Você está na página 1de 87

Universidade de Brasília - UnB

Faculdade UnB Gama - FGA


Engenharia Eletrônica

Medidor Inteligente para o Monitoramento e a


Detecção de Falhas em Redes de Baixa Tensão

Autor: Ciro Martins Silva


Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinicius Batistuta

Brasília, DF
2016
Ciro Martins Silva

Medidor Inteligente para o Monitoramento e a Detecção


de Falhas em Redes de Baixa Tensão

Monografia submetida ao curso de graduação


em Engenharia Eletrônica da Universidade
de Brasília, como requisito parcial para ob-
tenção do Título de Bacharel em Engenharia
Eletrônica.

Universidade de Brasília - UnB


Faculdade UnB Gama - FGA

Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinicius Batistuta

Brasília, DF
2016
Ciro Martins Silva
Medidor Inteligente para o Monitoramento e a Detecção de Falhas em Redes
de Baixa Tensão/ Ciro Martins Silva. – Brasília, DF, 2016-
85 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinicius Batistuta

Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade de Brasília - UnB


Faculdade UnB Gama - FGA , 2016.
1. Smart Meter, Smart Grid, qualidade de energia, medidor eletrônico de
energia.. 2. . I. Prof. Dr. Marcus Vinicius Batistuta . II. Universidade de Brasília.
III. Faculdade UnB Gama. IV. Medidor Inteligente para o Monitoramento e a
Detecção de Falhas em Redes de Baixa Tensão

CDU 00:000:000.0
Ciro Martins Silva

Medidor Inteligente para o Monitoramento e a Detecção


de Falhas em Redes de Baixa Tensão

Monografia submetida ao curso de graduação


em Engenharia Eletrônica da Universidade
de Brasília, como requisito parcial para ob-
tenção do Título de Bacharel em Engenharia
Eletrônica.

Trabalho aprovado. Brasília, DF, em estado de avaliação:

Prof. Dr. Marcus Vinicius Batistuta


Orientador

Prof. Dr. Cristiano Jacques Miosso


Convidado 1

Prof. Dr. Fabiano Araujo Soares


Convidado 2

Brasília, DF
2016
Agradecimentos

Agradeço aos meus pais, Maria Carla e Rogério Antônio, que sempre me ensinaram
a lutar e batalhar pelos meus sonhos, sempre estiveram ao meu lado nos momentos difíceis
e me apoiarem independente de qualquer coisa.
Agradeço aos meus amigos por estarem sempre ao meu lado principalmente quando
precisei. Obrigado por me ensinarem e por terem me ajudado a chegar onde estou.
Agradeço ao meu orientador Marcus Batistuta por me inspirar a seguir a carreira
de Engenheiro Eletrônico.
"All the problems of the world could be settled easily if men were only willing to think.
The trouble is that men very often resort to all sorts of devices in order not to think,
because thinking is such hard work."
- Thomas J. Watson
Resumo
As redes inteligentes tem como base a comunicação interativa entre todas as partes da
cadeia de conversão de energia. Elas conectam unidades descentralizadas, grandes e pe-
quenas de geração com os consumidores para formar uma estrutura ampla. Com isso,
controlam a geração de energia e evitam sobrecarga da rede, já que durante todo o tempo
apenas é gerada tanta energia quanto necessário. Um dos pontos mais importantes nes-
sas redes inteligentes são os aparelhos que coletam as informações para as empresas de
transmissão, distribuição e geração da energia, chamados de medidores inteligentes. Esses
dispositivos podem ser conectados em diversos pontos da rede, como no consumidor final
ou em uma subestação que alimenta uma região de uma cidade. Tendo em vista esse ce-
nário propõe-se o desenvolvimento de um aparelho que coletará informações de consumo,
qualidade e eventuais casos críticos na rede, seguindo as normas de projetos brasileiras
e as transmitirá para a empresa responsável pela distribuição da energia. Esse aparelho
será conectado em um ponto estratégico do sistema, priorizando a instalação no consu-
midor final. Alguns benefícios de instalação desses medidores são o melhor entendimento
do consumo de energia, maior exatidão do faturamento e adoção de bandeiras tarifárias
dinâmicas. A confiabilidade e a integração desses sistemas serão o ponto focal do projeto.
Criando um sistema robusto e fornecedor de dados confiáveis para o cliente e empresa
distribuidora. Também mostrando-se uma oportunidade de mercado para empresas que
atualmente produzem medidores analógicos atualizarem o seu produto para era digital.

Palavras-chaves: Redes Inteligentes; Medidores Inteligentes; Qualidade de Energia; Smart


Meter; Smart Grid.
Abstract
The smart grids are based on interactive communication between all the parts of the power
grid. They connect large and small decentralized units of generation with consumers to
form a broad framework. Thus, controling the generation of power and avoiding over-
loading the grid, since it’s only generated as much energy as needed. One of the most
important components in the smart grid is the device that collects information for trans-
mission, distribution and generation companies, called smart meters. These devices can
be connected at various points of the grid. Given this scenario, this companies project
proposes the development of a device that will collect consumption, quality and failure in-
formation in the power grid, following the Brazilian standards, and send it to the company
responsible for the distribution of electricity. These devices will be connected in strategic
points, giving priority to the installation at the end user. The reliability and integration
of these systems will be the focal point of the project. Also, demonstrate to the market
companies an opportunity, for updating their analogue meter to the digital era.

Key-words: Smart Grid; Smart Meter; Energy Quality ; Electronic Energy Meter.
Lista de ilustrações

Figura 1 – Abrangência do modelo de redes inteligentes, (3M, 2016) . . . . . . . . 27


Figura 2 – Modelo de controle aperfeiçoado contra danos ou falhas na aeronave
F15 (AMIN S.M. MASSOUD WOLLENBERG, 2005) . . . . . . . . . . 28
Figura 3 – Pontos de integração da rede inteligente (AMPLA, 2016) . . . . . . . . 29
Figura 4 – Cenário mundial do emprego de Redes Inteligentes, (MAPS, 2016) . . . 31
Figura 5 – Comparação entre medição tradicional e inteligente, (ZHENG DA-
VID GAO, 2013) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 6 – Exemplo de arquitetura básica de um medidor inteligente, (INSTRU-
MENTS, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 7 – Exemplo de topologia de conversores a capacitores chaveados , (MAR-
TINS, 2013) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 8 – Faixas de tensão em relação à de referência, (ANEEL, 2016) . . . . . . 43
Figura 9 – Circuito para medição de tensão, (BASILE STEFAN SCHAUER, 2015) 43
Figura 10 – Circuito para medição de tensão, (BASILE STEFAN SCHAUER, 2015) 44
Figura 11 – Sensor medidor de corrente SCT-013, (TECHNOLOGY, 2011) . . . . . 45
Figura 12 – Diagrama de um sistema de medição remota, (LAMIN, 2009) . . . . . 46
Figura 13 – Exemplo de tipos de comunicação usados em redes inteligentes, (LA-
MIN, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 14 – Diagrama de um sistema de comunicação Mesh, (LAMIN, 2009) . . . . 50
Figura 15 – Categorias e características tipicas de variações em sistemas elétricos
resultantes de fenômenos eletromagnéticos, (IEEE, 2009) . . . . . . . . 57
Figura 16 – Interpretação física dos distúrbios , (OLIVEIRA, 2015) . . . . . . . . . 58
Figura 17 – A queda de um raio na rede pode causar transientes impulsivos, (IEEE,
2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 18 – Transiente oscilatório de baixa frequência causado pela energização de
um banco de capacitores, (IEEE, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Figura 19 – Variação momentânea devido a uma falha na transmissão com religa-
mento subsequente, (IEEE, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 20 – Queda de tensão, Dips, causado pelo acionamento de um motor elétrico,
(IEEE, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 21 – Queda de tensão, Swell, causado por uma falha entre a fase e o neutro,
(IEEE, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 22 – Comparação entre os fasores originais e suas componentes em um sis-
tema trifásico, sequência positiva(1) e negativa(2), (FORTESCUE, 1918) 62
Figura 23 – Formato de onda da corrente e análise espectral, (IEEE, 2009) . . . . . 63
Figura 24 – Análise espectral de harmônicas geradas por um computador, (OLI-
VEIRA, 2015) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 25 – Análise espectral de harmônicas geradas por um aparelho televisor,
(OLIVEIRA, 2015) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 26 – Análise espectral de harmônicas geradas por um forno de micro-ondas,
(OLIVEIRA, 2015) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 27 – Flutuação senoidal da onda de tensão, (IEEE, 2009) . . . . . . . . . . 66
Figura 28 – Placa Raspberry Pi, (FOUNDATION, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 29 – Medidor inteligente usando MSP430F677x, (INSTRUMENTS, 2016) . 71
Figura 30 – Esquema de um aplicação usando Bluemix○ c , (IBM, 2016) . . . . . . . 72
Figura 31 – Típica conexão para medição em um medidor inteligente, (INSTRU-
MENTS, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Figura 32 – Circuito para adequação do sinal da rede para medição, (INSTRU-
MENTS, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Figura 33 – Circuito para medir de corrente com o sensor SCT-013, (INSTRU-
MENTS, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 34 – Diagrama de blocos de um conversor ΣΔ de primeira ordem, (SOUSA
VOLKER MAUER, 2004) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 35 – Diagrama de blocos para o desenvolvimento em FPGA, (SOUSA VOL-
KER MAUER, 2004) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 36 – Módulo GMS/GPRS, (SIMCOM, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 37 – Cronograma de atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Lista de abreviaturas e siglas

𝑇 𝐶𝐶 Trabalho de Conclusão de Curso

𝐺𝑊 ℎ Gigawatt hora

𝐾𝑊 ℎ Kilowatt hora

𝑀𝑀𝐸 Ministério de Minas e Energia

𝐸𝑃 𝐸 Empresa de Pesquisa Energética

𝑁 𝐵𝑅 Norma Brasileira

𝐴𝐵𝑁 𝑇 Assossiação Brasileira de Normas Técnicas

𝐸𝑈 𝐴 Estados Unidos da América

𝐼𝐸𝐸𝐸 Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos

𝑃 𝐿𝐶 Power Line Communication

𝐶𝐸𝑀 𝐼𝐺 Companhia Elétrica de Minas Gerais

𝐴𝑀 𝐼 Advanced Metering Infrastructure

𝐴𝑀 𝐷 Advanced Metering Device

𝑅𝐹 Radio Frequency

𝐺𝑃 𝑅𝑆 General Packet Radio Services

𝐿𝐴𝑁 Local Area Network

𝑊 𝐴𝑁 Wide Area Network

𝐷𝑃 𝑅 Duração Relativa da Transgressão de Tensão Precária

𝐷𝑅𝐶 Duração Relativa da Transgressão de Tensão Crítica

𝐴𝑁 𝐸𝐸𝐿 Agência Nacional de Energia Elétrica

𝑆𝑊 𝐺 Standard Wire Gauge

𝐴 ampère

𝑉 volts
𝑄 Fator de Qualidade

𝑅𝑀 𝑆 Valor eficaz

𝐻𝑧 Hertz
Lista de símbolos

𝑃 Potência

𝐶 Capacitor

𝑅 Resistor

𝐿 Indutor

𝑍 Impedância

𝑉 Tensão

𝐼 Corrente
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1 Contextualização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1.1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1.1.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1.2 Contribuição do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1.3 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1 Redes Inteligentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1.1 Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1.2 Geração de Energia Elétrica no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.1.3 Redes Inteligentes no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.1.3.1 Análise Regulatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1.3.2 Projeto Energia + . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.3.3 Projeto Cidades do Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.3.4 Projeto Cidade Inteligente - Búzios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.1.3.5 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2 Medidor Inteligente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.2.1 Normas Brasileiras para Medidores de Energia Elétrica . . . . . . . . . . . 37
2.2.2 Advanced Metering Infrastructure . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2.3 Arquitetura de um Smart Meter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2.4 Alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2.5 Bateria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.6 Real Time Clock . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2.7 Tensão de Referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2.8 Entradas Analógicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2.8.1 Entrada de Tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2.8.2 Entrada de Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.2.9 Conversores Analógico Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.2.10 Chave de Controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2.11 Tecnologias de comunicação para medidores inteligentes . . . . . . . . . . 46
2.2.11.1 Power Line Carrier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.2.11.2 Fibra óptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.2.11.3 Global System for Mobile Communications . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.2.11.4 General Packet Radio Service . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.2.11.5 Local Area Network . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.2.11.6 Mesh . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.2.11.7 ZigBee . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.2.12 Leitura, Registro, Compartilhamento e Disponibilização de Informações de
medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.2.12.1 Procedimentos de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.2.12.2 Procedimento tratamento das informações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.2.12.3 Intercâmbio de informações de medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.2.13 Medidores inteligentes comerciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.2.13.1 General Electric (GE) Company . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.2.13.2 Itron Company . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.3 Qualidade de Energia Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.3.1 Transientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.3.1.1 Transientes impulsivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.3.1.2 Transientes oscilatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.3.2 Variações curtas em RMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.3.3 Longas variações em RMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.3.4 Desequilíbrio de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.3.5 Distorção de forma de onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.3.5.1 DC offset . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.3.5.2 Harmônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.3.5.3 Inter-Harmônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.3.5.4 Notching . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.3.5.5 Ruído . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.3.6 Flutuação de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
2.3.7 Variação da frequência fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

3 SISTEMA PROPOSTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.1 Arquitetura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.1.1 Processamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.1.2 Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.1.3 Entradas Analógicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.1.4 Conversor Analógico Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3.1.5 Módulo de Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

4 DISCUSSÕES E PRÓXIMOS PASSOS . . . . . . . . . . . . . . . . 77


4.1 Discussões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.2 Cronograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.2.1 Concepção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.2.2 Montagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.2.3 Teste em bancada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.2.4 Análise dos resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
23

1 Introdução

1.1 Contextualização

A eletricidade é essencial para a sociedade moderna nos possibilitando usar dispo-


sitivos eletroeletrônicos que hoje fazem parte do nosso dia a dia (computadores, televisões
e telefones) além de alimentar nossas indústrias, estabelecimentos comerciais e domicílios.
Existem aproximadamente 77 milhões de unidades consumidoras no Brasil, na sua mai-
oria, 66 milhões, unidades residenciais(EPE, 2015). A demanda de energia elétrica tem
aumentado principalmente em regiões urbanas. As residências e comércios absorvem jun-
tas 222.239 GWh, representando 46,7% do consumo cativo e tiveram um crescimento de
13,3% entre os anos de 2013 e 2014(EPE, 2015). Em 2014 no Distrito Federal, o número
de unidades consumidoras era de 980.980, consumindo um total de 6.772 GWh.
Nos últimos cinquenta anos, as redes elétricas não evoluíram o suficiente para
encarar os desafios das mudanças modernas. Ameaças à segurança, possibilidade de uso de
energia alternativa e intermitente, metas de economia de energia para redução de picos de
demanda e controles digitais para aumentar a confiabilidade e abreviar a restauração são
alguns exemplos de desafios que terão de ser enfrentados nos próximos anos (MME, 2012).
As perdas totais da rede também são uma preocupação, essas perdas chegaram a 17.4% no
Sistema Interligado Nacional (SNI) (EPE, 2015). Um exemplo do atraso tecnológico são
os medidores de energia elétrica. Os modelos instalados nas unidades consumidoras são,
em sua maioria, eletromecânicos em um momento onde os dispositivos estão se tornando
digitais (EPE, 2015).
Agora considere a eletricidade como um produto a ser entregue e reflita sobre
quanto os consumidores e companhias de distribuição de energia elétrica conhecem sobre
seu comportamento. O consumidor recebe a informação de quantos KWh consumiu em
um período fixo de tempo, não sabe a qualidade da energia entregue e muito menos o
seu padrão de consumo diário. As distribuidoras tem acesso a mais informações sobre a
qualidade de energia, porém são generalizadas e não expressam um retrato singular dos
consumidores.
As redes inteligentes surgiram como uma possível solução para controlar a cres-
cente demanda do uso de energia(BARAI SRIDHAR KRISHNAN, 2015). O adjetivo
inteligente usado para descrever essas redes vem da tradução literal do termo em inglês,
Smart Grid. Apesar do termo usado para retratar essa rede passar a ideia de um sistema
cognitivo que aprenda e controle-a, o termo é mais bem interpretado com a automação de
algumas respostas de controle. Um melhor termo para descrever essas redes seria "redes
24 Capítulo 1. Introdução

automatizadas com comunicação bidirecional", mas manteremos o termo original para o


trabalho. Mesmo assim, a elaboração dessa rede pode levar à redução de custos, com a
detecção de furto, eliminação de gastos com medição manual e melhor tempo de resposta
a falhas de fornecimento de energia.
Uma parte importante dessa rede são os medidores inteligentes, que consistem em
um conjunto de componentes eletrônicos aferindo o consumo de energia elétrica, forne-
cendo mais informações quando comparado com um medidor tradicional, e transmitindo-
as por algum meio de comunicação(ZHENG DAVID GAO, 2013). As capacidades e funci-
onalidades dos medidores inteligentes atualmente utilizados comercialmente são extensas,
disponibilizando aos consumidores informações sobre o seu hábito de consumo, para me-
lhor controle(LAMIN, 2009). Assim como o termo inteligente usado para descrever a rede,
podemos compará-lo ao termo usado para retratar o medidor, ou seja, um equipamento
que automatize algumas funções e possa ser acessado pelo consumidor e distribuidor.
A motivação para uma pesquisa desse tipo, neste Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC), se baseia na falta de integração entre a unidade consumidora de energia elétrica
e a distribuidora. A grande dificuldade é criar um sistema robusto que siga as normas
brasileiras e tenha uma relação entre custo e beneficio boa para instalação em larga escala.
Será desenvolvido um protótipo de um medidor inteligente para coleta e transmissão de
dados relevantes para o consumidor e distribuidor. Diversas etapas são necessárias para
a construção do medidor. As etapas são:

∙ Estágio de medição das características e valores de corrente, tensão;

∙ Tratamento dos dados coletados pelo medidor;

∙ Projeto de um sistema embarcado para controle e processamento;

∙ Transmissão dos dados para uma central concentradora, simulando o envio de dados
da unidade consumidora para a distribuidora;

∙ Prática em um ambiente de testes simulando o comportamento do sistema montado.

Desta forma o protótipo poderá abranger as fases de coleta, tratamento e trans-


missão dos dados para controle da energia distribuída.
Pretende-se realizar neste primeiro Trabalho de Conclusão de Curso o estudo de
vários elementos de medição inteligente, o estado atual das tecnologias relacionadas com
redes inteligentes, Advanced Metering Infrastructure (AMI), e o fluxo de dados de medição
em redes inteligentes. Além de normas relacionadas a medidores eletrônicos de energia,
o formato de medição e transmissão dos dados e funções do Smart Meter atualmente
destacados pelas concessionárias.
1.1. Contextualização 25

1.1.1 Objetivos
1.1.1.1 Objetivo Geral

Desenvolver um protótipo de medidor inteligente com um módulo de comunicação


sem fio para unidades consumidoras de baixa tensão.

1.1.1.2 Objetivos Específicos

∙ Realizar o levantamento de dados sobre as redes de transmissão e distribuição de


energia elétrica no Brasil;

∙ Realizar o estudo sobre redes inteligentes;

∙ Realizar o estudo sobre Qualidade de Energia Elétrica;

∙ Realizar o estudo sobre os medidores inteligentes comerciais;

∙ Realizar o estudo sobre as Normas Brasileiras (NBR) dedicadas a medição de energia


elétrica;

∙ Analisar e identificar a forma de comunicação apropriada para ser implementado no


projeto;

∙ Identificar o comportamento e falhas da rede elétrica;

∙ Montagem de um protótipo para testes;

∙ Teste do medidor inteligente em ambiente controlado.

1.1.2 Contribuição do Trabalho


A principal contribuição do trabalho é desenvolver uma plataforma de medição
eletrônica de energia que não seja voltada para uma única área de aplicação, possibilitando
a aferição em diversos pontos da rede de baixa tensão. Mesmo que o modelo seja voltado
para o meio acadêmico, e, em geral, mais simples, trata-se de uma grande contribuição,
pois a maior parte dos sistemas criados é estrangeira e seguem em sua maioria normas
internacionais e não são dedicadas para unidades brasileiras.

1.1.3 Metodologia
Para o desenvolvimento do projeto será realizado o estudo bibliográfico do pro-
blema abordado, com isso serão encontradas as possíveis soluções para o protótipo sendo
necessária a utilização de algumas ferramentas, computacionais, laboratoriais e de me-
dida, para as validações e averiguação da funcionalidade da proposta do projeto e dos
estudos que foram desenvolvidos.
26 Capítulo 1. Introdução

Ferramentas utilizadas

∙ Computacionais;

– Matlab R2010a - Será o software utilizado para modelar os parâmetros do


projeto, nele será desenvolvido as contas teóricas e a fundamentação para o
funcionamento do projeto;
– Proteus 7 - Será um dos softwares de simulação de circuitos utilizado, nele será
desenvolvido o projeto do circuito medidor de tensão;
– LTspice IV - Será outro software de simulação de circuitaria que será utilizado
para validar os parâmetros encontrados pelo primeiro Proteus. Com ele pode-se
agregar novas variáveis ao circuito e modificar os parâmetros de determinados
componentes;
– IBM Bluemix - Será utilizado para o desenvolvimento da aplicação web do
medidor;

∙ Laboratoriais;

– Osciloscópio - Será utilizado para visualizar e analisar os sinais medidos pelos


circuitos montados para medição;
– Multímetro de bancada – Será utilizado para fazer medidas de indutância,
resistência e o teste da continuidade, tudo isto com uma maior precisão. Esses
valores serão úteis para parametrizar a o comportamento do circuito e sensores
usados no projeto;
– Gerador de função – Gerará os sinais de teste para o medidor;
27

2 Fundamentação Teórica

2.1 Redes Inteligentes


A rede inteligente é um modelo que integra um sistema de comunicação e aferição
digital com a rede tradicional de energia elétrica, automatizando o controle do sistema.
Com isso, trata-se não apenas de um sistema de potência, mas também de informações. A
rede suporta um monitoramento em tempo real e técnicas para aumentar sua tolerância a
falhas e possibilitar previsão de eventos na rede(BARAI SRIDHAR KRISHNAN, 2015).
Ela tem como objetivo integrar as informações e dados transmitidos pelos responsáveis
pela geração (tradicional ou distribuída), transmissão, distribuição e consumo em uma
unidade central de processamento de dados para um melhor controle, como vemos na
Figura 1.

Figura 1 – Abrangência do modelo de redes inteligentes, (3M, 2016)

2.1.1 Histórico
O termo rede inteligente foi introduzido em 2005 no artigo Toward a Smart Grid.
Nele é feita a comparação entre a tecnologia usada em um caça americano F-15 e a rede de
energia nos Estados Unidos da América (EUA). Enquanto o F-15 tinha um dos sistemas
computacionais mais avançados na época, podendo voar com apenas uma das asas caso
necessário, a rede de transmissão continha equipamentos obsoletos e falhas podiam ocorrer
a qualquer momento ocasionando no desligamento de grande parte dos consumidores por
longos períodos(AMIN S.M. MASSOUD WOLLENBERG, 2005).
Essa comparação teve como objetivo melhorar o tempo de resposta a falha na
rede elétrica, ou seja, diminuir o tempo que um consumidor fica sem energia. O sistema
28 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

de detecção de falhas e resposta do caça F15 é baseado em múltiplos diferentes sensores


distribuídos pelo avião conectados a um sistema de processamento que envia rápidas res-
postas de controle, como mostra a Figura 2. Propôs-se projetar um modelo semelhante,
um sistema distribuído conectado a um rede central para o melhor controle da rede elé-
trica(AMIN S.M. MASSOUD WOLLENBERG, 2005).

Figura 2 – Modelo de controle aperfeiçoado contra danos ou falhas na aeronave F15


(AMIN S.M. MASSOUD WOLLENBERG, 2005)

O modelo de redes inteligentes evoluiu consideravelmente com mais de 18.000 pu-


blicações no Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE). O seu conceito
converge para um grupo que equipamentos eletrônicos, ligados na rede de transmissão de
energia, água e/ou gás, conectados por uma rede de comunicação que enviam diversos da-
dos medidos em tempo real(BARAI SRIDHAR KRISHNAN, 2015). Essa rede inteligente
é um sistema distribuído gerando diversos tipos de dados que são enviados para centrais
acumuladoras de informação, geralmente as empresas de distribuição.
O sistema é projetado com a finalidade de ser flexível, altamente automatizado e
totalmente integrado sobre os aspectos de controle centralizado, diagnóstico, reparação e
gestão remota de medidores. A Figura 3 mostra os pontos que o modelo Smart Grid pode
administrar.
Com a evolução e popularização de veículos inteligentes, como carros elétricos,
bicicletas elétricas, pontos de recargas públicos e privados observou-se um novo tipo de
carga no sistema. Com informações providas pela rede, o consumidor pode escolher o
melhor horário para recarregar seu veículo para evitar um alto consumo em momentos de
pico na rede.
2.1. Redes Inteligentes 29

Figura 3 – Pontos de integração da rede inteligente (AMPLA, 2016)

Outro ponto de gerenciamento é na iluminação pública. Novas tecnologias de micro


geração, solar e eólica, de eletricidade possibilitaram que postes de iluminação produzam
e armazenem energia. Essa nova realidade mostra a necessidade da integração com a rede
para o controle de modo a aperfeiçoar o consumo, já que a geração torna-se distribuída.
A geração distribuída, mais detalhada na seção 2.1.2, possibilita que os usuários
produzam a própria energia, ou pelo menos parte dela. Essa energia pode ser consumida
ou armazenada dependendo da demanda da unidade consumidora. Essa escolha integra
a geração, o armazenamento e o gerenciamento da energia. Com uma rede inteligente e
integrada pode-se difundir uma cultura de racionamento e consciência no consumo.
O acompanhamento do consumo em tempo real é de interesse do consumidor e
do distribuidor. Ele é viabilizado através de um sistema integrado de monitoração, uma
combinação de medidores inteligentes e redes de comunicação. Esses sistemas possibilitam
o controle de cargas, o bloqueio de aparelhos em horário de picos de energia, assim como
desligamento em situação de flutuação de tensão e programação direta pelo usuário final
para uso de energia no melhor horário.
Por último, temos o esqueleto da rede, composto pelos medidores inteligentes e a
rede de comunicação(LEITE, 2013). O medidor eletrônico inteligente permite o controle
de energia, o corte e religação remotos, coleta de dados e segurança da rede contra furtos
de energia. É um sistema robusto capaz de gerenciar um fluxo intenso de informações,
confiável, projetado para suportar as situações mais críticas da rede e escalável, capaz de
abranger uma grande quantidade de equipamentos e a expansão da rede. Integrado com
30 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

a possibilidade de utilização de vários tipos de tecnologia como fibra ótica, Wi-Fi, Mesh,
rádio, GPRS e PLC. Controlado por uma central de operações com funcionalidades de
todo o sistema de medição(CAPUA GIANLUCA LIPARI, 2014).

2.1.2 Geração de Energia Elétrica no Brasil


Podemos ver na Tabela 1 a capacidade instalada de geração de energia elétrica
no Brasil. Em tal arquitetura, a energia flui de maneira unidirecional, desde o produtor
até o usuário, que, neste caso, tem apenas um papel passivo como consumidor de energia
simples. Esse macro sistema pode ser divido em alguns subsistemas, sendo eles produção,
transmissão, distribuição e usuários(CAPUA GIANLUCA LIPARI, 2014).
As principais maneiras de geração energia no Brasil são por meio de usinas hi-
droelétricas e termoelétricas, as quais representam mais de 80% da geração. Entretanto,
um crescimento significativo na geração distribuída em relação as matrizes energéticas
tradicionais tem chamado à atenção.
A geração distribuída representa um modo diferente de pensar e gerir a rede de
energia, não mais, ou não só, com base em grandes usinas conectadas a redes extensas,
mas em pequenas unidades de média de produção (centrais eólicas, solar, biomassa e co-
geradores), geograficamente distribuídas e ligadas diretamente aos consumidores ou de
outro modo para as redes de baixa tensão. Nos últimos anos tem havido um crescimento
significativo na difusão de sistemas de energias renováveis, entre 2013 e 2014 cresceram
respectivamente 122% e 200% a geração por meio de usinas eólicas e solares(EPE, 2015).
Os tipos mais comuns de plantas renováveis são: sistemas fotovoltaicos, de energia eólica
pequenas e usinas de biomassa(CAPUA GIANLUCA LIPARI, 2014).
A geração distribuída traz um novo desafio à rede elétrica. A rede deixa de ter
consumidores passivos, que apenas consomem energia, e passa a ter novos micros gera-
dores. Essa rede ativa é que a rede inteligente tem capacidade de gerenciar e regular a
eletricidade que flui de forma descontínua e bidirecional.
Implantar uma rede inteligente de energia vai além da instalação de medidores
eletrônicos com mais funcionalidades. Essa modernização exige a construção de uma pla-
taforma de telecomunicações e sistemas computacionais conhecidas como Advanced Mete-
ring Infrastructure (AMI). A implantação dessa infraestrutura significa um novo patamar
de relacionamento entre os consumidores e as empresas distribuidoras.

2.1.3 Redes Inteligentes no Brasil


As redes inteligentes já estão sendo implementadas em diversos lugares do mundo
como é mostrado na Figura 4. O mapa confirma a forte tendência de utilização de me-
didores eletrônicos no setor elétrico: os marcadores vermelhos ilustram local onde existe
2.1. Redes Inteligentes 31

Tabela 1 – Capacidade instalada de geração elétrica no Brasil (MW) (EPE, 2015)


Ano 2010 2011 2012 2013 2014 Participação %

Usinas Hidroelétricas 77.090 78.347 79.956 81.132 84.095 62,8


Usinas Termoelétricas 29.689 31.243 32.778 36.528 37.827 28,2
Pequena Central Hidroelétrica 3.428 3.896 4.101 4.620 4.790 3,6
Central Geradora Hidroelétrica 185 216 236 266 308 0,2
Usinas Nucleares 2.007 2.007 2.007 1.990 1.990 1,5
Usinas Eólicas 927 1.426 1.894 2.202 4.888 3,7
Energia Solar 1 1 2 5 15 0,0

Total 113.327 117.136 120.974 126.743 133.913 100

a implantação de medição de energia elétrica, enquanto os marcadores verdes e azuis


ilustram medidores eletrônicos de gás e água, respectivamente.

Figura 4 – Cenário mundial do emprego de Redes Inteligentes, (MAPS, 2016)

2.1.3.1 Análise Regulatória

A norma que diz a respeito desse sistema no Brasil tem uma abordagem política
diferente do restante do mundo. Especialmente porque não esta integrada com nenhum
tipo de política pública, seja relacionada a mudanças climáticas ou a redes inteligentes.
32 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

Todos os trabalhos de regularização estão sendo dirigidos pela ANEEL e o avanço está
restrito ao setor elétrico, o que pode apresentar um risco para as aplicações no futuro.
O principal objetivo, que levou a edição da Resolução Normativa 502/2012 (RN
502/12) para regularizar essa nova tendência, foi para estabelecer a tarifa branca no país.
De acordo com o novo regime aprovado em 2012, taxas mais caras devem ser cobradas
pela energia nos horários de pico na demanda, para assim diminuir o consumo de energia.
Esse regime foi criado para corresponder, mais precisamente, o preço com os custos dos
serviços em diferentes períodos de consumo, transferindo o consumo para quando é mais
barato. Desta forma, ajudando a reduzir os custos médios totais para os consumidores
e aumentar a eficiência das redes de distribuição, o que poderia diminuir os gastos com
investimentos de expansão enquanto mantendo as tarifas razoáveis(CARVALHO, 2015).
As funcionalidades dos novos medidores foram primeiro consideradas em 2012
por meio da Audiência Pública 043/2010 realizada pela ANEEL com a finalidade de
receber contribuições em relação a RN 5002/12. Os debates envolveram tópicos sobre
parâmetros físicos, como níveis de tensão, potência ativa e reativa consumida, assim como
parâmetros relacionados com a continuidade do serviço prestado. Depois de considerarem
e decidirem sobre as sugestões que seriam aceitas, porém longe de terminar definição sobre
as funcionalidades mínimas, a RN502/12 foi publicada(CARVALHO, 2015).
De acordo com a norma, dois tipos de medidores com diferentes funcionalidades
podem ser instalados. O primeiro tipo atende os consumidores tipo B (residências, co-
mércios, indústrias e zonas rurais conectados a rede de baixa tensão) que podem escolher
adotar a tarifa branca. Os distribuidores são obrigados a prover o medidor sem nenhum
custo inicial. Ele deve medir o consumo ativo com pelo menos quatro períodos de preci-
ficação e mostrar o consumo acumulado de energia, assim como os preços dos períodos.
O outro tipo de medidor tem as mesmas funcionalidades do anterior e provê informações
extras:

∙ Dados sobre tensão e corrente elétrica;

∙ Dados de consumo;

∙ Preços válidos para diferentes períodos, caso preço dinâmico seja adotado;

∙ Datas e tempo de no mínimo 100 interrupções de energia, tanto longas quanto


curtas;

∙ Indicadores sobre a duração de tensão precária (DRP) e duração de transgressão


relativa (DRC) para tensões críticas.

Nenhuma avaliação econômica é considerada e independentemente do tipo de me-


didor inteligente, a instalação é exclusivamente a critério dos consumidores que escolherem
2.1. Redes Inteligentes 33

juntar-se a tarifa branca ou escolher a pagar por um novo medidor. Os fornecedores são
totalmente responsáveis pela manipulação de dados e devem cumprir, com todos os con-
sumidores, o direito fundamental à proteção de dados pessoais encontrados nos termos da
Constituição Federal. De acordo com o acima exposto, a ANEEL também regulou sobre
Power Line Communications, permitindo que a rede elétrica a ser usada por serviços de
telecomunicações, que também suporta fornecedores para transmitir dados em tempo real
e controlar remotamente os serviços(CARVALHO, 2015).

2.1.3.2 Projeto Energia +

Um dos maiores projetos de redes inteligentes no Brasil é chamado Energia +. Ele


foi criado para melhorar a performance operacional, financeira e a governança corporativa
das seis empresas de distribuição da Eletrobras (Eletrobras Amazonas Energia, Eletro-
bras Distribuição Alagoas, Eletrobras Distribuição Acre, Eletrobras Distribuição Piauí,
Eletrobras Distribuição Rondônia e Eletrobras Distribuição Roraima). O projeto prevê
a implantação de um conjunto de ações para redução das perdas elétricas, aumento das
taxas de arrecadação e melhoria da qualidade do serviço prestado para os consumidores
de energia elétrica. O projeto é dividido em duas partes, a primeira visando reduzir as
perdas totais e melhorar a qualidade do serviço e a segunda fortalecer a instituição.
O projeto será responsável por atender 146.475 unidades consumidoras, tanto em
média tensão quanto em baixa tensão. O medidores analógicos foram substituídos por
digitais ELO 2113. Que enviam as informações aferidas por uma rede mesh 3G ou atra-
vés de Power Line Communication(PCL). Os dados são concentrados em cada uma das
companhias distribuidoras e posteriormente enviados para sede do projeto em Brasília.

2.1.3.3 Projeto Cidades do Futuro

O projeto Cidades do Futuro é desenvolvido pela Companhia Elétrica de Minas


Gerais (CEMIG) e consiste na criação de uma rede inteligente na cidade de Sete Lagoas,
no estado de Minas Gerais. Os primeiros passos da implementação do projeto piloto serão
marcados pela modernização dos sistemas de medição compreendendo, além dos medido-
res, sistemas de telecomunicações que permitam a troca de dados entre os equipamentos
em campo e os sistemas computacionais instalados na CEMIG.
O consumidor poderá gerenciar como usa a energia enquanto ela é utilizada, po-
dendo reduzir, assim, seu consumo. Além disso, poderá gerar energia em suas residências
a partir de painéis solares fotovoltaicos, por exemplo. Fortalecendo a relação com os con-
sumidores melhorando a qualidade e a eficiência da distribuição de energia.
Em uma amostra de 1.100 unidades consumidoras, onde medidores eletromecânicos
foram substituídos por eletrônicos, o aumento de faturamento foi de 1,3%, analisando-se
as médias mensais de seis meses anteriores à instalação e dos 6 meses posteriores, além de
34 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

fatores relacionados à sazonalidade, quando aplicáveis (CEMIG, 2016). Tal fato é devido à
menor corrente de partida do equipamento eletrônico, o que resulta em maior sensibilidade
a pequenas cargas, redução de furtos e a conscientização do usuário.

2.1.3.4 Projeto Cidade Inteligente - Búzios

Concessionária de distribuição de energia elétrica pertencente ao Grupo Enel, a


Ampla Energia e Serviços S.A atende cerca de 2,8 milhões de clientes residenciais, comer-
ciais e industriais em 66 municípios do Rio de Janeiro, que representam 73% do território
do Estado, com a cobertura de uma área de 32.188 𝑘𝑚2 . A Região Metropolitana de
Niterói e São Gonçalo e os municípios de Itaboraí e Magé concentram a maior parte dos
clientes da distribuidora, que são, ao todo, sete milhões de pessoas (AMPLA, 2016).
A Ampla criou na cidade de Búzios o Projeto Cidade Inteligente. Esse projeto tem
como objetivos a diminuição do impacto ambiental do consumo energético contribuindo
para redução de emissões de CO2, favorecendo o aumento das energias renováveis e dando
ao consumidor informações sobre a eficiência de seu consumo. Demonstrar o protagonismo
que o consumidor tem na participação ativa na cadeia de valor da gestão de energia,
favorecendo a criação de uma consciência socioambiental. Por fim, reduzir as perdas de
energia que acontecem nas linhas de transmissão e distribuição de energia, especialmente
em horários de pico, evitando a necessidade de ampliar a capacidade da rede.
A cidade tem 10.363 clientes, envolvendo indústrias, residências e comércios con-
sumindo 55 GWh por ano. A previsão é a instalação de medidores inteligentes em cada
unidade consumidora com dois pontos de automação da linha de transmissão.

2.1.3.5 Considerações Finais

As experiências de implantação de redes inteligentes demonstram que esse conceito


varia de um lugar para o outro, de acordo com as necessidades de cada empresa. Para
concessionaria, uma rede é considerada inteligente se propiciar a redução custos opera-
cionais. No Brasil, o conceito vem sendo desenvolvido no sentido de reduzir perdas não
técnicas, aumentar a confiabilidade da rede e assegurar o crescimento da carga.
Com o foco de garantir o crescimento da carga com robustez e modicidade tarifária,
as redes inteligentes viabilizam a implantação da tarifa horária para consumidores de
baixa tensão. Mas é preciso, inicialmente, promover a modernização dos equipamentos de
medição atualmente instalados(LEITE, 2013).
2.2. Medidor Inteligente 35

2.2 Medidor Inteligente


A implementação de redes e medidores inteligentes pode ser uma possível solu-
ção para a redução da demanda de energia, gestão eficiente na geração e otimização da
gestão de recursos. Os medidores inteligentes tem capacidade de realizar uma sofisticada
medição, cálculos, calibração e comunicação através de hardware e software. Para inte-
roperabilidade dentro da infraestrutura dessa rede, medidores inteligentes são projetados
para realizar funções programáveis, armazenar e transmitir dados de acordo com deter-
minados padrões(BARAI SRIDHAR KRISHNAN, 2015).
A Figura 5 mostra a comparação entre a medição tradicional de energia e a inteli-
gente. Observa-se que a complexidade do sistema inteligente é maior, porém ele consegue
gerar mais informações em uma maior frequência. Enquanto no sistema tradicional a me-
dição ocorre uma vez a cada mês, e apenas para o faturamento, o modelo inteligente
alimenta um banco de dados que é utilizado para melhorar o serviço prestado pela distri-
buidora e facilitar o controle de gasto por parte do consumidor. Além de realizar todas
as funções de um medidor tradicional, medidores inteligentes podem ser usados como
sensores em toda a rede de distribuição.

Figura 5 – Comparação entre medição tradicional e inteligente, (ZHENG DAVID GAO,


2013)

Os medidores inteligentes podem fornecer informações, em maior frequência, sobre


período pico ou fora de pico e padrão de uso de energia utilizando comunicação bidimen-
sional entre o sistema de ponta e gestor do consumidor. Os consumidores podem reduzir
as contas de energia elétrica e os distribuidores podem gerir melhor o seu mercado. Por-
tanto, a utilização do medidor inteligente está aumentando em um ritmo elevado(ZHENG
DAVID GAO, 2013). Algumas funções típicas dos medidores são:
36 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

∙ Comunicação bidirecional;

∙ Coleta de dados;

∙ Gravação de dados;

∙ Armazenamento de dados;

∙ Controle de carga;

∙ Programação;

∙ Segurança;

∙ Exibição de dados, por meio de displays;

∙ Faturação;

Existem também benefícios para cada uma das classes envolvidas no consumo,
distribuição e regulação da energia.

∙ Benefícios para o consumidor final:

– Mostra os dados do cliente sobre seu hábito de uso de energia elétrica;


– Faturamento mais preciso e temporal do consumo de energia;
– Detalha o melhor horário de uso de equipamentos no período de pico.
– Facilita o consumidor a mudar seu hábito de consumo e diminuí-lo;
– Simplifica a integração com geradores de energia particulares;

∙ Benefícios para a companhia distribuidora:

– Melhoria e economia no sistema de leitura e de faturamento, tornando-o auto-


matizado;
– Prove a capacidade melhor gerenciamento durante períodos de pico de carga;
– Uso mais eficiente dos recursos energéticos e da rede;
– Oferece novo modelo tarifário no mercado da eletricidade, como a bandeira
branca.
– Melhora na gestão de carga no transformador da linha de transmissão;

∙ Benefícios para o Governo e Agências Reguladoras;

– Estimula a economia com investimento na modernização da rede de distribuição


de energia elétrica;
2.2. Medidor Inteligente 37

– Melhora as condições ambientais reduzindo a emissão de 𝐶𝑂2 com a diminuição


na geração;
– Estimula a redução no consumo através da conscientização dos usuários sobre
seu padrão de uso de energia;
– Melhora a previsão sobre carga e prevenção de black-outs em larga escala;
– Melhora e resiliência e eficiência do serviço;

2.2.1 Normas Brasileiras para Medidores de Energia Elétrica


No Brasil, a ANEEL instaurou a Audiência Pública no 043/2010 para discutir o
modelo de medidor a ser instalado nas residências e estabelecimentos comerciais e indus-
triais atendidos em baixa tensão. Pela minuta levada ao debate na Audiência, as grandezas
medidas deverão abranger, no mínimo, a energia ativa, a reativa e a tensão de forneci-
mento. Como funcionalidades, a Agência propõe que os medidores possam registrar o
início e a duração das interrupções, apurar Duração Relativa da Transgressão de Tensão
Precária (DRP) – e Duração Relativa da Transgressão de Tensão Crítica (DRC), registrar
até quatro postos tarifários, além de outras a critério de cada concessionária(MME, 2012).
Ainda no âmbito da Audiência, foi proposto um sistema de comunicação que tenha capa-
cidade de comunicação bidirecional, fazer leituras, suspensão e religação do fornecimento
remotas. Foi proposto que sejam disponibilizadas ao consumidor as informações relativas
ao consumo de energia elétrica ativa e reativa, além dos dados sobre a continuidade do
fornecimento e informar a identificação do posto tarifário em vigor.
Os medidores eletrônicos devem seguir as especificações das normas brasileiras
baseadas nas normas internacionais IEC 60687:1992 e IEC 61036:1990.

∙ NBR 14519 - Medidores eletrônicos de energia elétrica (estáticos) - Especifica-


ção(ABNT, 2005);

∙ NBR 14520 - Medidores eletrônicos de energia elétrica (estáticos) - Método de en-


saio(ABNT, 2000);

∙ NBR 14521 - Aceitação de lotes de medidores eletrônicos de energia elétrica - Pro-


cedimento(ANBT, 2000);

∙ NBR 14522 - Intercâmbio de informações para sistemas de medição de energia elé-


trica(ABNT, 2008).

Também precisam seguir as recomendações instauradas pela ANEEL.

∙ PRODIST - Módulo 5 – Sistemas de Medição(ANEEL, 2005);

∙ PRODIST - Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica(ANEEL, 2016).


38 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

2.2.2 Advanced Metering Infrastructure


Infraestrutura de medição avançada é o sistema que adiciona camada de comuni-
cação na rede inteligente, incluindo o tráfego bidirecional de dados entre usuários finais
e distribuidoras. Essa infraestrutura fornece gerenciamento inteligente, melhor manuten-
ção, adição e substituição de serviços prestados, o que resulta em melhor qualidade de
energia. AMI consiste em três componentes básicos: dispositivos de medição inteligentes
instalados no consumidor final, módulo de comunicação bidirecional entre o usuário final
e distribuidor e software automatizado de operações de processamento de dados(BARAI
SRIDHAR KRISHNAN, 2015).

2.2.3 Arquitetura de um Smart Meter


A Figura 6 exemplifica um diagrama de blocos que compõe um medidor inteligente.
Nesse exemplo, é analisada uma linha monofásica entre a fase e o neutro. Os principais
blocos são o de alimentação, medição, comunicação e controle.
É possível definir alguns pontos necessários analisando o aspecto analógico medi-
dor:

∙ Fonte de potência - A fonte permite que o medidor inteligente seja energizado pela
própria rede por meio de conversores ou transformadores de tensão;

∙ Filtro anti-aliasing - O circuito de contato com a tensão da linha consiste em resisto-


res de proteção contra picos, seguidos de divisores de tensão e um filtro passa-baixa
RC que age como um filtro anti-aliasing;

∙ Bateria - Uma bateria de backup é mantida caso ocorra uma queda de energia,
possibilitando a continuidade da medição;

∙ Real Time Clock - RTC é usado para indicar o momento da medição com precisão;

∙ Medição de Tensão e Corrente - A tensão pode ser medida através de um circuito


comparador ou um divisor de tensão resistivo. A corrente pode ser medida por um
transformador de corrente ou um sensor de corrente;

∙ Conversor analógico digital: A tensão e sinais de corrente medidas são processados


por ADCs, geralmente 𝛴Δ;

∙ Chave de controle - Dispositivo que controlado pela distribuidora que permite a o


corte ou acionamento do fluxo de corrente;

∙ Tensão de referencia - É usada para dar referência a diversos componentes do me-


didor, tem que ficar entre um nível aceitável para representar os valores corretos.
2.2. Medidor Inteligente 39

Figura 6 – Exemplo de arquitetura básica de um medidor inteligente, (INSTRUMENTS,


2016)
40 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

Alguns pontos também podem ser determinados observando a parte digital de um


medidor inteligente:

∙ Processador de sinais - Será responsável por receber e tratar dos sinais digitais, já
convertidos pelo ADC;

∙ Processador de aplicação - Nele são feitos os cálculos e análises dos dados processados
para seu envio ou exibição;

∙ Análise das harmônicas - A análise de harmônicos é realizada para reduzir a perda


de transmissão. Três processos de detecção de harmônicos são: usados filtro de banda
limitante, métodos à base de Fourier (FFT) ou tecnologia monitoração em tempo
real (ARTM);

∙ Módulo de comunicação - O medidor precisa ter no mínimo um tipo de módulo de


comunicação para possibilitar a troca de dados entre o consumidor e a distribuidora.
As tecnologias usadas podem ser PLC, RF Mesh, GSM/GPRS, Ethernet, Wi-Fi
entre outras.

2.2.4 Alimentação
Para funcionar, o medidor eletrônico necessita de uma fonte de alimentação prin-
cipal e alimentação de recurso. Para a fonte de alimentação principal de um medidor
eletrônico pode usar três tipos de soluções principais(LAMIN, 2009):

∙ Capacitores

– Consumo reduzido de energia ativa e reativa;


– Aquecimento interno reduzido;
– Baixo volume e número de componentes adjacentes;
– Susceptível a avarias causadas pela exposição direta à tensão alternada da rede;
– Problemas ao nível da rigidez dielétrica.

∙ Fonte comutada

– Quando o consumo interno é elevado, é recomendável sua utilização apesar de


maior complexidade;
– Elevado número de componentes.

∙ Transformadores

– Solução tradicional de baixo nível tecnológico;


2.2. Medidor Inteligente 41

– Peso e volumes elevados, sobretudo em medidores trifásicos


– Solução pouco interessante quando comparada com o custo, peso e desempenho
das outras opções.

Um dos maiores desafios a ser resolvido em um circuito eletrônico é a produção


de baixas tensões DC para alimentação, geradas a partir da rede de baixa tensão. Um
método convencional é usar transformadores para reduzir a tensão de 220V AC para um
nível aceitável para o circuito e depois retificar a onda. Uma alternativa para diminuir o
espaço ocupado pelo circuito é usar capacitores chaveados ou como divisores de tensão.
Conversores a capacitores chaveados podem ser vistos como fontes ideais para
aplicação em sistemas eletrônicos embarcados, tais como telefones celulares, instrumentos
médicos, computadores portáteis, e assim por diante. A Figura 7 apresenta um exemplo
de conversor a capacitor chaveado.

Figura 7 – Exemplo de topologia de conversores a capacitores chaveados , (MARTINS,


2013)

Conversores CC-CC a capacitores chaveados com alta relação entre as tensões de


entrada e de saída, tanto abaixadores quanto elevadores, são possíveis soluções para a
obtenção de alta eficiência com baixa interferência magnética(MARTINS, 2013). Comer-
cialmente existem circuitos integrados a capacitores chaveados de baixa tensao como o
LM2750, fabricado pela National Semiconductor, e LM2662.

2.2.5 Bateria
Os medidores eletrônicos dispõem também de uma fonte de alimentação emergen-
cial, de forma a manter o medidor em funcionamento e garantir o armazenamento de
dados em memória no caso de falha na tensão da rede.
Normalmente, todos os medidores eletrônicos possuem uma pilha de lítio não re-
movível e, em complemento, outra opção tecnológica que cumpra a função de fonte de
42 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

alimentação, a qual poderá ser, por exemplo, um super capacitor, cujo funcionamento
se sobrepõe ao da pilha de lítio até a sua descarga. No entanto, a inclusão de um super
capacitor pode aumentar o custo global do medidor, sobretudo para capacidades eleva-
das(LAMIN, 2009).

2.2.6 Real Time Clock


O Real Time Clock (RTC) é o componente responsável pelo adequado registro
das ocorrências, cuja sincronização deve ser possível mesmo na falta de tensão externa de
alimentação. O relógio de tempo real pode utilizar um oscilador de cristal de quartzo ou
mesmo a frequência da rede como sincronizador. Cada uma das configurações tem suas
vantagens e desvantagens e a utilização de um ou outro condiciona o tipo de alimentação
de recurso(LAMIN, 2009).
A existência do relógio possibilita a execução de outras funcionalidades no medidor,
como a apuração de indicadores de continuidade e tarifas horárias.

2.2.7 Tensão de Referência


Tensão de atendimento associada às leituras deve ser classificada segundo faixas
em torno da tensão de referência (TR) como na Figura 8.
A faixa adequada de tensão de referência, em verde, deve estar entre dois níveis
aceitáveis determinados de diferença superior(ΔADSUP) e diferença inferior (ΔADINF).
A faixa em amarelo determina um nível precário ficando entre a tensão adequada e a
tensão crítica, essa faixa é determinada pela diferencia precária superior (ΔPRSUP) e
inferior (ΔPRINF). Por fim, existe a faixa crítica, em vermelho, que fica além das faixas
precárias.
Onde:

∙ Tensão de Referência (TR);

∙ Faixa Adequada de Tensão (TR – ΔADINF, TR + ΔADSUP);

∙ Faixas Precárias de Tensão (TR + ΔADSUP, TR + ΔADSUP + ΔPRSUP ou TR


– ΔADINF – ΔPRINF, TR – ΔADINF);

∙ Faixas Críticas de Tensão (>TR + ΔADSUP + ΔPRSUP ou <TR – ΔADINF –


ΔPRINF).

2.2.8 Entradas Analógicas


A rede de energia elétrica no Brasil tem ou 110V ou 220 V de tensão a uma
frequência de 60Hz. São necessários circuitos que diminuíam essa tensão, pois os conver-
2.2. Medidor Inteligente 43

Figura 8 – Faixas de tensão em relação à de referência, (ANEEL, 2016)

sores analógicos digitais comerciais não suportam tensões tão elevadas, muito menos as
correntes que podem passar dos 50A em residências.

2.2.8.1 Entrada de Tensão

Uma das possíveis maneiras de se medir tensão é usando o circuito apresentado


na Figura 9, desenvolvido para um medidor eletrônico usando um microprocessador
MSP430F6736, vendido pela Texas Instruments. Consiste em um resistor varistor, não
mostrado no esquemático, usado para proteção contra picos de tensão, seguido por um
divisor de tensão resistivo. Também foi implementado um filtro RC passa-baixas, funcio-
nando como um filtro anti-alias(BASILE STEFAN SCHAUER, 2015).

Figura 9 – Circuito para medição de tensão, (BASILE STEFAN SCHAUER, 2015)

Nesse caso, a tensão de saída fica entre ±1𝑉 , assim possibilitando a utilização do
ADC existente no micro controlador MSP430F6736 .
44 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

2.2.8.2 Entrada de Corrente

Duas abordagens podem ser usadas para medir corrente, transformadores ou sen-
sores de corrente.
A Figura 10 mostra um exemplo de circuito usando transformadores de corrente
para regulá-la a nível aceitável e converte-la de um sinal analógico para um digital. Nesse
mesmo circuito existe um filtro RC passa-baixas com função semelhante ao usado no
medidor de tensão.

Figura 10 – Circuito para medição de tensão, (BASILE STEFAN SCHAUER, 2015)

A Figura 11 mostra um sensor de corrente não-invasivo SCT-013. Esse sensor


funciona de forma semelhante ao transformador de corrente, usando em núcleo de ferrite
e espiras para reduzir o nível da corrente.

2.2.9 Conversores Analógico Digital


A conversão das medidas realizadas de analógicas para digitais é necessária para
o processamento no micro controlador.
Caso o sistema medido seja monofásico, serão necessários dois canais, um para a
corrente e outro para tensão em relação ao neutro. Para um sistema bifásico são precisos
quatro canais e para um sistema trifásico seis canais. É importante em algumas aferições
a medição ne correntes de fuga, para isso é necessário mais um medidor, similar aos
medidores de fase, logo mais um canal é usado para medição.
2.2. Medidor Inteligente 45

Figura 11 – Sensor medidor de corrente SCT-013, (TECHNOLOGY, 2011)

A comunicação entre o ADC e o micro controlador pode ocorrer de maneira serial


ou usando algum protocolo, como 𝐼 2 𝐶.
De acordo com os procedimentos determinados pela ANEEL, o conversor analógico
digital deve ter uma resolução mínima de 12bits, uma taxa amostral de 16 amostras/ciclo
e uma precisão de no mínimo 1%(ANEEL, 2016).

2.2.10 Chave de Controle


Um medidor eletrônico pode dispor de um dispositivo de corte e religação de for-
necimento, bem como de controle da potência máxima admissível. Três formas principais
de incorporar a função de corte e religação podem ser consideradas, cada uma com as
suas vantagens e desvantagens.

∙ Medidor separado do disjuntor

– Simplicidade na conjugação de corte/religação entre o modo manual e remoto;


– Facilidade de aplicação a quase todos os disjuntores do mercado;
– Necessita de cabeamento entre medidor e disjuntor;
– Dificuldades e custos acrescidos em situações em que o medidor está muito
afastado do disjuntor;
– A existência de saída de relé aumenta o custo global do equipamento;

∙ Medidor com disjuntores acoplados

– Possibilidade de realizar o corte e a religação remota ou local;


– Permite regular a potência máxima disponível;
– Ausência de cabeamento;
46 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

– Aplicável à maior parte das situações atuais sem necessidade de substituição


de disjuntores;
– Aumento do custo final do medidor;

∙ Medidor com injeção de corrente no disjuntor diferencial

– Solução mais econômica;


– Simplicidade na conjugação de corte/religação entre o modo manual e remoto;
– Ausência de cabeamento;
– Só funciona com disjuntores diferenciais;
– Necessita de cabeamento;

2.2.11 Tecnologias de comunicação para medidores inteligentes


Sistemas de medidores inteligentes são variados em tecnologia e design, mas ope-
ram através de um processo global simples. Eles recolhem dados junto dos consumidores
finais e transmitem estas informações através de uma Local Area Network (LAN) para o
coletor de dados. Pontos de concentração recebem ainda mais os dados usando a Wide
Area Network (WAN). Uma vez que a comunicação é bidirecional, sinais ou comandos
podem ser enviados diretamente ao medidor instalado no cliente ou em algum ponto da
distribuição (ZHENG DAVID GAO, 2013).

Figura 12 – Diagrama de um sistema de medição remota, (LAMIN, 2009)

Existem diversas maneires de realizar a comunicação entre o consumidor e o dis-


tribuidor. Sendo elas:
2.2. Medidor Inteligente 47

∙ Power Line Carrier(PLC);

∙ Fibra óptica;

∙ Global System for Mobile Communications(GSM);

∙ General Packet Radio Service(GPRS)

∙ Local Area Network (LAN)

∙ RF Mesh

∙ ZigBee

Em aplicações de redes inteligentes, existem vantagens e desvantagens associadas


a cada uma delas. Seu uso é determinado pela distribuidora de energia, baseado em
estudos próprios. Escolher entre essas tecnologias requer uma avaliação e analise técnica
das necessidades e evolução do projeto. Entre os pontos a serem considerados estão:

∙ Análise da rede já existente;

∙ Impacto econômico nos consumidores;

∙ Estudo sobre os equipamentos, funcionalidades e requerimentos técnicos;

Podemos ver na Figura 13 como é o esquema da comunicação simplificado entre o


consumidor final e a distribuidora utilizando diversas tecnologias.

Figura 13 – Exemplo de tipos de comunicação usados em redes inteligentes, (LAMIN,


2009)
48 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

2.2.11.1 Power Line Carrier

Power Line Carrier é um sistema de telecomunicações que utiliza a rede elétrica


como meio de transporte para a comunicação digital e/ou analógica de sinais, com con-
sequente fornecimento de serviços como internet, vídeo, voz e dados(LAMIN, 2009).
A distribuidora utiliza a já existe rede de transmissão de energia, reduzindo o custo
de criar uma nova infraestrutura. Algumas vantagens o custo de transmissão para redes
rurais e isoladas, torando acessíveis informações nos locais mais remotos. Porém também
há desvantagens, o PLC tem menores larguras de banda e uma velocidade de transmis-
são melhor que as redes Wi-Fi, além de serem mais caras em regiões urbanas(ZHENG
DAVID GAO, 2013).
PLC pode ser utilizado para encontrar falhas na rede através da força do sinal,
também é possível encontrar furtos na rede comparando as energias medidas no trans-
formador e no consumidor final(RAO SRINIVAS AKELLA, 2011). Uma das mais inte-
ressantes aplicações é combinada com a tecnologia Wi-Fi, tirando proveito das vantagens
das duas(DONG, 2012).
Em relação ao ruído gerado e a interferência no sinal, já existem técnicas para
medi-los e melhorar a transmissão(RAFIEI, 2012).

2.2.11.2 Fibra óptica

A fibra óptica é um filamento flexível de vidro ou de materiais poliméricos com


capacidade de transmitir luz, transportando grandes quantidades de informação (dezenas
de milhares de dados em um par de fibras). A tecnologia possui imunidade às interfe-
rências eletromagnéticas e atenuação baixa, o que possibilita grandes espaçamentos entre
repetidores.
No Brasil, a empresa Infovias, ramo de telecomunicações do grupo da CEMIG, já
utiliza a estrutura da rede da distribuidora para a implantação de cabos óticos e, atual-
mente, já possui mais de 13 mil Km de cabos óticos instalados. Essa estrutura de fibras
óticas, que pode ser utilizada para fins de medição remota da própria CEMIG, atende
23 cidades em Minas Gerais e é disponibilizada para as operadoras de telecomunicações
que preferem alugar os circuitos da Infovias a investir na infraestrutura de construção de
redes(LAMIN, 2009).

2.2.11.3 Global System for Mobile Communications

O Sistema Global para Comunicações Móveis possibilita diversos serviços com


troca de dados e é um padrão aberto bastante disseminado. É uma tecnologia móvel de
transmissão sem fio de forma digital que utiliza conjuntos de frequências para realizar a
transmissão de dados entre células (pontos da rede).
2.2. Medidor Inteligente 49

Uma das vantagens da tecnologia tem sido o baixo custo de infraestrutura cau-
sado por competição aberta. Ademais, a facilidade de roaming e a dificuldade de fraudes
representam outras vantagens. No setor elétrico, além de medição remota, a tecnologia é
utilizada para automação em geral(LAMIN, 2009).

2.2.11.4 General Packet Radio Service

O Serviço Geral de Pacotes por Rádio é uma tecnologia com maiores taxas de
transferência de dados quando comparada com redes GSM. A tecnologia permite o trans-
porte de dados por comutação por pacotes, onde a informação é dividida em grupos
relacionados entre si antes de ser transmitida e remontada no destinatário. A essência
da rede GPRS é estar sempre conectada, onde os dados possam ser enviados e recebidos
sempre que necessário(LAMIN, 2009).
Com a expansão da rede GSM/GPRS em todo o território nacional, as distribuido-
ras estão testando e colocando em prática sistemas de controle, monitoramento e medição.
No Brasil, o setor de distribuição de energia vem se destacando sistemas que possibilitam
a automatização da medição aliado ao controle de consumo dos usuários e uso estratégico
de dados operacionais, além da supervisão e controle do sistema.

2.2.11.5 Local Area Network

A Rede de Área Local – LAN é uma rede de tecnologia de informação utilizada


na interface de equipamentos processadores com o intuito de intercâmbio de dados, ou
seja, permite a computadores individuais ou outros dispositivos eletrônicos estabelecerem
comunicação entre si, compartilhando recursos e informações(LAMIN, 2009).
Com o desenvolvimento da tecnologia de comunicação sem fio e a evolução de
Systems on Chip(SoC) muitas placas de baixo consumo no padrão IEEE 802.15.4 foram
criadas. Esse sistema de comunicação é maduro e tem uma interoperabilidade boa. Redes
baseadas em Wi-Fi tem IP distribuídos pela rede que são facilmente interconectados entre
consumidores. Além de existirem protocolos de segurança bem estabelecidos(JIAN, 2011).

2.2.11.6 Mesh

O medidor inteligente coleta dados medidos no consumidor final e os transmite


através de uma rede de rádio sem fio até o concentrador de dados que os envia ao dis-
tribuidor. O dado então é processado por meio de vários métodos com a finalidade de
faturamento, administração do sistema, recuperação em caso de falhas e outros objetivos
tanto técnicos quando operacionais(ZHENG DAVID GAO, 2013).
O medidor se comunica com outro por meio de uma LAN, caso existam vários me-
didores localizados numa mesma área eles podem trocar informações entre si. A Figura 14
50 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

mostra que todos os medidores estão conectados e trocam informações. Caso um medidor
não consiga se comunicar com outro, devido a distância entre eles, o dado é passado por
outros medidores até que eles possam se comunicar(ZHENG DAVID GAO, 2013).
Algumas vantagens dessa tecnologia é uma largura de banda grande, latência acei-
tável e uma frequência de operação por volta de 915MHz. Porém algumas desvantagens são
o curto alcance da tecnologia e a topografia da região, que pode interferir no sinal(LAMIN,
2009).
Um exemplo é a placa CC110L, um transceptor RF sub-1 GHz, para bandas de
frequências de 300-348 MHz, 387-464 MHz e 779-928 MHz. Dois transceptores CC110L
juntos permitem um link RF bidirecional de baixo custo. O transceptor RF é integrado
com um modem de banda base altamente configurável. O modem suporta vários formatos
de modulação e tem uma taxa de dados configurável até 600 kbps.

Figura 14 – Diagrama de um sistema de comunicação Mesh, (LAMIN, 2009)

2.2.11.7 ZigBee

Conceitualmente, ZigBee designa um conjunto de especificações para a comuni-


cação sem- fio entre dispositivos eletrônicos, com ênfase na baixa potência de operação,
na baixa taxa de transmissão de dados e no baixo custo de implantação, funcionando
todos os pontos da rede como retransmissores de informação, constituindo uma malha.
A tecnologia possui alcance reduzido, o que determina a necessidade de repetidores para
que a comunicação entre as unidades da rede atinjam o destino final.
Diferentes fabricantes de medidores já produzem equipamentos com sistemas Zig-
bee, permitindo múltiplos tipos de medição com comunicação bidirecional. Nos Estados
2.2. Medidor Inteligente 51

unidos, várias commodities, incluindo empresas de energia elétrica, gás e água utilizam a
tecnologia para telemetria(LAMIN, 2009).

2.2.12 Leitura, Registro, Compartilhamento e Disponibilização de Informa-


ções de medição
Esta seção estabelece os procedimentos básicos para leitura, registro, compartilha-
mento e disponibilização das informações de medição de grandezas elétricas dos agentes
conectados ao sistema de distribuição.

2.2.12.1 Procedimentos de leitura

A medição de grandezas elétricas dos consumidores ocorrerá através de leitura


local ou remota dos medidores instalados nas unidades consumidoras.

∙ Leitura local:

– A leitura poderá ser realizada visualmente a partir dos mostradores dos medido-
res ou por intermédio da utilização de leitoras/programadoras com transmissão
de dados;
– O consumidor deve assegurar o livre acesso dos profissionais, devidamente iden-
tificados, aos locais em que os equipamentos de medição estiverem instalados,
respeitadas as regras de segurança das instalações;
– A distribuidora deverá organizar e manter atualizado o calendário das respecti-
vas datas fixadas para a leitura dos medidores, o qual está sujeito à fiscalização
da ANEEL;
– A distribuidora deverá comunicar ao consumidor, previamente por escrito, as
modificações nas datas do calendário de leitura;
– A distribuidora deverá efetuar as leituras em intervalos de aproximadamente
30 dias, observados o mínimo de 27 e o máximo de 33 dias, de acordo com o
calendário respectivo;
– Existindo necessidade de remanejamento de rota ou reprogramação do calen-
dário de leitura, excepcionalmente, as leituras poderão ser realizadas em in-
tervalos de, no mínimo, 15 e no máximo, 47 dias, devendo a modificação ser
comunicada aos consumidores, por escrito, com antecedência mínima de um
ciclo completo de faturamento.

∙ Leitura remota:

– A distribuidora deverá fornecer a infraestrutura necessária para realização das


leituras, incluindo instalação e configuração dos equipamentos de medição, bem
52 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

como a disponibilização dos canais de comunicação para transmissão dos dados


coletados;
– Excepcionalmente, no caso de leitura remota de consumidores livres, o forne-
cimento da infraestrutura será de responsabilidade destes consumidores.

2.2.12.2 Procedimento tratamento das informações

A distribuidora deverá estabelecer um padrão para tratamento das informações


relativas às medições realizadas. Deve ser mantido um banco de dados de medição, con-
tendo os dados cadastrais de cada unidade consumidora e as informações referentes às
medições realizadas. Também deverão disponibilizar, quando solicitado, as informações
de medição das leituras realizadas, bem como as constantes dos equipamentos de medição
e os cálculos utilizados para geração de fatura dos seus consumidores.
As distribuidoras tem de estar preparadas para disponibilizar, no mínimo, as se-
guintes informações relativas aos sistemas de medição para faturamento, exceto para o
Grupo B(residências, comércios e zonas rurais) porém é de interesse que esse grupo seja
atendido também.

∙ Demandas de potência;

∙ Consumos de energia elétrica ativa e reativa;

∙ Fator de potência;

∙ Excedentes de energia;

∙ Demandas reativas;

∙ Na falta destes dados, deverá ser informado o critério utilizado na estimativa.

Os medidores de energia elétrica que atuarão no fornecimento de informações para


cálculo da curva de carga deverão disponibilizar as seguintes informações:

∙ Medidores eletrônicos com memória de massa de três canais (dados registrados de


cinco em cinco minutos)

– Energia ativa;
– Energia reativa;
– Tensão em uma das fases.

∙ Medidores eletrônicos com memória de massa de mais de três canais

– Energia ativa;
2.2. Medidor Inteligente 53

– Energia reativa indutiva e capacitiva;


– Tensão nas 3 fases;
– Corrente nas 3 fases.

∙ Os medidores de energia que atuarão na aferição da qualidade de energia do sistema


de distribuição deverão fornecer as seguintes informações:

– Tensão RMS fase neutro, por fase ou fase-fase;


– Fator de potência;
– Distorções harmônicas;
– Flutuação de tensão;
– Variações de tensão de curta duração;
– Interrupções;.

2.2.12.3 Intercâmbio de informações de medição

As informações armazenadas no banco de dados de medição das distribuidoras de-


verão ser disponibilizadas para estudos de planejamento e qualidade da energia na própria
distribuidora ou serem transferidas, quando solicitado, para a ANEEL. Recomendando-se
a utilização do formato público descrito na norma NBR 14522(ABNT, 2008).
A distribuidora deverá disponibilizar, no mínimo, os treze últimos históricos de
leitura para consulta em tempo real, em meio magnético ou ótico, para fins de fiscalização
pela ANEEL e para a consulta dos consumidores. Também deverão garantir em seus
sistemas de divulgação de informações de medição a confidencialidade dos dados cadastrais
dos agentes conectados do seu sistema de distribuição. Por último, deverão armazenar os
dados provenientes de medições de campanha referentes ao planejamento da expansão do
sistema de distribuição e à aferição da qualidade de energia elétrica. Tais dados serão
comparados com os indicadores de conformidade estabelecidos pela ANEEL e deverão ser
disponibilizados para os consumidores(ANEEL, 2005).

2.2.13 Medidores inteligentes comerciais


Muitas companhias produzem atualmente medidores inteligentes. Ela produzem
com base em um mercado crescente e estável. Elas atendem dois tipos de aplicação, a
primeira para unidades comerciais e residenciais e a segunda para unidades industriais.
Nessa seção serão descritos alguns dos principais produtos.

2.2.13.1 General Electric (GE) Company

A GE oferece atualmente dois grupos de modelos de medidores inteligentes, um que


atende a American National Standard Institute (ANSI) e outro as normas da International
54 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

Tabela 2 – Medidores da família I-210


Características do Produto I-210+c I-210+ I-210
Níveis de tensão 120V - 240V 120V - 240V 120V - 240V
Níveis de Frequência 50Hz - 60Hz 50Hz - 60Hz 50Hz - 60Hz
Acurácia +/- 0,2% +/- 0,2% +/- 0,2%
Tensão de operação +/-20% +/-20% +/-20%
AMR
ARM
RF Mesh
Tipo de Comunicação RF Mesh ARM
PLC
PLC
GPRS

Electrotechnical Commission (IEC). Para cada norma, existem medidores que são feitos
para uso residencial/comercial ou industrial.

∙ I-210

– Essa família possui três tipos de medidores: I-210+c, I-210+, I-210


– Desenvolvido para aplicações em redes monofásicas residenciais;

∙ KV2c

– Existem dois modelos dessa família: KV2c e KV2c+


– Pode medir tensões de até 600V;
– Tem funções de faturamento em tempo real, monitoramento de dados em tempo
real e medição dos quatro quadrantes de potência;
– Desenvolvido para aplicações industriais;

∙ SGM1100 e SGM3000

– Desenvolvido para aplicações residenciais e comerciais;


– Modelos para redes mono e trifásicas;
– Comunicação modular, podendo trocar o tipo de módulo de comunicação;
– Aplicações para integração de micro geração;

2.2.13.2 Itron Company

Os medidores inteligentes da Itron são focados em aplicações residenciais para


clientes que querem atualizar a sua rede de medidores. Os seus produtos tem módulos de
comunicação bidirecionais e seguem as normas internacionais para medidores eletrônicos.
Uma vantagem desse medidor é a sua memória de massa e possibilidade de fazer updates
de firmware remotamente.
2.2. Medidor Inteligente 55

Tabela 3 – Medidores da família KV2c


Características do Produto KV2c KV2c+
Níveis de tensão 120V - 480V 57V - 120V, 600V
Níveis de Frequência 50Hz - 60Hz 50Hz - 60Hz
Acurácia +/- 0,2% +/- 0,2%
Tensão de operação +10% até -20% +10% até -20%
AMR ARM
RF Mesh RF Mesh
Tipo de Comunicação
PLC PLC
GPRS GPRS

Tabela 4 – Medidores da família SGM1100 e SGM3000


Características do Produto SGM3000 SGM1100
Níveis de tensão 220V, 230V, 240V 230V
Nível de corrente 10 A 10 A
Níveis de Frequência 50Hz - 60Hz 50Hz - 60Hz
Acurácia +/- 0,2% +/- 0,2%
Tensão de operação +/-20% +/-20%
Monofásico SGM3011 até SGM3013 SGM1100
Trifásico SGM3030 até SGM30C2
AMR ARM
RF Mesh RF Mesh
Tipo de Comunicação
PLC PLC
GPRS GPRS

∙ OpenWay

– Maior segurança e uma abordagem confiável para coleta de dados e comunica-


ções entre o medidor inteligente e a rede;

– Dados medidos podem ser processados dentro o próprio medidor;

– Possui interface ZigBee;

– Detecção contra fraudes;

∙ Bridge

– A família tem compatibilidade com os softwares proprietários e a rede da Itron;

– Possui um interface mobile, para celulares;

– Medições de qualidade de energia;


56 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

Tabela 5 – Modelos de medidores inteligentes da Itron


Características do Produto OpenWay Bridge
Níveis de tensão 120V, 240V 120V, 240V
Níveis de Frequência 60Hz 60Hz
Tensão de operação +/-20% +/-20%
RF Mesh RF Mesh
Tipo de Comunicação
ZigBee ZigBee

2.3 Qualidade de Energia Elétrica


A IEEE definiu na norma Std 1159TM -2009 recomendações para monitoramento
de qualidade de energia englobando o as características elétricas de sistemas de energia
de corrente alternada monofásicas e polifásicas. Ela inclui descrições consistentes de fenô-
menos eletromagnéticos que ocorrem em sistemas de energia. Essa norma recomendada
definições das condições nominais e desvios destas condições que podem originar dentro
da fonte de alimentação, carga ou podem ser originários de interações entre a fonte e a
carga. Além disso, esta prática recomendada discute técnicas de medição, de aplicação e
a interpretação dos resultados da monitorização(IEEE, 2009).
O termo qualidade de energia refere-se a uma ampla variedade de fenômenos ele-
tromagnéticos que caracterizam a tensão e corrente em um determinado tempo e em uma
dada localização sobre o sistema de energia. A aplicação crescente de equipamentos ele-
trônicos que podem causar interferências eletromagnéticas ou que podem ser sensíveis a
estes fenômenos, tem aumentado o interesse em qualidade de energia nos últimos anos.
Acompanhando do aumento de problemas de operação está uma variedade de
tentativas de descrever fenômenos que o geram. Infelizmente, diferentes segmentos da
comunidade envolvida com a rede elétrica têm utilizado terminologias diferentes para
descrever eventos eletromagnéticos. A Figura 15 expande a terminologia que irão ser
utilizados pela comunidade de qualidade de energia para descrever esses eventos comuns.
Podemos ver alguns pontos analisados para análise de qualidade de energia elétrica
na Figura 16

2.3.1 Transientes
O termo transientes é usado na análise das variações do sistema de potência a
muitos anos. O nome imediatamente evoca a noção de um evento que é indesejável,
mas momentâneo por natureza. A definição primária usa a palavra rápida e descreve
frequências até 3 MHz no contexto de avaliação de sistemas em subestações. A noção
de um transitório oscilatório amortecido devido a uma resistor-indutor-capacitor de rede
(RLC) é também mencionado, este é o tipo de fenômenos que mais energia engenheiros
pensam quando ouvem a palavra transitória.
2.3. Qualidade de Energia Elétrica 57

Figura 15 – Categorias e características tipicas de variações em sistemas elétricos resul-


tantes de fenômenos eletromagnéticos, (IEEE, 2009)

De um modo geral, transitórios podem ser classificados em duas categorias, im-


pulsivos e oscilatórios. Estes termos refletem a forma de onda de corrente ou tensão de
um transitório.

2.3.1.1 Transientes impulsivos

Um transiente impulsivo é uma súbita mudança de frequência da condição nominal


de tensão, corrente, ou ambos, que é unidirecional em polaridade (positiva ou negativa).
Transitórios impulsivos são normalmente caracterizados por seus tempos de subida e de-
cadência. Estes fenômenos podem também ser descritos pelo seu conteúdo espectral. A
causa mais comum de transitórios impulsivos é um raio. A Figura 17 ilustra um transi-
tório impulsivo atual típico causado por um raio. Devido às altas frequências envolvidas,
transitórios impulsivos são amortecidos rapidamente por elementos resistivos do circuito.
Eles pode excitar circuitos de ressonância no sistema e produzir transitórios oscilatórios,
58 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

Figura 16 – Interpretação física dos distúrbios , (OLIVEIRA, 2015)

descritos na subseção 2.3.1.2.

Figura 17 – A queda de um raio na rede pode causar transientes impulsivos, (IEEE, 2009)

2.3.1.2 Transientes oscilatórios

Um transitório oscilatório é uma súbita mudança de frequência da condição de


estado estacionário de tensão, corrente, ou ambos, que inclui ambos os valores de polari-
dade positiva e negativa. Um transitório oscilatório consiste de uma tensão ou corrente,
cujo valor de polaridade muda rapidamente. É descrito por sua magnitude, a duração e o
conteúdo espectral (predominantemente frequência). As subclasses de conteúdo espectral
2.3. Qualidade de Energia Elétrica 59

definidos na Figura 15 são de alta, média e baixa frequência. Os gamas de frequência para
estas classificações são escolhidas para coincidir com tipos comuns de fenômenos transi-
tórios oscilatórios sistema de energia. Na caracterização do transitório, é importante para
indicar a magnitude com e sem o componente fundamental. Pode ocorrer na ligação de
um banco de capacitores, como é mostrado na Figura 18

Figura 18 – Transiente oscilatório de baixa frequência causado pela energização de um


banco de capacitores, (IEEE, 2009)

2.3.2 Variações curtas em RMS


Variações de tensão de curta duração são quase sempre causadas por condições
de falha, a energização de grandes cargas que requerem altas correntes de partida, ou
conexões soltas intermitentes na fiação de energia. Dependendo da localização do defeito
e as condições do sistema, a falha pode causar aumentos temporários de tensão (swells),
quedas de tensão (dips), ou uma perda completa de tensão (interrupções). A condição de
falha pode estar perto ou distante do ponto de interesse. Em ambos os casos, o impacto
sobre a tensão durante a condição de falha real é uma variação de baixa duração. Altera-
ções na corrente que se enquadram nas categorias de duração e magnitude, também estão
incluídas variações em de curta duração.

2.3.3 Longas variações em RMS


Variações de RMS longas duração abrangem desvios de energia por mais de três
minutos. A ANSI C84.1-2006 especifica as tolerâncias de tensão de estado estacionário
esperados em um sistema de energia. Estas magnitudes estão refletidos na Figura 15.
60 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

Figura 19 – Variação momentânea devido a uma falha na transmissão com religamento


subsequente, (IEEE, 2009)

Figura 20 – Queda de tensão, Dips, causado pelo acionamento de um motor elétrico,


(IEEE, 2009)
2.3. Qualidade de Energia Elétrica 61

Figura 21 – Queda de tensão, Swell, causado por uma falha entre a fase e o neutro, (IEEE,
2009)

Variações de longa duração, são considerados presentes quando estes limites forem ultra-
passados por mais de três minutos. Elas porem ser sobre tensões ou subtensões, depen-
dendo da causa da variação. Sobre tensões e subtensões geralmente não são o resultado
de falhas no sistema, são causados por variações de carga sobre as operações do sistema
e de comutação do sistema. Estas variações são caracterizadas por parcelas de voltagem
versus tempo RMS.

2.3.4 Desequilíbrio de tensão


Desequilíbrio em um sistema de três fases é definido como a razão da magnitude
do componente de sequência negativa e a magnitude do componente de sequência posi-
tiva, expressa como um percentagem. Esta definição pode ser aplicada para a tensão ou
corrente. Tipicamente, a tensão de desequilíbrio um sistema trifásico é inferior a 3%. O
desequilíbrio de corrente pode ser consideravelmente mais elevado, especialmente quando
cargas monofásicas estão presentes.

2.3.5 Distorção de forma de onda


Distorção de forma de onda é definida como um desvio de estado estacionário
de uma onda senoidal de frequência de potência ideal caracterizado principalmente pelo
conteúdo espectral do desvio. Existem cinco tipos principais de distorção da forma de
onda: variação no nível DC, harmônicas, inter harmônicas, notching e ruído.
62 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

Figura 22 – Comparação entre os fasores originais e suas componentes em um sistema


trifásico, sequência positiva(1) e negativa(2), (FORTESCUE, 1918)

2.3.5.1 DC offset

A presença de uma corrente ou tensão de corrente contínua em um sistema de


energia de corrente alternada é denominado DC offset. Este fenômeno pode ocorre como
o resultado de uma perturbação geomagnético ou devido ao efeito de retificação de meia
onda. Por exemplo, extensores de vida de lâmpadas incandescentes podem ser constituídos
com diodos que reduzem a tensão fornecida por meio certificação de meia onda. Níveis DC
em redes de corrente alternada pode ser prejudicial devido a um aumento saturação do
transformador e aquecimento associado, esforço adicional de isolamento, e outros efeitos
adversos.

2.3.5.2 Harmônicas

Harmônicas são tensões ou correntes senoidais com frequências que são múltiplos
inteiros da frequência com a qual o sistema é projetado para operar (chamada de frequên-
cia fundamental, geralmente 50 Hz ou 60 Hz). Combinado com a voltagem ou corrente
fundamental, harmônicas produzem distorção da forma de onda.
Distorção harmônica existe devido às características não lineares de dispositivos
e cargas no sistema de energia. Equipamentos eletrônicos à base de energia são um dos
principais contribuintes de harmônicos no sistema de potência. Estes dispositivos e cargas
geralmente podem ser modeladas como fontes de corrente que injetam correntes harmô-
nicas no sistema de energia. Resultados da distorção de tensão, como estas correntes,
causam tensões não lineares caem durante o sistema.
Harmônicas são uma preocupação crescente para muitos clientes e para o sistema
de energia global devido ao aumento da aplicação de equipamentos de eletrônica de potên-
cia. Níveis de distorção harmônica podem ser caracterizados pelo espectro de harmônica
2.3. Qualidade de Energia Elétrica 63

completa com amplitudes e ângulos de fase de cada componente. Também é comum a


utilização de uma unidade, Total Harmonic Distortion (THD), como uma medida da
magnitude da distorção harmônica.

Figura 23 – Formato de onda da corrente e análise espectral, (IEEE, 2009)

De acordo com o PRODIST, os instrumentos para medição de harmônicos devem


considerar, para fins de cálculo da distorção total, um faixa de frequência que considerar
desde a componente fundamental até no mínimo, a harmônica de ordem 25. Já os Proce-
dimentos de Rede do ONS estabelecem a medição de harmônicos de ordem superior ou
igual a 50. Enquanto a principal norma vinculada à caracterização de equipamentos de
medição, a IEC 61000-4-30(2008), determina que os equipamentos (de Classe A) sejam
capazes de aferir no mínimo até a 50a ordem harmônica em 60Hz, isto é, sinais de 3kHz.
Seguem algumas das interferências geradas por cargas de componentes considera-
dos comuns no sistema.

2.3.5.3 Inter-Harmônicas

Tensões ou correntes com componentes de frequência que não são múltiplos inteiros
da frequência fundamental são chamados de inter harmônicas. Elas podem aparecer como
frequências discretas ou como um espectro de banda larga. Inter harmônicas podem ser
encontradas nas redes de todas as classes de tensão.
As principais fontes de distorção são conversores estáticos de frequência, ciclo
conversores, fornos de indução e dispositivos de arco. Sinais de PLC também podem ser
considerados inter harmônicas.
64 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

Figura 24 – Análise espectral de harmônicas geradas por um computador, (OLIVEIRA,


2015)

2.3.5.4 Notching

Notching é uma perturbação de tensão periódica provocada pela operação nor-


mal de dispositivos eletrônicos de potência quando a corrente é comutada a partir de
uma fase para outra. Tensão notching representa um caso especial sendo periódica, mas
tem uma frequência que é bastante elevada. Assim, ela tem atributos que poderiam ser
considerados ambos de transientes e distorção harmônica. Como fenômeno ocorre simulta-
neamente, pode ser caracterizado pelo espectro harmônico da tensão afetada. No entanto,
os componentes de frequências associadas com esse efeito podem ser muito elevados e não
são facilmente caracterizadas com o equipamento de medição normalmente utilizado para
análise harmônica.

2.3.5.5 Ruído

Ruído são sinais elétricos indesejados com conteúdo espectral de banda larga nor-
malmente inferior a 200 kHz sobreposta à tensão do sistema de alimentação, corrente nos
condutores de fase, condutores do neutro ou linhas de transmissão. Basicamente, o ruído
consiste em qualquer distorção indesejada do sinal que não pode ser classificada como
2.3. Qualidade de Energia Elétrica 65

Figura 25 – Análise espectral de harmônicas geradas por um aparelho televisor, (OLI-


VEIRA, 2015)

Figura 26 – Análise espectral de harmônicas geradas por um forno de micro-ondas, (OLI-


VEIRA, 2015)
66 Capítulo 2. Fundamentação Teórica

distorção harmônica ou transiente.


O ruído em sistemas de energia pode ser causado por dispositivos eletrônicos de
potência, circuitos de controle, equipamentos de arco voltaico, cargas com retificadores
de estado sólido e fontes chaveadas. Problemas de ruído são muitas vezes agravados por
aterramento inadequado. A faixa de frequência e nível de magnitude do ruído depende da
fonte que produz o ruído e das características do sistema. A magnitude típica de ruído
é inferior a 1% da magnitude da tensão. Os problemas causados pelo ruído podem ser
atenuados usando filtros, transformadores de isolamento e condicionadores de linha.

2.3.6 Flutuação de tensão


Segundo o PRODIST, a flutuação de tensão é uma variação aleatória, repetitiva
ou esporádica do valor eficaz da tensão. Contudo, as flutuações de tensão podem ser mais
bem definidas como variações repetitivas, aleatórias ou esporádicas do envelope da onda de
tensão, geralmente provocadas pela operação de cargas com características de alterações
rápidas e bruscas nas magnitudes das potências ativa e reativa como, por exemplo, devido
a atuação de fornos a arco, laminadores e outros(OLIVEIRA, 2015).
As flutuações de tensão, de uma maneira geral, estão mais fortemente relacionadas
as variações bruscas e rápidas na amplitude, mais especificamente, da componente de
potência reativa, conforme será, na sequência, equacionado. Vale salientar, que o fenômeno
da flutuação de tensão começou, recentemente, a ser analisado sob um novo enfoque,
notadamente no que diz respeito à presença de componentes inter harmônicas nos sinais
de tensão das redes de energia elétrica.

Figura 27 – Flutuação senoidal da onda de tensão, (IEEE, 2009)

2.3.7 Variação da frequência fundamental


Variações de frequência de energia são o desvio da frequência fundamental do sis-
tema. A frequência estacionária está diretamente relacionada com a velocidade de rotação
2.3. Qualidade de Energia Elétrica 67

dos geradores no sistema. Em qualquer instante, a frequência depende do balanço entre a


carga e a capacidade de geração disponível. Quando este equilíbrio dinâmico muda, peque-
nas mudanças na frequência ocorrem. O tamanho da mudança depende das características
da carga e da resposta do sistema de geração para carregar modificações.
Mudanças de frequência instantânea pequenas ocorrem quase continuamente de-
vido à comutação de carga. Essas alterações são devidas à mudança de fase nas tensões,
como resultado mudando a corrente que flui através da impedância do sistema. Estas
variações de frequências menores são locais, mais pronunciados na carga, e o sistema de
geração geralmente não reage a elas.
69

3 Sistema Proposto

O modelo proposto para implementação de um medidor inteligente segue a arqui-


tetura analisada na seção 2.2.3 e se baseia nas normas apresentadas na seção 2.2.1.
Primeiro foi definido quais serão as medidas propostas para o protótipo a ser
desenvolvido.

∙ Tensão

– RMS [V],
– Fundamental [V];
– THD [%];

∙ Corrente

– RMS [A],
– Fundamental [A];
– THD [%];

∙ Potência

– Ativa [W] e reativa [VAR];


– Aparente [VA];
– Fator de Potência,

∙ Fase

– Entre tensão e corrente [∘ ],


– Entre fases [∘ ];

∙ Frequência [Hz]

∙ Offset

– Tensao DC [V],
– Corrente DC [A];

∙ Agregado

– Potência elétrica ativa [W] e reativa [VAR];


– Potência aparente [VA];
70 Capítulo 3. Sistema Proposto

– Corrente [A];
– Data e hora;

∙ Consumo

– Energia importada [kWh];


– Energia exportada [kWh];
– Energia aparente importada [kVAh];
– Energia aparente exportada [kVAh];
– Número e duração de eventos de Sag e Swell;
– Número e duração de interrupções;

∙ Harmônicas

– Espectro em frequência;
– Taxa de distorção harmônica;

∙ Desequilíbrio de tensão

– Componentes simétricas;
– Flutuação de tensão;

3.1 Arquitetura
3.1.1 Processamento
As outras medidas serão feitas todas por meio de software, por isso é necessário
um sistema que consiga processar uma quantidade relativamente grande de processos e
ter a capacidade de enviar esses dados para os consumidores e distribuidoras.
A escolha do processador ainda não foi definida, mas existem alguns módulos
concorrentes.

∙ Raspberry Pi 3

– Um dos dispositivos mais populares atualmente entre estudantes, profissionais


e entusiastas da área de Eletrônica. Possui uma CPU de quatro núcleos ARM
v8 com frequência de processamento de 1.2 GHz, 40 pinos GPIO podem ser
usados para diferentes tipos de comunicação, como 𝐼 2 𝐶, SPI, serial, etc. Além
de um módulo 802.11n Wireless LAN integrado.

∙ MSP430F677x
3.1. Arquitetura 71

Figura 28 – Placa Raspberry Pi, (FOUNDATION, 2016)

– É uma família de micro processadores específicos para medição polifásicos para


soluções altamente integradas de medidores de energia que oferecem precisão e
baixo custo do sistema com poucos componentes externos. O MSP430F67xx1A
usa a CPU MSP430 de baixa potência com um 32-bit multiplicador para rea-
lizar todos os cálculos de energia, aplicações de medição, tais como gestão de
tarifa, e as comunicações com módulos AMR e AMI.

Figura 29 – Medidor inteligente usando MSP430F677x, (INSTRUMENTS, 2016)

3.1.2 Aplicação
Além do medidor inteligente pretende-se desenvolver uma aplicação para utilização
do distribuidor e consumidor, a escolhida até o momento é IBM Bluemix○ c . A plataforma
Bluemix é um produto de Plataforma como Serviço (PaaS) desenvolvido pela IBM com
diversas APIs voltadas para desenvolvimento e Internet of Things(IoT)(IBM, 2016).
72 Capítulo 3. Sistema Proposto

Figura 30 – Esquema de um aplicação usando Bluemix○


c , (IBM, 2016)

3.1.3 Entradas Analógicas


A maioria das medidas propostas deriva da corrente e tensão. Suas aferições se-
rão um grande foco do projeto, pois quanto melhor for à qualidade e confiabilidade das
medidas feitas nesses dois quesitos, melhor serão os dados fornecidos aos consumidores e
distribuidores.
A Figura 31 mostra a conexão para medição de uma das fases do sistemas, em
uma trifásica são necessários três circuitos semelhantes a esse.
O circuito que se pretende usar para medir a tensão é o mostrado na Figura ?? é
um amplificador diferenciador. O ganho dele pode ser descrito da seguinte maneira:

𝑅8
𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜 =
(𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 )
22𝑘Ω
𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜 = = 0.0091
(1.2𝑀 Ω + 1.2𝑀 Ω + 2.2𝑘Ω)
𝑉𝑜𝑢𝑡 = 𝑉𝑖𝑛𝑚á𝑥 * 𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜
𝑉𝑜𝑢𝑡 = 331𝑉 * 0.0091 = 2.8301𝑉
3.1. Arquitetura 73

Figura 31 – Típica conexão para medição em um medidor inteligente, (INSTRUMENTS,


2016)

Como existe uma fonte de tensão DC,

𝑓 𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑉𝑜𝑢𝑡 = (5𝑉 + 2.8301𝑉 )/2 = 3.90155𝑉

Figura 32 – Circuito para adequação do sinal da rede para medição, (INSTRUMENTS,


2016)

O medidor usado para corrente será um sensor SCT-013 que pode medir correntes
até 100A. Ele tem como saída uma relação de corrente/33mA. Pode-se montar um circuito
74 Capítulo 3. Sistema Proposto

equivalente a Figura 33. Onde a relação corrente/corrente vira corrente/tensão.

Figura 33 – Circuito para medir de corrente com o sensor SCT-013, (INSTRUMENTS,


2016)

3.1.4 Conversor Analógico Digital


O conversor analógico digital deve ter no mínimo uma taxa amostral de 16 amos-
tras/ciclo, uma resolução de 12 bits e precisão de até 1% da leitura(ANEEL, 2016). Essa
taxa amostral significa que em uma rede onde a frequência fundamental é 60Hz a frequên-
cia de amostragem deve ser de no mínimo 960 amostras/segundo. Entretanto deseja-se
medir as harmônicas que compõem o sinal. Para essa aplicação é recomendado uma fre-
quencia de amostragem maior que 3000 amostras/segundo(IEEE, 2009).
Foram observadas duas abordagens para solução do problema, a primeira é a com-
pra de um conversor comercial que atinja os requisitos e o segundo é o desenvolvimento
de um conversor por meio de uma Field Programmable Gate Array (FPGA).
Um exemplo de modelo comercial que pode ser adotado é o ADS1015. Esse conver-
sor tem uma resolução de 12 bits e pode chagar a até 3300 amostras/segundo(INSTRUMENTS,
2009). Ele possui quatro canais e tem uma interface 𝐼 2 𝐶 compatível com muitos processa-
dores. Porém o uso da interface I2C compromete o processamento de sinais em tempo real,
impossibilitando respostas rápidas e dificultando o sincronismo entre os diversos sinais a
serem medido.
A segunda solução do problema é mais complexa e trabalhosa, porém permite
que a aplicação tenha respostas rápidas e em tempo real. Ela se baseia em desenvolver
um conversor sigma-delta (ΣΔ) em uma FGPA utilizando o mínimo de componentes
3.1. Arquitetura 75

analógicos possíveis. Na Figura 35 vemos um diagrama simplificado de um conversor ΣΔ,


é possível descrevê-lo em hardware para execução em FPGA.

Figura 34 – Diagrama de blocos de um conversor ΣΔ de primeira ordem, (SOUSA VOL-


KER MAUER, 2004)

Usando módulos de sinalização diferencial de baixa tensão (Low-voltage differen-


tial Signaling - LVDS) é possível criar um conversor usando a FPGA. Essa tecnologia que
permite a transmissão de dados único canal em velocidades de transmissor de centenas
de megabits por segundo. É principalmente usado para a comunicação digital entre dis-
positivos, em velocidades muito altas. Em vez de usar um pino para saída e outro para
entrada, como em dispositivos tradicionais, são usados sinalização diferencial usa dois si-
nais complementares, permitindo melhor imunidade a ruído e níveis de tensão menores.
Podemos ver um diagrama de blocos demonstrando a implementação em FPGA(SOUSA
VOLKER MAUER, 2004).

Figura 35 – Diagrama de blocos para o desenvolvimento em FPGA, (SOUSA VOL-


KER MAUER, 2004)

Ainda é necessário um maior estudo sobre essa tecnologia para decidir qual das
duas abordagens vai ser usada para converter o sinal da rede.
76 Capítulo 3. Sistema Proposto

3.1.5 Módulo de Comunicação


O módulo de comunicação é essencial para a integração medidor com a rede inte-
ligente. Tendo isso em mente, pretende-se usar um módulo GSM/GPRS. Essa escolha se
deve a abrangência desse tipo de comunicação em áreas comercias e residências no Brasil.
O módulo da Figura 36 é capaz de enviar serviços GSM/GPRS em Quad-Band
(850/900/1800/1900 MHz) como SMS, voz, dados via Internet, fax em uma placa muito
pequena e com baixo consumo de energia. Seu controle é feito via comandos AT (GSM
07.07, 07.05 e SIMCOM com comandos AT aprimorados).

Figura 36 – Módulo GMS/GPRS, (SIMCOM, 2016)


77

4 Discussões e Próximos Passos

4.1 Discussões
Depois de efetuado o levantamento de referências bibliográficas, foi possível com-
preender a importância de um sistema inteligente para redes de distribuição de energia
elétrica, bem como entender a arquitetura que integra essa estratégia de modelo. O medi-
dor inteligente mostrou-se um componente essencial para a rede inteligente, possibilitando
a aquisição e troca de dados entre os consumidores e das companhias distribuidoras de
energia elétrica.
A proposta do trabalho era desenvolver um protótipo de um medidor que pudesse
ter as mesmas funções de um medidor de energia tradicional além de medir alguns pontos
de qualidade de energia elétrica e tivesse uma comunicação bidirecional para atender o
Grupo B. Conseguir atender todos os requisitos ditados pelas normas brasileiras e interna-
cionais será um desafio grande do trabalho. Mesmo dentro de uma área existem diferentes
modelos para uma mesma aplicação, feitos por diferentes empresas, porem seguindo as
normas.
Uma arquitetura foi sugerida ao final desse trabalho, mas sabe-se que essa solu-
ção ainda pode sofrer alterações, principalmente devido à necessidade de utilizar melhor
adotar as práticas exigidas pelas normas e como lidar com entradas e saídas analógi-
cas. Mesmo que o sistema não apresente os mesmos resultados quando comparado a um
modelo comercial feito especialmente para a aplicação, ainda é possível validar o mesmo.
Aprofundar a arquitetura proposta com a escolha definitiva dos componentes da
mesma, além da descrição de um desses componentes é uma etapa vital que está sendo
realizada e é a primeira das atividades futuras que serão realizadas para a continuação
deste trabalho. Assim, torna-se necessário estabelecer as próximas atividades necessárias
para a continuação do projeto, bem como estabelecer um cronograma para essas atividades
de forma a encaminhar o prosseguimento do projeto.

4.2 Cronograma
Essa seção destacará o cronograma previsto para o desenvolvimento do projeto.
Vale destacar que a documentação e escrita para o Trabalho de Conclusão de Curso 2
será desenvolvida ao longo de todo período disponível, com expectativa de termino na
primeira semana de dezembro de 2016.
78 Capítulo 4. Discussões e Próximos Passos

4.2.1 Concepção
A primeira parte do cronograma é a finalização dos estudos bibliográficos e da
arquitetura do medidor.

∙ Semana 1 - 01/07/2016

– Estudo sobre conversores analógicos digitais em FPGAs;


– Pesquisa de ADCs comerciais;
– Estudo do método de integração com o processador;

∙ Semana 2 - 08/07/2016

– Estudo sobre redes GPRS;


– Pesquisa sobre integração do módulo GPRS com o processador;

∙ Semana 3 - 15/07/2016

– Estudo da NRT 14522;


– Conformidade entre a norma e o método de comunicação;

∙ Semana 4 - 22/07/2016

– Definição da arquitetura do medidor;


– Definição dos componentes para o medidor;

4.2.2 Montagem
A segunda parte do projeto será a montagem dos circuitos e desenvolvimento do
software para o processamento dos sinais medidos pelas plataformas analógicas.

∙ Semana 5 - 29/07/2016

– Listagem dos materiais;


– Montagem dos circuitos de entrada de corrente e tensão em protoboard;

∙ Semana 6 - 05/08/2016

– Integração do conversor analógico digital com os circuitos de entrada;


– Integração do conversor com o processador;

∙ Semana 7 - 12/08/2016

– Processamento dos sinais tensão e corrente;


4.2. Cronograma 79

∙ Semana 8 - 19/08/2016

– Desenvolvimento dos algorítimos para medidas de tensão por software;


– Desenvolvimento dos algorítimos para medidas de corrente por software;

∙ Semana 9 - 26/08/2016

– Desenvolvimento dos algorítimos para medidas de potência por software;


– Desenvolvimento dos algorítimos para medidas de fase por software;

∙ Semana 10 - 02/09/2016

– Desenvolvimento dos algorítimos para frequência por software;


– Desenvolvimento dos algorítimos para medidas de offset por software;

∙ Semana 11 - 09/09/2016

– Desenvolvimento dos algorítimos para medidas agregadas por software;


– Desenvolvimento dos algorítimos para medidas de consumo por software;

∙ Semana 12 - 16/09/2016

– Desenvolvimento dos algorítimos para aferição harmônicas por software;

∙ Semana 13 - 23/09/2016

– Desenvolvimento dos algorítimos para medidas de desequilíbrio por software;

∙ Semana 14 - 30/09/2016

– Integração do processador com o módulo GPRS;

4.2.3 Teste em bancada


A terceira parte do projeto será dedicada para os testes do medidor inteligente.

∙ Semana 15 - 07/10/2016

– Definição da metodologia de testes;


– Criação de um roteiro de testes;

∙ Semana 16 - 14/10/2016

– Criação de uma bancada de testes;

∙ Semana 17 - 21/10/2016
80 Capítulo 4. Discussões e Próximos Passos

– Testes e aquisição de dados seguindo metodologia;

∙ Semana 18 - 28/10/2016

– Ajustes, calibração e aferição do medidor;

4.2.4 Análise dos resultados


Nessa última parte serão analisados os resultados dos testes, assim como conclusões
sobre o projeto em si.

∙ Semana 19 - 04/11/2016

– Documentação dos resultados;

∙ Semana 20 - 11/11/2016

– Análise dos resultados;

∙ Semana 21 - 18/11/2016

– Conclusão sobre o projeto;


4.2. Cronograma 81

Figura 37 – Cronograma de atividades


83

Referências

3M. Energia ligada, eficiente e sustentavel. 2016. Disponível em:


<http://solutions.3m.com>. Citado 2 vezes nas páginas 13 e 27.

ABNT. NBR 14520 - Medidores eletrônicos de energia elétrica (estáticos) - Método de


ensaio. 2000. Citado na página 37.

ABNT. NBR 14519 - Medidores eletrônicos de energia elétrica (estáticos) - Especificação.


2005. Citado na página 37.

ABNT. NBR 14522 - Intercâmbio de informações para sistemas de medição de energia


elétrica. 2008. Citado 2 vezes nas páginas 37 e 53.

AMIN S.M. MASSOUD WOLLENBERG, B. F. Toward a smart grid. IEEE Power and
Energy Magazine, 2005. Citado 3 vezes nas páginas 13, 27 e 28.

AMPLA. Companhia de Distribuicao Ampla. 2016. Disponível em: <https:


//www.ampla.com/a-ampla/conhe%C3%A7a.aspx>. Citado 3 vezes nas páginas 13, 29
e 34.

ANBT. NBR 14521 - Aceitação de lotes de medidores eletrônicos de energia elétrica -


Procedimento. 2000. Citado na página 37.

ANEEL. Módulo 5 – Sistemas de Medição. 2005. Citado 2 vezes nas páginas 37 e 53.

ANEEL. Modulo 8 – Qualidade da Energia Eletrica. 2016. Citado 5 vezes nas páginas
13, 37, 43, 45 e 74.

BARAI SRIDHAR KRISHNAN, B. V. G. Smart metering and functionalities of smart


meters in smart grid - a review. 2015. Citado 5 vezes nas páginas 23, 27, 28, 35 e 38.

BASILE STEFAN SCHAUER, K. V. B. Implementation of a single-phase electronic


watt-hour meter using the msp430f6736(a). 2015. Citado 3 vezes nas páginas 13, 43
e 44.

CAPUA GIANLUCA LIPARI, M. L. R. M. C. D. A smart energy meter for power grids.


Conference Record - IEEE Instrumentation and Measurement Technology Conference,
2014. Citado na página 30.

CARVALHO, P. Smart metering deployment in brazil priscila. 7th International


Conference on Sustainability in Energy and Buildings, Energy Procedia 83 p. 360 – 369,
2015. Citado 2 vezes nas páginas 32 e 33.

CEMIG. QUEM SOMOS. 2016. Disponível em: <http://www.cemig.com.br/pt-br/a_


cemig/quem_somos/Paginas/default.aspx>. Citado na página 34.

DONG, Z. B. L. Design and emulation of high-speed narrowband plc system for smart
meter reading. Asia-Pacific on Power and Energy Engineering Conference (APPEEC),
2012. Citado na página 48.
84 Referências

EPE, E. de P. E. Anuario estatistico de enegia eletrica 2015. 2015. Citado 3 vezes nas
páginas 23, 30 e 31.

FORTESCUE, C. L. Method of symmetrical co-ordinates applied to the solution


of polyphase networks. 34th annual convention of the AIEE (American Institute of
Electrical Engineers), 1918. Citado 2 vezes nas páginas 13 e 62.

FOUNDATION, R. P. Raspberry Pi 3. 2016. Disponível em: <https://www.raspberrypi.


org/>. Citado 2 vezes nas páginas 14 e 71.

IBM. Bluemix - The Digital Innovation Platform. 2016. Disponível em: <https:
//console.ng.bluemix.net/>. Citado 3 vezes nas páginas 14, 71 e 72.

IEEE. IEEE Recommended Practice for Monitoring Electric Power Quality. 2009.
Citado 11 vezes nas páginas 13, 14, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 63, 66 e 74.

INSTRUMENTS, T. Ultra-small, low-power, 16-bit analog-to-digital converter with


internal reference. 2009. Citado na página 74.

INSTRUMENTS, T. Smart Meters - Electricity Meter. 2016. Disponível em:


<http://www.ti.com/solution/docs/appsolution.tsp?appId=407>. Citado 6 vezes nas
páginas 13, 14, 39, 71, 73 e 74.

JIAN, H. K. H. Design of new architecture of amr system in smart grid. 2011 6th IEEE
Conference on Industrial Electronics and Applications, 2011. Citado na página 49.

LAMIN, H. Medicao eletronica em baixa tensao: Aspectos regulatorios e recomendacoes


para implementacao. 2009. Citado 10 vezes nas páginas 13, 24, 40, 42, 46, 47, 48, 49, 50
e 51.

LEITE, D. R. V. Medidores eletrÔnicos: AnÁlise de viabilidade econÔmica no contexto


das redes inteligentes. Universidade De Brasília Faculdade De Tecnologia Departamento
De Engenharia Elétrica - Dissertação De Mestrado Em Engenharia Elétrica, 2013.
Citado 2 vezes nas páginas 29 e 34.

MAPS, G. Smart Metering Projects Map. 2016. Disponível em: <https://www.google.


com/maps/d/viewer?mid=19VuB2oies9alz5weWYwRKdB1j9k&hl=en_US>. Citado 2
vezes nas páginas 13 e 31.

MARTINS, G. B. Estudo de conversores a capacitores chaveados. Dissertação submetida


ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de
Santa Catarina, 2013. Citado 2 vezes nas páginas 13 e 41.

MME, M. de Minas e E. . Relatório smart grid do grupo de trabalho de redes elétricas


inteligentes. 2012. Citado 2 vezes nas páginas 23 e 37.

OLIVEIRA, I. N. S. José Carlos de. Introdução ao tema: Qualidade da energia elétrica.


CURSO DE QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA ELETRONORTE – MCPAR –
Porto Velho/RO, 2015. Citado 6 vezes nas páginas 13, 14, 58, 64, 65 e 66.

RAFIEI, S. E. M. A practical smart metering using combination of power line


communication (plc) and wifi protocols. 2012 Proceedings of 17th Conference on
Electrical Power Distribution Networks (EPDC), 2012. Citado na página 48.
Referências 85

RAO SRINIVAS AKELLA, G. G. R. “power line carrier (plc) signal analysis of


smart meters for outlier detection. IEEE International Conference on Smart Grid
Communications (SmartGridComm), 2011. Citado na página 48.

SIMCOM. SIM900 Hardware Design. 2016. Disponível em: <http://www.amuroboclub.


in/downloads/ebooks/>. Citado 2 vezes nas páginas 14 e 76.

SOUSA VOLKER MAUER, N. D. R. P. J. V. A. P. F. Taking advantage of lvds input


buffers to implement sigma-delta a/d converters in fpgas. Circuits and Systems, 2004.
ISCAS ’04. Proceedings of the 2004 International Symposium, 2004. Citado 2 vezes nas
páginas 14 e 75.

TECHNOLOGY, X. Split core current transformer sct-013-000. 2011. Citado 2 vezes


nas páginas 13 e 45.

ZHENG DAVID GAO, L. L. J. Smart meters in smart grid: An overview. IEEE Green
Technologies Conference, 2013. Citado 7 vezes nas páginas 13, 24, 35, 46, 48, 49 e 50.

Você também pode gostar