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ESTADO DO MARANHÃO

SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA


POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO
DIRETORIA DE ENSINO
ACADEMIA DE POLICIA MILITAR GONÇALVES DIAS

EM PROL DA FAMÍLIA E DA VIDA


POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS - 60ª Cia PM – Barbacena.

SÃO LUIS
2018
EM PROL DA FAMÍLIA E DA VIDA
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS - 60ª Cia PM – Barbacena.

Atividade escrita apresentada à Disciplina de


Policiamento Comunitário II como segunda
avaliação corrente.

SÃO LUIS
2018
1 INTRODUÇÃO

Dentro da região sudeste, foco de estudo da equipe, escolheu-se falar sobre o


Estado de Minas Gerais, por suas intensas ações de policiamento comunitário. Para alcançar
seus objetivos institucionais, fundamentados na atual Administração Pública Gerencial, a
PMMG busca, por meio de decisões, ações e operações orientadas por resultado, servir e
proteger os cidadãos e a sociedade, bem como, garantir a segurança dos bens públicos e
privados, prevenir e coibir os ilícitos penais e as infrações administrativas.
Além disso, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) tem como principais
linhas de ação: ênfase nas pessoas, liderança participativa, inovação na solução de problemas,
foco na sociedade e no cidadão, polícia orientada para a solução de problemas e melhoria
contínua da qualidade de vida das comunidades.
A polícia comunitária é o final de um movimento contínuo de reformas
operacionais, que começaram nos anos 60 com o team policing (policiamento de grupo) e o
neighborhood watch (vigilantes de bairro). A premissa é que a polícia não pode lidar sozinha
com o problema do crime. Para construção de uma estratégia de polícia comunitária devem
ser buscados como objetivos: parceria, fortalecimento, solução de problemas, prestação de
contas e orientação para o cliente. A polícia deve trabalhar em parceria com a comunidade,
com o governo, outras agências de serviço e com o sistema de justiça criminal. A palavra de
ordem deve ser: “Como podemos trabalhar juntos para resolver este problema?” Portanto, as
lideranças da comunidade devem estar envolvidas em todas as fases do planejamento do
policiamento comunitário.
Basicamente, existem dois tipos de fortalecimento: os dos policiais e o da própria
comunidade. O policiamento comunitário valoriza a capacidade dos cidadãos em participar
das decisões sobre o policiamento e de outras agências de serviço para prover maior impacto
nos problemas de segurança. Poder de decisão, criatividade e inovação são atitudes que
devem ser encorajadas em todos os níveis da polícia.
É uma estratégia que representa um renascimento da abordagem do policiamento
pela solução de problemas. A meta da solução de problemas é realçar a participação da
comunidade através de abordagens para reduzir as taxas de ocorrências e o medo do crime
com planejamentos a curto, médio e longo prazo.
A polícia comunitária como estratégia institucional muda os fins, os meios, o
estilo administrativo e o relacionamento da polícia com a comunidade. O objetivo é para além
do combate ao crime, pois permite a inclusão da redução do medo do crime, da manutenção
da ordem e de alguns tipos de serviços sociais de emergência. Os meios englobam toda a
sabedoria acumulada pela resolução de problemas (método IARA). O estilo administrativo
muda de concentrado para desconcentrado, de policiais especialistas para generalistas. O
papel da comunidade evolui de meramente informar ou alertar a polícia, para participante do
controle do crime e na criação de comunidades ordeiras.
Todas as ações de policiamento comunitário são baseadas na Diretriz para a
produção de serviços de segurança pública nº 3.01.06/2011 – CG. Nos Batalhões da Polícia
Militar de Minas Gerais, são desenvolvidas diversas ações que buscam a interação com a
comunidade da região visando estreitar o relacionamento e aprimorar as atividades relativas à
segurança pública objetivando a promoção da paz social.
O seguinte trabalho visa trazer para campo do estudo de caso das ações de
controle dos delitos interpessoais ocorridos em ambiente familiar, assim como a repressão
qualificada aos delitos interpessoais na área da 60° CIA PMMG (Polícia Militar de Minas
Gerais) – Barbacena. As ações da Polícia Militar de Minas Gerais seguem as diretrizes já
existentes como: DIRETRIZ PARA A PRODUÇÃO DE SERVIÇOS DE SEGURANÇA
PÚBLICA N° 3.01.06/2011-CG que regulamenta a aplicação da filosofia de policiamento
comunitário pela PMMG, a DIRETRIZ DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOES DE
SEGURANÇA PÚBLICA N° 3.01.05/2010-CG que trata da filosofia de direitos humanos na
PMMG onde expõe quais tipos de pessoas merecem proteção específica em razão do gênero,
idade, deficiência entre outros, DIRETIZ PARA PRODUÇÃO DE SERVIÇOES DE
SEGURANÇA PÚBLICA N° 3.02.03/2011-CG, que define a estratégia e o processo de
gestão do programa “POLÍCIA PARA A CIDADANIA” e o processo de gestão do programa
“POLICIA E FAMÍLIA” no qual a atuação da polícia visa se antecipar aos delitos e conflitos,
que se dá através da melhor utilização dos dados disponíveis em cada setor do policiamento.

2 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO

Para se compreender o que é a filosofia de polícia comunitária para a PMMG,


mostra-se imprescindível fazer referência à Diretriz para Produção de Serviço de Segurança
Pública (DPSSP) nº 3.01.06/2011, que regula a aplicação dessa filosofia e estratégia
institucional na Corporação.
Pelo documento citado, polícia comunitária é uma estratégia organizacional
voltada para mobilizar a sociedade, resolver problemas, interagir, compor parcerias e
conscientizar a comunidade no que diz respeito à solução de problemas de segurança pública.
Assim, tal concepção parte dos pressupostos de que discutir os problemas de criminalidade,
desordens ou questões que afetam à sociedade de uma maneira geral não é apenas tarefa do
poder público e ainda, que trabalhar em conjunto com os cidadãos é hoje uma necessidade.
Importante frisar que se trata de uma parceria entre polícia e comunidade com
vistas a identificar e resolver problemas que possam perturbar determinado grupo social ou
localidade. No lugar de fornecer respostas pré-concebidas, a Polícia deve perquirir junto às
comunidades seus anseios e preocupações, à fim de traduzi-los em procedimentos de
segurança e privilegiando-se uma decisão compartilhada. Não se trata mais de uma polícia
que impõe seus métodos à sociedade, mas antes, por meio de um processo dialógico, constrói
com os interessados a resposta mais adequada ao infortúnio. (OLIVEIRA, 2016)

3 OBJETIVOS

3.1 Geral
Promover a sensação de tranquilidade e reduzir o medo do crime.
3.2 Específicos
Identificar os delitos interpessoais de maior incidência na subárea da 60ª
Cia PM;
Executar ações de controle em face dos eventos de defesa social relacionados aos
delitos interpessoais identificados, com vistas a prevenção do crime violento contra a pessoa;
Qualificar a resposta aos delitos interpessoais e aos crimes violentos contra a
pessoa;
Aproximar a Polícia Militar das famílias, especialmente daquelas onde eclodiu
evento de defesa social sob controle;

4 CONCEITUAÇÃO

Para fins específicos desta Instrução, conceitua-se nesta seção termos e palavras
relacionadas ao assunto.

4.1 Delito interpessoal

Também conhecido como violência interpessoal, surge na relação entre pessoas


que estão inseridas num determinado contexto social, cultural e histórico, aliadas às
características individuais, que conformam os fatores de risco e proteção, os quais permeiam
as relações sociais e atuam na determinação de situações de conflito, modulando a dinâmica
da vitimização (Peres, 2005)

4.2 Violência doméstica

Uma das formas de manifestação da violência interpessoal é a violência


doméstica. De acordo com Day et al. (2003, p. 10), pode-se conceituar violência doméstica
como sendo: Toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física,
psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um membro da família.
Pode ser cometida dentro ou fora de casa, por qualquer integrante da família que esteja em
relação de poder com a pessoa agredida. Inclui também as pessoas que estejam exercendo as
funções de pai ou mãe, mesmo sem laços de sangue. Dentro dessa acepção lato sensu,
qualquer forma de violência ocorrida dentro do lar será considerada, para efeitos desta
Instrução, como violência doméstica.
Essa percepção, inclusive, deriva da própria Constituição da República que, em
seu art. 226, § 8°, atribui responsabilidade ao Estado na prevenção e repressão à violência
doméstica, afirmando: “o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.
Como manifestação mais específica da violência doméstica, merece ressalto aquela cometida
contra a mulher, cujos parâmetros legais estão insertos na Lei n° 11.340, de 07 de agosto de
2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha.

4.3 Vulnerabilidade

Conjunto de aspectos individuais, coletivos e contextuais que acarretam maior


susceptibilidade a ocorrência do delito e com interferência na proteção.
Com razão, o convívio sob o mesmo teto configura-se como vulnerabilidade,
quando dentro do lar digladiam-se pais e filhos, maridos e esposas, enfim, a sociedade
familiar que coabita o mesmo espaço. Eclodindo infrações interpessoais de menor potencial
ofensivo entre conviventes, nesta situação, a probabilidade de ocorrer eventos mais graves
aumenta, justamente em razão do convívio compartilhado.
4.4 Grupo de risco

Grupo de Risco é um conjunto de pessoas que, por questões ligadas a gênero,


idade, condição social, deficiência e orientação sexual, torna-se mais suscetível à violação de
seus direitos (MARTINS, 2007 apud MINAS GERAIS, 2010, p. 30).
Os seis principais grupos são:
• mulheres;
• crianças e adolescentes;
• idosos;
• população LGBTT;
• população em situação de rua; e
• pessoas com deficiência física e intelectual, ou sofrimento mental.
Dentro do propósito desta Instrução, considerar-se-á grupo de risco aquele, cujas
características, nos termos acima mencionados, acrescida a ambiência familiar, devem ser
levadas em conta no planejamento e implantação das ações de controle.
Nesse patamar, são considerados grupo de risco, conforme já mencionado, pais,
filhos, enteados, maridos, esposas, consortes, companheiros, bem assim todas as pessoas que
convivem sob o mesmo teto, em situação de coabitação familiar.

4.5 Comportamento de risco

Trata-se de posturas e atitudes das pessoas que as colocam mais vulneráveis e


expostas como vítimas de delitos. Com razão, a prática de delitos por ente familiar, o uso de
drogas, a discórdia entre consortes, o adultério, o consumo de álcool, dentre outros fatores,
constitue comportamento de risco a ser identificado de forma a nortear as ações de controle.

4.6 Fatores de proteção

São aspectos que minimizam a possibilidade de envolvimento tanto como vítima


quanto como agressor nos delitos interpessoais, tais como: pertencer a um grupo cultural ou
religioso, vínculo com pessoas que são modelos de conduta, vínculos fortes com a família,
comunidade etc.
Entre os fatores de proteção considerados, pode-se citar o envolvimento religioso,
a existência de entes familiares que atuem como mediadores e a própria vizinhança. A postura
da Polícia Militar e demais parceiros, nesse ponto, ganha aspecto de fator de proteção, caso
consiga atingir os objetivos propostos nesta Instrução.

4.7 Delitos de menor potencial ofensivo

Delito de menor potencial ofensivo são as contravenções penais e os crimes a que


a lei comine pena máxima não superior a dois anos, excetuados os casos em que e lei preveja
procedimento especial. Em face da menor reprovabilidade da conduta nas infrações de menor
potencial ofensivo, previu o legislador a possibilidade de concessão da suspensão condicional
de processo, desde que reparado o dano em favor da vítima. Além dessa possibilidade,
permite a lei a opção da conciliação, bem assim que o titular da ação penal proponha
transação penal, tudo de forma a evitar o processo.

4.8 Crimes violentos contra a pessoa

Essa modalidade de crime é decorrência natural, no que se convencionou chamar


de linha de desdobramento anatomopatológico da ação delitiva menos grave não reprimida.
Quer dizer, não havendo ação de controle eficaz em face de delitos interpessoais menos
graves, como por exemplo a ameaça, a tendência é de que esse evento evolua, culminando no
cometimento do crime de lesão corporal. Nesse esteio, não havendo ação de controle diante
de lesões corporais consumadas, a tendência é a eclosão do crime de homicídio, tentado ou
consumado.
Para os exclusivos fins desta Instrução, crime violento contra a pessoa é a
decorrência dos delitos interpessoais não controlados, compreendendo assim a lesão corporal
grave ou gravíssima, o crime de homicídio, tentado ou consumado e as modalidades de
violência sexual tipificadas em lei.

CONCLUSÃO

A trajetória formal das concepções, das propostas e dos programas de polícia


comunitária na PMMG fez, ao final de 2014, vinte anos. Neste período, a organização partiu
de uma concepção praticamente instrumental – parceria na identificação de problemas e no
financiamento das atividades, conforme a DPO no 3.008/1993 – para uma concepção que se
pretende sistêmica e sistemática, presente nos planos estratégicos desde então, a partir da qual
a própria missão da PMMG é reconsiderada para incluir a perspectiva da participação social.
A despeito de muitos avanços percebidos, essa trajetória evidencia uma grande e
talvez crescente disjunção entre os objetivos e as estratégias, e entre as concepções e os
desenhos dos programas. As primeiras diretrizes, buscaram promover a fixação do policial na
comunidade e a descentralização de comando e controle para as unidades básicas. Mas não
foram disponibilizados programas ou ações específicas para a execução destes objetivos – não
foi criado um equipamento, por exemplo, através do qual esta política pudesse ser
implementada.
Sugere-se a participação direta da comunidade na concepção e na avaliação do
policiamento, e expressa-se a preocupação com as dimensões subjetivas do medo do crime,
mas, novamente, não se explica como estas dimensões seriam incorporadas no policiamento
cotidiano. Paralelamente, estes valores, evidentemente democráticos, conviviam com
perspectivas contraditórias, tais como a ideia do cidadão-cliente e da população ordeira, com
uma concepção de vigilantismo social e a instrumentalização da comunidade mediante a
captação de recursos financeiros
REFERÊNCIAS
TROPA DE CHOQUE E POLÍCIACOMUNITÁRIA: CASAMENTO POSSÍVEL? OLIVEIRA, Steeven Tadeu
Soares de. 2016. MARÍLIA : UNESP, 2016, REVISTA DO LABORATÓRIO DE ESTUDOS DA VIOLÊNCIA , p.
5.

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