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CapfTuLo 3 © CUIDADOR E O FENOMENO: PERSPECTIVAS DA PRATICA PASTORAL HOJE LyNDON DE AraAtjO SANTOS Aex SANDRO SILVA DE ANDRADE INTRODUGAO Este capitulo foi escrito a quatro mios. Ele é 0 resultado de conversas e trocas de experiéncias, reflexio e oragéo, numa convivéncia de comunhio nos tiltimos anos. Isso porque sentimos as mesmas angitistias de nosso tempo € suas demandas, no tocante ao ministério pastoral. As perspectivas aqui apresentadas representam o recorte de um momento, uma reflexao inacabada, uma inflexéo a mais para o debate acerca da prdtica pastoral hoje. Certamente, intimeros servos e servas do Senhor encontram-se com seus corag6es apertados por causa de sua vida ministerial. Esperamos contribuir para este momento em que é preciso, cada vez mais, solidariedade ministerial. O nosso eixo principal ¢ a questdo pastoral na sua historicidade, relacdo interpessoal, pratica ¢ na sua integralidade. Duas alternativas serao aqui trabalhadas: a do pastor que cuida e a do pastor que se projeta como fenémeno. Nesse percurso, fizemos algumas digress6es, inserindo experiéncias pessoais e dialogando com outros autores ¢ tedlogos. Nés, pastores € pastoras trabalhando no Brasil, precisamos ouvir uns aos outros ¢ abrir novos espagos de didlogo, escapando de padronizacées muito rigidas ¢ solugdes imediatistas. A profecia de Oséias acerca da estreita relacio entre o sacerdécio e a condi¢&o espiritual do povo de Deus nos chama a atengZo para a ago pastoral e a situagio do povo de Deus hoje no Brasil (Os 4:4). Os modelos atuais de aco pastoral precisam ser repensados diante do quadro atual das igrejas evangélicas e da prépria pessoa do pastor enquanto chamado e vocacionado por Deus. Enfim, vivemos um periodo em que é necessdtio se discutir e redefinir modelos, 54 Ministério Pastoral Transformador Manfred W. Kohl ¢ Antonio Carlos Barro (Ongs.) paradigmas e motivagées da pratica pastoral. Comecemos pelos modelos que sao seguidos. 1 - O MODELO PASTORAL £ HISTORICO De onde vém esses modelos pastorais que predominam atualmente? Eles nZo so absolutos e eternos, pois esto sujeitos ao tempo e ao espaco, bem como as forgas humanas, sociais e culturais que atuam na vida em sociedade. Por isso, precisamos conhecer um pouco dessa histéria das formas de atuacao pastoral no Brasil, a comegar do catolicismo e depois do protestantismo. Sabemos que o Brasil esteve sujeito por cerca de 300 anos ao projeto de cristianizaco por parte dos jesuftas e de outras ordens religiosas catélicas. A prdtica pastoral do cristianismo portugués e ibérico estava ligada ao projeto de dominagdo ¢ ao processo civilizador, negando ao evangelizado a sua singularidade cultural, étnica ¢ religiosa. Intimeros incidentes de revoltas aconteceram por conta dessa alianga entre a cruz e a espada. No ano de 1901, uma misséo dos capuchinhos no interior do Maranh&o resultou em massacre por parte dos indios Guajajaras e Gavi6es sobre os sacerdotes respons4veis pela colénia. A “Colénia de S. José da Providéncia do Alto Alegre” sofreu o ataque dos indios da regido de Barra do Corda depois de anos de evangelizagéo. O massacre aconteceu dois anos depois da chegada das irmés italianas e da abertura do instituto para as meninas {ndias. A separacio das criangas dos pais e do convivio da aldeia pode ter sido um fator determinante para a ago dos indios. Junto a esse fator, causou revolta aos habitantes originais a apropriagao das suas terras ¢ o enriquecimento dos padres pelas lavouras produtivas. O relato utilizado como

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