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YASMIN AYOUB E MATEUS FERREIRA LEANDRO DE OLIVEIRA

Excelentíssimo Desembargador-Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado de Goiás.

Habeas Corpus nº xxxxxxxxx

Ana Maria Silva, já devidamente qualificado nos autos de Habeas


Corpus epigrafados, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu
procurador infra-assinado, dentro do prazo legal, interpor Recurso Ordinário
Constitucional, com fulcro nos arts. 105, II, ‘a’, da Constituição Federal, e 30/32 da Lei
8.038/90.
Requer o recebimento e processamento do presente recurso, e
encaminhado, com as razões anexadas, ao Colendo Superior Tribunal de Justiça.
Termos em que se requer deferimento.

Goiânia, 06 de junho de 2018.

Mateus Ferreira Leandro de Oliveira

OAB/GO nº. 50.000

Razões de Recurso Ordinário Constitucional

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Recorrente: Ana Maria Silva;

Recorrida: Justiça Pública;

Habeas Corpus nº.:xxxxxxxxx

Superior Tribunal de Justiça,

Colenda Turma,

Douto Procurador da República,

Em que pese o ilibado saber jurídico da Colenda Câmara Criminal do


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, o venerado acórdão que denegou a ordem
de Habeas Corpus não merece prosperar, pelas razões de fáticas e jurídicas a seguir
expostas:

I – DO CABIMENTO DO RECURSO – DA TEMPESTIVIDADE

Tendo como prisma o art. 30 da Lei Federal nº. 8038/90, que preceitua
que o prazo processual para a apresentação do Recurso Ordinário Constitucional ao
Superior Tribunal de Justiça é de 05 (cinco) dias e, o acórdão de Habeas Corpus foi
publicado no DJE de nº, de xx/xx/xxxx (sexta-feira).
Com isso, há que se perceber, que como tal recurso foi aviado em xx de
xx do corrente ano, ou seja, interposto no seu lapso do quinquídio legal, é tempestivo.

II – DO PREPARO RECURSAL

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Estabelece peremptoriamente a Resolução do Superior Tribunal de


Justiça nº. 04/2013, em seu art. 3º, que “… não é devido o preparo nos processos de
habeas data, habeas corpus e recursos em habeas corpus nem nos demais processos
criminais, salvo na ação penal privada.” (No original não há qualquer grifo). Eis, o
motivo pelo qual não há nenhuma guia paga em anexo.

III – DO BREVE RESUMO PROCESSUAL

Colhe-se dos autos que no dia 04 (quatro) de fevereiro de 2016 a


recorrente, foi presa em flagrante de delito, em decorrência de sua apresentação
espontânea e a confissão de um crime de homicídio ocorrido dias antes.
Ostentando, contudo, todos os requisitos necessários a concessão de seu
livramento condicionado como, v. g., endereço certo, profissão definida, bons
antecedentes, apresentação espontânea.
Mesmo assim, Excelência, o E. Juízo de primeira instância manteve a
segregação da recorrente asseverando, em resumo, que sua prisão se mostra necessária
para a garantia da ordem pública, eis que efetivamente ostenta perigo para a sociedade,
sobremodo quando firmes os indícios da autoria, bem como não haveria, ilegalidades no
auto de prisão em flagrante.

IV – DO MÉRITO

4.1. Da Falta de Fundamentação para a Manutenção da Prisão Cautelar

Saliente-se, primeiramente, Excelentíssimo Ministro, que a


manutenção de medida segregatória carece de fundamentação necessária, porquanto o
Juiz de 1º Grau não apresentou quaisquer elementos ou circunstâncias de perigo a ordem
social, nem, tampouco, de afetação ao regular seguimento do feito.
Como ensina Guilherme de Souza Nucci, “... por princípio
constitucional processual, a prisão é a exceção e a liberdade é a regra”, uma vez que,

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nas palavras de Celso Ribeiro Bastos e Ives Gandra Martins, “... a liberdade individual
demanda que só deve existir a prisão depois de o réu ter sido condenado com decisão
transitada em julgado”, como poderia revestir-se de legalidade de manutenção de Prisão
Provisória desacompanhada de devida corroboração?
Com razão, nas palavras de Guilherme de Souza Nucci: “... trata-se de
constrangimento ilegal a decretação da prisão preventiva, quando o juiz se limita a
repetir os termos genéricos do art. 312do Código de Processo Penal, dizendo, por
exemplo, que decreta a prisão preventiva para 'garantia da ordem pública', sem
demonstrar, efetivamente, conforme os fatos do processo ou procedimento, de onde se
origina esse abalo”.
Não de outro modo que as jurisprudências atuais assim estabelecem:

“RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE


HOMICÍDIOQUALIFICADO. CITAÇÃO POR EDITAL. NÃO
COMPARECIMENTO. SUSPENSÃO DOPROCESSO. DECRETAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA. APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEAAPÓS MAIS
DE SETE ANOS. PLEITO DE REVOGAÇÃO DA CONSTRIÇÃO
CAUTELARINDEFERIDO PELO MAGISTRADO. RÉU PRESO NO
ENDEREÇO FORNECIDO. HABEASCORPUS. LIMINAR CONCEDIDA
PELO TRIBUNAL A QUO. COMPARECIMENTO ÀAUDIÊNCIA DE
INSTRUÇÃO. ORDEM POSTERIORMENTE
DENEGADA.CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO.
AUSÊNCIA DE PERICULUM IN MORA.RISCO DE APLICAÇÃO DA LEI
PENAL ELIDIDO PELO ATUAL COMPORTAMENTO DO RÉU.1. Prisão
preventiva decretada pelo não comparecimento do réu emjuízo, após a sua
citação por edital.2. Consoante decidido pelo Superior Tribunal de Justiça, não
se pode confundir evasão com não localização. No primeiro caso, o que revela
a necessidade da prisão provisória é o risco para a aplicação da lei penal,
materializado no comportamento voluntário do acusado de subtrair-se à
ação das instâncias formais de controle. No caso de citação por edital, porém,
o Estado sequer logrou comunicar ao réu a formal constituição da relação
processual. Em tal situação, é temerário presumir a fuga (HC n. 147.455/DF,
Ministra Maria Thereza de Assis Moura, DJe 8/6/2011). 3. Na hipótese, o
réu, mais de sete anos após a sua citação por edital, por meio de advogado
constituído, compareceu espontaneamente e forneceu ao Magistrado o seu
endereço atualizado, mesmo ciente do decreto de prisão preventiva. Negado
o pedido de revogação da constrição antecipada, foi preso no endereço
informado. Deferida liminar em habeas corpus impetrado na origem,
compareceu à audiência de instrução designada pelo Magistrado de 1º grau.
Posterior denegação do habeas corpus. 4. Demonstrado o efetivo interesse
do réu em colaborar com o bom andamento da instrução criminal, elidido se
encontra o periculum inmora. 5. Necessidade da constrição cautelar pelo risco
de aplicação da lei penal afastado pelo comportamento do réu. 6. Recurso
ordinário provido a fim de revogar a prisão preventiva de Antônio Alexandre
da Silva Filho, ressalvando a existência de prisão por outro motivo ou de
fatos novos que autorizem a decretação da custódia cautelar, caso
demonstrada a necessidade, bem como possibilitando ao Juízo de primeiro

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grau a imposição de medidas cautelares (Processo n. 0000043-


93.2004.8.17.0600 - Vara da comarca de Ferreiros/PE).”

“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO RECURSO PRÓPRIO (NÃO


CONHECIMENTO). HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRISÃO
PREVENTIVA. FUGA DO DISTRITO DA CULPA. APRESENTAÇÃO
ESPONTÂNEA À AUTORIDADE POLICIAL. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL RECONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. O
habeas corpus não pode ser utilizado como substitutivo de recurso próprio, a
fim de que não se desvirtue a finalidade dessa garantia constitucional, com a
exceção de quando a ilegalidade apontada é flagrante, hipótese em que se
concede a ordem de ofício (Precedentes). 2. A apresentação espontânea à
autoridade policial não impede a decretação da prisão provisória, tampouco
serve de motivo para a sua revogação, caso a necessidade do cárcere se faça
presente (Precedentes). 3. Todavia, o fundamento para a decretação da
segregação cautelar fica superado com a apresentação espontânea do réu,
aliada às suas condições pessoais favoráveis, se a fuga do distrito da culpa após
o cometimento do delito for o único motivo constante do decreto prisional
(Precedentes). 4. Caso em que não resta caracterizado o periculum libertatis,
ante a apresentação espontânea do paciente à Delegacia de Polícia,
confessando a autoria da prática delitiva, a fim de colaborar com a instrução.
A medida extrema não se mostra mais necessária a resguardar a aplicação da
lei penal. 5. Writ não conhecido. Ordem de habeas corpus concedida de ofício
para revogar a prisão preventiva decretada contra o paciente, com a advertência
de que deve permanecer no distrito da culpa, atendendo aos chamamentos
judiciais, sem prejuízo de nova e fundamentada aplicação de medida cautelar
penal, inclusive menos gravosa do que a prisão processual, caso demonstrada
a sua necessidade.”

4.2. Da Ilegalidade do Flagrante

De outra ponta, percebe-se a existência de ilegalidade do flagrante haja


vista que o crime fora consumado dias antes da apresentação na delegacia, ou seja o que
configura a prisão em flagrante, como o próprio nome diz, o momento em que o autor do
delito é flagrado praticando-o ou acabado de praticá-lo, razão pela qual foi preso não foi
observado pelo Magistrado de 1º grau que optou por manter a custódia preventiva da
paciente Ana Maria Silva.
De mais a mais, mesmo que lecionar não seja a intenção deste
recorrente, é válido aqui sublinhar que para a legalidade de tal prisão, é mister a presença
de seus requisitos de forma clara e evidente a teor do art. 312 do Código de Processo
Penal.

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Como podemos perceber, as jurisprudências atuais assim apresentam:

“PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


INADEQUAÇÃO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. DOSIMETRIA.
CONFISSÃO ESPONTÂNEA QUALIFICADA. MANIFESTAÇÃO DO
RÉU SOPESADA NA FORMAÇÃO DO JUÍZO CONDENATÓRIO.
SÚMULA 545/STJ. FLAGRANTE ILEGALIDADE EVIDENCIADA.
WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. Esta
Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que
não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a
hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando
constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2.
A individualização da pena é submetida aos elementos de convicção judiciais
acerca das circunstâncias do crime, cabendo às Cortes Superiores apenas o
controle da legalidade e da constitucionalidade dos critérios empregados, a fim
de evitar eventuais arbitrariedades. Assim, salvo flagrante ilegalidade, o
reexame das circunstâncias judiciais e os critérios concretos de
individualização da pena mostram-se inadequados à estreita via do habeas
corpus, por exigirem revolvimento probatório. 3. No que se refere à segunda
fase do critério trifásico, conforme o entendimento consolidado na Súmula
545/STJ, a atenuante da confissão espontânea deve ser reconhecida, ainda que
tenha sido parcial ou qualificada, seja ela judicial ou extrajudicial, e mesmo
que o réu venha dela se retratar, quando a manifestação for utilizada para
fundamentar a sua condenação. 4. Writ não conhecido. Ordem concedida, de
ofício, a fim de determinar que o Juízo das Execuções proceda à nova
dosimetria da pena, reconhecendo a incidência da atenuante da confissão
espontânea.”

E também:

“PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


INADEQUAÇÃO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CIRCUNSTÂNCIAS
CONCRETAS DO CRIME. MOTIVAÇÃO IDÔNEA DECLINADA.
COMPORTAMENTO DA VÍTIMA. NEUTRALIDADE. CONFISSÃO
ESPONTÂNEA QUALIFICADA. INCIDÊNCIA DA ATENUANTE DO
ART. 65, III, "D", DO CP. FLAGRANTE ILEGALIDADE
EVIDENCIADA. WRIT NÃO CONHECIDO E ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação
no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente
previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo

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quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial


impugnado. 2. A individualização da pena, como atividade discricionária
do julgador, está sujeita à revisão apenas nas hipóteses de flagrante
ilegalidade ou teratologia, quando não observados os parâmetros legais
estabelecidos ou o princípio da proporcionalidade. 3. Para fins do art. 59 do
Código Penal, as circunstâncias do crime devem ser entendidas como os
aspectos objetivos e subjetivos de natureza acidental que envolvem o
delituoso. In casu, não se infere ilegalidade na primeira fase da
dosimetria, pois o decreto condenatório demonstrou que o modus operandi
do delito revela gravidade concreta superior à ínsita aos crimes de
homicídio qualificado, pois o ofendido foi morto a socos e pontapés, além de
ter sido alvejado por tiros. Ainda, importa destacar que a conduta foi
tipificada como homicídio qualificado pelos motivos do crime, sem que o
meio de execução da prática delitiva tenha sido valorado na segunda fase da
dosimetria, não havendo, portanto, se falar em indevido bis in idem. 4. O
comportamento da vítima é circunstância judicial ligada à vitimologia, que
deve ser necessariamente neutra ou favorável ao réu, sendo descabida sua
utilização para incrementar a pena-base. Com efeito, se não restar evidente a
interferência da vítima no desdobramento causal, como ocorreu na hipótese em
análise, tal circunstância deve ser considerada neutra. 5. No que se refere à
segunda fase do critério trifásico, a atenuante da confissão espontânea deve
ser reconhecida, ainda que tenha sido parcial ou qualificada, quando a
manifestação do réu for utilizada para fundamentar a sua condenação, o que
se infere na hipótese dos autos. 6. Conquanto tenha agregado tese defensiva, já
que afirmou ter agido sob o pálio da legítima defesa (CP, art. 23, II), a
confissão do réu, ainda que qualificada, foi sopesada na formação do juízo
condenatório, devendo, portanto, ser reconhecida a incidência da atenuante
do art. 65, III, "d", do Código Penal. 7. Writ não conhecido e ordem concedida,
de ofício, para determinar que o Juízo das Execuções proceda à nova
dosimetria da pena, afastando-se a valoração do comportamento da vítima na
fixação da pena-base, devendo, ainda, ser reconhecida a incidência da
atenuante da confissão espontânea.”

V- DA CONCLUSÃO

Diante do exposto, salienta-se que não haverá perigo ou prejuízo a


sociedade caso seja anulada a sentença, pois a recorrente, como dito, é pessoa honesta,
digna, honrada, e sempre primou pela paz social. Contudo, sendo a decisão contrária,
haverá insegurança jurídica e, que diante da flagrante ilegalidade consubstanciada no v.
acórdão guerreado, requer seja conhecido e provido o presente recurso, concedendo-se a
suspensão condicional da pena, expedindo-se o competente alvará de soltura em favor da
Recorrente, como medida de inteira Justiça!

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