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Contribuição para o estudo

dendrológico de c1nco leguminosas da Amazônia


ARTHUR A. LOUREIRo(• )
MARLENE FREITAS DA SILVA(• )
Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia

SINOPSE me; fr.; J. H. Langenheim & W. Rodri-


gues, 5618, em 2.10.969 (INPA 27.662).
Cinco leguminosas da Amazônia são referidas : Manaus, estr. Manaus-ltacoatiara, km
Lecointea. amazonica. Ma.crolobium aca.ciaefolium,
Hymenaea parvlfolia, Crudia amazonica e Dimor- 70, mata de t. firme, solo argiloso; fr.;
[lbandra parviflora. Para cada espécie são apresen. W. Rodrigues, Coêlho 1879, em
tadas as seguintes indicações : a) da árvore - des. 27. 1O. 960 (INPA 8251; X-813); Serra
crição botânica, habitat, ocorrência geográfica e no. near Namorado Novo between rio
mes vulgares; b) -da madeira- caracteres gerais, Curuquetê, rio Madeira, Abunã; fr.;
descrição macro e microscópica, e usos comuns.
Ilustram o trabalho 5 macros e 10 microfotografias G. T. Prance et ai. 14.713, em
dto lenho das referidas espécies. 5. 8. 971 (INPA 32. 928). State of
Pand. W. bank of rio Madeira,
opposite Abunã; forest on terra firme;
INTRODUÇÃO fr.; G. T. Prance et a!. 5806, em
10 .7.968 (INPA 22.563). X-3630. Est.
O presente trabalho refere-se como o que Maranhão : Estação Experimental Flo-
o precedeu, ao estudo dendrológico de cinco restal. Tu ri; fi.; leg.(?), em 3. 11 . 967
espécies euxilóforas da Amazônia, todas per- (INPA 20.841) . Araguanã , alto Turi;
tencentes à família das leguminosas, importan- W. Rodrigues 8260, em 28.9. 966
tes não só do ponto de vista da utilidade indus- (INPA 17.650) .
trial de suas madei ras, como pela beleza que T. Rondônia: Estr. Porto Velho-Cuia-
emprestam ao habitat onde se encontram. bá, km 117; forest on t. firme; fr.;
G. T . Prance & J. F. Ramos 6987, em
MATERIAL CONS'ULTAOO 15.8.968 (INPA 23. 746).
T. Roraima: Canta Galo, rio Mucajaí,
O material botânico e xilológico estudado entre Pratinha e rio Apiau; mata de t.
encontra-se registrado e arquivado no Herbário firme; fr.; G. T. Prance et a/. 3951,
e Xiloteca do INPA, em particular, alguns exem- em 21.1.967 (INPA, 19.592).
plares com amostras nos Herbários do lAN, MG,
NY, US, K, S, F, U , A, R, P, M, MICH, C, 2 - Crudla amazonica
G. MO, COL, e VEN, com os seguintes dados
de coleta: ERASIL - Est. Amazonas: Manaus, ig. da Ca-
choeira Baixa do Tarumã ; igapó:
1- Hymenaeae parvifolia fr. jovens; W. Rodrigues s/n.0 , em
22.6. 955 (INPA 1236). Município de
BRASIL- Est. Amazonas : Manaus, Reserva Flo- Silves; várzea; fr.; W. Rodrigues 262,
restal Ducke; mata de baixio, solo ar- em 28. 11 . 956 (INPA 4372) . Município
giloso; fr.; J. Aluizio 295, em 25.6 . 969 de Manacapuru, Estirão do Mucumiri;
(lNPA 27 .476) . Jbid.; mata de t. fir- igapó de água preta; fr.; W. Rodrigues

( •) Bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas.

-17
375, s/data (INPA 5254). Rio Negro, 4 - Macrolobium acaciaefolium
rio Sumaúma; igapó; fr.; L. Coêlho
s/ n.0 , em 6.4.959 (INPA 7286). lago BRASIL- Est. Amazonas : Manaus, km 64 da
do Janauari; igapó; fr.; W. Rodrigues, Estr. Manaus-ltacoatiara; fr.; Byron &
J. lima 2480, em 5.5.961 (INPA 8986; D. Coêlho 127, em 2.2.969 (INPA
X-930). lbid.; igapó; fr. jovens; W. Ro- 25.917). Município de Manacapuru,
drgiues & D. Coêlho 2504, em 5. 5. 961 Estirão do Mucumiri; igapó de água
(INPA 9010; X-939). lbid.; margem preta; fr.; W. Rodrigues 378, s/
inundável do lago; fr.; A. loureiro & data (INPA 5~57). Município de Maués,
F. Mello s/n.0 , em 12.9.963 (INPA Prainha, margem alagável do rio; fr.;
14. 140; X-2025). Município de Maués, W. Rodrigues & L. Coêlho 6776, s/data
limão-limoeiro; igapó; fr.; W. Rodri· (INPA 15. 240}. Paraná do Autaz-Mirim.
gues, L. Co.ê lho 7713, em 18.4.966 próximo de Manaus, terreno argiloso
(INPA 17.018). Paraná do Autaz-Mi- sujeito a inundação temporária; fr.;
rim; t. argiloso sujeito a inundação W. Rodrigues & F. Mello 7789, em
temporária; fr.; W. Rodrigues & F. 22.4.966 (INPA 17.092; X-3519). la-
Mello 7. 782, em 21 .4. 966 (INP-A go do Janauari, margem inundável do
17. 088; X-3515). Rio Negro, lago do lago; fi. e fr; A. loureiro & F. Mello
Paracuuba; fr.; L. Coêlho s/n.0 , março s/ n.0 , em 12.9.960 (INPA 28 . 096; X-
de 1969 (INPA 27. 330) Rio Solimões 4108). Puraquequara, ig. do Canaimã;
lago do Janauaca, Italiano; fi. e fr: igapó; fr.; W. Rodrigues & D. Coêlho
jovens; Byron 153, em 4.7.969 (INPA 5275, em 7.6.963 (INPA 13.943; X-
27 .405; X-4050). Manaus, km 14 da 1921). Manaus, Cacau Pirera; igapó;
estrada do Aleixo, Porto Mauá; igapó; fr.; W. Rodrigues & L. Coêlho 2573.
fr. jovens; W. Rodrigues 8.847, em em 3. 10.961 (INPA 9922). Rio Sumaú-
23.4.970 (INPA 28.0602). ma; igapó; fr.; L. Coêlho s j n.0 , em
Est. Pará: R. L. Fróes 23.332 s/ 5 .4.959 (INPA 7285). Rio Janauari.
data; fr. jovens; (INPA 6595). margem do rio; fi.; Corner 8, em agos-
T. Fed. Rondônia: Baixo rio Madeira, to, 1948 (iNPA 6668). Rio Purus, lago
rio Jaciparaná; mata em terreno inun- da Cobra; fr.; G. T. Prance et ai. 2421 ,
dável; fr. G. T. Prance 5293, em em 19.9.966 (INPA 17.963, NY). lago
em 28 .6 . 968 (INPA 22.053). do Janauari; igapó; fr.; W. Rodrigues,
D. Coêlho 2507, em 5.5 . 961 fiNPA
3 - Oimorphandra parviflora 9013; X- 940J. Jbid.; igapó; f r.; W. Ro-
IIRASIL- Est. Amazonas: Manaus, igarapé do drigues et ai. 2707, em 2.6.961 (INPA
Buião; mata de t. firme, solo argiloso; 9250 X- 985). lbid.; margem do lago
fi.; W. Rodrigues, s/n.0 , em 7. 7. 955 sujeito a inundação periódica; fi.; A .
(INPA 1344; X-188). Manaus, estr. loureiro & F. Mello s/ n.0 , em 12.9 . 960
BR-17, km 13; fi.; L. Coêlho & F. Mell o (INPA 14.138; X-2023).
s/n.0 , em 14.4.956 (INPA 3747). Ma- Est. Pará: Rio Arari. Ilha de Marajá,
naus, igarapé do Bindá; capoeira t. fi r- Faz. Tuiuiu , margem do rio; fi.; G. A.
me, solo argiloso; fi; Dionizio s/n .0 , Black, et ai. 14.315, em 28 .4.952
em 26.4. 956 (INPA 3787). Manaus, (INPA 4884, IAN).
Reserva Florestal Ducke; mata de t. T. Fed. Amapá: Aporema, Campo
firme, solo argiloso; W. Rodrigues, A. Belo, mata da beira do rio e campos
loureiro, 5921, em 19.6.964 (INPA alagados; fi. e fr.; W. A. Egler 666, em
148()5; X - 2854). lbid.; fr.; W. Rodri· 31.10.967 (INPA 12.024, MG).
gues & L. Coêlho 8575, em 4.10.968 T. Fed. Rondônia: Rio Jaciparaná,
(INPA 21 . 543). Município de Tefé, Est. terreno periodicamente inundável; fi.
Exp. do IAN; W. Rodrigues & L. Coêlho e fr. jovens; G. T. Prance et ai. 5301,
1435, em 28.11.959 (INPA 7766). em 28.6.968 (INPA 22.061, NY, US,

18-
K, S, MG, F, U, A, R, P, M, MICH, micrótomo Jung R. Jungag, utilizando sempre
C, G, MO. COL, VEN). Rio Ribeirão, a técnica comum, dividindo os cortes em três
margem arenosa; fr.; G. T. Prance et tipos : uns permanecem na cor natural, outros
ai. 6577, em 27.7.968 (INPA 23.335, coloridos pela safranina hidroalcoólica e os
ibid.). demais pela hematoxilina de Delafield e, por
T. Fed. Roraima: Rio Uraricoera; fim, montados em bálsamo do canadá entre lâ-
margem do rio; fr.; G. T. Prance et ai. mina e lamínula.
10.707, em 26.2.971 (INPA 29.059, A terminologia usada para a descrição
NY). Rio Mucajaí, margem do rio; [lnatômica segue Milanez & Bastos (1960), e a
fr.; G. T. Prance et ai. 11.096, em
avaliação das grandezas obedece as normas de
18.3.971 (INPA 29.497).
Chattaway ( 1932).

5 - Lecoi ntea amazonica Para maceração retiramos algumas lascas


da parte mais interna do alburno, submergindo-
BRASIL- Est. Amazonas : Margem do Paraná as em solução de ácido nítrico a 50% . Para
do Autaz-Mirim; t. argiloso, sujeito a tornar rápida a solução do HN03, aquecemo-lo
inundação temporária; fr.; F.. Mell o em um tubo de ensaio durante alguns minutos.
15, em 11.5.966 (INPA 17.164; X- Alcançando o limite ideal para a decomposição
3743). Jbid.; fr.; W. Rodrigues & F. dos elementos constituintes da madeira, lava-
Mello 7768, em 19.4.966 (INPA 17.074; mos em água destilada e coramos em safranina
X- 3501). Canal do Capitari; t. sujeito hidroalcoólica. Após a coloração e nova lava-
inundação temporária; W. Rodrigues & gem, foi dissociado sobre lâmina em uma gota
F. Mello 7751, em 15.4.966 (INPA de glicerina com auxílio de agulha histológica
17.057; X - 3.486). X-20 13. e lupa Olympus. Em seguida, procedemos a
montagem e lutagem das lâminas para as devi-
MÉTODO das mensurações.
Para cada espécie foram feitas medições
Como nos trabalhos anteriores, a descrição
de 100 fibras, além de 30 para espessura da
botânica das espécies foi baseada em material
p:lrede, outro tanto para diâmetro do lúmen e
herborizado, seguramente identificado, confron-
cerca de 45 para elementos vasculares.
tando os seus caracteres morfológicos com a
descrição original dos autores das espécies es-
tudadas, acrescida de algumas particularidades Hymenaea parvifolia Hub. in Bul. Mus. Goeldl
VI : 209 (1910).
que muito podem auxiliar na identificação das
referidas espécies. A distribuição geográfica,
- Hymenaeae pororoca Hub. nomem nudum.
o habitat, e os nomes vulgares adotados nos
diferentes locais, foram concluídos dos diversos Nomes vulgares :
trabalhos e material de herbário consu ltados.
Para as lâminas, os corpos de prova foram ERASIL- Est. Amazonas: Jutaí mirim (Manaus,
retirados da parte mais externa tanto do cerne INPA 27 .476)
c. também do alburno, que é a camada compos- Est. Pará: Jutaí (Cacual Grande); Ju-
ta de elementos celulares ativos. Para obten- taí pequeno (Monte Alegre); Comer-
ção dos cortes em micrótomo, impregnamos o -de-arara (Aimeirim), Le Cointe (1957);
lenho com parafina, a fim de evitar a dilacera- Jutaí pororoca (Belém, Bragança e óbi-
ção ou ruptura dos seus elementos constitui n- dos. seg. Ducke (1949).
tes. Em seguida, feitos alguns cortes transver- Est. Maranhão: Jutaí mirim, J. curuba
salmente ao eixo da árvore, e os outros no sen- Araguanã). Jatobá curuba (Tu ri).
tido longitudinal : perpendicularmente aos raios T. Fed. Roraima: Jutaí (Canta Galo.
(tangencial) e paralelamente a estes (radial) em rio Mucajaí).

- 19
Caracteres botânicos DESCRIÇÃ<> MACROSCÓPICA :

Como as demais espec1es do gênero, os Parênquima relativamente abundante, ape-


indivíduos assim denominados são regularmen- nas visível a olho nu, em linhas concêntricas
te árvores de grande porte, 20 (30) metros de pouco onduladas, apresentando uma distribui-
altura, de fuste ereto. cilindrico e bastante vo- ção uniforme na largura e espaçamento ; às ve-
lumoso. Seg. Ducke (1949) também encontra- zes observa-se algumas associadas, ainda alifor-
se " indivíduos pequenos (mesmo arbustivos) no me de aletas muito curtas e vasicêntrico. Poros
c.apoeirão e em certos campos cobertos". Fo- de pouco a poucos numerosos, apenas visí-
lhas compostas de 2 folíolos, pequenos em re- veis a olho desarmado, solitários predominan-
lação as demais espécies, falcato-acuminados, t es, múltiplos de 2 - 3; de pequenos a médios,
glabros, fortemente coriáceos, não reticulados, vazios ou excepcionalmente obstruídos. Linhas
vernicosos na face superior, na inferior opacos. vasculares bem visíveis sem ajuda de lente, são
Flores pequenas em inflorescências terminais retas, contendo substâncias da cor do lenho .
densas; cálice tomento-acinzentado ou gríseo- Raios praticamente de dois tipos, os mais
~omentoso externamente; pétalas densamente grossos apenas visíveis a olho nu, os finos só
pi losas internamente; ovário totalmente reves- com auxílio de lente; no sentido perpendicular-
tido de longos pelos brancacentos. Frutos in· lnente aos raios (tangencial} são irregularmen-
deiscentes, relativamente pequenos , de forma te distribuídos e paralelamente a estes (radial)
ovóide, às vezes ligeiramente comprimidos . bem perceptíveis a simples vista . Camadas de
r.ontendo 1 (2) sementes . Afirma Le Cointe c1escimento distintas, demarcadas por zonas
(1947), que a resina que exuda da casca "jutai- mais escuras de tecido fibroso e também pelos
cica ", dissolvida em xilol substitui o bálsamo c.anais secretores. Máculas medulares não fo-
do canadá nas preparações microscópicas . ram observadas. Canais secretores longitudi-
nais presentes, associados na linha do parên-
Habitat : quima, observados a olho nu .

Mata da terra firme de solo arenoso ou UESCRIÇÃO MICROSCÓPICA :


argiloso " capoeiras e a beira de certos cerra-
dos (Monte Alegre, no baixo Amazonas)" seg Vasos de secção ovalada a circular, parede
úucke ( 1935) . grossa, em média de 6 - 20 p., distribuição uni·
forme; médios a grandes, entre 130 · 240 p. de
Ocorrência geográfica : diâmetro tangencial, maioria de 160 - 220 p.
(90 % ); vazios; de muito pouco a poucos , 2 - 6
Ocorre com mais freqüência no Estado do por mm2 , com predominância de 4 · 6, excepcio-
Pará do que no Amazonas, chegando até o Estado nalmente encontrando-se campo com apenas 1
de Maranhão, Territórios de Rondônia e Roraima. vaso por mm2 ; solitários predominantes (85 % }
e múltiplos de 2 · 3; placas de perfurações sim·
DADOS GERAIS SÔBRE A MAD~
pies; pontuações intervasculares areoladas . dis-
CARACTERÍSTICAS GERAIS :
posição alterna, inclusa, em média apresentél
6 p.; elementos vasculares de muito curtos a
Madeira muito pesada (0,95 - 1,00 gf cm 3 ) : longos com uma variação de 210 - 600 p. de
cerne marrom a castanho avermelhado com al- c0mprimento, mais freqüente entre 250 - 450 ,
çw mas manchas irregulares enegrecidas, bem alguns com apêndice curto de um lado. Raios
diferenciado do alburno creme; odor desagra- irregularmente dispostos, heterocelulares; mul-
dável , gosto não pronunciado; grã regular; tex- tisseriados, predominando os raios de 4-5 cé-
tura média a um tanto grosseira; superfície lulas de largura (84% ). raros de 3 - 6 células
pouco lustrosa no alburno. Difícil de trabalhar l13 % }. ocasionalmente uni e bisseriados ; de
devido a pequenas concreções resinosas que extremamente baixos a muito baixos de
prejudicam consideravelmente a ferramenta. 190- 1000 p. de altura, maioria entre 310-900
Madeira dura, incorruptível. (81 % }, excepcionalmente encontra-se de 140 e

20 -
Hymenaeae parvifolia Huber

Corte transveTsal (5x) Corte transversal (80x)

Corte taogencial ( 60x)

- 21
até 1. 780 ,.,_; altura em número de células vai relados pendendo das extremidades dos ramos .
de 6 - 97, predominando os raios de 21 - 50 cé- lnflorescência racemosa com flores cremes
lulas (70%); número de raios por milímetro liNPA 27 .405), pouco aromáticas; pétalas efê·
linear 4-8, com maior freqüência de 5 - 6 raios meras, ovário densamente piloso. Fruto , legu-
(78%). Cristais abundantes, grandes, às vezes me plano, levemente reticulado - venoso, den-
em longas séries hemicristalíferas e holocrista- samente piloso; pelos sedosos, amarelo -
liferas, margeando um lado dos ra ios; pontua- ferrugíneos.
ções radiovasculares, em média de 6- 9 p.. Pa-
rênquima axial lembrando o apotraqueal termi- Habitat:
nal em nítidas faixas afastadas de 2- 6 células
de largura, com predominância de 4- 5 célu las, Freqüente nas margens alagáveis dos rios
t<~mbém paratraqueal unilateral, aliforme de ale- e lagos de solo arenoso ou arena - argiloso.
tas curtas e vasicêntrico. Fibras de pontua-
ções simples, espessura da parede 3 ,.,_, diâme- Ocorrência geográfica :
tro do lúmen varia de 9- 12 p.; elementos fibro-
sos de muito curtos a curtos 870- 1 . 150 ,.,_ de Ocorre nos Estados : Amazonas : Manaus
comprimento. Camadas de crescimento distin- e localidades próximas; Rio Negro; Rio
tas ou freqüentemente duvidosas, demarcadas Solimões e Baixo Madeira.
por tecido fibroso, pelas faixas de parênquima Pará: seg. Ducke (1949). Almeirim,
e também delimitadas pelos canals secretores. rios da região da Velha Pobre; Santa-
rém; óbidos, Lago do Curumu, mar-
Usos COMUNS :
gem do baixo Trombetas (freqüente) e
do baixo e médio Tapajós.
Dormentes, construções pesadas, cabos de
ferramentas, obras hidráulicas.
DADOS GERAlS SOBRE A MADEIRA

Crudia amazônica Spr. ex Bth. in Mart. FI. CARACTERÍSTICAS GERAIS :


Bras. XV. li :238.
Madeira muito pesada (0,90- 1,00 g/cm3) ,
Nomes vulgares : cerne castanho, alburno creme; insípida e ino-
dora; grã regular para revessa; textura fina para
BRASIL- Est. Amazonas: Orelha de cachorro média. Difíci l de trabalhar, recebe lustre me·
(Manaus), Lombrigueiro*, (Silves e, diano.
provavelmente, em outras regiões do
interior do Estado). DESCRIÇÃ.O MACROSCÓPICA :
Est. Pará: Faveira do igapó (Rio Tapa-
jós). Le Cointe (1947). Conhecida ain- Parênquima abundante, contrastado, visível
da seg. Record & Hess (1943) pelos ou até mesmo distinto a olho nu, em faixas ou
nomes: ipê , iperana, jutahyrana. linhas largas regularmente distnbuídas, apro·
ximadas, pouco onduladas, concêntricas, às ve-
Caracteres botânicos : zes interrompidas, ligando e envolvendo os
poros. Poros visíveis sob lente , pequenos a
A rvore bastante esgalhada, não excedendo médios, poucos, solitários predominantes, múl
a 15 m de altura, freqüentemente de porte não tiplos de 2, raros de 3, vazios, alguns obstruí-
identificado, devido o seu habitat, mantendo dos. Linhas vasculares perceptíveis a simples
apenas as extremidades dos ramos acima do vista, longas e retas Raios no topo são finos
nível das á~uas. Distinta e reconhecível mes- e numerosos, apresentando uma certa unifor-
mo a distância na época da frutificação, pelo midade na largura e espaçamento, na face tan-
<Jspecto original de seus frutos castanho ama- gencial são irregularmente dispostos, na radial

(*) Em Silves, Município do Est. do Amazonas, a casca da árvore: é usada como vermífugo poderoso, dai o nome pei<J
qual é vulgarmente conhecido "Lombrigueiro".

22
Crudia amazonica Spr. ex Benth

4 5

(Corte transversal ( Sx) Corte transver!>al ( 80x )

Corte tangencial (60x)

-23
são contrastados. Camadas de crescimento fibrosas mais compacta sem presença de parên-
demarcadas por zonas fibrosas mais escuras quima e ocasionalmente de poros. Máculas
sem presença de parênquima e alguns campos medulares e canais intercelulares não foram
com ausência de poros. Máculas medulares e observados.
canais secretores não identificados .
USOS COMUNS :
DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA :
Marcenaria, construção em geral.
Vasos distribuição difusa, secção oval, ra-
ras vezes circular, parede grossa com 6-20 p. Dimorphandra parviflora Spr. ex Bth. in Mart.
de espessura; médios a grandes, variando de FI. Bras., XV 11 : 251.
110-210 p. de diâmetro tangencial, predominan-
Caracteres botânicos :
do os de 160-210 p. (59%), de 100- 150 p. (41 % );
totalmente vazios; de muito pouco a pouco nu-
Arvore de porte mediano, muito raramente
merosos, 2- 7 por mm2, sendo a maior freqüên-
excedendo a 20 m de altura, e relativamente fre-
cia de 4-5- 6; solitários predominantes (67% ).
qüente nas matas de terra firme das proximi-
múltiplos de 2 (23%), alguns de 3, excepcional-
dades de Manaus, provavelmente, também no
mente até 4; placas de perfurações simples,
interior do Estado. Ramos, pecíolos e inflores-
pontuações intervasculares pequenas, 3 p., areo- cência ferrugíneo - tomentosos. Folhas multi-
ladas, disposição alterna, abertura inclusa; ele- pinadas; pinas com 8 (12) jugos; folíolos alter-
mentos vasculares de muito curto a curtos, me-
nos, subcoriáceos, glabros na face superior , na
dindo de 300 a 360 p. de comprimento, sem pre- inferior ferrugíneo pubescentes , margem em
sença de apêndice, ou excepcionalmente com geral recurvada. lnflorescência terminal ou
um apêndice em um dos extremos. Raios hete- subterminal, densa, corimbiforme com pedun-
rogêneos, irregulares, multisseriados, geralmen- culo espesso. Flores amareladas, de cheiro
te de 1 - 3 células de largura. predominando os desagradável , pequenas, numerosas. sésseis e
bisseriados com (68% ) e trisseriados com efêmeras . Fruto legume, ligeiramente recurvado
(22%), os unisseriados com apenas (10% ); altu-
e espesso. curtamente estipitado na base .
.r.a em número de células va i de 7-37, ocasio-
nalmente de 4- 40; de extremamente baixos a Habitat:
muitos baixos 250- 800 p. de altura, esporadica-
rr.ente de 150- 200 p.; número de raios por mi- Freqüente na mata de1 terra firme em solo
límetro linear de 6- 11, ocasionalmente de 4- 13, argiloso, e ocasional na capoeira onde os indi-
mais freqüente de 7- 10 (81 %), encontrando-se víduos atingem menor porte.
também raios funsionados numa média de
25-30 % da totalidade, de muito baixos a bai- Ocorrências geográficas :
xos 550- 1. 500 ,.,. de altura e com 25- 65 célu-
las; pontuações radiovasculares do mesmo tipo Est. Amazonas: Muito freqüente em
das intervasculares, em média 3 p.. Parênquima Manaus e arredores; municípios de
axial abundante, paratraqueal, confluente, for- Tefé e Borba.
mando faixas regulares para irregulares, apro- Est. Pará: seg. Ducke (1949), em San·
ximadas, pouco onduladas, ligando os poros tarém, serra de ltaituba e região das
com uma largura de 2- 8 células, mais freqüen- cachoeiras inferiores do Tapajós (São
tE: de 4-5 células; cristais presentes em séries Luís, Flechai).
merocristalíferas a holocristalíferas, muito fre-
qüente no corte radial. Fibras de pontuações DADOS GERAIS SOBRE A MADEIRA
simples, diâmetro do lúmen de 3- 9 p., espessu-
ra de 3- 6; elementos fibrosos vão de curtos a CARACTEIÚSTICAS GERAIS :
longos com 1 . 320 - 1 . 850 ,.,. de compri men-
to, maioria entre 1 . 400- 1 . 650 p.. Camadas de Madeira muito pesada (1 ,00 g/ cm 3); cerne
crescimento demarcadas por zonas de camadas alaranjado quando verde, passando para mar-

24-
Dimorphandra parviflora Benth

7 8

Con~ transversal (jx) Corte transversal (80x)

Corte tangenclal ( 60x)

- 25
rom claro quando seco; alburno amarelo com células de altura, ocasionalmente encontra-se
tonalidade brilhante; grã média; textura grossei- de 2- 20 células de altura; número de raios por
ra; cheiro não pronunciado; gosto amargo. Boa milímetro linear de 4-8 com mais freqüência
de trabalhar, recebendo bom acabamento com de 5-7 (87%); pontuações radiovasculares do
polimento atrativo. mesmo tipo das intervasculares. Parênquima
axial paratraqueal, abundante, aliforme de ale-
DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA : tas curtas e estreitas, formando pequenos agru-
pamentos de 2 ou mais poros ou mesmo con-
Parênquima contré'stado, aliforme de aletas fluente oblíquo. Cristais ausentes ou extrema-
curtas, só visível sob lente. paravascular, com mente raros. Fibras espessura da parede mé-
certa tendência para confluente. Poros apenas dia com 3-6 ,.,., diâmetro do lúmen ocorre en·
distintos a olho desarmado, médios a grandes. tre 3- 9 p., elementos fibrosos de muito curtos
alguns pequenos, de pouco numerosos a nume- a curtos com um comprimento de 1 . 000- 1 . 500
rosos, solitários, múltiplos de 2- 3, raríssimos P.. maioria está entre 1 . 200- 1 . 450 p. de compri-

de 4 poros, vazios, alguns obstruídos. Linhas mento. Camadas de crescimento pouco defini-
vasculares são longas, retas, bem perceptíveis das por zonas de camadas fibrosas.
a simples vista. Raios no topo são finos, apre-
sentando uma boa uniformidade na largura e USOS COMUNS :
espaçamento, só visível com ajuda de lupa ; na
Caixotaria, construção civil.
face tangencial são irregulares, na radial são
contrastados. Camadas de crescimento um
le Cointea amazonica Ducke. In Arch. Jard.
tanto realçadas pelo tecido fibroso •.mais escuro.
Bot. Rio de Janeiro, 3:128. 1922.
Máculas medulares e canais secretores não fo-
ram observados.
Nomes vulgares :

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA : BRASIL- Est. Amazonas : Paracuuba, Pracuuba


(Autaz - Mirim).
Vasos de parede média, 6- 9 fJ., ligeiramen- Est. Pará: Pracauuba (óbidos); p. chei-
te angulosa, secção quase circular ou ovalada, rosa da várzea (Gurupá), seg. Le Coin-
distribuição difusa; pequenos a médios, diâme- te (1947) .
tro tangencial variável de 70- 130 p., excepcio-
nalmente até 150 p.; de muito pouco a poucos Caracteres botânicos :
4- 10 por mm2 , maioria de 6- 8; solitários pre-
dominantes (63%), geminados (31 %). raros de Arvore mediana, muito raramente atingindo
3-4 vasos; pontuações intervasculares peque- grande porte, freqüente nas margens periodica-
nas, guarnecidas. alternas, areoladas. abertura mente inundaveis dos rios Amazonas e Soli-
inclusa, placas de perfurações simples; elemen- mões; tronco escuro profundamente sulcado no
tos vasculares de muito curtos a longos, com sentido longitudinal. casca escura. Ramos jo-
uma viração de 170- 500 p. de comprimento, pre- vens glabros, enegrecidos. Folhas coriáceas.
dominando os de 300- 400 ,.,., constituídos de curto-pecioladas, freqüentemente com os lados
apêndice em uma das extremidades e raros de desiguais, glabras, de margem denteada; dentí-
lado diferente. Raios heterocelulares. irregular- culos aparentemente uniformes e ascendentes.
mente dispostos, de 1 -4 células de largura, com lnflorescência em ramos solitários ou até 5 na
predominância dos trisseriados (64%), bisseria- élxila das folhas caídas. Flores caducíssimas
dos (23%) e unisseriados com apenas (13%); com pétalas alvas; ovário estipitado 4 (6) ovu-
altura dos raios vai de 100- 400 p., excepcional- lado, densamente pubescente, estilete glabro
mente de 60- 440 p. de altura, maioria está entre com o ápice freqüentemente recurvado. Fruto
210-300 (55°t!). de 310-400 (25%) e de 110-200 legume sucoso, indeiscente, amarelado quando
!J. de altura, encontramos apenas (14%); altura maduro, com forte odor de jenipapo (Genipa
em número de células ocorre de 3- 19, com americana) INPA 17. 074; sementes 1 (2) com
mais freqüência aqueles raios de 11- 19 (80%) testa pouco dura.

26-
Lecointea amazonica Ducke

lO 11

Corte transversal ( IOx) Corte transversal ( 80x)

12

• Corte tangencial (60x)

- 27
Habitat: DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA :

Característica das matas de várzea, em solo Vasos de muito pequenos a médios , de


argiloso, ocorrendo muito raramente na mata de 30 · 130 p. de diâmetro tangencial, maioria entre
terra firme, onde os indivíduos têm porte redu- 70 · 100 (80%). distribuição difusa, parede com
zido. S- 9 p. de espessura; de pouco numerosos a nll-
merosos, variando de 15-30 vasos por mm 2 ,
Ocorrência geográfica : maioria entre 18-25 (75%); solitários predomi-
nantes (55%). geminados (38%), alguns múlti-
Freqüente ao longo dos rios Amazonas. plos de 3 e excepcionalmente em pequenas ca-
Solimões e seus afluentes, e no Estado do Pará deias de 4, vazios; placas de perfurações sim-
(Municípios de óbidos, Santarém e Faro). Lou-
ples; pontuações intervasculares guarnecidas.
reiro & Silva (1968).
areoladas, inclusa, alternas, 3 p.; elementos
vasculares muito curtos 200- 280 p. de compri-
DADOS GERAIS SOBRE A MADEL"tl\ mento, maioria está na faixa de 220- 250 p.; não
observamos presença de apêndice. Raios regu-
larmente estratificados, bisseriados predomi-
CARACTERÍSTICAS GERAIS :
nantes (72%}, unisseriados (25%), raríssimos
Madeira bonita, resistente, muito pesada. t risseriados ; extremamente baixos, ma1ona
(0,92- 1,10 gfcm3); cerne amarelo-róseo, unifor· 150-170 ,.~.de altura (58%). de 100-140 (11%),
me, escurecendo com o tempo; alburno branco- de 180-200 (27%) , excepcionalmente ou local-
-amarelado, bem demarcado do cerne; grã regu- mente de 210- 220; altura dos raios em número
lar; textura média; cheiro agradável de rosa de células é variável de 5- 13, com predomi-
quando trabalhada ou queimada; gosto indistin- nâncias de 8- 12 [88%) células de altura; os
to. Boa de trabalhar, recebendo acabamento raios ocorrem numa estratificação de 11 - 16
esmerado, compacta, homogênea. Fornece car- raios por milímetro linear, predominando os de
vão de grande poder calorífico. 12 · 15 (88%); pontuações radiovasculares do
mesmo tipo das intervasculares, sendo um pou-
DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA : co maiores. Parênquima axial paratraqueal
abundante, aliforme de expansões laterais lon-
Parênquima abundante, apenas visível a gas, confluentes. form::tndo faixas irregulares e
olho nu, bem distinto sob lente, em faixas finas ainda terminal de 2- 8 células de largura, pre-
terminais, afastadas e confluentes que se unin- dominando as faixas com 4- 6 células, presente
do ligam os poros, partes em faixas tangenciais, também o apotraqueal escasso. Cristais abun-
parte em grupos oblíquos, apresentando-se on- dante em longas séries de hemicristaliferas a
duladas e curtas. Poros distintos apenas com holocristaliferas, anexadas ao parênquima. Fi-
ajuda de lente, numerosos, solitários e agrupa- bras de muito curtas a curtas 860- 1. 100 p. de
dos, total ou parcialmente vazios. Linhas vas- comprimento, maioria ocorre na faixa de
culares finas e retas. Raios no topo com uma 900- 1 . 000 p.. Camadas de crescimento pouco
distribuição uniforme na largura e espaçamento, definidas, eventualmente demarcadas por zonas
são finos e numerosos, somente perceptíveis fibrosas de parede mais espessa. Máculas me-
sob lente; no sentido perpendicular aos raios dulares e canais intercelulares não identifica-
dos.
apresentam-se estratificados e paralelamente
a estes (radial), são contrastados. Camadas de
USOS COMUNS :
crescimento ,bem demarcadas por zonas fibro ·
sas escuras delimitadas pelo parênquima ter- Ebanisteria, construções em geral, cabos
minal. Máculas medulares e canais secretores de ferramentas, suumba de flechas, obra de
não identificados. torno.

28-
Macrolobium acaciaefolium Bth. in Mart. FI Ocorrência geográfica :
Bras. XV (li) : 224.
Ocorre no Estado do Amazonas (com rela-
.Vomes vulgares : tiva abundância), Pará, Acre e Territórios do
Amapá, Rondônia e Roraima, também no Estado
BRASIL- Est. Amazonas: Arapari, A. verdadei- de Goiás , Guianas e partes amazônicas do Peru
ro (Manaus); A. da várzea, no interior e Colômbia - Ducke (1949).
do Estado.
Est. Pará : Faveira (Cachoe:ra do rio DADOS GERAIS SOBRE A MADEIRA
Tapajós, Ducke 1949) ~ Fava de tamba-
qui, Le Cointe (1947); Ai·apari e Para- CARACTERÍSTICAS GERAIS ;
caxi (beira do rio Ararí, Ilha de M a-
rajó). Madeira moderadamente pesada (0,60 - 0,65
Est. Maranhão: Arapari. gjcm3 ); cerne castanho-avermelhado; alburno
Ter. Fed. Amapá: Arapari (Aporema, pardacento; grã geralmente direita; textura mé-
Campo Belo, INPA 12 .024, MG); Rapa- dia; cheiro e gosto indistintos. Não difícil de
rigueira. trabalhar, recebendo acabamento atrativo, de
lustre mediano, curvando-se bem.
Caracteres botânicos :
DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA ;
Árvore em geral de porte mediano, em ra-
ríssimos casos com altura superior a 25 m. Fus- Parênquima relativamente abundante, em
te. volumoso com casca castanho-acinzentada, geral do tipo paratraqueal, visível sob lente,
finamente estriada. É provavelmente no gêne- pouco contrastado, aliforme, abrangendo dois
ro, a espécie mais freqüente em nossa região, ou mais poros, vasicêntrico de pouca confluên-
tornando-se por sua elegância e beleza quando cia, e em faixas terminais afastadas, às vezes
coberta de flores, cf. já se referiu Ducke (1941). duplas. Poros visíveis a olho desarmado, pou-
·elemento de destaque na paisagem·. Por essas cos, pequenos a médios, solitários, agrupados
razões, não fora as exigências de habitat para de 2. 3 poros, ov&~lados, vazios. Linhas vas-
o seu desenvolvimento normal, poderia a espé- culares perceptíveis a simples vista, um tanto
cie ser aconselhada para a ornamentação regio- altas e retas. Raios no topo são finos e nume-
nal. Folíolos co1n 20 (30) jugos, estreitos, ou rosos, visíveis somente com auxílio de lente,
oblongos a lineares, de ápice obtuso e base apresentando uma certa uniformidade na largu-
freqüentemente desigual, glabros, verde-brilhan- ra e espaçamento; na face tangencial aparecem
te na face superior, na inferior opaca, com ner- curtos e irregularmente dispostos, na radial
vação secundária inaparente. lnflorescência em apenas notados a simples vista. Anéis de cres-
rácemos curtos, ocasionalmente ultrapassando cimento demarcados por zonas fibrosas mais
a 4 em de comprimento, multiflora, cano-pubes- escuras e compactas do lenho tardio, ainda por
cente. Flores brancas, pequenas, estames lon- faixas concêntricas do parênquima apotraqueal
gos, vermelhos. Fruto legume ovado-orbicular, concêntrico, estreito. Máculas medulares e ca-
curto-estipitado, lenhoso, glabro, vernicoso, cas- nais secretores não identificados.
tanho-amarelado (em estado seco). monoesper-
mo, indeiscente, possibilitando assim a sua DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA ;
dispersão através da água.
Vasos de secção geralmente subcircular
Habitat: até nitidamente oval, distribuição um tanto irre-
gular, espessura da parede de 6-9 JL, totalmente
Cresce espontaneamente e com relativa vazios; médios a grandes, diâmetro tangencial
abundância nos lugares sujeitos a inundações está entre 100- 250 p., maioria dos casos osci-
temporánas, na margem dos rios, lagos e cam- lam entre a dimensão de 100 · 200 (93%); extre-
pos baixos da Amazônia. m!'lmente poucos 2- 6 por mm2 ; solitários e múl-

-29
Macrolobium acaciaefolium Benth

13 14

Corte transversal (1 Ox 1 (;orte transversal (60x)

lS


Corte tangencial (60x)

30-
ti pios (88%), alguns agrupados de 3- 4; placas SUMMARY
oe perfurações simples; pontuações intervas-
culares semi-areoladas, numerosas, disposição In this paper a contribution to the dendrological
hnowledge of tpe amazonian species of the family
alterna, guarnecidas de contorno circular com Leguminosae, in given by the authors, by including
diâmetro de 3-6 p.; elementos vasculares curtos, the botanical description, geographical distribution
de 300-500 p. de comprimento, maioria ocorre habitat and anatomical description of the woods of
entre a faixa de 350- 420 p., apresentando apên- ihe following species : Hymenaea parvifolia, Crudia
dice pequeno de um lado do elemento e raros amazonica, Dimorphandra parviflora, Lecointea ama-
zonica and MacrolobiliDl acaciaefolium. 15 illustra-
de lado diferente. Raios heterogêneos, irregu- tions of the woods described are included in lhis
larmente distribuídos, de extremamente baixos, psper.
apresentando uma altura variável em P- de
150-380, predominando os de 210-300 (75%). BmLIOGRAFIA CITADA
excepcionalmente encontrando-se de 100- 430 p.;
bisseriados predominantes (60% ), unisseriados BRASIL . SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO
(37%). alguns trisseriados; altura em número DA AMAZÔNIA

de células de 3- 12, sobressaindo os de 6-8 1969 - Algumas informações úteis sôbre madeiras da
Amazônia. 50 espécies ele árvores possi1•elmen·
(61 % ), raramente ou localmente até 13; mu ito
te apropriadas para l8mir10s faq ueadas. Belém,
numerosos, maioria de 10-12 por milímerto li· SUDAM, p. 20.
near (77%), mínimo 8, máximo 13 raios; pontua- CHATTAWAY, M . M .
ções radiovasculares , iguais as inter, porém um 1932 - Proposed Standards for numerical values use-d
pouco menores. Parênquima axial paratraqueal. in discribing wood. Trop. Woods, New Haven.
aliforme de aletas curtas, às vezes longas, apa- 29:20-28.
rentemente circunvascular, ainda em linhas ou DucKE, A.
pequenas faixas estreitas, terminais, afastadas . 1935 - As espéci~ brasileiras de Jatahy, Ju tahy ou
Jatobá (gênero H ymenaea L., leguminosas ca•·-
Cristais presentes, observados em todos os salpiniaceas). Anais Acad. Bras. Cienc., Ric
cortes, mais freqüente no radial. Fibras de pon- de Janeiro, 7 (3) :204-211.
tuações areoladas com 3- 6 p.; de muito curtas 1941 - As leguminosas da Amazônia brasileira . Notas
a longas, osc i Iando de 1 . 000 - 1 . 820 P- de com- sôbre a flora neotrópica. 11. Boi. 1 écn . lnst .
primento, predominando aquelas de 1.300- 1.600 Agron. Norte, Belém, 18 : 79, 84, 88, 97, 145 .
LE CoiNTll, 'PAUL
p., lúmen de 9- 12 p., a sua espessura não ultra-
1947 -Amazônia Brasileira. IJI - Árvores e plantas
passa 3 p.. Camadas de crescimento aparen te-
úteis (Indígenas e aclimadas). 2. ed. São Pau-
mente demarcadas por faixas de parênquima lo, Ecl. Nacional. p . 46, 47, 193, 250, 379
terminal. M áculas medulares e canais interce- ( Brasiliana, série 5.•, v. 251) .
lulares não observamos. LouREIRo, A. A. & Sn.vA, M. F . DA
1968 - Catálogo das madeiras da Amazônia. Belém,
USOS COMUNS : SUDAM. v. 1, p . 355, 356, 361, 362.
MILA.NEZ, F . ROMANO & B ASTOS, A. DE MtRANDA

Carpintaria, marcenaria, caixas, celulose 1960 - Glossário dos têrmos técnicos usados em ana-
tomia de madeiras. Anu. Bras. Econ . Flor . .
para papel, tábuas de boa qual idade. t empre- Rio de Janeiro, 12(12) :1-27.
gada na fabricação de móveis vergados. t bem REOORD, S. 1 . & HEss, R. w.
flexível, tomando formas variadas. 1949 - Timbers of the New World. New Haven,
Yate Univ. press. p . 251, 291.

- 31

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