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ne rae 26 ensalos SOBRE A DEGRADAGAO 2 DOS VALORES O que temos a perder As conveniéncias da corrupgao SeX0 € mals Sexo, o tempo todo Quem matou a infancia? ee Uma Arte Perdida >) ecentemente, durante uma pequena visita a duas galerias de Nova =< York, como se recebesse um guia escolar, fui presenteado com \ uma perfeita demonstrac4o da revolucao que transformou a sen- sibilidade estética no século XX. Em exibicgdo, na Adelson Galleries da 67" Street, encontravam-se gravuras ¢ desenhos de Mary Cassatt, parte de um entdo restrito acervo de seu préprio estudio. Dois quarteires para frente, pendurados nas paredes da Salander-O’Reilly Galleries, na 69" Street, encontravam-se dezesseis “obras-primas tardias” de Joan Miré, que tinham vindo da Fundacié Pilar I Joan Mird em Maiorca. Produzidos apenas oitenta anos depois dos trabalhos de Cassatt, os quadros de Miré pareciam artefatos provenientes de um universo completamente distinto. Ao ver as duas exposi¢des no mesmo dia, néo pude deixar de imaginar se realmente seria inevitavel tamanha perturbacdo na sensibilidade. Se isso seria desejavel — essa era uma questao mais facil. Miro foi um dos maiores pintores do século XX, um homem de um talento absolutamente prodigioso, de modo que minha primeira conclusac foi de que, talvez, essa descida ao caos € a anarquia, que esses trabalhos da fase final representam, fosse apenas o preco da idade avangada. Todas aque- las pinturas datam de 1973, quando ele ja tinha oitenta anos, ou mesmc depois disso. No entanto, artistas como Michelangelo, Ticiano, Tintoretto € Chardin continuaram a pintar de forma brilhante até idades bem avangadas:

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