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A Caatinga sobrepõe-se ao domínio semiárido e, segundo o Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE, 2004a), abrange 844.453 km 2. Essa área


equivale a 11% do território nacional, entre os paralelos 3º e 17ºS e estende-se
pelos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais (IBGE, 2004b).

O Bioma Caatinga, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE), possui uma área aproximada de 826.411 km² e se estende
pela totalidade do estado do Ceará (100%) e mais de metade da Bahia (54%),
da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do
Norte (95%), quase metade de Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de
pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%)1.

Mas infelizmente, assim como outros biomas brasileiros, a Caatinga vem


sofrendo ameaças do globo pela exploração predatória. De acordo com o
secretário de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Piauí, Dalton Macambira,
as principais causas da degradação ambiental na região são a caça, as
queimadas e o desmatamento para retirada de lenha. O bioma é rico em
espécies exclusivas e podendo ser considerado um dos conjuntos de
formações vegetais mais especializadas do território brasileiro. O bioma
Caatinga engloba de forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e
Minas Gerais.
No Piauí, a caatinga é o bioma predominante, representa 28,4 % da
vegetação do território e envolve 63 municípios. O Estado conta com o registro
de 932 espécies de animais e 20 gêneros de plantas exclusivos da caatinga.
Entre eles 44 espécies de lagartos, quatro de quelônios, três de crocodilos, 47
de anfíbios. A diversidade da fauna local também pode ser conferida no
número de aves, atualmente já foram registradas 348 espécies, entre elas as
aves carcará, anum, jaçanã e gavião turuna entre outros. Atualmente 20
espécies estão ameaçadas de extinção, entre elas a ararinha-azul e a arara-
azul-de-lear.
Contudo, a caatinga também possui muitos mamíferos. Atualmente, de
acordo com pesquisa realizada pela equipe da Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Naturais do Piauí-SEMAR, que resultou num folder com os principais
biomas do Piauí, revela que existem 148 espécies, entre elas o rato-de-fava, a
raposa, o gato maracajá e o guaxinim. Das espécies nativas da caatinga as
mais encontradas no Piauí. São o mocó, o tatu-peba e o preá.
É importante enfatizar que a caatinga piauiense abriga algumas das mais
importantes áreas de preservação deste bioma: o Parque Nacional da Serra
da Capivara e a Serra das Confusões localizadas na região sul do Estado.
Os principais representantes da flora da caatinga do Piauí são a
catingueira, o marmeleiro, o velame, a jurema preta e branca, o mufumbo e o
pau-ferro.
A paisagem da caatinga é vista por muitos como pobre por ser dominada
por formações vegetais secas e árvores de porte baixo ou médio (3 a 7 metros
de altura), principalmente no período de seca, quando as folhas das plantas
caem totalmente. No entanto, após as primeiras chuvas, o verde da vegetação
e a floração aparecem, redefinindo a paisagem com todo o vigor da diversidade
biológica, dando vida aos animais e aos sertanejos.
Levantamento feito pelo Ministério do Meio Ambiente em 2010 revela
que o Piauí é o terceiro Estado do Brasil que mais desmata área de caatinga. O
Piauí aparece com 30,25% de área de caatinga destruída.
A Caatinga vem sendo extinta pelas constantes explorações ilegais de
madeira para a produção de carvão e pela vulnerabilidade do bioma às
mudanças climáticas.
Para o superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis no Piauí (Ibama), Romildo Mafra, a situação é
vista com preocupação e segundo ele caso a situação permaneça como está
corre-se o risco de o bioma da caatinga ficar como o da Mata Atlântica, que
atualmente possui apenas 7% da sua cobertura original.
De acordo com o superintendente do Ibama, uma das estratégias
pensadas para o plano de proteção inclui o combate às queimadas em sete
municípios do Piauí, os quais tem a maior incidência de focos de incêndio no
Estado, onde será disponibilizado 15 brigadistas para cada município, sendo
que eles vão ficar responsáveis pelo monitoramento da área, instrução dos
pequenos agricultores, além de combater os focos de incêndio que venham a
ocorrer na região.
No artigo “Caatinga: um bioma entre a devastação e a conservação”,
escrito por Maria Marta Avancini e Glória Tega e publicado no site da
Universidade Federal de Pernambuco, as autoras mostram que o avanço da
fronteira agrícola significa desmatamento, fragilizando ainda mais o delicado
equilíbrio climático da Caatinga.
No caso do Piauí, afirma o IBGE, boa parte do desmatamento é feito
para viabilizar a agricultura familiar, mas o agronegócio também começa a
ganhar espaço na região, intensificando os impactos ambientais. Em 2009, por
exemplo, foram identificados 3,9 mil focos de calor no Piauí contra 3,5 mil em
2004, de acordo com o IBGE.
As pesquisadoras afirmam também que a exploração de carvão é outro
fator que contribui para acelerar o desmatamento. Novamente, o estado do
Piauí é o cenário de devastação, exemplificando um processo que se repete
em outras partes da Caatinga.
Em 2006, foi implantado na região da Serra Vermelha o projeto Energia
Verde, com aprovação do Ministério do Meio Ambiente e da Secretaria
Estadual do Meio Ambiente, prevendo o desmatamento de 78 mil hectares de
matas nativas para a produção de carvão vegetal.
O projeto acabou envolvido em uma série de irregularidades ambientais
e trabalhistas, como o uso comprovado de trabalho escravo. Por isso, foi
suspenso pela Justiça, mas não houve a interrupção da exploração de carvão.

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