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o homem também radicado em sua natureza, ou seja, em suas paixões, necessidades e desejos.
“Por que o homem cria religiões?” Feuerbach destaca a necessidade humana por “respostas
pelo o desconhecido no além”, e a partir desse além ser possível pensar o mundo, inclusive o
humanidade é demarcada por religiões, sejam elas primitivas com elementos característicos aos
fenômenos naturais, sejam elas mais complexas de cunho antropomórficos, elas expressa a
carência humana de uma explicação sobre a realidade, sendo tal explicação baseada em
elementos divinos.
A religião, para Feuerbach, é uma criação humana movida a partir dos sentimentos de medo,
gratidão e dependência. Tais sentimentos são observados nas religiões pagãs de cultos ligados
de forma primitiva. Na medida em que a vida social de uma comunidade ou sociedade se torna
complexa, a religião local também acompanha a demanda da região em que ela predomina,
tornando-se ela também complexa. Por isso as religiões pagãs estarem presentes em
determinadas regiões específicas, a fim de atender as necessidades daquele povo. Por outro
lado, a religião cristã possui em si uma abrangência universal, não estando o deus cristão
determinado a uma localidade específica. Tal é tamanha contribuição do cristianismo, por “não
vê diferenças nas nações nem na humanidade” (MACHADO, 2014, p.18). Esse fator pode ser
observado nas narrativas bíblicas, seja na escravidão do povo hebreu no Egito ou durante o
mesmo e dos seus sentimentos para a autoafirmação do gênero humano a partir de uma
Mesmo as religiões naturais, a natureza é interpretada como algo que demonstra sentimentos
como fúria, ira, mansidão, tranquilidade, etc. Ao notarmos esse caráter da religião, percebemos
que o homem identifica sua criação consigo mesmo e promove uma relação de semelhança com
o objeto religioso. (MACHADO, 2014, p.19).
Partindo para uma análise da religião cristã, Feuerbach encontra seu lado positivo em fazer
potencialidades. O homem cria um ser semelhante a si, pondo neste ser o fundamento de sua
existência e ao mesmo tempo a identificação com esse ser superior supõe um certo encontro do
outro ser, se identificar nesse ser e voltar a si mesmo”. (MACHADO, 2014, p.20).
Por outro lado, a religião subverte o gênero humano na relação homem-deus, através da
o homem a deus a fim de reencontrar a si mesmo. Deus se encontra agora numa posição de
superioridade sobre o homem, entendido agora como algo inferior. O que outrora era uma
criação humana agora é uma criação divina, ora, a concepção cristã de homem como “imagem
e semelhança de deus” ganha força, valorizando assim uma inversão da criação em que um ser
“supra-sensível” é onisciente onipresente e onipotente, princípio e fim, onde esse mesmo ser
Tal inversão é vista por Feuerbach como algo problemático, pois ela transfere qualidades
essencialmente humanas- razão, virtude, sensibilidade- para um ser imaginário criado pelo
próprio homem, “que nada mais é do que o próprio homem universalizado e abstraído de suas
cristianismo, pois o que importa é a alma, o espírito em detrimento do corpo que é “a fonte de
todo pecado”. Ser esse deus é o mais importante, negando assim o mundo.
Vê-se aqui uma dualidade, que tornou-se predominante entre os filósofos da racionalidade
como René Descartes, que afirmava a razão o princípio da existência do homem, e somente na
“não-ser”, portanto, algo que não diz sobre si mesmo. Enquanto posteriormente o filósofo
Immanuel Kant afirmava que o sujeito dá sentido ao mundo a partir da transformação de dados
sua empiricidade.
Contudo, Feuerbach propõe uma filosofia voltada para o homem a partir da vontade
ainda genérico). O homem que está para além do que lhe determina, ao mesmo tempo este
mesmo homem carece de necessidades, sobrevive, ama. Tanto a religião (em especial a cristã)
concreto em virtude de uma ideia, carecendo de uma relação dialética entre ambos. Entretanto,
Feuerbach nos faz perguntar “E a vida concreta?”, pois uma filosofia que não começa pela
Portanto, para o autor a filosofia é uma necessidade ao mundo, que deve ser voltada para o
homem a fim de se autoafirmar em sua plenitude. A filosofia idealista, assim como a religião,
construiu um sujeito absoluto que detém o corpo, a vida cotidiana e tudo o é demasiadamente
humano, sendo uma tarefa agora deslocar a filosofia para o sujeito sensível, ou seja, resgatar o
conceito de “Homem”.