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EPAMPSC
Processo Penal III
Professor: Andrey Cunha Amorim
Aula 02
PRISÕES PROCESSUAIS:
a) Da prisão em Geral:
- Prisão cautelar. Prisão sem pena. Fumaça do bom direito e perigo da demora sempre. Mal
necessário. Prisão em flagrante. Prisão preventiva. Prisão decorrente da pronúncia. Prisão
decorrente de sentença penal recorrível e Prisão temporária.
- Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita da autoridade judiciária
competente, salvo os casos de transgressões militares. Autoridade judiciária. Competente.
- Domicílio e prisão. Art. 5º, XI, da CF. Todos podem ser presos a qualquer tempo, observadas
as cautelas do domicílio. Durante o dia a qualquer hora, com ou sem consentimento do morador.
Durante a noite em flagrante, também com ou sem consentimento do morador. Se for por
mandado a prisão e durante a noite, sem consentimento do morador, a autoridade deve esperar
amanhecer, cercando a casa, para proceder a sua invasão e prender o réu. Se o dono da casa não
entregar o preso qual o seu crime? Só haverá crime se a recusa for de dia.
- Eleitoral. 05 dias antes e 48 horas depois do pleito eleitoral não pode haver prisão preventiva.
Em flagrante pode.
b) Da Prisão em Flagrante:
- Tipos de flagrantes. Próprio e Impróprio. O próprio dá-se quando a infração está acontecendo
ou acaba de acontecer. Impróprio: quase flagrante = quando o agente é perseguido e é preso
“logo após”; flagrante presumido = quando é preso logo depois na posse de armas, objetos ou
papéis que façam presumi-lo ser o autor do ilícito. Diferença das expressões “acaba de
acontecer” e “logo após”.
- Sujeito ativo (art. 301 do CPP). Todos podem efetuar a prisão em flagrante, com a diferença
que os policiais são obrigados e os outros não.
- Sujeito passivo. Todos não. Presidente da República. Diplomatas agraciados por tratados e
convenções internacionais. Aquele que presta socorro no caso de crime de trânsito. O que se
apresenta espontaneamente. Só para crimes afiançáveis não podem ser presos em flagrantes:
Juizes, Promotores, advogados (exercício da profissão), deputados e senadores. Vereadores
podem ser presos em flagrante porque tem imunidade específica. Deputados Estaduais têm
imunidade restrita aos seus Estados.
- Qualquer tipo de crime admite o flagrante. Ação pública e ação privada. Na pública
condicionada à representação e na privada impõe-se a manifestação do ofendido durante a
formação do auto, sob pena de relaxamento. Não cabe flagrante para os crimes de menor
complexibilidade ofensiva, dentre eles a contravenção, se o autor comprometer-se a comparecer
em juízo (art. 69 da Lei 9.099/95).
- Autoridade competente é a do local onde ocorreu a prisão e não onde o crime foi cometido. Se
não tiver autoridade policial, o local mais próximo.
- Encerrado o auto, a autoridade tem três caminhos: relaxar o flagrante, caso não se tenha
suspeita contra o conduzido; se entender que toda a investigação já foi concluída deve remeter o
auto ao juiz; senão tem dez dias para concluir o inquérito, deixando o conduzido preso. Depois
do auto a autoridade deve comunicar imediatamente o juiz. A falta de comunicação, porém, não
invalida o auto. Não é requisito da legalidade da prisão. Recebida a comunicação, o juiz
examina os requisitos da prisão. Pode mantê-la ou relaxá-la. Em mantendo-a pode conceder a
liberdade provisória ou não.
c) Da Prisão Preventiva:
- Bento Faria: injustiça necessária do Estado contra o indivíduo. Mal necessário. Não ofende o
princípio constitucional da presunção da inocência. Há casos em que se deve suprimir a
liberdade de alguém, antes mesmo da sua condenação, em prol do bem comum.
- Momento da decretação da prisão preventiva (art. 311 do CPP): em qualquer fase do inquérito
policial ou da instrução criminal. Pode, no entanto, a prisão preventiva ser decretada antes da
instauração do inquérito ou mesmo sem a necessidade da presença de inquérito policial. Bastam
elementos de prova. Cabe a prisão preventiva até o transito em julgado da sentença penal.
- Legitimidade. Pode a prisão preventiva ser requerida pelo Ministério Público ou pelo
querelante. A autoridade policial não requer a prisão preventiva, mas sim representa pela sua
decretação. Requerimento e representação são institutos diversos. O assistente de acusação não
tem legitimidade para requerer a prisão preventiva. O juiz pode decretar de ofício a prisão
preventiva.
- Nem todos os crimes admitem preventiva. Reclusão, todos. Detenção só para os vadios e
carentes de identificação. Se o indiciado ou réu foi condenado anteriormente por crime doloso,
com sentença transita em julgado, cabe a preventiva em todos os tipos de crime. Contravenção
não cabe preventiva. Cabe prisão preventiva nos crimes de ação penal pública e privada.
- A decisão que decreta a preventiva deve ser fundamentada. Não é preciso longo arrazoado.
Basta demonstrar a sua necessidade, mesmo de forma breve. Tem-se entendido que o Juiz pode
acolher a manifestação do Ministério Público, como fundamento da preventiva, se satisfatório a
sua concessão. Não se pode complementar os fundamentos da preventiva nas informações
prestadas em habeas corpus.
- Revogação da prisão preventiva (art. 316 do CPP). Não confundir com relaxamento.
Relaxamento = ilegalidade.
- Não pode a preventiva ser cumprida 5 dias antes da eleição e 48h dias depois.
- Concurso de pessoas. A prisão preventiva pode ser decretada com relação apenas a um réu. As
condições são personalíssimas.
- Se o réu preso for absolvido durante o julgamento popular, deve-se revogar a prisão
preventiva. Todavia se o Tribunal anular o julgamento, sua prisão deve ser restabelecida.
- Não cabe recurso contra a decisão que decreta a prisão preventiva. Cabe habeas corpus. Contra
a decisão que indefere o pedido ou revoga a preventiva cabe recurso em sentido estrito.
d) Da Prisão Temporária:
- Autoridade competente para a sua decretação: o juiz. Não pode decretá-la, porém, de ofício.
Depende de representação da autoridade policial ou requerimento do MP. Só pode ser decretada
no curso do inquérito policial.
- Divergência doutrinária: parte da doutrina entende que a satisfação de um único inciso do art.
1o da Lei 7.960/89 seria suficiente. Posição minoritária, entretanto. A corrente majoritária é a de
que a prisão temporária só é cabível quando satisfeito o inciso III (o crime deve constar do seu
rol), mais um dos outros dois incisos. Sobre o tema ver artigo da lavra do juiz Jorge Henrique
Schaefer Martins, publicado na JC 73, às págs. 17-20.
- Prazo: 05 dias, renováveis por mais 05. Se o crime for hediondo o prazo é de 30 dias,
igualmente renovável. O prazo não deve ser computado para o término do inquérito, ou seja, ao
prazo para a conclusão do inquérito, deve ser somado o do prisão temporária. Decorrido o prazo
da prisão temporária, não sendo decretada a preventiva, o preso deve imediatamente ser
colocado em liberdade, sem necessidade de autorização judicial. Se a autoridade policial
pretender liberar o preso antes de terminado o prazo da temporária, deve pedir autorização
judicial, porém.
- Fundamento: art. 408 do CPP. A prisão provisória é efeito natural da sentença de pronúncia.
Contudo, é certo que o juiz deve fundamentá-la, evidenciando o seu efeito cautelar, com os
requisitos da preventiva, sob pena de afronta à CF. Até porque, não estando presentes os
requisitos da preventiva, ao réu pronunciado deve ser concedida a liberdade provisória. Se o réu
já estiver preso provisoriamente, quando pronunciado, o juiz deve fundamentar a necessidade
dele assim permanecer. Crimes afiançáveis e inafiançáveis.
- Convalidada a prisão preventiva pela sentença de pronúncia, não há que se alegar eventual
excesso de prazo dela decorrente, isto porque, nos termos da Súmula 21 do STJ, “pronunciado o
réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na
instrução”. Ademais, deve a prisão decorrente da pronúncia vigorar até o julgamento do
Tribunal do Júri. O CPP não fixa lapso dentro do qual o réu deva ser submetido a julgamento.
- Fundamento: art. 393, I c/c art. 594, ambos do CPP. Condenado em 1o grau de jurisdição, o réu
deve ser preso. Se respondeu o processo preso, assim deve continuar, devendo o juiz decidir de
forma fundamentada. Se estiver solto, poderá apelar em liberdade se for primário e tiver bons
antecedentes (art. 594 do CPP) e ainda se não estiverem presentes as demais circunstâncias da
prisão preventiva, sob pena da prisão deixar de ser cautelar. Até porque, tal qual na pronúncia,
se não estiverem presentes os requisitos da preventiva, o juiz deve conceder ao réu condenado a
liberdade provisória, garantindo-lhe o direito de apelar em liberdade. Crimes afiançáveis e
inafiançáveis.
g) Da Liberdade Provisória:
- Permitida: quando não couber a preventiva (inclusive quando tiver o condenado o direito de
apelar em liberdade ou em que o réu pronunciado não for preso). Subdivide-se em com ou sem
fiança.
- Liberdade provisória sem vinculação. Cabe nas infrações penais que não for cominada pena
privativa de liberdade, bem como quando a pena privativa de liberdade, no máximo, não
exceder a 03 meses.
- Flagrante. Art. 310 do CPP. Caput: excludentes de antijuricidade. Parágrafo único: requisitos
da prisão preventiva. Aplicável a todas as infrações, com exceção daquelas em que a lei vedou a
concessão da liberdade provisória. Deve-se incluir os crimes contra a economia popular e
sonegação fiscal, casos em que só é admissível a liberdade provisória com fiança (art. 325 do
CPP). O art. 310, parágrafo único do CPP praticamente terminou com o instituto da fiança. O
MP deve ser ouvido antes. Compromisso do réu.
- Cabimento. O CPP não disse quais os casos em que cabe fiança, mas sim os que não cabe.
Assim, não cabe fiança nos crimes punidos com reclusão, cuja pena mínima for superior a dois
anos, nas contravenções de vadiagem e mendicância (não há razão de ser porque contravenção é
infração de menor potencial ofensivo), nos casos de reincidência em crime doloso, quando o réu
for vadio, crimes punidos com reclusão que provoquem clamor público ou que tenham sido
cometidos com violência ou grave ameaça, a quem tiver quebrado a fiança anteriormente, prisão
civil ou militar, quando o réu estiver em suspensão condicional da penal ou livramento
condicional e quando presentes os requisitos da prisão preventiva.
- Competência. A autoridade policial pode conceder fiança no caso de infração punida com
detenção ou prisão simples. Nos demais casos, com efeito, compete ao juiz examinar a fiança.
- Valor da fiança (art. 325 do CPP). Fixado de acordo com a pena do crime, podendo ser
aumentada ou diminuída conforme a situação econômica do réu. Se o réu não puder pagar
fiança por motivo de pobreza, o juiz pode dispensá-la (art. 350 do CPP).