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Brasília
2018
FÁBIA MARTINS ALCANFÔR FRANCO
Brasília
2018
A NEOPLASIA MALIGNA NO AMBIENTE DE TRABALHO
1
Fábia Martins Alcanfôr Franco
Resumo
Abstract
Within the relationships between work and health, the Worker Health constitutes an
area of public health that is the subject of study and intervention. The risk factors inherent in
the function performed, such as physical, chemical and biological risks, are determinant for
the health of the worker. However, it is clear that in the last decades changes have been
observed in the process of the work environment due to the incorporation of technologies and
1
Fábia Martins Alcanfôr Franco – Engenheira de alimentos, pós-graduada em Gerenciamento Empresarial e
Financeiro e pós-graduada em Gerenciamento de Projetos
management strategies with the aim of attending to a modern society and, consequently, as
well as new forms of illness of the workers, malignant neoplasm as a result of exposure to
carcinogenic agents present in the work environment.
In order to reach the objective proposed by the theme of this study, a bibliographical
research was carried out and it was observed that, all human activity is exposed to
environmental factors that can provide risks of diseases, being evident in a more significant
way in the work environment than by its harmful agents inherent to the activity that in some
way increase the risk of disease onset.
2. O Câncer Ocupacional
As doenças em sua relação com o trabalho podem ser classificadas de duas formas. A
primeira é como doença profissional, quando existe relação direta com condições de trabalho
específicas, a exemplo do desenvolvimento de osteossarcoma em adultos por exposição à
radiação ionizante e do mesotelioma de pleura por exposição ocupacional ao asbesto
(amianto). A nomenclatura adequada para esse tipo de doença é câncer ocupacional (Brasil,
2001). A segunda forma, que engloba a maioria das neoplasias, é a doença relacionada ao
trabalho, isto é, que tem sua frequência, surgimento ou gravidade modificados pelo trabalho.
Segundo a classificação de Shilling (1984), no caso da doença ocupacional, o trabalho é causa
necessária e, no caso de doenças relacionadas ao trabalho, esse pode ser entendido como um
fator de risco, ou seja, um atributo ou uma exposição que está associada com uma
probabilidade aumentada de ocorrência de uma doença. Para a maioria dos cânceres, a
nomenclatura adequada é de câncer relacionado ao trabalho. Na prática, a caracterização
etiológica ou de nexo causal será essencialmente de natureza epidemiológica, seja pela
observação de um excesso de frequência em determinados grupos ocupacionais ou profissões,
seja pela ampliação quantitativa ou qualitativa do espectro de determinantes causais, que
podem ser conhecidos a partir do estudo dos ambientes e das condições de trabalho. A
eliminação desses fatores de risco reduz a incidência ou modifica o curso evolutivo da doença
ou agravo à saúde (Brasil, 2006).
A IARC classificou um total de 29 agentes e misturas relacionados ao trabalho e 12
circunstâncias de exposição como potencialmente cancerígenas aos seres humano. No
entanto, muitos outros agentes aos quais os trabalhadores estão expostos em seu ambiente de
trabalho permanecem desconhecidos. A epidemiologia tem avançado no entendimento e
análise das relações causais entre câncer e exposição a substâncias presentes no ambiente de
trabalho, porém muitas lacunas ainda precisam ser preenchidas.
Em se tratando de câncer ocupacional as diferenças em relação aos demais casos são de
que a exposição não depende da vontade dos trabalhadores e possui maior potencial de
prevenção. Não há distinção quanto ao aspecto clínico e história natural do câncer não
ocupacional. O fator ocupacional representa apenas 2-4% dentre as causas atributáveis para o
desenvolvimento de câncer em um indivíduo.
4. Legislação
Pleura
Pulmão Caixas dágua
Estômago Telhas
Laringe Tubulações
Peritônio Mangueiras
Asbesto/Amianto Pericárdio Papelões
Fotográfica
Couro
Textil
Bexiga Plástico
Benzidina Pâncreas Corante
Plástico PVC
Calçados
Cloreto de vinila Fígado Embalagens
Pigmentos
Couro
Mucosa nasal Metalurgia
Cromo Brônquios/Pulmão Produtos químicos
Sílica Brônquios/Pulmão Mineração
Brônquios/Pulmão Couro
Pele Madeira
Arsênio Medula óssea Vidro
Aparelho de RX
Relógios
Berílio Brônquios/Pulmão Ferramentas
Pilhas
Materiais elétricos
Joalheiria
Pigmentos
Cádmio Brônquios/Pulmão Televisores
Munições
Materiais elétricos
Tintas
Chumbo Tireóide Cosméticos
A ACGIH (2001) considerou cancerígenas as substâncias que podem gerar ou
potencializar o desenvolvimento de um crescimento desordenado de células e recomenda que
sejam classificadas nas seguintes categorias:
A1 – Carcinógeno humano confirmado: o agente é cancerígeno para o ser humano, com base
em evidências de estudos epidemiológicos.
A2 – Carcinógeno humano suspeito: os dados são conflitantes ou insuficientes para confirmar
o agente como cancerígeno para o homem, ou seja, o agente é cancerígeno em experimentos
animais nas doses, por via de administração, em locais, tipos histológicos, ou por mecanismos
considerados relevantes para a exposição de trabalhadores. A notação A2 é usada
principalmente quando há evidência limitada de carcinogenicidade em seres humanos e
evidência suficiente de carcinogenicidade nas experiências em animais, com relevância para
os seres humanos.
A3 – Carcinógeno animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos: o
agente é cancerígeno em experimentos com animais em doses relativamente altas, por vias de
administração, em locais, tipos histológicos ou por mecanismos considerados não relevantes
para a exposição de trabalhadores. Os estudos epidemiológicos disponíveis não confirmam
um aumento do risco de câncer em seres humanos expostos. As evidências disponíveis não
sugerem que este agente seja um provável causador de câncer em seres humanos, exceto sob
condições excepcionais de via de ingresso no organismo ou de nível de exposição.
A4 – Não classificável como cancerígeno humano: agentes com suspeita de carcinogenicidade
para o ser humano, mas os dados existentes são insuficientes para serem avaliados de forma
conclusiva. Estudos in vitro em laboratório ou estudos com animais não apresentam
indicações de carcinogenicidade suficientes para classificar o agente em uma das outras
categorias.
A5 – Não suspeito como cancerígeno humano: o agente não é suspeito de ser um carcinógeno
humano, com base em estudos epidemiológicos bem conduzidos em seres humanos. Os
estudos dispõem de dados suficientes de seguimento, as histórias de exposição apresentam
doses suficientemente elevadas e poder estatístico adequado para concluir que a exposição ao
agente não representa um risco significativo de câncer para os seres humanos. As substâncias
para as quais não se dispõe de dados sobre carcinogenicidade em seres humanos ou
experimentos em animais não devem receber designação quanto à carcinogenicidade.
5. Prevenção e Vigilância dos trabalhadores expostos
7. Conclusão
A neoplasia maligna que pode ser gerada no ambiente de trabalho pode ser
classificada de duas formas. A primeira é como doença profissional, produzida ou
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar à determinada atividade. A segunda forma,
que engloba a maioria das neoplasias, é a doença relacionada ao trabalho, adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente. Ambas as formas são constantes da respectiva relação elaborada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego e o da Previdência Social. Ressaltam que estes tipos de
doenças revestem-se de grande importância por diversos fatores, implicam em altos custos
sociais: aposentadorias, às vezes, precoces; indenizações; mas principalmente bem star físico,
mental e perda de vidas.
Não se pode negar que as inovações tecnológicas reduziram a exposição a alguns
riscos ocupacionais em determinados segmentos, contribuindo para tornar o trabalho nesse
ambiente mais saudável garantindo uma qualidade de vida, ou seja, menos insalubre e
perigoso. Contudo, paralelamente, outros riscos são gerados, principalmente na área química,
indústria nuclear e biotecnologia.
A eliminação desses fatores de risco reduz a incidência ou modifica o curso evolutivo
da doença ou agravo à saúde. Neste campo de doença ocupacional, cabe aqui ressaltar a
importância d portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978 que aprovou as Normas
Regulamentadoras (NR) que visão a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores,
através da antecipação, reconhecimento, avaliação, e consequente controle de ocorrência
riscos ambientais de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente dos
recursos naturais.
A vigilância efetiva do câncer ocupacional é feita sobre os processos e atividades do
trabalho com potencial carcinogênico, ou seja, dos riscos ou das exposições. Essa vigilância
consiste, basicamente, na vigilância dos ambientes e condições de trabalho e na vigilância dos
efeitos ou danos à saúde.
Conclui-se que toda atividade humana está exposta a fatores ambientais que podem
proporcionar riscos de doenças, sendo ainda mais evidente no ambiente de trabalho que
possui agentes nocivos inerentes a atividade que de alguma forma aumentam o risco de
surgimento de doenças. Umas das maiores preocupações com a saúde do trabalhador,
inclusive com reconhecimento do Ministério do Trabalho, com potencial lesivo reconhecido,
é a exposição a substâncias com potencial carcinogênico.
Referências bibliográficas
Brasil. Instituto Nacional do Câncer. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma
proposta de integração ensino-serviço. 3ª ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: INCA; 2008.
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Brasil. Ministério da Saúde. Representação no Brasil da OPAS/OMS. Doenças relacionadas
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Mendes R, Dias EC. Saúde dos trabalhadores. In: Rouquayrol, MZ, Almeida Filho, N (Eds.).
Epidemiologia & Saúde. Rio de Janeiro: Medsi; 1999. p. 431-456.