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Considerações sobre o texto: “A formação da identidade da criança negra”

Lançamos um olhar tímido para a sala de aula, num exercício rápido de observação. Entre
carteiras e lápis de cor, desenhos pelo chão e pinturas a dedo, vemos que nem todas as
carinhas estão sorridentes ali. Uma hostilidade sutil permeia as relações, como se
guerreiros vikings e caçadores núbios travassem uma batalha inútil por supremacia,
enquanto dão as mãos e brincam de roda.

A menina negra se vê mergulhada nesse universo eurocêntrico e desde cedo entende que
as coisas boas e bonitas não combinam com ela. Desde a boneca branca com a qual não
se identifica, passando pelas princesas dos contos de fadas, e chegando às modelos loiras
das revistas. De repente, a coisa fica “preta”e ela está na lista “negra” de alguém por que
tem o “cabelo ruim”.

O menino negro está sempre na diretoria, dizem que ele é agitado demais. Os elogios
nunca são pra ele, os apelidos sim, apelidos que fazem rir as outras crianças. Aos poucos
percebe que as pessoas se afastam dele na rua, trocam de calçada, andam mais rápido.

Por fim, muitas destas crianças crescem acreditando que são inferiores, aceitando
passivamente o lugar que lhes fora atribuido.

Tudo seria diferente, se em seu primeiro espaço de socialização – a escola, aprendessem


a vivenciar a beleza das diferenças, construindo uma identidade que valorizasse a
importância de todas as culturas, destruindo os conceitos de intolerância, os mesmos que
estiveram presentes e que fomentaram praticamente todas as guerras.

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