· · · + a} ∈ F,
ma = |a + a +
m vezes
S = { m · 1 | m ∈ Z} .
8
CORPOS FINITOS
Note que esta função está bem definida porque, como b 6= 0 e Ker (ϕ) =
0, temos que ϕ (b) 6= 0. Ainda, como F é um corpo, nestas condições sempre
existe ϕ(b)−1 .
Agora, é muito fácil provar que também Ker (ϕ) = (0). Portanto temos
que n o
Q= ∼ Im (ϕ) = ϕ (a) ϕ(b)−1 a, b ∈ Z, b 6= 0 .
9
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À TEORIA DE CORPOS
10
CORPOS FINITOS
Exercícios
1. Seja K um subconjunto de um corpo F. Provar que K é um subcorpo de F se
e somente se para todo par de elementos x, y ∈ K tem-se que x ± y e xy −1
estão em K.
F. K∈F K
T
2. (a) Seja F uma família de subcorpos de um corpo Provar que
é um subcorpo de F.
(b) Provar que, se F é a família de todos os subcorpos de F, então
P = K∈F K é o corpo primo de F.
T
5. Seja F um corpo cujo corpo primo é isomorfo a Zp . Provar que para todo
inteiro m e para todo elemento não nulo a ∈ F tem-se que ma = 0 se e
somente se p | m.
p
(a) Provar que (a + b) = ap + bp .
(b) Mostrar que, para todo inteiro positivo m tem-se que
m m m
(a + b)p = ap + bp .
11
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À TEORIA DE CORPOS
12
2
Extensões de Corpos
14
CORPOS FINITOS
I = { f ∈ F [X] | f (a) = 0}
não é vazio.
É fácil verificar diretamente que I é um ideal de F [X]. Como F [X] é um
anel principal, existe um polinômio f que é gerador de I ; isto é, tal que todo
elemento de I é um múltiplo de f . O ideal dos múltiplos de f é denotado
por (f ); assim, podemos escrever que I = (f ). Ainda, se multiplicamos f
por uma constante a ∈ F temos que af é outro gerador do mesmo ideal I .
Escrevendo f = a0 + a1 X + · · · + an−1 X n−1 + an X n temos que o
polinômio
f0 = a−1 −1 −1 −1
n f = an a0 + an a1 X + · · · + an an−1 X
n−1
+ Xn
15
CAPÍTULO 2. EXTENSÕES DE CORPOS
F (a) ∼
=
F [X] .
(m ) a
16
CORPOS FINITOS
17
CAPÍTULO 2. EXTENSÕES DE CORPOS
F (X) ∼
= F (a) .
Exercícios
1. Achar o polinômio minimal, sobre Q, dos seguintes elementos:
√
(a) 5.
18
CORPOS FINITOS
√ √
(b) 2 + 5.
p √
(c) 1 + 2.
√ √ √ √
2. Provar que Q 2, 3 = Q 2 + 3 .
19
CAPÍTULO 2. EXTENSÕES DE CORPOS
√ √
14. Determinar todos os automorfismos de Q 2 e de Q 3 2 .
√ √
Q 3 e de Q 3 7 .
3
15. Determinar todos os automorfismos de
20
CORPOS FINITOS
(i) Se um espaço vetorial tem uma base com n elementos, então todo
conjunto com mais de n elementos é linearmente independente.
Ele utiliza estes resultados para provar que todas as bases de um espaço
vetorial (de dimensão finita) têm o mesmo número de elementos. Este último
resultado apareceu antes num trabalho de Richard Dedekind (1831-1916), de
1893, onde estudava também extensões de corpos, mas os enunciados (i) e (ii)
aparecem por primeira vez explicitamente na obra de Steinitz.
21
CAPÍTULO 2. EXTENSÕES DE CORPOS
Isto mostra que o conjunto de elementos 1, a, a2 , . . . , an−1 é um
conjunto de geradores de F (a) sobre F. Vamos provar que é, também,
um conjunto linearmente independente.
De fato, suponha que existem elementos λ0 , λ1 , . . . , λn−1 de F, não todos
nulos, tais que λ0 + λ1 a + λ2 a2 + · · · + λn−1 an−1 = 0. Isto significa que a
é raiz do polinômio f = λ0 + λ1 X + λ2 X 2 + · · · + λn−1 X n−1 ∈ F [X].
Como f tem raiz a, tem-se que ma | f e, como gr (ma ) = n > gr (f ),
deve ser f = 0, uma contradição.
Assim, temos mostrado o seguinte.
Demonstração:
Para provar nossa afirmação basta mostrar que o conjunto
A = 1, a, a2 , . . . , an , . . . é linearmente independente. Como se trata de
um conjunto infinito, a tese seguirá imediatamente.
Suponha, então, que existe a um subconjunto finito {1, a, . . . , am } de A,
que é linearmente dependente. Então, existem elementos λ0 , λ1 , . . . , λm de
F, não todos nulos, tais que λ0 + λ1a + λ2 a2 + · · · + λm am = 0. Como
acima, isto significa que a é raiz de f = λ0 + λ1 X + λ2 X 2 + · · · + λm X m
que é um polinômio não nulo de F [X].
Consequentemente, a é algébrico sobre F, uma contradição.
22
CORPOS FINITOS
[E : K] = [E : K] [K : F] .
X = {x1 , x2 , . . . , xn } e Y = {y1 , y2 , . . . , ym }
α = b1 x 1 + b2 x 2 + · · · + b n x n .
23
CAPÍTULO 2. EXTENSÕES DE CORPOS
cij = 0,
24
CORPOS FINITOS
[E : F] = |Y X| = mn = [E : K] [K : F] .
λ0 + λ1 a + λ2 a2 + · · · + λn an = 0.
25
CAPÍTULO 2. EXTENSÕES DE CORPOS
Exercícios
√ √ √ √ √
1. Provar que 1, 2, 5, 10 é uma base de Q 2, 5 sobre Q.
√ √
2. Determinar uma base de Q 3 + 5 sobre Q.
√ √ √ √
3. Provar que Q 2, 3 2, 4 2, . . . , n 2, . . . é uma extensão algébrica de Q, mas
26
CORPOS FINITOS
27
CAPÍTULO 2. EXTENSÕES DE CORPOS
28
3
Raízes de Polinômios
3.1 Introdução
A teoria de polinômios demorou a se tornar clara para os matemáticos. Um
fato interessante é que, embora se suspeitasse de longa data, durante muito
tempo não houve uma prova convincente de que um polinômio de grau n tem,
no máximo, n raízes. Como veremos, isto segue facilmente do nosso próximo
teorema, devido a René Descartes (1596-1650), de 1637. Naturalmente, nós o
enunciamos em termos mais atuais.
f (α) = (α − α) q (α) + r = r.
30
CORPOS FINITOS
g = (X − α2 )m2 · · · (X − αt )mt h,
f = a (X − α1 ) (x − α2 ) · · · (X − αn ) ,
com ai ∈ E, 1 ≤ i ≤ n.
31
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
32
CORPOS FINITOS
f = a (X − α1 ) (X − α2 ) · · · (X − αn ) com αi ∈ F, 1 ≤ i ≤ n.
Exercícios
1. Seja f um polinômio com coeficientes reais. Provar que, se um número
complexo α = a + bi é raiz de f então o conjugado α = a − bi também é
raiz de f . Mostrar que (X − α) (X − α) ∈ R [X].
33
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
√
3. Determinar todas as raízes do polinômio X 4 + X 2 + 1 em Q i 3 .
34
CORPOS FINITOS
35
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
f não o é, tomamos um fator irredutível de f . Este fator tem uma raiz que,
naturalmente, é também raiz de f .
Assim, daqui em diante, vamos assumir que f = a0 +a1 X +· · ·+an X n ∈
F [X] é um polinômio irredutível.
Consideramos então o anel quociente
E = F(f[X]
)
.
0=f = a0 + a1 X + · · · + an X n
n
= a0 + a1 X + · · · + an X
= a0 + a1 α + · · · + an αn .
E = F(f[X]
)
= F (α) .
∼
αn = −a0 − a1 X − · · · − an X n .
36
CORPOS FINITOS
37
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
h = (X − α2 ) · · · (X − αn )
em E [X]. Portanto,
f = (X − α1 ) (X − α2 ) · · · (X − αn )
em E[X].
Conforme vimos na demonstração do Lema 3.1.1, o corpo
F (α1 , α2 , . . . , αn ) é um corpo de raízes de f sobre F.
(f g)∗ = f ∗ g∗ .
38
CORPOS FINITOS
definimos:
39
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
F1 (α1) Φ / F2 (α2 )
F1 ϕ
/ F2
Em F1 (α1 ) podemos escrever f = (X − α1 ) g com gr (g) = n − 1 e,
da mesma forma, f ∗ = (X − α2 ) g∗ com gr (g∗ ) = n − 1. Note que segue
diretamente do Lema 3.1.1 que E1 e E2 são corpos de raízes de g e g∗ sobre
F1 (α1 ) e F2 (α2 ) respectivamente.
40
CORPOS FINITOS
Exercícios
1. Achar a decomposição em fatores irredutíveis do polinômio f = 2X 4 + 2X 3 +
2X + 1 em F3 [X] e achar dois corpos não isomorfos tais que f tem uma raiz
em cada um deles.
Provar que, com estas operações, X é um corpo que contém F e que f tem
uma raiz em X.
Encontre um argumento análogo para o caso em que os corpos envolvidos não
são finitos.
41
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
7. Sejam a e b dos inteiros que não são quadrados perfeitos. Seja E ⊂ C o corpo
de raízes do polinômio f = X 2 − a X 2 − b sobre Q. Determinar E e
42
CORPOS FINITOS
11. Seja Sejam F um corpo e f um polinômio não constante de F [X]. Seja ainda
E um corpo de decomposição para f sobre F. Provar que a interseção de
todos os subcorpos de E que são corpos de decomposição para f sobre F é
um corpo de raízes de f .
é um isomorfismo de anéis.
Provar que, se α ∈ F1 é uma raiz de f então ϕ (α) ∈ F2 é uma raiz de f ∗ .
43
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
f ′ = a1 + a2 X + · · · + an X n−1 ;
Pn i
ou, equivalentemente, se f = i=0 ai X então
n
X
′
f = iai X i−1 .
i=1
(i) (f + g)′ = f ′ + g′ .
(ii) (af )′ = af ′ .
(iii) (f g)′ = f g′ + f ′ g.
f g = (f1 + an Xn ) g = f1 g + an X n g
e, aplicando (i),
(f g)′ = (f1 g)′ + (an X n g)′ .
Pela hipótese de indução temos que (f1 g)′ = f1 g′ + f1′ g.
44
CORPOS FINITOS
f (α) = 0 e f ′ (α) = 0.
f ′ = (X − α)n g ′ + n (X − α)n−1 g.
45
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
Demonstração: De fato, note que, do Lema acima, temos que f tem raíz
múltipla se e somente se (X − α) é um divisor de f e também de f ′ .
Portanto mdc (f, f ′ ) 6= 1 em E [X].
Ainda, é fácil ver que, como f e f ′ pertencem a F [X], então seu máximo
comum divisor também pertence a F [X] (por exemplo, lembrando que
mdc (f, f ′ ) pode-se calcular usando o algoritmo de Euclides e observando
que todas as operações implicadas nesse cálculo acontecem em F [X].
Polinômios que têm só raízes simples são tão importantes que eles
recebem um nome particular.
46
CORPOS FINITOS
f = a0 + ap X p + a2p X 2p + · · · akp X kp .
47
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
48
CORPOS FINITOS
Exercícios
R [X] é separável, mas
1. Mostre que o polinômio f = X 2 + 1 X4 − 1 ∈
tem raízes múltiplas.
(i) f é separável.
(ii) As raízes de f em qualquer extensão E de F são simples.
(iii) Existe uma extensão E de F tal que f =
(X − α1 ) (X − α2 ) · · · (X − αn ) em E[X].
10. Seja F um corpo perfeito. Provar que toda extensão algébrica de F é separável.
49
CAPÍTULO 3. RAÍZES DE POLINÔMIOS
50
4
Corpos Finitos
4.1 Introdução
O conceito de corpo finito é devido a Evariste Galois (1811-1832) que o
introduziu em [6], em 1830. Ele considerou um polinômio irredutível
f ∈ Z [X], de grau n. Chamando de i uma de suas raízes (note que,
neste contexto, i não tem nada a ver com a unidade imaginária dos números
complexos), ele considerou expressões do tipo
a0 + a1 i + a2 i2 + · · · + an−1 in−1 ,
α = x1 b1 + x2 b2 + · · · + xn bn com xi ∈ Fp , 1 ≤ i ≤ n.
Teorema 4.1.3 Seja E um corpo finito com pn elementos. Então, para todo
elemento a ∈ E, tem-se que
n
ap = a.
52
CORPOS FINITOS
e
n
X p − X = (X − a1 ) (X − a2 ) · · · (X − aq ) ,
onde a1 , a2 , . . . , aq são todos os elementos de Fq .
Demonstração: O conjunto E∗ = E \ {0} é um grupo de ordem pn − 1.
Portanto, para todo elemento a ∈ E∗ , tem-se que ap −1 = 1 donde ap = a.
n n
Como esta relação vale também para o elemento 0, ela vale para todos os
elementos de E.
Este argumento mostra que o conjunto dos elementos de E é também o
n
conjunto das raízes do polinômio f = X p − X e, como gr (f ) = pn , estas
são todas as raízes deste polinômio. Portanto
n
X p − X = (X − a1 ) (X − a2 ) · · · (X − aq ) .
n
Da mesma forma, (αβ)p = αp β p = αβ .
n n
53
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
n
Finalmente, se αp = α então também (1/α)p = 1/α. Todas estas
n
Corolário 4.1.1 Seja F um corpo finito com q elementos e seja P seu corpo
primo. Então F é o corpo de raízes do polinômio X q − X sobre P.
A mesma linha de ideias permite provar também outro resultado
importante.
54
CORPOS FINITOS
elementos de F.
F = α ∈ E αpm = α .
para todo x ∈ E.
Do lema acima, vem que os elementos fixos por σ ; isto é, os elementos
tais que σ (x) = x, são precisamente os elementos de F, de modo que
também podemos caracterizar F como:
F = {x ∈ E | σ (x) = x} .
55
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
ou, equivalentemente,
σ (α + β) = σ (α) + σ (β) .
56
CORPOS FINITOS
Exercícios
1. Exibir exemplos de corpos com 8 e com 16 elementos.
f = X 9 − X sobre F3 .
E1 = F3 [X] /
3. Provar que X 2 + X + 2 é isomorfo a
E = (XF32 [X]
+ 1)
.
√
4. Seja α = −1+2 5
∈ C. Seja I = 2Z [α]. Prove que E2 = Z [α] /I é um corpo
isomorfo a
E = (x2 Z+2 X[X]+ 1) .
5. Construir um exemplo de corpo finito com 27 elementos.
57
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
13. Prove que todo polinômio irredutível de segundo grau em Fq [X] pode se
escrever como o produto de dois polinômios de primeiro grau em Fq2 [X].
14. Seja E um corpo finito com pn elementos. Provar que, para todo elemento
a ∈ E tem-se que ap = a.
n
58
CORPOS FINITOS
A = . . . , a−2 , a−1 , 1, a, a2 , . . . = ai i ∈ Z .
59
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
60
CORPOS FINITOS
γi = max (ni , mi ) , 1 ≤ i ≤ t.
γi
ordem pi ; no segundo caso, hbi contém um tal elemento, 1 ≤ i ≤ t.
Em qualquer caso, para cada índice i existe um elemento gi ∈ A tal que
o (gi ) = γi , 1 ≤ i ≤ t. Seja g ∈ A o produto g = g1 g2 · · · gt .
Como mdc (o (gi ) , o (gj )) = 1 sempre que i 6= j , conforme à parte (i),
temos que
o (g) = pγ11 pγ22 · · · pγt t = mmc (r, s) .
Exercícios
1. Determinar todos os geradores dos grupos aditivos Z6 , Z8 , Z10 , Z12 e Z24 .
2. Determinar todos os geradores do grupo cíclico (multiplicativo) G = hai
quando o (a) = 6, 8, 10, 12 e 24, respectivamente.
61
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
7. Provar que um grupo cíclico finito, de ordem par, contém um único elemento
de ordem 2.
10. De um grupo G sabe-se que ele contém somente dois subgrupos. Provar que
G é cíclico, de ordem prima.
11. De um grupo cíclico G sabe-se que ele contém exatamente três subgrupos: o
próprio G, o subgrupo {e} e um subgrupo de ordem prima p. Determine G.
12. Sejam G um grupo e p um número primo. Mostre que se G contém mais que
p − 1 elementos de ordem p, então G não é cíclico.
13. Seja G um grupo cíclico cuja ordem é divisível por 8. Quantos elementos de
ordem 8 há em G?
62
CORPOS FINITOS
isto é,
ϕ (pm ) = pm−1 (p − 1) .
Nossa intenção agora é provar que, se m e n são inteiros relativamente
primos, então ϕ (mn) = ϕ (m) ϕ (n). Há várias formas de chegar a este
resultado. Nos o obteremos como consequência do nosso próximo resultado,
que é uma versão do Teorema Chinês do Resto (veja o Exercício 2 desta seção).
Zmn ∼
= Zm ⊕ Zn .
a 7→ ([a]n , [a]m ) .
Nossa primeira providência será provar que ela está bem definida, uma
vez que parece depender do representante. Sejam então a, b ∈ Z tais que
63
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
64
CORPOS FINITOS
ou,equivalentemente,
r
Y 1
ϕ (n) = n 1− .
pi
i=1
65
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
Exercícios
1. Calcular ϕ (36), ϕ (81) e ϕ (120).
X ≡ c1 (modm) ,
X ≡ c2 (modn) ,
sempre tem solução em Z. Mostre que esta solução é única, módulo mn.
3. Sejam m e n inteiros positivos relativamente primos e seja ψ : Z → Zm ⊕ Zn
a função que a cada elemento a ∈ Z associa o par ([a]n , [a]m ) onde [a]n e
[a]m denotam as classes de a em Zn e Zm respectivamente. Provar que ψ é
sobrejetora, determinar Ker (ψ), e dar outra demonstração do Teorema 4.3.1.
66
CORPOS FINITOS
8. Provar que
67
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
68
CORPOS FINITOS
69
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
E = (X 3F+2 [X]
X + 1)
E = a0 + a1 t + a2 t2 a0 , a1 , a2 ∈ F2
t0 = 1, t1 = t, t2 = t2 , t3 = 1 + t,
t = t + t , t = 1 + t + t , t = 1 + t , t7 = t + t3 = 1.
4 2 5 2 6 2
Logo, t é um gerador de E∗ .
Exemplo 4.4.2 Considere o polinômio X 2 −2 ∈ F5 [X] que é irredutível, pois
não tem raízes em F5 . Então
F25 = (xF25 −
[X] ∼
= F5 (t) = a0 + a1 t
2
t =2 .
2)
t0 = 1, t1 = t, t2 = 2, t3 = 2t,
t = 2t = 4, t = 4t, t = 4t = 3, t7 = 3t, t8 = 1 = t0 .
4 2 5 6 2
2
É bom observar que, ao estudar divisibilidade de polinômios sobre domínios com fatoração
única, a expressão polinômio primitivo é usada num sentido completamente diferente (veja,
por exemplo [5, Definition 6.8]).
70
CORPOS FINITOS
Logo, o (t) = 8. Nenhum dos elementos listados acima pode ser primitivo,
pois todos eles pertencem a um subgrupo de ordem 8.
Tentamos então outro elemento. Escolhemos α = 1 + t. Calculando,
obtemos:
α1 = 1 + t, α2 = 1 + 2t + t2 = 3 + 2t, α3 = (3 + 2t) (1 + t) = 2,
α = 2 + 2t, α = (2 + 2t) (1 + t) = 1 + 4t, α6 = (1 + 4t) (1 + t) = 4.
4 5
2
Neste ponto, notamos que α12 = α6 = 1. Consequentemente, o (α) é
um divisor de 12, e nossos cálculos mostraram que é maior que seis. Logo,
o (α) = 12.
Note que o α4 = 12 4 = 3. Então, mmc o (t) , o α4 = 1 e, pelo
Lema 4.2.3, temos que o t · α4 = o (t) o α4 = 8 · 3 = 24. Como
α4 = 2 + 2t temos que
α1 = t (2 + 2t) = t + 2t2 = 2 + 2t
é um gerador primitivo de F25 .
A técnica usada no exemplo acima para determinar um elemento gerador
é, na verdade, um caso particular de um método mais geral para determinar
o gerador de um grupo cíclico.
Seja A um grupo cíclico de ordem n e seja α1 um elemento qualquer
de A. Se hα1 i =6 A seja α2 outro elemento de A que não pertence a hα1 i.
Sejam µ1 e µ2 as respectivas ordens. Escrevemos a decomposição em fatores
primos de ambas ordens, de tal forma que compareçam os mesmos primos
em ambas. Para isso, basta completar as decomposições, adicionando primos,
elevados ao expoente 0, quando necessário. Mais ainda, podemos reordenar
os primos de modo que compareçam primeiro os primos que têm expoente
maior em µ1 e depois os que têm expoente maior em µ2 . Mais precisamente,
escrevemos: ar+1
µ1 = pa11 · · · par r pr+1 · · · pakk ,
b
µ2 = pb11 · · · pbrr pr+1
r+1
· · · pbkk ,
onde assumimos que bi ≤ ai para 1 ≤ i ≤ r e bi > ai para r + 1 ≤ i ≤ k.
Tomamos então:
b
d1 = pa11 · · · par r e r+1
d2 = pr+1 · · · pbkk ,
71
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
µ1 µ2
Algoritmo de Gauss.
Exercícios
1. Seja p um inteiro primo. Provar que o grupo multiplicativo Z∗p é cíclico.
Determinar um gerador de cada um dos seguintes grupos: Z5 , Z17 e Z31 .
72
CORPOS FINITOS
6. Seja p um inteiro primo. Provar que Zp2 não é um corpo e mostrar que,
mesmo assim, o conjunto U Zp2 dos elementos inversíveis de Zp2 é um
φ:
F2 [X] → F2 [X] .
3
(X + X + 1) (X + X 2 + 1)
3
73
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
74
CORPOS FINITOS
m n
Demonstração: Pelo Lema 4.5.1, X p −1 − 1 | X p −1 − 1 se e somente
se (pm − 1) | (pn − 1) e, pelo Lema 4.5.2, isto acontece se e somente se
m | n.
A segunda afirmação seque imediatamente da anterior.
Note que, dado um corpo finito Fpn , seu corpo primo é Fp . Todo
subcorpo de Fpn deve ser uma extensão de Fp , portanto, da forma Fpm ,
para algum inteiro positivo m. Podemos agora descrever todos os subcorpos
de um corpo finito.
75
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
20 ❅
⑤⑤ ❅❅
⑤⑤⑤ ❅❅
❅❅
⑤
⑤⑤ ❅
10 ❇ 4
⑦⑦ ❇❇❇ ⑦⑦
⑦⑦ ❇❇ ⑦⑦⑦
⑦⑦ ❇❇ ⑦
⑦⑦ ⑦⑦
5❅ 2
❅❅
❅❅ ⑤⑤⑤
❅❅ ⑤⑤
❅ ⑤⑤⑤
1
Consequentemente, o reticulado de subcorpos de Fq 20 é
Fp 20
❉❉
③③ ❉❉
③③③ ❉❉
③ ❉❉
③③
Fp 10
❉❉
Fp 4
④④ ❉❉ ④④
④④④ ❉❉ ④④④
④ ❉❉ ④
④④ ④④
Fp 5
❉❉
Fp 2
❉❉ ③③
❉❉ ③③③
❉❉ ③
③③
Fp
O conhecimento dos subcorpos de um corpo finito permite construir
explicitamente o fecho algébrico de um corpo finito, veja o Exercício 4.
Exercícios
1. Determinar o reticulado de subcorpos de F2 , F3 30 30 e F5 32 .
Fq n ∩ Fqm = Fqd .
76
CORPOS FINITOS
(a) Divisores de n.
n
(b) Divisores de xp −1
− 1.
(c) Subcorpos de Fp n .
se e somente se d | n.
10. Use o exercício anterior para provar que um polinômio f ∈ Fq [X], de grau n,
é irredutível se e somente se verifica as seguintes condições:
n
(a) f | X q − X .
ℓ n
(b) mdc (f, X q − X) = 1 para 1 ≤ ℓ ≤ 2 .
77
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
78
CORPOS FINITOS
Logo,
m
m−1
p p
(1 + kp)p = (1 + kp)p = 1 + kpm + tpm+1
= (1 + pm (k + tp))p
p
m p p
X
= 1+p (k + tp) + (pm )i (k + tp)i .
1 i
i=2
p
Ainda, como 1 = p temos que
m
(1 + kp)p = 1 + kpm+1 + tpm+2 + t′ pm+2 ,
79
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
donde
m
(1 + kp)p ≡ 1 + kpm+1 modpm+2 ,
como queríamos demonstrar.
positivo tal que bp−1 ≡ 1 (modp) ou, em outras palavras, tal que existe
k ∈ Z que verifica que bp−1 = 1 + kp.
e seja α a classe de a em Zpm . Afirmamos que α é um
m−1
Seja a = bp
elemento de ordem p − 1 em U (Zpm ).
Com efeito, calculamos:
m−1 p−1 pm−1 m−1
ap−1 = bp = bp−1 = (1 + kp)p .
então
ap−1 ≡ 1 (modpm ) ,
donde, tomando classes, segue que αp−1 = 1 em U (Zpm ). Logo
o (α) | p − 1. (4.2)
80
CORPOS FINITOS
m−1
Se pm divide bo(α)p − 1, em particular temos também que p divide
m−1
b o(α)p − 1 donde
b
o(α)pm−1
=1 em Zp .
Como b tem ordem p − 1 em Zp, segue que
(p − 1) | o (α) . (4.3)
s
(1 + p)p ≡ 1 (modpm ) . (4.4)
81
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
o (αβ) = (p − 1) pm−1 .
Lema 4.6.4 (i) Para todo inteiro b ímpar e todo inteiro m ≥ 2 tem-se que
m−2
b2 ≡ 1 (mod2m ) .
82
CORPOS FINITOS
Calculamos então
k−1
k−2 2 2
b2 = b2 = 1 + λ2k
= 1 + λ2k+1 + λ2 22k = 1 + 2k+1 λ + λ2 2k−1
Calculamos
k+1
k 2 2 2
52 = 52 = 1 + 2k+2 + λ2k+3 = 1 + 2k+2 (1 + 2λ)
= 1 + 2k+3 (1 + 2λ) + 22k+4 (1 + 2λ)2
= 1 + 2k+3 + 2k+4 λ + 2k (1 + 2λ)2
Corolário 4.6.1 Todo elemento de U (Z2m ) tem ordem menor o igual a 2m−2 .
83
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
5
2r
=1 em Z2 m ,
donde
r
52 ≡ 1 (mod2m ) .
Como r < m + 2 temos que r + 3 ≤ m e segue também que
r
52 ≡ 1 mod2r+3 .
Por outro lado, aplicando novamente a parte (ii) do Lema 4.6.4 com t = r
temos que
r
52 ≡ 1 + 2r+2 mod2r+3 .
Das duas congruências acima resulta que
0 ≡ 2r+2 mod2r+3 ,
84
CORPOS FINITOS
· B = U (Z2 ).
Queremos demonstrar
que A ∩ B = 1 e queA
m
com 0 < i < 2m−2 . Então, ter-se-ia que 5 = 1 em U (Z2m ), o que implica
2i
que
2m−2 | 2i
e portanto
2m−3 | i.
Escrevendo i = 2m−3 q , com q ∈ Z, como i < 2m−2 segue que
2m−3 q< 2m−2 , logo q < 2 o que implica q = 1 e portanto i = 2m−3 .
Então, da equação (4.6) temos
em U (Z2m ) ,
2m−3
5 =1
donde
m−3
52 ≡ 1 (mod2m ) . (4.7)
Ainda, usando mais uma vez a parte (ii) do Lema 4.6.4 com t = m − 3,
segue que
m−3
52 ≡ 1 + 2m−1 (mod2m ) . (4.8)
85
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
0 ≡ 2m−1 (mod2m ) ,
n = 2, 4, pm ou 2pm ,
U (Z2pm ) ∼
= U (Z2 ) × U (Zpm ) ∼
= 1 × U (Zpm ) ∼
= U (Zpm ) ;
86
CORPOS FINITOS
U (Zn ) ∼
= U (Z2a ) × U Zpm × · · · × U Zpm
1
1
t
t .
Do teorema citado acima vem que cada fator deve ser cíclico; em
particular a = 0 ou a = 1 pois, se a > 1, o Corolário 4.6.2 mostra que
U (Z2a ) não é cíclico.
Ainda, se pi e pj são dois primos ímpares distintos, temos que ϕ (pi ) e
ϕ (pj ) são ambos pares, logo não são relativamente
primos, o que mostra que
só pode haver um fator da forma U Zp mi
i
.
Da mesma forma, se a = 2 tem-se que ϕ 22 = 2 também é par e, nesse
caso, não pode haver nenhum fator da forma U Zpm
i
i .
87
CAPÍTULO 4. CORPOS FINITOS
88
5
5.1 Introdução
Provamos que se Fq ⊂ Fqn são corpos finitos, então existe um elemento
primitivo α de Fqn sobre Fq . Seja f o seu polinômio minimal sobre Fq , que
é f é irredutível em Fq [X].
Sabemos que [Fqn : Fq ] = n. Como Fqn = Fq (α), também temos que
[Fq (α) : Fq ] = gr (f ); logo n = gr (f ). Esta observação simples mostra que
n
vale o seguinte.
Lema 5.1.1 Dado um inteiro positivo n, sempre existe pelo menos um polinômio
irredutível f , de grau n, sobre Fq .
d
Demonstração: Seja d = gr (f ). Pelo corolário acima, f | (X q − X)
d n
e, se d | n, pelo
Lema 4.5.1, tem-se que (X p − X) | X p − X ; logo,
n
f | Xp − X .
n
Reciprocamente, se f | X q − X e α é uma raiz de f , então
Fq (α) ⊂ Fqn . Logo [F (α) : Fq ] = d é um divisor de [Fqn : Fq ] = n.
Exercícios
1. Seja f ∈ Fq [X] um polinômio irredutível de grau n. Provar que mdc (f, X q −
i
i
mdc (f, X q − X) = 1 para 1 ≤ i ≤ ⌊ n2 ⌋, como acima, então f é irredutível.
(Sugestão: mostre que, se f é redutível, então ele têm um fator irredutível de
grau m ≤ n2 ).
90
CORPOS FINITOS
A partir desta fórmula vamos obter o número que desejamos calcular. Porém,
para isso será necessário introduzir primeiro uma função bem conhecida em
teoria dos números.
Denotaremos por Z+ o conjunto dos inteiros estritamente positivos.
Lembramos que um inteiro a ∈ Z+ diz-se livre de quadrados se não é
divisível pelo quadrado de nenhum número inteiro. É fácil ver que a é livre de
quadrados se e somente se sua decomposição como produto de primos é da
forma a = p1 p2 · · · pr ; isto é, se todos os primos distintos que comparecem
na decomposição de a têm expoente igual a 1.
91
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
X r
X X X
µ (d) = µ (1) + pi + µ (pi pj ) + µ (pi pj pk ) + · · ·
d|n i=1 i,j i,j,k
· · · + µ (p1 p2 · · · pr )
r r 2 r
= 1+ (−1) + (−1) + (−1)3 + · · ·
1 2 3
r
··· + (−1)r
r
= (1 − 1)r = 0.
Então: X n
f (n) = g (d) µ
d
d|n
92
CORPOS FINITOS
X n X n X
g (d) µ = µ f (ℓ)
d d
d|n d|n ℓ|d
X X n
= f (ℓ) µ ,
d
ℓ|d
P n
d
Pelo Lema 5.2.1 temos que d n
| µ d = 0 se ℓ ∤ nℓ . Logo.
ℓ ℓ
X n
g (d) µ = f (n) ,
d
d|n
ou, equivalentemente,
X n
g µ (d) = f (n) .
d
d|n
93
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
donde
1X n
Nq (n) = µ (d) q d .
n
d|n
1
Nq (12) = µ (1) q 12 + µ (2) q 2 + µ (3) q 4 + µ (4) q 3 +
12
µ (6) q 2 + µ (12) q
1 12
= q − q6 − q4 + q6 .
12
Exemplo 5.2.2 Vamos determinar o número de polinômios mônicos,
irredutíveis, de grau 4 em F2 [X] e em F3 [X].
1
N2 (4) = µ (1) 24 + µ (2) 22 + µ (4) 2
4
1 4
= 2 − 22 = 3.
4
1
N3 (4) = µ (1) 34 + µ (2) 32 + µ (4) 3
4
1 4
= 3 − 32 = 8.
4
94
CORPOS FINITOS
Exercícios
1. Seja f uma função definida em Z+ , com valores num grupo aditivo, e seja g
a função definida por Y
g (n) = f (d).
d|n
Prove que Y
g (d) ( d ) .
µ n
f (n) =
d|n
95
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
6. Prove que:
(a) Dois polinômios irredutíveis diferentes em Fq [X] não podem ter uma
raiz comum.
(b) O número de geradores primitivos de Fq sobre Fq é ϕ (qn − 1).
n
um elemento a ∈ Fp por:
" # 0 se a = 0,
a
= 1 se a ∈ Q,
b
−1 se a ∈ N Q.
homomorfismo de grupos.
(b) Mostrar que a 2 = ap , para todo a ∈ Fp .
p−1
Provar que:
Y Y n µ(d)
g (d) ( d ) =
µ n
f (n) = g .
d
d|n d|n
96
CORPOS FINITOS
q m − 1.
97
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
em E [X].
Uma raiz n-ésima da unidade da forma αr é primitiva se e somente
se mdc (r, n) = 1. Em outras palavras, αr é uma raiz primitiva n-ésima
se e somente se r ∈ U (Zn ). Portanto, existem precisamente ϕ (n) raízes
primitivas n-ésimas da unidade. Denotaremos por Sn (E) o conjunto de
todas as raízes primitivas n-ésimas da unidade en E.
Observação. 5.3.1 Note que existe raiz primitiva n-ésima da unidade, sobre
um corpo de característica p, se e somente se mdc (n, p) = 1. De fato, o
98
CORPOS FINITOS
Teorema 5.3.1 mostra que, se mdc (n, p) = 1, então existe raiz primitiva n-
ésima. Por outro lado, se ζ é uma raiz n-ésima de 1 e p | n, escrevendo
n = pt m com mdc (p, m) = 1 temos que ζ é raiz de
t t
Xn − 1 = Xp m
− 1 = (X m − 1)p ,
Xp − 1
Φp (X) = = X p−1 + X p−2 + · · · + X + 1.
X −1
99
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
X 15 − 1
Φ15 =
(X − 1) (X 2 + X + 1) (X 4 + X 3 + X 2 + X + 1)
X 15 − 1
=
(X 5 − 1) (X 2 + X + 1)
X 10 + X 5 + 1
=
X2 + X + 1
= X 8 − X 7 + X 5 − X 4 + +X 3 − X + 1.
100
CORPOS FINITOS
X6 + 1
Φ12 (X) = = X 4 − X 3 + 1.
X2 + 1
Os polinômios ciclotômicos foram usados por C. F. Gauss em sua célebre
obra Disquisitiones Arithmeticae, publicada em 1801, para tratar um dos
problemas clássicos da geometria grega: a construção de polígonos regulares
com régua e compasso. Nesta obra, Gauss determina os polígonos regulares
construtíveis e apresenta um método de construção para os polígonos
construtíveis de até 256 lados.
Teorema 5.3.2 Seja E um corpo que contém uma raiz primitiva n-ésima da
unidade e seja P o seu corpo primo. Então Φn (X) ∈ P [X].
101
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
Por outro lado, usando o algoritmo de divisão inteira em P [X] temos que
r (X) = 0
n
X − 1 = f (X) g (X) + r (X) , onde ou (5.5)
gr (r) < gr (f ) .
Exercícios
1. Calcular Φn (X), para todo inteiro positivo n ≤ 10.
(a) Φn (0) = 1 se n ≥ 2.
0 se n = 1,
(b) Φn (1) = p se n é uma potência de um número primo p,
1 se n tem pelo menos dois divisores primos distintos.
102
CORPOS FINITOS
i, iq, iq 2 , . . . , iq ℓ−1 ,
103
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
O conjunto de elementos
ℓ−1
α = ζ i , αq = ζ iq , . . . , αq ℓ−1 = ζ iq ,
ℓ
onde ℓ é o menor inteiro positivo tal que αq = v , diz-se o q -ciclo
de α.
ou, equivalentemente,
σ (α + β) = σ (α) + σ (β) .
Ainda, como Fqm é um corpo, é fácil ver que σ é injetora e, como o corpo
é finito, resulta imediatamente que ela também é sobrejetora. Portanto, σ é
um automorfismo de Fqm . Ainda, como Fq é o corpo de decomposição e
X q − X temos que α ∈ Fqm está em Fq se e somente se σ (α) = α. Esta
função chama-se o automorfismo de Frobenius de Fqm sobre Fq . Trataremos
mais amplamente deste automorfismo no próximo capítulo.
Seja σ : Fqn [X] → Fqn [X] a função induzida em Fqn [X] por σ , isto é,
se f = ki=0 ai X i ∈ Fqn [X] definimos σ (f ) = ki=0 σ (ai ) X i . Como no
P P
Exercício 14 da seção 3.2; prova-se facilmente que σ é um automorfismo de
anéis de Fqn [X].
Agora estamos em condições de provar o seguinte.
104
CORPOS FINITOS
105
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
ζ, ζ 5 , ζ 25 = ζ.
Portanto. Φ12 (X) tem um fator irredutível de segundo grau (da forma
f = (X − ζ) X − ζ 2 ). Logo, ele deve ser o produto de dois polinômios de
segundo grau.
Escrevendo Φ12 (X) = X 2 + aX + b X 2 + cX + d e resolvendo o
sistema resultante, tem-se que:
Φ12 (X) = X 2 + 2X + 4 X 2 + 3X + 4
em F5 [X].
Frequentemente é importante encontrar o polinômio minimal de um
dado elemento de um corpo finito. Uma forma possível para determinar
o polinômio minimal de um elemento é usar as ideias desta seção. Dado um
elemento γ ∈ Fqn determinamos o q -ciclo de γ em Fqn : γ, γ q , · · · , γ q .
ℓ−1
106
CORPOS FINITOS
107
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
homogêneo de equações
n
X
λij ki , 0 ≤ i ≤ n, (5.7)
i=1
γ3 = α + α2 + α3
γ4 = α + α2 + α4
5
γ = 1 + α + α4
3
γ 6 = 1 + α + α2 + α4
108
CORPOS FINITOS
k0 + k2 + k5 + k6 = 0
+ k2 + k3 + k6 = 0
+ k2 + k3 + k6 = 0
k1 + k2 + k3 + k5 = 0
k1 + k4 + k5 + k6 = 0
k0 + k2 + k5 + k6 = 0
k1 + k2 + k3 + k5 = 0
k2 + k3 + k4 + k6 = 0
k3 + k4 + k5 + k6 = 0
Podemos tomar k6 = k5 = 0, k4 = 1 e calculamos k3 = 1, k2 = 0, k1 = 1 e
k0 = 0. Assim, γ é raiz do polinômio X 4 + X 3 + X = X X 3 + X 2 + 1 .
Portanto, o polinômio minimal de γ é X 3 + X 2 + 1, que é irredutível
sobre F2 .
Exercícios
1. Com as notações do Exemplo 5.4.3, determine um elemento gerador de
F24 = F2 (α) e ache o polinômio minimal γ = α3 + α4 , usando 2-classes
ciclotômicas.
110
CORPOS FINITOS
onde
nt−1
g = (n1 f2n2 · · · ftnt ) + (n2 f1n1 · · · ftnt ) + · · · + nt f1n1 f2n2 · · · ft−1 .
Note que f1 não divide a primeira parcela da expressão de g mas divide todas
as outra; logo, f1 ∤ g. O mesmo vale para cada divisor irredutível de f donde
d = mdc f, f ′ = f1n1 −1 f2n2 −1 · · · ftnt −1 .
Portanto
f /d = f1 f2 · · · ft
é livre de quadrados e seus fatores irredutíveis são, precisamente, os fatores
de f .
mdc (h − a1 , h − a2 ) = 1.
111
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
112
CORPOS FINITOS
Como, pela hipótese, f | (hq − h) temos que mdc (f, (hq − h)) = f donde
segue a tese.
Ψ:
Fq [X] → Fq [X]
(f ) (f )
definida por
Ψ (g) 7→ g q ,
para todo g ∈ Fq [X] / (f ). Como q é uma potência da característica de
Fq [X], é fácil ver que esta função é linear (na verdade, um homomorfismo
de Fq -álgebras).
} é uma base de Fq [X] / (f ) sobre Fq .
2 n−1
O conjunto {1, X, X , . . . , X
Calculamos então as imagens dos elementos da base por Ψ e os escrevemos
como combinação linear dos elementos da própria base:
n−1
X
j jq j
Ψ X =X = bij X , 0 ≤ i ≤ n − 1.
i=1
113
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
ou, equivalentemente, se
a0 0
a1
0
(B − I) .. = .. .
. .
an−1 0
114
CORPOS FINITOS
Q
Note que f | a∈Fq (h − a) se e somente se cada fator irredutível fi
divide h − a para algum a ∈ Fq . Ainda, como f é livre de quadrados, fatores
da forma h − ai e h − aj diferentes são múltiplos de fatores fi e fj também
diferentes.
Tal como observamos acima, dada uma k-upla (a1 , . . . ak ) de elementos
de Fq , existe um único polinômio h ∈ Fq [X] tal que h ≡ ai (modfi ), isto
é, tal que fi | (h − a), 1 ≤ i ≤ k. Como existem q k escolhas possíveis para
as k-uplas, existem exatamente q k soluções de hq − h, módulo f .
Ainda, h é uma solução se e somente se h ∈ Ker (Ψ − I) e, se denotamos
[Ker (Ψ − I) : Fq ] = r , este conjunto tem, precisamente q r elementos, donde
r = k.
115
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
Algoritmo de Berlekamp.
PASSO 1: Tome f ∈ Fq [X].
PASSO 2: Determine se f é livre de quadrados,
calculando mdc (f, f ′ ).
PASSO 3: Construa a matriz de Berlekamp, calculando
jq Pn−1 j
as expressões X = i=1 bij X , 0 ≤ i ≤ n − 1.
PASSO 4: Determine uma base h1 , . . . , hk de Ker (Ψ − I)
usando os vetores de Ker (B − I) como coeficientes dos
polinômios correspondentes. O Número k é o número de
fatores irredutíveis de f .
PASSO 5: Para um h da base, calcule os polinômios
mdc (f, h − a), para todo a ∈ Fq . Isto da uma fatoração
para f . Se os fatores não são irredutíveis. Aplique
o processo a um dos fatores.
116
CORPOS FINITOS
7 14 6 5
Ψ X =X =X +X ,
8 16 8 7
Ψ X =X =X +X .
118
CORPOS FINITOS
donde
0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 1 0 0 0 1 0 0 0
0 1 1 0 0 1 0 0 0
0 0 0 1 0 0 1 0 0
B−I =
0 0 1 0 1 0 1 0 0
0 0 0 0 0 1 0 1 0
0 0 0 1 0 0 1 1 0
0 0 0 0 0 0 0 1 1
0 0 0 0 1 0 0 0 0
Exercícios
1. Achar a fatoração de X 8 + X 6 + 2X 4 + 2x3 + 3X 2 + 2X em F5 [X].
2. Achar a fatoração de de X 12 + X 8 + X 7 + X 6 + X 2 + X + 1 em F2 [X].
3. Seja f ∈ Fq [X] onde q é uma potência de um primo p tal que f ′ = 0. Provar
que existe um polinômio g ∈ Fq [X] tal que f = g p , para algum inteiro
m
positivo m e g ′ 6= 0.
f ≡ gi (modfi ) para i = 1, 2.
119
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
f ≡ X + 1 (modf1 ) e f ≡ X 2 + X + 1 (modf2 ) .
120
CORPOS FINITOS
m
r | (q − 1) e f é um divisor irredutível de Φr (X).
Se ζ denota uma raiz primitiva m-ésima da unidade, em alguma extensão
de Fq , então α ∈ hζi o que implica que α ∈ Fqk . Como Fqm é a menor
extensão de Fq que contém α temos que
r | (q m − 1) e r ∤ q k − 1 se k < m.
121
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
ℓ
Isto mostra que o menor inteiro positivo tal que αq = α é precisamente
r e, do Teorema 5.4.1, temos que gr (f ) = r .
Como isto vale para todo polinômio nessas condições temos que
Φm (X) = f1 f2 · · · ft ,
ϕ (r) = t · m
donde
ϕ (r)
t= .
m
r | (q n − 1) . (5.10)
122
CORPOS FINITOS
r = pk11 · · · pkt t
com ki ≤ n1 , 1 ≤ i ≤ t.
Usando agora (5.9), temos que r é o menor número da forma pk11 · · · pkt t
tal que k1 kt
f X p1 ···pt − 1 .
Logo, r = 21.
123
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
Lema 5.6.3 Seja f ∈ Fq [X] um polinômio tal que f (0) 6= 0. Então, a ordem
de f é igual a ordem multiplicativa da classe X no anel R = Fq [X]/ (f ).
Demonstração: Seja pm = min pℓ pℓ ≥ k . Como f | X o(f ) − 1 temos
que
k pm
f k | X o(f ) − 1 donde f k | X o(f ) − 1 . (5.11)
124
CORPOS FINITOS
p m m
Temos ainda que X o(f ) − 1 = X o(f )p − 1 e, pelo Lemma 5.6.4,
temos que
o f k | o (f ) · pm . (5.12)
Por outro lado escrevendo o f k = pv s, com mdc (p, s) = 1, temos na
primeira parte de (5.11), que
v k v
f k | Xp s
−1 , isto é f k | (X s − 1)p
donde
v
f | (X s − 1)p .
Como f é irredutível, temos que f | (X s − 1) e, do Lemma 5.6.4, vem que
v
o (f ) | s. Como tínhamos que f k | (X s − 1)p , temos ainda que k ≤ pv
donde pm ≤ pv . Portanto:
o f k = pv s ≥ o (f ) pm . (5.13)
Das equações (5.12) e (5.13) segue que o f k = o (f ) pm .
Teorema 5.6.2 Seja f ∈ Fq [X] de grau maior o igual a 1, tal que f (0) 6= 0 e
seja
f = f1k1 f2k2 · · · ftkt
a decomposição de f como produto de polinômios irredutíveis de Fq [X]. Então
onde ℓ e o menor inteiro positivo tal que pℓ e maior que cada pki , 1 ≤ i ≤ t.
125
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
Ainda, do Lema 5.6.6 vem que o fiki = o (fi ) pℓi onde ℓi é o menor inteiro
tal que pℓi é maior que ki , 1 ≤ i ≤ t. Então
o (f ) = mmc o (f1 ) pℓ1 , o (f2 ) pℓ2 , . . . , o (ft ) pℓt
= mmc (o (f1 ) , o (f2 ) , . . . , o (ft )) pℓ ,
onde pℓ = max pℓ1 , pℓ2 . . . , pℓt e segue a tese.
Exercícios
1. Provar que os seguintes polinômios são irredutíveis nos anéis de polinômios
indicados e calcular a sua ordem.
(a) X 4 + X + 1 ∈ F2 [X].
(b) X 8 + X 7 + X 5 + X + 1 ∈ F2 [X].
(c) X 4 + X + 2 ∈ F3 [X].
(d) X 5 + 2X + 1 ∈ F3 [X].
8. Prove que:
127
CAPÍTULO 5. POLINÔMIO IRREDUTÍVEIS SOBRE CORPOS FINITOS
128
6
∀x ∈ Fqn .
n n
σ q (x) = xq = x
n
Este argumento mostra que σ q = I , a função identidade de Fq n .
Claramente, σ k 6= I se 1 ≤ k ≤ n, pois, caso contrário, ter-se-ia:
k
σ k (x) = x ⇔ xq = x,
e isto acontece para todo elemento x ∈ Fqn . Como este corpo contém q n
k
elementos, isso implicaria que o polinômio X q − X tem mais raízes que o
seu grau, uma contradição.
Estas considerações provam o seguinte.
130
CORPOS FINITOS
f = (X − α) (X − σ (α)) · · · X − σ n−1 (α) .
Note que
σ (f ) = (X − σ (α)) X − σ 2 (α) · · · (X − α) = f.
Note que o teorema acima mostra que o grupo de Galois de uma extensão
de corpos finitos é sempre um grupo cíclico. O próximo resultado diz respeito
à relação entre subcorpos de uma extensão e subgrupos do grupo de Galois.
131
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
Demonstração: (i): Note que σ q (a) = aq ; logo, o subcorpo de Fqn fixo por
d
Exercícios
1. Seja E um corpo e seja σ : E → E um homomorfismo de corpos.
(a) Provar que σ é um monomorfismo.
(b) Provar que se E é uma extensão finita de um subcorpo Feσ fixa os
elementos de F, então σ é um automorfismo de E.
2. Sejam F ⊂ K ⊂ E corpos.
(a) Provar que todo K-automorfismo de E é um F-automorfismo.
132
CORPOS FINITOS
EG = Eϕ.
[
ϕ∈G
Gal (Fqn : Fq ) ∼
Fq : Fq
= Gal .
Gal Fqd : Fq
n d
Tα (x) = αx, ∀x ∈ E.
133
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
mα = a0 + a1 X + · · · + am−1 X m−1 + X m
Uma matriz com esta forma especial, aparece em vários contextos em álgebra
e recebe um nome particular.
134
CORPOS FINITOS
i
· · · + (−1)m−1 (−am−1 − X) X m−1
= ±f.
(ii): Sabe-se, do Teorema de Cayley-Hamilton, que toda matriz é raiz do
seu polinômio característico. Se m indica o polinômio minimal de C então
m | χC . Se f é irredutível, temos que m = χC e segue a tese.
135
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
λ0 · 1 + λ1 α + λ2 α2 + · · · + λm−1 αm−1 + µ0 · β · 1
+µ1 βα + µ2 βα2 + · · · + µm−1 βαm−1 = 0
temos que
λ0 = λ1 = · · · = λm−1 = µ0 = µ1 = · · · − µm−1 = 0.
Agora, é fácil ver que a matriz de Tα , nesta base, é uma matriz por blocos
da forma:
C
C
A= . (6.2)
. .
C
onde C representa a matriz companheira do polinômio minimal de α e todos
os elementos não escritos são iguais a 0.
Como o polinômio característico de uma função linear é o polinômio
característico de sua matriz, em qualquer base do espaço, temos que
137
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
implica que
jm jm+1 jm+(m−1)
mα = (X − αq ) (X − αq ) · · · (X − αq ), 0 ≤ j ≤ t − 1.
F8 = (X 3F+2 [X]
X + 1)
.
F8 = 0, 1, t, t2 , t3 , t4, t5 , t6 , t7 .
138
CORPOS FINITOS
Assim, temos
χα = a0 + a1 X + a2 X 2 + · · · + an−1 X n−1 = X n ,
Seguindo a prática usual na maioria dos textos sobre o assunto, vamos utilizar
este resultado para dar uma definição formal de normas e traços.
139
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
Para o traço:
(i) Im (Tr) ⊂ Fq .
(ii) Tr (α + β) = Tr (α) + f T r (β).
(iii) Se λ ∈ Fq então Tr (λα) = λ Tr (α).
(iv) Se α ∈ Fq , então Tr (α) = nα.
(v) Tr (αq ) = Tr (σ (α)) = Tr (α).
Para a norma:
(i) Im (N ) ⊂ Fq .
(ii) N (αβ) = N (α) N (β).
(iii) Se λ ∈ Fq então N (λα) = λn N (α).
(iv) Se α ∈ Fq então N (α) = αn .
(v) N (αq ) = Tr (α).
140
CORPOS FINITOS
n
X
Tr (α + β) = σ i (α + β)
i=0
n
X
= σ i (α) + σ i (β)
i=0
n
X n
X
= σ i (α) + σ i (β)
i=0 i=0
= Tr (α) + Tr (β) .
(iii): Temos:
n
X
Tr (λα) = σ i (λα)
i=0
n
X
= σ i (λ) σ i (α)
i=0
n
X
= λσ i (α)
i=0
Xn
= λ σ i (α)
i=0
= λ Tr (α) .
(iv): Se α ∈ Fq temos
n−1
X n−1
X
Tr (α) = σ i (α) = α = nα.
i=0 i=0
141
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
Tr (αq ) = Tr (σ (α))
n−1
X
= σ i (σ (α))
i=0
n−1
X
= σ i+1 (α)
i=0
= Tr (α) .
Tr (t) = t + t2 + t + t2 = 0.
Ainda, σ t2 = t4 = t + t2 e σ 2 t2 = σ t + t2 = t2 + t4 = t, donde
Tr t2 = t2 + t + t2 + t = 0.
Tr (α) = a0 .
142
CORPOS FINITOS
N (1 + t) = (1 + t) σ (1 + t) σ 2 (1 + t)
= (1 + t) 1 + t2 1 + t4
= 1 + t + t2 .
143
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
= σ i αq = αq
j=0 i=0 j=0 i=0
n
−1
X n−1
d X dj+i
n−1
X h
= αq = αq = TrFqn |Fq (α) .
j=0 i=0 h=0
1
Zahlbericht significa, literalmente, relatório sobre números
144
CORPOS FINITOS
Tr (γ) = Tr (α − σ (α))
= α − σ (α) + σ (α − σ (α)) + · · · + σ n−1 (α − σ (α))
= a − σ (α) + σ (α) − σ 2 (α) + · · · + σ n−1 (α) − σ n (α) = 0.
Logo:
1
σ (α) = σ (γ) σ (θ) + σ (γ) + σ 2 (γ) σ 2 (θ)
Tr (θ)
+ σ (γ) + σ 2 (γ) + σ 3 (γ) σ 3 (θ) + · · ·
· · · + σ (γ) + σ 2 (γ) + σ 3 (γ) + · · · + σ n−1 (γ) σ n−1 (θ) ,
145
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
donde
1
α − σ (α) = γ θ + σ (θ) + · · · + σ n−2 (θ)
Tr (θ)
− σ (γ) + σ 2 (γ) + · · · + σ n−1 (γ) σ n−1 (θ)
1
= γ θ + σ (θ) + · · · + σ n−2 (θ) + σ n−1 (θ)
Tr (θ)
− σ (γ) + σ 2 (γ) + · · · + σ n−1 (γ) σ n−1 (θ)
1
= (γ Tr (θ) − Tr (γ)) = γ.
Tr (θ)
146
CORPOS FINITOS
∆ (α1 , α2 , . . . , αn ) = 0
então o conjunto
{α1 , α2 , . . . αn }
não é linearmente independente sobre F e, portanto, não é uma base de E
sobre F.
De fato, se o discriminante é igual a 0 então as linhas da matriz
correspondente são linearmente dependentes. En particular, existem
elementos λ1 , λ2 , . . . , λn em F, não todos nulos, tais que
para 1 ≤ j ≤ n. Definimos
γ = λ1 α1 + λ2 α2 + · · · + λn α,
donde
λ1 α1 + λ2 α2 + · · · + λn αn = 0,
147
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
Exercícios
1. Sejam F ⊂ E corpos quaisquer e α ∈ E. Seja Tα a função F-linear
Tα : E → E definida por Tα (x) = αx, qualquer que seja x ∈ E. Dados
α, β ∈ E, provar que:
(a) Tα+β = Tα + Tβ .
(b) Tαβ = Tα ◦ Tβ .
(c) Se α 6= 0 então Tα é inversível.
148
CORPOS FINITOS
149
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
11. Sejam Fq um corpo finito e n um inteiro positivo que verifica mdc (n, q) = 1,
tais que Fq contém uma raiz n-ésima da unidade ζ. Seja σ o automorfismo
de Frobenius de Fqn sobre Fq . Provar que
Fq
(a) NFqn |Fq ζ −1 = ζ −n = 1 e deduzir que existe α ∈ p tal que
σ (α) = ζα e σ αj = ζ j α, 1 ≤ j ≤ n.
(b) Fq p = Fq (α).
(c) α = αn ∈ Fq .
(d) Fq p é o corpo de decomposição do polinômio f = X p − a ∈ Fq [X].
12. Diz-se que três inteiros positivos x, y, z formam uma terna pitagórica se
verificam a relação x2 + y 2 = z 2 . O registro mais antigo de ternas pitagóricas
de que se tem notícia está numa tabuleta de argila Babilônica, conhecida
como Plimton 322, que acredita-se ter sido escrita aproximadamente em 1800
a.C. Euclides nos seus Elementos, escritos em torno do ano 300 a.C., mostra
que existem infinitas ternas pitagóricas e da uma fórmula que gera todas estas
ternas.
150
CORPOS FINITOS
x y c + id c2 + 2icd − d2
+i = = .
z z c − id c2 + d2
x = s 2 − t2 , y = 2st, z = s 2 + t2 .
151
CAPÍTULO 6. AUTOMORFISMOS DE CORPOS FINITOS
152
Sugestões e Soluções dos Exercícios
1. ac = bc ⇒ ac − bc = 0 ⇒ (a − b) c = 0 ⇒ a − b = 0 ⇒ a = b.
154
Referências Bibliográficas
[1] E.R. Berlekamp, Factoring Polynomials Over Finite Fields. Bell Systems
Technical Journal, 46 (1967), 1853-1859.
[2] E.R. Berlekamp, Algebraic Coding Theory. McGraw Hill, New York, 1968.
ISBN 0-89412-063-8.
[4] J-L. Dorier, Genesis of vector space theory. Hist. Mat., 22, 3 (1995), 227-261.
[6] E. Galois, Sur la théorie des nombres. Bulletin des Sciences Mathématiques,
XIII (1830), 428-435.
[7] E.E. Kummer, Über eine besondere Art, aus complexen Einheiten gebildeter
Ausdrücke. Journal für die reine und angewandte Mathematik, 50 (1855),
212-232.
[9] E.H. Moore, A doubly-infinite system of simple groups. Bulletin of the New
York Mathematical Society, 3 (1893), 73-78.
[10] G.L. Mullen and D. Penario, Handbook of Finite Fields. CRC Press, Taylor
& Francis, Boca Raton, 2013.
[13] R. Lidl and G. Pilz, Applied Abstract Algebra. Springer-Verlag, New York,
1984.
[14] E. Steinitz, Algebraische Theorie der Körper. Journal für die reine und
angewandte Mathematik, (Crelle’s Journal), (1910), 167-309.
[15] E. Steinitz, Algebraische Theorie der Körper. Edited by Reinhold Baer and
Helmut Hasse, Berlin and Leipzig, de Gruyter, 1930
[16] Z. Wan, Finite Fields and Galois Rings. World Scientific Pub. Co., New
Jersey, 2012.
156
Notações
158
Índice Remissivo
159
NOTAÇÕES
160
CORPOS FINITOS
161